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O objetivo deste trabalho é analisar a retórica que buscou legitimar a ocupação do território

Cisplatino entre os anos de 1825 e 1828. Neste sentido, será utilizada a imprensa das duas

regiões envolvidas na disputa pela Banda Oriental, a saber: As Províncias Unidas do Rio da

Prata e o Brasil.

Com isso, pretende-se vislumbrar o processo de construção territorial do Uruguai para além

da assinatura de seu Tratado de Limites, em 1851, buscando identificar a relação entre a

emergência de diferentes soberanias na região e a delimitação do espaço geográfico.

Palavra Chave: Guerra Cisplatina, Uruguai, Rio da Prata

The aim of this article is to present a research on the retoric that somehow objects to

legitimate the occupation of the Cisplatino terrytory between the years 1825-1828.

For such we will take hand of those two involved region press ontheir Banda Oriental

acquisition affair, the so called Provincias Unidas do Rio da Prata and Brazil.

Our final goal is to take a deep look over the Uruguay's territorial construction process to far

beyond it's border treaties in 1851, toward to identify a relationship between the rising of the

different political leardership all over that region, and the border designing for that

geographical space.

Key-Words: Cisplatina War, Uruguay, Rio da Prata

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Os dois lados da Banda: a construção territorial uruguaia

Roberta Teixeira Gonçalves*

A construção do Estado Uruguaio, em 1828, não significou a definição do seu espaço territorial, que

se arrastou até 1851, quando finalmente é estabelecido um acordo entre Uruguai e Brasil fixando os

limites do país.

O objetivo deste trabalho, porém, não é pensar a construção do território uruguaio a partir do

Tratado de Limites de 18511, mas associar a formação territorial ao processo de construção de uma

soberania uruguaia. O início de tal processo, que não será discutido neste artigo, pode ser datado

ainda em 18122, tendo em vista a ação do exército de Artigas. Já sua consolidação parece se delinear

em 1828, com o fim da Guerra Cisplatina.

Contudo, esta análise se deterá apenas ao discurso empreendido pela imprensa no período da Guerra

Cisplatina, por considerar o conflito bélico um ponto privilegiado para o entendimento dos

diferentes interesses em jogo na região. Neste sentido, pretende-se vislumbrar a formação do espaço

territorial uruguaio a partir das disputas pela sua posse, presente na retórica3 de legitimação da

ocupação oriental, tanto pelo governo das Províncias Unidas do Rio da Prata, quanto pelo Império

brasileiro, do qual fizeram uso os periódicos de ambos.

Na região hispano-americana, a limitação do território esteve sempre ligada ao esforço de

legitimação e construção nacional, que se coadunam com a necessidade de fabricar novos laços

culturais em substituição aos referenciais antigos, que muitas vezes foram rechaçados e em outras

incorporados ao novo universo de significações retificado pela elite dirigente, como ressalta

Magnoli.

A elaboração de uma 'pátria imaginária' precedeu a consolidação da independência. A

geografia funcionava como instrumento para o deslocamento do conteúdo da noção de

pátria, que entre os criollos já não se associava à Espanha mas à Nova Granada. Os limites

administrativos coloniais eram reinterpretados, servindo para configurar uma coletividade

