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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” Simone Raposo de Oliveira O VALOR DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR Rio de Janeiro 2011

O VALOR DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLARambiente escolar atue como motivador, visando à melhoria do desempenho dos colaboradores da escola, educadores e pessoal de apoio, em defesa

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

Simone Raposo de Oliveira

O VALOR DA MOTIVAÇÃO

NO AMBIENTE ESCOLAR

Rio de Janeiro

2011

Simone Raposo de Oliveira

O VALOR DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR

Monografia apresentada a Universidade Candido Mendes - Instituto A Vez do Mestre - na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso como requisito à obtenção do Grau de Pós - Graduação em Psicopedagogia. Orientador: Dayse Serra

Rio de Janeiro

2011

AGRADECIMENTOS

Um trabalho que temos a graça e a oportunidade de concretizar é a nossa

realização. Dedicar é demonstrar nosso afeto e reconhecer que estas pessoas

ajudaram de alguma maneira. Eu devo a muitas pessoas que me encorajaram a

seguir nesta caminhada. Inicialmente a Deus, pela saúde, sabedoria e lucidez. À

orientadora Dayse Serra, pelo auxílio recebido. Ao meu saudoso pai, pelo zelo

incentivo e exemplo. Ao meu marido e amigo Nelson pela paciência, apoio e

estímulo. Aos meus adoráveis irmãos, Sebastião, Antonio Roberto e Sidnei pela

forte presença nos momentos difíceis e que muito contribuíram em minha educação.

Me mostraram que é preciso sonhar, acreditar, buscar e construir um mundo melhor,

mais harmônico, justo e democrático. À minha mãe pela presença. À minha amiga

Michelle, companheira de curso e de vida, pela amizade, incentivo, troca de

experiências e reflexões críticas. A minha psicóloga Drª Fátima Villar, que muito

contribuiu me dando confiança e me apoiando. Às minhas amigas, companheiras e

educadoras, da E. M. Mauro de Castro - Duque de Caxias, por ser um dos motivos

da escolha do tema.

EPÍGRAFE

[...] Uma coisa eu aprendi: sempre que as

pessoas afirmam que minha missão

acabou, sei que devo continuar minha

jornada. Outra coisa que tenho reparado é

que quase todos que conheci, até agora,

parecem ter parado de aprender. Dão-me

a impressão de serem prisioneiros de sua

linguagem e de seus mundos, de estarem

fechados para os mundos e as linguagens

alheias. Sem quererem, ensinaram-me a

pensar novamente, a reconhecer os

inimigos de uma sociedade aberta e

democrática (LUKES apud OLIVEIRA org,

2005 p.06).

RESUMO

O trabalho tem como foco principal, a importância da prática da motivação como ferramenta de apoio para a melhoria dos resultados pedagógicos obtidos no ambiente escolar. A motivação, que, por si somente, já alivia as tensões do dia-a-dia, refletindo-se em menores taxas de ausências da força de trabalho e na espontaneidade em benefício de sugestões e soluções para as dificuldades cotidianas, neste contexto é vista como incentivo de uma escola viva, dinâmica e voltada para o ensino de qualidade. Os referenciais teóricos foram Dubrin (2003), Lück (2005), entre outros autores que lançam novos olhares para as práticas motivacionais nas organizações, fornecendo orientações teóricas adequadas de incentivos para todos os envolvidos. Dessa forma, são apresentadas possibilidades para a compreensão dos procedimentos de um grupo de educadores nos chamados processos de gestão democrática, a partir da associação participativa de professores, alunos e pais em um ambiente prazeroso e motivador. O resultado é o comprometimento institucional voltado para efeitos cada vez mais animadores, o quê, de certa forma, renova o entusiasmo coletivo em torno de objetivos mais ousados. Procura, portanto atender e promover o encontro entre escola, equipe e comunidade, identificando e intensificando tais relações em prol da Educação. Como resultado do estudo, confirma-se no tocante, a hipótese da necessidade do educador buscar elevar o comprometimento institucional da equipe, pessoal de apoio, pais e responsáveis, através do estímulo, associado à oferta de um ambiente saudável.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pirâmide das Necessidades de Maslow .................................................... 17

Figura 2 - Teoria do Estabelecimento de Metas ........................................................ 20

Figura 3 - Visão Básica da Teoria da Expectação ..................................................... 22

Figura 4 - Visualização da Teoria da Equidade e Comparação Social ...................... 23

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 O VALOR DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR ...................................... 14

1.1 ALGUNS CONCEITOS SOBRE MOTIVAÇÃO ................................................... 15

1.2 TEORIA DA NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO .................................................. 17

1.2.1 Teoria dos Dois Fatores de Hertzberg .......................................................... 18

1.2.2 Tríade de Realização, Poder e Afiliação ....................................................... 19

1.3 TEORIA DO ESTABELECIMENTO DE METAS ................................................. 20

1.3.1 Teoria do Reforço ........................................................................................... 20

1.4 TEORIA DA EXPECTAÇÃO DA MOTIVAÇÃO ................................................... 21

1.5 TEORIA DA EQUIDADE E DA COMPARAÇÃO SOCIAL ................................... 22

1.6 TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL ............................................................. 23

1.7 TEORIA DA MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA VERSUS EXTRÍNSECA .................... 23

2 MOTIVAÇÃO NA ESCOLA – ESTIMULANDO O GRUPO ................................... 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 37

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 37

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INTRODUÇÃO

A sociedade hoje espera ter uma escola que busque qualidade, e para isso

vem tentando desenvolver metodologias que auxiliem na gestão, trazendo para sua

estrutura a participação mais ativa da comunidade, estabelecendo uma parceria

para tentar haver uma coordenação de ações, visando melhorar a própria estrutura

da entidade e deixando de lado aquele modelo único e fechado de décadas

anteriores.

Psicopedagogo é a geração de um novo modo de orientar uma realidade , é

em si mesmo, democrática já que se traduz pela comunicação, pelo envolvimento

coletivo e humano. Representa um avanço significativo, sendo uma demonstração

efetiva da necessidade que as entidades públicas e privadas têm em estabelecer

uma nova forma de relação com as pessoas integradas da sociedade, assim se

estará oportunizando ao aluno um desenvolvimento integrado. A ação do

Psicopedagogo traz uma nova forma de dinamizar a escola, permitindo que haja, por

parte dos integrantes que estão relacionados com a estrutura escolar, uma posição

mais ativa em relação às políticas que orientarão as atividades da instituição de

ensino.

