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O Treino da condição física na Trissomia 21: Estudo de caso com aplicação de um programa específico. Filipe Lopes Dias 2016

O Treino da condição física na Trissomia 21: Estudo de ... · de Especialização em Atividade Física Adaptada, nos termos do Decreto-lei n.º 74/2006, de 24 de Março. Filipe

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O Treino da condição física na Trissomia 21: Estudo de caso com

aplicação de um programa específico.

Filipe Lopes Dias

2016

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O Treino da condição física na Trissomia 21: Estudo de caso com aplicação de

um programa específico.

Dissertação apresentada com vista à

obtenção do grau de Mestre na área

de Especialização em Atividade Física

Adaptada, nos termos do Decreto-lei

n.º 74/2006, de 24 de Março.

Filipe Lopes Dias

2016

Orientação: Professor Doutor Rui Corredeira

Coorientação: Professor Doutor Mário C. Marques

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FICHA DE CATALOGAÇÃO

Dias, F. L. (2016). O Treino da condição física na Trissomia 21: Estudo de caso

com aplicação de um programa específico. Dissertação apresentada à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, para obtenção do grau

mestre, do 2º Ciclo em Atividade Física Adaptada.

Palavras-chave: TREINO, CONDIÇÃO FISICA, TRISSOMIA 21.

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III

AGRADECIMENTOS:

Não posso deixar de agradecer ao meu orientador Professor Rui

Corredeira, coorientador, Professor Doutor Mário Marques, à Professora

Bárbara Teixeira, pela disponibilidade, atenção dispensada, paciência,

dedicação e profissionalismo.

Agradeço à minha família, em particular, aos meus pais, pela

preocupação e “pressão” para o término deste segundo ciclo de estudos.

De forma especial agradeço à Professora Teresa Silva Lopes e ao "Manuel”,

pelo seu apoio, cooperação e total disponibilidade e entrega na realização

deste trabalho e a todos que de alguma forma cooperaram na realização deste.

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V

Índice Geral

Agradecimentos………………………………………………………………….... III

Índice de Figuras…………………………………………………………………. VII

Índice de Quadros…………………………………………….………………..…. IX

Índice de Tabelas…………………………………………………….……………. XI

Resumo………………………………………………………………..………..…. XIII

Abstract………………………………………………………………………….…. XV

Capítulo I………………………………………………………………………..……. 1

1. Introdução…………………………………………………………………….…. 3

Capítulo II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO……………………………………. 5

1. Definição…………………………………………………………………………. 6

1.1. Classificação da Trissomia 21………………………………...………. 7

1.2. Etiologia………………………………………………………………….. 10

1.3. Características específicas……………………………………..……. 11

2. Treino de Força…………………………………………………………….…. 16

2.1. Trissomia 21 e benefícios do treino de força……………………. 16

Capítulo III - ESTUDO EMPÍRICO…………………………………………….…. 18

Metodologia……………………………………………………………………...…. 20

1. Descrição do estudo…………………………………………………………. 20

1.2. Identificação do tema e seleção da amostra………………………. 20

1.3. O estudo de caso como estratégia de investigação……..………. 21

1.4. Objetivo do estudo…………………………………………………..…. 22

1.4.1 Objetivo geral………………………………………………………. 22

1.4.2 Objetivos específico………………………………………………. 22

1.4.3 Hipóteses……………………………………………………………. 22

2. Cronograma……………………………………………………………………. 23

2.1. Organização do plano de ação………………………………………. 23

2.2. Variáveis e instrumentos utilizados na coleta de dados……...… 23

3. Avaliação Inicial………………………………………………………………. 23

3.1. Procedimentos………………………………………………………….. 23

3.2. Implementação do programa de treino…………………………….. 29

3.3. Análise estatística…………………………………………………...…. 30

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VI

Capítulo IV – RESULTADOS …………..……………………………………..…. 33

4. Apresentação dos Resultados…………………………………………..…. 34

4.1. Avaliação antropométrica…………………………………………….. 34

4.2. Avaliação da força, potência e resistência………………………... 37

5. Discussão dos resultados……………………………………………..……. 40

6. Considerações finais……………………………………………………….... 45

7. Referências Bibliográficas………………………………………………….. 48

Anexo 1 – Tabela 1 Cronograma………………………………………....…. XVIII

Anexo 2 – Tabela 2 Programa de treino…………………………….............. XX

Anexo 3 – Autorização para a realização de um estudo caso…………... XXII

Anexo 4 – Autorização para a realização de um estudo caso………..... XXIV

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VII

Índice de Figuras

Figura I - Trissomia 21 - Mosaicismo………………………………………..…..…. 7

Figura II - Trissomia do cromossomo 21 - translocação. ……………...………. 34

Figura III - Cariótipo feminino com Trissomia simples do cromossomo 21.….. 10

Figura IV - Representação gráfica dos ganhos percentuais obtidos entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

nas medidas antropométricas…………………………………………..…………. 39

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IX

Índice de Quadros

Quadro 1 - Planificação da implementação do programa de treino……..……. 23

Quadro 2 - Programa de treino…………………………………..……..…………. 30

Quadro 3 - Medidas antropométricas, distribuição da massa gorda e massa

magra registadas na avaliação inicial (pré-treino) e da avaliação final (pós-

treino), desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) entre os dois

momentos………………………………….……………………………..…………. 34

Quadro 4 - Valores obtidos nas avaliações de força superior, força inferior,

potência e resistência cardiorrespiratória, pré-treino e pós-treino, desvio-padrão

(DP) e coeficiente de variação (CV) entre os dois momentos…………………. 38

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XI

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Representação gráfica da evolução percentual obtida entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

nas medidas antropométricas…………………………………………..…………. 36

Tabela 2 - Representação gráfica da evolução percentual obtida entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

na distribuição da massa gorda.………………………………………..…………. 36

Tabela 3 - Representação gráfica da evolução percentual obtida entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

na distribuição da massa magra. IMC = índice de massa corporal...…………. 37

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XIII

RESUMO:

A Trissomia 21 (T21) é uma condição genética, causada por alteração

no par do cromossoma 21 e que leva a uma distribuição cromossómica

inadequada durante a fase da meiose. Contrariamente aos indivíduos que

apresentam um desenvolvimento normal, onde a cada célula correspondem 46

cromossomas, nestes indivíduos, verifica-se a presença de 47 cromossomas.

As pessoas com esta alteração cromossómica apresentam características

físicas, cognitivas e comportamentais, comuns entre elas, inerentes à própria

patologia.

Nestes casos, indivíduos com T21 apresentarem hipotonia muscular,

afetando o desenvolvimento motor e todos os músculos do corpo, assim como

complicações no equilíbrio, fraca coordenação oculomotora e entre outras

situações dificuldade na manipulação de objetos.

Com isto, o trabalho que apresentamos teve como objetivo verificar os

efeitos da implementação de um programa de treino de força, num adulto com

T21, nas medidas antropométricas, na resistência cardiovascular e em

indicadores de força.

Deste modo, visando a melhoria de algumas das características motoras

apresentadas por estes indivíduos, pareceu-nos pertinente planificar e

desenvolver um trabalho específico ao nível da componente força.

Ao incidirmos nesta variável condicional, nomeadamente no trabalho de

aperfeiçoamento de ações tais como o transporte de objetos, empurrar, saltar,

correr, gatinhar, puxar, resistir a pressões ou, por exemplo, sustentar cargas,

estaríamos a permitir um desempenho mais eficaz das suas tarefas básicas

diárias.

Palavras-chave: Trissomia 21, Força, Treino.

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XV

ABSTRACT:

Trisomy 21(T21) is a genetic condition provoked by a modification in the

pair of the chromosome 21 and gives rise to an inappropriate chromosomal

distribution during the period of meiosis. Contrary to individuals with normal

development, where each cell corresponds chromosomes 46, these individuals,

verifies the presence of 47 chromosomes.

People with this chromosomal change have physical characteristics,

cognitive and behavioral, common among them, inherent to the pathology.

In these cases, individuals with T21 have muscular hypotonia, affecting

motor development and all body muscles, as well as complications balance,

poor coordination and motor function among other situations difficulty in

handling objects.

There by, the work presented was to verify the effects of the

implementation of a strength training program, an adult with T21, in

anthropometric measures, in cardiovascular endurance and strength indicators.

That way, in order to improve some of motor characteristics exhibited by

these individuals, it seemed appropriate to plan and develop a specific work at

the level of component strength.

When one focuses on this conditional variable, particularly in the stock

improvement work such as transport objects, pushing, jumping, running,

crawling, pulling, resist pressures or, for example, support charges, would be to

allow a more effective performance of their basic daily tasks.

Key words: Trisomy 21; Strength; Training

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Capítulo I – INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO:

A Trissomia 21 (T21) define-se como sendo uma alteração da

organização genética e cromossómica do par 21, pela presença total ou parcial

de um cromossoma extra nas células ou por alteração de um dos

cromossomas do par 21 (Morato, 1998). Diversas pesquisas na área de

biomédica e da biologia molecular têm sugerido que esta anomalia

cromossómica determina várias alterações nos padrões de expressão de

proteínas que, por sua vez, determinam características bioquímicas,

fisiológicas, anatómicas e comportamentais específicas (Pritchard, 1999). Por

esta razão, e apesar de se verificar uma grande variação individual nos sujeitos

com T21 (Troncoso & Cerro, 1999), existem inúmeras características comuns

entre estes, inerentes à própria patologia.

