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dorival-goncalves
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8/13/2019 O trabalho como pr teleolgico
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O trabalho
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v=M2VB1mKprBg
I. O trabalho como pr teleolgico
1. ... todo salto implica uma mudana qualitativa e
estrutural do ser, onde a fase inicial certamente contm
em si determinadas condies e possibilidades das fases
sucessivas e superiores, mas estas no podem se desenvolver
a partir daquela numa simples e retilnea continuidade.
2. A essncia do salto constituda por essa ruptura com a
continuidade normal do desenvolvimento e no pelo
nascimento, de forma sbita ou gradativa, no tempo, da
nova forma do ser.
3. ... a diviso gerada pelo trabalho humano na sociedade
cria, ..., suas prprias condies de reproduo, no interior
da qual a simples reproduo de cada existente s um
caso limite diante da reproduo ampliada que, ao
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contrrio tpica. Isso no exclui, naturalmente, a apario
de becos sem sada no desenvolvimento, suas causas,
porm, sempre sero determinadas pela estrutura darespectiva sociedade e no pela constituio biolgica dos
seus membros.
4. A respeito da essncia do trabalho ...:
Pressupomos o trabalho numa forma em que ele diz respeito unicamente
ao homem. Uma aranha executa operaes semelhantes s do tecelo, e umaabelha envergonha muitos arquitetos com a estrutura de sua colmeia.
Porm, o que desde o incio distingue o pior arquiteto da melhor abelha o
fato de que o primeiro tem a colmeia em sua mente antes de constru-la
com cera. No final do processo de trabalho, chega-se a um resultado que j
estava presente na representao do trabalhador no incio do processo,
portanto, um resultado que j existia idealmente. Isso no significa que ele se
limite a uma alterao da forma do elemento natural, ele realiza neste
ltimo, ao mesmo tempo, seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei,
o tipo e o modo de sua atividade e ao qual ele tem de subordinar a sua
vontade.[O capital, livro I, P. 255-6]
5. O verdadeiro problema ontolgico, porm que o tipo
de pr teleolgico no foi entendido nem por Aristteles
nem por Hegel como algo limitado ao trabalho (ou
mesmo, num sentido ampliado, mas ainda legitimo,
prxis humana em geral). Em vez disso, ele foi levado a
categoria cosmolgica universal.
6. ... conceber teleologicamente a natureza e a historia
implica no somente que ambas possuem um carter de
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finalidade, que esto voltadas para um fim, mas tambm
que sua existncia, seu movimento, no conjunto e nos
detalhes devem ter um autor consciente. O que faz nascertais concepes de mundo, no s nos filisteus criadores das
teodiceias so sculo XVIII, mas tambm em pensadores
profundos e lcidos como Aristteles e Hegel, uma
necessidade humana elementar e primordial: a necessidade
de que a existncia, o curso do mundo e at os
acontecimentos da vida individual e estes em primeiro
lugar tenham um sentido.
7. Marx nega a existncia de qualquer teleologia fora do
trabalho [da prxis humana]. ... para Marx, o trabalho no
uma das formas fenomnicas da teleologia em geral, mas
o nico ponto onde se pode demonstrar ontologicamente
um pr teleolgico como momento real da realidade
material. Este conhecimento correto da realidade lana luz,
em termos ontolgicos, sobre todo um conjunto de
questes. Antes de qualquer outra coisa, a caracterstica
real decisiva da teleologia, isto , o fato de que la s pode
adquirir realidade enquanto pr, recebe um fundamento
simples, bvio, real: nem preciso repetir Marx para
entender que qualquer trabalho seria impossvel se ele no
fosse precedido de tal pr, que determina o processo em
todas as suas etapas.
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8. O fato de que Marx limite[a], com exatido e rigor, a
teleologia ao trabalho [prxis humana], eliminando-a de
todos os outros modos do ser, de modo nenhum restringe oseu significado; pelo contrrio, ele aumenta, j que
preciso entender que o mais alto grau do ser que
conhecemos, o social, se constitui como grau especfico, se
eleva a partir do grau em que est baseado a sua
existncia, o da vida orgnica, e se torna um novo tipo
autnomo de ser, somente por que h nele esse operar real
do ato teleolgico. S podemos falar racionalmente do ser
social quando concebemos que a sua gnese, o seu
distinguir-se da sua prpria base, seu tornar autnomo
baseiam-se no trabalho, isto , na continua realizao de
pores teleolgicos.