Para o desenvolvimento de um trabalho coletivo e participativo é preciso

estimular a interação entre os participantes, que possam trocar idéias, dividir tarefas

e enfrentar as dificuldades superando as divergências que acabam dividindo o

grupo. O cultivo das diversidades de opiniões enriquece e amplia a visão particular

do que se pretende realizar ou efetivar. Esse relacionamento permite o

questionamento de certezas, o articulamento de ações, a participação mais ativa de

todos nos processos desenvolvidos no ambiente, o que proporciona a diminuição de

9

resistências às formas de pensar, favorecendo a mudança.

Sem o trabalho coletivo, dificilmente consegue-se alcançar os resultados

propostos, pois é a interação do Psicopedagogo com o grupo que permite uma

intervenção para que se definam os objetivos a serem realizados e que cada um

assuma, dentro da sua função, a responsabilidade de pertencer ao grupo.

Abordando esses aspectos, torna-se importante que o Psicopedagogo no

ambiente escolar atue como motivador, visando à melhoria do desempenho dos

colaboradores da escola, educadores e pessoal de apoio, em defesa do ensino,

estabelecendo no âmbito escolar um sentido comum de cumplicidade, partilhando e

criando oportunidades de inovações no desenvolvimento dos objetivos educacionais.

O Psicopedagogo em seu papel, tem a função de observar e avaliar qual a

verdadeira necessidade da escola e atender aos seus anseios, bem como verificar,

junto ao Projeto Político-Pedagógico, como a escola conduz o processo ensino-

aprendizagem, como garante o sucesso de seus alunos, equipe e como a família

exerce o seu papel de parceira nesse processo. Necessita deixar claros os objetivos

norteadores da instituição: demonstrar que a motivação no ambiente escolar, torna a

produção da força de trabalho mais eficiente e eficaz no processo de qualidade do

ensino escolar; enunciar fatores motivadores que podem e devem ser colocados à

disposição dos colaboradores da escola, educadores e pessoal de apoio; enunciar

fatores desmotivadores existentes no ambiente de trabalho dos funcionários,

propondo a adoção de procedimentos motivadores com a finalidade de elevar a

qualidade de ensino na escola.

O Psicopedagogo é aquele que desempenha seu trabalho buscando a

coletividade, criando condições de confronto construtivo de idéias, desempenhando

com sucesso a função dentro do ambiente escolar. Para que isto se concretize, faz-

10

se necessário muito diálogo, interação, a qual demonstrará muita segurança em

seus objetivos propostos construindo uma escola participativa e democrática.

O interesse pela temática a ser abordada se originou após a pesquisadora ter

realizado um concurso público para Professor II da Rede Municipal de Duque de

Caxias, ter sido aprovada e consequentemente, convocada. A escola em que atuou

e atua como Professora por dois anos e posteriormente em outra como Mediadora

de Recursos Tecnológicos, por quatro anos, em sua cultura trazia consigo

características rurais, e a comunidade envolvida era marcada pela pobreza, fome,

descaso, e em alguns casos miséria. Foi possível observar, vivenciar e aprender

com esta vivencia e com a atuação da equipe diretiva, que a todo o momento e em

todas as questões, se preocupava priorizando problemas políticos e sociais,

esquecendo-se ou não restando tempo para os problemas pedagógicos, que de

alguma forma “excluíam” aquela comunidade dos direitos que lhes competiam, além

de partir do pressuposto de que o enfoque da ação do Psicopedagogo no ambiente

escolar está ganhando contexto, ainda que não reconhecido legalmente,

caracterizando o reconhecimento da importância da participação consciente de

todos os envolvidos na instituição escolar.

Os desafios surgem diante dos fatos sociais que acabam influenciando o

ensino como um todo. A participação ativa do Psicopedagogo, representa um sinal

significativo da necessidade de interação entre pólos distintos, como a escola e

comunidade, para que se consiga atender às necessidades do aluno de forma

adequada, privilegiando a união como integrante fundamental de mudanças.

Em geral, os colaboradores da escola acabam adquirindo bons resultados

adotando procedimentos estanque; ora motivadores, ora coercitivos, de maneira

aleatória, não direcionada e sem qualquer orientação que venha padronizar uma

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política de relacionamento interpessoal e de valorização do funcionário em sua área

de trabalho, que consequentemente irá refletir em nossos alunos. De um modo

geral, muitos desses colaboradores se esforçam mais para não errar do que para

participar opinando, temendo uma punição diante de um eventual insucesso. Essa

realidade expõe um quadro de omissão e estagnação não condizentes à velocidade

das mudanças globais em que o mundo moderno apresenta, bem como ao nível de

informações cada vez mais ampla a que todos têm acesso.

Diante deste fato, surge a questão problema: “De que forma a ação do

Psicopedagogo pode melhorar a qualidade do ensino através de uma política

voltada para os colaboradores de uma escola?”.

Parte-se da hipótese que se a dinâmica geral da motivação é fundamental

para uma gestão eficaz, o trabalho motivador melhora a harmonia, desempenho e

produtividade da instituição; estimula o comprometimento de todos os colaboradores

para o alcance da missão institucional e melhoria dos serviços prestados em prol do

ensino.

Sendo assim, a pesquisadora adota a linha de pesquisa de Gestão

Pedagógica e Cotidiano Escolar. Esta, investiga os processos de Gestão

Pedagógica no dia-a-dia da escola e da ação do Psicopedagogo, analisando

questões referentes ao currículo e sua prática de implementação, as ações

inovadoras e propostas de avaliação no processo de aprendizagem, bem como

compreende o estudo do exercício da política pedagógica em suas práticas de

expressão e materialização das políticas educacionais.

Este trabalho é pautado, através das contribuições para o tema “Motivação”

em autores como Dubrin (2003), Lück (2005), dentre outros, destacando tópicos

importantes de algumas de suas obras. Esse embasamento teórico possui grande

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valor na realização deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), somando a

experiência profissional da pesquisadora, respaldada em mais ou menos quinze

anos de carreira na área de educação em que desempenhou as funções de

Professora, Mediadora de Tecnologia Educacional e ainda na parte administrativa da

Secretaria.

A metodologia adotada será bibliográfica através de obras de autores e

estudiosos do tema “Motivação” e interpretações pautadas nas experiências vividas

pela pesquisadora durante o período em que atuou em sala de aula ou mesmo fora

dela.

