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Objetivos da aula:
- discutir a institucionalização da PCT e a construção do sistema de CT&I no Brasil
- apresentar o sistema de C,T&I atual e os principais indicadores, os elementos de ação e política e os maiores desafios
A POLÍTICA DE C&T E O SISTEMA DE INOVAÇÃO NO
BRASIL
Frases
Deve-se dar “prioridade à articulação do sistema de ciência e tecnologia com o setor produtivo, com a programação governamental e com as realidades da sociedade brasileira atual.”
“A interação indústria-pesquisa-universidade (será) impulsionada mediante realização de programas conjuntos de pesquisa, em setores prioritários e, em grande dimensão, com a participação de instituições governamentais de pesquisa, universidades e setor privado (...)”
•trechos extraídos do Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (1972-74) e do Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (1973-74)
Frases
“Nos dias de hoje e cada vez mais, a independência econômica implica a posse de uma tecnologia avançada, condizente com os progressos da técnica e da ciência moderna.”
A “ciência requer, para poder ser realmente efetiva na promoção do progresso de uma sociedade, condições econômicas, políticas e sociais que ela mesma não pode criar e que só podem dar-se mediante uma profunda transformação das estruturas sócio-econômicas que estão na base do subdesenvolvimento.”
mensagem ao Congresso Nacional de Costa e Silva, 1968
Amilcar Herrera, 1971
Sistemas de C&T são relativamente menos conectados aos sistemas produtivos
Demandas sociais desencontradas com as demandas do sistema
Sistema produtivo com baixa densidade tecnológica
Setor público participa com mais de 60% dos gastos e com maior parte da execução da P&D
Regime de propriedade fraco Estrutura de financiamento inadequada
Características dos sistemas de inovação em países menos desenvolvidos
Histórico do desenvolvimento da PCT no país
4 períodos da análise:1. fase colonial até 1950: não existência de PCT no
país2. período entre as décadas de 50 e 60 (sec. XX):
início da institucionalização da PCT3. os anos 70: a relação Ciência e Estado; a
reforma universitária e a constituição de instituições de apoio à C&T
4. os últimos 20 anos: a instabilidade dos anos 80 e 90 e a concepção do Sistema de Inovação no país.
Até metade do século XX, não havia política de C&T.
Contexto desde o Brasil Colônia: ensino a cargo dos jesuítas afastamento do
método /conhecimento científico escolarização reforçava privilégios da
burguesia agrícola e escravocata contexto diferente das colônias espanholas
já contavam com universidades fraca mudança com a família Real
nenhuma escola voltada para a pesquisa científica, nenhuma universidade criada (“só” museus, biblioteca e parques) ...
Alguns marcos da “institucionalização” da C&T
segundo império D. Pedro II: mais mecena que administrador
missão de estrangeiros explorava riqueza brasileira e exportava-a à Europa
entre séc XIX e XX criação de várias escolas e instituições de pesquisa resposta às necessidades específicas, sem política sem política deliberadadeliberada
Alguns marcos da “institucionalização” da C&T
Alguns marcos da “institucionalização” da C&T
Virada do século XIX – XX: Museu Goeldi (1885), IAC (1887), Inst. Bacteriológico (1893, A. Lutz em 1940), Manguinhos (1900), Inst. Biológico (1927), ...
Não havia uma política, ações mais reativas para problemas específicos de saúde saúde públicapública e da agriculturaagricultura pesquisa aplicada, esforços individuais com O. Cruz, C. Chagas, A. Lutz;
Contexto de descontinuidade e irregularidade ...
Alguns marcos da “institucionalização” da C&T
Sistema ensino/pesquisaSistema ensino/pesquisa se se institucionalizainstitucionaliza nos nos anos 30 com a anos 30 com a USP (1934)USP (1934), apesar de universidades no RJ, na BA e em MG.
Entre 1930 e 1949 criam-se 160 estabelecimentos de ensino superior no Brasil, sem entretanto estarem ligados à pesquisa.