Ao nível da motricidade, os indivíduos com T21 apresentam,

maioritariamente hipotonia muscular, que afeta todos os músculos do corpo e o

seu desenvolvimento motor amplo e fino, problemas de equilíbrio, fraca

coordenação oculomotora e dificuldade na manipulação de objetos (Morato,

1998). Tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida deste grupo de

pessoas, tentando colmatar algumas das dificuldades por si evidenciadas,

decidimos implementar um programa de trabalho específico da força num

individuo adulto com aquelas características.

Desta forma, o trabalho apresentado surge no âmbito da Dissertação

correspondente ao curso Mestrado em Atividade Física Adaptada da Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto, sob a orientação do Professor Doutor

Rui Corredeira.

Teve como objetivo implementar um treino de força, num adulto com

T21, com o intuito de demonstrar e evidenciar as melhorias que este tipo de

treino poderá permitir a curto prazo na qualidade do desempenho em termos

de atividades diárias comuns.

Após a definição do programa de treino, determinado numa fase inicial,

procedeu-se ao acompanhamento progressivo durante dezassete sessões de

treino, aplicando o princípio de treino de força.

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No que concerne à sua estrutura, esta dissertação encontra-se dividida

da seguinte forma:

Capítulo I - Introdução, onde se faz uma breve contextualização da

temática e as motivações que determinaram o desenvolvimento da parte

prática do trabalho, assim como os seus objetivos, metodologias e

instrumentos usados ao longo do processo.

O desenvolvimento do trabalho é constituído por dois capítulos:

Capítulo II – Enquadramento Teórico: refere-se à revisão da literatura,

onde procuramos definir alguns conceitos e noções referentes à T21,

nomeadamente ao nível da sua definição, tipos de Trissomia 21, etiologia, suas

características específicas e respetivos benefícios do treino de força.

Capítulo III – Implementação Prática: é apresentada a metodologia de

investigação utilizada, assim como os instrumentos de recolha de dados, e

plano de treino implementado. Neste capítulo é apresentada, em forma de

tabela, a organização cronológica do trabalho bem como as estratégias

utilizadas para atingir os objetivos definidos.

Capítulo IV – Apresentação dos dados: neste capítulo apresentamos

dados obtidos na avaliação final, em quadro e em gráfico, após a

implementação do nosso programa de treino de força, demonstrando os

valores comparativos entre a avaliação inicial e a final; referentes à força, à

potência e à resistência e as medidas antropométricas, seguido da discussão

de resultados.

Nas Considerações Finais, é realizada a reflexão de todo o processo

teórico-prático levado a cabo, procurando-se analisar e perceber se os

objetivos previamente definidos foram alcançados com sucesso.

Por último, são apresentadas todas as referências bibliográficas

consultadas para a planificação desta dissertação e, em seguida, todos os

apêndices e anexos respetivos.

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Capítulo II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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1. Definição:

A Trissomia 21 (T21) é a designação científica que identifica a maior

causa de deficiência mental de origem genética, que afeta o desenvolvimento

de um indivíduo, quer a nível motor quer cognitivo, causada pela presença de

um cromossoma extra (Rynders, 1986 in Morato, 1998). Nestes casos, ocorre

um erro na distribuição cromossomática e, a pessoa, ao invés de receber 46

cromossomas (23 pares), recebe 47 cromossomas. Esta alteração é resultado

de um processo irregular da divisão celular cuja explicação pode ter origem

acidental, circunstancial ou por uma predisposição hereditária (Morato, 1998).

Este distúrbio clínico foi reconhecido, pela primeira vez, por um médico inglês

chamado John Langdon Down, em 1866, que baseou os seus estudos

essencialmente nos traços fisionómicos, característicos desta deficiência,

denominando-a por “mongolismo”, já que as suas características eram muito

semelhantes ao povo da Mongólia.

Diversas teorias foram apresentadas sobre as causas da Trissomia 21,

porém, só em 1956, com o avanço dos métodos laboratoriais, Jerôme Lejeune

confirmou as suposições levantadas desde os anos 30, esclarecendo que se

trata de uma alteração genética, especificando a existência de três, e não dois,

cromossomas 21, em cada célula (Pueschel, 1993). Assim, este quadro clínico

passou a ter duas designações possíveis: Síndrome de Down, por ter sido

descoberta por Langdon Down e Trissomia 21, uma vez que está associado à

presença de um cromossoma extra no par 21 (Nielsen, 1999).

Importa referir que, de entre as cromossomopatias, a Trissomia 21 é a

que regista maior incidência e, segundo Nielsen (1999), é mais incidente no

sexo masculino. Esta alteração genética, motivada pelo excesso de carga

genética no par 21, provoca um desequilíbrio que se reflete no

desenvolvimento e função das células, podendo ser afetados em maior ou

menor grau os sistemas motor, sensorial, verbal, cognitivo e adaptativo

segundo Flórez, 2005.

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1.1. Classificação da Trissomia 21:

De acordo com a mutação genética ocorrida, devem ser consideradas

três classes distintas de T21, originadas por três fatores diferentes: a Trissomia

21 em mosaico (1% dos casos), a Trissomia 21 por translocação (4% dos

casos) e a Trissomia 21 livre ou homogénea livre (95% dos casos).

Trissomia 21 em mosaico:

O caso específico da T21 em mosaico caracteriza-se pela presença de

algumas células do cromossoma 21, situação em que, o cariótipo humano

apresenta células normais e células com alterações. Ocorre um erro na

disjunção cromossómica conduzindo à formação de células com um

cromossoma 21 ou três cromossomas 21 (Trissomia). Caracteriza-se então

pela presença de uma parte extra do cromossoma 21, em algumas das suas

células, e definem-se duas linhas celulares, uma sem T21 e outra trissómica.

Este tipo de T21 é uma modalidade complexa e difusa conforme a quantidade

e a implicação da linha trissómica relativamente à localização que ocupa no

cromossoma. Neste caso os erros de distribuição acontecem nas segunda e

terceira fases da divisão celular (Pueschel, 1993).

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Figura I: Trissomia 21- Mosaicismo1

Trissomia 21 por translocação:

A T21 por translocação ocorre quando uma parte ou a totalidade de um

cromossoma se encontra junta a uma parte ou à totalidade de outro

cromossoma. Todas as células apresentarão trissomia, contendo um par de

cromossomas ligado ao cromossoma de translocação. Ou seja, ao contrário do

que acontece na Trissomia simples, que é resultado de uma alteração

cromossómica numérica, devido a uma não disjunção na formação dos

gâmetas (meiose), na translocação, além de dois cromossomas 21 normais,

aparece um cromossoma 21 extra, resultante da união com outro cromossoma.

1 http://2103sindromededown.blogspot.pt/2007/04/um-pouco-de-biologia.html

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A translocação pode ocorrer na formação do óvulo ou do

espermatozoide ou na primeira divisão celular (Gonçalves, Viegas, Guerreiro e

Correia, 2011).

Figura II: Trissomia do cromossomo 21 - translocação. 2

Trissomia 21 livre:

A T21 livre é explicada através da presença de um cromossoma extra no

par 21, em todas as células, que se deve à não disjunção dos cromossomas na

divisão celular (meiose). O cromossoma extra origina-se pela existência de um

erro de disjunção dos cromossomas nas divisões celulares responsáveis pela

formação dos gâmetas (óvulo e espermatozoide). Esses erros conduzem à

formação de gâmetas sem o cromossoma 21, e de outros com dois

cromossomas 21. Se por um lado, se um gâmeta do primeiro tipo participar na

fertilização, será formado um zigoto com apenas um cromossoma 21, por

outro, se um gâmeta com dois cromossomas 21, participar na fertilização, o

2 http://www.chromoscitogenetica.com.br/down.html

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zigoto, portador de uma Trissomia livre (três cópias do cromossoma 21), pode

desenvolver-se, originando um indivíduo com T21 (Gonçalves, 2006).

Figura III: Cariótipo feminino com Trissomia simples do cromossomo 21.3

1.2. Etiologia:

Há uma multiplicidade de fatores que estão na origem da T21 podendo

ser de ordem endógena ou exógena.

Quando nos referimos às causas da T21, não podemos deixar de referir

a relação entre a idade da mãe e o aumento da probabilidade de ocorrência de

Trissomia, já que esta correlação se prende com o próprio envelhecimento do

óvulo. Este acontecimento explica-se pela acumulação de efeitos tóxicos

durante a gestação, a degradação do tempo excedente do mecanismo

meiótico, pela mudança no funcionamento dos ovários devido à regulação

hormonal ou pela degradação do útero (Cunningham, 2008). Por outro lado,

3 Fonte: http://www.chromoscitogenetica.com.br/down.html

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estudos mais recentes demonstraram que a idade paternal (a partir dos 55

anos) também pode influenciar o aparecimento da T21 (Larentis et al, 2006).

No que se refere a fatores genéticos, esta pode ocorrer quando um dos pais

apresenta uma estrutura por translocação (Sampedro, Belosco e Hérnandez,

1997).

