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Universidade Federal de Alfenas Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
ISABELA GIMENEZ MENEGUCI
O TERCEIRO SETOR NO CONTEXTO BRASILEIRO
Varginha/MG
2016
ISABELA GIMENEZ MENEGUCI
O TERCEIRO SETOR NO CONTEXTO BRASILEIRO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Alfenas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas com Ênfase em Controladoria.
Orientador: Me. João Paulo de Brito Nascimento
Varginha/MG
2016
Isabela Gimenez Meneguci
O TERCEIRO SETOR NO CONTEXTO BRASILEIRO
A Banca examinadora abaixo-assinada aprova a monografia apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas com Ênfase em Controladoria da Universidade Federal de Alfenas.
Me. João Paulo de Brito Nascimento Assinatura:
Dr. Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha Assinatura:
Ma. Nildred Stael Fernandes Martin Assinatura:
RESUMO
O terceiro setor é caracterizado por entidades que realizam atividades que
visam o bem-estar da sociedade e podem impactar na geração de emprego e
renda. É um setor composto por organizações que não pertencem ao setor
público e não tem finalidade lucrativa e tem-se apresentado como um
importante segmento de solução para problemas sociais. Desta forma, o
presente trabalho teve como objetivo identificar características das entidades
do terceiro setor no Brasil. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa de caráter
descritivo, por meio de análise documental. Foram utilizadas as pesquisas:
Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil – FASFIL, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE, publicado em 2012; e o
Censo GIFE 2011-2012. Constatou-se que o crescimento das organizações do
terceiro setor acompanha diretamente o crescimento da população e que este
setor tem apresentado dados crescentes na geração de empregos formais.
Palavras-Chaves: Terceiro setor; FASFIL; Emprego.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Diferença entre público e privado ......................................... 12
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: Contribuição do terceiro setor no emprego e desenvolvimento local ........................................................................................................ 21 FIGURA 2: Fontes de recursos do terceiro setor por incentivo fiscal no Brasil – 2011 .............................................................................................25 FIGURA 3: Alocação dos recursos das organizações do terceiro setor no Brasil – 2011 .............................................................................................27 FIGURA 4: Mapa do Brasil por regiões população total e número de FASFIL -2012 ...................................................................................................... 30 FIGURA 5: Participação relativa dos órgãos da administração pública, das entidades empresariais e das entidades sem fins lucrativos no número de organizações, no pessoal ocupado assalariado e nos salários e outras remunerações - Brasil - 2007-2010 ................................................................ 33 FIGURA 6: Número de pessoal ocupado nas Fundações e Associações sem fins lucrativos – Brasil 2010 .................................................................... 36 FIGURA 7: Índice pessoal ocupado por entidades sem fins lucrativos ..................................................................................................................37
LISTA DE TABELA
TABELA 1: Número de unidades locais dos fundações privadas e associações sem fins lucrativos, segundo a classificação das entidades sem fins lucrativos, Brasil – 2010 ................................................................... 28 TABELA 2: Fundação Privada e Associação sem Fins Lucrativos, por faixa de fundação e região do Brasil – 1970 a 2010 ..........................................31 TABELA 3: Unidade Organizacionais ativos no Brasil por setor produtivo, nos anos de 2008 – 2010 ............................................................... ......... 32 TABELA 4: Evolução do salário médio mensal e variação percentual das Fundações Privadas e Associações sem fins lucrativos, segundo o grupo da classificação das entidades sem fins lucrativos ............................................... 35 TABELA 5: Pessoal ocupado assalariado nas Fundações Privadas e Associações sem fins lucrativos – Brasil 2010 ......................................... 38
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ABONG - Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais CEMPRE - Cadastro Central de Empresas FASFIL - Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos FICART - Fundo de Investimento Cultural e Artístico FMI - Fundo Monetário Internacional FNC - Fundo Nacional de Cultura GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística IPEA - instituto de Pesquisa Econômica Aplicada LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social LOS - Lei Orgânica da Saúde ONG - Organizações Não Governamentais ONU - Organizações das Nações Unidas OSCIP’s - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PIB - Produto Interno Bruto PPPs - Parcerias Público-Privadas PRONAC - Programa Nacional de Apoio à Cultura SUS - Sistema Único de Saúde UNCED - United Conference on Environment and Development
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................... IV
LISTA DE QUADRO ......................................................................................... V
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................... V
LISTA DE TABELAS ........................................................................................ VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ............................................................ VII
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 08
1.1 Contexto e problematização ....................................................................... 08
1.2 Objetivos .................................................................................................... 09
1.3 Justificativa ................................................................................................. 09
2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 10
2.1 Aspectos históricos e conceituais do terceiro setor ................................ 11
2.2 Características históricas do terceiro setor no Brasil .................................. 14
2.3 O impacto econômico do terceiro setor ..................................................... 19
3. CARACTERÍSTICAS DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL ......................... 23
3.1. Metodologia ...............................................................................................23
3.2 Terceiro Setor: legislação e fontes de financiamento ................................ 24
3.3 Caracterização das entidades e aspectos do emprego no terceiro setor ... 27
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 40
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 43
8
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contexto e problematização
Inicia-se uma nova força dentro da economia, as organizações sem fins
lucrativos ou Organizações Não Governamentais (ONG), realizam atividades
que visam o bem-estar social e contribuem para o crescimento da sociedade,
impactando na geração de emprego e renda.
O termo terceiro setor começou a ser empregado nos anos 1970, nos
Estados Unidos, para determinar um tipo de organização que estava
surgindo na sociedade, às entidades sem fins lucrativos. (ALVES, 2002).
Para explicar o surgimento do denominado terceiro setor, criou se o
consenso dentro da literatura, que supõe à existência de outros dois setores.
Colocado por Tachizawa (2012), sendo o primeiro setor constituído por órgãos
da Administração Pública direta e indireta, ou seja, pelo Estado. Já o segundo
setor formado por organizações privadas que desenvolvem atividades de
rotatividade de capital e margem lucrativa de produção, comercialização e
prestação de seus serviços, o chamado mercado.
Assim, o terceiro setor seria a lacuna entre o que não seria público nem
privado, Fernandes (1994) afirma que são agentes privados para fins públicos,
ou seja, são organizações que não são de responsabilidade do Estado ou não
tem princípios lucrativos.
No Brasil, o terceiro setor ganhou destaque após a Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, juntamente com a gestão do
presidente Fernando Henrique Cardoso, quando foi adotada uma política
Neoliberal, segundo Batista Júnior (2013) defende a liberdade absoluta nas
relações de mercado e a restrição da intervenção estatal na economia. Neste
cenário houve a participação do FMI (Fundo Monetário Internacional) que
através do Consenso de Washington, impôs as privatizações estatais, ou seja,
substituir seu papel supostamente escasso em esferas essenciais para a
população, transferindo-se a soberania de responsabilidade a instituição
preenchendo o espaço entre a demanda da população com o que é oferecido
pelo Estado. (MONTAÑO, 2010).
9
Este setor apresenta uma importante ferramenta de solução para
problemas sociais que afligem a sociedade brasileira é um segmento
assistencialista de grande impacto econômico.
Responsável pela movimentação anual de 32 bilhões de reais (KISIL,
2008) e pela geração de 2.128.007 empregos em 2012, no Brasil. A quantidade
de empregados assalariados contribui para o alargamento do mercado
consumidor interno, em consequência fortalecimento da economia brasileira.
(IBGE, 2012). Além disso, e representante de 5% do Produto Interno Bruto
(PIB) no país, participação superior a de 22 estados brasileiros, exceto São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. (KISIL,
2008).
Diante desse contexto, tem-se como problema de pesquisa: qual é o
panorama do terceiro setor no Brasil?
1.2 Objetivos
Diante do problema de pesquisa apresentado, este trabalho tem como
objetivo geral: identificar características das entidades do terceiro setor no
Brasil.
Como objetivos específicos, têm-se:
Identificar o perfil demográfico das entidades do terceiro setor;
Identificar a geração de empregos no terceiro setor;
Comparar o perfil salarial do terceiro setor com os demais setores.
1.3 Justificativa
A proposta deste trabalho se justifica pelo número reduzido de estudos
que abordem o terceiro setor no âmbito da literatura especializada e pela
escassez de dados no Brasil. Considera-se que essa ausência de informações
gera uma falta de conhecimento sobre o tema para a sociedade.