Alguns marcos da institucionalizaçãoinstitucionalização da C&T
A partir da IIa. G.M. política para a ciênciapolítica para a ciência: SBPC (1948) e CBPF (1949)
Institucionalização da Política Científica e a formação de pessoal superior com: CNPq Cons. Nac. de Des. Cient. e Tecn. CAPES Coord. de Aperf. de Pessoal de Nível
Superior ambos em 1951 Preocupação estratégica: energia nuclear e
consolidação de associações científicas Criação do IPEN em 1956 …
Alguns marcos da institucionalização da C&T
Maior problema: sistema científico desvinculado das necessidades tecnológicas do sistema produtivo
Indústria não necessitava da Ciência brasileira, não formulava demanda base: transferência de tecnologia das empresas multinacionais (EMNs) e know how da matriz
Vinculação explícita da política científica com o desenvolvimento e crescimento econômico só na segunda metade dos anos 60
Alguns marcos da institucionalização da C&T
1961: criação da UnB pesq. científica ensino (em 1965 – a Unicamp nos mmos moldes)
1962: criação da Fapesp 1965: Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos
e Programas, no BNDES 1967: Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP 1968: Programa Estratégico de Desenvolvimento –
PED: 1o. plano governamental associando C&T e desenvolvimento
(1968 a 1970) Incluia o setor privado e a coordenação governamental do
desenvolvimento tecnológico
Alguns marcos da institucionalizaçãoinstitucionalização da C&T
1969: Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (SNDCT) e Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) 1o. e mais importante instrumento de suporte à formação de um sistema de C&T no país. Financiamento da pós-graduação, infra-estrutura, equip. e até pag/to de salários...
Alguns marcos da institucionalizaçãoinstitucionalização da C&T
PCT vinculada à política externa do governo visão desenvolvimentista (“Brasil Grande”), de prosperidade e soberania nacional, cresc. econ., vínculo c/ classe dominante, desmobilização de forças populares.
CiênciaCiência como força produtiva e EducaçãoEducação p/ formação de mão-de-obra p/ o
mercado de trabalho!
Alguns marcos da institucionalizaçãoinstitucionalização da C&T
Os PBDCT – Planos Básicos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico: diretrizes para a C&T aliadas às propostas dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs), geridos pelo CNPq.
I PBDCT (1973-74); II PBDCT (1976-79) e III PBDCT (1980-85)
II PBDCT: foi um plano de desenvolvimento tecnológico; SNDCT operava as políticas industrial e agrícola; instituições davam um caráter funcional para o II PND ...
Alguns marcos da institucionalizaçãoinstitucionalização da C&T
Os PBDCT :III PBDCT: mudança de foco – formação de
RH, principalmente para TIB (metrologia, normalização, certificação, PI, ...); perda da capacidade de planejamento do Estado.
Em geral, a execução dos PBDCTs ficou aquém das propostas
Perda do “bonde da história”, pois década de 80 não proporcionou isso ...
Alguns marcos da institucionalização da C&T
Os PADCTs – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico: instrumento complementar à PCT via empréstimos do Banco Mundial
Introdução de novos critérios e mecanismos para concessão de recursos
Apoio a áreas definidas como prioritárias Coordenação: CNPq, Finep e Capes …
Alguns marcos da institucionalização da C&T
Os PADCTs: I PADCT: 1985 ampliar, melhorar e consolidar a
competência técnico-científica nacional nas univ., centros de pesq. e empresas
II PADCT: 1991 incorporação de questões como inovação tecnológica suscitadas pela política industrial e de com. exterior e de informática
III PADCT: 1998 consolidar os objetivos propostos na Fase II – descentralização, com integração de outros programas
1968 – Reforma universitária
institucionalização da pós-graduação stricto sensu
problema de excedente de aluno; pressão para aumento de vagas 17
universidades públicas entre 1968 e 1971 e mais de 1,3 milhão de matrículas em
1980!!...
1968 – Reforma universitária
p/ governo: falta de eficiência, racionalidade e produtividade à estrutura universitária objetivo: produzir RH a menor custo p/ mercado de trabalho “especialistas sob medidaespecialistas sob medida”
prioridade para pós-graduação para servir ao sistema econômico e para reproduzir as relações entre classes sociais qto ao poder e prestígio
educação: importante elemento de controle social!
Alguns marcos da institucionalização da C&T
Apoio via acordo MEC-USAID:
implementação de educação técnica, de racionalidade instrumental para aumentar eficiência técnico-profissional e assim a produtividade do sistema econômico
“Desigualdade social transforma-se, mascara-se em desigualdade de “nível”, de conhecimento técnico”
Alguns marcos da institucionalização da C&T
A criação de centros e institutos de C&T/P&D:Grande importância de centros de P&D de
empresas estatais: Cenpes (1966), Cepel (1974), CPqD (1976) 1983: 63% dos gastos com P&D industrial em
empresas estatais, das quais 8 concentravam mais da metade desses gastos
Outros exemplos importantes: Embrapa (1973) e muitas OEPAs CenPRA, ex CTI (1984) LNLS (1988) ...
