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APESAR DOS AVANÇOS E DOS INVESTIMENTOS QUE DINAMIZARAM A ECONOMIA DA REGIÃO, A TENDÊNCIA, MAIS A LONGO PRAZO, DE UM NOVO CICLO DE CONCENTRAÇÃO DA BASE PRODUTIVA NO SUDESTE DEVE SERVIR DE ALERTA. O NORDESTE ESTARÁ FORA DO JOGO DEPOIS DA COPA? COLUNA DA www.redegestao.com.br nº 721 Ano 13 Domingo, 29.07.2012 O Nordeste, por várias razões, entrou bem em campo no início do século XXI. A primeira se associa aos avanços das políticas sociais e à elevação real do salário mínimo. Mais renda, junto com crédito farto e bem escalonado, associado ao emprego em crescimento, estimulou o consumo popular na Região de forma nunca vista. O consumo dinâmico mexeu com as frágeis economias dos pequenos municípios e ativou as bases produtivas dos médios e grandes municípios, atraindo investimentos privados, sobretudo nos setores ligados ao consumo das famílias. Ao mesmo tempo, uma nova onda de investimentos (especialmente via Petrobras e PAC) trouxe projetos de peso e estruturadores de um novo momento da economia regional e despertou seu potencial latente. A Copa trouxe investimentos em várias de suas capitais. O resultado é que o Nordeste parece inebriado... O jogo o favorecia. Mas, quando se olha um horizonte de mais longo prazo, observam-se tendências preocupantes. Um dado inicial é a conjuntura mundial, muito mais desafiadora e difícil que a que vigorou nos anos iniciais do século XXI. Por seu turno, os impactos adicionais esperados das políticas sociais e da política de reajuste do salário mínimo (mesmo com a prioridade do Brasil sem Miséria) devem ser menores que os observados na fase anterior. Além disso, os investimentos públicos mais relevantes para o Nordeste enfrentam grandes dificuldades de execução nos vários níveis de governo. Paralelamente, algumas ameaças podem ser identificadas. A primeira nos remete ao debate sobre as reais dificuldades da continuidade da industrialização do País. Acontece que o mais ameaçado é o parque industrial, produtor de bens de mais alto valor agregado e maior conteúdo tecnológico, e ele está fortemente concentrado no Sudeste/Sul, tanto que o Brasil Maior deixa o Nordeste à margem das medidas principais. De seu lado, a exploração do petróleo no pré-sal (localizada na costa das regiões Sudeste/Sul), pelo marco regulatório corretamente definido, será um dos elementos-chave da promoção da indústria no País nas próximas décadas (tanto que o setor de P&G já lidera os investimentos industriais brasileiros). Mas o núcleo central da cadeia produtiva de fornecedores que ele mobilizará (setores eletrometal-mecânicos) também está fortemente concentrado no Sudeste/Sul. O Brasil tem, assim, no novo momento da política do setor de P&G, uma cunha no modesto movimento de desconcentração industrial que beneficiava o Nordeste. Nesse contexto, três refinarias é muito pouco... Outro exemplo é o da indústria automotiva, cuja importância está ligada ao seu poder de difusão de dinamismo. Ela tem anunciado que quer investir mais de R$ 33 bilhões no Brasil nesta década, mas já se encontra fortemente concentrada no Sudeste/Sul do País, onde existem melhores condições de competitividade. Se a decisão de localização for entregue apenas ao mercado, a concentração espacial dos novos investimentos será inevitável. O recente anúncio da Volkswagen de não vir para o Nordeste e ampliar sua fábrica de Taubaté aponta para essa tendência. Mesmo assim, o novo marco do setor automotivo não tratou da dimensão regional desses investimentos... Por seu turno, a petroquímica anuncia investimentos de R$ 23 bilhões, dos quais apenas R$ 1,6 bilhão será no Nordeste (em Suape), enquanto o avanço da produção de etanol se