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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 648 Fevereiro de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Uma proposta efetiva relativa à transformação moral O alcoolismo é, segundo a medicina, uma doença incurável, progressiva e quase sempre fatal Considerado pela Organiza- ção Mundial de Saúde uma do- ença incurável, o alcoolismo pode ser tratado com sucesso com o apoio da terapia espíri- ta. O assunto é tratado em uma matéria especial que focaliza as causas, as conseqüências e o tratamento do alcoolismo den- tro de uma perspectiva espíri- ta, que associa alcoolismo e ob- sessão. No artigo, é apresentada uma síntese do pensamento do Dr. Ge- orge Vaillant (foto), psiquiatra americano, a respeito do assun- to. Autor do livro A História Na- tural do Alcoolismo Revisitada, fruto da maior pesquisa feita até hoje sobre o alcoolismo, em que pesquisadores da Universidade de Harvard acompanharam a vida de 600 homens, Dr. Vaillant diz que, ao contrário do que mui- tos pensam, não existe o gene do alcoolismo, mas sim um conjun- to de genes que tornam o indiví- duo vulnerável à dependência do álcool. Págs. 8 e 9 Inspirado na obra Alguém chorou por mim, de Fernando do Ó, foi criado em Londrina o GERA, grupo espírita voltado para a transformação moral e o autoconhecimento. O objetivo de seus participantes é encon- trar uma maneira prática de ajustar o comportamento indi- vidual à proposta de transfor- mação moral pregada pela Doutrina Espírita, sem prejuí- zo da participação dos confrades nas obras e nas ati- vidades desenvolvidas pelas instituições espíritas. Pág. 16 Divaldo vem a Londrina no início de março Divaldo Franco estará no iní- cio de março em Londrina e, na mesma semana, participa da X Conferência Estadual Espírita, ao lado de Raul Teixeira e Cosme Massi. A Conferência ocorrerá nos dias 7, 8 e 9 de março no Expotrade, em Pinhais (PR), numa promoção da Federação Espírita do Paraná. No dia 7, às 20h30, o evento será aberto com conferência proferida por Divaldo. Mais informações po- dem ser obtidas no site www.feparana.com.br, ou pelo telefone (41) 3223-6174. Pág.11 Casa Fabiano de Cristo inaugura com festa sua sede própria Cerca de 100 pessoas assisti- ram à palestra de inauguração da sede própria de mais um centro espírita em Londrina (fotos). Desta vez, a região beneficiada é a Zona Norte, no Jardim Olímpico, onde trabalhadores da Casa Fabiano de Cristo vêm atuando há cerca de 12 anos. O imóvel fica situado na Rua Roberto Bervegliere, 350. A dire- ção da instituição está a cargo do A Revue Spirite há 140 anos ................................ 15 Aiglon Fasolo ......................................................... 6 Clássicos do Espiritismo ........................................ 5 Crônicas de Além-Mar ......................................... 12 Divaldo responde ................................................... 5 Editorial .................................................................. 2 Emmanuel ............................................................... 2 Estudando as obras de André Luiz ...................... 13 Eugênia Pickina ................................................... 14 Gerson Simões Monteiro ....................................... 4 Grandes Vultos do Espiritismo .............................. 7 Jane Martins Vilela .............................................. 13 Joanna de Ângelis .................................................. 2 José Soares Cardoso ............................................ 10 José Viana Gonçalves .......................................... 12 Momentos com Divaldo Franco .......................... 10 Orson Peter Carrara ............................................... 4 Palestras, seminários e outros eventos ................. 11 Ricardo Baesso de Oliveira ................................. 14 Rogério Coelho .................................................... 13 Waldenir Aparecido Cuin ....................................... 4 Ainda nesta edição Novas casas espíritas em Londrina Em meio a confusões e incertezas, o Movimen- to Espírita brasileiro so- brevive. Mas, ao menos na região de Londrina, têm-se tido boas notícias: continua o processo de expansão do Movimento Espírita em uma de suas modalidades – a consti- tuição de Centros Espíri- tas. Em dezembro de 2007, inaugurou sua sede própria o Centro Espírita Maria de Nazaré, na Vila Ricardo, nas proximida- des do Jardim Interlagos. No final de janeiro, foi a vez da Casa Fabiano de Cristo, que inaugurou uma belíssima sede no Jardim Olímpico. Edito- rial, pág. 2 confrade Ma- noel Figueire- do. Uma emo- cionante pa- lestra foi mi- nistrada por Hugo Gon- çalves, que os amigos espí- ritas do Norte do Paraná chamam carinhosamente de “paizinho”. Hugo, além de diretor deste jornal, é di- rigente do Centro Espírita Allan Kar- dec e do Lar Infan- til Marília Barbo- sa, ambos situados em Cambé. Os di- rigentes da União Regional Espírita prestigiaram a soleni- dade. Na abertura da cerimônia de inauguração, ocorrida no dia 26 de janeiro, Manoel Figueiredo apresentou parte das ações já re- alizadas pela instituição, que teve sua origem num trabalho iniciado há muitos anos no Al- bergue Noturno Raul Faria Car- neiro, da Vila Nova, hoje trans- formado num Lar de amparo a idosos. Pág. 3 George Vaillant

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 648 Fevereiro de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Uma proposta efetiva relativaà transformação moral

O alcoolismo é, segundo a medicina, uma doençaincurável, progressiva e quase sempre fatal

Considerado pela Organiza-ção Mundial de Saúde uma do-ença incurável, o alcoolismopode ser tratado com sucessocom o apoio da terapia espíri-ta. O assunto é tratado em umamatéria especial que focaliza ascausas, as conseqüências e otratamento do alcoolismo den-tro de uma perspectiva espíri-ta, que associa alcoolismo e ob-sessão.

No artigo, é apresentada umasíntese do pensamento do Dr. Ge-orge Vaillant (foto), psiquiatraamericano, a respeito do assun-to.

Autor do livro A História Na-tural do Alcoolismo Revisitada,fruto da maior pesquisa feita atéhoje sobre o alcoolismo, em quepesquisadores da Universidade

de Harvard acompanharam avida de 600 homens, Dr. Vaillantdiz que, ao contrário do que mui-tos pensam, não existe o gene doalcoolismo, mas sim um conjun-to de genes que tornam o indiví-duo vulnerável à dependência doálcool. Págs. 8 e 9

Inspirado na obra Alguémchorou por mim, de Fernandodo Ó, foi criado em Londrina oGERA, grupo espírita voltadopara a transformação moral e oautoconhecimento. O objetivode seus participantes é encon-trar uma maneira prática de

ajustar o comportamento indi-vidual à proposta de transfor-mação moral pregada pelaDoutrina Espírita, sem prejuí-zo da participação dosconfrades nas obras e nas ati-vidades desenvolvidas pelasinstituições espíritas. Pág. 16

Divaldo vem a Londrinano início de março

Divaldo Franco estará no iní-cio de março em Londrina e, namesma semana, participa da XConferência Estadual Espírita, aolado de Raul Teixeira e CosmeMassi. A Conferência ocorrerános dias 7, 8 e 9 de março noExpotrade, em Pinhais (PR),

numa promoção da FederaçãoEspírita do Paraná. No dia 7, às20h30, o evento será aberto comconferência proferida porDivaldo. Mais informações po-dem ser obtidas no sitewww.feparana.com.br, ou pelotelefone (41) 3223-6174. Pág.11

Casa Fabiano de Cristo inauguracom festa sua sede própria

Cerca de 100 pessoas assisti-ram à palestra de inauguração dasede própria de mais um centroespírita em Londrina (fotos). Destavez, a região beneficiada é a ZonaNorte, no Jardim Olímpico, ondetrabalhadores da Casa Fabiano deCristo vêm atuando há cerca de 12anos. O imóvel fica situado na RuaRoberto Bervegliere, 350. A dire-ção da instituição está a cargo do

A Revue Spirite há 140 anos ................................ 15Aiglon Fasolo ......................................................... 6Clássicos do Espiritismo ........................................ 5Crônicas de Além-Mar ......................................... 12Divaldo responde ................................................... 5Editorial .................................................................. 2Emmanuel ............................................................... 2Estudando as obras de André Luiz ...................... 13Eugênia Pickina ................................................... 14Gerson Simões Monteiro ....................................... 4Grandes Vultos do Espiritismo .............................. 7Jane Martins Vilela .............................................. 13Joanna de Ângelis .................................................. 2José Soares Cardoso ............................................ 10José Viana Gonçalves .......................................... 12Momentos com Divaldo Franco .......................... 10Orson Peter Carrara ............................................... 4Palestras, seminários e outros eventos ................. 11Ricardo Baesso de Oliveira ................................. 14Rogério Coelho .................................................... 13Waldenir Aparecido Cuin ....................................... 4

Ainda nesta ediçãoNovas casasespíritas em

LondrinaEm meio a confusões

e incertezas, o Movimen-to Espírita brasileiro so-brevive. Mas, ao menosna região de Londrina,têm-se tido boas notícias:continua o processo deexpansão do MovimentoEspírita em uma de suasmodalidades – a consti-tuição de Centros Espíri-tas.

Em dezembro de2007, inaugurou sua sedeprópria o Centro EspíritaMaria de Nazaré, na VilaRicardo, nas proximida-des do Jardim Interlagos.No final de janeiro, foi avez da Casa Fabiano deCristo, que inaugurouuma belíssima sede noJardim Olímpico. Edito-rial, pág. 2

confrade Ma-noel Figueire-do.

Uma emo-cionante pa-lestra foi mi-nistrada porHugo Gon-çalves, que osamigos espí-ritas do Norte

do Paraná chamamcarinhosamente de“paizinho”. Hugo,além de diretordeste jornal, é di-rigente do CentroEspírita Allan Kar-dec e do Lar Infan-til Marília Barbo-sa, ambos situadosem Cambé. Os di-rigentes da 5ªUnião Regional

Espírita prestigiaram a soleni-dade.

Na abertura da cerimônia deinauguração, ocorrida no dia 26de janeiro, Manoel Figueiredoapresentou parte das ações já re-alizadas pela instituição, queteve sua origem num trabalhoiniciado há muitos anos no Al-bergue Noturno Raul Faria Car-neiro, da Vila Nova, hoje trans-formado num Lar de amparo aidosos. Pág. 3

George Vaillant

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O IMORTALPÁGINA 2 FEVEREIRO/2008

EditorialEMMANUEL

Em meio a confusões e incerte-zas, o Movimento Espírita brasilei-ro sobrevive. Mas, ao menos na re-gião de Londrina, têm-se tido boasnotícias: continua o processo de ex-pansão do Movimento Espírita emuma de suas modalidades – a cons-tituição de Centros Espíritas.

Em dezembro de 2007, inaugu-rou sua sede própria o Centro Espíri-ta Maria de Nazaré, na Vila Ricardo,nas proximidades do Jardim Interla-gos. No final de janeiro, foi a vez daCasa Fabiano de Cristo, que inaugu-rou uma belíssima sede no JardimOlímpico. Os trabalhos que deramorigem a esses Centros já existiam háanos – doze anos no caso da Casa Fa-biano de Cristo. Mas a sede própriafoi conquistada com a ajuda da inici-ativa privada e de muito esforço.

A criação de Centros Espíritas nosbairros não é apenas uma necessida-de, é uma vantagem na descentraliza-ção das atividades e na expansão doMovimento Espírita. Mas é preciso aformação de grupos de trabalhadores,de pessoas envolvidas no ideal, antesda edificação de prédios. Os gruposdevem ser formados com poucos in-tegrantes, que iniciariam suas ativida-des a partir de um ponto fixo que podeser a casa de um integrante ou mesmoum imóvel alugado. Firmando-se ogrupo, busca-se, então, a conquista dasede própria, que demanda a partici-pação de um grupo bem maior de co-laboradores e até mesmo de terceirosque se interessem pela implementaçãodos trabalhos sociais.

Um fato interessante é que, en-quanto no Brasil as iniciativas decriação de Centros e obras assisten-ciais encontram uma relativa facili-

Fascinado por Jesus, um jo-vem rico propôs-se segui-lo. OMestre, que o conhecia, impôs-lheser necessário que ele vendessetudo quanto possuía, distribuísseo resultado com os pobres, após o

O divino poder do Cristo, como repre-sentante de Deus, permanece latente em to-das as criaturas. Todos os homens receberamdele sagrados dons, ainda que muitos se man-tenham afastados do campo religioso.

Referimo-nos aqui, porém, aoscultivadores da fé, que iniciam o esforçolaborioso e longo da descoberta dos va-lores sublimes que vibram em si mesmos.

Grande parte suspira por espetacula-res demonstrações de Jesus em seus ca-minhos, e companheiros incontáveis acre-ditam que apenas cooperam com o Se-nhor os que se encontram no ministérioda palavra, no altar ou na tribuna de vari-adas confissões religiosas.

Urge, entretanto, retificar esse errointerpretativo.

O Senhor está conosco em todas as po-sições da vida. Nada poderíamos realizarsem o influxo de sua vontade soberana.

Diz-nos o Mestre com clareza: - “Eusou a videira, vós as varas.” Como produ-zir alguma coisa sem a seiva essencial?

Efetivamente, os aprendizes arguciosospoderão objetar que, nesse critério, tambémencontraremos os que praticam o mal,alicerçados nas mesmas bases. Responden-do, consideraremos somente que semelhan-tes infelizes enxertam cactos infernais na Vi-deira Divina, por conta própria, pagando ele-vado preço, perante o Governo do Universo.

Reportamo-nos aos companheiros tími-dos e vacilantes, embora bem-intencionados,para concluir que, em todas as tarefas huma-nas, podemos sentir a presença do Senhor, san-tificando o trabalho que nos foi cometido. Porisso, não podemos olvidar a lição evangélica

Um modo de expansão do movimento espíritadade para implementação, em paí-ses como a Inglaterra enfrentam-severdadeiras barreiras financeiras. Acompra de um imóvel, em toda aEuropa, é quase impossível devidoao seu custo exorbitante (vale lem-brar que a grande maioria da popu-lação vive de aluguel), e mesmo oaluguel é muitas vezes tão onerosoque se costuma alugar um determi-nado tempo de uso por semana, e nãopor mês, como é comum no Brasil,utilizando-se para a atividade espí-rita o mesmo espaço que, no momen-to seguinte, estará sendo usado poroutras pessoas. Imaginem os proble-mas vibratórios para desenvolvi-mento dos trabalhos, especialmenteos mediúnicos, num ambiente fre-qüentado por pessoas com os maisdiferentes interesses e motivações.

Antes, porém, de se pensar emlocal, é preciso formar o grupo. AllanKardec entendia que é mais produti-vo que existam numa cidade 20 gru-pos com vinte integrantes cada umdo que um centro de maior porte, comquatrocentos trabalhadores. O Codi-ficador preferia os grupos pequenos,até mesmo os familiares, às assem-bléias numerosas, pelas dificuldadesque estas últimas criam para a har-monização dos trabalhos.

Um grupo espírita precisa ser ho-mogêneo, harmônico e unido pelo sen-timento sincero de servir. Não foi,pois, apenas a grupos mediúnicos queKardec se referia, mas também aosgrupos de estudos e às assembléias deculto. As vantagens disso são eviden-tes: propiciam uma identificação detodos os membros e, conseqüentemen-te, favorecem a harmonização efeti-va, fortalecendo mais facilmente os

laços de união entre seus integrantes.Baseado nessas idéias e na neces-

sidade de efetivar a expansão do Mo-vimento Espírita na cidade, foi cria-da, anos atrás, em Londrina, uma so-ciedade ligada ao Centro Espírita Nos-so Lar, com o objetivo de promover afundação de pequenos grupos nos bair-ros mais populosos da cidade, quemais tarde poderiam transformar-seem novas Casas Espíritas. Somentenos últimos seis anos de trabalho fo-ram inaugurados cinco novos Centrosoriundos dessas células.

O conceito é simples. Reúnem-seespíritas que moram num mesmo bair-ro, escolhe-se a casa de um deles paraas reuniões, que são semanais e con-sistem na realização de um culto doevangelho no lar. Com o tempo, veri-ficando-se a harmonia do grupo e suaadesão ao projeto, abrem-se as reuni-ões para pessoas interessadas. Daí oministério da palavra e do passe e abusca de uma sede não-familiar paraa consecução dos trabalhos públicos.Num primeiro momento, aluga-se umimóvel, cotizando-se o numerário en-tre os integrantes. Depois, busca-se arealização do sonho da sede própria,com o auxílio de terceiros, através decampanhas diversas. Se a atividade donovo núcleo incluir trabalhos de as-sistência social, então é possível a con-tribuição de empresas, fundações e, atémesmo, do governo.

A oferta de estudo, amparo e ori-entação espíritas é um dos meios maiseficazes de propagação da doutrina.E a criação de Centros é também ofer-ta de serviço. Levar consolo, conhe-cimento e serviço ao maior númerode pessoas é uma das formas maisfelizes de divulgação do Espiritismo.

Um minuto com Joanna de Ângelisque poderia acompanhá-lo.

Reflexionando, o moço deu-seconta que tal esforço não lhe erademasiado. No entanto, recordou-seda sua posição social, dos compro-missos assumidos, das injunções em

Saibamos cooperar

de que seria abençoado qualquer esforço nobem, ainda que fosse apenas o de ministrarum copo de água pura em seu nome.

