12
A D IVERSIDADE DA G EOGRAFIA B RASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 7128 O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS NO ESPAÇO ESCOLAR SERGIO RICARDO AURÉLIO PINTO 1 KARLA ROSÁRIO BRUMES 2 . Resumo: O resumo busca compreender os motivos responsáveis pelos conflitos identitários sofridos pelos brasiguaios em seu retorno do Paraguai a um determinado bairro em Cascavel-PR. Este retorno se justifica pelos conflitos agrários provocados pela presença de um outro grupo, os "brasileiros no Paraguai", que junto aos latifundiários paraguaios, realizam investidas sobre as terras dos pequenos e médios produtores agrícolas, tanto paraguaios, como de brasiguaios. Buscando identificar a gênese destes conflitos identitários, verificamos que se tratam de situações de alteridades e poder que os brasileiros, ao se sentirem superiores em sua identidade cultural, estigmatizam os brasiguaios por serem provindos do Paraguai. Palavras-chaves: Identidade; Poder; Brasiguaio. Summary: The summary seeks to understand the reasons responsible for indentity conflicts suffered by brasiguaios on his return from Paraguay to a particular neighborhood in Cascavel-PR. This return is justified by agrarian conficts caused by the presence of another group, the "Brazilians in Paraguay", which along with the paraguayan landowners, performing advances over the lands of small and medium agricultural producers, both paraguayans, as brasiguaios. Seeking to identify the genesis of these identity conflicts, we find that these are situations otherness and power that brazilians to feel superior in their cultural identity, stgmatize brasiguaios because they stemmed fron Paraguay. Keywords: identity; power; brasiguaio. 1- Introdução Este trabalho é resultado do aprofundamento de um estudo de caso realizado em 2004, intitulado, como Estudo de Caso Nancy, cuja pesquisa revelou situações de conflitos identitários de brasiguaios em um ambiente escolar, na cidade de Cascavel-PR. A partir das novas investigações, que se faz possível pelo programa de mestrado de Geografia, na Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) pela UNICENTRO, temos averiguado a Identidade sociocultural e a Territorialidade destes brasiguaios em migração de retorno para o Bairro Jardim Santa Felicidade em Cascavel. Para isso, temos analisado entrevistas e depoimentos destes sujeitos, verificando os motivos que tem gerado seu retorno ao Brasil, bem como, a forma que estes tem sido recebidos e as expectativas que os mesmos planejam para o futuro. Além de entrevistas, temos realizado analises de discursos presentes nos livros didáticos e nos meios de comunicação, a fim de identificarmos a origem dos discursos de 1 Acadêmico do Programa de Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu. Mestrado em Geografia. UNICENTRO. E-mail: [email protected]. 2 Docente adjunta do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu. Mestrado em Geografia. UNICENTRO. E-mail: [email protected].

O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7128

O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS

NO ESPAÇO ESCOLAR

SERGIO RICARDO AURÉLIO PINTO

1

KARLA ROSÁRIO BRUMES2.

Resumo: O resumo busca compreender os motivos responsáveis pelos conflitos identitários sofridos pelos

brasiguaios em seu retorno do Paraguai a um determinado bairro em Cascavel-PR. Este retorno se justifica pelos

conflitos agrários provocados pela presença de um outro grupo, os "brasileiros no Paraguai", que junto aos

latifundiários paraguaios, realizam investidas sobre as terras dos pequenos e médios produtores agrícolas, tanto

paraguaios, como de brasiguaios. Buscando identificar a gênese destes conflitos identitários, verificamos que se

tratam de situações de alteridades e poder que os brasileiros, ao se sentirem superiores em sua identidade

cultural, estigmatizam os brasiguaios por serem provindos do Paraguai. Palavras-chaves: Identidade; Poder; Brasiguaio.

Summary: The summary seeks to understand the reasons responsible for indentity conflicts suffered by

brasiguaios on his return from Paraguay to a particular neighborhood in Cascavel-PR. This return is justified by

agrarian conficts caused by the presence of another group, the "Brazilians in Paraguay", which along with the

paraguayan landowners, performing advances over the lands of small and medium agricultural producers, both

paraguayans, as brasiguaios. Seeking to identify the genesis of these identity conflicts, we find that these are

situations otherness and power that brazilians to feel superior in their cultural identity, stgmatize brasiguaios

because they stemmed fron Paraguay.

Keywords: identity; power; brasiguaio.

1- Introdução

Este trabalho é resultado do aprofundamento de um estudo de caso realizado em

2004, intitulado, como Estudo de Caso Nancy, cuja pesquisa revelou situações de conflitos

identitários de brasiguaios em um ambiente escolar, na cidade de Cascavel-PR.

A partir das novas investigações, que se faz possível pelo programa de mestrado de

Geografia, na Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) pela UNICENTRO,

temos averiguado a Identidade sociocultural e a Territorialidade destes brasiguaios em

migração de retorno para o Bairro Jardim Santa Felicidade em Cascavel.

Para isso, temos analisado entrevistas e depoimentos destes sujeitos, verificando os

motivos que tem gerado seu retorno ao Brasil, bem como, a forma que estes tem sido

recebidos e as expectativas que os mesmos planejam para o futuro.