dá concentrado em São Paulo e em parte do Centro-Oeste. O Nordeste perde seguidamente peso na produção nacional desse combustível, e esta é a tendência futura. Os exemplos acima sinalizam para a possibilidade de os próximos anos ficarem na história econômica do Brasil como um novo momento de concentração da base produtiva nacional, rompendo a tendência à modesta desconcentração regional que se observava desde os tempos do II PND e que foi impulsionada na década anterior, beneficiando o Nordeste. Estes são sinais de alerta. A Região continua exibindo hiato inaceitável: tem quase 28% da população do Brasil e gera pouco mais que 13% do PIB do País. Não há outro exemplo na nação de hiato tão gritante... E, depois da Copa, podemos estar fora do jogo... Tânia Bacelar de Araújo, economista, sócia da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), empresa integrante da Rede Gestão. ([email protected]) Dica Importante Como Agir Após a Demissão Confira quatro dicas para se recolocar no mercado de trabalho após uma demissão, segundo consultores ouvidos pelo Portal Infomoney. Controle os gastos: O momento é de economizar. Aproveitar o tempo livre para investir em cursos é natural, porém evite desperdiçar sua reserva financeira em atividades que não são prioridade no momento. Aproveite para refletir: Tente responder perguntas como “Por que perdi o emprego?”, “O que poderia ter feito para garanti-lo?”, “Quais são os pontos negativos que podem ser melhorados”, entre outras questões que podem contribuir para o aprimoramento profissional. Prepare-se para as oportunidades: Esta é a hora de rever o currículo, atualizar informações pertinentes à área e procurar estudar dicas de como obter sucesso em uma seleção ou uma entrevista de emprego. Invista no networking: Não tenha vergonha de pedir indicações. Boas oportunidades não caem do céu e muitas surgem por indicação de sua rede contatos. Você Sabia? Justa Causa por Mau Uso de Redes Sociais De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, colocar fotos do ambiente de trabalho nas redes sociais pode resultar em dispensa por justa causa. A decisão surgiu após uma enfermeira ter sido dispensada pela empresa em que atuava por justa causa em razão de sua página de relacionamento ilustrar fotos sem autorização que remetiam a brincadeiras e expunham pacientes e enfermeiros. A enfermeira entrou com pedido de descaracterização da justa causa, com indenização por danos morais. Apesar de, em primeira instância, a profissional ter tido sucesso, a decisão foi revista e os pedidos, indeferidos. A decisão do TST sinaliza que o mau uso da internet no ambiente de trabalho pode, sim, gerar demissão por justa causa. “Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões presentes.” Peter Drucker (1909–2005), escritor, professor e consultor, considerado o pai da Administração Moderna. O Profissional em Foco Criação Publicitária Revisão Cuidado com o Que Fala e Onde Fala Em ambientes públicos, é comum ouvir profissionais comentando sobre outros profissionais e suas atitudes. Isso é ainda mais evidente entre os jovens, que normalmente desejam emitir sua opinião a todo custo. Assim, acabam se expondo e — pior — expondo os outros. Por isso, evite falar sobre assuntos profissionais em público. E, se tiver de falar, tome algumas precauções. Procure preservar a identidade da empresa e dos profissionais. E cuidado com o tom de voz. Tenha certeza de que somente o público desejável está ouvindo você. Não custa lembrar: hoje se tem cada vez menos privacidade, e todo mundo está sujeito a ter sua imagem ou voz publicada na internet. Portanto, cuidado redobrado! Fonte: Minuto Ágilis (www.agilis.com.br) Fonte: Administradores.com