A T21 pode ainda derivar de fatores exógenos, como processos infeciosos

tais como a rubéola e a hepatite, pela exposição a radiações, pela associação

a problemas de tiroide da mãe, o elevado índice de imunoglobulina e

tiroglobulina no sangue materno e a hipovitaminose. Autores como Bautista

(1993) e Santos (2007) referem ainda que a estes fatores se podem juntar

também comportamentos de risco como fumar ou o consumo de drogas e

álcool.

1.3. Características específicas:

Ao longo das últimas décadas tem-se verificado uma grande variação

individual nos sujeitos com T21 (Troncoso e Cerro, 1999), apesar de existirem

inúmeras características comuns entre estes, inerentes à própria patologia.

Estes traços comuns estão relacionados com a sua aparência física, eventuais

problemas de ordem médica e com o seu desenvolvimento cognitivo.

Sobre este assunto Pueschel (1993) refere, quanto às características

físicas que:

i) A cabeça é um pouco menor do que as restantes crianças; possuem a

parte posterior levemente achatada (braquicefalia), as fontanelas são maiores e

mais lentas e possuem microcefalia, o que gera uma hipoplasia;

ii) O rosto pode apresentar os ossos da face pouco desenvolvidos e um

nariz pequeno, o que lhe confere um contorno achatado.

iii) Os olhos são ligeiramente rasgados, têm as fendas palpebrais oblíquas

com uma prega de pele no canto do olho.

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iv) A boca é pequena e maioritariamente está aberta, projetando a língua

para fora. O palato é mais estreito do que o normal, assim como as

mandíbulas, o que provoca a sobreposição dos dentes que podem ou não

existir na sua totalidade.

v) As orelhas são geralmente pequenas e com a borda superior dobrada.

Por vezes há alterações na estrutura da orelha e os canais do ouvido

apresentam-se estreitos.

vi) O pescoço apresenta-se largo e grosso. Em bebés podem apresentar

dobras soltas na pele, na parte posterior.

vii) O tórax pode apresentar-se com duas posturas bastante diferentes

consoante o osso peitoral é afundado (tórax afunilado) ou é projetado,

formando aquilo a que se chama vulgarmente “peito de pomba”. Pode ainda

apresentar-se mais volumoso do lado do coração em consequência de doença

cardíaca. Algumas crianças com doenças cardíacas congénitas podem

apresentar uma pressão sanguínea maior, nos vasos dos pulmões, contraindo

por vezes pneumonias que são controladas com tratamento médico.

viii) As mãos são menores do que a média, e os dedos mais curtos, o que

pode tornar mais difícil pegar ou segurar objetos maiores. Em cerca de 50%

das crianças existe uma única prega na palma das mãos. Os dedos dos pés

das crianças são geralmente curtos apresentando por norma um espaço

significativo entre o dedo grande e o segundo. O pé chato devido à flacidez dos

tendões é também uma característica típica.

Ainda associados a esta patologia podem surgir alguns problemas de

ordem médica como:

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ix) Anomalias congénitas: como cardiopatias, cataratas e anomalias do

trato gastrointestinal. Os problemas cardíacos e o facto do sistema imunológico

ter pouca proteção e resistência contra infeções, devido a um menor número

de linfócitos, importantes na defesa do corpo, faz com que estas crianças

tenham muitas vezes: infeções respiratórias, infeções nos ouvidos, na pele,

doenças nas gengivas, atraso na erupção dos dentes e anomalias no seu

formato.

x) Apneia do sono: é muito comum e pode provocar respiração barulhenta

e curtos espaços durante o sono em que o sujeito não respira.

xi) Problemas visuais – são frequentes em mais de 50% das crianças com

T21. Destes destacamos a dificuldade em ver ao longe ou ao perto, canais

lacrimais obstruídos, estrabismo e frequentes inflamações nos olhos.

xii) Défices auditivos: frequentes em cerca de 60% a 80% das crianças.

São causados por problemas no ouvido interno, pelo que deve ser mantida

uma vigilância regular desde idades precoces. Estes défices reduzem

substancialmente a capacidade da criança responder adequadamente aos

estímulos provenientes do meio ambiente.

xiii) Problemas esqueléticos: comuns em muitas partes do corpo das

crianças com T21. A grande maioria apresenta híper extensão das articulações

que podem levar a um aumento de luxações e deslocamento do joelho e do

quadril, podendo também ser encontrados problemas sérios nos ossos na

região do pescoço. Podem ainda apresentar Instabilidade Atlantoaxial que é

um desalinhamento das duas últimas vértebras do pescoço.

xiv) Disfunção da tiroide: que pode comprometer a função do sistema

nervoso central da criança e provocar danos adicionais ao cérebro.

xv) Alterações ósseas.

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xvi) Perturbações psiquiátricas.

O desenvolvimento dos sujeitos com T21, é variável entre a deficiência

intelectual ligeira e a deficiência intelectual severa, com maior incidência entre

a deficiência mental ligeira e moderada (Cotrim e Ferreira, 2001). Estes sujeitos

podem ter limitações ao nível da área da perceção (menor rapidez percetiva,

dificuldade na discriminação e associação de estímulos visuais e auditivos);

dificuldades ao nível da atenção e memória (dificuldade na memória a curto

prazo, dificuldade em reter informação sequencial, falta de concentração e

dificuldade na manutenção da atenção, maior tempo de latência da resposta);

atraso no desenvolvimento da linguagem e dificuldade na articulação (Troncoso

e Cerro, 2004).

Ainda sobre as capacidades de aprendizagem e memorização,

recentemente, um grupo de investigadores do instituto de pesquisa Sanford-

Burnham descobriu que o cromossoma extra presente na T21 está relacionado

com os baixos níveis da proteína SNX27 no cérebro (Wang et al 2013). O

estudo publicado online a 24 de março de 2013 na revista Nature Medicine,

mostra que a proteína SNX27 se encontra em menores níveis no cérebro dos

portadores de T21, que prejudicando diretamente a função cognitiva e

comportamental.

A literatura tem sustentando que a hipotonia muscular pode exercer um

efeito negativo sobre o desenvolvimento e utilização de ações que envolvam o

equilíbrio; além de afetar todos os músculos do corpo e o desenvolvimento

motor amplo e fino, podem apresentar ainda fraca coordenação oculomotora e

dificuldade de manipulação (Morato, 1999).

Estudos realizados por Priosti em 2013 e Souza em 2012, demonstram

ainda um défice na força de preensão e destreza manual (Souza, 2014). São

destacadas também por autores como Sampredro e colaboradores (1993) e

Escribá (2002), a híper flexibilidade articular e a estatura média, inferior ao

normal.

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Uma das características da T21 é o agravamento do desenvolvimento, e

tem como característica mais importante a desaceleração no desenvolvimento

do sistema nervoso central. O cérebro tem um volume e peso reduzido,

especialmente nas zonas do lobo frontal (responsável pelo pensamento,

linguagem e conduta), tronco cerebral (responsável pela atenção, vigilância) e

cerebelo. É provável que as anomalias no cerebelo sejam responsáveis pela

hipotonia (diminuição do tónus muscular), encontrada em quase todos os casos

de T21 (Morato, 1998).

São diversos os estudos que indicam que a manutenção de uma postura

estável do corpo, em indivíduos com T21 é menor quando comparado com

outros indivíduos sem deficiência (Dellavia, Pallavera, Orlando, Sforza; 2009).

Essa instabilidade é causada em parte pela fraqueza muscular (Carmeli,

Barchad, Masharawi, Coleman, 2004) pois estes indivíduos com T21 têm

índices de força muscular até 50% menor nos membros inferiores e superiores,

quando comparadas com pessoas sem deficiência (Polastri, Barela, 2005).

Esta questão não deixa de ser preocupante, já que a capacidade reduzida de

força pode limitar as atividades quotidianas, gerando impacto negativo na sua

autonomia e qualidade de vida. A melhoria da força muscular tem sido

associada a mudanças positivas, com efeitos benéficos, principalmente em

atividades funcionais em jovens e adultos com T21 e por isso, é fundamental

proceder a pesquisas sobre Treino de Força em T21, para suprir lacunas ainda

existentes na literatura atual.

Claro está que, apesar dos traços físicos estigmatizantes, as crianças

com T21 diferem muito entre si e que as oportunidades de estímulo e

aprendizagem que lhes são proporcionadas vão determinar um maior ou menor

desenvolvimento das suas capacidades cognitivas, motoras e sociais

(Pimentel, 1997; Voivodic e Storer, 2002).

Assim, apesar da população com T21 apresentar um conjunto de

características que se verificam em simultâneo, importa reforçar que não

existem duas pessoas com T21 iguais.

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2. Treino de Força:

2.1. Trissomia 21 e benefícios do treino de força:

É importante, antes de proceder a qualquer investigação, estudar bem o

objeto de estudo e, por isso mesmo, é essencial, para posteriormente proceder

à parte prática desta investigação, pesquisar, analisar e conhecer bem as

caraterísticas motoras inerentes à Trissomia 21, principalmente aquelas que

estão diretamente ligadas ao tema do trabalho: Treino de Força.

O desenvolvimento de uma criança com T21 decorre de forma

semelhante à de uma criança normal, mas de forma mais lenta, distanciando-

se cada vez mais, o desenvolvimento das capacidades motoras, ao longo do

tempo, daquele que é considerado o padrão normal (Trancoso e Victória,

2003).