Além de entrevistas, temos realizado analises de discursos presentes nos livros

didáticos e nos meios de comunicação, a fim de identificarmos a origem dos discursos de

1 Acadêmico do Programa de Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu. Mestrado em Geografia. UNICENTRO.

E-mail: [email protected]. 2 Docente adjunta do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu. Mestrado em Geografia. UNICENTRO. E-mail:

[email protected].

Page 2: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7129

superioridade presentes na identidade dos brasileiros, contra o Paraguai e aqueles que de lá

descendem.

2 - Desenvolvimento

BRASIGUAIOS: OS FILHOS DEGRADADOS

A partir de Saquet (2007; 2013), Haesbaert (1997; 2001; 2002; 2004; 2013),

compreendemos que os Territórios3 Identitários são resultantes de relações sociais que

envolvem processos Pluridimensional, ou Multidimensional, Multiescalar e Transtemporal.

Destarte a isso, percebemos que a Territorialidade que procuramos investigar, é consequente

de um processo histórico e social, dinâmico, contínuo e relacional.

Não temos a intenção de fazer um debate aprofundado sobre as dimensões do

Território e nem fazer um debate entorno do Território. Assumimos a perspectiva culturalista

de Haesbaert (1997; 2001) e, neste sentido, acreditamos que a Territorialidade forma uma

Identidade Territorial, em consequência das relações sociais, culturais, também políticas e

econômicas, mas são as duas primeiras dimensões que acreditamos ser formada a

Territorialidade e a Identidade Territorial dos brasiguaios. Uma dimensão material e imaterial,

objetiva e subjetiva.

Para Haesbaert (2001; 2002; 2004;) o Território, a Territorialidade nunca deixa de

existir. Quando um Território, uma Territorialidade é Desterritorializada, por algum processo,

surge uma nova Territorialidade, uma Reterritorialização. Deste modo, o Território, a

Territorialidade e a Identidade são constantemente refeitos. São processuais4.

Para contextualizarmos, analisarmos e identificarmos estes processos inerentes à esta

Territorialidade, temos analisado as histórias de vidas destes sujeitos e, assim, traçamos os

dados que precisamos para entendermos em que dimensões os brasiguaios estão expostos.

Ao selecionarmos nossa base teórica, temos certificados de que esta Territorialidade e

esta Identidade Territorial, resulta-se de todas dimensões e relações de poder e, aqui

procuraremos expô-las. Em Zaar (2001), Albuquerque (2005), Ferrari (2009), Zamberlan et.

3 Não temos a intenção de fazer um debate aprofundado sobre as dimensões do Território e nem fazer um debate

entorno do Território. Assumimos a perspectiva culturalista de Haesbaert (2004) e, neste sentido, acreditamos

que a Territorialidade legitima uma Identidade Territorial,consequência das relações sociais, culturais, também

políticas e econômicas, mas são as duas primeiras dimensões que acreditamos formar a Territorialidade e a

Identidade Territorial dos brasiguaios. Uma dimensão material e imaterial, objetiva e subjetiva. 4 Consideramos ainda, que estes elementos formadores desta Territorialidade, ou seja, dos brasiguaios no Bairro

Jardim Santa Felicidade, em Cascavel, sejam resultantes de processos materiais, imateriais e das múltiplas

dimensões que envolvem as relações de poder, isto é, políticos, econômicos, sociais e culturais

Page 3: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7130

al (2010), Fiorentin (2010), Fabrini (2012), Colognese (2012), Souza (2013) Baller (2014)

nos deram condições de fazermos algumas destas apreensões.

Nestes autores evidenciamos uma decorrência de fatos que nos mostra, que,

primeiramente, muitos brasileiros foram motivados a migrarem para o Paraguai, como forma

de resolver os problemas que a modernização da economia agrícola e de infra-estrutura

brasileira provocaram no campo, principalmente na década de 1970.

Em Zaar (2001), Albuquerque (2005), Zamberlan et. al (2010), Fabrini (2012),

Colognese (2012), Riquelme (2013) e Baller (2014) este movimento emigratório de

brasileiros para o Paraguai atendeu interesses de ambos os países5. Deste modo, o Brasil

resolvia seu problema, destinando os desapropriados pelo avanço do capital agrícola no

Brasil, bem como, pela construção da usina de Itaipu. Já, o Paraguai, absorvia estes

emigrantes, idealizando a modernização agrícola de seu país, principalmente, na fronteira

Leste, onde era ocupada por imensas áreas naturais, sobre solo fértil e com grupos indígenas e

famílias de camponeses paraguaios.

Em Albuquerque (2005), Zamberlan et. al (2010), Souza (2013) e Baller (2014),

vemos que, em princípio a "Marcha al Este", tinha a intenção de assentar pessoas provindas

de lugares de alta densidade, mas que em 1963 o Estatuto Agrário do Paraguai, foi

remodelado, permitindo a venda para estrangeiros. É importante destacarmos, que, conforme

Albuquerque (2005), Costa (2009), Zamberlan et. al (2010), Colognese (2012), Souza (2013)

e Baller (2014) já havia presença de camponeses brasileiros que tinham cruzado a fronteira

desde a década de 1950 e que, agora, tantos estes brasileiros, na grande maioria descendentes

de mineiros e nordestinos, como os camponeses paraguaios eram desapropriados pela força da

desapropriação do Institudo Bienestar Rural (IBR)6.