O NORDESTE ESTARÁ FORA DO JOGO DEPOIS … tanto que o Brasil Maior deixa o Nordeste à margem das medidas principais. De seu lado, a exploração do petróleo no pré-sal (localizada

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Page 1: O NORDESTE ESTARÁ FORA DO JOGO DEPOIS … tanto que o Brasil Maior deixa o Nordeste à margem das medidas principais. De seu lado, a exploração do petróleo no pré-sal (localizada

APESAR DOS AVANÇOS E DOS INVESTIMENTOS QUE DINAMIZARAM A ECONOMIA DA REGIÃO, A TENDÊNCIA, MAIS A LONGO PRAZO, DE UM NOVO CICLO DE CONCENTRAÇÃO DA BASE PRODUTIVA NO SUDESTE DEVE SERVIR DE ALERTA.

O NORDESTE ESTARÁ FORA DO JOGO DEPOIS DA COPA?

COLUNA DA

www.redegestao.com.brnº 721Ano 13 Domingo, 29.07.2012

O Nordeste, por várias razões, entrou bem em campo no início do século XXI. A primeira se associa aos avanços das políticas sociais e à elevação real do salário mínimo. Mais renda, junto com crédito farto e bem escalonado, associado ao emprego em crescimento, estimulou o consumo popular na Região de forma nunca vista. O consumo dinâmico mexeu com as frágeis economias dos pequenos municípios e ativou as bases produtivas dos médios e grandes municípios, atraindo investimentos privados, sobretudo nos setores ligados ao consumo das famílias.

Ao mesmo tempo, uma nova onda de investimentos (especialmente via Petrobras e PAC) trouxe projetos de peso e estruturadores de um novo momento da economia regional e despertou seu potencial latente. A Copa trouxe investimentos em várias de suas capitais. O resultado é que o Nordeste parece inebriado... O jogo o favorecia. Mas, quando se olha um horizonte de mais longo prazo, observam-se tendências preocupantes.

Um dado inicial é a conjuntura mundial, muito mais desafiadora e difícil que a que vigorou nos anos iniciais do século XXI. Por seu turno, os impactos adicionais esperados das políticas sociais e da política de reajuste do salário mínimo (mesmo com a prioridade do Brasil sem Miséria) devem ser menores que os observados na fase anterior. Além disso, os investimentos públicos mais

relevantes para o Nordeste enfrentam grandes dificuldades de execução nos vários níveis de governo.

Paralelamente, algumas ameaças podem ser identificadas. A primeira nos remete ao debate sobre as reais dificuldades da continuidade da industrialização do País. Acontece que o mais ameaçado é o parque industrial, produtor de bens de mais alto valor agregado e maior conteúdo tecnológico, e ele está fortemente concentrado no Sudeste/Sul, tanto que o Brasil Maior deixa o Nordeste à margem das medidas principais.

De seu lado, a exploração do petróleo no pré-sal (localizada na costa das regiões Sudeste/Sul), pelo marco regulatório corretamente definido, será um dos elementos-chave da promoção da indústria no País nas próximas décadas (tanto que o setor de P&G já lidera os investimentos industriais brasileiros). Mas o núcleo central da cadeia produtiva de fornecedores que ele mobilizará (setores eletrometal-mecânicos) também está fortemente concentrado no Sudeste/Sul. O Brasil tem, assim, no novo momento da política do setor de P&G, uma cunha no modesto movimento de desconcentração industrial que beneficiava o Nordeste. Nesse contexto, três refinarias é muito pouco...

Outro exemplo é o da indústria automotiva, cuja importância está ligada ao seu poder de difusão de dinamismo. Ela tem anunciado que quer investir mais de R$ 33 bilhões no Brasil nesta década, mas já se encontra fortemente

concentrada no Sudeste/Sul do País, onde existem melhores condições de competitividade. Se a decisão de localização for entregue apenas ao mercado, a concentração espacial dos novos investimentos será inevitável. O recente anúncio da Volkswagen de não vir para o Nordeste e ampliar sua fábrica de Taubaté aponta para essa tendência. Mesmo assim, o novo marco do setor automotivo não tratou da dimensão regional desses investimentos...