10
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos históricos e conceituais do terceiro setor
O termo “terceiro setor” começou a ser empregado nos anos 1970,
nos Estados Unidos, para determinar um tipo de organização que estava
surgindo: as entidades sem fins lucrativos. (ALVES, 2002). Para Soares-
Baptista (2008) o terceiro setor é composto por organizações que não
pertencem ao setor público e nem ao privado, incluindo entidades filantrópicas
movimentos populares e sociais, associações profissionais e entidades
religiosas. (FERNANDES, 1994).
Apesar dos ideais de caridade, filantropia e, até mesmo, alguns esboços
de associações voluntárias estarem presentes deste o início da colonização
norteamericana, somente ao final da segunda guerra mundial, esses ideais
ganham força, como importância social e econômica para o desenvolvimento
de uma nação. (CALEGARE; SILVA JUNIOR, 2009).
Com o fim da segunda guerra e com a formulação pela ONU
(Organizações das Nações Unidas), nos anos 1970, programas de cooperação
internacional para o desenvolvimento fizeram com que várias organizações não
governamentais passassem a atuar pelo mundo, principalmente em países
subdesenvolvidos. (FERNANDES, 2009).
Depois da II Grande Guerra, como era de se esperar, o mundo enfrentou vários problemas de cunho social, sendo de uma ordem tal que os administradores públicos não logravam solucioná-los por completo. Nesse cenário, como resultado da intervenção da sociedade civil, surgiram as ONG, que, no início, tiveram um caráter assistencialista, pois eram ligadas a grupos religiosos; mas foi a partir da década de 1970 que ficaram conhecidas por seus trabalhos voltados para a execução de atividades de auto-ajuda, assistência e serviços nos campos da educação, saúde, entre outros. (MAÑAS; MEDEIROS, 2012, p.7).
Dessa forma, origina-se uma nova força dentro da economia, um setor
que atua sem a interferência estatal, ou seja, é conduzido pela iniciativa
privada. Contudo, as atividades realizadas pelas organizações deste setor não
possuem fins lucrativos, estas entidades realizam atividades que visam o bem-
estar social e contribuem para o crescimento da sociedade. (CALEGARE;
11
SILVA JUNIOR, 2009). Cabe ressaltar que, por se tratar de um acontecimento
relativamente recente, tanto no âmbito econômico quanto na esfera social, a
classificação dos atores e entidades que formam esse setor é um pouco difusa
na literatura.
Hudson (2004) delimita as fronteiras entre setor privado, estatal e
terceiro setor, sendo esse último classificando como sendo as organizações
voluntárias, de campanhas, as subsidiadas, instituições de caridade, igrejas,
sindicatos, organizações de empregados e profissionais e os clubes
recreativos. Classificou-as, ainda, como de primeira instância, onde são
independentes, não precisam do apoio do Estado para sua administração e
conseguem se manter financeiramente por meio de doação e arrecadação de
fundos de acordo com a essência da organização. (HUDSON, 2004).
Foi por meio do advento do terceiro setor que se criou um consenso de
que haja uma suposta existência de outros dois setores, o primeiro e segundo
setor. (HUDSON, 2004).
De acordo com Tachizawa (2012), o primeiro setor é constituído por
órgãos da administração direta (municipal, estadual e federal), órgãos da
administração indireta, empresas públicas, autarquias e estatais afins, ou seja,
ele é formado pelo Estado, conservando os direitos e deveres da população
prestando serviço sobre ordem pública por meio das leis e regimentos do país.
Em relação ao segundo setor, entende-se que é formado por
organizações privadas que desenvolvem atividades de rotatividade de capital e
margem lucrativa de produção, comercialização e prestação de seus serviços,
seriam as empresas de sociedades coletivas, limitadas, anônima ou
comanditas por ações. (TACHIZAWA, 2012).
Assim, as organizações que não são de responsabilidade do Estado ou
não tem princípios lucrativos se enquadram como uma organização do terceiro
setor. (TACHIZAWA, 2012).
Para uma melhor compreensão da dicotomia do público e privado e sua
interrelação entre agentes, finalidades e setores, Fernandes (1994) estruturou
um quadro para explicar as diferenças, que é apresentado no Quadro 1:
12
Agentes Fins Setor
Privado Para privados = Mercado
Público Para públicos = Estado
Privado Para públicos = Terceiro Setor
Público Para privados = (corrupção)
QUADRO 1: Diferença entre público e privado Fonte: Fernandes, 1994.
Outro pressuposto considerado dominante sobre o tema seria, em seu
princípio, a composição por organizações privadas que exercem o papel do
Estado, ou seja, seriam as Organizações Não Governamentais (ONGs). A
origem da expressão Organização Não Governamental está na nomenclatura
do sistema de representações da ONU. “Refere-se a entidades significativas
que não representam governos". (FERNANDES, 2009, p. 27).
Complementando, conforme observado por Mañas e Medeiros (2012),
as organizações que pertencem ao terceiro setor são as que se enquadram
simultaneamente, aos cinco critérios:
I) Ser privada: não ser integrantes do aparelho Estado;
II) Sem fins lucrativos: não distribuem excedentes entre os proprietários,
a geração de lucros deve ser revertida em ações de benfeitorias para a
instituição;
III) Institucionalizada: deve ser legalmente constituída;
IV) Autoadministrativa: capaz de gerenciar suas atividades; e
V) Voluntária: sua formação deve constituída livremente.
Tal afirmação é reforçada por Pereira (2005) quando cita que as únicas
organizações que obedecem a esses critérios e integram esse setor são as
associações e as fundações privadas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para
classificação de organizações do terceiro setor, considera àquelas que se
enquadram simultaneamente nos cinco critérios mencionados por Mañas e
Medeiros (2012).
De acordo com Coelho (2000, p. 84), pesquisadores americanos e
europeus afirmam que o terceiro setor apresenta:
13
uma alternativa para as desvantagens tanto do mercado, ligadas à maximização do lucro, quanto do governo, com seu sistema burocrático que não consegue suprir todas as demandas da sociedade. Associa a eficiência do mercado com a igualdade e a ineficiência da burocracia pública.
O ambiente formado pelo terceiro setor é configurado, então, como
aquele de iniciativas de participação cidadã. As ações que são realizadas neste
espaço são tipicamente extensões da esfera pública não executadas pelo
Estado e caras demais para serem geridas pelos mercados. Começa então o
papel do cidadão que, agente ativo da sociedade civil, se organiza de modo a
catalisar trabalho voluntário em substituição aos serviços oferecidos pelo
Estado via taxação compulsória e a transformar em doação a busca por lucro
do mercado. (SILVA; AGUIAR, 2009).
Cabe ressaltar que os “benefícios coletivos”, que é uma das principais
características deste setor, não correspondem necessariamente a “benefícios
públicos”. Muitas organizações do terceiro setor visam promover benefícios
coletivos privados. Este caso corresponde ao de organizações que visam a
ajuda mútua e, que, pretendem defender interesses de um grupo restrito de
pessoas, sem considerável alcance social. (FERNANDES, 2009).
As organizações de caráter público estão voltadas para o atendimento
de interesses de maior apelo social, produzindo bens ou serviços que tragam
benefícios para a sociedade como um todo. Talvez essa seja uma primeira
grande subdivisão do setor, quando considerado como “aquilo que não é
público nem privado”: não governamental e sem fins lucrativos. (LUCAS, 2007).
Aquelas organizações que atuam efetivamente em ações sociais, em
busca de benefícios coletivos públicos e que podem ser consideradas como de
utilidade pública, tem a capacidade de auxiliar o Estado na execução de seus
deveres. E, podem ajudar no combate das desigualdades existentes no país e
atuando nos pontos de incapacidade do Estado de desenvolver, com eficiência,
as atividades que lhe são atribuídas. (SILVA; AGUIAR, 2000?).
Entretanto, considera-se difícil mensurar o quanto as organizações
sociais, de benefícios mútuos ou privados, exercem uma ação relevante à
sociedade, pois os grupos que as compõem e a como atuam podem ser de
significativo destaque social. (ALVES, 2009). Corroborando, Bento (2010)
14
entende que as instituições que caracterizam esse setor seriam as
associações, fundações privadas e as entidades religiosas.