Como referido anteriormente, os indivíduos que apresentam esta

anomalia podem evidenciar atrasos nas aquisições de marcos motores

básicos, obesidade, problemas de equilíbrio, falta de controlo postural,

fraqueza muscular, hipotonia e frouxidão ligamentar, assim como um

comportamento motor mais lento, pouco preciso e menos coordenado (Morato,

1998). Outras diferenças verificadas ao nível da performance motora estão

relacionadas com défices sensoriomotores, tais como o doseamento da força

na execução de tarefas. Estes indivíduos demonstram também perda de

velocidade e amplitude dos movimentos, queda passiva do pé e inclinação do

tronco durante a marcha (Borssatti, 2013).

Andrade (2012) refere alguns benefícios adquiridos com o Treino de

Força, tais como por exemplo; um maior dispêndio energético e

consequentemente uma possível perda de peso, a manutenção da tonificação

dos músculos, o aumento da taxa de metabolismo, a melhoria da circulação e

das funções cardíacas e pulmonares, o aumento do autocontrolo, a redução do

stresse, a melhoria da capacidade de concentração, a prevenção de diabetes e

a redução da pressão sanguínea e de colesterol. Por outro lado, e de acordo

com autores como Tecklin (2002), Sacks e Buckley (2003), os individuos com

T21 apresentam movimentos e tempos de reação mais lentos e necessitam de

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mais tempo e prática para melhorar as suas capacidades, quando comparadas

com outras crianças.

Ainda assim, um dos problemas congénitos que mais prejudica o

desenvolvimento psicomotor de uma criança com T21 é a hipotonia

generalizada, caraterizada pela flacidez muscular e ligamentar (Schuster;

Ferreira, 2012). Neste sentido, o exercício físico e especificamente o Treino de

Força, pode colaborar no desenvolvimento dos défices referidos, promovendo a

manutenção da qualidade de vida, da saúde e a prevenção de doença, desde

que este treino seja adequado às suas características e principalmente às suas

necessidades (Junior et al, 2007).

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Capítulo III - ESTUDO EMPÍRICO

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Metodologia:

1. Descrição do estudo:

O presente trabalho consistiu no estudo dos efeitos da implementação

de um programa de Treino de Força e de resistência aeróbia, num adulto com

T21, com o intuito de promover a melhoria da resistência cardiovascular e nos

diferentes indicadores da força. Para esse efeito, foi aplicado num programa de

treino com exercícios que fossem ao encontro dessas necessidades,

respeitando as características motoras da T21 e do próprio sujeito.

Tendo por base os estudos de alguns autores sobre a temática do

Treino de Força vs T21, referidos na primeira parte do trabalho, decidimos

implementar um estudo de caso, com aplicação de um Programa de Treino de

Força, com um numero total de 19 sessões. Almeida e Freire (1997) alertam

para a influência que a amostra avaliada tem, assim como os instrumentos

usados, os procedimentos e o contexto do estudo.

1.2. Identificação do tema e seleção da amostra:

Para elaboração da nossa parte prática tornou-se fundamental definir

com precisão o objeto ou amostra da nossa investigação. O interesse por esta

temática em particular, surgiu pela proximidade com crianças com T21, durante

alguns anos de trabalho nesta área. Por outro lado, o trabalho desenvolvido na

área do fitness, estando a trabalhar atualmente como Personal Trainer e

Instrutor de musculação, foi também um elemento facilitador.

Curiosamente, num dos Ginásios em que trabalhamos, tivemos o

privilégio de conhecer o Manuel (nome fictício), com o qual sentimos desde

logo uma grande cumplicidade, empatia e respeito. O contacto com o Manuel,

até então, fora meramente informal, não tendo existido, até aquela data

qualquer tipo de intervenção enquanto profissionais da área da educação

física.

Assim, na escolha da temática deste trabalho final de Mestrado,

decidimos interligar estas duas áreas, pela familiaridade com o tema e ao

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mesmo tempo pela curiosidade em aprofundar estes assuntos. Após alguma

pesquisa decidimos que o trabalho se orientaria no sentido de desenvolver e

aplicar um programa de treino de condição física, que evidenciasse o treino de

força geral e o trabalho cardiovascular, partindo do pressuposto que, e de

acordo com as características dos indivíduos com T21, o Treino de Força

beneficia especificamente estes indivíduos.

1.3. O estudo de caso como estratégia de investigação:

Se por um lado os estudos de caso, na sua essência, parecem herdar as

características da investigação qualitativa, no nosso estudo, como referimos

anteriormente, iremos proceder a uma investigação quantitativa.

O estudo de caso rege-se por um conjunto de sucessivas etapas de

recolha, análise e interpretação da informação já que, como sublinha Latorre e

colaboradores o propósito da investigação, é o estudo intensivo de um ou

poucos casos. Uma das suas principais vantagens é a sua aplicabilidade a

situações humanas e a contextos da vida real (Dooley, 2002). Segundo este

mesmo autor o método de investigação de estudo de caso aplica-se para

desenvolver e produzir novas teorias, para contestar ou desafiar teorias, para

explicar uma situação, para estabelecer uma base de aplicação de soluções

para situações, para explorar, ou para descrever um objeto ou fenómeno.

Outra das vantagens do estudo de caso é a possibilidade de serem

extrapoladas ou transferíveis para outros casos, tendo em conta as

similaridades das condições particulares e contextuais de cada situação (Yin,

1993).

Pelas razões apresentadas anteriormente, a amostra do nosso trabalho

foi constituída por um adulto, do sexo masculino, com T21, de 20 anos de

idade que frequentava um dos Ginásios onde trabalhamos.

O participante tem T21 fora da norma, pois, de acordo com os exames

médicos que lhe foram feitos, a nível cardiovascular ele não se encontra dentro

dos parâmetros desta patologia congénita. Além disso, também não apresenta

acumulação de massa gorda na zona abdominal. O sujeito apresentava uma

estatura média, 164 cm de altura, e um peso corporal de 54,7 kg.

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1.4. Objetivo do estudo:

Antes de se proceder a qualquer investigação, é necessário estabelecer

questões iniciais que orientarão a procura sistemática de dados para extrair

conclusões. A formulação do problema, ou objetivo do estudo, existe para

facilitar o trabalho de investigação, definindo de forma objetiva a temática sobre

a qual o investigador se irá debruçar, ao longo da sua implementação prática.

Neste sentido procuramos definir objetivos gerais e específicos para o

nosso estudo, de forma a clarificar o objetivo da nossa implementação prática e

definimos hipóteses (Quivy; Campenhoudt, 1998).

1.4.1. Objetivo geral:

Avaliar o efeito da implementação de um programa de Treino de Força,

de curta duração, num adulto com T21.

1.4.2. Objetivos específico:

Melhorar a força muscular geral.

Melhorar a força dos membros superiores.

Melhorar a força dos membros inferiores.

Melhorar a capacidade cardiovascular.

Analisar os valores das medidas antropométricas num adulto com T21,

quando submetido a um Treino de Força.

1.4.3. Hipóteses:

A Trissomia 21 não é um impeditivo para a melhoria da força e da

condição física geral.

Um programa de Treino de Força e de condição física corretamente

planeado promove maiores aumentos na performance desportiva em

indivíduos com T21.

As variáveis antropométricas melhoram após a realização de um

programa de Treino de Força.

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2. Cronograma:

Quadro 1. Planificação da implementação do programa de treino (Ver em

anexo).

2.1. Organização do plano de ação:

O processo dividiu-se em três partes fundamentais:

i) Bateria inicial de testes;

ii) Implementação prática do programa de treino;

iii) Bateria final de testes.

2.2. Variáveis e instrumentos utilizados na coleta de dados:

A determinação da massa corporal foi realizada através da balança

mecânica modelo Tanita (Inner ScanV – BC545N) e o cálculo da estatura foi

realizado com recurso a um estadiómetro. Todas as medidas foram realizadas

pelo mesmo avaliador. O material utilizado na implementação prática foi: banco

supino plano, bola medicinal de cinco kgs, dois steps, barra olímpica de

dezanove kgs, prensa e anilhas de diferentes pesagens.

3. Avaliação Inicial:

3.1. Procedimentos:

Os testes de avaliação selecionados para a força e a condição física

foram implementados antes e após (1 semana) a implementação do programa

de treino. O sujeito foi avaliado nas seguintes variáveis

Força máxima para o trem superior (1RM Supino),

Força Máxima para o trem inferior (1 RM Prensa),

Potência muscular (lançamento da bola medicinal estático),

Potência muscular (lançamento da bola medicinal estático),

Salto longitudinal a pés juntos,

Resistência (VO2max)

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1. Força máxima para o trem superior (1RM Supino):

A avaliação da força máxima (1RM) dos membros superiores realizou-se

através da execução do exercício de supino na máquina. Na realização do

exercício, o sujeito esteve deitado em decúbito dorsal, de forma a que os olhos

ficassem situados na vertical da barra. As mãos foram colocadas numa posição

intermédia. A pega não foi demasiado afastada para não aumentar as

probabilidades de ocorrência de uma lesão, especialmente na articulação do

ombro. Em termos de amplitude do movimento, na fase excêntrica a barra

alcançou de forma controlada o grupo muscular do peitoral ficando a uma

distância de um punho. Na fase concêntrica os braços ficaram paralelos um ao

outro e em extensão. O supino plano é um exercício multiarticular, sendo o

músculo de ação principal o grande peitoral e os músculos de ação

secundária/agonistas o tríceps braquial e a parte anterior do deltoide, serrátil

anterior e coracobraquial.