Por seu turno, a petroquímica anuncia investimentos de R$ 23 bilhões, dos quais apenas R$ 1,6 bilhão será no Nordeste (em Suape), enquanto o avanço da produção de etanol se dá concentrado em São Paulo e em parte do Centro-Oeste. O Nordeste perde seguidamente peso na produção nacional desse combustível, e esta é a tendência futura.

Os exemplos acima sinalizam para a possibilidade de os próximos anos ficarem na história econômica do Brasil como um novo momento de concentração da base produtiva nacional, rompendo a tendência à modesta desconcentração regional que se observava desde os tempos do II PND e que foi impulsionada na década anterior, beneficiando o Nordeste.

Estes são sinais de alerta. A Região continua exibindo hiato inaceitável: tem quase 28% da população do Brasil e gera pouco mais que 13% do PIB do País. Não há outro exemplo na nação de hiato tão gritante... E, depois da Copa, podemos estar fora do jogo...

Tânia Bacelar de Araújo,

economista, sócia da Consultoria Econômica e

Planejamento (Ceplan), empresa integrante da

Rede Gestão.([email protected])

Dica ImportanteComo Agir Após a Demissão

Confira quatro dicas para se recolocar no mercado de trabalho após uma demissão, segundo consultores ouvidos pelo Portal Infomoney.

• Controle os gastos: O momento é de economizar. Aproveitar o tempo livre para investir em cursos é natural, porém evite desperdiçar sua reserva financeira em atividades que não são prioridade no momento. • Aproveite para refletir: Tente responder perguntas como “Por que perdi o emprego?”, “O que poderia ter feito para garanti-lo?”, “Quais são os pontos negativos que podem ser melhorados”, entre outras questões que podem contribuir para o aprimoramento profissional. • Prepare-se para as oportunidades: Esta é a hora de rever o currículo, atualizar informações pertinentes à área e procurar estudar dicas de como obter sucesso em uma seleção ou uma entrevista de emprego. • Invista no networking: Não tenha vergonha de pedir indicações. Boas oportunidades não caem do céu e muitas surgem por indicação de sua rede contatos.

Você Sabia?Justa Causa por Mau Uso de Redes Sociais

De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, colocar fotos do ambiente de trabalho nas redes sociais pode resultar em dispensa por justa causa. A decisão surgiu após uma enfermeira ter sido dispensada pela empresa em que atuava por justa causa em razão de sua página de relacionamento ilustrar fotos sem autorização que remetiam a brincadeiras e expunham pacientes e enfermeiros. A enfermeira entrou com pedido de descaracterização da justa causa, com indenização por danos morais. Apesar de, em primeira instância, a profissional ter tido sucesso, a decisão foi revista e os pedidos, indeferidos. A decisão do TST sinaliza que o mau uso da internet no ambiente de trabalho pode, sim, gerar demissão por justa causa.

“Planejamento de longo prazo não lida com decisões futuras, mas com o futuro de decisões

presentes.”

Peter Drucker (1909–2005), escritor, professor e consultor, considerado o pai da

Administração Moderna.

O Profissional em Foco

CriaçãoPublicitária Revisão

Cuidado com o Que Fala e Onde Fala Em ambientes públicos, é comum ouvir profissionais comentando sobre outros profissionais e suas atitudes. Isso é ainda mais evidente entre os jovens, que normalmente desejam emitir sua opinião a todo custo. Assim, acabam se expondo e — pior — expondo os outros. Por isso, evite falar sobre assuntos profissionais em público. E, se tiver de falar, tome algumas precauções. Procure preservar a identidade da empresa e dos profissionais. E cuidado com o tom de voz. Tenha certeza de que somente o público desejável está ouvindo você. Não custa lembrar: hoje se tem cada vez menos privacidade, e todo mundo está sujeito a ter sua imagem ou voz publicada na internet. Portanto, cuidado redobrado!

Fonte: Minuto Ágilis(www.agilis.com.br)

Fonte: Administradores.com