Desse modo, essa pesquisa será desenvolvida em dois capítulos: o primeiro

abordando sobre o tema principal “motivação”, a importância de sua prática, assim

como a influência que a mesma tem sobre os seres formadores da escola, alguns de

seus diversos conceitos e as suas diversas teorias. As necessidades biológicas,

sociais ou psicológicas são fonte de motivação que despertam o indivíduo para a

execução de atividades que satisfaçam desejos pessoais. É um fator primordial para

que um indivíduo desempenhe seus papéis sociais de forma positiva, seja qual for

sua posição na vida. As técnicas de motivação são inúmeras e podem ser

relacionadas com a vida real, identificação do indivíduo, auto-superação, elogios e

censuras, necessidades individuais, ludicidade, motivação pela própria matéria entre

outras, onde entra o papel do Psicopedagogo.

E, por último, o segundo exibindo aspectos importantes referentes à atuação

do Psicopedagogo no ambiente escolar, estimulando o grupo e estabelecendo entre

seus colaboradores um sentido comum de cumplicidade, mudanças, criando

oportunidades de inovações no desenvolvimento dos objetivos educacionais além de

promover a criação e a sustentação de um ambiente propício à participação plena

13

dos profissionais, alunos, pais e comunidade no processo social escolar, uma vez

que é por essa participação que seus membros desenvolverão consciência e sentido

de cidadania. Para tanto, os responsáveis pela gestão escolar devem criar um

ambiente estimulador dessa participação, buscando resultados significativos no

atendimento às necessidades de todos os envolvidos, coordenando, orientando

acima de tudo motivando todos esses esforços em prol do aprendizado do aluno e

inserção na sociedade em que atua para juntos fazerem a verdadeira diferença.

14

1 O VALOR DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR

A motivação é essencial a toda a atividade humana. A profissão de professor,

em termos de valorização social, já passou por melhores momentos. Mesmo quando

se tem o discurso de que se vive numa sociedade do conhecimento, o fazer do

professor não é devidamente apreciado. Todos esses aspectos acabam por refletir

na atuação dos profissionais de educação que tendem a sentirem-se

desestimulados. Parte da situação tem origem, entre muitos outros fatores, em

decorrência da desmotivação constante vivida por toda uma teia de relacionamento

da equipe escolar. Desta forma, o Psicopedagogo junto a equipe diretiva de um

estabelecimento devem estar atentos para a questão da motivação.

No ambiente escolar, a motivação é um dos fatores favoráveis ao

aprendizado e depende de todos os envolvidos neste processo, a falta da mesma

deixa uma brecha para a passividade, para a indisciplina, além de dificultar o

desenvolvimento da aula e desconcentrar os demais alunos. Também contribui para

a evasão escolar, o que é bastante preocupante na conjuntura educacional, sem

falar no desgaste físico e mental do professor, o que, muitas vezes, também é

desencorajado em desenvolver sua profissão por esses outros fatores.

O interesse do aluno, que também favorece ao aprendizado, está vinculado,

em grande parte à postura e metodologia do professor. Cabe ao ambiente escolar,

movido pelo Psicopedagogo, instrumentalizar o profissional para que este

desenvolva sua maneira de atuar e atraia a atenção dos educandos, aumentando o

interesse do mesmo.

Em contrapartida, a falta desses estímulos provoca outros negativismos que

podem virar apatia, que é mais um aspecto da desmotivação, mas se houver

15

interação entre todos os membros do ambiente escolar, isso poderá ser revertido.

A motivação consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe

ofereçam determinados tipo de conduta. Em sentido didático consiste em oferecer

ao aluno os estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais

eficaz.

O educador também precisa estar estimulado e preparado para perceber e

saber lidar com a falta de motivação para melhorar sua conduta ou até mesmo para

transformar toda sua prática e desenvolver seu trabalho com mais eficiência

atingindo assim seus objetivos.

1.1 ALGUNS CONCEITOS SOBRE MOTIVAÇÃO

A motivação é complexa e de acordo com algumas interpretações, pode ser

conceituada da seguinte maneira: ato de motivar; persuasão; incentivo para agir;

exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicológicos, consciente ou

não, podendo ser de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determina certa

conduta de alguém. (DICIONÁRIO MINI AURÉLIO ESCOLAR, 2004)

É um processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação

estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa

que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma

necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma

predisposição para agir.

Tomando-se como referência a motivação no trabalho, Dubrin (2003) assim

se expressa: “Motivação, num ambiente de trabalho, é o processo pelo qual o

comportamento é mobilizado e sustentado no interesse da realização das metas

16

organizacionais (DUBRIN, 2003, p. 110)”.

Para Dubrin (2003), a pessoa mostra-se motivada quando não mede esforços

para satisfazer suas necessidades, se esforça no sentido de alcançar uma meta

tendo em mente esta satisfação. De certa forma, quando se tem um funcionário

motivado, em sua atuação, isso reflete tanto em seu ambiente de trabalho quanto

para o próprio funcionário, pois além de criar e manter um ambiente agradável torna

suas tarefas bem mais amenas. Faz constantes tentativas para alterar e melhorar

seus resultados. Outra importante reflexão sobre o tema apresenta Lück (2005).

Motivação é o empurrão ou a alavanca que estimula as pessoas a agirem e a se superarem. É a chave que abre a porta para o desempenho com qualidade em qualquer situação, tanto no trabalho, como em atividades de lazer, e também em atividades pessoais e sociais. (LÜCK, 2005. p. 43).

Uma pessoa motivada, mesmo sem perceber, age com maior empenho e

dedicação. Motivação não se refere apenas em desejar o lugar de grande

importância ou destaque, mas sim, fazer por merecer sem intenção de desejá-lo. No

instante em que uma pessoa da equipe mostra-se motivada, mesmo que

inconsciente, pode vir a dar significativa contribuição influenciando outras ao seu

redor. Para que o efeito da motivação seja contínuo é necessário, de alguma forma,

emitir um ato de retribuição ou elogio.

Diante das diversas acepções sobre o tema motivação e verificando que há

diferentes visões sobre a mesma, porém com os mesmos objetivos, passar-se-á a

conhecer algumas das importantes teorias motivacionais defendidas por

consagrados estudiosos do assunto, e que, muito têm contribuído para

implementação das estratégias de sucesso nas organizações.

17

1.2 TEORIA DA NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO

Esta teoria sustenta-se no argumento de que as pessoas são motivadas a

realizarem suas atividades, se visualizarem a satisfação de alguma de suas

necessidades, que se resume na expressão: “O que eu ganho com isso?”