Para estes autores, o governo militar Alfredo Stroessner recebeu apoio dos Estados

Unidos na organização e nas formas de atuação que este órgão estatal agia, em parceria com

as Forças Armadas paraguaia. Conforme estes autores, além do governo paraguaio ter

5 Para Zaar (2001), Sprandel (1992), Marques (2009), Fiorentin (2010) e Souza (2013), esta emigração ao país

vizinho, foi, na verdade, resultado de acordos bilaterais entre ambos os países, pois se beneficiariam 6 Conforme Gonçalves (2013) desde 2004 o IBR, foi substituído pelo Instituto Nacional de Desarrollo y de la

Tierra (INDERT), Ley Nº 2.419/2004.

Page 4: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7131

favorecido militares e políticos paraguaios, também, beneficiou grupos de empresários e

latifundiários estrangeiros7, em prejuízo à população indígena e camponesa paraguaia.

Albuquerque (2005), Souza (2013) e Baller (2014) nos mostram, que muitos

brasileiros adquiriam propriedades do IBR, sem saberem que as documentações destes títulos

eram falsos e, muitas vezes, tinham que pagar mais de um vez pela posse da terra. As vendas

de propriedades à pequenos e médios produtores agrícolas brasileiros continuou atraindo

brasileiros e, em seguida, ainda no governo Strossner, já com a terra preparada e valorizada,

muitos camponeses paraguaios e brasileiros foram desapropriados sobre forte violência, tendo

suas terras revendidas à latifundiários brasileiros.

É neste processo que, conforme Ferrari (2009), Fiorentin (2010), Fabrini (2012),

Souza (2013) e Baller (2014), se justifica a presença de dois grupos antagônicos no Paraguai

e, que para muitos, se tratam de um só. O que muitos consideram como sendo "brasiguaios"

é, na verdade, dois grupos distintos: os "brasiguaios", pequenos e médios produtores

agrícolas, camponeses produtores de agricultura de subsistência e comercial, livre de

transgênicos; "brasileiros no Paraguai", grandes empresários e latifundiários, monocultores

de culturas agrícolas transgênicas, que usam em grande quantidade aditivos químicos em suas

lavouras e que, muitas vezes, nem residem no país, apenas estão em época de safra e de

comércio.

Colognese (2012) mostra que os brasiguaios são culpados por usarem agrotóxicos e de

causarem impactos ambientais, de não se importarem com o meio ambiente e a população do

Paraguai, por isso, são considerados como invasores, reforçando um sentimento de aversão

pela memória da Guerra do Paraguai. No entanto, como estamos vendo por meio de Ferrari

(2009), Fiorentin (2010), Fabrini (2012), Souza (2013) e Baller (2014), os verdadeiros

responsáveis por tais problemas, não são os brasiguaios, mas, sim, os brasileiros no Paraguai,

que conta com o apoio dos latifundiários paraguaios e das grandes empresas agrícolas

transnacionais, como a Monsanto, Bunge, Cargill e outras.

Outra situação que estes autores nos adverte é a respeito do que os brasileiros no

Paraguai, junto com os latifundiários paraguaios e empresários agrícolas, instigam ações

populares para culpabelizarem os brasiguaios, criando um clima de insegurança e de

instabilidade. Unido a isso, as Ligas Campesinas, movimentos organizados por camponeses

7 Entre estes estrangeiros, haviam nacionalidades inglesas, francesas, norte-americanas, alemãs, brasileiras e

outras.

Page 5: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7132

paraguaios que perderam suas propriedades pelo IBR e indígenas, passam a reivindicar as

suas antigas propriedades.

Nestes autores vemos, que os grandes proprietários conseguem o apoio do governo

paraguaio, porém, os pequenos e médios, ou seja, os brasiguaios8, ameaçados pela violência,

retornam ao Brasil, ingressando no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras),

como o caso da família Mikalzenzen9. Além dos assentamentos, outro destino são as áreas

urbanas, como o Bairro Jardim Santa Felicidade, onde procuram afirmarem-se.).

Portanto, consideramos que o retorno dos brasiguaios10

, Em face de que nos

apropriamos em Sprandel (1992), Zaar (2001), Albuquerque (2005), Marques (2009), Ferrari

(2009), Zamberlan et. al (2010), Fiorentin (2010), Fabrini (2012), Colognese (2012), e

Souza (2013), Riquelme (2013) e Baller (2014) consideramos que, desde o princípio, a vida

social que os brasiguaios estão inseridos, está definitivamente relacionado a diferentes

campos de poder, multidimensionais, multiescalares e transtemporais.