O Mestre não se encontra tão-somen-te no serviço daqueles que ensinam a Re-velação Divina, através da palavra acadê-mica, instrutiva ou consoladora. Acompa-nha os que administram os bens do mun-do e os que obedecem às ordenanças docaminho, concorrendo na edificação dofuturo melhor, nas organizações materiaise espirituais. Permanece ao lado dos querevolvem o chão do Planeta, cooperandona estruturação da Terra Aperfeiçoada,como inspira os missionários da inteligên-cia na evolução dos direitos humanos.

Saibamos cooperar, desse modo, noscírculos de serviço a que fomos chama-dos para o concurso cristão.

Faze, tão bem quanto esteja em tuaspossibilidades, a obra parcial confiada àstuas mãos.

Por hoje, talvez te enganes, supondoservir às autoridades terrestres, no entan-to, chegará o minuto revelador no qualreconhecerás que permaneces a serviçodo Senhor. Une-te, pois, ao Divino Artí-fice, em espírito e verdade, porque o pro-blema fundamental de nossa paz é justa-mente o de saber se vivemos nele tantoquanto ele vive em nós.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Iluminação (Livraria Es-pírita Alvorada Editora, 1990), doqual foi extraído o texto acima.

que se encontrava e afastou-se, de-sanimado...

*Treina a renúncia total, iniciando-

a com as coisas de pequena monta.Libera-te de alguma posse; transfererecursos que te sobram; doa excessos,e te habilitarás a ofertar também o ne-cessário, preparando-te para a renún-cia a ti mesmo, responsável pela tualibertação de tudo e de todos.

A renúncia plena começa no ges-to pequeno da oferta e do despren-dimento aos bens do mundo, a fimde alcançar a doação total.

“Porque sem mim nada podeis fazer.”Jesus. (JOÃO, 15:5.)

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EMMANUEL, que foi o mentor espi-ritual de Francisco Cândido Xavier e co-ordenador da obra mediúnica do saudosomédium mineiro, é autor, entre outros li-vros, de “Fonte Viva” (Editora da FEB,1956), de onde foi extraído o texto acima.

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O IMORTALFEVEREIRO/2008 PÁGINA 3

Cerca de 100 pessoas assis-tiram à palestra de inauguraçãoda sede própria de mais umcentro espírita em Londrina(fotos). Desta vez, a região be-neficiada é a Zona Norte, noJardim Olímpico, onde traba-lhadores da Casa Fabiano deCristo vêm atuando há cerca de12 anos. O imóvel fica situadona Rua Roberto Bervegliere,350. A direção da instituiçãoestá a cargo do confrade Ma-noel Figueiredo.

Uma emocionante palestrafoi ministrada por Hugo Gonçal-ves, que os amigos espíritas doNorte do Paraná chamam cari-nhosamente de “paizinho”, diri-gente do Centro Espírita AllanKardec e do Lar Infantil MaríliaBarbosa, ambos situados na ci-dade de Cambé (PR), além defundador e diretor do jornal es-pírita “O Imortal”.

O grupo de trabalhadores danova casa possui um históricode lutas e conquistas. Durantea palestra, Figueiredo apresen-tou parte das ações já realiza-das pela instituição. Segundoele, há 12 anos, um trabalho queera realizado no Albergue No-turno Raul Faria Carneiro, si-tuado na Rua Araguaia - VilaNova, em Londrina – transfor-

FERNANDA [email protected]

De Londrina

mado agora no Lar dos Vovôs –,passou a ser realizado numa dasruas do Conjunto HabitacionalJoão Turquino (Zona Norte), bair-ro vizinho ao Jardim Olímpico.“No bairro nós distribuíamos umsopão para os moradores caren-tes. Um dia, presenciamos umsenhor caindo do telhado de umacasa; então perguntamos para asua esposa o que é que tinhaacontecido e ela nos disse que eletinha caído de fome.”

Manoel falou sobre a impor-tância do trabalho da caridade ealertou os confrades espíritasquanto aos obstáculos que podemsurgir no caminho daqueles quebuscam realizar um trabalho sé-rio e importante para os necessi-tados. “O desânimo bateu váriasvezes na nossa porta, mas nãodeixamos ele entrar. A preguiça ea indiferença têm atormentado avida de alguns colegas, mas nadanos fez desistir e há todos essesanos temos visitado essa comu-nidade”, salientou.

A Casa Fabiano de Cristo jápossui grupos de trabalhadores queatuarão em atendimentos específi-cos a pelo menos 20 gestantes.Também serão ministrados gruposde evangelização infantil para cer-ca de 180 crianças do bairro. Cer-ca de 150 adultos também devemparticipar das demais atividades dacasa.

Ao todo já foram investidosR$ 150 mil reais na construção

do imóvel. A Casa conta comcinco salas, um salão, uma co-zinha, dois banheiros, um escri-tório, uma dispensa, além deuma recepção onde também fun-cionará a biblioteca, tudo issodistribuído em 280 metros qua-drados de construção. O inves-timento partiu de um projeto deresponsabilidade social da em-presa Dixie Toga, de Londrina,além de uma colaboração do ex-jogador de futebol Élber.

O diretor da casa lembrouque no início dos trabalhos rea-lizados no bairro o grupo che-gou a atender as pessoas nas ruase nas calçadas de uma escolapública. “Hoje, pela misericór-dia divina, pela bondade do Pai,a casa está aqui pronta. Tambémexiste um proposta da Secreta-ria Municipal de Educação paraque a Casa atenda, todos os dias,durante três turnos, as criançasda rede pública de ensino nocontraturno escolar. Nós sabe-mos que para uma obra ser con-cretizada assim, a espiritualida-

Mais uma casa espírita com sede própria em LondrinaO Centro Espírita Casa Fabiano de Cristo, que já funciona há alguns anos, situa-se

no Jardim Olímpico, Zona Norte da cidade. Hugo Gonçalves foi o palestrante convidado

A consolidação da Casa Fa-biano de Cristo, agora com umabelíssima sede própria, depois de12 anos de lutas e dificuldadesenormes, é mais um dado impor-tante a comprovar a expansão doMovimento Espírita na cidade deLondrina.

Como o leitor já viu em edi-ções anteriores deste jornal, temsido constante, nos últimos anos,o surgimento de novas Casas Es-píritas na cidade e várias delas lo-calizadas em regiões afastadas docentro e muitas bem carentes.

Só para citar algumas delas,lembremos os Centros inaugura-dos há pouco na Vila Ricardo, noConjunto Parigot de Souza, noJardim Cafezal, no Jardim Mon-te Belo, no Jardim Leonor e noConjunto Avelino Antônio Vieira.

Essa expansão merece aplau-sos, mas pode ser ainda maior se

É elogiável a expansãoespírita em Londrina

as Casas Espíritas de maior tradi-ção na cidade, como o “NossoLar”, em conjunto com a 5a UniãoRegional Espírita e a USEL(União das Sociedades Espíritasde Londrina), entenderem que épreciso descentralizar as ativida-des espíritas e levá-las a todas asregiões da cidade, num processosemelhante ao desenvolvido a par-tir de 2001 pelos companheirosque participaram da SBEE, comvistas à constituição de GruposFamiliares de Espiritismo nosbairros mais populosos da cidade.

Somente assim, com a ajudade todos, é que a cidade conse-guirá multiplicar suas Casas Es-píritas, seguindo o exemplo demunicípios bem menores, comoFranca (SP), onde o número deinstituições espíritas se aproximade 50, se é que já não foi ultra-passado. (Da Redação)

Hugo, aos 94 anos de idade, foi a atração do evento

Manoel Figueiredo e Hugo, nainauguração do novo centro

A música de Renato Panhoabrilhantou a festa de inauguração

Flagrante parcial do público quefoi assistir à palestra de Hugo

Hugo, sentado, Manoel Figueiredo (à dir.)e outros confrades após a palestra

de já programa isso há anos. Es-tamos muito felizes”, disse.

Depois da palestra de HugoGonçalves, Manoel e o pales-trante psicografaram algumasmensagens de amigos espirituaisque se encontravam presentes noevento, todas com votos de for-ça e coragem para continuar as

atividades com a populaçãocarente do bairro.

Depois de prestigiarem algu-mas músicas cantadas pelo con-frade Renato Panho e sua filhaIsabela Panho, os participantes sereuniram numa confraternização,momento em que foram servidossalgados e refrigerantes.

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O IMORTALPÁGINA 4 FEVEREIRO/2008

“ - Os Espíritos se afeiçoam depreferência a certas pessoas?

- Os bons Espíritos simpatizamcom os homens de bem ou suscetí-veis de progredir; os Espíritos in-feriores, com os homens viciososou que podem viciar-se...” (Ques-tão 484, de O Livro dos Espíritos,Allan Kardec).

Os Espíritos somos nós mesmosfora do corpo material, então, damesma forma que nos afeiçoamos àspessoas que compartilham conoscodas mesmas sensações, desejos evontades aqui na Terra, os seres de-sencarnados se ligam àqueles quemantêm o mesmo padrão de vida,nisso não há novidade alguma.

O bem sempre teve sintonia como bem e o mal sempre esteve atraídopelo mal, ninguém em sã consciên-cia poderá negar tal assertiva. Por-tanto, cabe a cada criatura decidir,dentro da liberdade de ação que tem,pelos caminhos que deve trilhar, poisa semeadura é livre, mas a colheita,invariavelmente, será obrigatória.

Sabendo disso e tendo plenaconsciência dessa realidade, deve-mos cuidar devidamente daquiloque fazemos ou deixamos de fazer,uma vez que pela lei de ação e rea-ção, a vida vai nos oferecer exata-mente aquilo que a ela ofertamos.Dessa forma, se o dor e o sofrimen-to estiverem caminhando conosco,será decorrência do nosso compor-tamento e ações, nos processos deenganos e equívocos que insistimosem manter.

Os Espíritos são uma força danatureza e a negação dessa insofis-mável realidade, nos dias atuais, édefesa insustentável ante a evidênciados fatos. Portanto, conforme senten-ciou Paulo de Tarso, estamos cerca-dos por uma multidão de testemu-nhas, isso quer dizer que estamosenvolvidos por uma grande quanti-dade de Espíritos, que se apresentamao nosso redor mediante as vibraçõesque emitimos, boas ou más.

Assim, aquele que passa pelosdias socorrendo o próximo, naexemplificação prática do ensina-mento de Jesus: “o filho do homemnão veio para ser servido”, vivendocom dignidade e honradez, poderáter a certeza de que ao seu lado emesmo o ajudando estarão os ben-feitores Espirituais, obviamente,pela lei da afinidade.

E quem utiliza suas horas na indi-ferença ou na inércia, fechado no re-duto frio do egoísmo, ou mesmo a pro-mover o sofrimento alheio medianteum comportamento em desalinho comos preceitos evangélicos, certamenteestará envolvido pelo interesse de Es-píritos de natureza inferior, atraídospelos mesmos ideais e vocações.

No primeiro caso, a presença dosseres desencarnados, de sentimentoselevados e sublimes nos permitirá acolheita de reflexos saudáveis vin-dos das vibrações ajustadas e emcomunhão com os propósitos divi-nos que sustentam, onde será possí-vel a obtenção da sensação de paz eda consciência tranqüila nos deve-res cumpridos, no segundo, median-te a convivência com os Espíritos emdesequilíbrio e afeitos ao mal, cujasemanações expressem inferioridade,

incontestavelmente registrará a cri-atura humana, os efeitos nocivos edeletérios, com sérias conseqüênci-as a torturar-lhe o caminho.

Obviamente, a escolha será sem-pre nossa, pois que possuímos o li-vre arbítrio, mas nunca podemos ol-vidar que após a decisão tomada osreflexos advindos manterão a mes-ma natureza das ações que são per-petradas e, pela lei da atração, man-teremos do nosso lado os Espíritosque estarão nos ajudando ou atrapa-lhando, porque em momento algumpermaneceremos sozinhos, queira-mos ou não.

Se na terra escolhemos nossasamizades, de acordo com os nossosdesejos, também podemos selecio-nar os amigos espirituais, isso de-penderá tão-somente dos nossos in-teresses. Reflitamos.

Nossas amizades

A tragédia docirco de Niterói

No dia 17 de dezembro, de1961, ocorreu comovedora tragé-dia na cidade de Niterói com oincêndio do Circo Norte America-no, recentemente focalizada peloPrograma Linha Direta, da TVGlobo.

Segundo o Espírito Humbertode Campos, pelo médium ChicoXavier, no livro Crônicas de AlémTúmulo, os que morreram queima-dos e pisoteados nesse dolorosoacontecimento, ou mesmo os aci-dentados, foram aqueles que, noano de 177 de nossa era, coloca-ram cerca de mil crianças e mu-lheres cristãs para morrerem quei-madas numa arena de um circo naGália, região da França, na épocado Império Romano.

É bem verdade que o Espiri-tismo nos explica a causa dos so-frimentos das criaturas humanascomo conseqüência das faltas co-metidas por elas nesta existênciaou em encarnações passadas.

Esse esclarecimento está depleno acordo com o ensinamentode Jesus: “A cada um será dadosegundo as suas obras”, ou seja,ninguém paga pelo erro cometidopelo pai, pela mãe, pelos avós ouaté, como muitos acreditam, por

Adão e Eva. Ora, se a justiça hu-mana pune o culpado e não o ino-cente, como Deus, sendo a Justi-ça Suprema, punirá você, que nãotem culpa por uma coisa que seupai fez de errado, ou pelos erroscometidos por Adão e Eva?

O Espiritismo também escla-rece: a lei que age sobre o indiví-duo é a mesma que age sobre afamília, a nação e as raças, for-mando individualidades coletivas.Existem, portanto, as faltas do in-divíduo, as da família e as de umpaís, e cada uma dessas faltas –qualquer que seja o seu aspecto –é reparada pela aplicação da mes-ma lei de ação e reação ensinadapor Jesus. Diz até um ditado quea semeadura é livre, mas a colhei-ta é obrigatória.

Portanto, a reparação dos er-ros praticados por um grupo depessoas é solidária, isto é, os mes-mos Espíritos que erraram juntos,como não vão para o inferno, poisele nunca existiu, se reúnem naTerra em nova reencarnação parasofrerem o retorno do mal prati-cado, reparando suas faltas ante-riores. E isso foi o que aconteceuno incêndio do circo, quando aJustiça Divina, através da reencar-nação, reaproximou os responsá-veis em diversas posições da ida-de física para dolorosa expiação,libertando suas consciências dasculpas passadas.

Você perdeu o Patch Adams?

Foi na noite de segunda-feira,dia 5 de novembro, que o consa-grado programa RODA VIVA, daTV CULTURA, entrevistou o mé-dico norte-americano Patch Adams,que ficou famoso com o filme OAmor é contagioso, com o atorRobin Williams.

Fiquei muito impressionadocom as idéias do ilustre médico. Estáalém de nosso tempo. Sua avança-da mentalidade, de elevada moral,está ainda semeando no vazio, poispoucos poderão compreender suasidéias. Todavia, é semeadura expres-siva que vai germinar no tempo cer-to, com o amadurecimento humano,especialmente diante de lutas que es-tão nos ensinando a viver.

Ele criticou o filme que tentoumaterializar suas idéias, alegandoestarem incoerentes com suas ver-dadeiras idéias, expressas livre-mente na entrevista. Pediu descul-pas pelo governo de seu povo, poissente-se envergonhado pela postu-ra americana frente aos países maispobres no mundo. Indagou por que

nós, os brasileiros, estamos permi-tindo dizimar a floresta amazônica.Afirmou que quando deixamos dereagir frente aos equívocos e erros,quando ignoramos a corrupção oupermitimos a maldade, quando dei-xamos de pensar, de agir, de ter ini-ciativa, estamos mortos, controladospela vontade alheia...

Sensacional sua entrevista, sobtodos os pontos de vistas. Adorei! Quepena que você perdeu... Felizmente omaterial está gravado no acervo daCultura e, esperamos, breve esteja dis-ponível em DVD para venda.

Suas idéias defendem a gentile-za, o uso da cortesia, a fraternidade.Indagou por que nos deixamos levarpela carranca, pelo pessimismo...Disse que precisamos fazer uma re-volução diária de bom humor, de ini-ciativa, de disposição, de amor aopróximo. Que todos ou cada um,quando quisermos, transformaremoso mundo, através de abraços, sorri-sos e posturas de cordialidade unscom os outros.

Indagado sobre a maneira que seveste (meias de cor diferente, rou-pas extravagantes, brincos ousados,bigode enorme, calças de palhaço),afirmou que em todos os lugares

onde está, as pessoas são levadas aperguntar a ele por que se vesteassim. Ou, como sua vestimentafoge do comum, sempre chama aatenção de alguma forma para quea pessoa, no elevador, na hall de umhotel ou no metrô, inicie conversacom ele. Aí ele apresenta suas idéi-as. O que ele deseja é aproximarpessoas, semear o bem. Seu foco émesmo a fraternidade no trato, ocarinho espontâneo, a atenção quepodemos dispensar uns aos outros,ao invés de sermos tratados comonúmeros, classificados de acordocom a doença ou dificuldade queapresentamos. Daí a proposta denovo modelo para atuação médica.

Por que não a gentileza?, inda-ga ele. Por que a agressão ao dife-rente?, pergunta com ênfase. Porque o medo, a falta de iniciativa, aomissão? Qual a razão de nos dei-xarmos conduzir por cabeças alhei-as, muitas vezes medíocres, quandopodemos pensar por nós mesmos?São questionamentos que levantou.