Enfim,
de forma resumida, pode-se afirmar que, na esfera governamental, os agentes são públicos e a finalidade dos serviços prestados e dos direitos estabelecidos também é pública – desconsiderando aqui a corrupção, graças à qual agentes públicos realizam seus interesses privados. Já o mercado é integrado por agentes privados que buscam anteder seus próprios interesses, já que objetivam o lucro individual. O “terceiro setor”, é composto por agentes privados que almejam fins públicos, quer dizer, é não governamental e não visa o lucro. (LUCAS, 2007, p. 4).
2.2 Características históricas do terceiro setor no Brasil
O advento do termo terceiro setor no Brasil ocorreu nos anos 1990
(CALEGARE; SILVA JUNIOR, 2009). Contrapondo esse posicionamento,
Oliveira (2003) aponta que os registros desse setor no país datam do período
colonial, tendo seu surgimento a partir da Primeira República, por meio de
ações sociais de caráter religioso, que sofriam uma forte influência da
colonização portuguesa e do domínio da Igreja católica.
No entanto, uma maior exposição da temática só veio a se configurar a
partir da década de 1970, com as ONGs, voltadas para os movimentos de
defesa do meio ambiente, minorias e outras ações. (MAÑAS; MEDEIROS,
2012). Já na década de 1990, o seu papel era propor à sociedade brasileira, a
partir da sociedade civil, uma visão democrática, quanto aos aspectos: político,
social, econômico e cultural. (CALEGARE; SILVA JUNIOR, 2009).
Calegare e Silva Júnior (2009) discutem que o terceiro setor no Brasil
emergiu de ações de caridade realizadas pelas Santas Casas de Misericórdia e
pela Cruz Vermelha, o termo ganhou força durante a Conferência Rio-92
(United Conference on Environment and Development – UNCED), e com a
tradução do termo americano, third sector, que assim firmou na sociedade
através do enfraquecimento do Estado em executar diretamente serviços à
população.
15
Passa-se a entender como ONG, de acordo com Tenório (2006), as
organizações sem fins lucrativos, autônomas, sem vínculo com o governo,
voltadas para o atendimento das necessidades de organizações de base
popular, complementando a ação do Estado. Suas ações são financiadas por
agências de cooperação internacional, em função de projetos desenvolvidos,
contando com trabalho voluntário.
Conforme a Associação Brasileira de Organizações Não-
Governamentais - ABONG (2002), a ideia de um setor social ao lado do Estado
e do setor empresarial, começou a ser utilizada no Brasil a partir de meados e
final da década de 1990.
Em torno desse fato, trajetórias históricas concretas de vários
segmentos da sociedade civil brasileira, que sempre atuaram com base em
diferentes valores, perspectivas e alianças, são ressignificadas e tendem a se
diluir em um conceito homogeneizado, enquanto as entidades sem fins
lucrativos foram surgindo, passaram a contar com capacidade gerencial que
veio gerar ações administrativas com especialidade. (MAÑAS; MEDEIROS,
2012).
Um exemplo é o Grupo de Instituições, Fundações e Empresas (GIFE),
sediado em São Paulo, cuja administração se dá por meio de áreas de
conhecimento. Trata-se de uma organização que procura difundir políticas
públicas por meio de projetos e programas bem direcionados, de modo a fazer
com que os recursos obtidos sejam aplicados de forma eficiente e proveitosa. É
uma entidade que tem preceitos éticos, que procura preconizar os conceitos e
a prática do investimento social decorrentes da consciência da
responsabilidade e reciprocidade para com a sociedade. Tem como parceiros
empresas privadas, fundações e instituições associadas. (MAÑAS;
MEDEIROS, 2012).
Cabe aqui destacar a importância da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 no cenário do terceiro setor no país, que sob a
gestão de Fernando Henrique Cardoso, que governou o Brasil em dois
mandados (1994-1997 e 1998-2002). Em que este setor criou escopo e ganhou
relevância no âmbito econômico e social, a partir da sua principal referência de
seus governos foi à efetivação da política Neoliberal. (GIAMBIAGE, 2005).
16
A doutrina econômica neoliberalismo, define a não intervenção do
Estado na economia, que só é desejável em momentos específicos de crise
econômica. (MONTAÑO, 2010). Para Andersom (1995, p 10), o neoliberalismo
ganha força com as crises que aconteceram no sistema:
A chegada da grande crise (que se deu no início dos anos 1970), do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação (...). A partir daí as ideias neoliberais passaram a ganhar terreno.
Batista Júnior (2015) discute o surgimento do neoliberalismo é uma
doutrina econômica que surgiu na década de 1980, com a intenção de
defender a liberdade absoluta nas relações de mercado e a restrição da
intervenção estatal na economia. Essa doutrina proporcionou ao Estado a
diminuição da sua atuação direta e concretizou a globalização da economia. Já
que, os países mais desenvolvidos do planeta estavam convergindo para esse
tipo de prática econômica, obrigando assim, aqueles países considerados
subdesenvolvidos a adotarem práticas neoliberais em sua gestão econômica,
facilitando a entrada de capital estrangeiro e produtos fabricados em outras
nações.
Uma dessas medidas neoliberais concretizadas, no Brasil por meio do
Consenso de Washington, em que o FMI (Fundo Monetário Internacional),
instituiu a privatização no país, a fim de reduzir o papel do Estado como
empresário na economia nacional, ou seja, substituir seu papel supostamente
escasso em esferas essenciais para a população, transferindo-se a soberania
de responsabilidade a instituições preenchendo o espaço entre a demanda da
população com o que é oferecido pelo Estado. (MONTANÕ, 2010)
Assim, várias responsabilidades que seriam do Estado foram deixadas
de lado e começou a adotar as medidas em que o FMI recomendava em
conjunto de medidas econômicas voltadas para que ocorresse o ajustamento
econômico do país.
Umas dessas recomendações é a privatização Estatal. Uma espécie de
parceria entre o Poder Público e a iniciativa privada com o intuito de repassar
17
responsabilidade do Estado para as áreas econômicas e sociais. Também
chamada de desestatização. (TARSOS, 2010).
Isso fortaleceu o terceiro setor, a fim de substituir o papel do Estado,
supostamente escasso em esferas essenciais para a população, transferindo-
se a soberania de responsabilidade a instituições preenchendo o espaço entre
a demanda da população com o que é oferecido pelo Estado (MONTAÑO,
2002).
Para Tarsos (2010) existem quatro tipos de privatização. A primeira seria
a desnacionalização, regulada no Brasil pela Lei 9.491/1997, que seria a
transferência de propriedades estatais para privados, como bens e ações,
podendo ser total ou parcial.
Outra forma seria as concessões e permissões de serviços públicos, que
segundo os termos do art. 175 da Constituição: “Delegação da prestação dos
serviços públicos privativos às empresas privadas (concessionárias)”. Assim os
indivíduos da sociedade deixariam de contribuir através de impostos e passa a
pagar tarifas.
O terceiro tipo seria as terceirizações, contratação da prestação de
serviços de entidades privadas, seria os serviços públicos sociais realizados
pela Administração Pública, como as entidades do chamado “terceiro setor”. As
Parcerias Público-Privadas – PPPs, na modalidade Concessão Administrativa,
nos termos da Lei 11.079/2004.
E o último tipo de privatização e o fomento em que a Administração
Pública pode favorecer a iniciativa privada por meio de dinheiro ou isenções
fiscais, ou repasses de verbas para entidades do terceiro setor.
Outra visão da origem do terceiro setor no país, na década de 1990, a
partir de um esvaziamento do direito de cidadania dos brasileiros, em que o
Estado se torna ineficiente em setores de ações de benfeitorias humanas,
como saúde, educação, ensino, desenvolvimento, saneamentos básicos,
assistência social, deixando essa lacuna entre a necessidade e o comprimento
dessas demandas que a sociedade encarece. (FALCONER, 1999). Como
colocado pelo autor:
O terceiro setor surge como o portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e,
18
na medida do possível, a superação da pobreza. Uma promessa realizada através de atos simples e fórmulas antigas, como o voluntariado e filantropia, revestidas de uma roupagem mais empresarial. Promete-nos, implicitamente, um mundo onde são deixados para trás os antagonismos e conflitos entre classe e, se quisermos acreditar, promete-nos muito mais. [p.9]
O mesmo autor aponta três percursores que efetivaram esse setor no
país, caracterizando que tal implementação se deu de fora para dentro, ou
seja, de fora do país e de fora do setor para dentro.