10. Somente no trabalho, no pr do fim e de seus meios,
como um ato dirigido por ela mesma, com o pr
teleolgico, a conscincia ultrapassa a simples adaptao ao
ambiente o que comum tambm quelas atividades dos
animais que transformam objetivamente a natureza de
modo involuntrio e executa na prpria natureza
modificaes que, para os animais, seriam impossveis e at
mesmo inconcebveis.
11. No espelhamento da realidade e a reproduo se
destaca da realidade reproduzida, coagulando-se numa
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realidade prpria na conscincia. Pusemos entre aspas a
palavra realidade porque na conscincia ela apenas
reproduzida; nasce uma nova forma de objetividade, masno uma realidade, e exatamente em sentido ontolgico
no possvel que a reproduo seja semelhante quilo
que se reproduz e muito menos idntica a isso. Pelo
contrrio, no plano ontolgico o ser social se subdivide em
dois momentos heterogneos, que do ponto de vista do ser
no s esto diante um do outro como heterogneos, mas
so at mesmo opostos: o ser e o seu espelhamento na
conscincia.
12. Pense-se que, para o homem primitivo, somente a
utilidade imediata constitui o objeto da alternativa, ao
passo que, na medida em que se desenvolve a socializao
da produo, isto da economia, as alternativas assumem
um afigura cada vez mais diversificada, mais diferenciada.
O Prprio desenvolvimento da tcnica tem como
consequncia o fato de que o projeto de modelo o
resultado de uma cadeia de alternativas, mas, por mais
elevado que seja o grau de tcnica (sustentado por uma
srie de cincias), nunca ser a nica base de deciso
alternativa. Por isso o timo tcnico assim elaborado de
modo nenhum coincide com o timo econmico.
Certamente, a economia e a tcnica esto, no
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desenvolvimento do trabalho, numa coexistncia
indissocivel e tem relaes ininterruptas entre si, mas este
fato no elimina a heterogeneidade, que, como vimos, semostra na dialtica contraditria entre fim e meio.
13. ... os momentos intelectuais do projeto de um pr de
fim no trabalho so importantes, em ltima anlise, na
deciso da alternativa; seria, porm, fetichizar a realidade
econmica ver a o motor nico da passagem dapossibilidade realidade no campo do trabalho. Esse tipo
de racionalidade um mito, tanto quanto suposio de
que as alternativas que ns descrevemos se realizariam num
plano de pura liberdade abstrata. Em ambos os casos deve-
se sustentar que as alternativas orientadas para o trabalho
sempre se pautam para a deciso em circunstncias
concretas, quer se trate do problema de fazer um machado
de pedra ou um modelo de carro para ser produzido em
centenas de exemplares. Isso implica, em primeiro lugar,
que a racionalidade depende da necessidade concreta que
aquele produto singular deve satisfazer. Essa satisfao de
necessidade e tambm as representaes acerca dela so,
desse modo, componentes que determinam a estrutura do
projeto, a seleo e o agrupamento dos pontos de vistas,
tanto quanto a tentativa de espelhar corretamente as
relaes causais da realizao. Em ltima anlise, a
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determinao se acha fundada, portanto, na singularidade
da realizao projetada. Sua racionalidade nunca pode ser
absoluta, mas, ao contrrio como sempre ocorre nastentativas de realizar algo , a racionalidade concreta de
um nexo se... ento. s porque no interior de tal
quadro reinam conexes desse tipo de necessidade que a
alternativa se torna possvel: ela pressupe dentro desse
complexo concreto a sucesso necessria de passos
singulares. Poder-se-ia por certo objetar: do mesmo modo
que a alternativa e a predeterminao se excluem
mutuamente, em termos lgicos, a primeira no pode
deixar de ter seu fundamento ontolgico na liberdade de
deciso. E isso correto at certo ponto, mas at certo
ponto. Para entender bem as coisas, no se pode esquecer
que a alternativa, de qualquer lado que seja vista, somente
pode ser uma alternativa concreta: a deciso de um
homem concreto (ou de um grupo de homens) a respeito
das melhores condies de realizao concretas de um pr
concreto do fim. Isso quer dizer que nenhuma alternativa (enenhuma cadeia de alternativas) no trabalho pode se
referir a realidade em geral, mas uma escolha concreta
entre caminhos cujo fim (em ltima anlise, a satisfao da
necessidade) foi produzida no pelo sujeito que decide, mas
pelo ser social no qual ele vive e opera. O sujeito s pode
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tomar como objeto de seu pr de fim, de sua alternativa,
as possibilidades determinadas a partir e por meio desse
complexo de ser que existe independentemente dele. E domesmo modo evidente que o campo das decises
delimitado por esse complexo de ser; bvio que a
amplitude, a densidade, a profundidade, etc. cumprem
importante na correo do espelhamento da realidade;
isso, porm, no elimina o fato de que o pr das cadeias
causais no interior do pr teleolgico imediatamente ou
mediatamente determinado, em ltima anlise, pelo ser
social.
