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MODERNISMO

MODERNISMO. CONTEXTO HISTÓRICO- CULTURAL -O desenvolvimento da tecnologia (a máquina, a eletricidade, o avião); -Formação da classe operária; - Chegada

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CONTEXTO HISTÓRICO- CULTURAL

-O desenvolvimento da tecnologia (a máquina, a eletricidade, o avião);-Formação da classe operária;- Chegada dos imigrantes;- O aumento da população;- A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918);- A queda da bolsa de valores de Nova York;-Ascensão de Vargas ao poder;- A Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945);-Fim da guerra (lançamento da bomba em Hiroshima e Nagazaki) em 1945.

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A Semana de Arte Moderna

Antecedentes da semana estão no livro

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Os modernistas

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A semana•A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, 13 de fevereiro •Palestra do escritor Graça Aranha (“A emoção estética na arte moderna”), ilustrada por comentários musicais e poemas; •Execução de obras de Villa-Lobos;•Ronald de Carvalho discursa sobre pintura e escultura modernas. A platéia começa a se manifestar. •Diante dos gritos do público, Ronald de Carvalho devolve: "Cada um fala com a voz que Deus lhe deu." O "gran finale" surge na forma de um recital de música comandado pelo maestro Ernani Braga.

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15 de fevereiro •Discurso de Menotti del Picchia sobre romancistas contemporâneos;•Leituras de poesias e números de dança; •Ronald de Carvalho lê Os sapos de Manuel Bandeira;•Começaram as vaias e insultos na platéia, que só param quando sobe ao palco a aclamada pianista Guiomar Novaes;•Heitor Villa-Lobos se apresenta no palco do Municipal apoiado em um guarda-chuva e calçando chinelos.

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17 de fevereiro A última noite da programação é totalmente dedicada à música de Villa-Lobos;•As vaias continuam até que a maioria pede silêncio para ouvir Villa-Lobos;•Os instrumentistas tentam executar as peças incluídas no programa apesar do barulho feito pelos espectadores e levam o recital até o fim.

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Desdobramentos da SemanaRevistasRevistas

KlaxonKlaxon – Mensário de arte moderna (1922) – Mensário de arte moderna (1922)• Grandes inovações gráficas;• Novas opiniões sobre a arte;• Publicava crônicas, artigos,

gravuras e anúncios;• Serviu como material de

divulgação para o movimento modernista de 1922.

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A revistaA revista (1925) (1925)•Tendências modernistas em Minas Gerais;•Carlos Drummond de Andrade.

FestaFesta (1927)•Revista de caráter espiritualista;•Antecipa a segunda fase do movimento;•Colaboradores: Cecília Meireles, Murilo Mendes

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EstéticaEstética (Rio de janeiro – 1924) (Rio de janeiro – 1924)• Somente três números;• Trouxe muito material teórico sobre o

modernismo;• Colaboradores: Graça Aranha, Mário de

Andrade e Manuel Bandeira. Terra Roxa e Outras TerrasTerra Roxa e Outras Terras (São Paulo-

1926)

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ManifestosPau-BrasilPau-Brasil•Lançado por Oswald no correio da manhã em 18 de março de 1924;•Pau-Brasil foi o primeiro produto genuinamente brasileiro de exportação;•Construir uma poesia para ser exportada;•Valorização dos estados primitivos da cultura brasileira;•Em 1925 Oswald lançou um livro de poemas com princípios propostos pelo manifesto; (no livro)

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Verde –AmareloVerde –Amarelo•Criticava o nacionalismo importado de Oswald;•Grupo nacionalista exaltado (ufanistas);•Ligados a AIB (versão nacional do nazi-fascismo)•Escola da Anta.•Participantes: Menotti Del Pichia, Plinio Salgado, Cassiano Ricardo... •Símbolo: O índio

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Manifesto AntropofágicoManifesto Antropofágico•Surge em 1928;•É o mais radical manifesto do Modernismo;•Propunha a devoração da cultura e das técnicas importadas;•E a reelaboração com intuito de transformar produto importado em exportável;•Inspirados no quando de Tarsila do Amaral - Abaporu

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Oswald de AndradeIdealizador dos principais manifestos modernistas. Paródia (repensar a literatura);Reaproveitamento dos textosda nossa literatura;Humor e os poemas pílulas (síntese);Nacionalismo que busca as origens;Visão crítica da realidade brasileira;Valorização do falar cotidiano;Análise crítica da burguesia capitalista.

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As meninas da gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentisCom cabelos mui pretos pelas espáduasE suas vergonhas tão altas e tão saradinhasQue de nos as muito bem olharmosNão tínhamos nenhuma vergonha

Crônica

Era uma vez o mundo.

Velhice

O netinho jogouos óculos naLatrina.

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Vício na fala

Para dizerem milho dizem mioPara melhor dizem mióPara pior pióPara telha dizem teiaPara telhado dizem teiadoe vão fazendo telhados

Pronomiais

Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom brancoDa Nação BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe dá um cigarro

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Mário de AndradeMário de Andrade -Estudou música, artes plásticas e o folclore brasileiro-Renovação artística e polêmica-A presença do coloquial, do irônico e do piadístico-Nacionalismo (folclore, paisagem nacional, busca de um específico brasileiro)-Poesia pessoal, intimista-a paixão pela cidade de São Paulo-Desvairismo

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Inspiração

São Paulo comoção de minha vida...Os meus amores são flores feitas de original...Arlequinal!.. Traje de losangos... Cinza e ouro...Luz e bruma... Forno e inverno morno...

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Eu sou trezentos...