As relações de poder, abrangem multidimensões: a) Primeiro momento: A partir de

1970 intensificam as migrações de brasileiros para o Paraguai. Vemos aqui a dimensão

Política e, ao mesmo tempo, Econômica: pelas forças de poder do aparelho do Estado

brasileiro, que os expulsa para o Paraguai, mediante aos interesses do avanço da

modernização e do aumento da produção do capital agrícola; b) Segundo momento: Ainda no

século XX, os chamados brasiguaios retornam. Vemos aqui a dimensão Econômica, de

grupos de latifundiários paraguaios e os chamados brasileiros no Paraguai, bem como, de

empresários agrícolas, com o intuito de concentrarem terras e capital agrícola. Unido à

dimensão Econômica, está a Política, pois há omissão do Estado paraguaio em resolver a

situação e a participação de parlamentares paraguaios;

Vemos nestas dimensões a presença de atores político-econômicos, os quais são os

motivadores: a) da desapropriação dos camponeses paraguaios, indígenas paraguaios e,

posteriormente, brasiguaios; b) da extensão do latifúndio monocultor, com a adoção de

técnicas modernas de agronegócio; com técnicas modernas agromonocultor; c) pelas

desigualdades sociais, instabilidade, insegurança e conflitos sociais no espaço rural paraguaio.

8 Alguns preferem permanecer no Paraguai, integrados em movimentos sociais e, ainda, tornam-se trabalhadores

em diferentes funções nas áreas urbanas ou rural do Paraguai. 9 Estão assentados no pré-assentamento de São João, cuja área, parte pertence a Família Rimafra e, a outra, ao

Estado, no distrito de São João do Oeste em Cascavel. 10

Os que retornam não são os membros da primeira geração que se destinaram ao Paraguai e, sim, aqueles que

nasceram no país, inclusive há casos de uniões familiares de brasileiros com paraguaios.

Page 6: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7133

Em todos os casos, como já explicamos, identificamos as multidimensionais, que, são

os responsáveis pela sua Desterritorialização, Reterritorialização e na formação de uma nova

Territorialidade. Quando estes imigrantes retornam, ao país redimensionam suas experiências

de vida e os elementos sociais e culturais11

vivenciados e incorporados no Paraguai e,

portanto, o passado e o presente se mesclam, se fundem e reconfiguram.

As lembranças vividas, as imagens das paisagens, a relação com a natureza, as

histórias de vida, as tradições e costumes incorporados, o folclore e a cultura apreendida, a

língua e a escolaridade assimilada, os seus mitos, seus heróis, seus elementos da fé, do

sagrado, direcionam suas lembranças, suas emoções, seus sentimentos, seus sentidos e seus

significados.

As amizades, os romances, as festas, os bailes ouvindo guaranias ou polcas12

, as rezas,

as procissões, as experiências da infância, a torcida pelo clube de futebol Olímpia, ou Cerro13

,

a santa de Caacupé14

, o mito do Pompero15

, o dia de Los niños16

, os sabores da terra, como o

Pomelo17

, a culinária, como a sopa paraguaia18

, os artesanatos, como Ñaduti e Filigrana19

,

enfim, todas as lembranças são guardadas na memória. Todas as experiências são

internalizadas através de reações psicossociais, da interação socioespacial, sociocultural,

sociopsicológicos20

. É, então, um processo Multiescalar e Transtemporal.

As interações socioculturais vividas, são internalizadas e, nelas, são projetadas

afetividades de quem experimentou, provou e sentiu. As emoções se mesclam com percas e

11

Em Corrêa e Rosendhal (2008) vemos que as práticas sociais e culturais são constituídas de materialidades e

imaterialidades, na qual produziram e reproduziram constantemente referências de afetivas, emocionais e

cognitivos reproduzindo valores de pertencimento. 12

Estilo musical do Paraguai, com instrumentos de cordas, entre elas a harpa, símbolo paraguaio. 13

Clubes de futebol paraguaio. Olímpia fundado em 1902, com 8 prêmios mundiais. Cerro Porteño, fundando

em 1912, com 7 prêmio mundiais. 14

Também chamada de Madrezita ou Virgenzita. Figura sagrada da fé católica paraguaia, onde acreditam sem a

mãe de Jesus em aparição em 1600 a um índio de origem guarani. 15

Mito do folclore paraguaio, um tipo de duende guarani, que protege a natureza. 16

No dia 16 de agosto se comemora o dia de Los Niños, ou dia da Batalla de Acosta Ñu para nós dias das

crianças, mas que seu significado relembra uma das batalhas mais sangrentas da Guerra do Paraguai, que Conde

D'Eu, ordenou a matança de soldados feito crianças, mesmo já dominados e rendidos. 17

Uma espécie de laranja, que se faz um refrigerante paraguaio. 18

Parecido com a polenta, porém mais consistente e com outros ingredientes atribuídos, junto a farinha de milho. 19

Ñadutí, artesanato endêmico, feitos com linhas em tela, com formas geométricas e zoomórficos da natureza

paraguaia. Filigrana, técnica grego-romana trazida pelos espanhóis de produzir jóias, que no Paraguai,

incorporaram elementos do ñadutí. 20

Em Vigotsky (2001; 2008) vemos que a interação psicossocial é um comportamento do ser humano,

consequente da condição biológica e dos processos sociais durante a formação do indivíduo, não de forma

passiva, mas, sim, realiza conexões com o mundo seu redor conexões, assimilando, internalizando suas

experiências socioculturais. Os acontecimentos do mundo ao seu redor, as relações sociais e os fatos contribuem

para a formação da identidade social.