13, O ser humano foi caracterizado como o animal que
frequentemente constri suas prprias ferramentas.
correto, mas preciso acrescentar que construir e usar
ferramentas implica necessariamente, como pressuposto
imprescindvel para o sucesso do trabalho, o autodomnio
do homem aqui j descrito. Esse tambm um momento
do salto a que nos referimos, da sada do ser humano da
existncia meramente animalesca. Quanto aos fenmenos
aparentemente anlogos que se encontram nos animais
domsticos, por exemplo, no comportamento dos ces de
raa, repetimos que tais hbitos s podem surgir pela
convivncia com os homens, como imposio do ser
humano sobre o animal, enquanto aquele realiza por si o
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autodomnio como condio necessria para a realizao no
trabalho dos prprios fins autonomamente postos. Tambm
sob esse aspecto o trabalho se revela como veculo para acriao do homem enquanto homem. Como ser biolgico,
ele um produto do desenvolvimento natural. Com a sua
autorrealizao, que tambm implica, obviamente, nele
mesmo um afastamento das barreiras naturais, embora,
jamais um completo desaparecimento delas, ele ingressa
num novo ser, autofundado: o ser social.
II. O trabalho como modelo de prxis social
1. Nossas ltimas exposies mostraram como nos pores do
processo do trabalho j esto contido in nuce, nos seus
traos mais gerais, mas tambm decisivos, problemas queem estgios superiores do desenvolvimento humano se
apresentam de forma mais generalizada, desmaterializada,
sutil e abstrata e que por isso aparecem depois como temas
centrais da filosofia. por isso que julgamos correto ver no
trabalho o modelo de toda a prxis social, de qualquerconduta ativa.
2. No sentido originrio e mais restrito, o trabalho um
processo entre a atividade humana e natureza: seus atos
esto orientados para a transformao de objetos naturais
em valores de uso. Nas forma ulteriores e mais
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desenvolvidas da prxis social, destaca-se em primeiro
plano a ao sobre outros homens, cujo objetivo , em
ltima instncia mas somente em ltima instncia ,uma mediao para a produo de valores de uso. Tambm
nesse caso o fundamento ontolgico-estrutural
constitudo pelos pores teleolgicos e pelas cadeias causais
que eles pem em movimento. No entanto, o contedo
essencial do pr teleolgico nesse momento- falando em
termos inteiramente gerais e abstratos a tentativa de
induzir outra pessoa (ou grupo de pessoas) a realizar, por
sua parte, pores teleolgicos concretos. Esse problema
aparece logo que o trabalho se torna social, no sentido de
que depende da cooperao de mais pessoas, independente
do fato de que esteja presente o problema do valor de
troca ou que a cooperao tenha apenas como objetivo
valores de uso. Por isso, esta segunda forma de pr
teleolgico, no qual o fim posto imediatamente um pr
do fim por outros homens j pode existir em estgios muito
iniciais.
3. sem dvida possvel deduzir geneticamente a
linguagem e o pensamento conceitual a partir do trabalho,
uma vez que a execuo do processo do trabalho pe ao
sujeito que trabalha exigncias que s podem ser satisfeitas
reestruturando ao mesmo tempo quanto linguagem e ao
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pensamento conceitual as faculdades e as possibilidades
psicofsicas presentes at aquele momento, ao passo que a
linguagem e o pensamento conceitual no podem serentendidos nem em nvel ontolgico nem em si mesmos se
no se pressupe a existncia de exigncias nascidas do
trabalho e nem muito menos como condies que fazem
surgir o processo do trabalho. obviamente indiscutvel
que, tendo a linguagem e o pensamento conceitual surgida
para as necessidades do trabalho, seu desenvolvimento se
apresenta como uma ininterrupta e ineliminvel ao
recproca e o fato de que o trabalho continue a ser o
momento predominante no s suprime a permanncia
dessas interaes, mas, ao contrrio, as refora e as
intensifica. Disso se segue necessariamente que no interior
desse complexo o trabalho influi continuamente sobre a
linguagem e o pensamento conceitual e vice-versa.
