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O período 1500-1700: "Engenhos de ferro" A Câmara paulistana, ainda nos anos de 1500, advertiu seguidas vezes seus ferreiros para que não ensinassem seu ofício a outros, pois a arte poderia permitir que os índios substituíssem tacapes e flechas por armas mais perigosas, feitas de metal. O início da metalurgia extrativa no Brasil aconteceu em São Paulo, quando as coroas de Portugal e Espanha se uniram, entre 1580 e 1640. São dessa época os "engenhos de ferro" de Afonso Sardinha, de 1590, em Araçoiaba e Sorocaba, e o de Diogo de Quadros, em 1606, em Santo Amaro, são incentivados pelo Governador Geral do Brasil, D. Francisco de Souza. Ambos empreendimentos estavam encerrados por volta de 1620, e deles relata a Câmara paulistana criticando o alto custo do ferro produzido e seus proprietários justificando as dificuldades com a mão-de-obra. No século XVII haviam forjas em Santana do Parnaíba (São Paulo), 8 Santo Angelo, no Rio Grande do Sul, na região das Missões. Na mesma época, a coroa negou o pedido do governador do Maranhão que queria recursos para instalar um engenho de ferro, alegando que não convinha continuar a manufatura, pois os índios podiam aprender a fazer armas com ele. O século do ouro O período 1700-1800 é denominado pela mudança do eixo da vida brasileira: a mineração provoca uma. corrente migratória para o interior e, talvez, por isso, a manifestação primeira de uma cultura brasileira que inclui arquitetura, pintura, mÚsica, literatura e, até mesmo, identidade política expressa pela Inconfidência Mineira. A capital brasileira passa de Salvador para o Rio de Janeiro, e o papel dessas duas cidades, como paradas obrigatórias das rotas dos Mares do Sul, desenvolve uma indústria naval importante, com estaleiros que podem ter tido fundições de bronze, segundo vagas

O Período 1500 Metalurgia

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Dados sobre a história da Metalurgia no mundo

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O período 1500-1700: "Engenhos de ferro"

A Câmara paulistana, ainda nos anos de 1500, advertiu seguidas vezes seus ferreiros para que não ensinassem seu ofício a outros, pois a arte poderia permitir que os índios substituíssem tacapes e flechas por armas mais perigosas, feitas de metal. O início da metalurgia extrativa no Brasil aconteceu em São Paulo, quando as coroas de Portugal e Espanha se uniram, entre 1580 e 1640. São dessa época os "engenhos de ferro" de Afonso Sardinha, de 1590, em Araçoiaba e Sorocaba, e o de Diogo de Quadros, em 1606, em Santo Amaro, são incentivados pelo Governador Geral do Brasil, D. Francisco de Souza.Ambos empreendimentos estavam encerrados por volta de 1620, e deles relata a Câmara paulistana criticando o alto custo do ferro produzido e seus proprietários justificando as dificuldades com a mão-de-obra.

No século XVII haviam forjas em Santana do Parnaíba (São Paulo),8 Santo Angelo, no Rio Grande do Sul, na região das Missões. Na mesma época, a coroa negou o pedido do governador do Maranhão que queria recursos para instalar um engenho de ferro, alegando que não convinha continuar a manufatura, pois os índios podiam aprender a fazer armas com ele.

O século do ouro 

O período 1700-1800 é denominado pela mudança do eixo da vida brasileira: a mineração provoca uma. corrente migratória para o interior e, talvez, por isso, a manifestação primeira de uma cultura brasileira que inclui arquitetura, pintura, mÚsica, literatura e, até mesmo, identidade política expressa pela Inconfidência Mineira. A capital brasileira passa de Salvador para o Rio de Janeiro, e o papel dessas duas cidades, como paradas obrigatórias das rotas dos Mares do Sul, desenvolve uma indústria naval importante, com estaleiros que podem ter tido fundições de bronze, segundo vagas informações.10

A metalurgia do ouro nesse período era rudimentar. As Casas de Fundição de Minas realizavam um refino do ouro por amalgamação com mercúrio mas, no século XIX, Eschwege critica as imperfeições e o baixo rendimento do refino.

A metalurgia do ferro desse período é pouco documentada e parece ter sido marcada pelo aproveitamento dos conhecimentos africanos de extração do ferro. A mineração exigia artefatos de ferro, o minério era abundante e as culturas africanas já dominavam uma técnica rudimentar, porém eficaz, de extração de ferro, e as dificuldades de transporte de matéria-prima até a região mineira concorrem para justificar as afirmações de autores do século XIX, de que as "forjas de cadinho", operadas por escravos negros, estavam

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bastante disseminadas por Minas Gerais. As tais dificuldades de transporte incluíam, por exemplo, o corte dos lingotes nos portos brasileiros, para que fosse possível distribuir a carga no lombo dos burros que subiam as serras em direção a Minas Gerais.O governo da Província de São Paulo fez nova tentativa de instalar agora uma "fábrica de ferro", em Sorocaba, dirigida por Domingos Ferreira, utilizando forno "biscainho", tipo Stuckofen, podendo produzir ferro coado (gusa) ou ferro maleável. Os trabalhos transcorreram de 1765 a 1772 e ao final do período o governador Luiz Antonio relatava a El-Rei que "um hábil escravo africano ali engajado, principiando a trabalhar com o mestre, tira melhores fundições quando a governa" .11 Suas ruínas foram localizadas próximas àquelas de Afonso Sardinha,