Entende-se que o Banco Mundial foi principal percursor internacional
para a consolidação desse setor no país, forçando o governo a reconhecer
essas instituições perante a sociedade, além de incentivar a criação de Lei
para estimular esse setor. Em 1999, o presidente Fernando Henrique Cardoso,
decretou a Lei nº 9.790, a Lei das Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público, como resposta às demandas propostas. (FALCONER,
1999).
Dessa forma, o Governo Federal, durante o governo de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002), quando ocorreu o Plano Diretor de Reforma do
Estado, é considerado por Falconer (1999) o segundo percursor do terceiro
setor.
E, por fim, o setor empresarial que participa da consolidação do terceiro
setor, principalmente por meio do GIFE (Grupo de Institutos Fundações de
Empresas) e o Instituto Ethos. (FALCONER, 1999).
O Estado possibilitando a insatisfação da população, que articulou ações
a fim de cumprir com que essas demandas sejam desenvolvidas, criando
espaço caracterizado pelo voluntariado e pela filantropia, atribuindo um setor
que não seria público nem mesmo privado, impactando na criação de
organizações que atendesse a necessidade escassa que a população tinha.
(FALCONER, 1999).
Conhecer a origem do terceiro setor no Brasil não é, portanto, um
detalhe na investigação da origem de um nome, mas serve, principalmente,
para discernir o contexto na qual ele está inserido. Mas gera muitas discussões
quanto a sua conceituação e as organizações pertencentes, criando uma
expectativa irreal e uma falta de coerência interna, porém uma importante
19
ferramenta de solução para problemas sociais que afligem a sociedade
brasileira.
2.3 O impacto econômico do terceiro setor
O papel das associações deste setor reside, numa certa recomposição
da estrutura social, impactada em função das mudanças econômicas do
capitalismo e da separação que se realizou entre a economia e o social.
O processo de gestão do terceiro setor não poderá, contudo, ser
pautado pela lógica do mercado – da gestão estratégica ao invés da lógica da
solidariedade comunitária - gestão social, que pode ser visto como um
processo em que a grande maioria das ações possui caráter subjetivo.
Sociedade esta composta de um sistema estruturado em termos de uma
economia de mercado, de relações entre pessoas privadas e do seu trabalho
social. A política, porém, tem como atribuição agregar e incorporar os
interesses sociais privados perante um instrumento estatal especializado na
utilização do poder político para garantir fins coletivos. Em contraponto, a
cidadania republicana de Habernas (apud Cabral, 2007) concebe que a política
não atua somente na função de mediação, sendo uma das principais forças
que compõe o processo de formação da sociedade.
Em sociedades ricas e pobres, o terceiro setor tem papel fundamental
para atender as necessidades da sociedade por vezes mais eficaz que o
próprio estado. Dessa forma, abrange diversos tipos de arranjos entre o estado
e a sociedade civil no sentido de implementação e “co-gestão” de políticas
públicas, em especial as de caráter social, instituindo atores não-
governamentais na execução dessas políticas, como denotam Corrêa, Pimenta
e Saraiva (2006).
Essa atuação forte e marcante tem gerado vários questionamentos,
sobre qual seria a real responsabilidade do terceiro setor, principalmente
depois da implantação da política de estado-mínimo, de ocupar um espaço
social privilegiado para o exercício da cidadania.
Porém, quando se fala neste setor, não se deve imaginar um segmento
assistencialista de pouco peso. Para Kisil (2008) afirma que:
20
Estamos falando de um segmento que representa nada menos do que 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, de acordo com estudo do Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV) em parceria com The Johns Hopkins Center for Civil Society Studies, instituição norte-americana que estuda as organizações sem fins lucrativos no mundo. Esta participação no PIB é superior à indústria de extração mineral (petróleo, minério de ferro, gás natural, carvão, entre outros) e maior que a de 22 Estados brasileiros, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. (KISIL, 2008, p.1).
Isso significa uma movimentação anual de 32 bilhões de reais,(KISIL,
2008) além de ser responsável pela geração de 2.128.007 empregos em 2012,
5,5% dos empregos de todas as organizações formalmente registradas no
país, uma relevante importância econômica e social.(IBGE, 2012).
Embora seu principal objetivo não seja a geração de empregos
remunerados, mas em consequência de seu crescimento nos últimos anos no
Brasil a empregabilidade vem ganhando destaque. Para Almeida (2011) e
Westlund (2003), não é o objetivo essencial do terceiro setor, a geração de
empregos, mas sim a satisfação de determinadas necessidades filantrópicas.
Esse potencial de emprego tem sido reconhecido pelas várias
organizações que pertencem a esse setor. Ferreira (2009) salienta que o
terceiro setor sempre contribuiu para a criação de emprego. Visto a
necessidade de empregabilidade no sistema da o fomento da economia a partir
da renda.
Assim o terceiro setor procuram estratégias para impulsionar a criação
de novos empregos, que o setor público e privado não consegue criar ou
manter. (RAMOS, 2012).
Westlund e Westeerdahl (1997) citado em Ramos (2012, p. 10) citam
três suposições que reforça o desenvolvimento do emprego no terceiro setor. A
primeira hipótese aborda o distanciamento do Estado junto com o setor
privado, que deixam lacunas para outros agentes econômicos. A segunda
hipótese mudanças econômicas de mercado e possíveis questionamentos a
respeito das receitas do setor público causando a necessidade de um outro
setor. E a última hipótese, é baseada na regionalização, ou seja, há regiões
que são menos favorecidas pelos outros setores que proporcionam seu
21
desenvolvimento com o proposito de melhorias das condições
socioeconômicas da população.
A contribuição deste setor realça dois níveis de emprego, tanto para
Cambell (1999) como para Almeida (2011). Um nível de emprego direto, onde
essas organizações promovem postos de trabalhos na produção dos bens e
serviços ofertadas por elas, da mesma forma de uma organização do setor
privado. Como a um nível indireto, em que a necessidade de adquirir bens e
serviços de terceiros para a organização, estimula a criação de nova posto de
trabalho como os ocupados assalariados do Terceiro Setor, em que sua
remuneração são atribuídas para a aquisição de bens e serviços para suprir
suas necessidades.
E no aumento da eficácia, em que ações dessas organizações serve
para nortear a prestação de serviços técnicos, consultorias e apoio no
desenvolvimento para o aumento de serviços e postos de emprego, que
promove a inserção laboral de públicos desfavorecidos em empregos
protegidos, promovendo a inclusão social.
A Figura 1 demostra a contribuição que o terceiro setor na geração
emprego e no desenvolvimento local.
FIGURA 1: Contribuição do terceiro setor no Emprego e Desenvolvimento Local Fonte: Adaptado de Campbell (1999).
De acordo com Parente (2008), o terceiro setor pode ser considerado
uma oportunidade de crescimento pessoal, oportunidade para aqueles que
foram excluídos socialmente e se encontram sem perspectiva de engajamento
Emprego Direto
Terceiro Setor
Emprego Indireto
Acesso ao Emprego
Construindo Eficácia
Inclusão
22
e crescimento de demostrar qual o papel de cada um na construção da
sociedade.
O aumento dos novos empregados contribui para o alargamento do
mercado consumidor interno, em consequência fortalece a economia brasileira.
A remuneração possibilidade segurança ao trabalhador, pois é um dos
instrumentos fundamentais para garantir o desenvolvimento do país e reduzir a
desigualdade social e a pobreza. (PINHO; MARINHO, 2005).
23
3. CARACTERÍSTICAS DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL
3.1 Metodologia
Considerando os objetivos propostos para estudo, este estudo pode ser
caracterizado como descrito, utilizando-se de análise documental.
A pesquisa descritiva se fundamenta em estudos e que se concentra na
análise, na descrição de características ou propriedades, ou ainda, das
relações entre essas propriedades e determinados fatos/fenômenos
relacionados à certa realidade (SILVA; SCHAPPO, 2002).
E, tem como principal objetivo descrever características de determinada
população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis.
(GIL, 1999). Configura-se como um estudo intermediário entre a pesquisa
exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira nem
tão aprofundada como a segunda. (RAUPP; BEUREN, 2004). Nesse contexto,
descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos.