Muito bom mesmo! Sensacio-nal. Espero que a TV CULTURAcoloque logo o DVD à disposiçãoem seu site, para que possamos ver,refletir e divulgar tais idéias...

WALDENIR APARECIDO [email protected]

De Votuporanga

ORSON PETER [email protected]

De MatãoGERSON SIMÕES

MONTEIRO [email protected]

Do Rio de Janeiro

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O IMORTALFEVEREIRO/2008 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

O Grande Enigma (5ª Parte)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Damos continuidade à publica-ção do texto condensado da obra OGrande Enigma, de Léon Denis. Aspáginas citadas referem-se à 7.a edi-ção publicada pela Editora da FEB.

*71. Quanto mais nos desenvol-

vemos em inteligência e em mo-ral, mais a nossa personalidade seafirma. Podemos estender-nos e ir-radiar, crescer em percepções, emsensações, em sabedoria, em amor,sem deixarmos de ser nós própri-os. (P. 100)

72. É preciso entender que osEspíritos potentes, esses missioná-rios, esses agentes de Deus, foramtambém homens de carne, como nóssomos, cheios de fraquezas e misé-rias, e atingiram essas alturas porsuas pesquisas e seus estudos, pelaadaptação de todos os seus atos à leidivina. O que eles fizeram todospodemos fazer também. (P. 102)

73. Graças aos estudos psíqui-cos e aos fenômenos telepáticos,estamos aptos a compreender, des-de já, que nossas faculdades não selimitam aos nossos sentidos. Nos-so Espírito pode irradiar além docorpo, pode receber as influênciasdos mundos superiores, as impres-sões do pensamento divino. (P. 102)

74. A ação de Deus se desvela,pois, tanto no mundo físico quantono mundo moral, no Universo in-teiro. Não há um único ser que nãoseja objeto de sua solicitude. (P. 103)

75. Um fato que demonstra, demodo brilhante, a intervenção deDeus na História, é o aparecimento,no tempo próprio, nas horas solenes,dos grandes missionários, que esten-dem a mão aos homens e lhes ensi-nam a lei moral, a fraternidade e oamor dos semelhantes, dando-lheso grande exemplo do sacrifício de sipela causa de todos. (P. 104)

76. Haverá algo mais imponen-te do que a missão dos Enviadosdivinos? As fogueiras se acendem;os sarcasmos e o desprezo os atin-gem, mas eles seguem, com a fon-te altiva e a alma serena, no cum-primento de sua missão. (P. 104)

77. O único meio de salvar a so-ciedade em perigo é elevar os pensa-mentos e os corações para a PotênciaInfinita que é Deus, unindo nossa

vontade à dele e compenetrando-nosda sua Lei. Veremos então que Deusnão é uma abstração metafísica; Deusé um ser vivo, sensível, consciente; énosso Pai, nosso guia, nosso condu-tor, nosso melhor amigo. (P. 106)

78. É por essa razão que LéonDenis diz: “Meus irmãos, recolhei-vos no silêncio das vossas moradas;elevai freqüentemente a Deus ostransportes de vossos pensamentose de vossos corações, expondo-lhevossas necessidades, vossas fraque-zas, vossas misérias; e, nas horasdifíceis, dirigi-lhe o apelo supremo.Aprendei a orar do mais profundode vossa alma, e não mais da pontados lábios; aprendei a entrar emcomunhão com vosso Pai; a rece-ber seus ensinamentos misteriosos,reservados, não aos sábios e pode-rosos, mas às almas puras, aos co-rações sinceros”. (PP. 107 e 108)

79. Quando quiser achar refúgiocontra as tristezas e as decepções daTerra, o homem deve lembrar-se deque existe somente um meio: elevaro pensamento a essas puras regiõesda luz divina, onde não penetram in-fluências grosseiras deste mundo. Osrumores das paixões, o conflito dosinteresses não vão até lá. Chegandoa essas regiões, o Espírito se despren-de de preocupações inferiores, detodas as coisas mesquinhas de nos-sas existências, e vê então as leis doseu destino. (P. 108)

80. Aquele que tem em seu pen-samento e em seu coração essa féardente, essa confiança absoluta nofuturo, essa certeza que o eleva, esseestá encouraçado contra a dor e fi-cará invulnerável no meio das pro-vas. Eis aí o segredo de todas as for-ças, de todo o valor, o segredo dosinovadores, dos mártires e de todosaqueles que oferecem sua vida poruma grande causa. (PP. 108 e 109)

Objeções e contradições81. Cada religião explica Deus

à sua maneira; cada teoria o descre-ve a seu modo, resultando de tudo

isso uma confusão, um caosinextricável, de onde os ateus têmtirado argumentos para negar a exis-tência de Deus, e os positivistas parao declarar “incognoscível”. (P. 110)

82. A objeção mais freqüente àidéia de Deus consiste em dizer-se: “Se Deus existe, se Ele é, comopretendeis, Bondade, Justiça,Amor, por que o mal e o sofrimen-to reinam feitos senhores em tor-no dos seres?” (P. 111)

83. Léon Denis examinou talobjeção em dois livros: “Depois daMorte”, segunda parte, e “O Pro-blema do Ser, do Destino e daDor”, cap. XVIII e XIX. Resumi-damente: o sofrimento é um meiopoderoso de educação para as almas,porque desenvolve a sensibilidade,e por vezes é uma forma de justiça,corretivo a atos anteriores. O mal é,na verdade, conseqüência da imper-feição humana. (PP. 111 e 112)

84. Outra objeção, que consti-tui uma das questões capitais daFilosofia, é assim formulada: “Se-

ria Deus um ser pessoal ou é o seruniversal, infinito?” Léon Denisdiz que dessa indagação surgiramos dois grandes sistemas sobreDeus: o deísmo e o panteísmo. “Apersonalidade verdadeira - afirmaDenis - é o eu, a inteligência, avontade, a consciência. Nada im-pede concebê-la sem limites, istoé, infinita. Sendo Deus a perfeição,não pode ser limitado. Assim seconciliam duas noções, na aparên-cia contraditórias.” (PP. 113 e 114)

85. Outra questão – propostapelos positivistas –: “Deus é incog-noscível?” A resposta, segundoDenis, é fácil: Deus é incognoscí-vel em sua essência, em suas ínti-mas profundezas, mas revela-se portoda a sua obra, no grande livroaberto aos nossos olhos e no fundode nós mesmos. “Deus - acrescen-ta Léon Denis - não é desconheci-do: é somente invisível.” (P. 114)

86. Aos que reclamam uma de-finição, poder-se-ia dizer que Deusé o Espírito puro, o Pensamento

puro. Mas a idéia pura, em sua es-sência, não pode ser formuladasem ser diminuída, alterada. Todafórmula é uma prisão. (P. 115)

87. Deus está na criatura e acriatura está nele. Deus é o grandefoco de vida e de amor, do qualcada alma é uma centelha, ou an-tes, um foco ainda obscuro e vela-do que contém, em estado embri-onário, todas as potências, a talponto que, se soubéssemos tudoquanto em nós existe, transforma-ríamos o mundo. (P. 116)

88. Lembremos que somos Es-píritos imortais. As coisas da Terrasão um degrau, um meio de educa-ção, de transformação. Podemosperder neste mundo todos os bensterrestres. Que importa isso? Oindeclinável é engrandecer, arran-car de sua grosseira ganga esse Es-pírito divino, esse deus interior queé, em todo homem, a origem de suagrandeza e de sua felicidade. Eis ofim supremo da vida! (P. 117) (Con-tinua no próximo número.)

Do livro Vida e Obra de Divaldo Pereira Franco, de Fernando Worm, 2ª edição, publicada em 1976pelo Centro Espírita Caminho da Redenção.

(*) A pergunta proposta a Divaldo se fez em 1976, 25 anos antes de iniciar-se o Terceiro Milênio.

Divaldo responde– Como visualiza o Terceiro

Milênio?Divaldo: Na atualidade vive-

mos ainda o período das conquis-tas exteriores. O Terceiro Milê-nio, e daí por diante, de maneiraprimordial, será o das conquistasinteriores. O homem terminarácompreendendo sua verdadeiranatureza espiritual e então senti-rá necessidade de libertar-se dasvibrações mais baixas do plane-ta, avançando mais facilmente norumo dos Planos Superiores.

Os Espíritos sábios nos têmafirmado que o nosso mundo so-frerá grandes transformações, me-nos por catástrofes de largo portedo que pela migração dos Espíri-

tos inferiores, “ainda não tocadospelo sentimento do bem”, para mun-dos de raças condizentes com o seunível. Que ninguém tenha dúvidas:vivemos tempos de vital transição.A humanidade do bem e do progres-so moral já começa a habitar o nos-so globo, preparando os tempos daregeneração. Serão afastados do nos-so mundo, portanto, somente os quese obstinam na degradação dos ins-tintos, os que se mostram apáticosou incompatíveis com o reinado dafraternidade.

“No que tange à vida do ho-mem no milênio que nos aguardaa menos de um quartel (*) de sécu-lo, o que podemos acrescentar éque, além do que está dito, os Es-

píritos são discretos no que tan-ge ao porvir. Apenas deixamtransparecer a proximidade doperíodo áureo de luzes que se iráintensificando ao escoar dos sé-culos, à medida que o ser huma-no se eleve pelo despojamento daescravidão sensorial que o sub-juga às leis da matéria. O sexo,voltado para fins nobres, ganha-rá conotações mais edificantesem sua função elevada, lutandoo Espírito para governar o instin-to. É certo que já houve progres-so digno de nota, mas o caminhoainda é longo. Não acalentemosilusão de que isso ocorrerá deimediato. O Terceiro Milênio terámil anos para o seu mister.”

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O IMORTALPÁGINA 6 FEVEREIRO/2008

Francisco de Assis, o homem - Oclima insalubre da prisão, agravado pe-los prolongados meses de inverno, havi-am-lhe enfraquecido o organismo, pro-vocando agora uma grave enfermidade.Depois de longos meses de sofrimento,sem poder sair da cama, finalmente con-seguiu melhorar. Ao levantar-se, porém,não era mais o mesmo Francisco. Sen-tiu-se diferente, sem poder compreendera o porquê. A verdade é que a humilha-ção e o sofrimento da prisão, somado aoenfraquecimento causado pela doença,provocaram profundas mudanças no jo-vem Francisco. Foi o caminho que Deusescolheu para entrar mais profundamenteem sua vida. Já não sentia mais prazernas cantigas e banquetes em companhiados amigos. Começou a perceber a levi-andade dos prazeres puramente terrenos,embora ainda não buscasse a Deus. Naverdade, Francisco não nasceu santo,mas lutou muito para se tornar santo!

Francisco havia perdido o gostopelos prazeres mundanos, mas conser-vava ainda a ambição da fama. Poresse motivo, sonhava com a glória dasarmas e a nobreza, que se conquista-vam nos campos de batalha.

Por isso, aderiu prontamente aoexército que o Conde Gentile de As-sis estava organizando para ajudar oPapa Inocêncio III na defesa dos in-teresses da Igreja. Contou para issocom a aprovação entusiasmada do pai,que vislumbrava aí a oportunidade tãolongamente esperada de enobrecer suafamília. Deus, porém, lhe reservavaalgumas surpresas...

Antes de partir, num impulso degenerosidade, Francisco cedeu a umamigo mais pobre os ricos trajes e aarmadura caríssima que havia prepa-rado para si. Isso lhe valeu um sonhoestranho: viu um castelo repleto de ar-mas destinadas a ele e a seus compa-nheiros. Francisco não conseguiu en-tender o significado do sonho. Pen-sou que estava, talvez, destinado a serum famoso guerreiro! O fato é que osonho não lhe saía do pensamento.

Os avisos por meio dos sonhos -Ao chegar ao povoado de Espoleto,

Deus tornou a lhe falar em sonhos, des-ta vez com maior clareza, de modo queele reconheceu a voz divina que lhe per-guntava: “A quem queres servir: ao Ser-vo ou ao Senhor?” Francisco respon-deu prontamente: “Ao Senhor, é claro!”A voz tornou a lhe falar: “Por que insis-tes então em servir ao servo? Se queresservir ao Senhor, retorna a Assis. Lá teserá dito o que deves fazer!” Franciscoentendeu, então, que estava buscandoapenas a glória humana e passageira.Estava fazendo a vontade de pessoasambiciosas e mesquinhas e não a von-tade do Senhor do Universo.

Desafiando os sorrisos de desdémdos vizinhos e a cólera de Pedro Ber-nardone, contrariado em seus proje-tos, Francisco retornou a Assis, dan-do prova da energia de seu caráter edo valor do seu ânimo, virtudes quese mostrariam valiosas mais tarde nospercalços de seu novo caminho.

Começou a longa busca e a longaespera: “O que Deus quer de mim? Oque Ele quer que eu faça?” Era esse oconstante questionamento de Francisco.

Sentia um vazio dentro de si, queas festas, farras, bebedeiras e guerrasnão conseguiam mais preencher. Es-tava inquieto e insatisfeito, mas nãosabia bem por quê.

Em vão tentaram seus amigosatraí-lo outra vez para suas diversões,banquetes e trovas. Até o fizeram co-roar-se, durante uma festa, como o“Rei da Juventude”, mas nada disso ocomoveu. Já não era isso que o atraía.Sua busca era outra ...

Para tentar desvendar os desígniosde Deus, passou a se dedicar à oração eà meditação. Percorria campos e flores-tas em busca de lugares mais tranqüilos,em busca de respostas para suas dúvidase inquietações. Para ele, tudo passou ater outro sentido. Passou a enxergar as

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetDesde abril de 2004, o jornal O IMORTAL pode ser lido, na

íntegra, pela internet, no site abaixo:

www.editoraleopoldomachado.com.br/imortal/indice.htmPara escrever à Redação do jornal, o interessado deve utili-

zar o e-mail abaixo indicado:

[email protected]

coisas com outros olhos e outro coração.A viagem a Roma e suas conseqü-

ências - Em busca de respostas, decidiuviajar para Roma, isso no ano de 1205.Visitou a tumba do Apóstolo São Pedroe, indignado pelo que viu, exclamou: “Éuma vergonha que os homens sejam tãomiseráveis com o Príncipe dos Apósto-los!” E jogou ali um grande punhado demoedas de ouro, contrastando com as es-cassas esmolas de outros fiéis menos ge-nerosos. A seguir, trocou seus ricos tra-jes com os de um mendigo e fez sua pri-meira experiência de viver na pobreza.Voltou a Assis, à casa paterna, entregan-do-se ainda mais à oração e ao silêncio.A família e os amigos estavam preocu-pados com o jovem Francisco: O que lheestaria acontecendo? Será que ainda es-tava em pleno juízo? Seu pai, então, nãose conformava! Não era isso que ele ti-nha sonhado para seu filho! Indignado,forçava-o a trabalhar cada vez mais emseu estabelecimento comercial.

Em 1206, passeando a cavalo pe-las campinas de Assis, viu um leprosoque sempre lhe parecera um ser horri-pilante, repugnante à vista e ao olfato,cuja presença sempre lhe havia causa-do invencível nojo. Mas, então, comoque movido por uma força superior,apeou do cavalo e, colocando naque-las mãos sangrentas seu dinheiro, apli-cou ao leproso um beijo de amizade.Talvez a motivação para este nobre esignificativo gesto tenha sido a recor-dação daquela frase do Evangelho:“Tudo o que fizerdes ao menor de meusirmãos, é a mim que o fazeis” (Mt10,42). Falando depois a respeito des-se momento, ele diz: “O que antes meera amargo, mudou-se então em doçu-ra da alma e do corpo. A partir dessemomento, pude afastar-me do mundoe entregar-me a Deus”. (Continua nopróximo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 24)

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O IMORTALFEVEREIRO/2008 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Jerônimo Mendonça RibeiroJerônimo nasceu em Ituiutaba

(MG) no dia 1º de novembro de1939. Filho de Altíno Mendonça eAntonia Olímpia de Jesus, sendonono filho de uma irmandade dedez filhos, teve uma infância po-bre cheia de privação e seus paiseram muito pobres, analfabetos,lutavam arduamente pela sobrevi-vência: a mãe lavando roupa parafora e o pai fazendo “bicos” pelasfazendas. Com treze anos foi le-vado a conhecer a Igreja Presbite-riana, que professou até os 15 anos.Após a desencarnação de sua avó,começou a se debater mentalmen-te no problema cruciante da mortee do destino da alma. Dotado deum espírito indagador, não se su-jeitou aos horizontes estreitos daigreja no que tange à crença emDeus, ao conceito de uma vidaúnica e de uma salvação limitada.A amizade com um espírita fê-loconverter-se à doutrina espírita. Oamigo esclareceu-lhe suas dúvidassobre a vida além-túmulo e conse-guiu acalmá-lo. Já na puberdade,Jerônimo começou a sentir doresnas articulações, especialmentenos joelhos e tornozelos. Essespontos de seu corpo passaram a“inchar” e já aos dezoito anos an-dava com dificuldade. Teve vári-os empregos, porém as dores seagravaram, não lhe deram tréguae o impediram de permanecer pormuito tempo num mesmo trabalho,em que foi balconista, entregadorde jornal, redator-chefe de umarevista e professor. Seu passatem-po preferido era ir ao cinema. Erafascinado pelo Tarzan, sendo esteo seu apelido. Enquanto sua saúdelhe permitiu, participou ativamen-te das excursões com os jovens deuma Mocidade Espírita; contava

então dezesseis anos. Conhecer oEspiritismo ainda na juventude foide grande auxílio para ele, pois aos18 anos de idade defrontou-se comuma das primeiras grandes prova-ções que tinha de vencer: a artritereumatóide, que causava enormesdores e dificuldade de locomoção,quadro esse que se foi agravando atéque aos 20 anos de idade ficou defi-nitivamente de cama. Certo dia foiao cinema assistir “...E o Vento Le-vou”, mas não havia nenhuma pol-trona vazia. Jerônimo ficou entãoquatro horas em pé no fundo da sala.Ao terminar o filme , ele estavacomo que petrificado, com grandevibração de dor nos membros infe-riores. Foi aí que começou a jorna-da dolorosa e difícil da paralisia.Passou três meses deitado, plena-mente impossibilitado de se locomo-ver. Depois usou muletas por algumtempo enquanto ia lecionar. Porém,acabou mesmo tendo que ficar numacama ortopédica, porque a artritereumatóide progredira. Seu quadrotão desolador que, mesmo sob efei-to medicamentos, seus amigos tive-ram que fabricar uma cama especiale colocar sobre seu peito um sacode areia de 30 quilos para que pu-desse suportar a dor. Recebeu de umamigo a doação de uma Kombi parapoder ser levado às palestras.

