83
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS NAYARA MACÊDO PEIXOTO OBTENÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A PARTIR DAS SEMENTES DE Adenanthera pavonina L. UTILIZANDO EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR ENZIMAS CAMPINAS 2017

OBTENÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A PARTIR DAS …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/330789/1/Peixoto... · Aos meus sobrinhos, Júlia, Leonardo, Lucca e Gustavo por me mostrarem

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

NAYARA MACÊDO PEIXOTO

OBTENÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A PARTIR DAS

SEMENTES DE Adenanthera pavonina L. UTILIZANDO EXTRAÇÃO

ASSISTIDA POR ENZIMAS

CAMPINAS

2017

NAYARA MACÊDO PEIXOTO

OBTENÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A PARTIR DAS

SEMENTES DE Adenanthera pavonina L. UTILIZANDO EXTRAÇÃO

ASSISTIDA POR ENZIMAS

Dissertação apresentada à Faculdade de

Engenharia de Alimentos da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do título de

Mestra em Ciência de Alimentos.

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Glaucia Maria Pastore

Coorientador: Prof. Dr. Ruann Janser Soares de Castro

Este exemplar corresponde à versão final da dissertação

defendida pela aluna Nayara Macêdo Peixoto, e orientada pela

Prof.ª Dr.ª Glaucia Maria Pastore.

CAMPINAS

2017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof.a Dr.a Glaucia Maria Pastore

Orientadora

DCA/FEA/UNICAMP

________________________________________

Dr.a Renata Aparecida Soriano Sancho

Membro Titular

________________________________________

Prof.a Dr.a Fabíola Aliaga de Lima

Membro Titular

DEQ/EPUSP

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica do aluno.

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo. ”

Fernando Pessoa

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por

sua infinita bondade, aos meus pais, as minhas

irmãs, aos meus sobrinhos e cunhados, e também a

todos os meus amigos.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que foi o grande responsável por todas as minhas conquistas e

que cuidou de todos os detalhes para que esse momento fosse tão especial. Não me

abandonando em nenhum momento durante toda essa jornada, me dando força e coragem para

enfrentar todos os desafios. Me abriu caminhos, me permitiu desfrutar de momentos tão

enriquecedores, colocou no meu caminho pessoas tão generosas e acolhedoras, me fez crescer

profissionalmente e pessoalmente, e me fez ver que eu sou capaz de tudo ao seu lado.

Se há algo que faz diferença na formação da personalidade e na vida de uma pessoa é

o amor que ela recebe durante a vida. Entender a diferença entre ter e ser foi algo que aprendi

desde cedo, já que seus valores e princípios me foram ensinados em cada ação e em todos os

momentos que você abdicou dos seus sonhos para viver os meus. Mainha, Elba Maria Macêdo

Peixoto, te dedico todas as minhas vitórias. A senhora é a principal responsável pela minha

felicidade diária e por toda motivação que tenho em cada desafio. A SENHORA É A MINHA

PESSOA FAVORITA NO MUNDO.

À Painho, Francisco Peixoto Pinheiro, por sempre me ensinar qual o melhor caminho

a seguir, por ser uma referência de integridade, honestidade e amor, pela serenidade e sacrifícios

dedicados as suas filhas e pela sua incrível capacidade de ser a força e segurança da nossa

família. Sou uma filha orgulhosa do homem que o senhor é, da sua capacidade de ser tão forte

diante das dificuldades de criar 6 filhas e por fazer isso com tanta sabedoria. Lhe devo por todas

as coisas boas que só me trazem a certeza de que ser sua filha foi a maior sorte que eu tive.

À minha irmã, Tatiany Macêdo Peixoto Correia, por me incentivar na realização

deste sonho, pela sua capacidade de se reinventar cada vez que a vida nos prega uma peça e

mais ainda por ser meu maior exemplo força, fé e esperança.

À minha irmã, Viviany Macêdo Peixoto Silva, por seu apoio incondicional em todas

as fases da minha vida, por me encorajar a enfrentar meus medos e ser forte nas minhas decisões

e além de tudo isso, ainda encontrar tempo para ser meu exemplo de mãe, esposa e amiga.

À minha irmã, Cristiany Macêdo Peixoto Vasconcelos, pela sua generosidade e por

cuidar tão bem de mim, por sua bondade infinita e inspiradora, por me tranquilizar todas as

vezes que eu tive medo, por ser meu principal exemplo de profissionalismo e dedicação com

todos.

À minha irmã, Naiany Macêdo Peixoto, por desde pequena ter por mim os

sentimentos mais lindos e puros que uma irmã pode sentir por outra: amor e proteção, por

sempre me motivar e acreditar em mim, mesmo quando eu não acreditava. Por me fazer sentir

tão especial e única em sua vida. Se eu pudesse escolher outra forma de ser, eu escolheria ser

você.

