O VALOR DA NORMA ISO 10015 PARA AS ORGANIZAÇÕES

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Artigo relacionado a área de Recursos Humanos.ISO 10015 - Diretrizes para Treinamentowww.tgtreinamento.com.br

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O Valor da Norma ISO 10015 para as Organizaes Introduo So muitos os problemas que enfrentam os profissionais da rea de treinamento para d esenvolver e treinar pessoas. Num artigo publicado h alguns anos, listei 20 probl emas que considero mais comuns em atividades de treinamento. A ocorrncia desses p roblemas pde ser verificada aps contato com cerca de 1500 profissionais da rea de T &D (Treinamento & Desenvolvimento) em diversos eventos de diferentes magnitudes. Pois bem, falando agora de solues para tais problemas, acredito que esses profissi onais podem dizer que suas preces foram finalmente ouvidas. Trata-se da publicao d a NBR ISO 10015 Diretrizes para o treinamento. Apesar da norma ter sido publicada no Brasil h mais de 10 anos, ainda bastante gr ande o nmero de pessoas que desconhecem sua existncia, recomendaes e os benefcios de sua implantao num departamento de T&D ou RH. Histrico Inicialmente, a idia de se produzir uma norma na rea de treinamento, no uma idia nov a. Ela nasceu no incio de 1992 quando a delegao sul-africana no TC-176 props sua cri ao para compreender melhor os requisitos da ISO 9001 referente ao treinamento. A n orma em vigor ento, era a verso 1987. Provavelmente, j se percebia desde l a fragilidade e superficialidade dos requisit os de treinamento, que foram infelizmente mantidos na verso de 1994. Vencidos os trmites para o desenvolvimento de um documento normativo, criou-se o grupo de trabalho (WG 4) alocado ao Subcomit 3 (SC 3) Tecnologias de suporte. A primeira reunio do WG4 aconteceu na Hungria em setembro de 1993, com a presena d e representantes de 20 pases. Seis anos depois, aps muitos drafts e discusses, foi aprovada por grande maioria a publicao da ISO 10015 Quality Management guidelines for training, na reunio do ISO /TC 176 em So Francisco USA. A verso brasileira foi publicada no Brasil pela ABNT com a denominao NBR ISO 10015 Gesto da qualidade - Diretrizes para treinamento, em 2001. Descrio O texto final aprovado muito claro, limpo e sinttico com frases bem diretas e con cisas sobre o tema. Essa objetividade ajuda bastante o leitor/usurio na compreenso dos requisitos e em seu uso para adoo completa ou como fonte de referncia para a r edao de trechos de procedimentos de treinamento. A norma se divide em alguns captulos que tentarei descrever e comentar a seguir.

Captulo 0 Introduo Aborda aspectos referentes a princpios da gesto da qualidade e a importncia das org anizaes em treinar seus empregados num mundo em constante mutao. O captulo fornece in dicaes de aplicao, reforando sua utilidade para prover orientao interpretao de r de treinamento e educao nas normas da famlia ISO 9000. O captulo aborda tambm a possibilidade de anlise das necessidades de competncia a pa rtir das exigncias de melhoria contnua impostas pelo mercado. Fechando o captulo, um diagrama, apresenta conceitualmente como isolar o treiname nto de outras necessidades da organizao e indica orientaes para identificar e analis ar as necessidades, projetar e planejar, executar, avaliar e monitorar e melhora r o processo de treinamento.

Captulo 1 Objetivo Refora o objetivo da norma em prover diretrizes para o desenvolvimento, implement ao, manuteno e melhoria das estratgias e dos mtodos de treinamento que afetem a quali ade dos produtos. Aqui se encontram as indicaes sobre aplicao e finalidade da norma. Um detalhe neste captulo diz respeito ao propsito de certificao, que no se aplica. H, porm, pelo meno m organismo no mundo j credenciado para a certificao da ISO 10015 que a Adequate da Sua (www.adequate-international.org). Iniciativas como essa podero desencadear uma evoluo no texto, incentivando a certificao dos departamentos de treinamento. Afinal

, a certificao um processo universal aceito por praticamente todos os pases do glob o, sobretudo em tempos de disputas comerciais acirradas que exigem uma competiti vidade classe mundial de seus propensos participantes. A norma no faz qualquer meno ao termo habilidade, citada na ISO 9001:2008. Isso no ch ga a fazer falta, uma vez compreendido que a habilidade a competncia relacionada ao saber fazer ou seja, competncia prtica, igualmente suprida em processos de treina mento, a que se refere esta norma. Captulo 2 Referncia normativa A nica referncia da NBR ISO 8402. Hoje a norma equivalente a NBR ISO 9000:2005.

Captulo 3 Termos e definies Aqui so definidos os termos competncia e treinamento, faltando as expresses habilid ducao, ambos tambm de interesse dos usurios.

