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O NOSSO PORTUGAL - Universidade de Coimbra...Nova no séc. XV. Seco, salgado e, por fim, fresco, convenceu o país. "Os meus ... A sua origem remonta ao séc. XVI quando, no Convento

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10-06-2019

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Dia de Portugal

O NOSSO PORTUGAL

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Em dia de celebração damos a volta ao imaginário coletivo em 60 símbolos da identidade nacional. Data promovida durante o Estado Novo, só em 1977 tornou a haver comemorações nacionais de maior fôlego. Eanes optou pela Guarda para falar ao coração dos emigrantes, iniciando a tradição de deslocalizar os festejos, que este ano são em Portalegre. E como andam os portugueses? O psiquiatra Júlio Machado Vaz e o sociólogo Elísio Estanque ajudam no diagnóstico.

thx-ros Ana Petronilho e Marta E Reis ILUSTRAÇÃO Óscar Rocha

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Zoom // Dia de Portugal

O galo, o Zé Povinho e o caldo verde. Breve história

de 60 ícones bem portugueses

PASTEL DE NATA A história remonta ao séc. XIX quando monges do Mosteiro dos Jerónimos começam a vender pastéis de Belém a fim de angariar dinheiro. Com a Revolução Liberal, os conventos e mosteiros foram encerrados e em 1837 nasce a Fábrica de Pastéis de Belém. Até aos dias de hoje, a receita original continua a ser um segredo bem guardado. Esta iguaria bem portuguesa pode ser encontrada nos cafés e pastelarias de norte a sul do país e em cinco mil lojas espalhadas pelo mundo.

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ELÉTRICOS São considerados um ex libris da cidade de Lisboa e a cor amarela é a sua característica mais visível, mas foi no Porto que se estrearam. Os elétricos chegam a Portugal em 1895, mas atualmente só as cidades de Lisboa, Porto e Sintra é que ainda dão uso aos velhinhos elétricos. Ainda é um meio de transporte muito utilizado, principalmente o famoso elétrico 28, que é uma das principais atrações turísticas da capital. Circula desde 1914.

GALO DE BARCELOS Os habitantes da vila de Barcelos decidiram acusar um galego que fazia a peregrinação a Santiago de

Compostela de um crime cometido na terra. Enquanto jurava a sua inocência, apontou para um galo assado. "É tão certo eu estar inocente como certo é esse galo cantar quando me enforcarem", terá dito. Quando estava a ser enforcado, reza a lenda que o galo se levantou da mesa e cantou, salvando a tempo o homem inocente. Os registos mais antigos da história datam de 1877. O galo começou a ser representado em olaria no séc. XIX e tomar-se-ia um símbolo da hospitalidade portuguesa no Estado Novo. Em 1935 fez a primeira incursão internacional, representando o país na Exposição de Arte Popular Portuguesa em Genebra.

TORRE DE BELÉM Património Mundial da UNESCO e uma das sete maravilhas portuguesas, é um monumento que faz jus ao estilo manuelino. Decorada com as cruzes da Ordem de Cristo e com o brasão de armas de Portugal, a Torre de Belém foi construída entre 1514 e 1520 com a função de defesa da barra do Tejo. Hoje em dia é considerada uma joia do património cultural português.

CADEIRA GONÇALO É uma das cadeiras mais conhecidas no mundo e a origem é portuguesa. Está espalhada por esplanadas dos cinco continentes e foi criada nos anos 20, em Algés, pelo mestre serralheiro Gonçalo dos Santos. O Café Nicola e a

Brasileira foram dos primeiros clientes. Além do conforto, o design teve em conta a ideia de que era preciso serem fáceis de amimar. basta empilharem-se umas em cima das outras. A famosa Cadeira Gonçalo irá completar 100 anos de sucessos pelo mundo em 2020.

CRISTO REI Inspirado no Cristo Redentor existente no Rio de Janeiro, o Cristo Rei foi inaugurado a 17 de maio de 1959. A construção demorou dez anos: foram utilizadas 40 mil toneladas de betão e teve um custo total de 100 mil euros. A estátua do Santissimo Redentor de "braços abertos para Lisboa" tem cerca de 110 metros de altura. Localizado no concelho de Almada, este é considerado o melhor miradouro com vista para a capital.

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BACALHAU Cozinhado de todas a maneiras e feitios, o bacalhau é talvez a iguaria mais popular da gastronomia portuguesa. Os portugueses começaram a pescar bacalhau no séc. XIV e descobriram as águas da Terra Nova no séc. XV. Seco, salgado e, por fim, fresco, convenceu o país. "Os meus romances, no fundo, são franceses, como eu sou em quase tudo um francês -exceto num certo fundo sincero de tristeza lírica que é uma característica portuguesa, num gosto depravado pelo fadinho e no justo amor do bacalhau de cebolada", escreveu Eça de Queiroz.

SARDINHA O pequeno peixe capturado ao largo da costa portuguesa faz parte da dieta portuguesa há vários séculos, sobretudo nos meios mais pobres. Terá começado a ser aproveitado para salga pelos fenícios que habitaram a península Ibérica. No grelhador, apenas com sal grosso, é a receita para uma boa sardinha assada. No pão ou no prato, a acompanhar com pimentos, ela é presença assídua na festa de Santo António de Lisboa e no São João do Porto.

LEITÃO ASSADO A receita mais antiga de leitão assado remonta a 1743 e é descrita no manuscrito conventual Caderno do Refeitório, publicado em 1900. É atribuída às religiosas do Mosteiro de Santa Maria do Lorvão. Típico da zona da Bairrada, é um dos pratos regionais que mais fama têm no país.

CALDO VERDE Um prato de sopa entra em quase todas as refeições e menus de restaurantes em Portugal. Desde o creme de legumes à canja, existe uma grande variedade de sopas para todos os gostos. O caldo verde, com couve galega, começa por ser uma

tradição nortenha, mas conquistou todo o território. Não podia faltar na cantiga Uma Casa Portuguesa, celebrizada por Amália, com música de Artur Fonseca e letra de Reinaldo Ferreira e Vasco Matos Sequeira. "No conforto pobrezinho do meu lar/ Há fartura de carinho/ A cortina da janela e o luar/ Mais o sol que bate nela/ Basta pouco, poucochinho pra alegrar/ Uma existência singela/ É só amor, pão e vinho/ E um caldo verde, verdinho/ A fumegar na tigela.

ALHEIRA DE MIRANDELA A alheira de Mirandela é um enchido que normalmente é produzido de forma artesanal na região de Trás-os-Montes. A preparação da alheira remonta ao séc.