Page 7: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7134

conquistas, com boas e más lembranças. Nada é deixado para traz e novas interações culturais

e sociais são realizadas, por isso, se em primeiro momento, no Brasil, tinham suas atribuições

simbólicas culturais, estas se somaram com a assimilação e a interação sociocultural no tempo

em que viveram no Paraguai e, agora, ao retornarem, outro momento, redimensionam as

lembranças, a memória e reconfiguram uma nova Identidade, com novas assimilações e

interações21

.

O Território, a Territorialidade e a Identidade, na perspectiva culturalista, são

fenômenos que sobrepõem as dimensões, as escalas de lugares, ao tempo vivido, material e

imaterial, por isso, como Haesbaert (1997; 2001; 2002; 2004; 2007; 2013) e Saquet (2007;

2013) afirmam, são Multidimensional, Multiescalar e Transtemporal.

Avançando a discussão, retomamos ao ponto de partida desta pesquisa: o Estudo de

Caso Nancy. Temos percebido que os dados alcançados nesta pesquisa, ainda se constituem,

pois, no momento em que estes sujeitos, os brasiguaios, retornam ao Brasil, encontram uma

situação diferente que acreditariam serem tratados, isto é, encontram situações de alteridade

no enfrentamento de conflitos, de indiferença, de assédio moral, de violência psicológica e

física, de injustiças, de preconceito, de bullying e de estigmas.

Verificamos, ainda, que estas relações hostis enfrentadas pelos educandos no interior

do colégio, na verdade, extrapolam para além da escola. Temos verificado, relatos de pessoas,

de todas faixas etárias, que sofrem estes tipos de atitudes no convívio social, seja no ambiente

do trabalho, nas relações de amigos, com os vizinhos, etc. Neste sentido, uma vez que

compreendemos a natureza da alteridade enfrentada pelos brasiguaios, procuramos saber qual

seria a justificativa destas atitudes promovidas pelos brasileiros e temos verificado que se

trata da procedência destes sujeitos, isto é, por terem vindo do Paraguai. A partir daí, temos

investigado qual é a gênese destes sentimentos de preconceito e de superioridade presentes na

identidade do brasileiro contra o Paraguai e àqueles que de lá procedem, sejam eles

paraguaios, ou brasiguaios22

.

Castells (1999) e Berger e Luckmann (1985) nos cientificamos que assumimos as

referências que nos são transmitidas pelos diferentes grupos, instituições, veículos de

comunicação, pelo Estado, etc. Estas referências, são portadoras de interesses, objetivos e de

21

Para Gomes (2005), estas experiências estão relacionadas ao espaço vivido. 22

Temos procurado compreender estes conflitos a partir dos estudos realizados por Bhabha (1998),Giddens

(2002), Goffman (2004), Bauman (2005), Elias (2005), Fante (2005), Hall (2006 e 2011).

Page 8: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7135

representações, construídos historicamente para efetivar os papéis definidos, regularizados,

legitimados, que os sujeitos devem assumir em sua identidade coletiva.

Destarte a isso, compreendemos que nossos comportamentos sociais, nosso modo de

agir, pensar, julgar são resultados destes processos de legitimadores e, então, a partir disso,

tentamos correlacionar com o modo que os brasileiros agem contra a presença dos brasiguaios

e, temos descoberto, que a identidade nacional do brasileiro, foi construía mediante ao

processo da formação do Estado-Nacional, cujo momento, o país travou um conflito com o

Paraguai23

. Percebemos que este conflito, não foi apenas bélico, mas sim ideológico por meio

de discursos recomendados pelo Império brasileiro e que permanecem ainda no imaginário do

brasileiro.

23

Também reconhecida como Guerra Grande ou Guerra da Tríplice Aliança, entre 1864 a 1870, que contou com

a participação do Brasil, Argentina e Uruguai contra o a Paraguai. Considerado por vários historiadores, como o

maior conflito latino americano e o mais sangrento da América. Entre eles Pomer (1984), Salles (1990),

Chiavenato (2000), Alambert (2000), Doratioto (2002), Vas (2011),Viaana et. al (2012), Arantes (2013). A

versão recomenda, "Tradicional" da pelo Império brasileiro, que ainda permanece na memória e na cultura

popular brasileira, apresenta uma versão distorcia dos fatos em favor do Brasil. Todos os demais historiadores

acima citados, apresentam críticas para esta versão, que foi contestada em 1960 pela versão"Revisionista" ,

principalmente por Chiavenato. Este autor contesta esta primeira versão, inundadas de discursos ideológicos em

favorecimento ao Brasil. A narrativa deste conflito sul americano, alega que o Brasil teria sido invadido pelo

Paraguai nas fronteiras do, que hoje é o Mato Grosso do Sul e Paraná. Além disso, este país teria sequestrado o

navio Marques de Olinda e, então, por estes fatos, a Guarda Nacional, com o apoio da Argentina e Uruguai,

formaram a Tríplice Aliança para protegerem as ameaças fronteiriças com o Paraguai. As forças aliadas teriam

travado inúmeras batalhas, contra o Paraguai, o qual é apresentado com vários juízos de valor negativo,

principalmente a figura de Solano Lopez , apresentado como sendo um vilão, tirano e carrasco. Sua esposa,

Madame Linchy, foi apresentada como uma antiga cortesã e o país, com a economia atrasada, uma ditadura que

ameaçava os direitos civis, de gente inculta e incivilizada, de cultura inferior e outras depreciações. Chiavenato,

se compromete em apresentar os fatos omitidos e deturpados pelo Brasil, na qual justifica que a guerra só teria

acontecido sobre recomendação britânica, devido a ameaça da crescente economia e ciência da nação paraguaia.