4. Quando o processo real do ser na natureza e na histria
era visto como teleolgico, de tal modo que a causalidade
tinha apenas o papel de rgo executivo do fim ltimo, a
forma mais alta do comportamento humano acabava sendo
a teoria, a contemplao. Com efeito, uma vez que o
fundamento inabalvel da essncia da realidade objetiva
era o seu carter teleolgico, o homem s podia ter com
ela, em ltima anlise, uma relao contemplativa; a
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autocompreenso dos prprios problemas da vida, tanto no
sentido imediato como mediato, at o mximo nvel de
sutileza, s parecia possvel nessa relao com a realidade.Reconhece-se, sem dvida, relativamente cedo o carter
teleoligicamente posto da prxis humana. No entanto, uma
vez que as atividades concretas que dai se originam sempre
acabam numa totalidade teleolgica de natureza e
sociedade, permanece de p essa supremacia filosfica,
tica, religiosa etc. da compreenso contemplativa da
teleologia csmica. ... (pgina 88).
5. ... : por sua essncia, a teleologia s pode funcionar como
teleologia posta. Por isso, para delimitar seu ser em termos
ontolgicos concretos, quando queremos caracterizar
justificadamente um processo como teleolgico, devemos
tambm demonstrar, em termos ontolgicos e sem
qualquer dvida, o ser do sujeito que a pe. (pgina 89).
6. Nos pores da causalidade de tipo superior, isto , mais
sociais, inevitvel uma interveno, uma influncia do prfim teleolgico sobre as suas reprodues espirituais. Mesmo
quando este ltimo ato j se transformou em cincia, em
fator relativamente autnomo da vida social, ,
considerado ontologicamente, uma iluso pensar que possa
obter uma cpia imparcial, do ponto de vista da sociedade,
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das cadeias causais aqui dominantes e, por esse meio,
tambm das causalidades naturais ... (pagina 91)
7. Quando, ento, observamos que o ato decisivo do sujeito o seu pr teleolgico e a realizao deste, fica
imediatamente evidente que o moemto categorial
determinante desses atos implica uma prxis caracterizada
pelo dever-ser. O momento determinante imediato de
qualquer ao intencionada que vise realizao deve porisso ser j esse dever-ser, uma vez que qualquer passo em
direo realizao determinado verificando se e como
ele favorece a obteno do fim. O sentido da determinao
inverte-se deste modo: na determinidade normal biolgica,
causal, portanto tanto nos homens quanto nos animais,
surge um desdobramento causal no qual sempre
inevitavelmente o passado que determina o presente.
Tambm a adaptao dos seres vivos a um ambiente
transformado decorre da necessidade causal, na meddia
em que as propriedades produzidas no organismo pelo seu
passado reagem a tal transformao, conservando-se ou
destruindo-se. O pr de um fim inverte, como j vimos,
esse andamento: o fim vem (na conscincia) antes da sua
realizao e, no processo que orienta cada passo, cada
movimento guiado pelo pr do fim (pelo futuro). Sob esse
aspecto, o significado da causalidade postaconsiste no fato
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de que os elos causais, as cadeias causais etc. so
escolhidos, postos em movimento, abandonados ao seu
prprio movimento para favorecer a realizao do fimestabelecido desde o inicio. Ainda quando no processo de
trabalho, como diz Hegel, a natureza apenas se consume,
no se trata igualmente de um processo causal espontneo,
mas guiado teleologicamente, cujo desenvolvimento consiste
exatamente no aperfeioamento, na concretizao e na
diferenciao dessa conduo teleolgica dos processos
espontneos (o uso de foras naturais como fogo ou gua
para trabalhar). Do ponto de vista do sujeito, esse agir
determinado a partir de um futuro definido exatamente
um agir conduzido pelo dever-ser do fim.
III. A relao sujeito-objeto no trabalho e suas
consequncias
1. ... temos de considerar melhor um fenmeno derivado
diretamente do trabalho, isto , o surgimento da relaosujeito-objeto e o distanciamento que necessariamente
advm da. Essse distanciamento cria imediatamente uma
base imprescindvel, dotada de vida prpria, do ser social
dos homens: a linguagem. (pgina 127)
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2. O homem sempre fala sobre algo determinado, que ele
extrai de usa existncia imediataem um duplo sentido:
primeiro, na medida em que isto posto como objeto queexiste de maneira independente; segundo e aqui a
distancia aparece ainda mais intensamente, se isso
possvel , empenhando por precisar cada vez o objeto em
questo como lago concreto; seus meios de expresso, as
suas designaes so de tal modo constitudos que cada
signo pode figurar em contextos completamente diferentes.