social e política e forjar uma identidade nacional. O catecismo patriótico tinha uma nítida *Mestranda da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, bolsista Cnpq.1O Tratado de Limites entre Brasil e Uruguai foi celebrado em 12 de outubro de 1851. O reconhecimento das fronteiras deu-se a partir do direito ao uso e posse, utis possidetis, pelos plenipotenciários brasileiros, Marquês de Paraná e Visconde de Abaeté, e pelo ministro oriental, D. Andres Lamas. 2A escolha do ano 1812, neste trabalho, como marco do início da formação de uma soberania uruguaia, que vai responder pelos seus contornos espaciais, deve-se ao fato de ter sido neste ano que José Gervasio Artigas, às margens do Rio Uruguai, instalou seu quartel general e rompeu definitivamente com as Províncias Unidas do Rio da Prata, além de ratificar a separação em relação à Espanha. O que não quer dizer que a soberania uruguaia foi forjada em oposição à antiga metrópole ou à República vizinha, na verdade ela dialogou de alguma forma com ambas. Assim, o que se pretende indicar aqui é a importância das lutas internas, desencadeadas com a ocupação de Artigas, na formação da identificação oriental e na ampliação de seu território.3A termo retórica, utilizado por esse trabalho, pode ser definido como um modo de dizer que pretende não só convencer, mas persuadir, com a intenção de levar à ação. Neste sentido, a análise dos diferentes discursos empreendidos pela imprensa do período não visa apontar um discurso verdadeiro, em prejuízo de outro, que se fundaria na mentira, ao contrário, o que se deseja é entender como os dois lados que disputam a região Cisplatina constroem um aparato lingüístico que legitime sua ação bélica.

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referência territorial.(MAGNOLI, 1997: 39).

Nessa criação dos novos laços a questão territorial desempenhou um valioso papel, pois, os embates

em torno das questões de fronteira delinearam, muitas vezes, o relacionamento dos países platinos.

A cultura de fronteira marcou os espaços e as disputas nesse período de formação dos Estados,

aproximando ou separando os projetos nacionais.4

Numa análise sobre a delimitação de um dado território5, outro elemento norteador deve ser o

universo simbólico presente durante a sua formação, já que este pode ser apreendido como

resultado da apropriação produzida pelo imaginário social em relação ao espaço6.

Neste sentido, o Brasil desempenhou um papel central na formação dos países platinos tendo em

vista sua grande influência nessa região e sua efetiva interferência, que muitas vezes foi legitimada

por uma retórica de fundo geográfico.

Mas é a formação de diferentes soberanias,7 as quais se multiplicam na Banda Oriental durante o

longo processo de guerra, que vai dar coerência aos contornos espaciais. Essas soberanias são

reflexos da produção de uma sociabilidade combatente, no âmbito citadino, que algumas vezes

comportam unidades maiores, mas que, invariavelmente, apontam para projetos de unidades

políticas autônomas, expressas em formas confederadas.

Destas diferentes células políticas emergem lideranças regionais8, que para sobreviverem precisam

forjar uma identificação plausível a todos, isto é, capaz de legitimar soberanias grupais e dar

subsídios para modelos unificadores.

A formação, já na segunda metade de século XIX, dos Estados Nacionais hispano-americanos acaba

apresentando uma correspondência entre o espaço geográfico e o espaço de atuação de soberanias

forjadas durantes as guerras de independência. Entre o início da guerra civil nas ex-colônias

espanholas e o estabelecimento das fronteiras estatais foi um conturbado percurso, com avanços e

retrocessos, em que o próprio conflito bélico acabou por bordar uma coerência, em meio ao caos,

política, social e geográfica.

4Sobre a conturbada questão das fronteiras entre Uruguai e Brasil ver: (LEITMAN, 1979). No seu capítulo “Terras de Fronteira” o autor demonstra a instabilidade e os interesses que se conjugam nessa fronteira, bem como as construções políticas forjadas.5Para Claude Raffestin “O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente [...] o ator “territorializa” o espaço”. (RAFFESTIN, 1993: 43).6Segundo Eliseu Sposito a noção de território inclui “[....]dimensões simbólicas e mais subjetivas, o território visto fundamentalmente como produto da apropriação feita através do imaginário e/ou identidades sociais sobre o espaço.” (SPOSITO, 2004).7Como soberania pode ser entendida como uma sociedade de homens que compartilham as mesmas leis, costumes e governo. (CHIARAMONTE, 2003).8 A importância dessas elites locais na produção de uma unidade pode ser mais bem entendida tendo como aporte as discussões em torno do caudilhismo e de seus chefes, agentes centrais no processo de produção dos Estado-nacionais latinos.