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OS SOCALCOS DO DOURO A paisagem do Douro, marcada pela exploração vitícola, é das mais emblemáticas do país. Apesar de haver registos de uva na região há 4 mil anos, Dulce Freire, historiadora do Instituto de Ciências Sociais, escreve no artigo "Quem construiu os socalcos do Douro?" que a construção destas estruturas que organizaram as encostas terá começado no séc. XVII ou talvez mais cedo e contou com o trabalho braçal de famílias locais, incluindo de crianças. Os patamares horizontais desenvolveram--se sobretudo a partir dos anos 70.

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Em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas viajamos pela história de peças maiores da identidade coletiva. Sabia que o Zé Povinho nasceu numa véspera de Santo António e já a pagar "impostos"? E quantas pessoas nos deixou Pessoa?

AMÊIJOAS À BULHÃO PATO Devido à larga zona costeira do país, o marisco é muito apreciado pelas nossas gentes e por quem vem de fora. A amêijoa à Bulhão Pato é um dos pratos de mar icónicos do país e deve o nome ao poeta e gastrónomo Raimundo António de Bulhão Pato (1828-1921), mas tem sido questionado que a receita seja um legado seu. Tem sido antes atribuída ao chefe João da Matta, nome maior da cozinha lisboeta no séc. XIX e cozinheiro do Hotel Bragança, que terá juntado amêijoa, cebola, alho, coentros e vinho branco em homenagem ao escritor.

FRANCESINHA Prato emblemático da cidade do Porto, nasceu nos anos 50 e desde aí tomou-se famoso em Portugal. A hasP da francesinha é o pão com diversas carnes coberto por queijo e um molho cuja receita varia de restaurante para restaurante. Para quem visita o Porto, é obrigatório provar. E porque se chama "francesinha"? A autoria do prato é atribuída a Daniel David Silva, dono da cervejaria A Regateira, que tinhá trabalhado em França. Diz a história que queria replicar ofamoso croque-monsieur. O nome terá sido sugerido por Júlio Couto, técnico de contabilidade no Porto, depois de provar o prato. "Naquele momento baixou a minha maldade toda e comecei a pensar. isto era uma coisa picante, muito agradável... Porque não chamar-lhe francesinha?", contou numa entrevista em 2008.

COZIDO À PORTUGUESA Sem dúvida, o prato mais tradicional português. Dependendo da região, o cozido pode ser confecionado de diferentes maneiras, mas este é o prato com mais ingredientes tradicionais portugueses. É cozinhado em ocasiões especiais ou no almoço tradicional de domingo.

TRIPAS À MODA DO PORTO Outro prato tradicional do Porto. A sua origem remonta ao período dos Descobrimentos. É confecionado com vários tipos de carne, tripas e enchidos e servido com feijão branco. Com a iguaria nasceu a alcunha de "tripeiros", associada aos habitantes da Invicta. • QUEIJO DA SERRA Com denominação de origem controlada, este queijo português feito com leite de ovelha é uma das iguarias mais antigas do nosso país. Produzido na região da serra da Estrela, já esteve certamente na mesa de qualquer português e inclusive em muitas mesas reais.

SOPA DA PEDRA A par do caldo verde, a sopa da pedra é um sabor típico português. Reza a lenda que um frade fez a primeira sopa a partir de uma pedra misturada com vários ingredientes bem portugueses. Situada no Ribatejo, a cidade de Almeirim é considerada a capital da sopa da pedra.

OVOS-MOLES A sua origem remonta ao séc. XVI quando, no Convento de Jesus de Aveiro, terá sido confecionado pela primeira vez. Um doce bem típico da cidade de Aveiro com um princípio simples: hóstia recheada com doce de ovos. A iguaria é apresentada em formas alusivas ao mar.

CARACÓIS Costuma dizer-se que não há sol sem caracol. Com a chegada do verão chegam também os petiscos e os caracóis à portuguesa são, para muitos, indispensáveis numa tarde de sol. Seja numa esplanada à beira-mar ou no interior do país, os caracóis fazem parte do vero de um português. Terão sido os romanos o primeiro povo a começar a comer caracóis na península Ibérica.

VINHO DO PORTO Produzido exclusivamente através de uvas da Região Demarcada do Douro, o processo de fabrico é baseado na tradição das encostas vinhateiras. Em O Prazer do Vinho do Porto, João Paulo Martins lembra a história: a produção vitícola no Douro começa a crescer a partir do séc. XVIII, desde logo para exportação. A carência de vinho em Inglaterra gerou um boom e motivou a assinatura do tratado de Methuen entre os dois países: os vinhos portugueses passam a pagar menos taxas, dando Portugal primazia aos têxteis ingleses. Ainda assim, a primeira designação "Vinho do Porto" surge em 1675, escreve oautor, quando o diplomata Duarte Ribeiro de Macedo se referiu dessa forma a exportações para a Holanda.

VINHO DA MADEIRA Com mais de 500 anos de história, começou a ser produzido após a chegada dos primeiros colonizadores à ilha da Madeira. Este é um produto nacional que conta com muita história além--fronteiras: inclusive foi usado no famoso brinde à independência dos EUA, em 1776.

MOSCATEL Produzidos com castas de uvas moscatel, estes vinhos e

espumantes apresentam sempre características adocicadas. As duas regiões do país mais famosas pelo vinho moscatel são a região Douro e a península de Setúbal.

FAVAIOS Escondida algures no Douro, a aldeia de Favaios é local de produção de um dos vinhos moscatel com mais reputação no país. O Favaíto é engarrafado em garrafas individuais e é tradicionalmente ingerido antes e depois das refeições.

NOSSA SENHORA DE FÁTIMA Os relatos das aparições aos pastorinhos de Fátima em 1917 marcam a fé dos portugueses. Nossa Senhora do Rosário passou a ser representada como Nossa Senhora de Fátima. Em 2017, os pastorinhos Francisco e Jacinta Mario foram declarados santos, numa cerimónia de canonização presidida pelo Papa Francisco. São os mais jovens santos não mártires da história da Igreja Católica.

CORTIÇA Portugal é responsável por mais de 50% da produção mundial de cortiça, riqueza que

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zoom [email protected]

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Zoom // Dia de Portugal

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se deve Pssencialmente ao facto de o país possuir centenas de milhares de hectares de sobreiros. A cortiça é principalmente utilizada nas rolhas das garrafas, em vestuário, acessórios de moda ou em mobiliário até. A indústria das rolhas começou a desenvolver-se em Portugal no séc. XIX.

FILIGRANA Feita com fios muito finos, principalmente de ouro ou prata, a filigrana é um dos mais belos tipos de artesanato do nosso país. Utilizada desde a Antiguidade romana, está presente nos tradicionais trajes folclóricos do Minho. Os famosos corações de Viana de Castelo são exemplo disso.