Desse modo, a reproduo realizada atravs do signo
lingustico se separa dos objetos designados por ele e, por
conseguinte, tambm do sujeito que expressa, tornando
expresso intelectual de um grupo inteiro de fenmenos
determinados , que podem ser aplicados de maneira similar
por sujeitos inteiramente diferentes em contextos
inteiramente diferentes. ... portanto, s podemos falar de
sujeitos e objetos em um sentido muito figurado, que
facilmente se presta a mal entendidos, embora se trate de
um fenmeno concreto que procura comunicar algo arespeito de um fenmeno concreto e ainda que tais
comunicaes, pelo seu vinculo indissolvel com a situao,
sejam, de modo geral, muito claras. O por simultneo do
sujeito e do objeto, mediante a linguagem, distancia o
sujeito do objeto e vice-versa, o objeto concreto do seu
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lo particularmente, ocultam sua natureza plena e integral;
metafsica ontolgica
5. 2 fil no heideggerianismo, reflexo a respeito do sentidoabrangente do ser, como aquilo que torna possvel as
mltiplas existncias [Ope-se tradio metafsica que,
em sua orientao teolgica, teria transformado o ser em
geral num mero ente com atributos divinos.]
6. fenmeno
6. 1 tudo o que se observa na natureza
6. 2 p.ext. fato ou evento de interesse cientfico, que pode
ser descrito e explicado cientificamente
6.3 fil apreenso ilusria de um objeto, captado pelasensibilidade ou tambm reconhecido de maneira irrefletida
pela conscincia imediata, ambas incapazes de alcanar
intelectualmente a sua essncia
6.4 p.ext. fil no kantismo, o objeto do conhecimento no
em si mesmo, mas sempre na relao que estabelece com osujeito humano que o conhece, e portanto captado segundo
a perspectiva das formas a priori de intuio (espao e
tempo) e categorias inatas do intelecto p.opos. a nmeno
7. ocasionalismo - doutrina segundo a qual todas as causas
finitas e ocasionais derivam da suprema causa, a vontade
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divina, carecendo o homem, a contingncia ou as leis
naturais de qualquer poder efetivo, em ltima instncia, na
causao de um acontecimento [Defendida no Ocidente esp.pelo filsofo francs Nicolas de Malebranche (1638-1715),
encontra-se tb. na tradio islmica e no hindusmo.]
- intentio recta (orientao realidade em sua
autonomia ontolgica) em comparao com a intentio
obliqua (ateno dirigida reflexividade da conscincia)8. o sentido da vida o sentido socialmente construdo
pelo homem para o homem, para si e para seus
semelhantes; na natureza uma categoria que no existe
de modo algum, portanto, nem sequer como negao de
sentido.
9. O carter fundamental do trabalho para o devir do
homem tambm se revela no fato de que sua constituio
ontolgica o ponto de partida gentico de outra questo
vital, que move profundamente os homens ao longo de
toda a sua histria: a liberdade. Tambm na considerao
dessa questo devemos aplicar o mesmo mtodo utilizado
at agora: expor a estrutura originria que se constitui no
ponto de partida para as formas posteriores e,
simultaneamente, tornar visveis as diferenas qualitativas
que, no curso do desenvolvimento social posterior, se
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apresentam de maneira espontaneamente inevitvel e
modificam a estrutura originria do fenmeno de modo
necessrio, inclusive de maneira decisiva em algumasdeterminaes importantes. (pgina 137)
10. ... a gnese ontolgica da liberdade a partir do
trabalho, temos de partir, tal como corresponde
natureza da questo, do carter alternativo dos pores
teleolgicos neles existentes. Com efeito, nessa alternativaque aparece, pela primeira vez, sob uma figura claramente
delineada, o fenmeno da liberdade, que completamente
estranho a natureza: no momento em que a conscincia
decide, em termos alternativos, qual a finalidade quer
estabelecer e como se prope a transformar as cadeias
causais correntesem cadeias causais postas, como meios de
sua realizao, surge um complexo de realidade dinmico
que no encontra paralelo na natureza. O fenmeno da
liberdade, pois, s pode ser rastreado aqui em sua gnese
ontolgica. Numa primeira aproximao, a liberdade
aquele ato de conscincia que d origem a um novo ser
posto por ele. Isso j distancia a nossa concepo ontolgica
gentica de liberdade da concepo idealista. Pois, em