Diferente da primeira versão, o Paraguai é mostrado como sendo um país democrático, sem analfabetos, com

programas sociais e de desenvolvimento para todas as classes. Um país de economia estável, com

industrialização avançada, independente da Inglaterra, principalmente na metalurgia siderúrgica, na indústria

férrea, naval e de comunicação. Dique de Caxias e, principalmente o cunhado de D. Pedro II, Conde D'Eu tem

suas histórias revisadas, na qual este último é denunciado por ter cometido crimes de guerras contra as cidades,

onde muitas foram destruídas, de ter profanado lugares sagrados, incendiado hospitais, escolas e asilos, de ter

cometido estupros, chacinas e genocídios contra os civis, com a instalação de campos de concentração sobre

trabalho forçado, pelo uso de violência contra os próprios soldados brasileiros, principalmente contra os d e

origem africana. O Brasil é culpado por ter violado inúmeros acordos do Tratado da Tríplice Aliança, dá maior

notoriedade a participação das mulheres na guerra e faz uma revisão sobre os "Voluntários da Pátria". Em 1990 a

versão "Mediadora", por Doratioto e Salles, traz algumas críticas e contestações à Chiavenato, que, segundo

eles, teria sido influenciado pela ideológica do momento histórico que vivia, ou seja, com ideais socialistas e,

por isso, teria acusado a participação da Inglaterra, um país de economia hegemônica, ameaçada pelo

crescimento do Paraguai. Para eles os motivos dos conflitos sempre foram territoriais, no qual o Paraguai

necessitava de acesso ao rio del Plata, que na época era o principal escoador. Ambos concordam com os crimes

de guerra cometidos pelos países aliados, em especial pelo Brasil. Atualmente, outros historiadores tem

novamente apontado a participação da Inglaterra, por terem encontrado correspondências que evidenciam o

apoio da Inglaterra.

Page 9: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7136

Tais discursos foram reutilizados durante os primeiros anos de República e, também,

no período militar brasileiro, no qual as historiografias de guerras e figuras militares eram

representadas com exaltação. Vemos neste contexto histórico, que o aparelho do Estado

utilizou estes discursos através de uso de ideologias, como forma de poder simbólico24

para

determinar a identidade nacional e obter controle, do Território e de seus civis.

Sobre isso, vemos em Saquet (2007), temos: O desvendamento das relações de

poder e da ideologia se faz fundamental porque, nesta, age-se na orientação e

constituição do eu, do indivíduo, integrando-o à dinâmica socioespacial através das

mais distintas atividades da vida em sociedade. A ideologia molda comportamentos

e atitudes, condiciona normas e vice-versa. (SAQUET, pp. 32-33, 2007).

Neste sentido, vemos em Alembert (2000), Vas (2011), Araújo (2012), Zdebisk

(2014) e Aurélio Pinto que estes discursos, sejam nas historiografias de guerras, nas obras

literárias como de Machado de Assis, ou nas pinturas de Victor Meirelles e Pedro Américo,

houve um forte uso de elementos simbólicos, subjetivos em favorecimento do Brasil,

representado como herói, bom, , destemido, soberano, puro, digno, audaz, civilizado,

moderno, educado, cordial, generoso, condolente em superioridade ao Paraguai, retratado

como o oposto, incivilizado, cruel, tirano, arrogante, impuro, desonrado, de má índole,

traidor, falso, maldoso, sem pudor, sem caráter, enfim, inferior25

.

Além das pinturas, dos romances, da historiografia, as histórias orais, há inúmeras

espaços públicas, praças, avenidas, ruas, cidades, escolas, com nomes dos que protagonizaram

os herói brasileiros, ou com bustos, ou como patronos, ou com datas civis de comemoração no

calendário nacional.

Compreendemos que, como nos adverte Corrêa (2005) que estes monumentos, são

formas subjetivas, que representam materialmente e subjetivamente o controle e o poder que

simboligicamente representam. Seja em Corrêa (2005), Berger e Luckmann (1985), Bourdieu

(1989), Marc Augé (1994), Castells (1999), Vigotsky (2001), Kuper (2002) e Woodward

(2011), Bonneimaison (2002) compreendemos os símbolos, representam ideologias,

24

Berger e Luckmann (1985), Marc Augé (1994), Castells (1999), Vigotsky (2001), Kuper (2002) e Woodward

(2011), Bourdieu (1989) nos ajudam compreender como o uso dos discursos, das ideologias são utilizados como

forma de poder simbólico para se obter controle na formação de uma identidade coletiva, regularizadora,

legitimadora, nacional. 25

Nestas inserções e análises que trazemos, acreditamos que os brasileiros, tem em sua identidade nacional, a

"brasilidade", uma visão de superioridade em relação ao Paraguai e a tudo de lá procedem. Isto é reforçado pelo

senso que se cria em virtude dos produtos que as pessoas consomem de procedência paraguaia e, que a

compreensão de falsificação, ou de não prestar, é projetado para aquelas pessoas, cultura e país.No momento,

estamos analisando discursos reproduzidos na mídia, que evidenciem estes preconceitos e se somam na

identidade brasileira contra os paraguaios e brasiguaios

Page 10: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7137

significações e que servem de controle para aqueles que os institui. Tais significações são

internalizadas como verdades, como incontestáveis e compreendidas como campo de coesão

para regulamentação de comportamentos.