1. Força Máxima para o trem inferior (Prensa):

A avaliação da força máxima (1RM) dos membros inferiores realizou-se

através da execução do exercício prensa de pernas (Saraiva, 2000). No

exercício de prensa de pernas o sujeito colocou os pés na plataforma afastados

à largura dos ombros, posicionando-os no centro. O movimento de execução

foi realizado a 90º de flexão dos joelhos. A prensa de pernas é um exercício

multiarticular, sendo o músculo de ação principal o quadríceps e os músculos

de ação secundária os glúteos, músculos posteriores da coxa e adutores.

3. Potência muscular (lançamento da bola medicinal estático):

O teste de lançamento de bolas medicinais realizou se com bolas de 1kg,

3kg e 5kg, e tem como objetivo avaliar a potência do trem superior. O individuo

teve direito a executar 3 lançamentos parados com ambas as bolas, por cima

da cabeça com as duas mãos, tentando lançar o mais longe possível, sendo

que no momento do arremesso não é permitido levantar os calcanhares do

chão (Marques et al., 2004). Dos 3 lançamentos apenas foi contabilizado a

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melhor repetição. A distância foi medida em centímetros (cm) com uma fita

métrica colocada no chão.

Duas semanas antes do primeiro momento de avaliação, o participante foi

familiarizado com lançamentos de bolas medicinais de diferentes pesos. Em

todos os momentos de avaliação (0 e 8 semanas), todos os sujeitos lançaram à

máxima distância possível bolas medicinais de 1 e 3 kg. O indivíduo, em todos

os treinos foi sujeito a um prévio aquecimento de 10 minutos, que incluiu

movimentos balísticos dos membros superiores e lançamentos com bolas

medicinais de diferentes pesos. Assim, o sujeito posicionava-se com os

membros inferiores ligeiramente afastados e paralelos, segurando a bola

medicinal com ambas as mãos acima da linha da cabeça. Era permitido uma

ligeira extensão do tronco e ombros, mantendo ambos os pés em contacto com

o piso antes e após o lançamento. Não foi permitido qualquer passo antes ou

após os lançamentos, bem como uma eventual torção do tronco. Sempre que

qualquer destas condições não se verificasse o participante era obrigado a

repetir o lançamento.

Os lançamentos foram realizados sempre à máxima distância possível com

uma bola medicinal de 1 kg (circunferência de 0,72 m) e outra de 3 kg

(circunferência de 0,78 m). O indivíduo foi sempre sujeito a um aquecimento

prévio, o qual incluiu movimentos balísticos dos membros superiores e

lançamentos com bolas medicinais de diferentes pesos. Além disso, o sujeito

posicionava-se com os membros inferiores ligeiramente afastados e paralelos,

segurando a bola medicinal com ambas as mãos acima da linha da cabeça.

Será permitida uma ligeira extensão do tronco e ombros sempre com os pés

em contacto com o solo antes e após os lançamentos. Não foi permitido

qualquer passo para além da linha limite antes ou após os lançamentos, bem

como uma eventual torção do tronco. Foram efetuadas 3 tentativas e

registados os valores correspondentes à execução do lançamento sendo

contabilizado o melhor dos 3.

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4. Salto longitudinal a pés juntos:

O salto horizontal com contramovimento teve como objetivo avaliar a força

explosiva dos membros inferiores. No salto horizontal com contramovimento, o

participante partia da posição de pé, com os pés ligeiramente juntos e paralelos

(ponta dos pés atrás de uma linha), realizando de seguida um movimento

rápido de flexão/extensão dos membros inferiores, e com o balanço dos

membros superiores ajudava a impulsionar o corpo para a frente. O salto

medido desde a linha inicial (apoio da ponta dos pés) até à marca mais

recuada (apoio do calcanhar). Neste salto pretendeu-se que o aluno alcance-se

a máxima projeção horizontal. Teve direito a realizar 3 saltos, considerando-se

apenas o melhor resultado. A distância horizontal foi medida em centímetros

(cm).

Durante a realização deste teste seguimos os seguintes passos: a) o

indivíduo encontrava-se de pé com os apoios colocados paralelamente a uma

marca (zero) de uma escala métrica fixada no chão; b) em seguida o indivíduo

realizava o movimento de semi-flexão dos joelhos, podendo auxiliar este gesto

com os braços para saltar o mais distante possível, procurando, na fase final,

manter o equilíbrio e os apoios sempre paralelos; c) mediu-se a distância da

marca zero até ao ponto mais próximo alcançado pelo calcanhar do apoio

durante a queda. O participante realizou 2 tentativas, com 2 minutos de

intervalo, registando-se a sua média.

5. Resistência (VO2max):

O teste Vaivém é um teste de patamares de esforço progressivo, adaptado

do teste de corrida de 20 metros publicado por Leger e Lambert (1982), citados

no manual de aplicação de testes Fitnessgram (The Cooper Institute for

Aerobics Research, nd). O teste começa por ser fácil e vai-se tornando

progressivamente mais difícil. O teste Vaivém é recomendado para todos os

escalões etários. O objetivo deste teste foi que o participante conseguisse

percorrer a máxima distância possível numa direção e na oposta, numa

distância de 20 metros, com uma velocidade crescente em períodos

consecutivos de 1 minuto. Para avaliação do Teste Vaivém foram assinalados

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o número de percursos realizados pelo participante. Para a realização deste

teste deve-se marcar um percurso de 20 metros. O participante devia colocar-

se atrás da linha de partida, e esperar pela contagem decrescente que dava

início ao teste, devendo correr pela área estipulada e tocar na linha dos 20

metros. Ao sinal sonoro tinha que inverter o sentido de corrida e correr até à

outra extremidade. Se atingisse a linha antes do sinal sonoro, deveria esperar

pelo mesmo para correr em sentido contrário. O individuo repetia o mesmo

procedimento até não ser capaz de alcançar a linha antes do sinal sonoro.

Quando não conseguisse atingir a linha em simultâneo com o sinal sonoro,

deveria inverter o sentido da sua corrida, ainda que não tivesse conseguido

atingir a linha. Era permitido ao individuo acompanhar o ritmo da corrida até

que falhasse dois sinais sonoros e, só então deveria parar.

A potência aeróbia máxima foi estimada com base na equação de regressão

estatística proposta por Léger & Lambert (1982), que relaciona o desempenho

no teste shuttle run com o VO2Max:

Y=31,025+3,238.X–3,248.A+0,1536.AX

(onde y=VO2máx em mL/kg/min; X=velocidade em km/h (no estádio alcançado;

A=idade em anos).

Com efeito, o sujeito foi submetido ao protocolo do teste shuttle run proposto

no manual do Fitnessgram (denominado em Português habitualmente de teste

“vai-vem”). Para a realização deste teste, foram necessários os seguintes

requisitos materiais e estruturais: um polidesportivo (com espaço livre e corrida

com pelo menos 40 m), aparelhagem de som com leitor de MP3, Aparelho de

MP3 contendo a faixa musical com “beeps” do teste, dez cones, folhas de

anotação, pranchetas e monitores de frequência cardíaca (Polar, Kempele,

Finland). O sujeito correu, executando a tarefa. O ritmo de corrida foi

cadenciado pela emissão de faixa áudio gravada (especialmente concebida

para este fim), ocorrendo o teste num espaço de 20 m, delimitados por duas

linhas paralelas. A faixa áudio emitia sinais intervalados específicos para cada

estádio, sendo que a cada sinal sonoro, o avaliado devia cruzar com um dos

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pés uma das duas linhas paralelas, ou seja, sair de uma das linhas, correr em

direção à outra, cruzá-la com pelo menos um dos pés ao ouvir um sinal e voltar

em sentido contrário. A cada estádio completo, a faixa musical emitia dois

sinais sonoros consecutivos e uma voz sinalizando o número do estádio

concluído. O teste, cuja duração depende da aptidão cardiorrespiratória de

cada sujeito, foi máximo e progressivo, sendo moderado no início e claramente

intenso no final, perfazendo um total possível de 21 minutos (estágios). A

velocidade do primeiro estágio foi de 8,5 km/h, que correspondia a uma

caminhada rápida ou uma corrida lenta, acrescentando-se 0,5 km/h a cada um

dos estágios seguintes, com duração de aproximadamente um minuto. Em

cada estágio foram realizadas entre 7 a 15 percursos de “vai-vem” de 20 m. Ao

avaliado foi permitido uma falta (considerando-se falta a não chegada à linha

atempadamente). Aquando da segunda falta, o teste foi interrompido sendo

considerado para análise o último estágio realizado. O último estágio atingido

foi registado com vista ao cálculo do VO2máx através da equação proposta por

Léger e Lambert (1982). A frequência cardíaca de cada sujeito foi avaliada

durante a realização do teste (Polar, Kempele, Finland), tendo sido registado

para análise o valor de repouso e imediato à execução do teste. Foi ainda

permitido ao aluno um período de treino para adaptação ao ritmo imposto pela

faixa musical (sinal sonoro) e em todos os momentos da aplicação efetiva do

teste, o individuo foi estimulado a alcançar o seu máximo.