Dentro dessa visão, serão apresentadas algumas teorias que tenham elos

com essa linha conceitual do autor Dubrin (2003).

De acordo com o psicólogo, Maslow apud Dubrin (2003), a hierarquia das

necessidades humanas se agrupam em forma de pirâmide, divididas em cinco

faixas:

Figura 1 - Pirâmide das Necessidades de Maslow Fonte: Adaptado de Dubrin (2003, p.112)

auto-realização

estima

sociabilidade

segurança

fisiológicas

18

Conforme as necessidades, de um determinado nível, são satisfeitas, a

mesma perde sua força e o foco segue para o próximo nível.

As necessidades fisiológicas referem-se às necessidades primárias de

sobrevivência, encontra-se localizada no primeiro nível das necessidades físicas

básicas, como: fome, sede, sono, ar, sossego e repouso. Uma vez atendidas, surge

o segundo nível, as necessidades de segurança, que estão relacionadas à obtenção

e preservação de um ambiente seguro em todos os sentidos, livre de ameaças.

Depois que uma pessoa se sente segura, manifesta-se o terceiro nível, das

necessidades sociais e de amor, esta diz respeito à necessidade de pertencer a um

grupo, sentindo-se bem aceito, e com este poder de trocar afeto. Quando estas

necessidades estão resolvidas, o indivíduo parte para o quarto nível da pirâmide de

Maslow, necessidade de estima, ligada ao respeito dos outros e para com os outros,

estima, reconhecimento, apreciação, elogios. Satisfeito, o indivíduo procura se

esforçar para realizar o máximo de seu potencial, partindo para as necessidades de

auto-realização, no topo da pirâmide, esta ligada a questão do crescimento e

desenvolvimento pessoal. É comum aos que desejam alcançar postos e funções

cada vez mais elevados. Dar tarefas desafiadoras é uma medida para manter o

indivíduo no ápice da pirâmide.

1.2.1 Teoria dos Dois Fatores de Hertzberg

Teoria proposta por Hertzberg apud Dubrin (2003), mostra dois conjuntos

diferentes de fatores: os motivadores ou satisfatores e os de higiene ou

dissatisfatores. Os fatores motivadores ou satisfatores promovem e estimulam a

satisfação, tendendo em motivar o indivíduo para o desempenho de suas atividades.

19

Classificam-se em: trabalho desafiador; responsabilidade; reconhecimento;

realização; possibilidade de cargo elevado; crescimento profissional enquanto os

fatores de higiene ou dissatifatores, estes apenas evitam insatisfação, referem-se às

necessidades mais baixas. Como: condições físicas de trabalho; política da

instituição; qualidade de gestão; relacionamento com colegas de trabalho;

remuneração; segurança.

1.2.2 Tríade de Realização, Poder e Afiliação

Para McClelland apud Dubrin (2003), e seus associados, a teoria da

motivação baseia-se na afirmativa de que as pessoas adquirem ou aprendem

determinadas necessidades influenciadas por sua cultura, familiares, grupos de

amigos. Segundo McClelland, a não satisfação de uma necessidade, vista como

suficientemente forte, pode levar a pessoa a não conseguir realizar determinadas

atividades em seu trabalho.

A necessidade de realização consiste no desejo de conseguir algo difícil com

seu próprio esforço, o indivíduo preocupa-se em saber como progredir em sua

carreira. Deseja recompensa como reconhecimento.

Uma pessoa com necessidade de poder tem desejo de comandar, controlar

outras pessoas, influenciando seu comportamento. Essas pessoas almejam posição

de autoridade e status.

Quando uma pessoa é motivada pela necessidade de afiliação, preocupa-se

em criar e manter relacionamentos amigáveis. Dedica-se à harmonização dos

conflitos entre colegas e, estende suas amizades além do trabalho.

20

1.3 TEORIA DO ESTABELECIMENTO DE METAS

Proposta por Locke apud Dubrin (2003), defende a tese de que o

estabelecimento de metas é um processo que interage de forma direta ou indireta,

todas as outras teorias de motivação do trabalho. Essa teoria baseia-se na

afirmativa de que o comportamento humano é regulado por valores e metas.

Figura 2 - Teoria do Estabelecimento de Metas Fonte: adaptado de Dubrin (2003, p. 119)

1.3.1 Teoria do Reforço

De acordo com Skinner, apud Dubrin (2003), essa teoria focaliza

Valores

Metas que são:

• Específicas; • Duras e realísticas; • Aceitas pelas pessoas; • Usadas para avaliar desempenho;

• Ligadas a feedback e recompensas;

• Estabelecidas por grupos;

• Orientadas para a aprendizagem.

Desempenho melhorado

21

principalmente, as recompensas ou punições que vão estimular ou inibir

determinados comportamentos. As ações são praticadas em função das suas

conseqüências. Esta teoria fortalece o condicionamento operante, repetir

comportamentos prazerosos e evitar comportamentos que levem a resultados

desagradáveis. Ao contrário da teoria das necessidades, esta elimina a ênfase de

compreensão de quais necessidades precisa satisfazer. No reforço positivo, o

funcionário recebe uma recompensa prazerosa após oferecer uma resposta

desejada pela equipe: um elogio, melhoria de salário ou uma recompensa material,

com intuito de que o comportamento venha se repetir. Quanto ao reforço de evitação

ou negativo, o indivíduo também recebe recompensa, porém isso ocorre com a

retirada das conseqüências desagradáveis. Na motivação pela extinção, o

funcionário é estimulado ao enfraquecimento, até o desaparecimento total, dos

comportamentos considerados indesejáveis pela equipe. A motivação pela punição

refere-se à retirada de um privilégio como forma indireta de punição, castigo, a

algum comportamento indesejável.

1.4 TEORIA DA EXPECTAÇÃO DA MOTIVAÇÃO

Segundo Vroom apud Dubrin (2003), a motivação resulta de escolhas

decisivas para realizar atividades com a finalidade de atingir resultados que valham

à pena. As pessoas serão bem motivadas se acreditarem que o esforço levará a um

desempenho, cabe ao Psicopedagogo esta função.

Nesta teoria o Psicopedagogo deve trabalhar de forma que o indivíduo crie

confiança sobre suas habilidades, para executar com êxito uma tarefa. A

expectativa, estimativa que o indivíduo cria sobre a probabilidade de que um nível de

22

desempenho acontecerá somado a instrumentalidade, estimativa do indivíduo de

que seu desempenho o levará a um resultado positivo e conseqüentemente,

reconhecimento esperado, somado a valência, valor emitido pela pessoa em

decorrência de resultado alcançado, tem-se como resultado a força motivacional

necessária para o bom funcionamento das engrenagens humanas da organização

educacional.