primeiro lugar, o fundamento da liberdade consiste, se
pretendemos falar racionalmente dela como momento da
realidade, em uma deciso concreta entre diversas
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possibilidades concretas; se a questo da escolha posta
num nvel mais alto de abstrao que se separa
inteiramente do concreto, ela perde toda a sua relaocom a realidade e se torna uma especulao vazia. Em
segundo lugar, a liberdade em ltima instancia um
querer transformar a realidade (o que, em determinadas
circunstancias, inclui a conservao das coisas como esto),
o que significa que a realidade, enquanto finalidade da
transformao, no pode deixar de estar presente mesmo
na abstrao mais ampla. (pagina 138) ... quanto mais
apropriado o conhecimento que o sujeito adquiriu dos
nexos naturais em cada momento, tanto maior ser o seu
livre movimento na matria. Dito de outra forma: quanto
maior for o conhecimento das cadeias causais que operam
em cada caso, tanto mais adequadamente elas podero ser
transformadas em cadeias causais postas, tanto maior ser
o domnio que o sujeito exerce sobre elas, ou seja, a
liberdade que aqui pode alcanar. (pgina 140)
12. Liberdade a inteleco da Necessidade
Foi Hegel o primeiro que soube expor de um modo exato
as relaes entre a liberdade e a necessidade. Para ele, a
liberdade no outra coisa seno a inteleco da
necessidade. A necessidade somente cega enquanto no
compreendida. A liberdade no reside, pois, numa sonhada
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independncia em relao s leis naturais, mas na
conscincia dessas leis e na correspondente possibilidade de
projet-las racionalmente para determinados fins.Liberdade e a Necessidade so indissociveis
Isto verdade no somente para as leis da natureza
exterior, mas tambm para as leis que presidem a
existncia corporal e espiritual do homem: duas espcies de
leis que podemos distinguir, quando muito, em nossopensamento, mas que na realidade, so absolutamente
inseparveis.
Mais liberdade Mais conscincia da necessidade
O livre arbtrio no , portanto, de acordo com o que
acabamos de dizer, seno a capacidade de deciso com
conhecimento de causa. Assim, pois, quanto mais livre, for
o juzo de uma pessoa com relao a um determinado
problema, tanto mais ntido ser o carter de necessidade
determinado pelo contedo desse juzo; ao contrrio, a
falta de segurana que, baseada na ignorncia, parece
escolher, livremente, entre um mundo de possibilidades
distintas e contraditrias, est demonstrando, desse modo,
justamente a sua falta de liberdade, est assim
demonstrando que se acha dominada pelo objeto que
pretende dominar.
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Liberdade: produto da evoluo histrica
A liberdade, pois, o domnio de ns prprios e da
natureza exterior, baseado na conscincia das necessidadesnaturais; como tal , forosamente, um produto da
evoluo histrica. Os primeiros homens que se levantaram
do reino animal eram, em todos os pontos essenciais de
suas vidas, to pouco livres quanto os prprios animais;
cada passo dado no caminho da cultura um passo nocaminho da liberdade. Nos primrdios da histria da
humanidade, realizou-se a descoberta que permitiu
converter o movimento mecnico em calor: a produo do
fogo pela frico; o progresso tem, atualmente, como sua
etapa terminal, a descoberta que transforma,
inversamente, o calor em movimento mecnico: a mquina
a vapor. E apesar do colossal abalo de libertao que a
mquina a vapor trouxe ao mundo social e que at hoje
ainda no deu sequer a metade de seus frutos
indubitvel que a produo do fogo pela frico, nos tempos
primitivos, foi superior quela descoberta como condio
emancipadora. O fogo, obtido dessa forma, foi que permitiu
ao homem o domnio sobre uma fora da natureza,
emancipando-o definitivamente das limitaes do mundo
animal. A mquina a vapor no poder jamais representar
um passo to gigantesco na histria do homem, por mais
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que aparea, ante nossos olhos, como a representao de
todas essas gigantescas foras produtivas a ela incorporadas
e sem as quais no seria possvel instaurar um regime sociallivre de todas as diferenas de classe, mais preocupao os
meios de existncia individual, e pela primeira vez, uma
liberdade verdadeiramente humana em harmonia com as
leis naturais que conhecemos.