Uma tribuna ambulante – Je-rônimo tornou-se, então, um oradorespírita, transformando seu leitonuma tribuna ambulante que viajoupelo Brasil todo, realizando umgrande e valioso trabalho. Quem oconheceu afirma que ele estava sem-pre rindo, gostava de um bom papoe de cantar também. Certa vez, o Dr.Fritz disse-lhe que ele tinha a doen-ça de três CCC – cama, carma e cal-ma. Os amigos sempre levavam Je-rônimo ao cinema e também a ou-tros lugares para se distrair. Estan-

do, certa ocasião, justamente numcinema, uma moça tropeçou em suacama e “explodiu”: “Mas não é pos-sível! Aonde eu vou, está o aleija-do! Vou a uma festa, o aleijado lá!Esse aleijado me persegue! Aondeeu vou, ele está!” Jerônimo pensouconsigo: “E agora?! A moça está re-voltada, nervosa mesmo. Tenho quelhe dar uma resposta, mas não que-ro irritá-la mais ainda. O que dizer?”E saiu com essa: “Mas também,minha filha, você não pára em casa,hein!” Ela olhou-o atônita e come-çou a rir. Riram juntos. Ficaramamigos. Permaneceu assim cerca detrinta e dois anos preso ao leito, pa-ralítico e com a agravante da perdada visão. Como tinha dificuldade dedormir, aproveitou para estudar bas-tante o Espiritismo. Quando ficoucego, os amigos liam para ele. Certavez, um repórter lhe perguntou o queé a felicidade. Ele respondeu assim:“A felicidade, para mim, deitado hátanto tempo nesta cama sem poderme mexer, seria poder virar de lado”.Em outra ocasião, ele disse: “Casei-me com a Doutrina Espírita no civile com a dor no religioso”.

Eis alguns casos da vida dessevulto do Espiritismo:

Por ocasião de um “enterro”,quando o cortejo seguia para o ce-mitério, sua Kombi estava logoatrás. Retirado o caixão, quando aspessoas se dirigiam para o local, umalcoolizado que passava, vendo osamigos lhe carregando a cama, ex-clamou: “Nossa! Dois defuntos!Esqueceram o caixão deste!” Eleaprendeu a não se revoltar com co-mentários infelizes. Gostava de ci-tar uma frase de Cairbar Schutel:“Melindres é orgulho ferido”.

Numa palestra de Divaldo Pe-reira, a cama de Jerônimo estavaem evidência, na frente, para nãoatrapalhar os que quisessem passar.

Em certo momento, aproximou-seum homem alcoolizado que lhe dis-se: “Paralítico, levanta-te e anda!”E Jerônimo respondeu: “Depois,meu amigo, depois”. Temia Jerôni-mo que a cena fosse notada e atra-palhasse a palestra. “Paralítico, le-vanta-te e anda!”, insistiu o bêba-do. “Bem que eu queria, mas nãoconsigo”, falou baixo o Jerônimo,tentando chamar o homem à razão.O bêbado saiu desconsolado: “Oh,homem de pouca fé!”.

Conselho a um homem deses-perado – Um certo dia uma pessoafoi orientada pela irmã de Jerôni-mo para que esse fosse fazer umavisita a seu irmão, e ele assim o fez.Quando chegou à casa, foi convi-dado a entrar e, ouvindo o barulhodo pessoal nos fundos da casa, paralá se dirigiu. As gargalhadas do Je-rônimo sobressaíam à distância. Ohomem estava tão desesperado queao ouvir os risos virou-se paraD.Terezinha e disse, revoltado: “Éesse homem que irá me confortar?”Fez-se silêncio; o homem foi cha-mado e apresentado. “Jerônimo,aqui está um senhor que veio de SãoPaulo só para conversar com você.Por certo, desejará fazê-lo sozi-nho”. Os jovens se retiraram, e osenhor tomou a palavra: “Olhamoço, eu era uma pessoa muito ricaaté uma semana atrás. Eu tinha umafazenda com eletricidade, com todoo conforto da vida moderna, atécampo de aviação. Tinha tudo. Fuitão incauto que, ao fazer a vendada fazenda, passei a escritura e re-cebi uma nota fria”. O Jerônimo es-tranhou o que era uma nota fria.“Uma duplicata sem valor. Eu nãotive nem condições de reclamar. Oadvogado falou que era perda detempo. A minha família antes se to-lerava, porque nós conversávamospor bilhetes, eu nos meus weeken-

ds, a minha esposa nos seus chás,e os filhos iam onde queriam.Agora todos vêm em cima demim, me cobrando o conforto, mecobrando a fazenda; eu não resis-to a essa situação. Estava na far-mácia justamente comprando umremédio para dar fim à minha vidaquando apareceu um amigo, queperguntou:” Para que você querisso?” Como ele sabia do negó-cio que eu fiz e do meu desespe-ro, disse-me: “Eu não admito quevocê compre esse remédio!” Eurespondi: “Como? Você não man-da na minha vida!” Aí ele expli-cou: “Eu vou deixar, sim, vocêcuidar de sua vida, se você meprometer que vai conversar como Jerônimo Mendonça, emItuiutaba. Eu lhe dou a passagem”. Ele me deu a passagem, aqui es-tou eu, mas acho que perdi tem-po, porque você é uma pessoa fe-liz, que não sabe o que é o sofri-mento alheio”. O Jerônimo lherespondeu: “Meu amigo, você éuma pessoa que realmente estásofrendo. Você perdeu uma fazen-da maravilhosa, mas vamos suporque essa criatura que lhe comproua fazenda voltasse agora e lhe per-guntasse : “Você quer trocar a fa-zenda por um olho seu?” “Ah! Je-rônimo, que bobagem é essa, issoé conversa que se fale!” “Não, oolho não, o olho é muito precioso,então vamos supor... Um braço”.“Ah! Mas que bobagem! Que con-versa! Onde já se viu isso?” “Ohmeu amigo! E cheguei à conclu-são que você não é pobre, você nãoé miserável. Você é arquimilioná-rio das bênçãos de Deus. O homemao sair dali mudou seu modo depensar, sempre que podia voltavapara trocar idéias com Jerônimo,e acabou se tornando um trabalha-dor da seara espírita”.

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ASTOLFO O. DEOLIVEIRA [email protected]

De Londrina

Alcoolismo e obsessão

O alcoolismo e a Medicina –Esteve em agosto de 1999 no Riode Janeiro, para participar do 13o

Congresso Brasileiro de Alcoolis-mo, o psiquiatra americano Ge-orge Vaillant, autor do livro AHistória Natural do AlcoolismoRevisitada, fruto da maior pesqui-sa feita até hoje sobre o alcoolis-mo, em que pesquisadores daUniversidade de Harvard acom-panharam a vida de 600 homens.

Em sua obra e na entrevistaque concedeu a uma publicaçãobrasileira, Dr. Vaillant afirmaque, ao contrário do que muitospensam, não existe o gene do al-coolismo, mas sim um conjuntode genes que tornam o indivíduovulnerável à dependência do ál-cool. O alcoolismo é, na verda-de, uma doença provocada pormúltiplos fatores e condições so-ciais e que, segundo a Organiza-ção Mundial de Saúde, é incurá-

vel, progressiva e quase semprefatal.

Eis, de forma sintética, as prin-cipais informações e esclarecimen-tos dados por George Vaillant:

1. O alcoolismo é um proble-ma de dimensões trágicas aindasubdimensionadas e seu maiordano é a destruição de famílias in-teiras.

2. Metade de todas as criançasatendidas nos serviços psiquiátri-cos vem de famílias de alcoólatrase boa parte dos abusos cometidoscontra crianças tem raiz no alcoo-lismo.

3. Sem qualquer sombra de dú-vida, o alcoolismo é uma doença.É o resultado de um cérebro queperdeu a capacidade de decidirquando começar a beber e quandoparar.

4. Não é possível detectar numacriança ou num pré-adolescentetraço algum que permita anteverque eles se tornarão alcoólatras.“Alcoolismo cria distúrbios da per-sonalidade, mas distúrbios da per-sonalidade não levam necessaria-mente ao alcoolismo.”

5. A principal diferença entrealcoolismo e outras dependênciasdiz respeito ao tipo de droga. Opi-áceos são tranqüilizantes, mas oálcool é um mau tranqüilizante,tende a fazer as pessoas infelizesficarem mais infelizes e piora a de-pressão. A pequena euforia que oálcool proporciona é sintoma doinício da depressão do sistema ner-voso central.

6. Do ponto de vista da socie-dade, o álcool é um problema mui-to grave. O alcoólatra provoca nãosomente acidentes de trânsito, masproblemas graves à sua volta, a co-meçar por sua família.

7. As únicas pessoas que estão

sob o risco de alcoolismo são asque bebem regularmente, mas, senunca passar de dois drinques pordia, o indivíduo pode usufruir so-cialmente da bebida em festas, ca-samentos, carnaval, e não se tor-nar alcoólatra.

8. Há pouco a fazer para aju-dar um alcoólatra, mas uma coisaé essencial: não se deve tentar pro-teger alguém de seu vício. Se umamulher encontra seu marido caídono chão, desmaiado sobre seu pró-prio vômito, não deve dar banho elevá-lo para a cama. O único ca-minho para sair do alcoolismo édescobrir que o álcool é seu inimi-go. Proteger uma pessoa nessa si-tuação não ajuda.

9. Não é papel da família ten-tar convencer o alcoólatra de queo álcool é um mal para ele. Na ver-dade, em tal situação, a família pre-cisa de ajuda, como a oferecidapelo Al-Anon, a divisão dos Alco-ólicos Anônimos voltada ao apoioa famílias de alcoólatras.

10. A abstinência é fundamen-tal no tratamento do alcoolismo.Um alcoólatra até pode beber so-cialmente, da mesma forma que umcarro pode andar sem estepe, ouseja, é uma situação precária e umacidente é questão de tempo.

11. Num horizonte de seis me-ses, muitos alcoólatras conseguemmanter seu consumo de álcool den-tro de padrões socialmente aceitos,mas, se observarmos um intervalomaior de tempo, vamos verificarque a tendência é ir aumentandogradualmente o consumo, até vol-tar ao padrão antigo. Em períodosmais longos, normalmente, sóquem pára de beber não sucumbeao vício.

12. Em 1995, uma substância,a naltrexona, foi saudada como a

pílula antialcoolismo, vendida noBrasil com o nome de Revia. Mas,em linhas gerais, drogas podemfuncionar como apoio por, no má-ximo, um ano, visto que é muitodifícil tirar algo de alguém semoferecer alternativas de comporta-mento. Usar essas drogas equivalea tirar o brinquedo de uma criançae não dar nada no lugar.

13. A terapia oferecida pelosAlcoólicos Anônimos é parecidacom as terapias behavioristas, quepretendem obter uma determinadamudança de comportamento. Mas,além de ser um tratamento baratoe que dura para sempre, a terapiados A.A. tem um componente es-piritual importante. Terapias aju-dam a não beber, mas os Alcoóli-cos Anônimos dão ao indivíduo umcírculo de amigos sóbrios, dão-lhesignificados, amigos, espiritualida-de. “É o melhor tratamento que te-mos.”

14. Embora as estatísticas nes-se campo não sejam precisas, sabe-se que cerca de 40% das abstinên-cias estáveis são intermediadaspelos Alcoólicos Anônimos.

Conseqüências do alcoolismo– Os efeitos do alcoolismo atingemnão apenas a saúde do alcoólatra,mas igualmente a comunidade emque ele vive e, especialmente, suafamília.

1.) Seus efeitos na saúde:Físicos – afecções como a cir-

rose hepática e cânceres diversos.Mentais – perda da concentra-

ção e da memória.Neurológicos – prejuízos na

coordenação motora e o caminharcambaleante.

Psicológicos – apatia, tédio, de-pressão.

2.) Seus efeitos sociais:Crimes – o número de homicí-

PÁGINA 8 PÁGINA 9O IMORTAL FEVEREIRO/2008FEVEREIRO/2008

dios detonados pelo álcool é sur-preendente.

Acidentes de trânsito – pelomenos 30% de todos os acidentescom vítimas que ocorrem no Bra-sil são motivados pelo álcool.

Má produtividade no traba-lho – além dos danos produzidos àempresa que paga o salário ao al-coólatra, o fato geralmente redun-da na demissão e muitos não con-seguem um novo emprego devidoa isso.

Perda do senso do dever e dosbons costumes – falta ao trabalho,desemprego.

3.) Seus efeitos na família:Comprometimento dos filhos

– 80% dos filhos aprendem a be-ber em casa, diz a psicóloga Deni-se de Micheli.

Desestruturação do lar – o de-semprego gera as dificuldades fi-nanceiras e as discussões inevitá-veis.

As separações conjugais – amulher não agüenta as conhecidasfases da euforia: a momice, a va-lentia e a indolência, popularmen-

te simbolizadas na figura do ma-caco, do leão e do porco.

A violência doméstica – doisterços (2/3) dos casos de violênciacontra a criança ocorrem quandoo agressor está alcoolizado.

O alcoolismo na visão espíri-ta – A exemplo de André Luiz (Es-pírito), que nos mostra em seu li-vro Sexo e Destino, capítulo VI,págs. 51 a 55, como os Espíritosconseguem levar um indivíduo abeber e, ao mesmo tempo, usufruirdas emanações alcoólicas, JoséHerculano Pires também associaalcoolismo e obsessão.

No capítulo de abertura do li-vro Diálogo dos Vivos, obra publi-cada dez anos após o referido li-vro de André Luiz, Herculano as-severa, depois de transcrever a vi-são do Espírito de Cornélio Piressobre o uso do álcool: “A obses-são mundial pelo álcool, no planohumano, corresponde a um quadroapavorante de vampirismo no pla-no espiritual. A medicina atual ain-da reluta – e infelizmente nos seussetores mais ligados ao assunto,

que são os da psicoterapia – emaceitar a tese espírita da obsessão.Mas as pesquisas parapsicológicasjá revelaram, nos maiores centrosculturais do mundo, a realidade daobsessão. De Rhine, Wickland,Pratt, nos Estados Unidos, a Soal,Carrington, Price, na Inglaterra, atéa outros parapsicólogos materialis-tas, a descoberta do vampirismo seprocessou em cadeia. Todos osparapsicólogos verdadeiros, de re-nome científico e não marcadospela obsessão do sectarismo reli-gioso, proclamam hoje a realidadedas influências mentais entre ascriaturas humanas, e entre estas eas mentes desencarnadas”.

A dependência do álcool pros-segue além-túmulo e, como o Es-pírito não pode obtê-lo no local emque agora reside, no chamado pla-no extrafísico, ele só consegue sa-tisfazer a sua compulsão pela be-bida associando-se a um encarna-do que beba.

Um caso de enxertia fluídica– Eis como André Luiz relata, emsua obra citada, o caso Cláudio No-gueira:

Estando Cláudio sentado nasala de seu apartamento, aconteceude repente o imprevisto. Os desen-carnados vistos à entrada do apar-tamento penetraram a sala e, agin-do sem-cerimônia, abordaram ochefe da casa. “Beber, meu caro,quero beber!”, gritou um deles,tateando-lhe um dos ombros. Cláu-dio mantinha-se atento à leitura deum jornal e nada ouviu. Contudo,se não possuía tímpanos físicospara registrar a petição, trazia nacabeça a caixa acústica da mentesintonizada com o apelante. O Es-pírito repetiu, pois, a solicitação,algumas vezes, na atitude do hip-notizador que insufla o próprio

desejo, reafirmando uma ordem. Oresultado não demorou. Viu-se opaciente desviar-se do jornal e dei-xar-se envolver pelo desejo de be-ber um trago de uísque, convictode que buscava a bebida exclusi-vamente por si.