Assim, a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-
los, analisa-los, classifica-los e interpreta-los, e o pesquisador não interfere
neles.
A coleta de dados foi por meio de análise documental, que teve como
base a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística –
IBGE e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, sobre o estudo as
Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil – FASFIL.
Tal estudo foi realizado em parceria com a Associação Brasileira de
Organizações Não Governamentais – ABONG e o Grupo de Institutos,
Fundações e Empresas – GIFE, publicado em 2012. Utilizou-se, também, da
pesquisa Censo GIFE 2011-2012.
Considerou-se como pertencendo a este setor às fundações privadas e
as associações sem fins lucrativos segundo o código de natureza jurídica que
se enquadrem simultaneamente nos cincos critérios: ser privada, sem fins
lucrativos, institucionalizada, autoadministrativa e voluntária.
24
3.2 Terceiro Setor: legislação e fontes de financiamento
O terceiro setor tem se apresentado como uma potencial alternativa para
atender os problemas sociais que afligem a sociedade brasileira. (LUCA, 2008).
Diante do crescimento do terceiro setor aspectos legais asseguram
essas organizações a ser provedoras de seus direitos e deveres na sociedade.
Cress e Szazi (apud Montaño, 2002, p. 201-204), relatam a evolução legislativa
mais recente do terceiro setor.
A primeira lei criada mediante salvação do terceiro setor foi em 19 de
setembro de 1990 a Lei nº 8.080, Lei Orgânica da Saúde (LOS), dispondo
sobre a constituição do Sistema Único de Saúde, de responsabilidade de poder
público. Em 24 de julho de 1991, Lei nº 8.212, foi instituída a Lei Orgânica da
Seguridade Social reafirmando os princípios estabelecidos na Constituição e
estabelecendo o Orçamento da Seguridade Social a partir fundamentalmente
das receitas de União e de contribuições sociais e outras fontes.
Dezembro de 1991, pelo Decreto nº356 modifica-se o financiamento da
Seguridade Social estabelecendo que, agora, a União só será responsável pela
cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social. Em 7
de dezembro de 1993, Lei nº 8.742, revista na Lei nº 9.720, de 30 de novembro
de 1998, denominada Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), confirma o
preceito constitucional de que a assistência social é conferida a quem dela
precisar, independentemente da contribuição à Seguridade Social, através do
primeiro artigo: “A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é
Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais,
realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”.
Em abril de 1998, Decreto nº 2.536, dispõe sobre concessão do
certificado de entidade fins filantrópicos. 11 de dezembro de 1998, Lei nº 9.73,
altera os dispositivos anteriores para isenção de contribuição à seguridade
social, dirigidos a entidades filantrópicas.
Março de 1999, Lei nº 9.790, qualifica pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, como Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP’s), e institui e disciplina o termo de parceria. O artigo 9º da lei
25
institui o termo de parceria, a ser firmado entre o Poder e as OSCIP, destinado
ao vínculo de cooperação entre as partes e da a possibilidade de as entidades
sem fins lucrativos remunerarem seus dirigentes.
30 de junho de 1999, Decreto nº 3.100, da Portaria MJ nº361, de 27 de
julho de 1999, regulamentam a lei das OSCIP’s. Em 13 de junho de 2000,
Decreto nº 3.504 e alterado pelo Decreto nº 2.536.
Além dessa estrutura legislativa para consolidação deste setor no Brasil,
algumas leis foram criadas com o intuito de incentivar financeiramente essas
associações e fundações sem fins lucrativos.
Uma pesquisa realizada pelo GIFE - Grupo de Institutos Fundações e
Empresas, no período de 2011 e 2012, aponta características e tendências de
recursos privados em ações de interesse público. Destaca-se nesse estudo os
principais incentivos fiscais utilizados no Brasil destinados para entidades do
terceiro setor.
A Figura 2 apresenta, em termos percentuais, os principais incentivos
fiscais que compõem as fontes de recursos das organizações do terceiro setor.
FIGURA 2: Fontes de recursos do terceiro setor por incentivos fiscais no Brasil – 2011.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de GIFE (2011).
Lei Rouanet (Lei 8313);
30%
Lei do Audiovisual (Lei 8685);
35%
Lei de Incentivo ao Esporte (Lei 11.438); 8%
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069);
14%
Outros; 13%
26
40% do volume de investimento total são recursos doados por empresas
mantenedora ou por grupos empresariais, 31% são originados pelos próprios
associados, provenientes de fundo patrimonial e 16% recursos gerados a partir
da venda de produtos e serviços, 5% desse monte de procedência são
captados junto a pessoas física e/ou jurídica eventualmente, em campanhas de
doações e por doações de indivíduos e do grupo familiar dos assistidos pelas
organizações, enquanto 4% são destinados por outros meios. Os estímulos
fiscais destinados aos recursos para o terceiro setor no Brasil, segundo a
mesma pesquisa correspondem a 3% da origem dos recursos.
Sendo esses recursos provenientes da Lei Rouanet, Lei nº 8.313, que
instituiu o PRONAC (Programa Nacional de Apoio à Cultura), formado pelo
Fundo Nacional de Cultura (FNC) e do Fundo de Investimento Cultural e
Artístico (FICART), em que seus recursos são dedicados ao financiamento
exclusivo de programas, projetos ou ações culturais realizados por meio de
editais ou provenientes de demandas espontâneas. Com base na figura 2 está
Lei corresponde a 30% do volume total de recursos, um montante de R$
101.646.606,00.
Outro incentivo fiscal é a Lei do Audiovisual, Lei nº 8.685, regula o
investimento para a realização de projetos nas áreas de exibição, distribuição e
infraestrutura técnica de obras cinematográficas e audiovisuais, possibilitando
que empresas tributadas com base no lucro real apliquem uma parte do IR
(imposto de renda) em projetos ou ações. Através desta lei cerca de R$
117.102.666,00 são destinadas as organizações do terceiro setor.
Responsável por 8% dos recursos provenientes dos incentivos fiscais, a
Lei de Incentivo ao Esporte, Lei nº 11.438, proporciona R$ 25.238.932,00, para
as organizações do terceiro setor. Permitindo as pessoas físicas e jurídicas que
parte do pagamento de Imposto de Renda fosse destinado à projetos
esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. As pessoas jurídicas podem
investir até 1% desse valor e as pessoas físicas, até 6% do imposto devido.
(MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2016).
Outra incitação e a Lei nº 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente
corresponde a 14% do volume de recursos de incentivos, o equivalente a R$
27
47%
27%
24%
2%
Programas e ações sociais próprios doAssociado
Programas e ações sociais de outrasorganizações
Custos administrativos/ Infraestrutura
Outro(s)
46.578.199,00. E 13% são derivados de outros incentivos fiscais,
caracterizando um montante de R$ 44.442.813,00.
Esses recursos são alocados de acordo com a necessidade de cada
fundação e associação sem fins lucrativos, a Figura 3 apresenta está
disposição dos recursos pela amostra analisada pelo GIFE em 2011-2012.
Programas e ações sociais próprias dos associados demandam 47%
dos recursos, enquanto 27% são para programas e ações sociais de outras
organizações, caracterizadas por doações e patrocínios de terceiras. 24%
custos administrativos e infraestrutura e 2% a outras despesas da organização.
FIGURA 3: Alocação dos recursos das organizações do terceiro setor no Brasil –
2011
Fonte: Elaborado pela autora, a partir de GIFE (2011).
A captação de recursos tem como objetivo gerar recursos financeiros,
para sustentação das organizações do terceiro setor. As diversas formas de
mobilizações tanto por incentivos fiscais, doações ou por fundos patrimoniais,
por exemplo. Serve como garantia para a continuidade de seus trabalhos, bem
como de materiais e de profissionais. Este setor esta ganhando espaço tanto
nas discussões quanto na sua atuação, devido sua presente participação na
sociedade, principalmente na brasileira.
28
3.3 Caracterização das entidades e aspectos do emprego no terceiro
setor
O papel das associações do terceiro setor residiria, sobretudo, numa
certa recomposição do tecido social, impactado em função das mudanças
econômicas do capitalismo e da separação que se realizou entre a economia e
o social, principalmente depois do fim do século XIX. (LUCA, 2008).
