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O Mundo do Trabalho

O Mundo do Trabalho. I.Definições: História da classe operária e História do movimento operário História das esquerdas e História da classe operária

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O Mundo do Trabalho

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I. Definições:

História da classe operária e História do movimento operário

História das esquerdas e História da

classe operária

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II. Historiografia sobre a classe operária no Brasil

• mudanças teóricas e metodológicas• as diferentes conjunturas políticas

• Período mais estudado: Primeira República• Quando surge a classe operária

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Surgimento e tendências:

A) Produção militante

Produção militante - 1ª metade do século XX(Sindicalistas, ativistas políticos de esquerda, jornalistas e

advogados vinculados ao movimento operário)

Produção não-acadêmica – não comporta uma preocupação historiográfica central

. Folhetos, publicações oficiais e semi-oficiais

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Produção Militante - 2ª metade do século XX

. Efemérides – grandes feitos do movimento e de suas organizações

. Histórias inaugurais – dividem a história da classe em fases: pré-história e a história. Memórias

Função: Legitimar a classe, a política sindical, a corrente ideológica, o partido ou o militante

Marco: 1922 (antes e depois)

Estilo: Hagiográfico

Concepção da História: Teleológica

EX.: A formação do PCB - Astrojildo Pereira

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B) Sínteses Sociológicas Anos 1960

Teorias explicativas do movimento operário e suas opções ideológicas

Noções introduzidas: - origem estrangeira da classe operária

- vínculo entre o anarquismo e a origem estrangeira da classe operária

- hegemonia do anarquismo no movimento sindical da Primeira República

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Traços ressaltados da classe operária brasileira do pós-1930:

• origem rural• ausência de estabilidade profissional• ausência de padrões de ação coletiva• ausência de tradições• ausência de crenças de classe

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Divisão: Antes e o pós- 1930

• Antes: operário de origem estrangeira, minoritário, sem participação política, voltado para a luta contra o capitalismo e a propriedade privada

• Depois: ausência de liberdade sindical, ausência de valores industriais entre os trabalhadores, ausência de tradição de classe

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Periodização proposta para a história do movimento operário:

• 1º período mutualista (antes de 1888)• 2º período de resistência (1888-1919)• 3º período de ajustamento (1934-1945)• 4º período de controle (1934-1945)• 5º período competitivo (1945-1964)

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C) Historiografia Acadêmica do Movimento Operário

Anos 1970• Brasilianistas• Revisão da composição da classe operária: origem

rural dos imigrantes, ausência de experiência industrial e participação política nos seus países de origem

• Pesquisas com fontes

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Produção Brasileira

- Consolida procedimentos de pesquisa com uso de fontes de natureza variada- Criação de Centros de Documentação dedicados à memória operária:. Arquivo Edgard Leuenrouth – da UNICAMP (São Paulo - anos 1970). Arquivo Histórico do Movimento Operário Brasileiro – ASMOB (Milão - 1977). Centro de Memória Sindical (São Paulo - anos 1980)

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Fins anos 1970 e inícios dos anos 1980• Conjuntura: greves do ABC paulista – contestação

à ditadura• A influência da historiografia marxista inglesa –

Edward Thompson (A classe operária inglesa) e Eric Hobsbawm (Trabalhadores e mundos do trabalho)

• A História operária deixa de ser a História do movimento operário organizado

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Ampliações: - Cronologia (conjunturas mais delimitadas)

- Temáticas (condições de trabalho, processos de trabalho, mulheres operárias, cultura operária, correntes sindicais, origens da legislação trabalhista)

- Fontes (imprensa, fontes judiciais, diários, documentação policial, arquivos de empresas, história oral)

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• Mudanças no recorte geográfico (cidade, bairro, empresa)

• O reverso da medalha: Fragmentação do campo de estudo

• A história da classe operária funde-se e confunde-se com outras histórias

• Refluxo do movimento operário - Perda de dinamismo da produção

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O movimento operário na Primeira República

• Imagem corrente do operariado na Primeira República: Imigrante anarquista

(reforçada em romances, novelas televisivas e produção acadêmica)