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Na região oriental, a Revolução Artiguista foi aos poucos fincando barreiras territoriais e políticas,

pois se, em princípio, esta fazia parte do Vice-reino do Rio da Prata, tão logo estourou a Revolução

de 1810 e as divergências entre determinados grupos das duas partes multiplicaram-se. Com o

rompimento de Artigas com Buenos Aires, a política passou a dividir-se entre os partidários do

centralismo portenho e os favoráveis a uma confederação entre as províncias do Prata e os realistas.

Os territórios, que eram mais fortes e que apoiavam Buenos Aires reuniram-se nas Províncias

Unidas do Rio da Prata e os outros -os orientais- negaram uma adesão a esta, seja apoiando Artigas,

seja jurando fidelidade ao rei preso ou ainda, seja como resposta à Revolução Artiguista, abrindo as

portas ao exército português.

A guerra Cisplatina, no entanto, exacerbou as opções políticas nos países envolvidos e pôs em

conflito aberto diversas soberanias. No Uruguai, o universo de possibilidades foi sem dúvida o mais

complexo; ficar com o Império, render-se à Buenos Aires ou construir uma federação com as

províncias do interior da República.

No Brasil e nas Províncias Unidas, o cenário não era muito acalentador também. No primeiro, a

guerra vem permeada pela necessidade de legitimação da unidade territorial, da construção do

Império9 e da consolidação do Estado brasileiro. No segundo, a luta vai aprofundar os

desentendimentos entre as diversas províncias da República e ampliar os conflitos entre partidários

de um modelo unitário e os de um federal.

Contudo, se na guerra a complexidade política era comum a todos os beligerantes, bem como os

motivos para empreendê-la – a posse da região oriental –, a retórica utilizada para legitimar

ocupação da Banda Oriental era radicalmente distinta.

Para o governo brasileiro a presença no Prata era justificada pela noção de fronteira natural10 e de

uma suposta anarquia platina, evocadas de forma a justificar intenções expansionista do Império

brasileiro. No que se refere ao primeiro caso, os portugueses recuperam a lenda de uma unidade

territorial do Brasil, segundo a qual as águas de seus dois grandes rios formavam um lago unificado,

funcionando como uma barreira natural, eficiente em delimitar das fronteiras geográficas.

O medo da desordem platina se remete aos discursos civilizatórios alardeados pelo Brasil11, o qual

se arrogava à responsabilidade de manter a ordem na região; logo, seria a única monarquia em meio

às emergentes repúblicas, símbolo do bárbaro. O país temia que a revolução chegasse até o Império.

Para destacar a importância do estabelecimento da ordem12, o Brasil vai se apropriar da dicotomia

9Obviamente, essa construção foi fruto de embates políticos significativos, de retrocesso, avanços e criações inesperadas, afinal não havia, em 1822, um projeto pronto a ser implementado. A nação forjou-se da própria vicissitude do processo histórico. 10A idéia de fronteira natural surge no século XVIII, na França iluminista, e mesmo que se tenha a percepção de que todas as fronteiras são imaginadas, a fronteira natural é tida como superior e relaciona-se com o contorno geográfico.11A diplomacia brasileira produziu uma larga discussão sobre a suposta superioridade do Império brasileiro diante das repúblicas platinas.Ver (SOUZA, 1970). 12A palavra ordem, no texto, se refere à pretensa organização e civilidade alardeada pelo Brasil, no seu projeto

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civilização e barbárie, uma constante por todo século XIX, na qual o civilizado será representado

pelo europeu e pelo sistema monárquico, enquanto o bárbaro será o interior ou o caos associado às

novas repúblicas.