Situemo-nos no tempoO simples fato de toda a histria anterior nossa poca
poder ser designada como a histria do perodo que comea
com a descoberta prtica, que converte o movimento
mecnico em calor e culmina com a descoberta que
transforma o calor em movimento mecnico, esse simplesfato indica como jovem ainda a histria humana, e
tambm como seria ridculo querer imprimir s nossas
idias atuais um carter absoluto. (Friedrich Engels, Anti-
Dhring)
13. Caracterizao engelsiana de liberdade como: acapacidade de decidir com conhecimento de causa.
A estrutura originria do trabalho est submetida a
mudanas essenciais, enquanto o pr teleolgico no est
mais dirigido exclusivamente transformao dos objetos
naturais, aplicao de processos naturais, mas quer
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induzir outros homens a realizar por si mesmos
determinadores pores desse gnero. Tal mudana se torna
qualitativamente mais decisiva quando o desenvolvimentoconduz a que, para o homem, o prprio modo do
comportamento e a prpria interioridade passam a ser o
objeto do pr teleolgico. ...
As diferenas decisivas surgem geneticamente e o meio de
realizao do pr teleolgico se tornam sempre mais sociais.
14. Independentemente da conscincia que o executor do
trabalho tenha, ele, nesse processo, produz a si mesmo
como membro do gnero humano e, desse modo, o prprio
gnero humano. Pode-se inclusive dizer, de fato, que o
caminho autocontrole, o conjunto das lutas que leva da
determinidade natural dos instintos ao autodomnio
consciente, o nico caminho real para chegar liberdade
humana real.
A reproduo
I. Problemas gerais da Reproduo.
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1. - a anlise da dinmica fundamental da sociedade, o
seu processo de reproduo.
- todo fenmeno social pressupe, de modo imediato oumediato, eventualmente at remotamente mediato, o
trabalho com todas as suas consequncias ontolgicas.
- o trabalho de importncia fundamental para a
peculiaridade do ser social e fundante de todas as suas
determinaes.
2. ... o andamento dialtico e contraditrio da produo
para a troca. De um lado, verificamos um processo
aparentemente irresistvel, j que no prprio trabalho
impele para um constante desenvolvimento. Mesmo que
essa tendncia assome de modo imediato em cada um dos
trabalhos concretos, seus efeitos no ficam restritos a uma
simples melhoria dos pontos de partida originais, mas
atuam, s vezes at de modo revolucionrio, sobre o
prprio processo do trabalho, sobre a diviso social do
trabalho, e pressionam para que a economia fundada sobrea autossubsistncia imediata seja inserida na troca de
mercadorias e para que esta se transforme cada vez mais
na forma dominante da reproduo social. Mas por mais
irresistvel que possa ser essa tendncia, em seu rumo e em
sua continuidade, no plano universal, suas etapas parciais
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concretas, que eventualmente podem se estender por
sculos e at milnios, so modificadas, promovidas ou
inibidas pela estrutura, pelas possibilidades dedesenvolvimento daqueles complexos totais, em cujo quadro
elas se desenrolam concretamente.
3. os indivduos sempre partiram de si mesmos, sempre
parte de si mesmos. Suas relaes so relaes de seu
processo real de vida. Como ocorre que suas relaesvenham a tornar-se autnomas em relao a eles? Em
uma palavra: a diviso do trabalho, cujo grau depende
sempre do desenvolvimento da fora produtiva.
A diviso do trabalho aparece assim como consequncia do
desenvolvimento das foras produtivas, mas como umaconsequncia que, por sua vez, constitui o ponto de partida
de um desenvolvimento ulterior, que surgiu imediatamente
a partir dos pores teleolgicos singulares dos homens
singulares, porm que, uma vez existente, defronta-se com
os homens singulares na forma de poder social, de fatorimportante de seu ser social, influenciando e at
determinando este, tal poder assume em relao a eles um
carter autnomo de ser, embora tenha surgido dos seus
prprios atos laborais. Temos em mente, quanto a isso,
sobretudo dois complexos que diferenciam com nitidez a
sociedade originariamente unitria; a diviso entre trabalho
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autonomizado e os sistemas de dominao de classe ...
(pgina 180).
4. milhes de famlias existindo sob as mesmas condieseconmicas que separam o seu modo de vida, os seus
interesses e a sua cultura do modo de vida, dos interesses e
da cultura das demais classes, contrapondo-se a elas como
inimigas, formam uma classe. Mas na medida em que existe
um vnculo apenas local entre os parceleiros, na medida emque a identidade dos seus interesses no gera entre eles
nenhum fator comum, nenhuma unio nacional e nenhuma
organizao poltica, eles no constituem classe nenhuma
(K.M. 18 BRUMRIO BOITEMPO- 142-3).