CALÇADA PORTUGUESA De traço simples branco e preto, ou em formas desenhadas no chão, a calçada portuguesa é uma das atrações nacionais. Esta técnica de pavimentação dá asas à imaginação dos calceteiros, que trabalham o calcário de forma linear e em padrões. As primeiras ruas pavimentadas surgiram por édito de D. João II e D. Manuel, mas a paternidade da calçada portuguesa é atribuída ao governador de armas do Castelo de S. Jorge, o tenente--general Eusébio Furtado, que teve a ideia de usar pedras irregulares. Na altura, o Castelo de São Jorge era usado como prisão e os reclusos foram mobilizados para a pavimentação.

ENGRAXADORES Em tempos havia um engraxador em cada canto mas, ao longo do tempo, a

profissão que se tomou parte da memória coletiva também em Portugal tem caído em desuso. Antes, ter os sapatos engraxados representava luxo mas, hoje em dia, as pessoas deixaram de recorrer a profissionais desta "arte" e cada vez é mais difícil encontrar um engraxador nas ruas.

GUITARRA PORTUGUESA Existem três tipos de guitarra portuguesa: a de Lisboa, a do Porto e a de Coimbra, todas elas com diferentes maneiras de produção. Este instrumento está inevitavelmente ligado à história do fado português. O som produzido pelas suas cordas é inconfundível em qualquer parte do mundo.

CAVALO LUSITANO É o cavalo de sela mais antigo do mundo e tem origem portuguesa. O cavalo puro--sangue lusitano é conhecido por ser um animal exímio na arte equestre um pouco por todo o mundo.

AZULEJO PORTUGUÊS São várias as superfícies de interior e exterior que utilizam o azulejo com figuras desenhadas em azul como decoração. Herança árabe, o registo criativo e artístico do azulejo português tornou-o um caso especial. A produção de azulejo no país inicia-se no séc. XVI e, no séc. XIX, passa a ser utilizado nas fachadas.

ZÉ POVINHO Criada por Rafael Bordallo

Pinheiro, o Zé Povinho é a representação mais famosa do povo português. A caricatura foi publicada pela primeira vez no seu jornal humorístico Lanterna Mágica a 12 de junho de 1875, véspera de Santo António. O retrato permanece atual: mostra o então ministro da Fazenda a cobrar três tostões "p'rá obra" do Santo António, que é encarnado por Fontes Pereira de Melo, presidente do conselho de ministros. O Zé Povinho protestaria, inutilmente, contra impostos, injustiças e corrupção, tornando-se icónico o seu manguito. É uma das muitas imagens criadas pelo caricaturista e ceramista português, que nasceu em 1846 e deu vida à cerâmica das Caldas da Rainha.

FADO Acompanhado pela guitarra portuguesa, o fado é um símbolo da música nacional e em 2011 foi elevado à categoria de Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Cantado nas tabernas e nos bairros populares de Lisboa, Coimbra e além-fronteiras, o fado é considerado parte da alma portuguesa.

SETE SAIAS DA NAZARÉ Há quem diga que representam as sete virtudes, os sete dias da semana ou até as sete cores do arco-íris, mas a verdade é gire as sete saias usadas pelas mulheres da Nazaré estão ligadas ao mar. As saias fazem parte da tradição nazarena, que é transmitida de geração em geração.

TOURADAS A história da tauromaquia em Portugal perde-se nos tempos, mas há registos desde o séc.

XIII. A tourada nem sempre tem sido tema consensual na sociedade portuguesa. O espetáculo chegou a ser proibido em 1836 por D. Maria II, mas apenas pôr nove meses.

CALÇADO O país tem uma enorme indústria de calçado de alta qualidade e exporta cerca de 71 milhões de pares de sapatos por ano. O epicentro deste setor figa no norte do país, em cidades como Santa Maria da Feira e Felgueiras. Os sapatos nacionais são inúmeras vezes reconhecidos no estrangeiro.

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CONSERVAS Associada à história do pescado, a indústria conserveira portuguesa tem vindo a ser revitalizada. Portugal enviou sardinhas em azeite para a Exposição de Paris em 1855 e a indústria -desenvolveu-se nas décadas seguintes. O país chegou a ter mais de 150 fábricas de conservas. Em 2010 havia cerca de 20 fábricas, com cerca de 60% da produção destinada à exportação.

PADEIRA DE ALJUBARROTA Brites de Almeida, é este o nome da figura que com a sua pá de padeira matou sete castelhanos durante a Batalha de Aljubarrota (1385). Graças ao seu ato heroico, foi eternizada como a "Valente Padeira de Aljubarrota" e é das personagens históricas mais presentes no imaginário dos portugueses.

VASCO DA GAMA Talvez o maior navegador e explorador português, Vasco da Gama destacou-se na era dos Descobrimentos. Impulsionado pelo Infante D. Henrique. o navegador português partiu numa caravela e rumou à índia. Foi a viagem oceânica mais longa da época e foi Vasco da Gama que eternizou a descoberta do caminho marítimo para a Índia.

D. AFONSO HENRIQUES D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal. Primeiro defronta a mãe; depois, com a vitória na Batalha de Ourique frente aos mouros, em 1139, afirma-se como rei de Portugal. O título e a independência do país seriam reconhecidos a 5 de outubro de 1143, com o Tratado de Zamora.

EUSÉBIO Rumando a uma história mais recente, Eusébio da Silva Ferreira é considerado mundialmente como um dos melhores futebolistas de sempre. Natural de Moçambique, Eusébio representou a seleção nacional de futebol ao mais alto nível. Continua a ser uma das figuras nacionais mais acarinhadas pelos portugueses.

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AMÁLIA RODRIGUES A aclamada Voz de Portugal foi uma das artistas mais brilhantes e amadas pelo público. Levou o fado ao mundo e tornou-se

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embaixadora do país. Cantou pela primeira vez em público na escola, mas foi em 1935, com 15 anos, que se estreou como solista, cantando a marcha do bairro de Alcântara nos Santos Populares.

FERNANDO PESSOA Foi um dos principais poetas nacionais e figura importante do modernismo. Seja com assinatura própria ou através dos seus heterónimos, deixou uma vasta obra. O número de pessoas que cabiam no génio do lisboeta nascido a 13 de junho de 1888 não é um tema fechado. Teresa Rita Lopes, destacada pessoana, identificou 72 nomes, entre personalidades literárias, heterónimos e semi--heterónimos.

CRISTIANO RONALDO Para além de conquistas em todas as equipas por que passou, o capitão da seleção nacional já foi considerado o melhor jogador do mundo de futebol por cinco vezes. Ronaldo conduziu a seleção das quinas à conquista do Europeu de 2016 e já ganhou títulos nos quatros países por onde passou. Nasceu no Funchal a 5 de fevereiro de 1985 e começou a jogar com oito anos no Clube de Futebol Andorinha. A rapidez valeu-lhe a alcunha de "abelhinha".