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3.2. Implementação do programa de treino:

A aplicação do programa teve a duração total treze semanas (19

sessões), das quais onze semanas foram de implementação efetiva do

programa de treino e as restantes duas semanas foram para a realização da

bateria de testes inicial (1ªsemana) e final (última semana). Foram realizados

um ou dois treinos por semana, às quartas-feiras às 18 horas e aos Sábados

às 10 horas.

Para o desenvolvimento do trabalho de força e potência dos membros

inferiores selecionámos o salto para a caixa e o agachamento; no entanto, já

na implementação prática, verificamos que o sujeito demonstrava dificuldades

no controle e manutenção da postura e por isso, decidimos que o exercício de

prensa seria mais seguro face ao agachamento. Para o treino da força e da

potência muscular dos membros superiores optamos pelo arremesso da bola

medicinal em pé e sentado, assim como o supino plano; ainda que o sujeito

tenha evidenciado alguma descoordenação na execução deste. Foi ainda

implementada no programa uma sequência de abdominais e a corrida na

passadeira, que foi substituída por caminhada, já que o sujeito se fatigava

muito rapidamente.

O aquecimento consistiu em 10 minutos de elíptica, considerando

que o sujeito se deslocava de casa para o ginásio a pé, com uma duração de

cerca de 15 minutos. Ao longo do programa de treino a atenção foi redobrada

no que se refere ao alinhamento postural e á correta execução dos exercícios,

tendo sido notórias as dificuldades na manutenção postural e na falta de

coordenação motora ao longo do mesmo. Ao longo do programa, procedeu-se

ao aumento das cargas utilizadas, de forma gradual e ajustando-as sempre às

necessidades do sujeito, de acordo com a Tabela 2. No final de cada treino

definimos alguns exercícios de alongamento. Durante o programa apercebemo-

nos que o sujeito era intolerante à dor, o que por um lado, dificultava o ajuste

da carga e número de repetições. Por outro lado demonstrava também um

grande empenho e determinação.

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Quadro 2: Programa de treino (Ver em anexo).

3.3. Análise estatística

Para tratamento dos dados foi utilizado um programa Microsoft Office Excel

2010 for Windows. A análise estatística foi realizada tendo como base os

procedimentos simples para determinação das medidas descritivas, sendo

ainda calculado o coeficiente de variação e a percentagem de alteração entre o

momento inicial e final para cada variável.

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Capítulo IV – RESULTADOS

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4. Apresentação dos Resultados

4.1. Avaliação antropométrica

Na Bateria inicial de testes o sujeito revelou uma boa condição física, um

percentil de gordura abaixo do normal e o índice de massa muscular médio.

Após a primeira pesagem inicial, encontrava-se com uma idade metabólica de

12 anos e com um IMC de 20,3 kg/m2, um percentual de água de 69.8%, 5.9%

de massa gorda e 1% de gordura visceral. Podem ainda ser verificados na

Tabela 3 e nas Figuras seguintes, os resultados comparativos, entre a

avaliação inicial e a avaliação final, referentes às medidas antropométricas,

nomeadamente o índice de massa corporal (IMC), o Peso (Kg), a água corporal

(%), a Massa gorda (%) e massa muscular (kg), a gordura visceral (%) e o

Metabolismo Basal do sujeito em estudo.

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Quadro 3. Medidas antropométricas, distribuição da massa gorda e massa

magra registadas na avaliação inicial (pré-treino) e da avaliação final (pós-

treino), desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) entre os dois

momentos.

Pré-Treino Pós-Treino Média DP CV (%)

Ava

liaç

ão

An

tro

po

tric

a

Estatura 164 164 164,00 0,00 0,00

Peso (kg) 54,7 56,4 55,55 1,20 2,16

Água Corporal (%) 69,8 72,9 71,35 2,19 3,07

Idade Metabólica 12 12 12,00 0,00 0,00

IMC (kg/m2) 20,3 21 20,65 0,49 2,40

Massa Gorda (%) 5,9 5,2 5,55 0,49 8,92

Massa Muscular (kg) 48,9 50,8 49,85 1,34 2,70

Gordura Visceral (%) 1 1 1,00 0,00 0,00

Metabolismo basal 1525 1579 1552,00 38,18 2,46

Massa óssea (kg) 2,7 2,7 2,70 0,00 0,00

Ma

ss

a G

ord

a Tronco % 5 5 5,00 0,00 0,00

Braço direito % 8,1 8 8,05 0,07 0,88

Braço esquerdo % 9,4 8,8 9,10 0,42 4,66

Perna direita % 5,2 3,3 4,25 1,34 31,61

Perna esquerda % 7,1 5,4 6,25 1,20 19,23

Ma

ss

a M

ag

ra Tronco % 25,3 25,6 25,45 0,21 0,83

Braço direito % 2,9 3,1 3,00 0,14 4,71

Braço esquerdo % 2,8 3 2,90 0,14 4,88

Perna direita % 9,2 9,9 9,55 0,49 5,18

Perna esquerda % 8,7 9,2 8,95 0,35 3,95

Adicionalmente, podemos verificar a evolução entre os dois momentos

nas Tabelas 1, 2 e 3.

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Tabela 1. Representação gráfica da evolução percentual obtida entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

nas medidas antropométricas. IMC = índice de massa corporal.

Tabela 2. Representação gráfica da evolução percentual obtida entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

na distribuição da massa gorda.

0,0%

3,1%

4,4%

0,0%

3,4%

-11,9%

3,9%

0,0%

3,5%

0,0%

-14,0%

-12,0%

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

Esta

tura

Pe

so (

kg)

Águ

a C

orp

ora

l (%

)

Idad

e M

eta

lica

IMC

(kg

/m2

)

Mas

sa G

ord

a (%

)

Mas

sa M

usc

ula

r (k

g)

Go

rdu

ra V

isce

ral (

%)

Me

tab

olis

mo

bas

al

Mas

sa ó

sse

a (k

g)

0,0%-1,2% -6,4%

-36,5%

-23,9%

-40,0%

-35,0%

-30,0%

-25,0%

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

Tronco % Braçodireito %

Braçoesquerdo %

Pernadireita %

Pernaesquerda %

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Tabela 3. Representação gráfica da evolução percentual obtida entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós)

na distribuição da massa magra. IMC = índice de massa corporal

4.2. Avaliação da força, potência e resistência

Podemos verificar que o sujeito revelou uma boa condição física global,

sendo que a avaliação inicial, final e a sua evolução, apresentadas na Tabela

4, demonstraram uma clara melhoria na força superior, força inferior,

lançamento da bola medicinal, e no consumo máximo de oxigénio.

1,2%

6,9% 7,1%7,6%

5,7%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

Tronco % Braçodireito %

Braçoesquerdo

%

Pernadireita %

Pernaesquerda

%

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Quadro 4: Valores obtidos nas avaliações de força superior, força inferior,

potência e resistência cardiorrespiratória, pré-treino e pós-treino, desvio-padrão

(DP) e coeficiente de variação (CV) entre os dois momentos.

Pré-Treino Pós-Treino Média DP CV (%)

Força Superior (kg) 40.00 60.00 50.00 14.14 28.28

Força Inferior (kg) 100.00 155.00 127.50 38.89 30.50

Lançamento bola

medicinal (m) 2.83 3.10 2.97 0.19 6.44

Lançamento bola

medicinal em

agachamento (m)

2.90 3.45 3.18 0.39 12.25

Salto horizontal (m) 1.65 1.65 1.65 0.00 0.00

Consumo máximo de

oxigénio (ml/kg/min) 15.31 19.11 17.21 2.69 15.61

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Na Figura IV podemos verificar a percentagem de evolução obtida com a

implementação do programa de treinos. Podemos verificar uma melhoria na

força superior e inferior, no lançamento da bola medicinal, e no consumo

máximo de oxigénio.

Figura IV: Representação gráfica dos ganhos percentuais obtidos entre o

primeiro momento de avaliação (pré) e o segundo momento de avaliação (pós).

BM = Bola Medicinal.

50%55%

10%

0%

19%

25%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%55%60%

Forç

a su

per

ior

Forç

a in

feri

or

Lan

çam

en

to B

M

Salt

o h

ori

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tal

Lan

çam

en

to B

M e

mag

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to

Co

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mo

máx

imo

de

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gén

io

Var

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o (

s-p

ré)

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5. Discussão dos resultados

A partir dos nossos resultados, podemos verificar que a aplicação deste

programa de treinos, realizado de forma individualizada, permitiu verificar

melhorias significativas na força do individuo estudado, assim como na

melhoria da sua resistência cardiovascular, tendo também proporcionado

alterações nas medidas antropométricas. Tendo em conta os objetivos e as

hipóteses deste estudo, ao avaliarmos e compararmos os dados obtidos na

avaliação inicial com os da avaliação final, verificamos, uma evolução global do

sujeito, apesar do curto intervalo de tempo de duração do programa.

No que se refere às medidas antropométricas, verificamos que o sujeito

teve um aumento da massa corporal, com uma diminuição de massa gorda e

aumento de massa muscular. Consequentemente, o metabolismo basal alterou

de 1525 para 1579 kcal.