Contudo, poucos são os estudos relacionados ao papel ocupado pelas
organizações do terceiro setor na economia brasileira. O principal estudo,
nesse sentido, foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) -
Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil. O estudo foi
realizado a partir do Cadastro Central de Empresas – CEMPRE e contou com o
auxílio de instituições como a ABONG e o GIFE realizado no ano de 2010,
publicado em 2012.
Segundo a classificação do IBGE-2012, as organizações pertencentes
ao terceiro setor se classifica em 10 grupos, conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Número de unidades locais das fundações privadas e associações sem fins
lucrativos, segundo a classificação das entidades sem fins lucrativos – Brasil, 2010.
Grupo Classificação das entidades sem fins lucrativos
Número de unidades locais FASFIL
Total (%)
Grupo 1 Habitação 292 0,1
Grupo 2
Saúde 6.029 2,1
Hospitais 2.132 0,7
Outros serviços de saúde 3.897 1,3
Grupo 3
Cultura e recreação 36.921 12,7
Cultura e arte 11.995 4,1
Esporte e recreação 24.926 8,6
Grupo 4
Educação e pesquisa 17.664 6,1
Educação infantil 2.193 0,8
Ensino fundamental 4.475 1,5
Ensino médio 2.107 0,7
Educação superior 1.395 0,5
Estudos e pesquisas 2.059 0,7
Educação profissional 531 0,2
Outras formas de educação/ensino 4.904 1,7
29
Grupo 5 Assistência Social 30.414 10,5
Grupo 6 Religião 82.853 28,5
Grupo 7
Associações patronais e profissionais 44.939 15,5
Associações empresariais e patronais 4.559 1,6
Associações profissionais 17.450 6
Associações de produtores rurais 22.930 7,9
Grupo 8 Meio ambiente e proteção animal 2.242 0,8
Grupo 9
Desenvolvimento e defesa de direitos 42.463 14,6
Associações de moradores 13.101 4,5
Centros e associações comunitárias 20.071 6,9
Desenvolvimento rural 1.522 0,5
Emprego e treinamento 507 0,2
Defesa de direitos de grupos e minorias 5.129 1,8
Outras formas de desenvolvimento e defesa de direitos
2.133 0,7
Grupo 10
Outras Instituições privadas sem fins lucrativos 26.875 9,3
Outras Instituições privadas sem fins lucrativos não especificadas anteriormente
26.875 9,3
Total 290.692 100
Fonte: Elaborada pela autora a partir de IBGE (2012).
O terceiro setor vem ganhando cada vez mais espaço tanto nas
discussões quanto na sua atuação na sociedade brasileira. Para Margareth
Goldenberg, diretora-executiva do Instituto Ayrton Senna, um dos fatores
relevantes da expansão deste setor é “emergência pela busca de soluções”. O
crescimento das organizações acompanha diretamente a propagação da
população. (IBGE, 2012).
Em 1970, a população brasileira era de 96,06 milhões de pessoas, em
2010, segundo o IBGE a população era de aproximadamente 190 milhões.
Para Anheier (2002) citado em Ramos (2012), o crescimento do terceiro setor,
deve-se não apenas pela mudança de papel do Estado, mas também pelo
fortalecimento de uma classe média confiante e por fatores demográficos.
De acordo com a Figura 4, na região Sudeste, em 2010, concentrava-se
44,2% da população brasileira, com base na Tabela 1 encontra-se 128.619
organizações sem fins lucrativos (42,1%), em especial na cidade de São Paulo,
que individualmente corresponde a 35,2% dessa parcela enquanto a região
Centro-Oeste a menos populosa do país, que representa 7,4% da população
total, encontra-se 18.783 organizações, cerca de 6%. (IBGE, 2012).
30
As demais regiões, como o Nordeste com uma representação de 28,7%
da população agrupa 66.529 organizações (22,9%), na região Norte representa
8,3% da população em que há 14.128 instituições e a região Sul 62.633
organizações sem fins lucrativos situa-se 14,4% da população total brasileira.
FIGURA 4: Mapa do Brasil por regiões população total e número de FASFIL – 2012.
Fonte: Elaborada pela autora a partir de IBGE (2012).
Dentre as organizações mais antigas, criadas antes da década de 1980,
12,7% do total das Fundações e Associações sem Fins Lucrativos predominam
as entidades de caráter religioso e do grupo de cultura e recreação. (IBGE,
2012). Colegare e Silva-Júnior (2009) afirmam que o terceiro setor emergiu no
Brasil com as Santas Casas de Misericórdia e pela Cruz Vermelha, Oliveira
(2003), afirma a forte influência da colonização portuguesa e do domínio da
Igreja católica, como influenciam primordiais a respeito do surgimento desse
setor no Brasil.
NORDESTE Pop.: 53.081.950 (27,8%) FASFIL: 66.529 (22,9%)
SUDESTE Pop.: 80.364.410 (42,1%) FASFIL: 128.619 (44,2%)
SUL Pop.: 27.386.891 (14,4%) FASFIL: 62.633 (21,5%)
CENTRO-OESTE Pop.: 14.058.094 (7,4%) FASFIL: 18.783 (6,5%)
NORTE Pop.: 15.864.454 (8,3%) FASFIL: 14.128 (4,9%)
31
Tabela 2: Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos, por faixa de
fundação e regiões do Brasil – 1970 a 2010.
Regiões
Faixa de ano das fundações privadas e associações sem fins lucrativos
até 1970
de 1971 a 1989
de 1981 a 1990
de 1991 a 2000
de 2001 a 2006
de 2006 a 2010
Norte 158 698 1.712 4.574 3.250 3.736
Nordeste 1.026 3.034 7.805 24.670 15.485 14.509
Sudeste 5.556 14.845 21.551 36.233 23.924 26.510
Sul 2.477 6.983 11.028 19.014 11.674 11.457
Centro-Oeste 341 1.710 3.036 5.588 4.055 4.053
Fonte: Elaborada pela autora a partir de IBGE (2012).
Já as organizações criadas após os anos 2000, destacam-se as
instituições de direitos e interesses dos cidadãos e as de religião, esta última
em uma esfera menor comparada aos anos anteriores. Assim como relatado
por Lucas (2007) são entidades com interesses de maior apelo social,
produzindo bens ou serviços que tragam benefícios para a sociedade como um
todo.
As entidades de caráter de direito e interesse dos cidadãos representa
30,1% do total de instituições consideradas pelo IBGE (2012) neste período,
caracterizadas como as associações de moradores, centros e associações
comunitárias, desenvolvimento rural, emprego e treinamento e defesa de
direitos de grupos e minorias.
No âmbito nacional, as organizações da região Sudeste, concentram-se
as de caráter religioso, enquanto na região Nordeste as entidades de defesa e
direito e interesses dos cidadãos se encontram em maior quantidade, 16.365,
em que 9.094 são classificadas como de centros e associações comunitárias,
enquanto no Sudeste 6.398 organizações atuam no mesmo campo. (IBGE,
2012).
As organizações do terceiro setor são classificadas em 10 grupos. A
Tabela 2 mostra esta classificação e a quantidade de organizações
pertencentes a cada grupo. Em que observamos que 28,5% das organizações
no Brasil pertencem as entidades religiosas (grupo 6) e 15,5% pertence as
associações patronais e profissionais (grupo 7). As organizações de
desenvolvimento e defesa de diretos representa 14,6% (grupo 8).
32
A Tabela 3 apresenta a quantidade de unidades ativas no Brasil por
setor produtivo nos anos de 2008 e 2010.
Tabela 3: Unidades organizacionais ativas no Brasil por setor produtivo, nos anos de
2008-2010. (grifo do autor)
Fonte: Elaborada pela autora a partir de RAIS 2010 e IBGE 2012.
Em comparação com os demais setores classificados pelo IBGE, as
FASFIL acompanharam o crescimento da maioria dos demais setores e isso
acarreta no desenvolvimento do país.
As FASFIL tiveram um crescimento de aproximadamente 5%, em
comparação com os 2008 para 2010. Os setores, extrativa mineral, serviços
industriais de utilidade pública e construção civil, também reduziram. Em
compensação no mesmo período analisado, os setores indústria de
transformação, comércio, serviço, administração pública e agropecuária,
cresceram significativamente.