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A história da classe operária : multiplicidade de experiências e pluralidade de expressões

Fatores em jogo: - distinção entre setores de produção - especificidade de dinâmicas regionais - diversidade de origem dos trabalhadores - variedade de formas de organização

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O mundo do trabalho urbano no Brasil da Primeira

República

• Imagem comumente evocada: Grandes fábricas de tecidos

Milhares de trabalhadores

• A imagem real: Diversidade de situações

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Participação feminina na indústria nos anos 1920• Dados do censo populacional de 1920• na cidade de São Paulo, as mulheres

representavam 29% do total de trabalhadores empregados em todos os ramos da indústria; no setor têxtil essa participação saltava para 58%.

• Na cidade do Rio de Janeiro, a participação feminina era pouco inferior à de São Paulo, 27%, mas no setor têxtil era de apenas 39%.

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Fatores de diferenciação

ramo região qualificação profissionalcondições de vidasalários

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Condições de vida:

- Longa jornada de trabalho (de 14 horas no Distrito Federal a 16 horas em São Paulo)

- Péssimas condições de moradia- Problemas de transporte e infra-estrutura- Ausência de políticas sociais - Trabalhadores qualificados: Melhores condições

de vida (Associações mutualistas)

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A organização operária2ª metade do século XIXTipos: Sociedades de Socorros Mútuos e Sindicatos

Entraves: Carta de 1824 impedia constituição de Sindicatos

Estratégia: Criação de Associações Mutualistas Objetivos: Zelar pelos interesses de trabalhadores de um

mesmo ofício, exercer solidariedade em caso de doença, incapacitação, desemprego, funeral

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SindicatosFins do século XIX

Ação econômica: jornada e condições de trabalho, salários, formas de pagamento

Resistência - demarca diferença em relação às Sociedades Mutualistas (Beneficentes)?

Na prática, diferença maior estava localizada no discurso. Os Sindicatos também prestavam auxílios

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Tipos de Sindicatos:

A) Associações Pluriprofissionais

B) Sociedades por ofício

C) Sindicatos de indústria ou ramo de atividade

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A) Associações Pluriprofissionais• Primeira forma de estrutura sindical• Surgem em cidades ou bairros com pouca ou

nenhuma organização por ofício• Denominações adotadas: União ou Liga Operária• Mais freqüentes: momentos de crise (1917-1919)• Estratégia: trazer para o movimento categorias

sem força para criar organização própria

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B)Sindicatos por ofício

• Base a organização operária na Primeira República

• Presente nos ofícios mais qualificados e com maior tradição de organização

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C)Sindicatos de indústria ou ramo de atividade

• Implantados onde não havia sindicatos de ofício fortes

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Estrutura Sindical• Sindicatos• Federações (Caráter efêmero, de acordo

com conjuntura econômica)• Centrais Sindicais (mais conhecida:

Confederação Operária Brasileira – COB)

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Confederação Operária Brasileira (COB)• Sem dimensão local • Criação decidida no 1º Congresso Operário

Brasileiro (1906). Só foi estruturada em 1908.• Funcionou até 1909, voltando a atuar entre 1913 e

1915

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Legislação sobre Sindicatos: Decreto 1.637 de 5 de janeiro de 1907• Raio de ação: Sindicatos profissionais e cooperativas• Restrições: Somente ofícios similares poderiam fazer parte de um

mesmo sindicato• Estrangeiros: somente os residentes há mais de 5 anos no país

A maioria das organizações ignorava as orientações legais e seguia a legislação relativa às sociedades civis – Código comercial de 1850 e, mais adiante, o Código Civil de 1916.