Abrigando a sugestão, o pen-samento de Cláudio transmudou-se, rápido. “Beber, beber!...” e asede de aguardente se lhe articu-lou na idéia, ganhando forma. Amucosa pituitária se lhe aguçou,como que mais fortemente impreg-nada do cheiro acre que vagueavano ar. O Espírito malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos, eindefinível secura lhe veio à gar-ganta. O Espírito, sagaz, percebeu-lhe, então, a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve;depois da carícia, o abraço envol-vente; e depois do abraço, a asso-ciação recíproca. Integraram-seambos em exótico sucesso de en-xertia fluídica.

Produziu-se ali – refere AndréLuiz – algo semelhante ao encaixeperfeito. Cláudio-homem absorviao desencarnado, à guisa de sapatoque se ajusta ao pé. Fundiram-seos dois, como se morassem numsó corpo. Altura idêntica. Volumeigual. Movimentos sincrônicos.Identificação positiva. Levanta-ram-se a um tempo e giraram inte-gralmente incorporados um ao ou-tro, na área estreita, arrebatando ofrasco de uísque. Não se podia di-zer a quem atribuir o impulso ini-cial de semelhante gesto, se a Cláu-dio que admitia a instigação, ou seao obsessor que a propunha. A ta-lagada rolou através da garganta,que se exprimia por dualidade sin-gular: ambos os dipsômanos esta-laram a língua de prazer, em açãosimultânea.

O alcoolismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde uma doença incurável, mas pode ser tratado com sucesso com o apoio da terapia espírita Desmanchou-se então a pare-

lha e Cláudio se dispunha a sentar,quando o outro Espírito investiusobre ele e protestou: “eu também,eu também quero!”, reavivando-seno encarnado a sugestão que esmo-recia. Absolutamente passivo dian-te da sugestão, Cláudio reconsti-tuiu, mecanicamente, a impressãode insaciedade. Bastou isso e ovampiro, sorridente, apossou-sedele, repetindo-se o fenômeno vis-to anteriormente.

André aproximou-se então deCláudio, para avaliar até que pon-to ele sofria mentalmente aqueleprocesso de fusão. Mas ele conti-nuava livre, no íntimo, e não ex-perimentava qualquer espécie detortura, a fim de render-se. Hospe-dava o outro simplesmente, acei-tava-lhe a direção, entregava-sepor deliberação própria.

Nenhuma simbiose em que fos-se a vítima. A associação era im-plícita, a mistura era natural. Efe-tuava-se a ocorrência na base dapercussão. Apelo e resposta. Eramcordas afinadas no mesmo tom.Após novo trago, o dono da casaestirou-se no divã e retomou a lei-tura, enquanto os Espíritos volta-ram ao corredor de acesso, chas-queando, sarcásticos...

Tratamento do alcoolismo –Embora o alcoolismo tenha sidodefinido pela Organização Mundi-al de Saúde como uma doença in-curável, progressiva e quase sem-pre fatal, o dependente do álcoolpode ser tratado e obter expressi-va vitória nessa luta, que jamaisserá fácil e ligeira.

Sintetizando aqui os passos re-comendados pelos especialistas namatéria e as recomendações espe-cíficas do Espiritismo a respeito daobsessão, nove são os pontos do

tratamento daquele que deseja, noâmbito espírita, livrar-se dessadependência:

1. Conscientização de que éportador de uma doença e vonta-de firme de tratar-se.

2. Mudança de hábitos paraassim evitar os ambientes e osamigos que com ele bebiam an-teriormente.

3. Abstinência de qualquerbebida alcoólica, convicto deque não bebendo o primeiro golenão haverá o segundo nem os de-mais.

4. Buscar apoio indefinida-mente num grupo de naturezaidêntica à dos Alcoólicos Anôni-mos, que proporcionam, segun-do o Dr. George Vaillant, o me-lhor tratamento que se conhece.

5. Cultivar a oração e a vigi-lância contínua, como elementosde apoio à decisão de manter aabstinência.

6. Utilizar os recursos ofere-cidos pela fluidoterapia, a exem-plo dos passes magnéticos, daágua fluidificada e das radiações.

7. Leitura de páginas espíri-tas, mensagens ou livros de con-teúdo elevado, que possibilitema assimilação de idéias superio-res e a renovação dos pensamen-tos.

8. A ação no bem, adotando alaborterapia como recurso preci-oso à saúde da alma.

9. Realizar pelo menos umavez na semana, na intimidade dolar, o estudo do Evangelho, prá-tica que é conhecida no Espiri-tismo pelo nome de culto cristãono lar. A família que lê o Evan-gelho e ora em conjunto benefi-cia a si e a todos os que a rodei-am. (Continua na pág. 10 destaedição.)

George Vaillant

Fac-símile da capa dolivro Diálogo dos Vivos

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O IMORTALPÁGINA 10 FEVEREIRO/2008

Eu me recordo de um fato queaconteceu na casa de Celeste Mota,e que Lena, sua irmã, que aindaestá encarnada, é testemunha, e queme marcou muito.

Foi no ano de 1957. Eu estavana temporada anual de palestras doRio, no mês de junho, quando,numa noite, tive um desdobramen-to que me causou um grande im-pacto.

Eu me senti sair do corpo e via-me numa paisagem verdejante,com um lago próximo, cujas águasbrilhavam como se estivessemsalpicadas de estrelas. (Mais tarde,quando estive na Palestina, reco-nheci o local e constatei ser o Marda Galiléia). Uma figueira enorme,frondosa, à margem, projetava al-guns de seus galhos sobre as águas.Tudo em volta era silêncio, paz, se-renidade. Ali, nesse lugar, bucóli-co e encantador, onde a Naturezase fazia mais bela e o céu mais azul,eu tive a sensação que as nuvens,de súbito, se movimentaram de for-ma diferente, formando, para mi-nha grande surpresa, um enormeperfil de Jesus. As nuvens muitobrancas, contra o fundo azul do

céu, davam-me a impressão de queeste perfil era em alto-relevo.

Emocionado, eu me dei contade que Nilson estava próximo e lhedisse:

– Nilson, venha ver, venha verJesus.

Ele olhou para o céu, mas,quando olhei também, já não esta-va mais ali.

E assim, a menos de cincometros de onde me encontrava,pairando a um metro no ar, estavaEle, de costas.

Eu me lembro da sua roupa detarja marrom escuro, como se fos-se um tecido de calhamaço, que seusou muito em saco de aniagem,de cor marrom, os cabelos caídossobre os ombros, o porte majesto-so. Então, Ele virou o rosto e fezum perfil em ângulo reto sobre oombro direito, de forma que eu Ovia de lado, seu olhar me fitando,de tal jeito que, automaticamente,eu me prosternei, envolvido pelaemoção incontida. (O conceito queeu tenho do Cristo fez-me voltarao atavismo da Igreja, ou, digamos,a uma atitude de respeito. Os ho-mens se ajoelham diante de ho-mens, de reis e de certas autorida-des. Eu achei que a única posturacompatível era aquela – de submis-são e de entrega).

Nesse instante ouvi uma vozindefinível; tive a impressão queera uma música, um som que nãosei precisar. Ele perguntou-me:

– Tu me amas?– Sim, Senhor, eu Te amo – res-

pondi, a custo, emocionado.– Se tu me amas, esquece todo

mal que te fizeram.( Mas ninguém nunca me fez

mal – pensei).Ele voltou a perguntar:– Tu me amas?– Sim, Tu sabes que eu Te amo.– Então perdoa todo mal que

te façam.(mas, eu não me lembro de

males que me estejam fazendo –disse, mentalmente).

E Ele me perguntou por tercei-ra vez:

– Tu me amas?– Sim, oh! Senhor, Tu sabes

que eu Te amo.Então perdoa todo mal que te

fizerem, e eu te darei a plenitudeda paz...

Estático, banhado em lágrimas,vi o vulto diluir-se diante dos meusolhos, enquanto chorava profunda-mente, como se a minha vida seestivesse esvaindo na ânsia de se-gui-Lo, de retê-Lo.

Quando acordei, estava de pé,na sala. Era madrugada. Não pude

mais dormir.Pela manhã contei a Celeste e

a Lena. Celeste me disse:– Olha, meu filho, a vida me

ensinou que isto é o prenúncio demuitas dores, de muitas dificulda-des. Pela tua dedicação, pelo teuespírito de serviço à causa do Beme da mediunidade, tu irás sofrermuito.

Foram palavras proféticas.Mas, graças a Deus, nenhuma

Momentos com Divaldo FrancoJOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULA

[email protected] Cambé

dor nunca me abateu. É óbvio queeu não tenho a ingenuidade de su-por que se tratava de Jesus. Nem delonge. Eu tenho a certeza de que foium fenômeno ideoplástico, que osBons Espíritos usaram, para me daraquela impressão impactante e ines-quecível, porque vive até hoje.

Ah! Se os homens se entendessem,como entendem-se as crianças!

Se apenas palavras mansaspudessem todos falar,o mundo inteiro seria

tão diferente e tão lindo,se a humanidade, sorrindo,

pudesse, alegre, sonhar!

Ah! Meus irmãos se o bom senso,junto ao pão de cada dia,

empolgasse a maioriada nossa sociedade,

quanta ternura, por certo,aquecendo os corações,jorraria, aos borbotões,

dando paz à humanidade!

Se as idéias fraternistastivessem mais difusão,

o rádio, a televisão,com o som transformado em cor,

poderiam, conscientes,projetar um mundo novo,

dentro do qual nenhum povoviolentasse as leis do amor!

Ah! Se o sermão da Montanhamais uma vez fosse ouvido

e realmente entendido,como ensinara Jesus!

Se todos fraternalmente,como autênticos irmãos,entrelaçassem as mãos,

crescendo em busca da Luz!

Ninguém mais por sobre a terraconheceria a tristeza,

nem o espectro da pobrezaespalharia aflições,

porque Deus, feito criança,na luz da fé redentora,traria paz duradourapara todas as nações

JOSÉ SOARES CARDOSO

A lição das crianças

Poema constante do livro “Sonhos e Vivências”, São Paulo, 6/03/1973.

Alcoolismo e obsessão (Conclusão do artigo publicado na págs. 8 e 9)

O recado de Cornélio Pi-res – No capítulo 1 do livro Di-álogo dos Vivos, José Hercula-no Pires transcreve a respostaem versos que Cornélio Pires(Espírito) enviou a um amigoque o interpelou, através deChico Xavier, sobre o proble-ma do alcoolismo na visão dosEspíritos. Intitulada Informa-ções do Além, a mensagem dizo seguinte:“Recebi o seu bilhete,Meu amigo João da Graça,Você deseja do AlémNotícias sobre a cachaça.

O assunto não é difícil.Cachaça, meu caro João,Recorda simples tomadaQue liga na obsessão.

Você sabe. Aí na Terra,Nas mais diversas estradas,

Era amigo dos mais sériosSilorico da Água Rasa,Começou de pinga em pinga,Acabou largando a casa.

Companheiro certo e bomEra Neco de Tião,Afundou-se na garrafa,Aleijou o próprio irmão.

Cachaça será remédio,É o que tanta gente ensina...Mas álcool, para ajudar,É cousa de Medicina.

Eis no Além o que se vê.Seja a pinga como for,Enfeitada ou caipira,É laço de obsessor.

Nas velhas perturbações,Das que vejo e que já vi,Fuja sempre da cachaça,Que cachaça é isso aí.”

(Astolfo O. de Oliveira Filho)

Todos temos inimigosDas existências passadas.

Muitos deles se aproximamE usando a idéia sem vozPropõem cousas malucasEscarnecendo de nós.

Nas tentações manejamosNossa fé por luz acesa,Mas se tomamos cachaçaLá se vai nossa firmeza.

Olhe o caso de Antoninha.Não queria desertar,Encafuou-se na pinga,Hoje é mulher sem lar.

Titino, homem honesto,Servidor de tempo curto,Passou a viver no copo,Agora vive de furto.

Rapaz de brio e saúdeEra Juca de João Dório, Enveredou na garrafa,Passou para o sanatório.

(Texto extraído do livro “OSemeador de Estrelas”, escrito porSuely Caldas Schubert, editado em1989 pela editora IDEAL)

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O IMORTALFEVEREIRO/2008 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosEvangelho: “A Imortalidade daAlma”, com Osvaldo Santos; dia 9 –Sábado – 15h – Núcleo Espírita HugoGonçalves: “Estudando as Obras deAndré Luiz”, com JoséAntônioVieira de Paula; dia 12 –Ter-ça-feira – 20h – Sociedade Divulga-ção Espírita Maria de Nazaré: “AsAflições do Mundo” , com RobertoCamargo; dia 15 – Sexta-feira – 20h– Centro Espírita Caminho de Da-masco: “Desapego”, com LedaNegrini de Almeida; dia 16 – Sába-do – 16h30 – Núcleo EspíritaBenedita Fernandes: “Amor ao Pró-ximo”, com Antônio José Salviani;dia 17 – Domingo – 9h30 – GrupoEspírita Jésus Gonçalves: “A Tera-pia do Perdão”, com Maria EloízaFerreira; dia 17 – Domingo – 9h30 –Centro Espírita Anita Borela de Oli-veira: “O Aborto na Ótica Espírita”,com Jose Alves Costa; dia 19 – Ter-ça-feira – 20h – Centro Espírita AllanKardec: “Porque Sou Espírita”, comAlceu A. Moraes; dia 21 – Quinta-feira – 20h – Centro de Estudos Es-pirituais Vinha de Luz: “Jesus e aSamaritana”, com Jane MartinsVilela; dia 24 – Domingo – 9h - Co-munhão Espírita Cristã de Londrina:“È Necessário Amar”, com EdsonRonque; dia 25 – Segunda-feira – 20h– Centro Espírita Bom Samaritano:“A Fé Transporta Montanhas”, comPaulo Fernando Oliveira.Serão realizados no dia 17 de feve-reiro os seminários “Coordenador deGrupos de Estudos – uma responsa-bilidade que eu possa assumir?” e“Técnica de Didática para Coorde-nador de Grupo de Estudos”. Os se-minários serão coordenados porShou Wen Allegretti e Luis Maurí-cio Resende, da equipe do Estudoda Doutrina Espírita da FEP, sendorealizados no Centro Espírita Nos-so Lar, das 09 às 16 horas e dirigi-dos a coordenadores de grupos deestudo e interessados em conhecermelhor a tarefa. Mais informaçõesatravés do fone (43) 9141-9081.Pinhais – Realiza-se nos dias 7, 8 e 9de março a X Conferência EstadualEspírita. Como no ano anterior, a co-ordenação das conferências e seminá-rios será de Divaldo Franco, Raul

ParanáCambé – O Centro Espírita AllanKardec (Rua Pará, 292) prosseguecom palestras públicas, todas asquartas-feiras, às 20h30, com ora-dores da cidade e da região espe-cialmente convidados. Em feve-reiro, os palestrantes serão estes:dia 6, Cilene Dias Soares da Sil-va; dia 13, Jane Martins Vilela; dia20, Sônia Janene; e dia 27, JoséGonçalves de Oliveira.Londrina – Realiza-se no LarAnália Franco a 14a CONMEL –Confraternização das MocidadesEspíritas em Londrina, que terácomo tema “O homem do mundoé mais frágil do que perverso”(Boa Nova, Humberto de Cam-pos). As vagas são limitadas e asinscrições podem ser feitas pelosjovens participantes dos estudos aeles dirigidos pelas Casas Espíri-tas da região. O encontro aconte-cerá no período de 2 a 5 de feve-reiro do 2008 (feriado de Carna-val). Mais informações comFernanda, tel. (43) 3341-1292, ouMagali, tel. (43) 3321-7672.– Iniciam-se no “Nosso Lar” emfevereiro as atividades de 2008 doGrupo de Estudos Espíritas AbelGomes (GEEAG), com reuniões naterça, das 18h30 às 20h, e na quin-ta-feira, das 14 às 15h30. A obra aser estudada a partir do dia 12, ter-ça-feira, é “Vida e Sexo”, de Em-manuel, mesmo tema na reunião dequinta-feira. A coordenação doGEEAG está a cargo de AstolfoOlegário de Oliveira Filho.– A União das Sociedades Espíri-tas de Londrina (USEL) promoveem fevereiro, como de hábito, pa-lestras nas Casas Espíritas adesas,de acordo com a seguinte progra-mação: dia 1º – Sexta-feira – 20h –Centro Espírita Nosso Lar: “A Pa-lavra”, com Aldérico Natal Sposti;dia 2 – Sábado – 20h – Centro Es-pírita Amor e Caridade: “Brilhe aVossa Luz”, com João Antônio Sil-va Neto; dia 3 – Domingo - 9h30 –Centro Espírita Meimei: “A Von-tade de Deus”, com Silvana A.Valentim; dia 8 – Sexta-feira – 20h– Centro Espírita Aprendizes do

Teixeira e Cosme Massi, e o localserá o Expotrade (Rodovia Deputa-do João Leopoldo Jacomel, 10.454).Eis a programação do evento: dia 7:20h30 – Conferência de aberturacom Divaldo Franco. Dia 8: 14h às16h – Seminário: Caráter da Reve-lação Espírita com Cosme Massi.Dia 8: 16h30 às 18h30 – Seminá-rio: Existência de Deus comDivaldo Franco. Dia 8: 20h30: Con-ferência com Raul Teixeira. Dia 9:9h30 às 11h30: Seminário: Sinaisdos Tempos com Raul Teixeira.Mais informações podem ser obtidasjunto à Federação Espírita do Para-ná, organizadora do evento, atravésdo site www.feparana.com.br, [email protected] ou fone (41)3223-6174.Sertaneja – No dia 12, o CentroEspírita Dr. Bezerra de Menezescomemora seu primeiro ano de fun-dação e convida aos confrades paraa palestra a ser proferida às 20h, emcomemoração da ocasião. O centroespírita é dirigido pelo confradeAntônio Bordini e fica localizado naRua Carlos Chagas, 81.