Portanto, o conflitos identitários entre brasileiros e os brasiguaios, estão relacionados a

este contexto, no qual, seja a cultura, os paraguaios ou os brasiguaios, são considerados com

juízos de valor negativos, em resultado das estratégias de poder do Estado brasileiro em

definir uma identidade nacional, baseada em uma cultura idealizada normatizadora e, assim,

legitimar seu controle.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, José L. C. Fronteiras em movimento e identidades nacionais. A

migração brasileira em Fortaleza. Tese de Doutorado em Sociologia. Universidade Federal

do Ceará, 2005.

ALEMBERT, Francisco. O Brasil no espelho do Paraguai. In: Mota, Carlos G. (Org.).

Viagem incompleta; formação: histórias. São Paulo: SENAC, 2000.

ARANTES, Cleber. de A. Fronteira e guerra nos livros didáticos de história do Brasil e

Paraguai: a educação no pós-guerra. In: Web Revista Diálogos & Confrontos Revista em

Humanidades. vol. 02 – 1ª edição especial – jan – jul 2013. ISSN - 2317-1871.

ARAÚJO, Tiago G. de. A identidade nacional brasileira na Guerra do Paraguai (1864-

1870). Tese de Doutorado em História. UnB, Universidade de Brasília, 2012.

AUGÉ, Marc. Não-lugares: uma introdução a uma antropologia da supermodernidade.

São Paulo: Papirus, 1994.

BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Tradução: Carlos Alberto

Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

BALLER Leandro. Fronteira e fronteiriços: A construção das relações sociais e culturais

entre brasileiros e paraguaios (1954-2014). Tese de Doutorado em História pela

Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados, 2004.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: ed. UFMG, 1998

BERGER, Peter. L.; LUCKMANN, Thomas. A construção da realidade. 22 ed. Petrópolis:

Vozes, 1985.

BONNEMAISON, Jöel. Viagem em torno do território. In: Corrêa R. L.; ROSENDHAL, Z.

(Orgs.) Geografia Cultural: um século (3). Rio de Janeiro: EdURJ, 2002.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Memória e sociedade. Trad.: Fernando Tomaz.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. S.A., 1989..

CASTELLS, Manuel. Construção de identidade. São Paulo. Ed. Paz e Terra, 1999.

CHIAVENATO, J. J. Genocídio americano: a Guerra do Paraguai. 16. ed. São Paulo:

Brasiliense, 1939.

COLOGNESE, Silvio A. Brasiguaios: uma identidade na fronteira Brasil/Paraguai. In:

Tempo da Ciência. v. 19, n. 38, pp. 145-157, 2º semestre, 2012.

CORRÊA Roberto L. Monumentos, política e espaço. In: Revista electronica de geografia y

ciencias sociales. Universidad de Barcelona. Vol. IX, nº 183. ISSN 1138-9788, 15/02 2005.

CORRÊA Roberto L.; ROSENDHAL Zeny. A polissemia na discussão sócio-espacial da

cultura. In: Espaço e Cultura: Pluralidade Temática. Rio de Janeiro: EdURJ, 2008.

Page 11: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7138

COSTA, Jessica A. da. As relações bilaterais Brasil-Paraguai e a problemática dos

"brasiguaios". In: Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de graduação em

Ciências Sociais. IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v.7, n.1, pp. 56-71, jul. 2009.

DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra. Nova história da Guerra do Paraguai. São

Paulo: Companhia das Letras, 2002

ELIAS, Norbert. Os estabelecidos e os outsiders: Sociologia das relações de poder a partir

de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro - RJ, 2000.

FABRINI, João E. Campesinato e agronegócio na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. In:

Boletin DATALUTA - NERA. Presidente Prudente, nº 59, pp.2-8, 2012

FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a

Paz. Campinas: Verus, 2005.

FERRARI, Carlos A. Dinâmica territorial na (s) fronteira (s): Um estudo sobre a expansão

do agronegócio e a exploração dos brasiguaios no norte do Departamento de Alto

Paraná – Paraguai. Dissertação de Mestrado em Geografia, Faculdade de Ciências

Humanas, da Universidade Federal da Grande Dourados, 2009.

FIORENTIN, Marta I. A experiência da imigração de agricultores brasileiros no Paraguai

(1970-2010). Dissertação de Mestrado em História. Universidade Federal do Paraná. Curitiba,

2010.

GIDDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Tradução, Plínio Dentzien. Rio de

Janeiro: Zahar, 2002.

GOFFMAN, Erving. Estigma - Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada.

Tradução: Mathias Lambert. 2004.

GOMES, Paulo C. da C. Geografia e Modernidade. 5º ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

2005.

