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No calor da manhã de uma quinta-feira de verão, vemos enfileirados pelas ruas incontáveis carros com os vidros fumê fechados. Nas calçadas, não vemos filas de nada. Poucos são os pedestres e andarilhos. O sinal fecha, mas a faixa para atravessar a rua está deserta. O RECIFENSE VAI DE CARRO ATÉ À ESQUINA Fotos e Texto: Marcela Pereira

O recifense vai de carro até à esquina

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Matéria para a disciplina de Fotojornalismo do curso de Jornalismo da UFPE.

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Page 1: O recifense vai de carro até à esquina

No calor da manhã de uma quinta-feira de verão, vemos enfileirados pelas ruas incontáveis carros com os vidros fumê fechados. Nas calçadas, não vemos filas de nada. Poucos são os pedestres e andarilhos.

O sinal fecha, mas a faixa para atravessar a rua está deserta.

O RECIFENSE

VAI DE CARRO ATÉ À ESQUINA

Fotos e Texto: Marcela Pereira

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Na pista de cooper sob o sol escaldante, ninguém se exercita.

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Em outra rua, uma moça que acaba de descer do ônibus aperta o botão de fechar o sinal para os carros. Obrigados a parar, os motoristas irritam-se com aquela única e inconveniente pedestre.

Vivemos na ilusão de que moramos numa cidade enorme. "Demoro mais de uma hora para chegar em casa do trabalho todos os dias", afirma Fernanda Pessoa, moradora de Boa Viagem. Ela trabalha no Cais do Apolo, a apenas 13km de casa, e faz parte do clã mundial de pessoas que andam sozinha em carros de passeio com cinco assentos.

O recifense vai de carro até à esquina.

Este é um costume que representa muito a capital pernambucana.

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Imersos num mundo em que a velocidade média de um carro é inferior a de uma bicicleta, é fácil vivermos na ilusão de que Recife é uma grande cidade.

Sempre demoramos demais para chegar ao nosso destino, seja no ônibus, seja de carro, seja de táxi.

Quando se tem recursos suficientes para manter um automóvel e ser periodicamente assaltado n o s p o s t o s d e combustível, por que se dar o desprazer de apertar-se nas latas de sardinha apelidadas de transporte público?

É mais cômodo curtir o e n g a r r a f a m e n t o n o conforto do seu carro.

Filas de carros nos sinais e calçadas desertas

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O problema é que levamos esse hábito tão a sério, que ficamos presos às quatro rodas como se não possuíssemos pés. Padarias, farmácias e - quem diria - até academias precisam de amplos estacionamentos,

pois o costume de caminhar até locais perto de casa está se perdendo nos tempos modernos.

Calçadas livres, asfalto congestionado