Guarapuava – No dia 9 de feve-reiro será realizado nas dependên-cias do Centro Espírita Jesus e Ver-dade (Rua Tiradentes, 981, Centro),o seminário “A mediunidade nossade todos os dias”, com Maria Hele-na Marcon (foto). Serão abordadosos aspectos: convivendo com a me-diunidade, objetivos da mediunida-de em nossas vidas, o burilamentodas faculdades anímicas. O seminá-rio acontece das 14h30 às 18h30 etem como público preferencial os

participantes de grupos de estudo etrabalhadores espíritas.Jacarezinho – “Espiritismo – verda-de e vida” será o tema do seminário aser coordenado por Ubiratan CezarArchetti, no Centro Espírita João Ba-tista (Rua Marechal Deodoro, 701),dia 16 de fevereiro. O seminário abor-dará os aspectos do despertamento daconsciência, aprendizado e aplicação,religião e religiosidade, educação eKardec, sendo realizado no períododas 14 às 17h30, sendo dirigido aostrabalhadores espíritas.Umuarama – No Centro EspíritaAllan Kardec (Rua Bahia, 4368),Maria da Graça Rozetti e ValdecirJosé Rozetti, coordenarão o seminá-rio “Passe – um ato de amor”. O se-minário será realizado no dia 16 defevereiro, das 14 às 18 horas e abor-dará aspectos como conceito e qua-lidades dos fluidos; requisitos aoaplicador do passe; mecanismo daação curativa; postura física e men-tal no momento do passe; águafluidificada e sua utilização.Maringá – O departamento de Infân-cia e Juventude da FEP levará à Ma-ringá o seminário “Evangelizador –servidor de Jesus”. O seminário serárealizado no dia 16 de fevereiro, das15 às 18 horas, na Associação Espíri-ta de Maringá (Rua Pombal, 40, zona03), sendo dirigido aos evangelizado-res de infância, coordenadores de ju-ventude, diretores de DIJ, participan-tes de grupos de estudo da DoutrinaEspírita. Na oportunidade serão abor-dados o compromisso do evangeliza-dor; a atuação individual e da equipe;motivação individual e da equipe; su-peração dos desafios para o aprimo-ramento da tarefa.Paranavaí – “Conviver para sermelhor” será o tema o seminário aser coordenado por Zenaide Apare-cida Simões, no Centro Espírita Fé,Amor e Caridade (Rua Guaporé,1576, Centro). O seminário é diri-gido aos trabalhadores espíritas eacontece das 8h30 às 12h30, quan-do serão abordados os seguintes as-pectos: o exemplo da abelha, mu-dar é preciso, saber ouvir para deci-dir bem (“Todos que tinham abra-çado a fé reuniam-se e punham tudo

em comum...” Atos, 2:44), apren-der e viver Espiritismo.

Outros estados do BrasilManaus – A Federação EspíritaAmazonense, através do seu De-partamento de Infância e Juventu-de, promove nos dias de carnaval,de 2 a 5 de fevereiro, dois encon-tros confraternativos: o COME-AM 2008 e o 2º Encontro de Jo-vens Seareiros. Mais informaçõespodem ser encontradas no sitewww.feamazonas.org.br ou fone(92) 3656-6988.Goiânia – Realiza-se no períododo carnaval o 24o Congresso Es-pírita Estadual, promoção da Fe-deração Espírita do Estado deGoiás (Feego). O evento encerra-se na terça, dia 5, tendo por temacentral “Estudando a força do pen-samento à luz da Doutrina Espíri-ta”. Participam como palestrantesDivaldo Pereira Franco, JúlioCésar de Sá Roriz, Marlene No-bre, Moacir Costa Lima, OtaciroRangel e Suely Caldas Schubert.Os locais serão o Centro de Cul-tura e Convenções de Goiânia e oInstituto Educacional Emmanuel.Rio de Janeiro – De acordo comos dados fornecidos pelo InstitutoBrasileiro de Opinião, Pesquisa eEstatística (IBOPE), a Rádio Riode Janeiro atingiu um índice inédi-to e histórico: o terceiro lugar ge-ral de audiência aos sábados, den-tre as 23 emissoras que compõemo rádio AM carioca, nos três últi-mos trimestres consecutivos. Essesíndices constituem uma prova in-contestável do crescimento da Rá-dio Rio de Janeiro e da regularida-de na manutenção do seu nível deaudiência, transmitindo a Doutri-na Espírita para o Rio, e pela Inter-net, para o Brasil e o mundo.Juiz de Fora – Realiza-se nos diasde carnaval a 20ª Confraternizaçãode Mocidades Espíritas de Juiz deFora e Sub-região, cujo tema centralé “Em busca do homem integral”.Destinado a jovens participantes democidades espíritas, na faixa etáriados 13 a 24 anos, o encontro ocorreno Gema, situado na Rua José Cirilo,155, em Linhares, Juiz de Fora (MG).

Maria Helena Marcon estaráem Guarapuava no dia 9

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O IMORTALPÁGINA 12 FEVEREIRO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Eram 7 horas da noite do dia 8de janeiro de 2008. O inverno ilus-tra o tempo. Esta data deve ficarmarcada na agenda de eventos dedivulgação espírita, na cidade deLondres, Reino Unido. Éramoscinco pessoas, dois britânicos e trêsbrasileiros. Os britânicos, Dr.David Furlong e Frida Maria, re-presentando o Spirit ReleaseFoundation (SRF), André LuisOliveira, coordenador do NúcleoMédico-Espírita em Londres, JocaDalledone, dirigente da BritishUnion of Spiritist Societies(BUSS), e eu. Tratávamos de es-boçar o plano do Seminário con-junto que se realizara em outubro

de 2008, organizado pela BUSS,AME Internacional e SRF.

Em 25 anos de movimento es-pírita no Reino Unido, penso queesta é a primeira vez na história dadivulgação espírita em terras bri-tânicas que uma instituição de bri-tânicos simpatizantes do movi-mento espírita e duas instituiçõesespíritas se unem. Penso que estaserá a primeira de muitas outrasque com certeza haverá de acon-tecer. A nossa gratidão a Deus poresse acontecimento nos enche dealegria. Na realidade, é isso queesperamos que venha a acontecermuitas e muitas vezes, fora do Bra-sil, onde os nativos de países comoos europeus, a exemplo da Ingla-terra, ainda são quase insignifican-tes na aceitação do estudo espíri-ta. Disse-me certa vez uma queri-

da amiga, que hoje está residindona pátria espiritual, a Elcy doNapoleão da Federação Espírita doParaná: “DEUS NÃO TEM PRES-SA QUE SEJAMOS PERFEI-TOS... ELE TEM CERTEZA, PARAISSO NOS CRIOU”! E empres-tando essa frase citada por ela:“...não temos pressa de que os na-tivos venham a aceitar os postula-dos espíritas, os estudos e esclare-cimentos, mas... temos certeza, féde que um dia isso será rotina noplanejamento de eventos em con-junto... Britânicos falando de Es-piritismo para britânicos, e assimpor diante.

Naquela sala da clínica doAndré Luis, no coração de Londres,na Harley Street, onde se encontramas clínicas médicas, ali pertinho daOxford Street, estávamos os cinco,

Crônicas de Além-Mar

Brasil e UK, reunião de decisões

Bendito

Bendito é todo aquele que semeiaNo solo fértil de sua existência

Somente o bem, e traz a mente cheiaDe amor e paz em sua consciência.

Não se preocupa com a vida alheiaSenão para prestar sua assistência,Pois crê em Deus e de nada receia

E de bom grado o faz com persistência.

Caminha firme, sem olhar pra trás,Não se ostentando do bem que então faz,

Porque o Amor em seu coração mora.

Nunca se ilude com promessas vãsE acorda cedo em todas as manhãs

Pra agradecer a Deus a nova aurora!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do Conse-lho Espírita Internacional, diretorado Departamento de Unificaçãopara os Países da Europa, organis-mo do Conselho Espírita Internaci-onal e secretária da British Unionof Spiritist Societies (BUSS).

planejando o Seminário sobre Me-dicina e Espiritualidade, com temasexcelentes sugeridos por Dra. Mar-lene Nobre e por Dr. AlanSanderson. Estarão médicos psiqui-atras britânicos, entre eles uma mé-dica que está fazendo também pes-quisa sobre a glândula pineal e di-vidira esse tema com médicos doBrasil. Em breve será divulgado opôster com os detalhes e daremostoda a atenção possível para quesejam o mais produtivos os dois diasde Seminário.

Em primeira mão, noticiamoshoje aqui, nesta coluna de “O Imor-tal”, que no dia 27 de março tere-mos um Seminário com RaulTeixeira e Dr. Alan Sanderson, fun-dador do SRF em Londres, e parajunho, estamos programando umseminário com Dr. Andrew Powelle nosso querido amigo, semeadorde estrelas, Divaldo Franco.

E assim, lentamente vamosunindo os trabalhadores de boavontade, inspirados pelo mais alto,

para levar a mensagem espíritacristã de consolo e esclarecimentona forma e na linguagem que eles,os nossos irmãos ingleses, britâni-cos, possam assimilar, deixandoem cada coração o consolo da féraciocinada, da luz espiritual e daalegria que o aprendizado indivi-dual gera em todos nós.

Que possam outros países rea-lizar eventos como esses, pois comcerteza aparecerão os de boa von-tade que virão somar para que oesclarecimento da Doutrina Espí-rita possa ser aceito como um bál-samo de paz em todos os povos deterras de além-mar.

José Viana se destaca noCongresso de Poetas Trovadores

Nosso colaborador José VianaGonçalves, de Campos dos Goyta-cazes (RJ), classificou-se em 7ºlugar no Congresso Brasileiro dePoetas Trovadores, realizado nomunicípio de Serra (ES), de 4 a 7de outubro de 2007. O tema dastrovas foi saúde e paz.

Foram inscritos no concurso805 trovas. Após a pré-seleção,199 foram enviadas à Comissão

Julgadora, constituída de trovadoresde Campos e Belo Horizonte. O 1ºlugar coube a Edmar Japiassu Maia,do Rio de Janeiro, com estes versos:

Vivo a vida intensamentee sonho, ao fim da jornada,ter na Paz do meu poentea saúde da alvorada...O poeta José Viana Gonçalves

alcançou o 7º lugar com estes ver-sos:

Para ter Saúde e Pazbasta usar a inteligência:fazer o bem mais e maise ter pura a consciência.A direção deste periódico envia

ao caro amigo os parabéns por maiseste reconhecimento do seu talen-to, ao mesmo tempo que agradeceos sonetos que tem enviado regu-larmente, nos últimos quatro anos,para publicação nesta página.

Todos os domingos, está na redemundial de computadores mais umaedição semanal da revista O Con-solador, fundada em 18/4/2007,com artigos, entrevistas, reporta-gens e noticiário do movimento es-

Leia e divulgue

O ConsoladorRevista Semanal de Divulgação Espírita

www.oconsolador.compírita no Brasil e no exterior.

A partir do mesmo site, é possívelao leitor acessar também as edições men-sais do jornal “O Imortal”, bem como oprograma de TV “Reflexão Espírita” e aprogramação da TV CEI, produzida pelo

Conselho Espírita Internacional.O acesso ao site www.

oconsolador.com é feito a custozero, podendo o leitor baixar ou im-primir os textos que quiser, semônus algum.

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O IMORTALFEVEREIRO/2008 PÁGINA 13

Os acessórios da inutilidade

Conta-se que uma jovem rica-mente ajaezada empreendeu longa esacrificial travessia em escaldantedeserto e na medida em que, penosa-mente, avançava por aquelas regiõesáridas e agrestes, ia se desfazendo dosadereços inúteis que lhe queimavama pele em virtude do implacável ca-lor ambiente. Assim, ao longo desuas pegadas iam ficando para trásas jóias, colares, anéis e toda umaparafernália de inutilidade...

A história é significativa seatentarmos para o símbolo.

Nós, os viajantes da Eternida-de, também temos que ir alijandodo Espírito toda carga inútil queamealhamos no carreiro evolutivopelos milênios a fora, quais sejam:os vícios, costumes malsãos, igno-rância, egoísmo, orgulho, vaidadee tudo que é contrário ao bem.

irrestrito dos mentores da Huma-nidade, os idealizadores da felici-dade geral em nome de Jesus.

Nenhuma fadiga ou desânimoem tal cometimento. Soa a hora daavaliação de todas as coisas. Esboroam-se as edificações sembase e desaparecem as filosofiaschãs.”

O Cristo chama e os imortaisestimulam os que sintonizam como apelo evangélico, intercambiandoativamente, trabalhando com afin-co, com entusiasmo e disciplina, fa-zendo que se descortinem desde jáos tempos da intuição, véspera daangelitude que todos alcançaremos.

Bibliografia:(1) Kardec, A. O Livro dos Es-

píritos, Pergunta nº. 988.(2) Thereza de Brito/Teixeira,

J.R. Vereda Familiar, Capítulo 3.(3) FRANCO, Divaldo/Espíri-

to Carneiro de Campos. Disciplinae Evolução (Mensagem).

ROGÉRIO [email protected]

De Muriaé, MG

Há que centrar a meta em atin-gir a perfeição e a felicidade a queestamos destinados por decisão deDeus. Para alcançarmos tal deside-rato, fazem-se necessários continu-ados esforços, sem maiores perdasde precioso tempo. Árdua é a cami-nhada, quase ínvios são os cami-nhos, no entanto, indescritível ecompensador é o galardão da vitó-ria sobre nós mesmos.

Afirmam os Espíritos Amigos (1):“Sabei que o Espírito não pode

adquirir conhecimento e elevar-sesenão exercendo a sua atividade. Seadormece na indolência, não se adi-anta. Assemelha-se a um que preci-sa trabalhar e vai passear ou deitar-se, com a intenção de nada fazer.”

Realçando o tom de equilíbrioque a Doutrina Espírita ensina,complementa Thereza de Brito (2):

“(...) Não há necessidade de acriatura neurotizar-se numa perpé-tua motricidade. Apenas evitar-se-á as horas vazias, preservando-se da

neurotizante inutilidade daquelesque, por estarem ocupados em nãofazer nada, deixam de servir, des-valorizando os minutos.”

Carneiro de Campos (Marquêsde Caravelas), deputado da provín-cia do Rio de Janeiro, uma das maiseminentes figuras políticas do Pri-meiro Reinado, e que foi um dosvexilários da liberdade religiosa noBrasil, defendendo-a na Constitu-inte de 1823, traz-nos a seguinte in-formação pela via mediúnica ofe-recida por Divaldo P. Franco (3):

“(...) Deixando à margem, pordesnecessários, os acessórios dainutilidade, impulsiona-se o homemna conquista das potencialidadespsíquicas e paranormais, medianteas quais frui harmonia e espiritua-liza-se.

O sofrimento já não o agrilhoa,deprimindo-o, pois nele encontra oestímulo para a alforria e as suaspassam a ser as dores dos ignoran-tes e infelizes, entendendo-os na li-

mitação em que se debatem aindana infância emocional por ondetransitam.

São esses os homens que cons-troem civilizações, que levantam emantêm os ideais da arte, da cultu-ra, da ciência e, sobretudo, da fé,excetuando-se os que se erijam naviolência e por ela perecem, os quese galvanizam nas paixões inferio-res e por elas sucumbem, os márti-res e os missionários, que impulsio-nam o progresso no mundo, passa-ram pela caserna da disciplina men-tal e do discernimento dos desejos.

Viver no mundo sem dependerdos impositivos do mundo, anteci-pando as horas da realidade maior– a espiritual - é a meta de quem seconsagra ao ideal de acelerar omovimento humano e antecipar omomento da recristianização daTerra.

Labor feliz, o da renovação ín-tima para a realização superior,conta com o interesse e apoio

Estudando as obras deAndré Luiz

Todos se recordam do momentoquando Jesus, ao descer o monteTabor, encontrou um pai aflito, umfilho atormentado por um espíritosurdo-mudo e os apóstolos confusos,porque não conseguiram expulsá-lo.

Questionado por eles, quanto aofracasso da missão, o Mestre respon-deu: “Para certos tipos de espíritosé preciso muito jejum e oração”.

No estudo de hoje, apresentare-mos uma página registrada no livro“Obreiros da Vida Eterna”, que nosmostra uma outra alternativa, encon-trada por Zenóbia, para alcançar ocoração de um espírito endurecidono mal, Pe. Domenico, que há anoshabitava regiões espirituais inferio-res, e que até então ela, por si só,não fora capaz de socorrer.

Ao chegar ao local, à beira deum abismo, acompanhada por umacaravana de proteção, Zenóbia pedeaos trabalhadores que se afastem,ficando apenas cinco, entre elesAndré. E exclama:

-”A oportunidade de nos reunir-mos, cinco irmãos tão bem sintoni-zados, não é bastante comum... Seconseguirmos que um raio de luz lhepenetre o íntimo, se possibilitarmosa eclosão de algumas lágrimas que

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

lhe desabafem o coração, dilatando-lhe o entendimento, experimentaránovas percepções visuais e, prova-velmente, conseguirá enxergar aque-la que lhe foi desvelada genitora, naderradeira romagem dos círculoscarnais”.