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, As sensações renascem de si mesmas sem repouso, Ôh espelhos, ôh! Pireneus! ôh caiçaras! Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!

Abraço no meu leito as milhores palavras, E os suspiros que dou são violinos alheios Eu piso a terra como quem descobre a furto Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,Mas um dia afinal eu toparei comigo...Tenhamos paciência, andorinhas curtas, Só o esquecimento é que condensa, E então minha alma servirá de abrigo.

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MacunaímaMacunaíma – – O herói sem nenhum caráterO herói sem nenhum caráter

- O herói da nossa gente-Rapsódia -Personagens: Macunaíma, Ci, Mãe do Mato, Maanape, Jiguê, Venceslau Pietro Pietra-O herói da nossa gente-Tudo vira tudo-É um acúmulo de lendas, superstições, rases feitas, provérbios e modismos de linguagem.

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Manuel BandeiraManuel Bandeira

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Características de sua poesia:Libertinagem (1930);Estrela da Manhã (1936);tom irônico e a incorporação do cotidiano; linguagem simples e versos livres;liberdade de expressão, forma e conteúdo;Musicalidade;a revolta contra o convencionalismo;expressões antipoéticas;a mistura da prosa com poesia;

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Não sei dançarUns tomam éter, outros cocaína. Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria. Tenho todos os motivos menos um de ser triste. Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria... Abaixo Amiel! E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.

Sim, já perdi pai, mãe, irmãos. Perdi a saúde também. É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz band.

Uns tomam éter, outros cocaína. Eu tomo alegria! Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.

Mistura muito excelente de chás...

Esta foi açafata...

- Não, foi arrumadeira. E está dançando com o ex-prefeito municipal: Tão Brasil!

De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...

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Há até a fração incipiente amarela Na figura de um japonês. O japonês também dança maxixe: Acugêlê banzai!

A filha do usineiro de Campos Olha com repugnância Para a crioula imoral.

No entanto o que faz a indecência da outra É dengue nos olhos maravilhosos da moça. E aquele cair de ombros... Mas ela não sabe... Tão Brasil!

Ninguém se lembra de política... Nem dos oito mil quilômetros de costa... O algodão do Seridó é o melhor do mundo?... Que me importa?

Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.

A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca. Eu tomo alegria!

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Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.A vida inteira que podia ter sido e que não foi.Tosse, tosse, tosse.Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.- Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .- Respire..............................................................................................- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

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Porquinho-da-índia

Quando eu tinha seis anosGanhei um porquinho-da-índia.Que dor de coração me davaPorque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra salaPra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,Ele não gostava:Queria era estar debaixo do fogão.Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

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Poema tirado de uma notícia de jornalJoão Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.Uma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

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AndorinhaAndorinha lá fora está dizendo:

- "Passei o dia à toa, à toa!"

Andorinha, andorinha, minha [cantiga é mais triste!

Passei a vida à toa, à toa

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Irene no CéuIrene pretaIrene boaIrene sempre de bom humor.Imagino Irene entrando no céu:— Licença, meu branco!E São Pedro bonachão:— Entra, Irene. Você não precisa pedir

licença.

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Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amigo do reiLá tenho a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra PasárgadaAqui eu não sou felizLá a existência é uma aventuraDe tal modo inconseqüenteQue Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa dementeVem a ser contraparenteDa nora que nunca tive E como farei ginásticaAndarei de bicicletaMontarei em burro braboSubirei no pau-de-seboTomarei banhos de mar!E quando estiver cansadoDeito na beira do rioMando chamar a mãe-d'águaPra me contar as históriasQue no tempo de eu meninoRosa vinha me contarVou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudoÉ outra civilizaçãoTem um processo seguroDe impedir a concepçãoTem telefone automáticoTem alcalóide à vontadeTem prostitutas bonitasPara a gente namorar

E quando eu estiver mais tristeMas triste de não ter jeitoQuando de noite me derVontade de me matar— Lá sou amigo do rei —Terei a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada.

Vou-me Embora pra Pasárgada

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Poema do becoQue importa a paisagem, a Glória, a baía, a

linha do horizonte?- O que eu vejo é o beco.

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Trem de Ferro

Café com pãoCafé com pãoCafé com pão

Virge Maria que foi [isso maquinista?

Agora simCafé com pãoAgora simVoa, fumaçaCorre, cercaAi seu foguistaBota fogoNa fornalhaQue eu precisoMuita forçaMuita forçaMuita força

Oô...Foge, bichoFoge, povoPassa pontePassa postePassa pastoPassa boiPassa boiadaPassa galhoDa ingazeiraDebruçadaNo riachoQue vontadeDe cantar!

Oô...Quando me prenderoNo canaviáCada pé de canaEra um oficiá

Oô...Menina bonitaDo vestido verdeMe dá tua bocaPra matar minha sedeOô...Vou mimbora Vou mimboraNão gosto daquiNasci no sertãoSou de OuricuriOô...

Vou depressaVou correndoVou na todaQue só levo Pouca gentePouca gentePouca gente...

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Conto cruel

A uremia não o deixava dormir. A filha deu uma injeção de sedol.

- Papai verá que vai dormir.O pai aquietou-se e esperou. Dez minutos...

Quinze minutos... Vinte minutos Quem disse que o sono chegava? Então ele implorou chorando:

- Meu Jesus-Cristinho!Mas Jesus-Cristinho nem se incomodou.

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Tragédia brasileira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos

dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio,

pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um

namorado.Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma

facada. Não fez nada disso: mudou de casa.Viveram três anos assim.Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de

casa.Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General

Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, RuaClapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.