A participação desses setores no Produto Interno Bruno (PIB) no ano de
2010, segundo IBGE, 2010, em que o Setor da extrativa mineral teve
participação de 3% e o setor da construção civil representa 5,7%. O setor de
serviços representou 50,4%. E o setor agropecuário 5,3% do total. A
administração pública correspondeu a 16,2%. Assim como mencionado por
Marcos Kisil (2008) o terceiro setor corresponde a 5% do PIB e maior que 22
IBGE Setor Ano
2008 2010
Extrativa Mineral 204.936 211.216
Indústria de Transformação 7.310.840 7.885.702
Serviços Industriais de Utilidade Pública 375.370 402.284
Construção Civil 1.914.596 2.508.922
Comércio 7.324.108 8.382.239
Serviços 12.581.417 14.345.015
Administração Pública 8.310.136 8.923.380
Agropecuária, Extração Vegetal, Caça e Pesca 1.420.100 1.409.597
FASFIL 277.299 290.692
Total 39.452.967 44.080.010
33
23,6 22,6 22,7 21,5
69,2 70,3 70,3 71,7
7,2 7,1 7 6,7
2007 2008 2009 2010
31,9 31,3 32,2 31,3
61,1 62,1 61,2 62,3
7 6,6 6,6 6,4
2007 2008 2009 2010
Estados brasileiros, ficando apenas atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Entidades sem fins lucrativos Entidades empresariais Administração Pública
FIGURA 5: Participação relativa dos órgãos da administração pública, das entidades empresariais e das entidades sem fins lucrativos no número de organizações, no pessoal ocupado assalariado e nos salários e outras remunerações - Brasil - 2007-2010. Fonte: Elaborado pela autora a partir de IBGE (2012).
Com base nos dados da Figura 5, o pessoal ocupado assalariado no
setor público diminuiu de 23,6% para 21,5 de 2007 para 2010, essa redução
também aconteceu no terceiro setor em que passou de 7,2% para 6,7% no
mesmo período. Enquanto as entidades empresariais teve um aumento dos
assalariados de 69,2% para 71,7%. Em decorrência dessa redução do número
de ocupados a remuneração foi restringida.
Segundo o IBGE, 2012, a média salarial das entidades sem fins
lucrativos no ano de 2010 era de 3,3 salários mínimos mensais1, no mesmo
1 O valor do salário mínimo mensal em reais foi de R$ 510,00, em 2010.
Pessoal Ocupado Assalariado Salários e outras remunerações
34
ano todos os assalariados das organizações públicas e privadas cadastradas
no CEMPRE eram de 3,2 salários mínimos mensais.
Embora a participação das organizações do terceiro setor na sociedade
em comparação aos demais setores ser relativamente pequena. Essas
organizações tem um papel importante na sociedade e na economia, como já
citado este setor contribui com 5% do PIB do país, (KISIL, 2008) gerando
2.128.007 de empregos diretos, uma média de 7,32 ocupados assalariados por
entidade, no Brasil em 2010, cooperando para o alargamento do mercado
consumidor interno, em consequência fortalece a economia brasileira. (IBGE,
2012).
Para Handy e Katz (1998) citado em Ramos (2012), não há diferença
expressiva entre os indivíduos de trabalharam no setor privado e público com
os trabalhadores do Terceiro Setor.
Um dos fatores relevante ligado a essa diferença na média salarial, está
relacionado ao nível de escolaridade que Reis e Ramos (1993) se referia que
quando mais o nível de escolaridade maior sua remuneração. No Brasil,
segundo o IBGE 2012, 18,1% dos ocupados assalariados nos setores público e
privado possuem nível superior completo, enquanto 33% dos ocupados
assalariados no terceiro setor possui nível superior completo, ou seja, os
ocupados assalariados no terceiro setor possuem maior nível de escolaridade.
Além disso, Ramos (2012) discute que a diferença salarial em
comparação com os demais setores os ocupados assalariados no terceiro
setor, permanecem menos tempo no mesmo posto trabalho, havendo assim
uma maior mobilidade, ou seja, oferecem salários maiores na tentativa de uma
permanência mais duradoura.
A Tabela 4 apresenta a evolução da média salarial de acordo com cada
grupo de classificação feita pelo IBGE.
35
Tabela 4: Evolução do salário médio mensal e variação percentual das Fundações
Privadas e Associações sem fins lucrativos, segundo o grupo da classificação das entidades sem fins lucrativos – Brasil – 2006/2010.
Grupo da classificação das entidades sem fins lucrativos
Evolução
Salário médio mensal (R$) Variação percentual
(%)
2006 2008 2010 2006/ 2010
2008/ 2010
Habitação 733,21 1.283,52 1.553,63 111,9 21
Saúde 1.478,86 1.544,77 1.701,93 15,1 10,2
Cultura e recreação 1.620,79 1.697,63 1.778,51 9,7 4,8
Educação e pesquisa 2.065,44 2.022,20 2.026,61 (-) 1,9 0,2
Assistência Social 1.139,44 1.227,35 1.228,19 7,8 0,1
Religião 1.030,26 1.078,09 1.107,57 7,5 2,7
Associações patronais e profissionais 1.458,22 1.605,18 1.703,01 16,8 6,1
Meio ambiente e proteção animal 1.557,07 1.620,44 1.561,69 0,3 (-) 3,6
Desenvolvimento e defesa de direitos 1.349,35 1.287,92 1.506,50 11,6 17
Outras instituições privadas sem fins lucrativos
1.462,16 1.558,04 1.638,42 12,1 5,2
Total 1.569,53 1.601,22 1.667,05 6,2 4,1
Fonte: Elaborada pela autora a partir de IBGE (2012).
As áreas de saúde e educação e pesquisa são as que mais possuem
assalariados ocupados no Brasil. Fato que explica a necessidade de nível de
escolaridade maior para atuar nessas organizações, como colocado por Reis e
Ramos (1993). Através dos dados da tabela 4, consegue-se observar que na
área de educação e pesquisa, a média mensal da remuneração deste setor
teve uma variação de (-)1,9% entre 2006/2010. Essa variação foi ainda mais
redutora nas entidades de meio ambiente e proteção animal, o que pode
explicar o fato da substituição dos assalariados por voluntários.
Já as organizações da área da saúde, teve uma variação de 15,1% de
2006 para 2010. Fato que pode ser explicado pela exigência de nível de
escolaridade maior, que segundo o IBGE 2012 e considerados com
organizações sem fins lucrativos hospitais, casas de saúde, unidades de
internação com características de hospital local de pequeno porte, sob
administração única, atividades de urgência e emergência e associações,
centros e institutos de terapias alternativas.
36
578
574.474
157.641
562.684
310.730
150.552 113.897
10.337
120.410 126.704
Embora o grupo das associações patronais e sindicatos indicado pelo
índice entre pessoal ocupado por entidades (Gráfico 3) ser de apenas 2,53,
teve sua média salarial crescente. Em 2006 era de R$ 1.458,22 e passou para
R$ 1.703,01 em 2010, ou seja, uma variação de 16,8%.
O gráfico 3 relata a quantidade de pessoal ocupado nas FASFIL por
grupo de classificação segundo o IBGE.
FIGURA 6: Número de pessoal ocupado nas Fundações e Associações sem fins lucrativos – Brasil - 2010
Fonte: Elaborado pela autora a partir de IBGE (2012).
Um indicador criado a partir da relação entre pessoal ocupado nas
FASFIL por número de entidades classificadas pelo IBGE (Figura 6) consegue-
se observar que à concentração de trabalhadores nas áreas de saúde,
educação e pesquisa, e assistência social, e menos ocupada assalariada nos
grupos de religião e habitação.
37
1,98
95,29
4,27
31,85
10,22 1,82 2,53 4,61 2,84 4,71
FIURA 7: Indicador de pessoal ocupado por entidade sem fins lucrativos²
Fonte: Elaborado pela autora a partir de IBGE (2012).
Um dos fatores que explica o crescimento de trabalhadores na área da
saúde nas últimas décadas no Brasil foi por meio da construção do Sistema
Único de Saúde (SUS), pautada por diretrizes contidas na Constituição de
1988, regulamentada por normas e leis que se instituíram modificações nas
relações entre as três esferas de governo (federal, estadual e municipal),
determinando-se novas funções e transferência de competências aos
municípios. (VÁZQUEZ et al., 2003).