= + +

Figura 3 - Visão Básica da Teoria da Expectação Fonte: adaptado de Dubrin (2003, p. 123)

É comum atribuir-se valores positivos aos resultados que designem

conseqüências agradáveis e valores negativos quando os resultados trazem

conseqüências ruins.

1.5 TEORIA DA EQUIDADE E DA COMPARAÇÃO SOCIAL

Estudos realizados por Adms apud Dubrin (2003), fundamentam-se no fato de

que os trabalhadores buscam justiça quanto às recompensas recebidas

comparando-as com as dos seus colegas de trabalho. Quando os funcionários

acreditam que estão recebendo resultados equivalentes a seus esforços, ficam

Força

Motivacional

Expectativa

Crença de que pode realizar

a tarefa

Instrumentalidade Crença de que se possa chegar ao

resultado desejado

Valência Valor dado ao resultado alcançado

23

satisfeitos e bastantes motivados. Porém, quando acreditam que estão dando mais

do que estão recebendo da organização, inicia-se um grande problema, a

insatisfação é clara. Segundo a teoria, quando as pessoas envolvidas, percebem

uma iniqüidade, elas tendem a se enquadrar em uma das seguintes situações:

alterar de resultados; alterar recursos; distorcer a percepção; mudar a fonte de

referência; deixar a situação.

Figura 4 - Visualização da Teoria da Equidade e Comparação Social Fonte: Adaptado de Dubrin (2003, p. 126)

1.6 TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL

Segundo a teoria citada por Dubrin (2003), é o processo em que se observa o

comportamento dos outros para avaliar suas conseqüências, partindo aí, para

alteração de seu próprio comportamento, como resultado. O comportamento é

influenciado pelo ambiente social freqüentado pelo indivíduo. A aprendizagem social

é complexa, uma vez que é difícil para a maioria das pessoas terem o outro como

modelo.

1.7 TEORIA DA MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA VERSUS EXTRÍNSECA

Proposta por Edward Deci, apud Dubrin (2003), afirma que o esforço

Resultado do indivíduo Recursos do indivíduo

Resultado dos outros Recursos dos outros

24

realizado por uma pessoa deve-se tanto à motivação intrínseca, quanto à motivação

extrínseca. Quando as pessoas estão extrinsecamente motivadas, elas realizam as

tarefas pelas recompensas externas ou sociais, um indivíduo com este tipo de

motivação está mais interessado na opinião do outro, as tarefas são realizadas com

o objetivo principal de agradar para ter reconhecimento externo, receber elogios ou

apenas evitar uma punição. Contudo, se estão intrinsecamente motivadas, realizam

tarefas pelo prazer e satisfação que possam obter dessas tarefas. Para Deci, apud

Dubrin (2003), os trabalhos deveriam provocar no indivíduo as sensações de prazer

e competência, para que eles sintam que possuem o controle sobre suas ações,

produzindo assim a motivação intrínseca. Uma pessoa intrinsecamente motivada

estaria mais satisfeita e teria um maior compromisso com a tarefa a ser realizada.

A motivação e a inteligência devem caminhar lado a lado resultando na

criatividade que é a chave principal para o sucesso no ambiente escolar. O ser que

busca criatividade é inteligente o suficiente para conquistar e manter sua equipe

satisfeita.

Lamentamos que nossas escolas estejam povoadas por profissionais

cansados, que já desistiram de inovar, temerosos das represálias, das críticas e dos

fracassos. “As coisas podem até piorar”, mas nos exorta a “intervir para melhorá-las”

(FREIRE, 2002, p. 58). Não podemos aceitar o discurso acomodado de que não há

o que fazer. Devemos ter a ousadia de fazer o novo, de fazer o que não foi

experimentado por ninguém. Vencer o medo, principalmente o medo do novo e

acreditar que somos capazes de fazer a diferença, transformando a realidade do

aluno e todos os envolvidos neste processo.

No capítulo seguinte, serão abordados aspectos importantes referentes à

atuação do Psicopedagogo na escola, na busca da motivação da equipe,

25

estabelecendo entre seus colaboradores um sentido comum de cumplicidade,

mudanças, criando oportunidades de inovações no desenvolvimento dos objetivos

educacionais onde haja participação de todos.

26

2 MOTIVAÇÃO NA ESCOLA – ESTIMULANDO O GRUPO

Atualmente, as desigualdades sociais, econômicas e culturais no Brasil são

fatores decorrentes de uma sociedade que vem passando por um período de

transformação denominado “era do conhecimento”, isto porque o conhecimento é o

elemento principal da nova organização social e econômica mundial.

Este fato que traz mudanças significativas para a sociedade, também o faz

com a escola, pois as novas tendências sociais, econômicas, tecnológicas, etc. e

passam a exigir da escola novas atribuições, isto é, com a mudança da sociedade, a

função social da escola também sofre alterações.

Passamos por várias fases desse processo, inclusive períodos em que lutar

pela reconquista e pela garantia da democracia foi um aprendizado de valor. São

fatos que vão alterando o papel da escola, exigindo dela, outra função sócio-

educativa.

A construção de uma escola dinâmica, viva e preocupada com a qualidade de

ensino edifica-se pelo envolvimento comprometido de professores, funcionários,

coordenadores, supervisores, orientadores, diretores, alunos, pais e comunidade,

com a intenção de oferecer experiências educacionais significativas, formação sólida

e consciente e a construção de um ambiente favorável à aprendizagem, presente

hoje, na gestão escolar.

A ação psicopedagógica está relacionada à atuação que objetiva promover a

organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e

humanas necessárias para garantir o avanço dos processos sócio-educacionais dos

estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem

pelos alunos.

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Este conceito foi constituído a partir dos movimentos de abertura política do

país, que começaram a promover novos conceitos e valores, associados, sobretudo

à idéia de autonomia escolar, à participação da sociedade e da comunidade, à

criação de escolas comunitárias, cooperativas e associativas e ao fomento às

associações de pais.

Assim, no âmbito escolar, o estabelecimento de ensino passou a ser

entendido como um sistema aberto, com uma cultura e identidade própria, capaz de

reagir com eficácia às solicitações dos contextos locais em que se inserem.