Desta forma, a declaração de guerra às Província Unidas do Rio da Prata e aos insurgentes13orientais

fundamentou-se sobre dois aspectos. O primeiro diz respeito à uma suposta incapacidade dos

cisplatinos em estabelecer-se como nação, impondo a ordem. O segundo baseou-se na alegação de

um incontestável direito do Brasil em dominar o espaço oriental. Ambos estiveram presentes na

declaração de guerra às Províncias Unidas.

Mas não tendo os cisplatinos elementos necessários para ocuparem o lugar de uma Nação

separada na Ordem Política, não tendo a metrópole os meios, ou a vontade de conservar, e

defender aquele território; a quem se fazia a entrega dele sem comprometimento do Brasil,

e sem risco de se renovarem as cenas de carnagem, e devastação de que as tropas brasileiras

o libertaram ? Por ventura, se tal entrega fosse justa, ou oportuna, deverá ser feita pelo

Brasil a Buenos Aires, o qual, como se tem visto, havia já reconhecido independente de si

aquele território ? E mesmo em tão extraordinária hipótese oferecia por ventura o Governo

de Buenos Aires, entregue às facções intestinas, a necessária garantia, assim para acabar-se

o receio da repetição dos males, que havíamos sofrido, como para proceder à indenização, a

que tínhamos direito incontestável, e cujo valor já então excedia o do mesmo território

ocupado ?14

A imprensa brasileira segue igual direção, apropriando-se dos mesmos elementos para ratificar a

pertinência da guerra e conclamar os brasileiros à colaborarem com o esforço bélico imperial.

Para o periódico O spectador Brasileiro: Diario Político, Literario e Comercial o que estava em

jogo com a guerra era o brio, a dignidade e o espírito nacional, enfim, a honra nacional, mais ainda,

o respeito ao supremo Chefe da Nação. Fatores que exigiam um total envolvimento do povo com o

conflito, de todos que fossem, como nas palavras do jornal, verdadeiros brasileiros. Aos que se

furtassem em combatê-la caberia adjetivos bem pouco honrosos, sendo chamados de palhaços,

miseráveis, ignorantes. Além de serem acusados de despertar a fúria divina, lembrada pelo Diario

monárquico, em oposição a desordem que o discurso brasileiro, em meados do século XIX, teimava em caracterizar as repúblicas nascentes da América hispânica e entre os liberais brasileiros. 13O termo insurgente foi amplamente utilizado pelo Império com o intuito de caracterizar a ação dos “Trinta e Três Cavalheiros Orientais”, grupo de orientais que desembarcam no Uruguai em 1825 assumindo o poder e declarando guerra ao Brasil, mas também aparece na documentação designações como rebeldes ou corsários para defini-los. Entretanto, é importante frisar que todos esses termos fazem parte do aparato discursivo brasileiro que tentou deslegitimar a ocupação da Cisplatina pelas Províncias Unidas e pelos “Trinta e três”, através da desqualificação seus agentes.14Manifesto ou Exposição fundada e justificativa do procedimento da Corte do Brasil a respeito do governo das províncias unidas do Rio da Prata e dos motivos que a obrigaram a declarar a guerra ao referido governo. Rio de Janeiro na Tipografia Nacional 1825.Biblioteca Nacional, setor de obras raras. Loc: OR- 99D, 22,32.

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Fluminense. “Sim, quem desobedece ao soberano, a Deos resiste, e desobedece. Convém pois oppor

a esta torente de males, que desafia as vinganças do Ceo, e faz pender sobre as nossas cabeças a

espada da divina justiça”15.