Captulo 4 Diretrizes para treinamento Neste captulo esto as prescries recomendadas para a implementao de um processo de tre namento planejado e sistemtico que pode dar uma importante contribuio para a organi zao atingir seus resultados. Apesar de ser previsto um processo de monitorao, a norma relaciona quatro estgios p ara o desenvolvimento de um programa de treinamento: a) definio das necessidades de treinamento b) projeto e planejamento do treinamento c) execuo do treinamento d) avaliao dos resultados do treinamento Cada um dos estgios do processo de treinamento descrito na norma. Aqui tambm so dad as diretrizes para a contratao de servios de treinamento e feitas menes sobre a parti cipao das pessoas em geral, visando obter um sentimento de co-autoria, indispensvel para o sucesso do programa de treinamento. Quanto a responsabilidade em si, a ISO 10015 no chega a ser to exigente como, por exemplo a norma VDA6.1, que delega a responsabilidade pelo treinamento gerncia im ediata. Essa responsabilidade, mais aberta, se adequa bem realidade brasileira, acostumada a presena de um departamento de treinamento bastante atuante.

O primeiro estgio de levantamento das necessidades feito em 6 passos e oferece ao usurio um leque de opes alm do j surrado LNT, bastante utilizado pelas organizaes B il afora: a) definio das necessidades da organizao b) definies e anlise dos requisitos de competncia c) Anlise crtica das competncias d) Definio das lacunas de competncia e) Identificao de solues para eliminar as lacunas de competncia f) Definio da especificao das necessidades de treinamento

Os passos de descrio de competncias necessrias, sua comparao com as competncias exis tes e a conseqente lacuna a eliminar, tratada de forma sucinta, porm agregando bas tante ao pequeno trecho no captulo 6.2.2 da ISO 9001:2008. A sada do estgio de levantamento das necessidades parte da especificao do programa d e treinamento, descrito no estgio seguinte.

O segundo estgio, que trata do projeto e planejamento do treinamento, descreve o processo de criao do programa, incluindo a identificao de restries realizao do tr to, a determinao dos mtodos didtico-pedaggicos possveis, a especificao de um progra treinamento e finalmente diretrizes a seleo do fornecedor do treinamento. a) definio de restries b) mtodos de treinamento e critrios de seleo c) Especificao do programa de treinamento

d) Seleo do fornecedor do treinamento Acredito que este o captulo de maior contribuio para o processo de treinamento para as empresas brasileiras. Habituados a planejar treinamento a partir de programa s oferecidos pelas empresas de consultoria, os Analistas de Treinamento tero boas oportunidades para exercitar sua habilidade em determinar contedos a serem traba lhados bem como os mtodos didticos mais adequados cada grupo ou turma. Essa com ce rteza uma atitude muito mais pro-ativa, podendo contribuir significativamente pa ra o desenvolvimento de programas muito mais eficazes. A especificao do programa de treinamento prevista nesse captulo um documento extrem amente til durante a fase de negociao do treinamento com as partes envolvidas, serv indo tambm para contratar cursos semelhantes a posteriori.

Uma das informaes mais importantes prevista na especificao so os critrios para avalia os resultados (avaliao da eficcia), determinada antes, portanto da prpria realizao do treinamento, e no depois, como tenho visto em muitas empresas. Isso no s mais coere nte como tambm facilita o trabalho de avaliao posterior, alm de prevenir reaes advers s com os treinandos ou gerncia que solicitou o treinamento. Pense nisso. O estgio 3 que trata da Execuo do treinamento bastante simples e aborda as atividad es de apoio antes, durante e depois do treinamento, objetivando municiar todas a s partes com informaes e recursos, acompanhar a atividade durante o treinamento e apoio ao final atravs de recebimento de informaes dos participantes e do instrutor. a) Apoio pr-treinamento b) Apoio ao treinamento c) Apoio ao final do treinamento Apesar de sua simplicidade e obviedade, quem nunca se deparou com uma sala suja e desprovida dos recursos que havia solicitado com toda a antecedncia do mundo?

Quanto ao estgio 4 de avaliao dos resultados, a ISO 10015 orienta as organizaes a exe cutar avaliaes a curto prazo e a longo prazo para determinar se ambos, os objetivo s da organizao e do treinamento foram alcanados, ou seja, se o treinamento foi efic az. a) Avaliao a curto prazo: satisfao do participante e conhecimentos e habilidades adq idos b) Avaliao a longo prazo: aumento da produtividade e desempenho do participante Uma observao interessante a premissa de que o treinamento no pode ser plenamente av aliado at que o treinando possa ser observado e avaliado no local de trabalho. Is so sugere que, o que no foi aplicado no pode ser avaliado. Alm disso, o texto escla rece de uma vez por todas qualquer dvida sobre a finalidade da avaliao de reao, aquel a que se faz logo aps o treinamento, como instrumento de avaliao de eficcia. A norma cita tambm a avaliao de aprendizado, que pode ser aplicada na forma de prov a terica, prtica ou ambos, como avaliao de curto prazo. Quanto a avaliao de longo prazo, os critrios devem se basear sobre os resultados em termos de produtividade ou desempenho no trabalho, alinhado portanto s orientaes d e especialistas em processos de T&D. Captulo 5 Monitoramento e melhoria do processo de treinamento Finalmente, o processo de monitoramento do treinamento, que no faz parte dos quat ro estgios, mas que figura como parte integrante do gerenciamento da atividade. A norma ISO 10015 recomenda, se possvel, a adoo de pessoal independente, sugerindo talvez a realizao de auditoria. Isso fica por conta de cada organizao. O objetivo ve rificar se o processo de treinamento est devidamente gerenciado e implementado de forma a comprovar a eficcia do processo em alcanar os requisitos do treinamento d a organizao.