LUÍS VAZ DE CAMÕES Eternizou os feitos marítimos portugueses na obra "Os Lusíadas", de 1572.0 poeta é considerado o representante máximo do classicismo português. A pala no seu olho direito, que perdeu numa batalha em Ceuta, faz parte da sua imagem. Morreu a 10 de junho de 1580, data evocada com um feriado municipal em

Lisboa na I República, em 1911, ainda antes de se tomar oficialmente o Dia de Portugal.

EÇA DE QUEIROZ Autor de vários romances como O Crime do Padre Amaro ou Os Maias, foi o único romancista português com fama internacional no séc. XIX. Nascido na Póvoa de Varzim, Eça de Queiroz é, para muitos, o melhor romancista realista português. O humor e crítica social mordaz são as suas imagens de marca.

TORRE DOS CLÉRIGOS Considerada Monumento Nacional desde 1910, a Torre dos Clérigos é uma das principais atrações turísticas do Porto. Com mais de 75 metros de altura, é possível subir ao topo, com vista privilegiada sobre a Cidade Invicta. A igreja começou a ser construída em 1732.

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BOM JESUS DE BRAGA O santuário católico tem uma escadaria com cerca de 116 metros de desnível que recebe muitos turistas e serviu de inspiração a outros santuários. O culto no local terá começado no séc. XIV, mas foi em 1629 que surgiu a confraria do Bom Jesus do Monte.

CASTELO DE GUIMARÃES Não pode deixar de ser associado à fundação do Condado Portucalense e às lutas pela independência de Portugal. Localizado na Cidade Berço, onde nasceu D. Afonso

Heniiques, foi considerado uma das sete maravilhas de Portugal em 2007.

PONTE 25 DE ABRIL Liga Lisboa a Almada e foi inaugurada em 1966, sendo das principais obras do Estado Novo. Apesar de o nome ser Ponte Sobre o Tejo, era chamada Ponte Salazar e foi rebatizada depois de Abril. A ideia de ligar as duas margens tinha surgido 80 anos antes e o projeto inspirou-se na Golden Gate, nos EUA.

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MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS Classificado pela UNESCO como Património Cultural de toda a Humanidade, é o expoente da arquitetura manuelina. Está ligado aos Descobrimentos: foi mandado erigir por D. Manuel I, em memória do Infante D. Henrique. Começou a ser construído em 1501 e a obra demorou quase um século. Deve o nome à Ordem de São Jerónimo, que o ocupou até 1833. Uma das vocações dos monges era a assistência espiritual aos navegadores.

MOLICEIROS Originalmente utilizados para a apanha do moliço, planta usada na fertilização dos terrenos agrícolas, hoje são o cartão-de-visita da cidade de Aveiro e ajudam a compor o postal da Veneza Portuguesa.

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BICA "Beba Isto Com Açúcar". Foi o

acrónimo desta frase que deu origem à expressão usada sobretudo em Lisboa para pedir um café. Diz-se que surgiu no café A Brasileira: ao aperceberem-se de que as pessoas não gostavam de café simples, colocaram um cartaz na rua que dizia: "Beba Isto Com Açúcar". No Porto, a tradição é dizer cimbalino, uma alusão à máquina La Cimbali. Já se o genuíno é curto, cheio, em chávena fria ou a escaldar, fica ao gosto do freguês.

FARINHA AMPARO Tornou-se parte das expressões populares: quem não conhece alguém a quem a carta tenha "saído" na Farinha Amparo? Não consta que fossem tão longe, mas a marca foi registada em 1943 e os seus brindes eram uma atração. Bonecos e dominós eram alguns dos brinquedos que faziam as delícias das crianças.

SAUDADE A palavra, que vem do latim "solitatem" (solidão), é das mais usadas na poesia e música portuguesa. Prova de que é bem portuguesa é a dificuldade dos nativos de outras línguas para traduzi-Ia ou até mesmo atribuir-lhe um significado.

CRUZ DE CRISTO Presente em vários monumentos e nas naus dos Descobrimentos, é o símbolo da Ordem de Cristo, que em Portugal sucedeu aos Templários, que o Papa Clemente V mandou extinguir no séc. XIV.

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HERÓIS DO MAR "Heróis do mar, nobre povo"... A Portuguesa tem letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil. A canção surge como manifesto patriótico contra o ultimato britânico de 1890, a que o Governo monárquico cedeu, deixando cair o mapa cor-de-rosa com que pretendia soberania sobre os territórios entre Angola e Moçambique. O símbolo da contestação seria consagrado hino nacional a 19 de junho de 1911, após a instauração da República.

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AZEITE O cultivo da oliveira ganha expressão nos sécs. XV e XVI. Em O Olival em Portugal, o investigador Pedro Reis relata que, apesar da tradição, até finais do séc. XIX, o azeite nacional era de uma qualidade deplorável. A valorização do produto chega em 1850, pela mão do escritor Alexandre Herculano, que se dedica à agricultura. O Azeite Herculano vence prémios lá fora. Em 1919, Victor Guedes regista o Azeite Gallo,'referência nacional e uma das maiores marcas a nível mundial.

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EGAS MONIZ Foi o primeiro Nobel português. Pai da controversa leucotomia pré-frontal para tratar doentes com psicoses, Egas Moniz recebe o galardão da medicina em 1949. As operações arrancam em 1935 no Hospital de Santa Marta, com doentes do Miguel Bombarda. Seria preciso quase meio século para um português repetir a proeza: José Saramago foi laureado com o Nobel da Literatura em 1998, "pelas suas parábolas sustentadas pela imaginação, compaixão e ironia".

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Zoom // 10 de Junho

DIA DE CAMÕES / DIA

01 À chegada à Guarda, o casal Eanes cumprimentou 16 casais de emigrantes de vários pontos do mundo

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02 Capa da edição de segun-

da-feira, 13 de junho de 1977, do Diário de Noticias

03 O vespertino Diário Popular dedicou um suplemento de 16 páginas ao primeiro 10 de Junho pós-25 de Abril. As reportagens foram assi-

nadas pelos jornalistas Baptista-Bastos, Rocha Pato e José Antunes

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04 Foram várias as curiosida-

des ocorridas durante as cerimónias do 10 de Junho de 1977 que foram retrata-

das pelo Diário Popular

05 O Presidente da República Ramalho Eanes foi recebi-

do com entusiasmo pela. população

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?presentacio de algumas das mais

importantes comunidades portuguesas no estrangeiro, estiveram quando eram saudados pelo casal Earl(

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MF ÕES EM MACAU

O primeiro 10 de Junho depois de Abril

Há mais de 130 anos que o país assinala a data da morte

de Camões. Mas só em 1977 os festejos do 10 de Junho passaram a ter os

contornos de hoje. Nesse ano, a Guarda, distrito de

origem da maioria dos emigrantes, foi o palco

escolhido pelo então Presidente da República,

Ramalho Eanes, para celebrar o Dia de Portugal. Foi recebido em apoteose.