Afinal, perder a guerra poderia significar colocar em risco a própria unidade do Estado Imperial, tão

cara às elites políticas imperiais, ou, talvez, a ordem, que essa mesma elite se vangloriava em

manter no país, mas que se resumiu simplesmente na manutenção de seus privilégios, mencionada

pelo O spectador Brasileiro.

nós devemos acabar com os rebeldes e salvar a Honra Nacional. Se, não he posivel trazer

á ordem, e a razão aos malvados; se não he possivel expulsá-los da sociedade como

membros corruptos e inticionados; unão-se pelo menos os verdadeiros Brasileiros, bons

amigos da causa da Nação, e do Heroe que defende, e a mão armada de todos os modos

possiveis, façamos-lhes guerra exterminadora, e acabamos de huma vez com esses punhado

de rebeldes, inimigos do Throno, e da integridade do Imperio.16

Ao que parece, foram mesmo a unidade política e a necessidade de manter a segurança dentro do

Império, os pontos que funcionaram como os grandes impulsionadores ao conflito armado por parte

do governo. Além de balizarem o discurso imperial, atuaram como elementos de barganha do

governo em relação aos grupos de poder econômico, pois perder a guerra poderia trazer para si a

república. E poderia ser uma república que dividisse o poder dando margem à emergência de

múltiplas soberanias, como aconteceu na maioria dos países hispano-americanos, ou uma república

que lutasse por mudanças sociais, como tentou ser a de Miguel Hidalgo e seu sucessor, José

Morellos ou uma ainda mais perigosa, uma república hatiana, liderada por escravos.

Por certo, todos esses projetos republicanos assustavam bastante aos grupos de poder brasileiros,

sobretudo por terem significado também uma completa fragmentação territorial. Assim, a

monarquia e a ideia de unificação que ela remetia possuiu uma força incontestável sobre o

imaginário social nacional, largamente acionada, inclusive, pela imprensa.

Eu avanço esta idéa, por que em minha humilde opinião julgo que para equilibrar a

segurança, e integridade do Imperio, he necesario acabar d'huma vez com as formas

republicanas e anarquicas que existem em a nossa vizinhança (...) Amiguitos: estai certos,

que se pretendeis fazer guerra aos nossos principios políticos, tendes de a fazer tambem aos

15Diário fluminense de 13 de fevereiro de 1826. Biblioteca Nacional, setor de obras raras. Loc: PR-SOR 00010 [-7]- Ano 1825-3116O spectador Brasileiro: Diario Político, Literario e Comercial. Exemplar de número CCXX de 4 de janeiro de 1826. Biblioteca Nacional, setor de obras raras. Loc: PR-SOR 00003- Ano 1824-27.

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que vivem dentro da vossa casa: não obstante, diz o vosso esturrado – Argos– que he

moralemnte impossivel conservar-se n' America differentes formas de governo, que, ou

bem Republicas, ou bem Imperios. Buenos: tambem eu digo outro tanto, e nessa parte estou

perfeitamente identificado com o nosso Argos: ou o Imperio do Brasil , ou a republica de

Buenos Ayres: vamos lá, e veremos quem vence.17.

Como salienta José Murilo de Carvalho em Cidadania no Brasil. O longo caminho, a decisão pela

monarquia no Brasil, teve, por base, a certeza – por parte dos seus grupos políticos – da necessidade

da figura real para manter a ordem social e evitar a fragmentação territorial. Assim, mesmo tendo o

modelo estadunidense de república como exemplo, o país temia a revolução imposta aos países

hispânicos, optando pela tradição portuguesa.

Mas não seria o bastante para impedir o avanço republicano no Brasil. O que se esperava era o seu

extermínio em solo americano, como frisa uma matéria do jornal Diario Fluminense, e o

restabelecimento do regime monárquico. Nesta longa trajetória, para o caso de fracasso do

republicanismo, caberia ao Brasil dar alento às Repúblicas vizinhas, ou quem sabe até um rei.

Nascer, crescer e morrer, diz o immortal Bossuet, são os trez periodos assim da vida do

homem, como da vida dos Imperios, ou dos Estados em geral; porém a Republica nasceu

no fatal mingoante da lua , e morreu: ha mui poucos exemplos de Estados que resurjão;

póde ser Buenos Ayres entre neste pequeno numero; mas como a Republica está encravada

no solo Americo-Hespanhol, e o todo está mais ou menos alluido, desconfiamos de seu

retorno à vida. Nós hiremos fugindo de todas essas causas, que influem para o máo destino

das Monarquias; hiremos sustentando nossa independencia politica, nossa unidade moral,

para podermos dar boas noites áqueles, que forem cahindo nas nossas vizinhanças.