E, após sensível súplica ao MaisAlto, proferida por ela, descreveAndré o que se passou:

“Em seguida à súplica, sensibi-lizado, observei que de todos nós seirradiavam forças brilhantes que al-cançavam o tórax de Zenóbia, comoa reforçar-lhe as energias, e de suasmãos carinhosas e beneméritas, en-tão iluminadas de claridade doce ebranda, emanavam raios diamanti-nos. A amorável amiga colocou-assobre a fronte do desventurado, ofe-recendo-nos a certeza de que mara-vilhosas energias se haviam impro-visado em benefício dele”.

Não é preciso dizer que o resul-tado foi o esperado.

Será que os apóstolos de Jesusnão tentaram individualmente afas-tar aquela entidade, ora um, depoisoutro, em forças individuais? E seconfiassem a um a tarefa, e todos seunissem em uma única sintonia paraajudar, não teria dado certo?

É só uma conjectura... O impor-tante é que para nós, os espíritas queaplicamos passes, deve ficar bem cla-ra essa lição.

Família espiritual

“...Os laços de sangue não es-tabelecem, necessariamente, os la-ços entre os Espíritos...

Os verdadeiros laços de famí-lia não são, pois, os da consangüi-nidade, mas os da simpatia e da co-munhão de pensamentos que unemos Espíritos antes, durante e apósa sua encarnação...” (O Evangelhosegundo o Espiritismo, cap. XIV,item 8.)

Quando vemos tanto abando-no, tanto desinteresse afetivograssando, quando muitos procu-ram os bens materiais como osmaiores tesouros, deixando os afe-tos, que são os verdadeiros tesou-ros, é gratificante vermos os laçosde amor vencendo.

Um dia desses fomos visitaruma família dessas em que o amorimpera. A mulher, já em idade bemavançada, está na fase final de umcâncer, com metástases generaliza-das. O Hospital de Câncer havia re-ceitado uma medicação para dorcuja caixa de comprimidos custa-va 40 reais e durava apenas trêsdias. O marido, também de idadeavançada, catador de papel, nãodescansava mas não a deixava semo remédio.

de mãe que ela não havia recebidode sua mãe biológica, que a haviaabandonado quando criança. Casa-da, com filhos e netos, cuidavaagora da senhora acamada, com umcarinho que emociona quem as vê.

Essa é uma família espiritual,pensamos. Milhares há assim. Comoé bom ver o amor vicejando aqui naTerra, nas casas ricas e nas casaspobres... É bom ver o amor nos cui-dados, no carinho, na atenção.

Vamos amar muito e dar muitoafeto, abraços, beijos, atenção, cui-dados para a nossa família terrena,para que ela por esses laços se tor-ne a imorredoura família espiritual.

Vamos aproveitar enquanto es-tamos juntos, diz nosso querido fi-lho de 16 anos, que nos abraça ebeija toda hora que cruza conosco.Ele está certo. Não sabemos o diade amanhã. Aqueles que se amamse reunirão um dia pelos laços doamor, mas, até lá, cada um vai parao plano espiritual condizente comsua elevação moral.

Até podermos ficar todos jun-tos, vamos abraçar mais, beijarmais, ter atenção e carinho uns comos outros, para com a família e comos amigos, sendo um poste de luzpor onde passarmos, uma presen-ça de amor aonde entrarmos.

Que esta seja uma proposta deAno Novo: amar mais.

Fomos visitá-la em sua casa. Asenhora enferma ofegava, dispnéica,enquanto a filha carinhosamente fa-zia de tudo para confortá-la, acari-nhando-a enquanto agia. “Mãe, estábom assim?” “Mãezinha, está me-lhor assim?”

Estava a senhora numa cama hos-pitalar novinha, que eles tinham guar-dado para quando fosse preciso, por-que a mãe dele havia usado quandoprecisou. A casa, limpinha, mas mi-serável. Eles se preocupando: “Seráque é bom comprar um aparelho depressão? A pressão dela subiu muitono hospital”, disse a filha.

Nós, vendo aquela preocupaçãotoda, e eles não tinham nem o quecomer, mas se sacrificavam por ela.“A pressão dela é boa, não precisa,está normal”, dissemos. “Apostocomo a senhora ficou aflita demaisinternada e a pressão subiu devido aisso, no hospital.” – “É verdade, dis-se ela. Lá eu fiquei tensa demais!”

O amor deles ali era visível, bo-nito, e emocionantes os cuidados quedispensavam.

Quando saímos, ficamos saben-do que aquela senhora havia se ca-sado há uns vinte anos com aquelesenhor e, quando isso ocorreu, aque-la senhora já cinqüentenária que ca-rinhosamente cuidava dela e a cha-mava de mãe tinha cerca de 30 anos,e recebeu dela a atenção e o carinho

JANE MARTINS [email protected]

De Cambé

“Cada um terá que dar contas da inutilidade voluntária da sua existência, inutilidade sempre fatal à felicidade futura.” (O Livro dos Espíritos, Pergunta 988)

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O IMORTALPÁGINA 14 FEVEREIRO/2008

Otimismo – estratégia para uma vida saudável

Na ambiência da pedagogia es-pírita é possível abordar uma ques-tão complexa e que não pode sernegligenciada: o problema do saberviver como Espírito, que é imortal,pois grande parte da dignidade hu-mana consiste em educar-se sobreo sentido da vida, sendo este senti-do revelado nos contextos das nos-sas relações e ações (nossas obras).

Se somos imortais, somos an-tes, durante e depois dessa nossaexistência atual. Logo, a arte desaber viver como Espírito não podeestar ligada a atitudes paliativas ouirreflexivas de viver e conviver.

Saber viver como Espírito exigeuma espécie de disciplina (boa von-tade) e uso da atenção (insistente, di-nâmica e contínua) para que atinja-mos níveis de ser-fazer que nos apon-tem, sem enganos, crescimento ínti-mo. Nesse propósito, é preciso, semdúvida, que confiemos na coerênciado nosso programa reencarnatóriopara que o aprendizado e o treinamen-to dessa arte sejam desenvolvidoscom êxito e alegria.

Ora, essa confiança elementar,por sua vez, é exigente de um re-curso fundamental: o otimismo. Afavor de todas as evidências, o

comentário deixou o rei furioso, aponto de mandar o ministro para aprisão. Para se consolar, ele foicaçar sozinho na floresta.

Ele deve ter-se distanciado mui-to e ultrapassado as fronteiras do rei-no, pois deparou com uma tribo queo capturou. Infelizmente para ele,essa era uma tribo que oferecia sa-crifícios humanos à sua divindade.Assim, o rei foi levado a um sacer-dote para ser oferecido em sacrifí-cio. Enquanto banhava o rei, o sa-cerdote percebeu o polegar ferido;como uma pessoa com defeito nãopodia ser oferecida à divindade, o reifoi recusado e em seguida libertado.

O rei voltou ao seu palácio

comportamento otimista, na graçae no absurdo, habilita-se ao reen-contro, valioso, de nossa essencialesperança de seres humanos.

Em certas situações, as interpre-tações que podemos possuir sobredoença, injustiça, sofrimento, nãoresistem. Novamente nossa questãoserá a de nos questionarmos sobre ofato de que habitamos um planeta noqual coexistem, ao mesmo tempo, abeleza da flor, do céu e das terras, dadiversidade da flora, da fauna, dosrecursos naturais (pelo fluxo das leisnaturais) e a presença da pobreza,preconceito, guerra, violência, desa-mor (pelo fluxo da ação humana,calcada na ignorância)...

Vem-me então à lembrança umaestratégia para a vida criada pelo in-diano Swami Sivananda (1) e quenos serve como uma lição a ser ado-tada para o nosso cotidiano de seresexistentes, chamados à felicidade:

Um rei tinha um companheiro/ministro de quem gostava muito,exceto por uma coisa que o irrita-va demais. O ministro tinha o há-bito de dizer: “Tudo o que aconte-ce é para o bem” a tudo o que acon-tecia à sua volta, fosse bom ouruim. Então, um dia o rei cortou opolegar enquanto manuseava umafaca, e o ministro, que estava pre-sente, disse imediatamente: “Tudoo que acontece é para o bem.” Esse

mergulhado em pensamentos, ecompreendeu que o ditado do mi-nistro era correto. De fato, o pole-gar cortado salvara a sua vida. As-sim que chegou ao palácio, ele li-bertou o ministro e lhe disse: “Vocêtinha razão sobre mim; afinal, tudoo que aconteceu foi para o meubem. Mas eu o joguei no calabou-ço pelo que você me disse, o quenão parece ter sido bom para você.Como explica isso?”

O ministro respondeu: “Granderei, ao jogar-me na prisão salvastestambém a minha vida. Do contrá-rio, eu o teria acompanhado na ca-çada, teria sido capturado, e comonão tenho nenhuma imperfeição, te-

ria sido oferecido em sacrifício.”Em síntese, um relacionamento

saudável com a vida aponta a neces-sidade da internalização de uma vi-são positiva de tudo. Ao desenvol-ver essa habilidade, os acontecimen-tos rotineiros poderão ser interpreta-dos pelo otimista como oportunida-des abençoadas no seu caminho, quesó se faz ao caminhar...

Bibliografia:(1) Apud GOSWAMI, Amit. O

médico quântico: orientações deum físico quântico para a saúde ea cura. Tradução de Euclides L.Calloni, Cleusa M. Wosgrau. SãoPaulo: Cultrix, 2006, pp. 208-9.

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

Todos os domingos, está narede mundial de computadoresmais uma edição semanal da revistaO Consolador, fundada em 18/4/2007, com artigos, entrevistas, re-portagens e noticiário do movimen-to espírita no Brasil e no exterior.

A partir do mesmo site, é pos-sível ao leitor acessar também asedições mensais do jornal “O

Leia e divulgue

O ConsoladorRevista Semanal de Divulgação Espírita

www.oconsolador.comImortal”, bem como o programade TV “Reflexão Espírita” e aprogramação da TV CEI, produ-zida pelo Conselho Espírita Inter-nacional.

O acesso ao sitewww.oconsolador.com é feito acusto zero, podendo o leitor bai-xar ou imprimir os textos quequiser, sem ônus algum.

Carlos Imbassahy e sua espo-sa D. Maria recebiam a visita deCarmine Mirabelli, conhecidomédium de efeitos físicos, que seencontrava no Rio em casa deconfrades espíritas.

Em lá chegando, certos efei-tos psicocinéticos logo se esbo-çaram, como de hábito. Em ou-tras casas, quebravam-se objetos,sendo os mais visados aqueles nacristaleira. E foi o que ocorreu;começaram as louças por choca-rem-se espontaneamente. Três li-tros de vidro, contendo água, queestavam sobre a mesa da sala dejantar, ergueram-se e tocaram-seno ar. E as louças voltaram a sero alvo do próximo fenômeno.

Mirabelli, a sala ao lado,anunciava:

– Acaba de chegar umafalange de Espíritos poderosos.Eles estão dizendo que vão que-brar tudo.

Dona Maria, que se achavaacamada, levantou-se e veio para

isso, no entanto, escolher as nos-sas amizades e cultivá-las é algoque depende de nós.

Na pequena cidade de Guarani,na zona da Mata Mineira, umamenina de cinco anos passou avivenciar emoções estranhas. Nocair da tarde, quando o pairetornava para casa, a pequena en-trava em pânico, irritadiça, apon-tava para o genitor e punha-se achorar copiosamente. Como o pro-cesso se prolongasse há semanas,a família buscou socorro no Cen-tro Espírita da localidade. A orien-tação foi essa: oração em conjun-to, culto no lar e vigilância nos atose pensamentos. Em poucas sema-nas a situação voltou ao normal.

A explicação veio depois. Opai, ao sair da agência bancáriaonde trabalhava, passava em umboteco para tomar cerveja com osamigos e então se dirigia para suaresidência. Levava consigo al-guns Espíritos vinculados àque-le ambiente. A menina via e re-gistrava àquelas companhias eentrava em pânico.

As modificações operadas na-quele lar criaram defesas espiritu-ais e o fato nunca mais se repetiu.

Visita Inconvenientesala, falando e em bom som, comautoridade moral toda própria:

– Em nome de Deus, nesta casanão se quebra nada. Parem comtudo isso porque não somos ricospara arcar com tais prejuízos nemprecisamos de tais demonstraçõespara provar o que já sabemos.

Tudo cessou num instante enenhum outro fenômeno acorreumais naquele lugar, apesar da pre-sença do médium.

Para nossa casa convidamos aspessoas que desejamos. Pessoas in-convenientes, desagradáveis oumaldosas não são bem vindas emnossa residência. Assim também sedá com os seres da dimensão espi-ritual. Podemos escolher as com-panhias espirituais que desejamos.

Há, todavia, uma diferença. Aseleção dos Espíritos que vêm anossa casa não se dá por um con-vite formal, mas por atitudes devida. Pensamentos elevados, boaintenção e desejo de ser melhor sãoposturas que definem os Espíritosque dividem conosco o espaço denossas casas.

Conviver com seres desencar-nados é uma fatalidade em nossasvidas; não podemos nos furtar a

RICARDO BAESSODE OLIVEIRA

[email protected] Juiz de Fora

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O IMORTALFEVEREIRO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (2ª Parte)

Continuamos a publicação dotexto condensado da Revista Espí-rita de 1868. As páginas citadas re-ferem-se à versão publicada pelaEdicel.

*15. Adolf, Conde de Poninski e

espírita em Leipzig, mandou impri-mir em alemão um interessante car-tão de votos de feliz Ano Novo aosespíritas e espiritualistas daquela ci-dade. No texto, o autor diz que, em-bora nada ensine de novo a respeitoda imortalidade, de que o Cristo tam-bém falou, o Espiritismo derruba to-das as dúvidas e lança nova luz sobrea questão. Não devemos, porém, con-siderar como inúteis os ensinamen-tos do Cristianismo e pensar que elesforam substituídos pelo Espiritismo.Ao contrário; fortifiquemo-nos nafonte das verdades cristãs, para asquais o Espiritismo não é senão umnovo facho. (Págs. 43 e 44.)

16. No final da mensagem, oconfrade alemão lembra que os Es-píritos elevados se fazem reconhe-cer por sua linguagem, que é a mes-ma por toda a parte, sempre de acor-do com o Evangelho e a razão hu-mana. “O meio de se preservar dosmaus Espíritos é, para começar, fa-zer uma prece sincera a Deus; de-pois, jamais empregar o Espiritismopara coisas materiais”, assevera oconde. (Págs. 44 e 45.)

17. A Revista transcreve uma co-leção de treze comunicações mediúni-cas assinadas por Espíritos diversos erecebidas em diferentes cidades. Asquatro primeiras tratam do tema OsMessias do Espiritismo, das quais ex-traímos as seguintes informações: I –Nasceu o novo Messias, e ele restabe-lecerá o Evangelho de Jesus-Cristo.Não é, porém, permitido revelar o lu-gar onde nasceu. (São José, Sétif,1861.) II – O homem chamado a con-sumar a grande renovação da humani-dade não está ainda maduro para reali-zar sua missão, mas já nasceu e sua es-trela apareceu em França. (Fénelon,Constantine, 1861.) III – Jesus foi umdesses enviados excepcionais e do mes-mo modo tereis, para os tempos chega-dos, um Espírito superior que dirigiráo movimento de conjunto e dará umacoesão poderosa às forças esparsas doEspiritismo. Esperai e orai, porque otempo é chegado e o novo Messias nãovos faltará, e aliás é por suas obras queele se afirmará. (Baluze, Paris, 1862.)IV – Eis uma pergunta que se repete

por toda a parte: o Messias anunciadoé a pessoa mesma do Cristo? Perto deDeus estão numerosos Espíritos chega-dos ao topo da escada dos Espíritos pu-ros, que mereceram ser seus enviadosespeciais. Podeis chamá-los Cristos; éa mesma escola; são as mesmas idéias.Se o Messias de que falam essas comu-nicações não é Jesus, é o mesmo pen-samento. Uma multidão de Espíritos detodas as ordens, sob a direção do Espí-rito de Verdade, vieram a todas as par-tes do mundo e a todos os povos reve-lar as leis do mundo espiritual e lançaros fundamentos da nova ordem social.Quando todas as suas bases estiverempostas, então virá o Messias que devecoroar o edifício e presidir à reorgani-zação com o auxílio dos elementos quetiverem sido preparados. Não creiais,porém, que esse Messias esteja só. Es-píritos de escol surgirão em todas aspartes e que, como lugar-tenentes ani-mados da mesma fé e do mesmo dese-jo, agirão de comum acordo, sob o im-pulso do pensamento superior. É preci-so, porém, que se realizem primeiro cer-tos acontecimentos. (Lacordaire, Pa-ris, 1862.) (Págs. 45 a 47.)