ANA PETRONILHO [email protected]

O 10 de Junho é assinalado há mais de 130 anos, desde 1880, ano em que o Rei D. Luís t assinou um decreto das Cortes Reais para que se celebrassem os 300 anos da data apontada pelos historiado-res para a morte do poeta Luís de Camões. Mas só em 1977 as cerimónias ganharam os contornos que hoje existem, passan-do a correr o país. Pelo meio, 010 de Junho - hoje classifi-

cado como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades - foi assinalado como Dia de Camões e como Dia da Raça, e duran-

te alguns anos, os que se seguiram à Revo-lução de Abril, as cerimónias oficiais che-garam a estar interrompidas. Por causa da forte associação do feriado à ditadura - que classificou o dia como Dia da Raça -, durante três anos, entre 1974 e 1977, as celebrações foram apenas pontuais.

1977, NA GUARDA Numa altura em que se vivia alguma conturbação política e em que as palavras emigrante ou saudade faziam parte do dia-a-dia dos portugue-ses, a cidade da Guarda foi escolhida para ser o palco das primeiras cerimónias do 10 de Junho pós-25 de Abril.

Entre os cerca de 1,5 milhões de emi-

grantes, a Guarda era o distrito de origem da maioria dos portugueses que, anos antes, tinham decidido ir além-fronteiras à procura de trabalho. Era também ali que se encontrava uma grande concentração de retornados, escreveu na altura o Diá-rio Popular. E terá sido sobretudo esta a razão que levou o então Presidente da República, Ramalho Eanes, acompanha-do pela mulher, Manuela Eanes, a decidir assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades na Guarda.

Nas cerimónias marcaram ainda pre-sença o então primeiro-ministro Mário Soares, que liderava o t Governo Constitu-cional e que, segundo o Diário Popular, foi recebido com um coro de assobios, ouvin-do-se gritar "vai-te embora". Entre 1910 e 1911, o pai de Mário Soares tinha sido gover-nador civil do distrito, havendo algumas ligações da família à cidade da Guarda, o que não impediu que a população mani-festasse o seu descontentamento.

A receção de Soares, cuja figura nem sem-pre era reconhecida pela população, escre-veu o jornal, contrastou com a de Rama-lho Eanes, que o vespertino descreveu como tendo sido acolhido com "espontânea sim-patia". Foram milhares de pessoas que se deslocaram às ruas da Guarda a agitar ban-deiras. Era o dia "mais representativo des-tas comemorações, pois que se aguarda-

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vam os elementos -de todo o Governo e outras autoridades representativas do Poder; em que todo o povo de todo o distrito-espe-cialmente o povo trabalhador, e por conse-quência o mais humilde, se havia de deslo-car à cidade para ver na pessoa do Presi-dente da República o homem em quem confiam e os retirará do esquecimento de meio século a que foram votados", retra-tou o jornalista do Diário Popular:

Gambiente de apoteose foi tal que levou mesmo à queda das grades metálicas que

se encontravam em frente do edificio da câmara municipal, enquanto o Presiden-te da República e a primeira-dama se encontravam dentro das instalações- epi-sódio-simbólico que Eanes associou a um "desbloqueamento" e a um abrir de "por-tas ao povo que quebrou as grades que existiam entre o povo e o Poder".

CONSELHO DA REVOLUÇÃO NAS CERIMÔ-NIAS A sessão solene decorreu no Liceu da Guarda e as cerimónias foram orga-

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nizadas por uma comissão presidida pelo conselheira da revolução major Vítor Alves, a quem coube controlar as festividades. Vítor Alves aproveitou ain-da para ler, na presença do Governo e do Presidente.da República, uma men-sagem do Conselho da Revolução que frisava: "Temos de ser fiéis ao 25 de Abril".

Da equipa do Governo em'funções à data marcaram presença os ministros da Administração Interna, Manuel da Costa Brás, da Justiça, António de Almei-da Santos, ou o da Educação e Investi-gação Científica, Mário Sottomayor Car-dia. Integravam ainda a comitiva o minis-tro sem pasta Jorge Campinos, o secretário de Estado João de Lima, os governado-res civis de vários distritos e o então pre-sidente da Câmara da Guarda, Abílio Aleixo Curto. O autarca aproveitou a oca-sião para salientar que era uma honra para a Girarda receber a "mais ilustre embaixada" de que tinha "lembrança". não deixando de sublinhar que "o maior contingente de remessas dos emigran-tes" se encontrava "depositado nos ban-cos" da cidade.

Além dos governantes, também o escri-tor Jorge de Sena, que vivia há vários anos nos Estados Unidos, discursou durante a sessão solene.

Cidades que foram palco do 10 de Junho • 1977 - Guarda • 1978 - Portalegre • 1979 - Vila Real • 1980 - Leiria • 1981 - Funchal • 1982 - Figueira da Foz • 1983 - Lisboa • 1984 - Viseu • 1985 - Porto • 1986 - Évora • 1987 - Lisboa • 1988 - Covilhã • 1989 - Ponta Delgada • 1990 - Braga • 1991 - Tomar • 1992 - Lisboa • 1993 - Sintra • 1994 - Coimbra • 1995 - Porto • 1996 - Lagos • 1997 - Chaves • 1998 - Lisboa • 1999 - Aveiro • 2000 - Viseu • 2001 - Porto • 2002 - Beja • 2003 - Angra do Heroísmo • 2004 - Bragança • 2005 - Guimarães • 2006 - Porto • 2007 - Setúbal • 2008 - Víana do Castelo • 2009 - Santarém • 2010 - Faro • 2011 - Castelo Branco • 2012 - Lisboa • 2013 - Elvas • 2014 - Guarda • 2015 - Lamego o 2016 - Lisboa o 2017 - Porto o 2018 - Ponta Delgada • 2019 - Portalegre

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O Zoom // Comportamento

Portugueses. Mais otimistas, mas também desconfiados e cada vez mais ansiosos

Saudosistas, desenrascados... Os rótulos são muitos, mas como nos comportamos hoje? Que dizer do estado de espírito dos portugueses? O psiquiatra Júlio Machado Vaz e o sociólogo Elisio Estanque ajudam na reflexão.

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MARTA F. REIS marta. reis @ionline.pt

"Acha que no próximo ano a sua vida vai estar melhor, na mesma ou pior?" A per-gunta é feita aos portugueses nos inqué-ritos do Eurobarómetro desde 1996 e o gráfico que coloca as respostas em retros-petiva no site da Comissão Europeia mos-tra um autêntico ioiô nos últimos anos. Responde apenas uma amostra da popu-lação de cada país, mas serve de indica-dor. O pico do pessimismo salta à vista em 2012:50% dos portugueses achavam, naquele ano, que a vida ia piorar. Em 2018, já só 7% tinham essa opinião. E se a grande maioria antevia'que ia tudo continuar na mesma, 26% sentiam ven-tos de melhoria. O gráfico diz mais: des-de 2007 que os "otimistas" não eram uma fatia tão grande da população e é preci-so recuar ao final dos anos 90 para encon-trar um valor mais elevado.