Isso ocasionou uma maior participação da população na definição de
políticas de saúde e no monitoramento de sua implementação promovendo o
controle através de canais da democracia tradicional, órgãos colegiados
deliberativos como os conselhos de saúde e outros espaços. (VÁZQUEZ et al.,
2003).
38
Tabela 5: Pessoal ocupado assalariado nas Fundações Privadas e
Associações sem fins lucrativos – Brasil 2010 (grifo do autor).
Classificação das entidades sem fins lucrativos
Pessoal ocupado assalariado das Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos
Grandes Regiões
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Habitação 5 107 311 57 98
Saúde 12.549 78.339 78.339 112.380 22.024
Cultura e recreação 4.295 11.363 96.268 34.031 11.684
Educação e pesquisa 23.585 71.050 34.484 99.052 44.513
Assistência Social 8.201 46.239 179.091 59.346 17.853
Religião 8.198 21.540 78.759 24.552 17.503
Associações patronais e profissionais 3.828 12.260 71.552 17.181 9.076
Meio ambiente e proteção animal 581 3.963 3.972 785 1.036
Desenvolvimento e defesa de direitos 3.365 23.921 69.379 16.848 6.897
Outras instituições privadas sem fins lucrativos
6.657 27.563 64.023 21.728 6.733
Total 71.264 296.345 1.238.021 385.960 137.417
Fonte: IBGE 2012, elaboração própria.
De acordo com a Tabela 5 conseguimos observar as regiões que
possuem maior pessoal assalariado por classificação segundo o IBGE, na
Região Nordeste concentra-se a maior número de ocupados assalariados no
grupo da saúde, em torno de 79 mil pessoas, já na Região Sul esse número e
superior de aproximadamente 112 mil assalariados.
A segunda área que tem a maior pessoal ocupado e da educação e
pesquisa, os gastos federais com educação segundo Silveira (2011), passou
por dois momentos distintos, o primeiro entre os anos de 1995 a 1999 e o
segundo momento entre 2000 a 2010.
Segundo dados do Ministério da Fazenda, as despesas com educação
no primeiro momento teve um crescimento, passando de R$ 35,3 bilhões em
1995 para R$ 43,7 bilhões em 1999. Comparado ao quociente de despesas em
educação pelo Produto Interno Bruto (PIB) essas despesas equivale a que
1,20% do PIB em 1996 para 1,60% do PIB em 1999. (Silveira, 2011).
Já no segundo momento foi caracterizado pelo declínio dessas
despesas, passando de R$ 43,7 bilhões em 1999 para R$ 25,4 bilhões em
39
2000 seguindo esse patamar até 2008. (Silveira, 2011). Em 2009 e 2010 essa
despesa e considerada ainda menor, inferior às despesas gastas na década de
1990.
O que caracteriza a necessidade de entidades com caráter nem público
nem privado para atender a demanda dessa população. No Brasil, segundo o
IBGE 2012, as organizações na área de educação e pesquisa que mais
cresceram foi a de educação infantil caracterizado por creches, ensino pré-
escolar em escolas maternais e jardins de infância e na área de estudos e
pesquisas, são centros de estudos e pesquisas em educação, pesquisas
básicas, trabalhos experimentais ou teóricos desenvolvidas com o objetivo de
obtenção de novos conhecimentos.
Nas regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste as entidades que possuem
mais pessoal ocupado são da área de educação e pesquisa.
Ressalta-se que, como colocado por Almeida (2011) e Westlund (2003),
a geração de emprego e renda não são princípios das organizações do terceiro
setor, mas esse aspecto vem ganhando força no Brasil. Que embora tenham
caráter voluntário deve seguir a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
como colocado pela ABONG (2007).
40
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho apresentou com base na literatura e na pesquisa
realidade pelo Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) - 2012, as
características das entidades do terceiro setor no Brasil, as que se enquadram
simultaneamente, aos cinco critérios: ser privada, sem fins lucrativos,
institucionalizada, autoadministrativa e voluntária.
No Brasil, o terceiro setor surgiu no período colonial, tendo seu
surgimento a partir da Primeira República, por meio de ações sociais de caráter
religioso, que sofriam uma forte influência da colonização portuguesa e do
domínio da Igreja católica. Mas ganhou forças com a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 e com a gestão do presidente Fernando Henrique
Cardoso, que através do Consenso de Washington, o FMI, como forma de
melhorias instituiu a privatização no Brasil, a fim de reduzir o papel do Estado
como empresário na economia nacional, ou seja, substituir seu papel
supostamente escasso em esferas essenciais para a população, transferindo-
se a soberania de responsabilidade a instituições preenchendo o espaço entre
a demanda da população com o que é oferecido pelo Estado. (Montanõ, 2010).
Tomou escopo e ganhou importante relevância no âmbito econômico e social.
O terceiro setor tem se apresentado como uma importante ferramenta de
solução para problemas sociais que afligem a sociedade brasileira e segmento
assistencialista de grande impacto econômico.
Para Westlund e Westeerdahl (1997) citado em Ramos (2012) existem
três suposições que reforça o desenvolvimento do emprego no Terceiro Setor:
1) distanciamento do estado junto com o setor privado, que deixam lacunas
para outros agentes econômicos, 2) mudanças econômicas de mercado e
possíveis questionamentos a respeito das receitas do setor público causando a
necessidade de outro setor e 3) baseada na regionalização, ou seja, há regiões
que são menos favorecidas pelos outros setores que proporcionam seu
desenvolvimento com o proposito de melhorias das condições
socioeconômicas da população.
O crescimento das organizações acompanha diretamente a propagação
da população, com base nos dados do IBGE 2012, as regiões Norte e Centro-
41
Oeste foram as que mais cresceram 14,6% e 12,6%, respectivamente.
Enquanto as organizações mais antigas criadas antes da década de 1980,
predominam as entidades de caráter religioso e do grupo de cultura e
recreação já nos anos 2000, destacam-se as instituições de direitos e
interesses dos cidadãos e as de religião.
Embora a redução do número de organizações sem fins lucrativos no
Brasil e o crescimento dos demais setores, este setor e responsável por 5% do
PIB, em comparação com alguns setores como a extrativa mineral que tem
participação de 3% e do setor agropecuário com 5,3%, este setor e significativo
a economia brasileira. (IBGE, 2012).
Outro fato discutido é a diferença na média salarial entre os indivíduos
que trabalharam no setor privado e público é de 3,2 salários mínimos mensais,
enquanto os trabalhadores do terceiro setor são de 3,2 salários mínimos
mensais. Este fato está ligado ao nível de escolaridade, em que 18,1% dos
ocupados assalariados nos setores público e privado possuem nível superior
completo, enquanto 33% dos ocupados assalariados no terceiro setor possui
nível superior completo. (IBGE, 2012).
Ramos (2012) discute que esta diferença salarial se dá pelo fato dos
ocupados assalariados no terceiro setor, permanecem menos tempo no mesmo
posto trabalho, havendo assim uma maior mobilidade, ou seja, oferecem
salários maiores na tentativa de uma permanência mais duradoura.
Entre as organizações do terceiro setor que tem mais ocupados
assalariados, são na área de saúde nas regiões Nordeste em que concentra 79
mil trabalhadores e na região Sul de aproximadamente 112 mil. Reflexo da
Constituição de 1988, através da construção do Sistema Único de Saúde
(SUS), determinando-se novas funções e transferência de competências aos
municípios, ocasionou uma maior participação da população na definição de
políticas de saúde e no monitoramento de sua implementação promovendo o
controle através de canais da democracia tradicional, órgãos colegiados
deliberativos como os conselhos de saúde e outros espaços.
E a área de educação e pesquisa, as regiões Norte (23.585), Sudeste
(324.484) e Centro-Oeste (44.513), são as entidades que possuem mais
pessoal ocupado na área de educação e pesquisa, fruto da redução de
42
despesas do governo federal, que caracteriza a necessidade de entidades com
caráter nem público nem privado para atender a demanda dessa população.
Diante dos fatos analisados e discutidos observa-se a importância para a
prestação dos serviço para a sociedade brasileira, em que seu crescimento e
sua vigoração está sendo cada vez mais representados, além da contribuição
social sua importante contribuição para economia e desenvolvimento do pais.
43
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