A gordura visceral manteve-se similar ao longo do estudo e o IMC

aumentou devido à massa corporal.

Pudemos ainda verificar algumas alterações na distribuição da massa

gorda e massa magra. Assim, no tronco o sujeito manteve a mesma massa

gorda, da avaliação inicial para a final, aumentando ligeiramente a massa

muscular. Nos membros superiores e inferiores foi onde se verificaram maiores

alterações, por exemplo: massa muscular, massa gorda.

Podemos afirmar que a implementação deste programa de treino

promoveu alterações positivas na composição corporal do sujeito, o que é

corroborado com outros estudos experimentais existentes.

A este propósito, Ordonez e colaboradores (2002), investigaram a

influência de um protocolo de exercício nos níveis de tecido adiposo de 22

indivíduos de T21 do sexo masculino, durante um período de doze semanas.

Antes da implementação, 31,8% dos sujeitos apresentavam excesso de peso e

27,3% eram obesos. Após a implementação do treino, os sujeitos obtiveram

uma redução significativa no percentual de gordura, passando dos 31,8% para

26%, respetivamente. Neto, Pontes, & Filho (2009), também verificaram um

efeito favorável de 12 semanas de treino em doze indivíduos com T21 (Le Clair

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DA, Elliot D.,1995) selecionando nove exercícios, sendo três para membros

inferiores e seis para membros superiores. Os sujeitos apresentaram uma

redução de 2% na massa gorda e aumento de 1 a 2 kg na massa magra. Mais

recentemente, Thiago e colaboradores (2015) verificaram que o Treino de

Força poderá ser benéfico para a perda de massa gorda em indivíduos com

T21. Quinze indivíduos portadores de T21 foram sujeitos a um Treino de Força

muscular caracterizado com 12 repetições máximas, com frequência de 2

vezes por semana, durante 12 semanas. Por sua vez, o treino de força

recorrendo à utilização de saltos (para plataforma entre 40 a 60cm;

transposição de barreiras), lançamento de bolas medicinais (peito e acima da

cabeça. 1kg e 3kg), e corrida de velocidade (20 a 40mt) parece ser, também

ele, eficaz na redução do percentual de gordura, com descida do IMC e da MG

(Castoldi, Périco e Grave, 2012). Desta forma, os resultados evidenciam uma

diminuição no percentual de gordura e aumento da massa muscular,

credibilizando, assim, o efeito do treino de força com pesos, lançamento de

bolas medicinais, e saltos na composição corporal de indivíduos com T21.

Em nossa opinião o treino realizado no presente estudo possibilitou

claras melhorias em todas as variáveis avaliadas, com exceção do salto

horizontal e lançamentos com bolas medicinais, os quais se mantiveram

semelhantes nas duas avaliações. Uma vez que o salto horizontal e

lançamento com bolas medicinais implicavam uma grande habilidade motora e

coordenação específica, algo difícil para este tipo de sujeitos, pareceu-nos

normal que os ganhos esperados pudessem de algum modo ter sido

comprometidos. Embora o programa de treino tivesse uma razoável

componente da força explosiva e todos os exercícios fossem realizados à

máxima velocidade, é muito provável que prolongando o programa no tempo

ou aumentado o volume total de treinos se pudesse vir a verificar melhorias

significativas.

É de realçar que as variáveis relativas à demonstração da força máxima

foram aquelas cujas alterações foram superiores entre o pré e o pós-treino.

Essas melhorias foram também evidenciadas noutros estudos, como por

exemplo no de Santos (2011). Neste caso de 50% na força dos membros

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superiores e 55% na força dos membros inferiores, vêm demonstrar que é

possível, num curto intervalo de tempo, melhorar a força máxima em sujeitos

com T21.

Relativamente ao consumo máximo de oxigénio, e apesar dos valores

baixos obtidos, julgamos que ficou demonstrado uma clara melhoria após o

treino realizado.

A evolução entre os registos obtidos foi, em nosso entender positiva,

ainda mais tendo em conta os problemas congénitos que caracterizam o

desenvolvimento psicomotor do individuo com T21, nomeadamente a hipotonia

generalizada.

Diversos autores relatam resultados que corroboram os dados aqui

apresentados como, por exemplo, Silva e colaboradores (2007); Gupta (2011),

Cowley e colaboradores (2011), Shields e colaboradores (2008), Shields e

Taylor (2010). Num estudo de caso, Silva e colaboradores (2007) submeteram

o sujeito a um programa de treino de 24 semanas, composto por sete

exercícios para os membros superiores, com três séries de 12 repetições com

cargas classificadas como moderadas pelo pesquisador e duração de 45

minutos por sessão. A resistência muscular localizada foi medida pela média

da contagem do número de repetições que poderiam ser concluídas em cada

exercício no pré e pós-teste tendo-se verificado um aumento da resistência

muscular localizada e um aumento do índice de massa magra (52,31% para

52,52%). Os autores não verificaram diferenças significativas com a

implementação do treino, contudo percebeu-se uma tendência para o aumento

da resistência muscular localizada, aumento do tónus muscular, o que

contribuiu para minimizar os efeitos da hipotonia muscular.

Os estudos existentes em grupos com T21 parecem indicar melhorias da

força com o treino específico da mesma. Gupta (2011) avaliou 23 crianças e

adolescentes com T21 que foram submetidos a um programa de treino de seis

semanas, que incluiu seis exercícios de força somente para membros

inferiores, iniciando com uma carga de 50% de uma repetição máxima (1RM),

com aumento progressivo de carga. O protocolo de pré e pós intervenção

avaliou a força dos extensores/flexores do quadril, abdutores e

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flexores/extensores do joelho e verificou um aumento significativo da força

muscular dos membros inferiores em todos os grupos. Também em

adolescentes e adultos, um programa de força com o mínimo de duas vezes

por semana, com exercícios de membros superiores e inferiores, realizando

entre 2 a 3 séries de 10 a 12 repetições, por períodos de 10 semanas parece

aumentar a força máxima dos membros inferiores e a sua capacidade de

resistência (Cowley et al., 2011; Shields et al., 2008; Shields e Taylor, 2010).

Também Thiago e colaboradores (2015) realizaram um estudo com o propósito

de verificarem a eficácia do programa de treino de resistência progressiva na

força muscular em jovens adultos com T21. A amostra foi composta por

indivíduos com idade entre os 14 e os 22 anos. O programa de Treino de

Força, com duração de 45 minutos a uma hora, foi composto por sete

exercícios, 3 para a parte superior do corpo (Puxada, Supino reto e Remada

sentada), 3 para os músculos da parte inferior do corpo (Leg press, Extensão

do joelho, Gastrocnémio sentado) e 1 exercício tronco. O protocolo de treino de

3 séries de 12 repetições de cada exercício, teve uma intensidade de 12RM, e

60-80% de repetição máxima, com períodos de descanso de dois minutos,

entre cada série. Os resultados evidenciaram que o treino de força teve

impacto sobre a saúde destes sujeitos, melhorando a sua força muscular.

Os resultados do presente estudo parecem ainda ser concordantes com

as evidências relativas ao treino combinado da força e aeróbio. Lewis e

Fragala-Pinkham (2005) verificaram o impacto de um protocolo de exercício

misto com o objetivo de determinar os efeitos dos exercícios aeróbios

combinados com treino de força. Os autores observaram resultados positivos

para valores submáximos cardíacos e respiratórios, performance aeróbia, força

e resistência muscular, habilidades motoras e força anaeróbia, a partir de um

treino de 30 a 60 minutos, realizado cinco a seis dias por semana, durante seis

semanas e séries de 10 repetições.

De uma forma geral, o tempo de duração dos estudos realizados variou

de um mínimo de seis semanas (Lewis et al, 2005) para um máximo vinte e

quatro semanas (Silva Jr., 2007) e uma frequência semanal de treino,

predominantemente de 2 a 3 sessões por semana, (Lewis; Fragala-Pinkham,

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2005; Mendonça et al, 2011). A quantidade de exercícios por sessão de treino,

variaram entre seis e dez exercícios (Shelds et al, 2008; Lewis; Fragala-

Pinkham, 2005) com duração entre 30 minutos a uma hora (Lewis et al, 2005;

Florentino Neto et al, 2010) sendo as intensidades aplicadas maioritariamente

de intensidade moderada (Florentino et al, 2010; Shields; Taylor, 2010;

Tsimaras; Fotiadou, 2004; Shields et al, 2008; Mendonça et al, 2011; Silva Jr.,

et al, 2007).

Apenas o estudo de Silva e colaboradores (2007) pode ser categorizado

como um estudo de caso sendo os restantes classificados como quase

experimentais já que estes indivíduos foram divididos em dois grupos

(intervenção e de controlo). No entanto, o protocolo desse estudo contemplou

apenas exercícios para os membros superiores, com três séries de doze

repetições com cargas moderadas durante seis meses.

Os estudos, em que os exercícios envolveram mais grupos musculares

obtiveram resultados satisfatórios, o que nos esclarece sobre a importância do

treino sistemático e adaptado e os seus benefícios quer a nível de performance

quer no âmbito da saúde (Moderno e Greguol, 2014).