Estamos mesmo mais otimistas? Irri-tantes ou cautelosos? E que mais se pode dizer do estado de espírito dos portugue-ses, indo além dos rótulos de invetera-dos saudosistas. hospitaleiros mas sotur-nos, povo preso à nostalgia do fado? O psiquiatra Júlio Machado Vaze o soció-logo Elísio Estanque concordam que há um sentimento de descompressão e alí-vio na sociedade portuguesa, mas há outras tendências à vista.

Uma tem estado em debate. A absten-ção nas últimas europeias registou um valor recorde de 69.3%. Mas os dados dos Eurobarómetros mostram que o senti-mento de afastamento das instituições políticas não é de agora. Os dados sobre a confiança no sistema político foram tratados recentemente num estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que concluiu que "a grande recessão de

2007-2014 gerou uma grave crise social e política nas democracias da Europa do Sul". Desemprego, aumento dos níveis de pobreza e desigualdades sociais foram acompanhadas de perda de confiança nos parlamentos nacionais e partidos, e os números falam por si. Em Portugal, entre o ano 2000 e 2015, a percentagem de portugueses que dizem ter tendência a confiar no Parlamento baixou de 41% para 29%. Na viragem do século, 18% diziam confiar nos partidos políticos e essa percentagem caiu para os 11%. Des-de 2015, a confiança nos partidos subiu para os 24% num Eurobarómetro feito em maio de 2017 e, desde então, tornou a cair —situou-se nos 17% na última son-dagem com esta pergunta, feita em 2018.

"SÃO TODOS IGUAIS" O psiquiatra Júlio Machado-Vaz admite que o fenómeno de crescente desconfiança em relação à classe política é algo que o tem estado a preocupar. "Cada vez oiço mais frases do género 'são todos iguais', o que tem efei-tos terríveis. A política é uma causa nobre, serve para gerir a cidade, a pólis. Quan-do passa a ser considerada um meio para enriquecer, seja por cunhas ou por cor-rupção, cria-se o terreno para o cresci-mento dos populismos", diz, sublinhan-do que a tendência para uma certa gene-ralização também resulta da forma como hoje vivemos, numa sociedade muito mediatizada e imediatista. "Os média são de tal maneira rápidos, há tanta infor-mação que as pessoas nem perdem tem-po a pensar sobre as questões, a tentar triar". Uni Eurobarómetro divulgado em março do ano passado sobre o tema emer-gente das fake ~5 revelou que um ter-ço dos portugueses inquiridos sentem que praticamente todos os dias se con-frontam com notícias e informação que

acreditam representar mal a realidade ou serem mesmo falsas. E 29% têm essa sensação pelo menos uma vez por sema-na. Apenas 12% se sentem muito confian-tes na sua capacidade de separar o tri-go do joio, e 44% relativamente confian-tes em triar o verdadeiro do falso — abaixo da média europeia.

Elísio Estanque, sociólogo e investiga-dor do Centro de Estudos Sociais da Uni-versidade de Coimbra, acrescenta outro ponto que, na sua opinião, tem contri-buído para alimentar a descrença nas instituições políticas, que tem muito a ver com os resultados da governação. "Urna das marcas mais visíveis em Por-tugal e nos países latinos é uma valori-zação muito grande do coletivo, da comu-nidade, do grupo, o que vai até ao papel da família e dos laços afetivos, que são encarados como tendo um efeito prote-tor, de almofada. Como não construímos até agora um Estado social que a popu-lação entenda corno eficaz, ou pelo menos não está estabilizado e consolidado, tal-vez esse seja um aspeto que ajude a ali-mentar a descrença nas instituições e no seu funcionamento."

Se a crise no início da década reforçou a ideia-de um certo papel protetor da

família, com muitos jovens que tiveram de regressar a casa dos pais para apoio financeiro, à medida que as estruturas familiares se alteram e até fruto de mudan-ças na estrutura etária da população haveria pressão para um Estado social mais robusto. O desencontro entre as expetativas e a resposta contribui para o afastamento.

Os Eurobarómetros também ajudam a perceber o ranking das preocupações: se, até 2017, o desemprego era o proble-ma do país que reunia mais consenso, no inquérito de 2018 destaca-se a infla-ção e o custo de vida, seguido então de desemprego, pensões e impostos.

DESCOMPRESSÃO, SIM, MAS NOVOS DESA-FIOS Para ambos, é evidente de qualquer forma um ambiente menos pesado do que durante os anos de recessão. "A cri-se foi duríssima, mas indiscutivelmen-te, neste momento, mesmo com greves a torto e direito e conflitos latentes, as pessoas vivem num regime de maior des-compressão", descreve Júlio Machado Vaz. Elísio Estanque concorda que exis-te um sentimento de alívio.

Ainda assim, sobressaem diferentes tendências no comportamento coletivo.

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Abstenção atingiu um valor recorde nas últimas eleições europeias e os portugueses demonstraram continuadamente baixa confiança no sistema político MIGUEL SILVA

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Júlio Machado Vaz lembra as discussões do tempo da troika que questionavam o que se iria aprender com a crise, se seria possível "um capitalismo mais inteligen-te, mais cauteloso". "Sempre achei que quando houvesse

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No último Eurobarómetro que

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portugueses di7iam confiar nos partidos

"Não construímos até agora um Estado

social que a população entenda como eficaz",

diz Elisio Estanque

exemplo, e parece ter sido imediato. Sou pessimista, acho que aprendemos pou-co. Mas, sendo justo, um dos fatores por que acho que as pessoas não aprende-ram é porque há hoje em dia uma men-talidade de que tudo isto é precário, o que existe hoje pode não existir amanhã. Oiço pessoas que se apercebem desses comportamentos mas estão com uma postura de 'que se dane, vamos viver o hoje, não vale a pena estar a fazer pre-visões e a poupar muito porque não se sabe o que aí vem'. Uns terão passado a ser mais cautelosos, outros não. O que em termos sociológicos joga bem com a sociedade em que vivemos, imediatista".

Elisio Estanque acredita que há mais cautela do ponto de vista financeiro, mas o engajamento cívico não é maior. "As pessoas talvez sejam menos eufóricas em relação ao consumo, o que não me parece muito mau. Tinham-nos conta-do uma história de que o Estado estaria sempre lá e que o desenvolvimento seria imparável. As pessoas acreditaram. Se calhar, hoje em dia, já desconfiam um pouco mais, são mais cautelosas".