Aps o monitoramento, um parecer em termos de validao deve ser emitido para aprovar ou recomendar aes para melhoria. Comentrios A ISO 10015 uma norma que deve ser utilizada pelas organizaes brasileiras, sobretu do dada a importncia do treinamento para o aumento da competitividade empresarial e mesmo nacional. Afinal a competio hoje no com a empresa do lado, mas com empresa s da Coria, Japo, Alemanha, s para citar alguns. Defendo inclusive, a adoo macia da ISO 10015 a comear pelo prprio governo, numa verda deira marcha para retirar o Brasil do rodap da lista de empresas mais competitiva s do planeta (Frum Econmico Mundial, Genebra, 1999 - Brasil: 34 pas no quesito Trein amento da pessoa entre 59 pesquisadas). Possveis Quanto s rtamentos anos-luz atividade

dificuldades possveis dificuldades para adoo, impossvel deixar de pensar nos enxutos dep de T&D. A falta de pessoal, no entanto, no impedimento para acrescentar de melhorias no processo de treinamento, bastando um pouco mais de cri e trabalho de equipe.

Benefcios Os benefcios para as empresas que adotarem a ISO 10015 de forma efetiva e criativ a, respeitando as restries e realidade da organizao, so muitos entre os quais cito: reduo do desperdcio em atividades mal planejadas ou executadas mais apoio da Direo em termos de incentivo e mesmo verbas aumento da competncia do quadro melhoria dos resultados operacionais aumento da credibilidade da atividade e do departamento de treinamento Evidentemente, benefcios como esses so resultados e um processo de implantao bem dir igido alm de persistncia para a busca contnua a mdio/longo prazo.

Relao com a ISO 9001:2008 Apesar da adoo da NBR ISO 10015 no ser obrigatria, recomendada pelo IAF Internation l Accreditation Forum e pelo Comit Brasileiro da Qualidade CB-25. Essa adoo, se feita, atende com folga os requisitos da ISO 9001:2008 sobre a educao, treinamento e habilidades. O requisito relativo experincia deve ser atendido atr avs de vivncia prtica.

Adaptabilidade com outras tcnicas e prticas A ISO 10015 flexvel e perfeitamente ajustvel s tcnicas e novidades mais recentes na ea de T&D como a Gesto da Competncia, ROI return in investment, Universidade Corpo rativa, OJT on the job training, certificao profissional, avaliao 360 graus, auto-fo rmao, etc. Evidentemente, algumas solues mais elaboradas devem ser trabalhadas para realidade s e situaes mais complexas. Concluso O Brasil tem urgncia na melhoria de sua competitividade para fazer frente competio externa. E para isso, bilhes de reais devem ser inevitavelmente investidos nas prx imas dcadas na preparao de nossa fora de trabalho operacional e gerencial. A adoo da SO 10015 seria uma forma de garantir a melhoria no gerenciamento desse esforo em escala microeconmica, porm com efeitos macroeconmicos promissores. Talvez no seja por acaso que na Sucia, um dos pases mais competitivos do mundo, a n orma ISO 10015 vendeu nos primeiros sete meses aps publicao, 10% a mais que a prpria ISO 9001:2000 no mesmo perodo. Talvez ns estejamos fazendo algo de errado. Ou ele s de certo.` Bibliografia ORIBE, Claudemir Y. A Hora e a Vez da ISO 10015. Banas Qualidade, So Paulo: Edito ra EPSE, ano XIII. n. 141, fevereiro 2004, p. 24-28. Com ilustraes. ABNT NBR ISO 10015 Gesto da Qualidade - diretrizes para o treinamento.

CAMPOS, Jorge de Paiva; GUIMARES, Sebastio. Em Busca da Eficcia em Treinamento. So P aulo: ABTD, 2009. Disponvel em http://portal.abtd.com.br. ORIBE, Claudemir Y. Avaliando o treinamento. Banas Qualidade, So Paulo: Editora E PSE, ano XI, n. 123, Agosto 2002, p. 53-55.

Claudemir Oribe - Consultor organizacional especializado em Gesto de Treinamento & Desenvolvimento - T&D - Anlise e Soluo de Problemas e Gesto da Qualidade. Mestre e m Administrao com MBA pela Fundao Dom Cabral, Especializao em Consultoria Organizacio al e Engenharia Econmica. Cursos de Lead Assessor e Total Quality Management pela AOTS - Japo. Membro do CB-25 da ABNT e Conferencista por 4 ocasies no Congresso B rasileiro da Qualidade e Produtividade. Vencedor do Prmio as Melhores Prticas de G esto de Pessoas da ABRH-MG (2002).