Alguns marcos da institucionalizaçãoinstitucionalização da C&T
1985: criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)
anos 90: grande instabilidade na alocação de recursos para C&T
1996: constituição do CNCT (Cons. Nac. de C&T) fomento e implementação da PCT nacional
2000: criação dos fundos setoriais novo modelo de financiamento para CT&I
2001: lançamento do Livro Verde da C,T&I, realização da Conferência Nacional de CT&I
2005: Lei de Inovação ...
Fundos Setoriais
Mudança no modelo de financiamento, na gestão e na organização da pesquisa
Participação de diferentes atores sociais desafio: melhorar arranjos entre eles
Foco em resultados Maior possibilidade de estabilidade dos
recursos p/ C&T (!!!) Fonte de recursos: FNDCT + royalties, parcela
da receita das empresas beneficiárias de incentivos fiscais, compensação financeira, licenças e autorizações, doações, empréstimos e receitas diversas
Fundos Setoriais
Administração: Finep, CNPq e Comitês Gestores
Hoje: 15 Fundos CTPetro (97), CTEnerg, CTTransp., CTHidro, CTMineral, CTEspacial, Funttel, CTInfo, CTSaúde, CTAeron., CTAgroneg., CTBiot., CTAmazônia.
Os diferentes: FVA e CTInfra
Baixa participação do setor privado no esforço em P&D (cerca de 30%)
Instrumentos e política voltados à pesquisa acadêmica
Assim, baixa efetividade em transformar capacidade acadêmica em benefícios sócio-econômicos ...
Principais pontos de estrangulamento do SNI
Muito baixo número de patentes +/- 100/ano – 30 x menos que Coréia do Sul
Concentração regional Déficit na balança tecnológica Crédito/financiamento impróprio Pequeno mercado de capitais e volume de
capital de risco
Principais pontos de estrangulamento
Cerca de 73% dos cientistas e engenheiros estão no ensino superior, apenas 23% nas empresas
criou-se uma base de serviços tecnológicos correntes e oferta de P&D dissociadadissociada do sistema produtivo
a industrialização brasileira não exerceu pressão direta sobre a oferta interna de tecnologia…
…mas gerou infra-estrutura de C&T e formação de pesquisadores
experiências bem sucedidas nas empresas estatais: petróleo, aeroespacial, telecomunicações, energia elétrica e siderurgia.
no setor privado: ligas especiais e automação bancária.
Principais pontos de estrangulamento do SNI
a) sofisticado e diversificado, mas incompletob) capacidade aquém da necessáriac) coordenação ineficiented) ausência de mecanismo de retroalimentação
do sistemaNecessidade de: definição do papel das agências
de fomento e das agências reguladoras + administração autônoma e flexível dos IPPs e das univ. + articulação com o setor privado + nova gestão dos RH, materiais e financeiros e dos bens intangíveis ...
Quadro do Sistema Nacional de C,T&I
Além disso, políticas para: redução do risco associado à atividade
de P&D e do custo de capital, introduzir inovações nos instrumentos
de financiamento, aumentar cooperação entre empresas, fortalecer externalidades, entre outros
Quadro do Sistema Nacional de C,T&I
Possíveis caminhos ...?
Adotar um conceito amplo de inovação Explorar as economias de escala e de escopo
em CT&I Explorar ativos complementares (ex.
informação etc.) Aproximar público e privado na definição de
diretrizes Ampliar a coordenação e a governança do
sistema
Possíveis caminhos ...?
Flexibilizar regras na academia para fomentar o empreendedorismo
Criar novos e adequados instrumentos financeiros
Rebaixar as taxas de juros Estimular o investimento privado em C,T&I Promover capital risco e fundos mútuos de
investimento
Alguns desafios
aumentar recursos para C&T e assegurar sustentabilidade
implantar novo padrão de financiamento e de gestão dos recursos para CT&I (exemplo: Fundos setoriais)
diminuir desigualdade regional repensar o papel do Estado: não diminuir sua
ação, mas transformá-la visando maior competência no desenvolvimento da CT&I planejador, indutor, coordenador de políticas de incentivo à C&T
Maior desafio:transformar conhecimento em inovação e inovação em desenvolvimento econômico e social!
Caminho necessário:compreender as estruturas e as dinâmicas técnico-concorrencias dos mercados e a dinâmica da inovação!
Indicadores
Cepal, 2002
Evolução do n. de publicações indexadas na base SCIE(ISI), 1998-2002
Fapesp, 2005, p. 5-9
02.0004.0006.0008.000
10.00012.00014.00016.00018.00020.000
1998 1999 2000 2001 2002
n. p
ublic
açõe
s Coréia doSul
Brasil
México
Argentina
Chile