Perante a economia a crescer e mais iniciativas empreendedoras, falta o sal-to de cidadania. "Temos um défice já

muito antigo de autonomia e de inicia-tiva subjetiva. O individualismo faz-se sentir no consumo, mas faz-se sentir pou-co do lado da cidadania. Nunca fomos uma sociedade muito proativa, também por esse peso cultural da família, que traz associada uma ideia de tutela e de patronagem". Juntam-se a ausência de uma cultura de meritocracia, em que muitas vezes os self-made men são figu-ras encaradas com desconfiança ou inve-ja. "Depois de um período de intensas dificuldades e grandes frustrações, pare-ce haver um sentimento de alívio, uma respiração mais saudável. Junto das camadas mais jovens parece haver hoje mais empreendedorismo, mais iniciati-va, entusiasmo. O grande problema do ponto de vista sociológico, e do meu pon-to de vista, é que esse dinamismo se orien-ta muito por uma perspetiva de merca-do e pouco por uma perspetiva política, no sentido de pensar no interesse comum".

E, aqui, talvez a causa ecológica possa servir de catalisador para um posiciona-mento diferente dos mais novos, acredi-ta o sociólogo. Para isso seria importan-te o trabalho de promoção de cidadania começar a ser feito desde mais cedo nas escolas. "Faz falta um investimento. Hoje

vemos os jovens chegarem aos 17, 18 anos sem terem uma base consistente para perceber o seu papel no mundo e na sociedade, em termos de obrigações perante o coletivo".

VIVER À BASE DE COMPRIMIDOS Voltan-do aos gráficos dos Eurobarómetros, des-de 1985 que os portugueses respondem à pergunta: "No geral, está muito satis-feito, razoavelmente satisfeito, não mui-to satisfeito ou nada satisfeito com a vida que leva?"

Os muitos satisfeitos foram sempre poucos, na casa dos 5%, tirando uma per-centagem recorde de 15% em 1995. Mas a regra era haver mais satisfeitos do que insatisfeitos, tendência que só se inver-te em 2013, quando apenas 31% dos por-tugueses inquiridos se diziam razoavel-mente satisfeitos com a sua vida - um mínimo histórico. Os insatisfeitos subi-ram para os 43%.

Desde então parece haver melhorias no estado de espírito: no último inqué-rito com esta'questão, em 2017, houve mesmo um recorde, com 66% dos inqui-ridos a afirmarem-se razoavelmente satis-feitos. Estará tudo assim tão bem?

Ainda nas análises pós-crise, uma atua-lização do estudo epidemiológico sobre a saúde mental em Portugal, no ámbito do projeto Crisis Impact, concluiu que a incidência de perturbações psiquiátri-cas passou de cerca de um quinto da população em 2008 (19,8%) para perto de um terço em 2015 (31,2%)

Júlio Machado Vaz faz a mesma leitu-ra, notando um aumento dos casos de ansiedade e depressão em consulta. E se a crise contribuiu para deteriorar a saú-de e bem-estar mental dos portugueses,

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o psiquiatra acredita que há mudanças mais profundas no estilo de vida que estão a ter consequências na qualidade de vida, do stresse à relação obsessiva com a tecnologia. "De uma forma sim-plista, nunca vi tanta gente a funcionar a pastilhas como hoje em dia. Pergunta-mos: 'Está a fazer alguma medicação?' A pessoa diz que não, mas daí a um boca-do está a dizer que toma alguma coisa para dormir ou para se acalmar. Já nem oconsideram medicação, é qualquer coi-sa que não passa pela cabeça deixar por-que, sem aquilo, não se funciona".

Portugal tem um dos maiores consu-mos de ansiolíticos a nível europeu. Em 2018, o número de embalagens baixou mas foram vendidas 10 475 832 embala-gens de ansiolíticos, hipnóticos e sedati-vos. E a venda de antidepressivos tem estado a aumentar. "É um quadro com-plicado e ternos de dar a mão à palma-tória quando tendemos a medicar a tris-teza quando o que tem de ser tratado é a depressão. Há uma baixa tolerância à frustração, à tristeza, a tudo o que seja desagradável. Temos a mão fácil para prescrever e, ao mesmo tempo, as pes-soas também vêm à espera da pastilha milagrosa que lhes devolva o bem-estar".

As mudanças nas relações de intimi-dade, com conflitos exacerbados por uma relação impulsiva com a tecnologia, são outra tendência visível no consultório. "Neste momento estou soterrado em tele-móveis que me são postos à frente para eu ler o que se encontrou no telefone do parceiro ou parceira ou ver fotografias. E há um fenómeno curioso em termos psicológicos: algumas destas pessoas, e lá está de novo o imediatismo, dizem--me: 'Seria incapaz de abrir uma carta que não fosse para mim, mas estar ele ou ela no banho e saltar uma mensagem no telemóvel, não resisto- . Pode dizer--se que estamos mais desconfiados? Júlio Machado Vaz vai mais longe: "Vivemos numa sociedade completamente para-abica. Oiço pessoas que me dizem: 'Não resisti e fui ver as mensagens do teimá-vel do meu companheiro ou da minha companheira e não há nenhuma men-sagem, é porque apagou tudo'. A primei-ra vez que ouvi isto fiquei estarrecido. Se não é o velho preso por ter cão c por não ter, anda perto. Basta uma pessoa apagar mensagens para ser motivo de desconfiança". E os extremos da descon-fiança e da paranoia, aliados ao poten-cial da tecnologia, são perigosos, avisa, lembrando o caso recente da mulher que se suicidou depois de os colegas terem tido acesso a vídeos íntimos gravados com ex-companheiros. "Os ajustes de contas passam a ter outra dimensão. São situações que seriam impensáveis, e aí entra mais uma vez o imediatismo. Bas-ta um clique. De repente estamos furio-sos, tristes ou humilhados e aquilo sai".

SEXO? SIM, DIZEM OS MAIS VELHOS. MENOS, PENSAM OS MAIS NOVOS No campo da intimidade, Júlio Machado' Vaz nota outras mudanças de comportamento que começam a emergir com mais frequên-cia em consulta. A perspetiva das gera-ções mais novas em relação ao sexo, que

tem sido objeto de diferentes análises nos últimos meses, são uma delas. Vários estudos têm apontado que a "geração millennial" tem menos relações sexuais c menos parceiros. Uma sondagem fei-ta no ano passado no Reino Unido pela ONG Relate revelou que 25% dos casais na casa dos 30 anos fazem sexo menos de dez vezes por ano. Júlio Machado Vaz sublinha que o stresse e a falta de tem-po têm sido os fatores mais apontados, mas não serão os únicos. "Vivem a uma velocidade que torna tudo muito difícil. Noutro dia li um artigo que dizia 'agora temos de programar as espontaneida-de'. É o que oiço no dia-a-dia. 'Sabemos que o sexo é ao sábado à noite porque domingo conseguimos dormir mais um bocadinho, nos outros dias é complica-do'. Mas não é a única razão. Nos mais novos já encontro aquilo que vem des-crito nos trabalhos americanos e ingle-ses, que é a malta dizer que curte mui-to mais .a tecnologia e o que pode fazer com ela do. que o sexo", diz o psiquiatra. 'Tenho 69 anos. Se. quando tinha 20 anos, dissessem à minha geração que há coi-sas que nos dão mais gozo do que o sexo - que, aliás, nós não tínhamos mas fan-

tasiávamos -, a malta diria: 'Mais prazer do que o sexo? Quem é este maluco?' Mas hoje oiço gente que me diz: 'Estou muito melhor calmamente a navegar na net ou a ver pornografia'. E há também um recuo perante o compromisso. No

Japão, até há agências que alugam um namorado ou namorada para levar aos pais que não perderam a esperança de ter netinhos. Outra questão, que é o medo: com todos os relatos de abusos sexuais c violência, sobretudo as mulheres mani-festam mais o medo de se envolver".