GONÇALVES, Karoline B. A migração de brasileiros para o Paraguai e seus

desdobramentos: o caso da Colônia Nueva Esperanza em Yby Yaú/Concepción. In:

GONÇALVES, Karoline B.; FERNANDES, Roberto M. da S. (Org.) Fronteiras e

fronteiriços. Ed. Fundación Universitária Andaluza Inca Garcilaso - EUMED.NET. 2013

HALL, Stuart. A identidade na pós-modernidade/Stuart Hall; tradução Tomaz da Silva,

Guaraeira Lopes Louro – Rio de Janeiro, RJ, Editora DP&A, 2006.

HALL, Stuart. Quem precisa da Identidade? In: SILVA, Tadeu T. da. (Org). Identidade e

diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

HAESBAERT, Rogério. Des-territorialização e identidade: a rede "gaúcha" no nordeste.

Niterói: EdUFF, 1997.

HAESBAERT, Rogério. Território, cultura e Des-territorialização. In: ROSENDHAL, Z.;

CORRÊA, R. (Orgs.). Religião, identidade e Território. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001

HAEBAERT, Rogério. Fim dos Território ou novas territorialidades? In: LOPES L.;

BASTOS L. (Orgs) Identidade: recortes multiterritorialidades e interdisciplinares.

Campinas: Mercado de Letras, 2002.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do "fim dos territórios" à

multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

HAESBAERT, Rogério. Território e Territorialidade: um debate. In: GEOgraphia-ano IX-

nº 17, 2007.

HAESBAERT, Rogério. Territórios Alternativos. 3º ed. São PAULO: CoNTEXTO, 2013.

KUPER, Adan. Cultura: a visão dos antropólogos. Tradução Mirtes Frange de Oliveira

Pinheiros. Bauru, SP: EDUSC, 2002.

Page 12: O RETORNO DOS BRASIGUAIOS E OS CONFLITOS IDENTITÁRIOS …

A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

7139

MARQUES, Denise, H. F. Circularidade na fronteira do Paraguai e Brasil: o estudo de caso

dos "brasiguaios". Tese de Doutorado em Demografia. Universidade Federal de Minas

Gerais. 2009.

PINTO, Sergio R. A.; TRISTONI, Rejane H. P. Estigmatização e construção de identidades

territorial e cultural – Caso Nancy. In: II Seminário Nacional em Estudos da Linguagem.

2010.

POMER, Léon. Paraguai: Nossa guerra contra esse soldado. São Paulo: Global, 1984.

RIQUELME, Quintin. Los campesinos sin tierra en Paraguay: conflictos agrários y

movimiento campesino. In: CLACSO - Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales.

Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Aregntina, septiembre de 2003.

SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai: Escravidão e cidadania na formação do Exército.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens e concepções de território. 1º ed. São Paulo:

Expressão Popular, 2007.

SAQUET, Marcos Aurélio. Estudos territoriais na ciência geográfica. 1º ed. São Paulo:

Outras Expressões, 2013.

SOUZA, Eduarda, R. de. O conflito de terras entre brasileiros e paraguaios: um estudo de

caso sobre a violação de direitos humanos dos brasiguaios na região de fronteira.

Monografia de Bacharelado em Relações Internacionais. Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 2013..

SPRANDEL, Marcia A. Brasiguaios: Conflitos e Identidade em Fronteiras Internacionais. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio De Janeiro. Rio de Janeiro, RJ 1992. VAS, Braz. B. O final de uma guerra e suas questões logísticas: Conde D' Eu na Guerra do

Paraguai (1869-1970). São Paulo; Editora Cultura Acadêmica, 2011.

VIANNA, Brunno.; CAETANO, Charles L.; MARUCCI, Fábia dos S. Guerra do Paraguai:

visões literárias, artísticas e históricas. In: Revista Semioses, Rio de Janeiro. v. 6, n.2, p.

29-38 - jul./dez. 2012.

VIGOTSKY, Lev. S.; COLE, Michael. A formação da mente: o desenvolvimento dos

processos psicológicos superiores. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

VIGOTSKY, Lev. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

WOODWARD, Katryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: Silva

Tomaz da (Org). Identidade e diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis,

RJ: Vozes, 2011.

ZAAR. Mirian H. A migração rural no oeste paranaense/Brasil:A trajetória dos “brasiguaios”.

Barcelona – In: Revista Eletrónica de Geografia y Ciencias Sociales. Espanha, v. 94, n. 88,

01/ 08/ 2001.

ZAMBERLAM. Jurandir; CORSO. Giovanni; FILIPPIN. Joaquim; GEREMIA. Eduardo;

BRESOLIN. Eduardo. In: ZAMBERLAM, Jurandir; CORSO, Giovanni; Presença

Scabriniana. (Org.). Emigrantes brasileiros no Paraguai. Porto Alegre: Solidus, 2007.

ZDEBSKI, Rodrigo. A revisão da arte e da história da Guerra do Paraguai: uma

possibilidade de combater os conflitos identitários sofridos por paraguaios e brasiguaios.

Trabalho de conclusão de curso em Artes Visuais. FACIAP- Anhaguera Educacional de

Cascavel, Cascavel, 2014.