Para fim de melhor entendimento, costuma-se classificar o ambiente escolar

em três áreas, funcionando interligadas, de modo integrado ou sistêmico:

GESTÃO COM OLHAR

PSICOPEDAGÓGICO

GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS

GESTÃO

ADMINISTRATIVA

Gestão com olhar Psicopedagógico – é a parte mais importante e

significativa da unidade escolar. Cuida de gerir a área educativa, propriamente dita,

da escola e da educação escolar. Estabelece objetivos para o ensino, gerais e

específicos. Define as linhas de atuação, em função dos objetivos e do perfil da

comunidade e dos alunos. Propõe metas a serem atingidas. Elabora os conteúdos

curriculares. Acompanha e avalia o rendimento das propostas pedagógicas, dos

objetivos e o cumprimento das mesmas. Avalia o desempenho dos alunos, do corpo

docente e da equipe escolar como um todo.

Suas especialidades estão enunciadas no Regimento Escolar e no Projeto

Pedagógico (também denominado Proposta Pedagógica) da escola. Parte do Plano

Escolar (ou Plano Político Pedagógico Escolar) também inclui elementos de gestão

pedagógica: objetivos gerais e específicos, metas, plano de curso, plano de aula,

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avaliação e torientação da equipe escolar.

Gestão administrativa - Cuida da parte física (o prédio e os equipamentos

materiais que a escola possui) e da parte institucional (a legislação escolar, diretores

e deveres, atividades de secretaria).

Suas especificidades estão enunciadas no plano escolar (também

denominado Plano Político Pedagógico de Gestão Escolar ou Projeto Pedagógico) e

no Regimento Escolar.

Gestão de Recursos Humanos – Não menos importante que a Gestão

Psicopedagógica, a gestão de pessoal – alunos, equipe escolar, comunidade

constitui a parte mais sensível de toda a gestão.

Sem dúvida, lidar com pessoas, mantê-las trabalhando satisfeitas, rendendo o

máximo em suas atividades, contornar problemas e questões de relacionamento

humano faz da gestão de recursos humanos o fiel da balança – em termos de

fracasso ou sucesso – de toda formulação educacional a que se pretenda dar

consecução na escola.

Direitos, deveres, atribuições – de professores, corpo técnico, pessoal

administrativo, alunos, pais e comunidades – estão previstos no Regimento Escolar.

Quando o Regimento Escolar é elaborado de modo equilibrado, não tolhendo

demais a autonomia das pessoas envolvidas com o trabalho escolar, nem deixando

lacunas e vazios sujeitos a interpretações ambíguas, a ação se torna mais simples e

mais justa.

A Psicopedagogia em seu ambito escolar aponta questões concretas da

escola e de sua administração, baseadas no que se convencionou chamar de

“escolas eficazes”. Estas possuem características como orientação para resultados,

liderança marcante, consenso e coesão entre todos a respeito dos objetivos da

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escola, ênfase na qualidade do currículo e elevado grau e envolvimento dos pais.

A autonomia administrativa, financeira e pedagógica e o estabelecimento de

mecanismos que asseguram a escolha de dirigentes são algumas das estratégias

consideradas essenciais para o fortalecimento da unidade escolar. “A autonomia

ocorre quando há uma transferência de competência notória e coerente do poder de

decisão para âmbito da escola por meio da destinação de recursos”. (CALDWELL e

SPENKS apud ABU-DUHOU, 2002, p. 32)

Consideram-se recursos: o saber, a tecnologia, o poder, o material, o corpo

docente, o tempo e as finanças. A Psicopedagogia coloca a escola no centro das

discussões e a obriga a se responsabilizar por iniciativas que respondam às

necessidades dos alunos. O argumento é o de que a comunidade local, os

professores e os dirigentes de estabelecimento são aqueles que melhor conhecem

seus alunos e são eles os melhores atores para planejar programas específicos de

que os mesmos necessitam, assim, segundo NUPHY (apud ABU-DUHOU 2002, p.

34), é característica da GAE a divisão do poder de decisão, pelo menos em nível de

discurso, entre os atores principais no âmbito local.

O Psicopedagogo caracteriza-se como um ser democrático, orientando seus

colaboradores nas tarefas da escola, atendendo as diferenças, desenvolvendo

senso de responsabilidade e crítica, abrindo-se para o diálogo, estimulando para o

espírito de colaboração, enquanto frutos de uma tarefa coletiva. São responsáveis

pelo resultado de suas organizações, cabendo, portanto, a eles criarem medidas

que venham a expressar entusiasmo, satisfação, dedicação e mudanças em sua

equipe, respeitando, contudo, a cultura de cada um.

O Psicopedagogo deve lembrar que o caminho se faz ao caminhar. Ele deve

conviver com buscas, com sensibilidades, com franquezas, com reflexão,

30

colocando-se na condição de assumir a responsabilidade por seus atos e pelos atos

de sua comunidade escolar, enquanto frutos de uma tarefa coletiva, gerando

posturas e atitudes responsáveis pelos bons resultados da escola, como:

• comprometimento e divisão de responsabilidades, facilitando a

participação dos envolvidos;

• reconhecimento dos esforços, avanços e iniciativas dos envolvidos, para

estimular, motivar e tornar as pessoas mais eficazes e felizes;

• realização de parcerias para atender as necessidades da escola, sendo

que a grande parceria é com os professores e funcionários;

• exposição e transparências das metas pessoais de todos; tranqüilidade e

discernimento para lidar com conflitos e adversidades;

• superação do ego e da vaidade, mantendo a autonomia necessária,

lembrando que na coletividade o que predomina são as ações conjuntas;

• garantia de que os procedimentos têm como referência a legislação

vigente e os documentos que norteiam as ações da escola, bem como nas

decisões tomadas em reuniões de professores, funcionários e pais;

• criação de cultura de participação comunitária, incitando as pessoas a se

pronunciarem, colaborando para eliminar o medo da manifestação;

• acompanhamento e auxílio na organização das regras e acordos e

atenção para o seu cumprimento;

• constância e persistência em relação aos resultados e ainda a intervenção

em situações que afetam a rotina, os relacionamentos ou que tragam

prejuízo para a escola.

Mas como alcançar interesse dos participantes? É necessário primeiro que o

Psipedagogo venha a se avaliar, promovendo mudanças em suas próprias atitudes,

31

pensamentos e conceitos.

Para que o ensino realmente se faça e a aprendizagem se realize, é

necessário agir com competência. A motivação e a participação, no ambiente

educacional, devem ser tratadas com grande importância, pois aumentam

significativamente as chances das tarefas a serem realizadas por toda a equipe com

qualidade, comprometimento, solidariedade, ética e perseverança.