Em contrapartida, as gerações mais velhas deixaram de se ver como "asse-xuadas", diz o psiquiatra, contestando que por vezes continue a ser transmiti-da a ideia errada de que só os jovens têm comportamentos de risco quando tanto a infeção por VIM como as doenças sexual-mente transmissíveis têm afetado mais a faixa etária acima dos 50. "Os mais velhos eram vistos como assexuados e hoje tenho pessoas a divorciarem-se com 70 anos porque se apaixonaram e que-rem ter ainda uns anos de felicidade". Ao mesmo tempo mantêm-se outras for-mas de discriminação em função da ida-de. com o aparecimento de unia nova

De acordo com um Eurobarómetro feito em

2018, inflação e custo de vida, desemprego,

pensões e impostos são os problemas mais

consensuais em Portugal RI( ARDO CA, IT1 O

• Problemas de saúde mental aumentaram

com a crise. Em 2015 afetavam 31.2%

.da população, contra 19,8% em 2008

"Nunca vi tanta gente a funcionara pastilhas

como hoje em dia", diz o psiquiatra

Júlio Machado Vaz

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VIVER EM PORTUGAL. QUAL O NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS PORTUGUESES ?

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QUAL O NÍVEL DE CONFIANÇA QUE OS PORTUGUESES POSSUEM NOS PARTIDOS POLÍTICOS?

77% TENDO A NÃO CONFIAR •

18% TENDO A CONFIAR •

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

QUAIS AS EXPECTATIVAS DOS PORTUGUESES PARA O PRÓXIMO ANO, E O DIA-A-DIA EM GERAL: SERÁ MELHOR, PIOR OU O MESMO?

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forma de analfabetismo, tecnológico, que agrava nalguns casos o fosso entre gera-ções. "Antigamente, a experiência de vida dos mais velhos era valorizada, e hoje não é. É muito raro alguém dizer: 'Fui aconselhar-me com o meu avô'. Os velhos são considerados fora de moda".

A SINA DE SER DESENRASCADO Vidas cada vez mais aceleradas, stresse, burnout, ligados, digital... O que marca hoje o com-portamento coletivo dos portugueses não será muito diferente do que acontece um pouco por todo o mundo ocidental. "Vários autores sublinham que, decorrente da relação com a tecnologia, temos um pen-samento mais superficial, mais entre-cortado", exemplifica Júlio Machado Vaz. "Mesmo o discurso desta sociedade, a maior parte das vezes não é para que as pessoas pensem como diminuir o stres-se, mas sim métodos para gerir o stres-se. Não é para diminuir, é para aguen-tar. Em primeiro lugar, devíamos tentar diminuir". Exemplos de como o contro-lo é reduzido não faltam. "Uma pessoa que me diz que faz a viagem Porto/Lis-boa de carro e para a meio da viagem numa bomba de gasolina não para meter

gasolina ou beber café, mas para ver emails. Ao menos, parou. Chega à con-sulta e pergunta: 'Eram duas horas e meia de viagem, não estava a espera de nada urgente, porque é que parei?' A questão é muito esta, estamos num ponto em que não agimos, reagimos. Noto isto cm mim. Estou a trabalhar ao computador e de dez em dez minutos vou ao teiemóvel ver se tenho emails. E isto não tem a ver com crise nenhuma financeira. Já acontecia antes e aconte-ce cada vez mais. Temos o telefone des-ligado e, quando ligamos, temos logo pes-soas a perguntar o que aconteceu. Na minha casa em Cantelães, não tenho rede. Há amigos meus que só falta faze-rem crises de pânico".

Se estas dificilmente serão marcas exclusivas portuguesas, há alguma iro-nia: ser desenrascado, urna das imagens de marca lusas, pode não ser um bom auxílio face a tempos "estranhos", diz o psiquiatra. "Somos mesmo desenrasca-dos. Estive emigrado e isso vê-se, desde logo na facilidade que temos para as lín-guas. Mas o desenrascar, em certos aspe-tos, desmotiva as pessoas de pensar no que podem fazer para mudar".

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1996 97 98 99 2000 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 2018

QUAIS SÃO OS PROBLEMAS MAIS IMPORTANTES EM PORTUGAL NO MOMENTO?

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FONTE: COMISSÃO EUROPEIA

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DIA DE 44#

ORTUGAL O PAÍS DOS BAIXINHOS AFUNDOU OS

— PAÍSES BAIXOS E VENCE A PRIMEIRA # EDIÇÃO DA LIGA DAS NAÇÕES

// PÁGS. 42-43

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Lei de Bases da Saúde. BE lança solução para superar "bloqueio que o PS criou" // PÁGS. 2-3

MP pede a deputado do PSD a devolução de um milhão ao Estado // PÁGS. 4-5

Madonna. Basílio Horta admite ter sofrido pressões "ao mais alto nível" // PÁG. 7

1,20 E // Segunda-feira, 10 junho 2019 // Ano 10 // Diário // Ninem 2971 // Diretor: Mário Rarnires // Dir. exec.: Vítor Rainho// Dir. exec. acfitrito: José Cabrita Saraivai/ Subdir. exec.: Marta F. Reis // Dir. de arte: Francisco Alves

Do galo ao manguito O Zé Povinho nasceu numa véspera de Santo António e já a pagar "impostos". Conheça a história de 60 símbolos nacionais "Nunca vi tanta gente a funcionar a pastilhas como hoje", diz Júlio Machado Vaz

A.4

O psiquiatra e o sociólogo Elisio Estanque refletem sobre o estado de espírito dos portugueses. Apenas 17% dizem confiar nos partidos

Telemóveis à mão de semear alimentam desconfiança nos casais. Os mais velhos ligam mais ao sexo. E os mais novos, menos II PÁGS. 12-23

LUÍS MOURÃO (1960-2019) A DESPEDIDA DE UM DOS MAIORES ENSAÍSTAS PORTUGUESES Gonçalo M. Tavares ao i: "O Luís deu-me muito mais do que eu lhe dei" PÁGS. 34-37