5. Descrio do mtodo pgina 190-1-2-3. ...
6. anlise ou exame ontolgico como tendncias internas
de desenvolvimento de um tipo de ser, ...
7. ... quando Marx comprova a prioridade da economia,
metodologicamente decisiva para o materialismo histrico,
ele parte desse fato ontolgico fundamental:
Em relao aos alemes, que se consideram isentos de
pressupostos, devemos comear por constatar o primeiro
pressuposto de toda a existncia humana e tambm,
portanto, de toda a histria, a saber, o pressuposto de que
os homens tm de estar em condies de viver para poder
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fazer histria. Mas, para viver, precisa-se, antes de tudo,
de comida, de bebida, moradia, vestimenta e algumas
coisas mais. O primeiro ato histrico , pois, a produodos para a satisfao dessas necessidades, a produo da
vida material, e este , sem dvida, um ato histrico, uma
condio fundamental de toda a histria, que ainda hoje,
assim como h milnios, tem de ser cumprida diariamente,
a cada hora, simplesmente para manter os homens vivos.
(K.M. A IDEOLOGIA ALEM P-32-3).
No h necessidade de uma longa explicao para mostrar
que aqui se trata de uma deduo ontolgica e no de uma
deduo gnosiolgica, lgica ou mesmo terico-cientifica. A
prioridade ontolgica da reproduo biolgica do homem
como ponto de partida de sua atividade econmica, esta
como o seu fundamento ontolgico-gentico de suas
atividades que dali por diante vo se tornando cada vez
mais puramente sociais: este o fundamento ontolgico
que une indissoluvelmente o materialismo dialtico, a
filosofia geral do marxismo, com sua teoria do
desenvolvimento histrico-social, com o materialismo
histrico; isso s torna esse volume mais slido e bem mais
fundamentado, porque, como j mostramos, a prpria
historicidade tambm um princpio fundamentalmente
ontolgico da concepo do mundo do marxismo.
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O Ideal e a ideoloagia
I. O ideal na economia
1. Quanto mais desenvolvida a economia, quanto mais
socialmente determinada, tanto mais complexa se torna a
alternativa (DMD), tanto mais irrevogvel se torna a
causalidade, a relao heterognea entre compra e venda.
Porque, em decorrncia da diviso social do trabalho, ela um organismo natural-espontneo da produo, cujos fios
foram e continuam a ser tecidos pelas costas dos
produtores de mercadorias. Ela torna o trabalho to
unilateral quanto as necessidades multifacetadas. Para o
produtor singular isso significa que sua produo oresultado de pores teleolgicos, que podem ser corretos ou
falsos tanto quantitativa como qualitativamente em relao
necessidade social a ser satisfeita, com tambm em
relao realizao do trabalho socialmente necessrio.
2. Todos os fatos e eventos que caracterizam o ser social
com tal so resultados de cadeias causais postas
teleologicamente em movimento.
3. O conjunto do ser social, nos seus traos ontolgicos
fundamentais, est construdo em cima de pores
teleolgicos da prxis humana, formalmente sem levar em
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conta em que medida os contedos tericos de tais pores,
em termos gerais, captam corretamente o ser, bastando
que estejam em condies de realizar sua finalidadesimediatamente almejadas, obviamente tampouco levando
em conta se suas consequncias causais ulteriores
corresponde as intenes dos sujeitos dos pores.
Objetivamente quais as cadeias causais que esses pores
pem em movimento e que efeitos esses tm sobre a
totalidade do ser social.
4. Examinar os pores teleolgicos: tanto no que se refere
sua constituio objetivo-estrutural como no que se refere
aosseus efeitos sobre os sujeitos que os pem.
5. Na realidade o ato de pr fim possui gnese e funes
sociais bem concretas. Ele decorre das necessidades dos
homens, e no s dessas necessidades em sua
universalidade, mas dos desejos pronunciadamente
particulares voltados para a sua satisfao concreta; esta,
as respectivas circunstncias concretas, os meios concretose as possibilidades concretas socialmente disponveis que
determinam concretamente o pr do fim, e bvio que o
tipo de seleo dos meios, assim como o da realizao, so
possibilitados tanto quanto limitados pela totalidade dessas
circunstncias. S assim o pr teleolgico pode converter-se
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tanto individual como genericamente em veculo
central do homem; s assim ele comprova era a categoria
elementar especifica que diferencia qualitativamente o sersocial de qualquer ser natural.