A motivação é o empurrão ou alavanca que estimula as pessoas a agirem e a

se superarem. Ela é a chave que abre a porta para o desempenho com qualidade

em qualquer situação, tanto no trabalho como em atividades de lazer, também em

atividades pessoais e sociais.

Para uma melhor compreensão da motivação é importante saber que ela

funciona em três âmbitos: O indivíduo, o grupo imediato de trabalho e a organização

(escola) como um todo. Fatores que afetam a motivação individual do funcionário

estão igualmente presentes em todos os âmbitos. Em uma escola, a baixa

motivação do professor pode ser conseqüência de vários fatores como, por exemplo:

da insatisfação com condições desfavoráveis ou ruins de trabalho; de problema de

ordem pessoal; de uma situação específica associada ao trabalho, tal como um

grupo de estudantes particularmente difícil de lidar; do estresse resultante de muitos

anos de trabalho em situação de muita exigência; do cansaço devido à falta de

variedade de novos desafios, da insatisfação com salários e benefícios ou, ainda, da

desmoralização sofrida pelo fato da escola estar vivendo dificuldade financeira e

desassistida pela sociedade.

No grupo imediato de trabalho verifica-se que, fundamentando-se nos

conceitos de poder e autoridade, dirigentes estabelecem relações verticais de

dominação, definindo quem pode mandar e quem pode obedecer. A autoridade,

32

nesse caso, consistiria no direito de exercer poder, mais do que na responsabilidade

da função, e todo o aparato de gestão seria montado para dar respaldo ao exercício

desse poder.

Tais condições se associam, por sua vez, a uma concepção burocrática da

organização escolar, que se expressa nos organogramas verticais, piramidais.

Destaca-se que as escolas têm de fugir desse modelo organizacional e encontrar

formas de atrair o comprometimento dos professores, caso desejem atingir um alto

nível de desempenho e motivação, o que, no entanto, é muito difícil de conseguir se

os líderes escolares adotam uma linha de denominação hierárquica. Por outro lado,

a participação significativa atrai o comprometimento. Em outras palavras, une o

grupo em torno de preocupações profissionais comuns, utilizam conjuntamente, as

suas habilidades, conhecimentos e experiências para resolver problemas

relacionados ao trabalho e cria uma agenda organizacional a partir de qual cada

profissional é capaz de situar o seu trabalho.

Nada motiva mais o profissional do que o fato da Escola aceitar as sugestões

e idéias dos seus próprios professores e especialistas. Todos eles, ao mesmo tempo

em que devem se adequar aos objetivos específicos da escola onde ensinam,

podem contribuir para que esses objetivos sejam continuamente revistos e

melhorados em torno da capacidade de seus profissionais. Trata-se, portanto, de um

processo contínuo de fluir e refluir de construção recíproca. A escola é o que dela

fazem: seus profissionais e estes são aquilo que a escola orienta que sejam.

Psicopedagogo motivando a equipe da escola:

• estabelecer na escola um sentido comum, de cumplicidade, de família, no

desenvolvimento dos objetivos educacionais;

• criar oportunidades para freqüentar trocas de idéias, de inovações e

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criação conjunta no trabalho;

• orientar as ações pedagógicas para que, conjuntamente, promovam a

aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento profissional do professor;

• dar visibilidade e transparência às ações e seus resultados.

Assim, o Psicopedagogo pode: reforçar a auto-estima dos alunos – dar

esperança aos alunos é o primeiro passo para que eles alcancem seus sonhos;

engajar os professores no aprendizado dos alunos – empenho e dedicação para não

deixar nenhum aluno para trás; incentivar a leitura – despertar o amor pelos livros,

através do cantinho de leitura; controlar a freqüência para combater a evasão –

controle da freqüência dos alunos, através até do chamadão exposto na parede,

mostrando quem está presente ou não; estimular a participação da comunidade –

incentivar através do diálogo e participação nas atividades escolares e, ainda,

viabilizar melhorias na escola por meio da parceria público-privada – solicitar quando

necessário, apoio de instituições ou estabelecimentos privados para garantir a

qualidade de ensino e a infra-estrutura.

Optar por uma ação participativa é o princípio para um novo olhar, uma nova

trajetória.

A gestão escolar participativa é fundamental para: melhorar a qualidade pedagógica do processo educacional das escolas; garantir ao currículo escolar maior sentido de realidade e atualidade; aumentar o profissionalismo dos professores; combater o isolamento físico, administrativo e profissional dos gestores e professores; motivar o apoio das comunidades escolar e local às escolas; desenvolver objetivos comuns na comunidade escolar. (LÜCK 2005, p. 18)

A participação ocorre quando a escola promove a Democracia, em que os

membros envolvidos percebem a importância de seu papel na construção coletiva

da Instituição Educacional. Esse envolvimento resulta, positivamente, no

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fortalecimento e na efetividade da organização como um todo.

“A escola deve ser um lugar onde os valores morais são pensados, refletidos,

e não meramente impostos ou frutos do hábito.” (PCN, 2001, o. 81)

A escola vem buscando melhorar o desenvolvimento de suas metodologias

de ensino para que auxilie na sua caminhada, promovendo intercâmbio e trabalho

cooperativo com a comunidade, como condição para promover maior qualidade na

educação, tornando mais significativa à aprendizagem dos alunos. Assim, a ação do

Psicopedagogo no ambiente escolar vem democratizando o acesso ao ensino, que

não se reduz apenas à sala de aula, mas a própria estrutura da escola como um

todo.

Na escola a educação é responsabilidade de todos, onde os trabalhos

desempenhados deverão ser satisfatórios, buscando desenvolver a aprendizagem

efetiva e significativa do aluno, com compromisso, interesse e com a divisão de

tarefas entre diferentes pessoas do grupo escolar.

Faz-se necessário uma união participativa, aonde a promoção de uma

educação coletiva não autoritária, conduzirá a um sentimento de responsabilidade

por todos os membros da equipe. Dessa forma, certamente a Escola estará trilhando

o caminho certo: da Democracia, da cidadania, formando pessoas críticas, solidárias

e questionadoras consciente de seus deveres e direitos, prontas para se

manifestarem contra qualquer ato autoritário. Pessoas decididas a ajudarem seus

semelhantes.

