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Dona Marli Batista dos Santos de Araújo, 43 anos, agricultora e artesã, casada com seu Carlos Gonçalves de Araújo e mãe de duas filhas – Márcia e Mariana – veio da Paraíba ainda criança, com os pais e 8 irmãos, com a família se estabelecendo em terras de Santo Antonio/RN, na comunidade de Timbaúba, onde vive até hoje, num sítio com aproximadamente 2 hectares. No sítio de dona Marli tem de quase tudo, entre frutas, verduras, tubérculos e plantas medicinais e ornamentais. Lá tem goiaba, mamão, acerola, laranja, limão, cana-de-açúcar, coco, manga, caju, banana; tem coentro e cebolinha, quiabo, batata doce, jerimum, macaxeira, fava, milho e feijão; tem capim santo, louro, erva cidreira e noni; e para o boi e as galinhas, no sítio ainda tem palma e capim-elefante. No sítio de dona Marli, onde em se plantando tudo dá, como já dizia Pero Vaz de Caminha, em 1500, na carta em que descrevia o Brasil ao rei de Portugal, tem também muitas flores para a alegria dos olhos e da alma. Quando o ano é bom de inverno, a família consegue tirar o seu sustento do que planta, principalmente batata, macaxeira e as inúmeras frutas de seu quintal produtivo, quando comerciantes da região saem com caixas cheias de produtos para os supermercados e feiras locais. A renda da família é complementada pelo bolsa- família, que contribui principalmente na hora de pagar a conta de luz e o gás, além de outras pequenas despesas. Segundo dona Marli, durante muito tempo a vida em Timbaúba não era nada fácil: “A água O milagre da terra: com água em abundância, em se plantando tudo dá Ano 8 - n° 1673 Julho/2014 Santo Antonio Rio Grande do Norte Programa 1 Terra e Duas e Águas Dona Marli, Márcia e Seu Carlos: contentamento com a nova tecnologia Seu Carlos diz que a palma é uma das fontes mantenedoras da alimentação dos animais em período de estiagem. Boletim Informativo do Programa Uma Terra Duas Águas

O milagre da terra: com água em abundância se plantando tudo dá

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O quintal de dona Marli é muito produtivo. Ela e a família tiram grande parte de seu sustento dele, com a venda de frutas, macaxeira, batata e jerimum. Com a implementação da tecnologia conquistada - a cisterna-calçadão - ela pretende cultivar uma horta para complementar a renda da família. Seu Carlos, o marido, sonha com a aquisição de alguns caprinos.

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Dona Marli Batista dos Santos de Araújo, 43 anos, agricultora e artesã, casada com seu Carlos Gonçalves de Araújo e mãe de duas filhas – Márcia e Mariana – veio da Paraíba ainda criança, com os pais e 8 irmãos, com a família se estabelecendo em terras de Santo Antonio/RN, na comunidade de Timbaúba, onde vive até hoje, num sítio com aproximadamente 2 hectares. No sítio de dona Marli tem de quase tudo, entre frutas, verduras, tubérculos e plantas medicinais e ornamentais. Lá tem goiaba, mamão, acerola, laranja, limão, cana-de-açúcar, coco, manga, caju, banana; tem coentro e cebolinha, quiabo, batata doce, jerimum, macaxeira, fava, milho e feijão; tem capim santo, louro, erva cidreira e noni; e para o boi e as galinhas, no sítio ainda tem palma e capim-elefante. No sítio de

dona Marli, onde em se plantando tudo dá, como já dizia Pero Vaz de Caminha, em 1500, na carta em que descrevia o Brasil ao rei de Portugal, tem também muitas flores para a alegria dos olhos e da alma. Quando o ano é bom de inverno, a família consegue tirar o seu sustento do que planta, principalmente batata, macaxeira e as inúmeras frutas de seu quintal produtivo, quando comerciantes da região saem com caixas cheias de produtos para os supermercados e feiras locais. A renda da família é complementada pelo bolsa-família, que contribui principalmente na hora de pagar a conta de luz e o gás, além de outras pequenas despesas. Segundo dona Marli, durante muito tempo a vida em Timbaúba não era nada fácil: “A água

O milagre da terra: com água em abundância, em se plantando tudo dá

Ano 8 - n° 1673Julho/2014Santo Antonio

Rio Grande do Norte

Programa 1 Terra e Duas e Águas

Dona Marli, Márcia e Seu Carlos: contentamento com a nova tecnologia

Seu Carlos diz que a palma é uma das fontes mantenedoras da alimentação dos animais em período de estiagem.

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batata quanto da macaxeira, que tem ótima saída no mercado local. Seu Carlos, que já tem um boi - que foi de grande ajuda na construção da cisterna - diz que se der, com o recurso do caráter produtivo gostaria de iniciar a criação de caprinos. “Com a fartura que há em nossa terra, não faltará nem água nem ração para os animais”, conclui. Além de agricultora, dona Marli tem outros talentos: as mãos que cultivam a terra também produzem variadas peças artesanais, como crochê, pinturas, etc., frutos de seu trabalho feito nas poucas horas vagas de seu puxado e longo dia de luta. E com o mesmo orgulho que demonstra quando fala em seu quintal, apresenta esse outro universo: um trabalho tão rico quanto o de produzir o alimento que vai saciar a fome de muitos.

mais próxima – que vinha de um poço – era salgada e os animais bebiam porque era o jeito, e para lavar roupa, a gente ia buscar água longe. No tempo da seca, nossa vida era um sofrimento só e isso mudou quando veio a cisterna de água de beber”, diz ela. O maior sonho de dona Marli era ter uma horta para complementar o seu pomar. E seu sonho está bem próximo de se realizar com a construção de mais uma tecnologia do P1+2 – Programa Uma Terra e Duas Águas – em seu quintal, uma cisterna-calçadão de 52 mil litros de água exclusivamente para a produção e criação de animais de pequeno porte. “Minha horta finalmente vai sair e agora em nossa mesa não vai faltar o tomate, o pimentão e o alface para a salada, o coentro e a cebolinha, que só plantava no inverno”. Além da implantação da horta, ela pretende ampliar a plantação tanto da

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