Esperamos debaixo da egide Imperial que em pouco tempo se cumprão á nosso respeito o

mesmo que Bernandin de S. Pierre desejava à França depois das revoluções; sim,

esperamos apparecer como hum precioso anel na brilhante cadeia das monarquias.18

Nesta luta discursiva para validar o direito à posse do território uma das armas mais utilizada era a

própria desqualificação do inimigo, que foi acionada pelos dois lados. Para os brasileiros o

oponente era associado ao animalesco, ao incivilizado, como aparece no O spectador Brasileiro:

Diario Político, Literario e Comercial, de janeiro de 1826. Por outro lado, o brasileiro é descrito

como o virtuoso, o valente, “como certos meus senhores temem (ou figurão temer) que venhão os

labusomes lá dos pampas atirarnos com o laço e as bolas, correndo á pancadaria rija 13 mil

Brasileiros briosos, valentes e armados que ora já acham sobre os bellos campos Cisplatinos,

17O spectador Brasileiro: Diario Político, Literario e Comercial. Exemplar de número CCXXI de 9 de janeiro de 1826. Biblioteca Nacional, setor de obras raras. Loc: PR-SOR 00003- Ano 1824-27. 18Diário fluminense de 17 de fevereiro de 1826. Biblioteca Nacional, setor de obras raras. Loc: PR-SOR 00010 [-7]- Ano 1825-31.

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promptos a defenderem a causa Nacional.”19

Assim, os atributos morais não caracterizavam simplesmente o inimigo, nem tampouco apareciam

como recurso ofensivo no meio de um debate de ânimos exaltados, mas funcionavam como

justificativa para a guerra e como forma de aumentar a esperança na vitória, pois se trataria, ao

cabo, de uma luta entre o bem e o mal, do justo sobre o injusto.

Os periódicos argentinos lançaram mão de recurso semelhante, construindo a imagem do inimigo

sempre associada a tirania, a covardia, o que por si só já tornaria ilegítima a posse do território, pois

teria sido empreendida por opressores cruéis que escravizavam o povo. O jornal El Argos de Buenos

Ayres afirma que a presença brasileira na Cisplatina ignorou o direito de propriedade dos orientais,

usurpou-lhes a terra e manteve os habitantes da região numa condição de servos, humilhando-os.

Despues que por los medios ya expresados consiguieron este objeto trataron de consumar

todos los planes que dictaba á su ambicion un espiritu de conquista, que marcaba todos sus

pasos. Las propiedades de los hijos del pais fueron violadas impune y descaradamente: sus

fortunas particulares disminuidas y arruinadas: impedidos y trabados por mil obstáculos en

sus labores, é industrias; y tratándolos ya como á hombres esclavizados, y oprimidos,

sugetos á un señor y á un amo, les imponian la ley que querian, á merced de su voluntad, y

capricho. Tanta tirania y tando de expresarlo exponiéndose á todos los furores de un

déspota. Es muy notable en esta parte la conducta de los habitantes de aquella hermana

provincia: jamas han permitido á sus enimigos gozar tranquilamente el fruto de su

usurpacion; al menos siempre que su estado, y circunstancias particulares les franqueaba

uma oportunidad algo favorable para reclamar sus derechos, y sus intereses, no han

consentido em que sus opresores fundasen em su apatia y silencio un título mas, de la clase

de los que alegaban, para perpetuar su humillacion, y servidumbre. Estos son hechos que

han pasado, no solo á nuestra vista, sino á la del mundo entero; porque el mundo entero es

testigo de la energia, y firmesza con que desde que pisaron los portugueses una parte de

nuestro territorio, se há reclamado de la usurpacion y desmembracion que hacian á la

asociacion de las Provincias Unidas20.