O que estabelecia: Obrigatoriedade de registrar estatutos em Cartório e comunicar sua existência à polícia e alterações no estatuto

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Correntes ideológicas e estratégias sindicais

Socialistas• Organizam partidos de duração efêmera e caráter local• Professam um socialismo eclético• Defesa: Programa de reformas – voto secreto, jornada de 8

horas, criação de tribunais arbitrais entre patrões e empregados, proibição de trabalho de menores de 14 anos, restrições ao trabalho noturno, lei de greve

• Estratégia de ação: organização de partidos, eleição de representantes, encaminhamento das reivindicações no Congresso

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Anarquismo

• Difundido a partir dos anos 1890• Primeiros jornais o Rio: O Despertar (1898) O Protesto (1894-95)• Estratégia de ação: educação dos trabalhadores, greve• Bandeiras: antiestatismo, recusa da luta político-parlamentar, rejeição

de formas de opressão do indivíduo• 2 correntes (nas 2 encontram-se os que defendem e os que se opõem à

participação na luta sindical):- seguidores de Pedro Kropotkin e Enrico Malatesta – corrente anarco-

comunista (ação coletiva)- seguidores Max Stirner – corrente anarco-individualista (ação

individual)

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Outras tendências presentes no movimento operário:Positivistas• Capital Federal (Círculo dos Operários da União e o

Círculo Operário Nacional) e Rio Grande do Sul• Bandeiras: melhorias nas condições de vida e trabalho• Estratégia de ação: Apelos às autoridades, apresentação de

candidatos operários para cargos eletivos• Busca de formas de entendimento sem recurso à greve ou a

outras formas mais radicais de luta.• Busca de uma cidadania social para a classe trabalhadora

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Sindicalismo cooperativista

• Adeptos entre os operários do Estado• Principal liderança: Custódio Alfredo Sarandy

Raposo, fundador da Federação Sindicalista Cooperativista Brasileira, em 1920, substituída no ano seguinte pela Confederação que levaria o mesmo nome.

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Corrente católica• Mais expressiva do que as duas anteriores.• Projeto: Subtrair o operariado da influência anarquista e

socialista e da ação sindical.• Característica: Anti-socialismo• Representada no Centro dos Operários Católicos (1899) –

São Paulo e no Rio• Cresce sua representação após as greves de 1917-1919.• No pós-1930 assume atitude mais militante.

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Concepções de prática sindical

A. Sindicalismo de ação direta ou Sindicalismo revolucionário

B. Sindicalismo reformista

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Sindicalismo de ação direta ou Sindicalismo revolucionário • Mais do que uma teoria coerente, uma prática sindical • Tendência mais influente do movimento operário da Primeira República• Inspirado na Confederação Geral do Trabalho francesa• Influência do anarquismo• Rejeição de intermediários no conflito entre trabalhadores e patrões• Condenação da organização partidária e da política parlamentar• Recusa da luta por conquistas parciais• Principal arma de luta: Greve geral• Diverge do anarquismo ao atribuir ao sindicato o papel de embrião da

sociedade futura e à greve geral o de único instrumento para realização da revolução social

• Esse conjunto de proposições vai estar presente nas resoluções dos Congressos operários realizados em 1906, 1913 e 1920.

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Sindicalismo reformista • Também designado “Trabalhismo Carioca” e Sindicalismo Amarelo• Uma concepção do funcionamento do sindicato e uma prática sindical

partilhada por diversas correntes: socialistas, positivistas, republicanos sociais, sindicalistas pragmáticos.

• Identificado com a defesa de instituições fortes e sólidas para defesa de seus objetivos.

• Principal recurso: Greve (vista não como um fim em si mesma)• Objetivo: obtenção de ganhos, mesmo que parciais• Admitia intervenção de intermediários (advogados, políticos e autoridades)• Não condenava a participação política nem a apresentação de candidatos às

eleições legislativas.• Mais visível no Distrito Federal (União dos Operários Estivadores - 1903),

embora presente em diversas sociedades brasileiras.

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1922: Fundação do Partido Comunista do Brasil • Consolida-se uma nova corrente ideológica do movimento

operário• PCB: era uma organização centralizada e nacional• Identificado com a revolução• Não renunciava à participação no processo eleitoral• Ligou-se à Internacional comunista em 1924.• Forte presença de ex-anarquistas• Defesa do sindicato por ramo de produção: a unicidade

sindical• Objetivo: reduzir a influência doa anarquistas no controle dos

sindicatos• 2º Congresso instituiu a política da frente única operária –

visando à conquista das bases das categorias cujos sindicatos eram controlados por reformistas

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O significado da República para os trabalhadores