Com a aplicação de uma ação em conjunto, em que o Psicopedagogo é

representado por um ser, capaz de ouvir, consultar e apoiar os integrantes da

equipe, o poder é compartilhado com os componentes do grupo, o Psicopedagogo

precisa promover um ambiente sadio e estimulador onde a participação seja plena,

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dos profissionais, alunos e responsáveis, uma vez que é através desta participação,

que irá se desenvolver a consciência social crítica e o sentido de cidadania. Dessa

forma todos passarão a sentirem-se responsáveis com o compromisso que estão

assumindo.

Para combater o isolamento, o Psicopedagogo deve estar atento quanto suas

atitudes, realizando inicialmente, uma auto-avaliação. É neste momento que fica

evidente a importância da motivação implementada, com elogios, encorajamento

para levantar a confiança do grupo, tornando-se indispensável à criação, junto a sua

equipe, de uma visão de conjunto, cooperação, promovendo um clima de confiança,

valorizando as capacidades e habilidades dos participantes, eliminando divisões e

integrando esforços. Desenvolve-se assim, a prática de assumir responsabilidades

em equipe. Todos precisam trabalhar juntos, unidos, para melhoria da qualidade do

ambiente, que irá refletir nos aspectos do processo ensino aprendizagem. Logo, fica

claro que a ação psicopedagógica é tarefa coletiva de todo o corpo docente. É uma

estratégia empregada para aperfeiçoar a qualidade em prol do ensino e do trabalho

em equipe.

“As escolas onde há integração entre os professores tendem a ser mais

eficazes do que aquelas onde os professores se mantêm profissionalmente isolados

(LITLE, 1987, apud LÜCK 2005, p. 26).”

Quando passa a se ter consciência disso, o olhar e as ações se modificam

para melhorar.

O convívio na escola deve ser respeitoso, organizado, solidário. Dessa forma,

todos perceberão que esses valores são coerentes com a satisfação e o desejo da

felicidade.

Psicopedagogos escolares, devem também, ser líderes de sua equipe. Uma

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liderança eficaz é identificada com a capacidade de influenciar positivamente seus

grupos e de inspirá-los a se unirem em ações comuns coordenadas. Os líderes são

capazes de traduzir incertezas de sua equipe, ajudando-os a cooperarem e

trabalharem em conjunto nas tomadas de decisões.

Para um resultado positivo a escola precisa ter uma equipe eficaz, que aja

com responsabilidade compartilhada, onde o psicopedagogo seja mediador abrindo

espaços, assumindo o papel de facilitador e não autor de conhecimentos.

Estabelecer, na escola, um sentido comum de cumplicidade, troca de idéias, de

inovações e criação conjunta de trabalho. Orientando e estimulando ações

pedagógicas com intuito de promover a aprendizagem do educando e o

desenvolvimento do professor.

Com a nova exigência social para o ambiente escolar, surgem também novas

teorias para auxiliar na prática pedagógica que pretende trabalhar com indivíduos

das diferentes camadas sociais, o que significa lidar com uma enorme diversidade

no âmbito escolar.

A escola precisa de muito mais do que “boa vontade” para atender as tais

exigências de uma sociedade em mudanças, mas se os primeiros passos não forem

dados, corremos o risco de ficarmos apenas na reflexão.

A escola deve ter um sonho comum e seguir o trajeto para realizar este

sonho. Não abandonar seus objetivos e estar ciente que a comunidade precisa dela

e de todos os colaboradores, porém, em uma única condição, unidos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como base o grande número de escolas que ainda optam por uma

administração clássica originária de décadas passadas, onde o planejamento seguia

uma linha fechada, na qual não havia uma participação, integração nem

democratização durante o processo de sua construção, a pesquisa aborda a

importância de se descortinar a amplitude do trabalho do Psicopedagogo. Contudo,

o Psicopedagogo educacional constantemente tem ampliado suas

responsabilidades, passando por significativas mudanças.

A temática desse estudo envolve o papel do psicopedagogo, dentre várias

funções, a de motivador de sua equipe, o que torna produção da força de trabalho

mais eficiente e eficaz no processo da qualidade, visando à melhoria do

desempenho em prol da educação, do bem estar e da plena satisfação dos

professores, pessoal de apoio, no qual também refletirá na comunidade assistida

pela instituição. O trabalho feito desta forma estabelece um sentido de cumplicidade,

responsabilidade, bem como promove a partilha e cria inovações no

desenvolvimento dos objetivos educacionais.

Outra prática de grande significado na atuação psicopedagogica é o de apoiar

o estabelecimento em prioridades; avaliar e ajustar os processos pedagógicos,

organizar e participar dos programas de desenvolvimento, enfatizar a importância

dos resultados almejados e alcançados pela equipe no âmbito da Instituição.

De acordo com os autores consultados, foi possível concluir que dentre as

mais variadas atividades do psicopedagogo, sendo o alicerce capaz de desencadear

um processo de reestruturação escolar com referências em responsabilidades e

liderança participativa, está a construção democrática que traz benefícios

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significativos para as escolas. Ele encoraja a criatividade e o trabalho em equipe,

atuando como peça fundamental de motivar no âmbito educacional. Essas ações se

definem como uma forma não agressiva de delegar funções a todo corpo docente

criando um ambiente escolar onde se trabalhe de maneira prazerosa e satisfatória.

Dessa forma possibilita o envolvimento da comunidade, alunos e professores, de

forma colaborativa nas relações pessoais e sociais que demandam a solidariedade e

na tomada de decisões, avaliações e sugestões.

O tema abordado surgiu devido à experiência vivida pela pesquisadora em

escola da rede pública do Município de Duque de Caxias, que junto às pesquisas

realizadas para a conclusão deste TCC, vêm a fortalecer a perspectiva da ação

psicopedagogica e motivadora. Na Instituição onde a pesquisadora atua, todos

opinam, sugerem e decidem carregando, sem temor, uma parcela de

responsabilidade nos resultados alcançados. Nesta ação os insucessos não são

tratados como punições, mas sim, como exemplos e experimentos.

Entende-se, portanto, que a prática da motivação resulta na melhoria da

harmonização do desempenho e da produtividade da escola como um todo. Todos

percebem, em situações cotidianas, que podem prestar algum tipo de ajuda, seja ela

material ou moral. Reconhecem a política, os limites da escola, as regras e os

critérios da Democracia assumindo responsabilidades na execução de tarefas

planejadas coletivamente. Estimula o comprometimento de todos os envolvidos para

o alcance da missão institucional e melhoria dos serviços prestados em prol da

educação.

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BIBLIOGRAFIA

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