Outra forma de desqualificar o inimigo era rotulá-lo como estrangeiro. O estrangeiro não como o

forasteiro, como aquele que não pertence ao lugar, mas como o outro, o que se opõem, enfim, o

inimigo, alguém que não possui identidade com o grupo local e, por isso, não se constrangia em

usurpar, violentar e escravizar, visto que não reconhecia tal grupo enquanto igual, nem compartilha

de seu universo representacional. No El Argos de Buenos Ayres, o termo estrangeiro sempre remete

19O spectador Brasileiro: Diario Político, Literario e Comercial. Exemplar de número CCXX de 4 de janeiro de 1826. Biblioteca Nacional, setor de obras raras. Loc: PR-SOR 00003- Ano 1824-27. 20 El Argos de Buenos Ayres . Publicado em 14 de maio de 1825. Biblioteca Nacional da Argentina. Sala de

microfilmes.

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Page 9: O objetivo deste trabalho é analisar a retórica que … · Web viewO objetivo deste trabalho é analisar a retórica que buscou legitimar a ocupação do território Cisplatino

a uma posição injusta e impiedosa.

Casi se ha sentido en todos los puntos de la Banda Oriental un sentimento uniforme, y

decidido por sacudir su esclavitud, y romper violentamente los vínculos que se ligavan á un

governo extrangeiro. Esto solo basta para poder prometerse que los pueblos da Banda

Oriental llegarán à ser libres de sus opresores,porque sus sacrificios, y sus resolucion asi los

exigem.21

Ou ainda,Las provincias, pues, de la Union posuyendo recursos, y disposicion arrancar por la fuerza

lo que la violencia, y la fuerza misma habían usurpado, no podian ya consentir sin

escándalo el que permaneciese por mas tiempo una provincia hermana en poder de un

ejército extrangero22

E sendo o brasileiro um estrangeiro, não haveria justificativa para sua permanência na Banda

Oriental, sobretudo, levando em consideração que sua ocupação não se deu de forma lícita, como

afirma o jornal El Argos de Buenos Ayres ao citar o processo de anexação da região Oriental ao

território do Brasil, no Congresso Cisplatino, em 1821.

En nuestros números anteriores hemos manifestado los medios de que los portugueses se

han valido para asegurar la usurpacion ascandalosa que hicieron del territorio oriental, y los

actos violentos com que trataron de legalizarla. Los hemos visto ya no emitir medio

alguno, que pudieses servir á este intento: unas veces apoyando su ambicion em las

bayonetas de un ejército, otras equivocando maliciosamente el sentimiento de los orientales

por el de unos pocos esclavos humillados; y ninguna en un solo acto libre y expontaneo,

exênto de toda coaccion, y terror; asi han querido legitimar la incorporacion de la provincia

Oriental al imperio del Brasil, y su absoluta separacion de la asociacion de las Provincias

Unidas.23

O periódico Cronica politica y literaria de Buenos Ayres também ressalta a nulidade da anexação,

indicando que os membros do congresso eram partidários do general brasileiro Frederico Lecor,

responsável pela invasão da banda Oriental em 1811, pela expulsão do exército artiguista em 1820 e

representante legal da corte do Rio de Janeiro na região.

Los miembros del congreso, sin otros poderes que los que les habia conferido un general

estrangero em el acto de convocarlos, declararon que su provincia entraba voluntariamente

em la federacion del Brasil, del Portugal y de los Algarbes. Este acto de incorporacion era

21El Argos de Buenos Ayres . Publicado em 14 de maio de 1825. Biblioteca Nacional da Argentina. Sala de microfilmes.22El Argos de Buenos Ayres. Publicado em 14 de junho de 1825.Biblioteca Nacional da Argentina. Sala de microfilmes.23El Argos de Buenos Ayres. Publicado em 4 de junho de 1825. Biblioteca Nacional da Argentina. Sala de microfilmes.