“O Espiritismo vemiluminar os homens”

18. As comunicações seguintestratam do tema Os Espíritos marca-dos, das quais reproduzimos estasobservações: I – Muitos Espíritos su-periores concorrerão para a obrareorganizadora, mas nem todos sãoMessias. Há que distinguir: 1o) OsEspíritos superiores que agem livre-mente e por sua própria vontade. 2o)Os Espíritos marcados, isto é, desig-nados para uma importante missão.3o) Os Messias, seres superiores che-gados ao mais alto degrau da hierar-quia celeste, depois de haverem atin-gido uma perfeição que os torna in-falíveis. Espíritos dessas três catego-rias deverão concorrer para o grandemovimento regenerador que se ope-ra. (Autor não identificado, Paris,1866.) II – Esse glorioso futuro quevos anunciamos será realizado pelavinda de um Espírito superior. Estre-la da nova crença, o futuro Messiascresce na sombra. Perguntais se essenovo Messias é a pessoa mesma deJesus de Nazaré. Que vos importa, seé o mesmo pensamento que os animaa ambos? Espíritas! compreendei agravidade de vossa missão; estreme-cei de alegria, porque não está longea hora em que o divino enviadorealegrará o mundo. (São Luís, Pa-ris, 1862.) III – A vinda do Cristo trou-xe à Terra sentimentos que, por uminstante, a submeteram à vontade deDeus, que permite que ainda uma vez

sua palavra seja pregada na Terra. Es-tão próximos os tempos em que essapalavra far-se-á ouvir. Sim, o povocomprimir-se-á sobre os passos donovo mensageiro anunciado pelo pró-prio Cristo, e todos virão escutar essadivina palavra, porque nelas encontra-rão a linguagem da verdade e o cami-nho da salvação. (Lamennais, Havre,1862.) (Págs. 47 a 49.)

19. O Futuro do Espiritismo é otema das comunicações que se seguem,das quais destacamos os pontos adian-te resumidos: I – Depois de suas pri-meiras etapas, o Espiritismo fará embreve o seu aparecimento na grandecena do mundo. Os acontecimentosmarcham com tal rapidez que não épossível desconhecer a poderosa inter-venção dos Espíritos que presidem aosdestinos da Terra. De todos os ladosvêem-se sinais de decrepitude nos usose legislações, que não mais estão deacordo com as idéias modernas.Marchai, pois, imperturbavelmente emvossa estrada, sem vos preocupar comas troças de uns e o amor-próprio feri-do de outros. Estaremos e ficaremosconvosco, sob a égide do Espírito deVerdade, nosso e vosso mestre.(Erasto, Paris, 1863.) II – Cada dia oEspiritismo estende o círculo de seuensino moralizador e sua voz repercu-te de um extremo ao outro da Terra. Ahumanidade não é má por natureza,mas é ignorante e, por isso mesmo,mais apta a se deixar governar por suaspaixões. Ela é, contudo, progressiva edeve progredir para atingir seus desti-nos. Esclarecei-a; mostrai-lhe seus ini-migos ocultos na sombra; desenvolveisua essência moral, nela inata e apenasadormecida sob a influência dos mausinstintos, e assim reanimareis a cente-lha da eterna verdade, do belo e dobom, que reside para sempre no cora-ção do homem, mesmo o mais perver-so. (Montaigne, Paris, 1865.) (Págs.49 a 51.)

20. O Espírito de Dupuch, que foibispo em Argel, comunicando-se emBordeaux em 1863, escreveu: “Auro-ra esplêndida de um dia novo, o Espi-ritismo vem iluminar os homens”. “Jáos clarões mais fortes aparecem nohorizonte; já os Espíritos das trevas,vendo que seu império vai esboroar-se, são presa de raivas impotentes elançam seu último vigor em concha-vos infernais. Já o anjo radioso do pro-gresso estende suas brancas asas ma-tizadas; já as virtudes do céu se aba-lam e as estrelas caem de sua abóba-da, mas transformadas em puros Es-píritos, que vêm, como anuncia a Es-critura em linguagem figurada, pro-clamar sobre as ruínas do velho mun-do o advento do Filho do Homem.”

Depois de afirmar que são bem-aven-turados os justos e todos os que culti-vam as virtudes ensinadas pelo Cris-to, Dupuch aconselhou: “Ó meusamigos! continuai a marchar na viaque vos é traçada; não sejais obstácu-los à verdade que quer esclarecer omundo. Não. Sede propagadores ze-losos e infatigáveis como os primei-ros apóstolos, que não tinham tetopara abrigar suas cabeças, mas quemarchavam para a conquista que Je-sus havia começado; que marchavamsem idéia preconcebida, sem hesita-ção, que tudo sacrificavam, até a últi-ma gota de sangue, para que fosse es-tabelecido o Cristianismo”. (Pág. 51.)

“A Humanidade tem suasdoenças de crescimento”

21. Das comunicações que com-pletam a coleção publicadas pelaRevista, extraímos o seguinte: I –Povos, escutai! Uma grande voz sefaz ouvir de um extremo a outro dosmundos; é a do precursor, anuncian-do a vinda do Espírito de Verdade,que vem endireitar as vias tortuosaspor onde o espírito humano se des-garrava em falsos sofismas. O Espi-ritismo é essa voz potente que já re-percute até os extremos da Terra etodos a entenderão. O Espiritismomarca a hora solene do despertar dasinteligências. (João Evangelista,Paris, 1866). II – Jesus virá sobre asnuvens, a julgar os vivos e os mor-tos. Sim, Deus o enviará, como oenvia todos os dias, para receber asalmas dos que entram na erraticida-de. Os considerados condenados daparábola do juízo final devem reco-meçar o caminho percorrido, emnova existência terrena, até que te-nham expulsado as impurezas que osdominam. (Erasto, Paris, 1861.) III– A humanidade não é senão uma cri-ança coletiva que, como toda pessoa,passa por todas as fases que se suce-dem em cada um, do nascimento àmais avançada idade. Assim como odesenvolvimento é acompanhado porcertas perturbações físicas e intelec-tuais, a humanidade tem também assuas doenças de crescimento, seusdesmoronamentos morais e intelec-tuais. É a uma dessas grandes épo-cas que concluem um período e co-meçam outro que vos é dado assistir.Infelizes dos que não tiverem prepa-rado um abrigo! Infelizes dos fanfar-rões que enfrentarem esse momentode mãos desarmadas e peito desco-berto! Que desgraça terrível os es-pera. À obra, espíritas, e não esque-çais que deveis ser todo prudência etodo providência. Tendes um escu-do, uma âncora de salvação; não a

desprezeis. (Clélie Duplantier, Pa-ris, 1867.) (PP. 52 a 54.)

22. Em mensagem datada de 18/12/1867, São Luís fala sobre A Gê-nese, a última obra de Kardec, dada alume em janeiro: “O Espiritismo atu-almente entra numa nova fase. Aoatributo de consolador, alia o de ins-trutor e diretor do espírito, em ciên-cia e em filosofia, como em morali-dade. A caridade, sua base inabalá-vel, dele fez o laço das almas ternas;a ciência, a solidariedade, a progres-são, o espírito liberal dele farão o tra-ço de união das almas fortes. Con-quistou os corações amigos com asarmas da doçura; hoje viril, é às inte-ligências viris que se dirige”. “Poresse livro, como vos disse, o Espiri-tismo entra numa nova fase e esta pre-parará as vias da fase que se abrirámais tarde, porque cada coisa devevir a seu tempo. Antecipar o momen-to propício é tão nocivo quanto deixá-lo escapar.” (Págs. 54 e 55.)

23. Na seção de livros novos, aRevista destaca a obra Resumo daDoutrina Espírita, escrita por FlorentLoth, de Amiens, a qual apresenta umresumo dos mais essenciais princípi-os da doutrina espírita, cuja finalida-de foi propagar a doutrina nos cam-pos do departamento onde o autorresidia. A nota da Revista é acompa-nhada da transcrição da crítica que oJournal d’ Amiens de 29/12/1867 fezà obra do Sr. Florent Loth e da cartaque este dirigiu ao diretor do citadoperiódico. Um fato importante divul-gado pelo jornal foi a notícia de queo livro em causa tinha sido posto noíndex da Igreja. A proibição aguçoua curiosidade do autor da crítica, queobservou: “a gente gosta mesmo dofruto proibido”. (PP. 55 a 60.)

24. Kardec, em seus comentáriossobre o assunto, observa que o jorna-lista que criticou a obra de FlorentLoth não conhecia uma palavra dadoutrina espírita e a julgava, comotantos outros críticos, por ouvir dizer,sem se dar ao trabalho de ir ao fundoda questão. “Se tivesse, diz Kardec,conhecido os seus primeiros elemen-tos, não teria suposto os espíritas tãosimplórios para acreditar na inteligên-cia de uma mesa, como ele próprionão acredita na inteligência da penaque, em suas mãos, transmite os pen-samentos de seu próprio espírito.Como ele, os espíritas não admitemque objetos materiais possam ser do-tados da menor inteligência; mas,como ele sem dúvida, admitem queesses objetos podem ser instrumen-tos a serviço de uma inteligência.”(Págs. 60 e 61.)- (Continua no próxi-mo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 FEVEREIRO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Os cristãos não ignoram o va-lor das obras, objeto de destaquena epístola de Tiago (2:14) e na pa-rábola do juízo final narrada por Je-sus (Mateus, 25:31). E conhecemtambém a importância do aprimo-ramento moral e da conduta verda-deiramente cristã (Mateus 7:21), te-mas que mereceram de Kardec duasimportantes referências. A primei-ra: “Fora da caridade não há salva-ção” (O Evangelho segundo o Es-piritismo, 15:15). A segunda: “Re-conhece-se o verdadeiro espíritapor sua transformação moral e pe-los esforços que faz para domarsuas inclinações inferiores”(E.S.E., 17:4).

Ensina Abel Gomes (foto) queguardamos a colheita dos recursose das emoções que estamos real-mente plantando. É por isso quemuitos de nós têm desencarnadoem grandes dificuldades. Dirigen-tes, médiuns, oradores passam parao Mundo Espiritual em condiçõesde penúria moral, a requereremauxílio para a recomposição indis-pensável.

Cientes desse fato, muitos seperguntam: Como ajustar sua prá-tica de vida aos conhecimentos ad-quiridos no estudo do Evangelho ena Doutrina Espírita?

Em resposta a essa pergunta,surgiu em Londrina, no início de2006, uma proposta que pretende

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

auxiliar as pessoas a encontrar-seconsigo mesmas (autoconhecimen-to) e a partir disso realizar a tão so-nhada transformação moral (reformaíntima). Da proposta nasceu oGERA – Grupo Espírita pró-Refor-ma e Autoconhecimento. O nomeGERA foi dado ao grupo em home-nagem à jovem Jera focalizada porFernando do Ó no romance Alguémchorou por mim, a qual utilizou ashoras do sono para doutrinar ereequilibrar entes de sua família.

O voto diário é algoparticular e sigiloso

A adesão ao GERA é virtual.Não existe vínculo formal nem hánecessidade de participação nas reu-niões promovidas pelo grupo, o queimplica dizer que qualquer pessoa,residindo em Londrina ou em qual-quer outra cidade do Brasil ou doexterior, pode integrar-se à propos-ta, que se fundamenta em cinco pon-tos - quatro essenciais e um acessó-rio.

Eis os cinco pontos a que nosreferimos:

1o. Adotar, no início de cada dia,a metodologia dos Alcoólicos Anô-nimos (A.A.), prometendo formal-mente a si mesmo observar seu votodiário. Da mesma forma que o Al-coólico Anônimo diz que “hoje nãobeberei cousa alguma que contenhaálcool”, o membro do GERA pro-meterá a si mesmo, ao iniciar cadadia, que fará ou não fará tal e talcoisa. Seu voto é algo particular ede seu exclusivo conhecimento, e se

Transformação moral - uma proposta objetivaInspirado na obra Alguém chorou por mim, de Fernando do Ó, surgiu em Londrina o GERA, grupo espírita voltado para a transformação moral e o autoconhecimento

Falando à Terra, uma obra de leitura imperdívelFalando ao coração humano,

quarenta Espíritos, que foram naTerra nomes ilustres nas letras, napolítica, na ciência, na filosofia, nareligião e no movimento espírita,valeram-se da mediunidade deChico Xavier para tecer admiráveisconsiderações sobre a vida, antese depois da morte. Todas as men-sagens assinalam o cunho pessoal,o estilo inconfundível e os pendo-res de cada comunicante. Conten-do ensinamentos preciosos, Falan-do à Terra apresenta orientações einformações sobre o comporta-mento humano, bem como valio-sas instruções para os que se es-forçam em promover o próprio adi-antamento moral de maneira que,quando despidos da vestimentacarnal, não tenham de enfrentar oaguilhão do arrependimento.

Abel Gomes, autor citado notexto ao lado, é um desses Espíri-tos, e sua é a mensagem intituladaNotícias, que contém ensinamen-tos importantes que nos servem ao

Abel Gomes, autor da mensagemintitulada Notícias

Fac-símile da capa do livroAlguém chorou por mim

mesmo tempo de advertência e estí-mulo.

Eis, na seqüência, alguns trechosda mensagem:

Sobre a morte e suas complexi-dades – “Na existência do corpo, co-meçamos ou recomeçamos determi-nado serviço. Além da sepultura, con-tinuamos a boa obra encetada ou so-mos escravos do mal que praticamosna Terra.” (Falando à Terra, p. 53)

“Há infernos purgatoriais demuitas categorias. Correspondem àforma de pesadelo ou de remorsoque a alma criou para si mesma.”(pp. 56 e 57)

“A morte nos situa à frente decomplexidades imensas, nos domí-nios da mente, e, para solucionar osproblemas de ordem imediata, nes-se campo de incógnitas vastíssimas,somente encontraremos na práticados ensinamentos de Jesus a subli-mação necessária ao equilíbrio ínti-mo de que carecemos para maisamplos vôos no conhecimento e navirtude, forças básicas para as reali-

impositivo precípuo, a que nossapaz se condiciona. Todos os deve-res cumpridos no seio domésticosignificam ingresso no apostoladopela redenção humana.” (p. 60)

“A vida é uma corrente sagradade elos perfeitos que vai do camposubatômico até Deus, e, cada vezque, impenitentes ou distraídos, lhedilaceramos a harmonia, despende-mos força, habilidade e tempo noreajuste.” (p. 67)

Sobre o aproveitamento dotempo – “À maneira que nos desen-volvemos em sabedoria e amor, con-sideramos a perda dos minutos comosendo a mais lastimável e ruinosa detodas.” (p. 67)

“Guardamos, cada dia, a co-lheita dos recursos e das emoçõesque estamos realmente plantando.Não existe infelicidade, senão aque-la que decretamos para nós mes-mos.” (p. 67) “As posições no mun-do são provas ou prêmios, expia-ções ou experiências.” (p. 68) (An-gélica Reis)

zações mais altas na dinâmica doespírito.”(p. 59)

“Volumosa percentagem dosmilhares de pessoas que desencar-nam (...) permanece, por vezes, mui-tos anos consecutivos, ao lado deparentes na consangüinidade, por-que é na experiência do lar que dei-xamos maior número de obrigaçõesnão cumpridas.” (p. 59)

Sobre a importância da famí-lia – “No microcosmo da família, emmuitas ocasiões, temos representan-tes significativos de nossos adver-sários do pretérito. Almas vigorosasna incompreensão, na dureza, na in-gratidão e na hostilidade passiva, aíse encontram ombreando conosco,na lide cotidiana, disfarçados nosapelidos mais doces, no queconcerne ao carinho.”(p. 59)

”É no seio da organização domés-tica que somos tentados à disputa maislonga, ao ciúme mais entranhado, à re-beldia mais impermeável e às aversõesmais fundas.”(p. 60)

“A sementeira da simpatia é

origina das necessidades que o pro-cesso de autoconhecimento lheapontar.

2o. Além de orar diariamente noshorários habituais, manter severavigilância sobre os pensamentos, ossentimentos e os atos, subordinan-do-os à idéia central que motivou ovoto diário.

3o. Avaliar, antes de dormir, odesempenho individual no dia quese finda, tal como ensinado pelo Es-pírito de Santo Agostinho na liçãoconstante da questão 919 de O Li-vro dos Espíritos, repassando osatos e acontecimentos do dia e for-mulando o desejo de não reincidirnos erros porventura cometidos.

A sublimação é obrados séculos incessantes

4o. Deitar-se, com objetivo dedormir, antes das 2 horas da madru-gada, de modo a assegurar sua par-ticipação, durante o sono corporal,nas atividades que os componentesdo GERA realizam no período das 2às 5 horas da madrugada, à seme-lhança do que é narrado no livro

“Alguém chorou por mim”, deFernando do Ó.

5o. Participar de pelo menosduas das quatro reuniões que o gru-po realiza em cada ano. Essas reu-niões constam de um culto evan-gélico, seguido de depoimentosdos membros do grupo e da con-fraternização final. Mas esta é umaobrigação acessória, cuja inobser-vância não impede a permanênciada pessoa como membro do gru-po.

O objetivo é, como se vê, ex-clusivamente moral e se inspiranum dado noticiado pelo Espíritode Abel Gomes na mensagem inti-tulada Notícias, constante do livroFalando à Terra, psicografado porFrancisco Cândido Xavier: “Nemtodos se retiram da Terra em posi-ção de heróis. A perfeita sublima-ção é obra dos séculos incessan-tes. Notamos, em toda a parte, ho-mens e mulheres de boa vontadeinequívoca na aceitação das verda-des divinas e que, no entanto, nãoconseguem aplicá-las, de pronto oude todo, à própria vida.”