É de evidenciar que os estudos referidos, apesar de recorrerem a

diferentes protocolos e programas de treino, demonstram consenso em relação

aos benefícios decorrentes da prática de atividades físicas. No entanto, torna-

se ainda necessário uma maior consolidação quanto aos benefícios de

atividades de caráter aeróbio quando comparados com exercícios de pesos,

mesmo quando se trataram de estudos que utilizaram intervenções com

duração relativamente curta, até seis semanas de treino.

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6. Considerações finais:

Diversas pesquisas nas áreas biomédica e da biologia molecular têm

sugerido que a T21 determina várias alterações nos padrões de expressão de

proteínas que, por sua vez, determinam características bioquímicas,

fisiológicas, anatómicas e comportamentais (Pritchard, 1999). Um dos

problemas congénitos que mais prejudica o desenvolvimento psicomotor de um

individuo com T21 é a hipotonia generalizada, caraterizada pela flacidez

muscular e ligamentar (Schuster; Ferreira, 2012), situação quie afeta todos os

músculos do corpo e o desenvolvimento motor amplo e fino; problemas de

equilíbrio; fraca coordenação oculomotora e dificuldade de manipulação

(Morato, 1995).

Neste sentido, o exercício físico e especificamente o treino de musculação,

podem colaborar no desenvolvimento dos défices referidos, promovendo a

manutenção da qualidade de vida e da saúde, podendo ainda contribuir para a

prevenção de doenças.

Após a definição do programa de treino, determinado numa fase inicial,

realizou-se uma avaliação inicial em que definimos as cargas iniciais para cada

exercício, que passaram pela definição da força máxima superior, da força

máxima inferior, da potência no lançamento da bola medicinal, no salto

longitudinal a pés juntos, no lançamento da bola medicinal em agachamento

estático e no trabalho de resistência cardiovascular.

Após realização da bateria de testes e encontrados os valores, colocamos

em prática o programa de treino que seguimos durante 6 semanas. Nesta fase

recorremos, nos exercícios de força, a um percentual de 50% até 75% de

carga. Nos restantes exercícios, usamos sempre as mesmas cargas e os

mesmos aparelhos e houve sempre um acompanhamento progressivo.

Na fase final da implementação do programa de treino, usamos o mesmo

protocolo de exercícios aplicados na primeira fase, mantendo exatamente a

mesma sequência de exercícios, número de séries e número de repetições.

Verificamos que, apesar das limitações metodológicas, nomeadamente a

desconsideração de variáveis intervenientes importantes, hábitos alimentares e

a prática de outras atividades físicas fora do ambiente de estudo, evidenciam-

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se melhorias da força, ganho de massa muscular e perda de massa gorda,

resultados que vão ao encontro dos resultados dos estudos analisados. Houve

uma clara redução do percentual de gordura e também um ganho de massa

muscular, o que nos leva a refletir sobre os benefícios do treino de força, já que

houve melhorias significativas, apesar da curta implementação do programa de

treino, atingindo o objetivo a que nos propusemos. A implementação de um

programa de treino levou à melhoria da força muscular geral, da força dos

membros superiores e inferiores, à melhoria da capacidade cardiovascular e

verificamos uma mudança nas variáveis antropométricas do sujeito.

Perante os resultados obtidos e de acordo com os autores mencionados,

parece-nos ser relevante sugerir a prática de atividade física e especificamente

o treino de força, realizado de forma sistematizada e adaptada, em indivíduos

com T21, leva a uma melhoria dos seus desempenhos da força e resistência,

verificando-se as hipóteses definidas no início do estudo. Assim:

A T21 não se constitui como um impeditivo para a melhoria da força

e da condição física geral;

Um programa de treino de força e de condição física corretamente

planeados promovem maiores aumentos na performance desportiva

em indivíduos com T21;

As variáveis antropométricas melhoram após a realização de um

programa de treino de força.

O levantamento geral de estudos demonstrou ainda alguma escassez nas

pesquisas relativas aos efeitos de programas de treino de força para esta

população e um maior número de estudos realizados com sujeitos do sexo

masculino. Sugere-se por isto que, em futuros estudos que venham a ser

realizados, numa perspetiva de colmatar falhas verificadas ou de complementar

este estudo, se recorra a um tamanho amostral maior, um intervalo de tempo

de intervenção também mais alargado e que a sua aplicabilidade se

estendesse a indivíduos com T21 pertencentes a diferentes faixas etárias.

Sugerimos ainda que o mesmo programa de treino seja implementado numa

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amostra de indivíduos com T21 e noutra constituída por pessoas normais, para

que se possam comparar os resultados obtidos.

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Anexos

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Tabela 1. Cronograma:

Maio Junho Julho

Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom

1

1 2 3 4 5

1 2 3

2 3 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 11 12 4 5 6 7 8 9 10

9 10 11 12 13 14 15 13 14 15 16 17 18 19 11 12 13 14 15 16 17

16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26 18 19 20 21 22 23 24

23 24 25 26 27 28 29 27 28 29 30

25 26 27 28 29 30 31

30 31

Agosto Setembro Outubro

Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Dom

1 2 3 4 5 6 7

1 2 3 4

1 2

8 9 10 11 12 13 14 5 6 7 8 9 10 11 3 4 5 6 7 8 9

15 16 17 18 19 20 21 12 13 14 15 16 17 18 10 11 12 13 14 15 16

22 23 24 25 26 27 28 19 20 21 22 23 24 25 17 18 19 20 21 22 23

29 30 31

26 27 28 29 30

24 25 26 27 28 29 30

31

Legenda:

07-05-2016 - Bateria inicial de Testes

29-07-2016 - Bateria inicial de Testes

Investigação Teórica / Realização Trabalho

escrito

Investigação Prática

Entrega da Dissertação

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Tabela 2. Programa de treino

Se

ma

na

Se

ssã

o

se

ma

na

l

Prensa Supino Plano Saltos

P/Caixa

Lançamento

C/Bola

Corrida

Intervalada

% S R Kg % S R Kg S R Cm S S S Min.

1 1 50 3 8 67.5 60 3 8 30 2 5 36 - 3 - 5

2 50 3 8 67.5 60 3 8 30 2 5 36 - 3 - 5

2 1 55 3 8 74.25 65 3 5 31.8 2 5 36 - 3 2 5

2 55 3 8 74.25 65 3 5 31.8 2 5 36 - 3 2 5

3 1 60 3 8 81 70 3 6 34 3 5 36 - 4 2 5

2 60 3 8 81 70 3 6 34 3 5 36 - 4 2 5

4 1 65 3 8 87.8 75 3 4 36.5 3 5 36 - 4 3 5

2 65 3 8 87.8 75 3 4 36.5 3 5 36 - 4 3 5

5 1 70 3 6 94.5 80 3 5 39.2 3 5 36 - 5 3 5

2 70 3 6 94.5 80 3 4 39.2 3 5 36 - 5 4 5

6 1 75 3 6 101.3 85 3 3 39 3 5 36 - 5 4 5

2 75 2 6 101.3 85 2 3 39 2 5 36 - 2 2 5

ADOMINAIS: 4-5X25 repetições

LOMBARES: 4-5X15 repetições

NOTAS:

Descanso de 2 min entre séries e de 3 min entre exercícios.

Descanso na corrida de 2min entre séries.

Máxima velocidade na fase concêntrica e controlada na fase excêntrica do movimento.

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Porto, 11 de Maio de 2016

Assunto: Autorização para a realização de um estudo caso

Ex.ª. Senhora

Eu, Filipe Lopes Dias, estudante de mestrado da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto, venho por este meio solicitar a V. Exa, autorização

para a realização de um estudo de caso sobre o treino de força num atleta da

natação adaptada.

Neste estudo pretendo aplicar um treino de força com o objetivo de

verificar os benefícios e a evolução com o programa de treino.

Estive reunido informalmente com o Prof. Dr. Mário Marques da UBI com

intuito de conversar sobre os meus objetivos com este estudo, e o que

pretendia realizar no âmbito do treino aplicar no decorrer do estudo.

Sem outro assunto de momento, e agradecendo antecipadamente a

atenção dispensada, aguardarei a decisão, disponibilizando-me para os

esclarecimentos que entender necessários.

Com os melhores cumprimentos,

O Orientador O Mestrando

(Prof. Doutor Rui Corredeira) (FilipeDias)

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Porto, 11 de Maio de 2016

Assunto: Autorização para a realização de um estudo caso

Atleta

Eu, ____________________________________, atleta da equipa de natação

adaptada da Empresa Municipal Feira Viva, Cultura e Desporto, portador do

B.I/C.C _______________, válido até ___________. Declaro que autorizo o

aluno da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Filipe Lopes Dias, a

analisar os meus níveis de aptidão física e utilizar os dados obtidos no estudo

para a sua dissertação de mestrado em Atividade Física Adaptada.

______________________________________________________________

Encarregado de Educação

Eu, ____________________________________, Encarregado de Educação

do atleta da equipa de natação adaptada da Empresa Municipal Feira Viva,

Cultura e Desporto, portador do B.I/C.C _______________, válido até

___________. Declaro que autorizo o aluno da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto, Filipe Lopes dias, a analisar os níveis de aptidão física

do atleta e utilizar os dados obtidos no estudo para a sua dissertação de

mestrado em Atividade Física Adaptada.

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