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tan evidentemente ilegal, que uma comision de las Cortes de Lisboa lo anuló em 1822, y si

el sistema constitucional no hubiera sido destruido em Portugal, no se hubieran necesitado

ocurrir á las armas para reparar el agravio, em que solo podia persistir la voluntad de un

monarca absoluto.24

Tratava-se ainda de uma luta para ratificar o sistema republicano, demonstrar sua força diante do

modelo monárquico, sempre associado ao despotismo, a escravidão, ao velho; como menciona a

imprensa: “Si hemos venido á establecernos en una república, há sido porque habia llegado á sernos

insoportable la idea de encanecer em la esclavitud”25, estes elementos seriam radicalmente opostos

aos projetos de nação que o Novo Mundo visava fundar, por isso era premente a guerra; para salvar

a pátria, “Soldados: vuestra gloria es imensa, y grandes son tambien los sacrificios que la Patria

exige de vosotros: pero sois Argentinos, y el amor de la República es vuestro primer deber: premios

de horror os hace conocer que las primeras autoridades de la nacion saben apreciar vuestro valor.”26

Quanto à posse do território oriental, o governo Províncias Unidas do Rio da Prata negava qualquer

validade na presença brasileira. Para eles a Cisplatina foi arrancada do seio das Províncias Unidas, a

quem, por inquebrantáveis laços de irmandade, a região pertencia.

O governo de Buenos Aires e das províncias do interior desejavam desta forma restabelecer a

unidade territorial dissipada em 1811, com a extinção do Vice-reino Rio da Prata, em seu discurso,

apropriado pela imprensa, prometiam unificar os dois territórios irmãos, filho de uma mesma pátria,

separados por tirania estrangeira.

La guerra que debe hacerse en la Banda Oriental para arrojar de ella á los extrangeros que

la oprimen, es uma guerra nacional: guerra á la que está comprometido el Estado de las

Provincias- Unidas com el sagrado objeto de sostener la integridad de su territorio, que

desmembró un usurpador atrevido; por consiguiente el gobierno nacional debe aparecer á

su frente regulándola, dándole la direccion conveniente hasta llevaria á su término, y

franqueando los recursos de la nacion, á cuyo nombre debe empreenderse, su crédito, y su

respetabilidad.27

Por fim, o trabalho buscou identificar o universo cultural anterior ao conflito armado e sua ligação

com um o longo processo de formação das diversas soberanias na região platina, o qual deu

contorno a sua delimitação espacial. Como marco desta construção, a Guerra Cisplatina e a retórica

24Cronica politica y literaria de Buenos Ayres. Publicado em 3 de maio de 1827. Biblioteca Nacional do Brasil. Loc.: 3-238,04,03 Período: 03/1827 a 10/1827 Coleção (1- 120).25Cronica politica y literaria de Buenos Ayres. Publicado em 26 de abril de 1827. Biblioteca Nacional do Brasil. Loc.: 3-238,04,03 Período: 03/1827 a 10/1827 Coleção (1- 120).26Cronica politica y literaria de Buenos Ayres. Publicado em 3 de maio de 1827. Fragmento do Boletim do exército atribuído a Carlos Alvear em abril 13 de 1827. Biblioteca Nacional do Brasil. Loc.: 3-238,04,03 Período: 03/1827 a 10/1827 Coleção (1- 120). 27El Argos de Buenos Ayres. Publicado em 15 de junho de 1825. Biblioteca Nacional da Argentina. Sala de microfilmes.

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apropriada pela imprensa das regiões envolvidas na guerra, percebendo a relação entre os elementos

discursivos e a cultura política em que se alicerçou, demonstrando que se os interesses que

impulsionaram os beligerantes à guerra eram os mesmos – a Província Oriental – os elementos

retóricos de que faziam uso a imprensa não o era, e deixava à mostra as diferenças existentes entre

os dois lados da Banda.

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