À minha irmã, Nayra Larissa Macêdo Peixoto, por ser a melhor amiga e confidente

que eu poderia ter na vida. Você está no topo da lista das irmãs porque minha vida sempre foi

totalmente ligada à sua, sempre estivemos juntas em todos os momentos, só você me entende

perfeitamente. Te amo como minha filha, pois encontro em você todas as respostas da minha

vida.

Aos meus cunhados, Haroldo Máximo, Leonardo Holanda e Carlos Eduardo

(Cadu), pelos momentos de diversão e serenidade, pelos conselhos e cuidados que vocês sempre

tiveram comigo, mas principalmente por unirem ainda mais nossa família.

Aos meus sobrinhos, Júlia, Leonardo, Lucca e Gustavo por me mostrarem que eu

sou capaz de amar muito além do que eu conhecia, vocês são as pessoas mais puras e bondosas

de coração que eu conheço, amo todos os nossos momentos de brincadeira, com vocês me sinto

completamente realizada.

À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Glaucia Maria Pastore, por ter sido sempre tão

generosa e atenciosa comigo. Pela incrível capacidade que a senhora tem de ser tão paciente e

parceira dos seus alunos, pela confiança dedicada a mim e pela oportunidade e apoio no

desenvolvimento deste projeto.

Ao meu coorientador e amigo, Prof. Dr. Ruann Janser Soares de Castro, por me

motivar em todas nossas reuniões, por suas correções e incentivo, por ser tão paciente e

generoso, por acreditar em mim em todos os momentos e por me inspirar tanto

profissionalmente.

Aos meus revisores, Hélia Sato, Fabíola Lima, Renata Sancho e Cinthia Bau, pelos

conselhos, ensinamentos e paciência na correção deste projeto.

Ao Gustavo Araujo Pereira, que foi a melhor surpresa que esse mestrado me trouxe.

Obrigada pela paciência, segurança e amor dedicados a mim com tanta verdade, por seu jeito

incrível de ser e pela paz, calma e serenidade que você me transmite.

Ao meu amigo, Henrique Silvano Arruda, que durante todo este projeto se manteve

sempre a disposição, me ensinando e auxiliando em todas as fases desse momento tão

desafiador, com você compartilhei várias horas de trabalho e também momentos de estudos e

diversão.

À minha amiga, Livia Prado, por ser tão presente na minha vida, por me ensinar tanto,

por me ajudar nas minhas dúvidas durante o desenvolvimento deste projeto, pelos conselhos e

dicas e pelos momentos de diversão.

À Angel, pelo incentivo, comprometimento, ajuda e paciência ao me ensinar tudo que

eu sempre precisei. Obrigada pela amizade e generosidade que você sempre teve por mim.

Às minhas melhores amigas, Vivianny Jácome, Alice Pinheiro, Joice Barreira, Larissa

Félix e Renata Castro, que desde pequenas são minhas principais referências de amizade. Em

vocês encontro refúgio, calmaria, felicidade e, principalmente, cumplicidade. E foi através

dessa cumplicidade que nós nos fizemos irmãs de vida.

À minha amiga, Lais Marinho Aguiar, por ser minha família em Campinas, por dividir

comigo diariamente as alegrias e conquistas, pelos segredos compartilhados, por sermos tão

amigas e parceiras de vida. Obrigada pelos conselhos e pela sua amizade que é tão importante

para mim.

À minha amiga, Laísa Dias, por cuidar de mim nos momentos de solidão e medo, por

ser sempre tão presente na minha vida. Obrigada por todas as vezes que você cuidou de mim e

por me proporcionar momentos de tanta amizade e companheirismo.

Aos meus amigos, Tiago, Líbia, Mayra, Marina, Letícia, Felipe, Luis, Murilo, Marcela,

Carol, Viny, Valquíria por toda apoio e companheirismo durante essa jornada e pelos momentos

de distração tão necessários nessa fase tão importante da minha vida.

As minhas companheiras do Projeto de Estágio à Docência (PED), Marília Crivelari,

Beatriz Melo (Bia) e Karla Martins por todo ensinamento transmitido com tanta sabedoria e

paciência e, mais do que isso, pela amizade construída com tanta verdade.

Aos meus alunos do Projeto de Estágio à Docência (PED), em especial Giovanna,

Gabriel, Guilhermo, Luciana, Bruna, Marina e Vanessa, por me ajudarem no meu crescimento

profissional, pela amizade que construímos ao longo do meu estágio e por todos os momentos

de aprendizado e diversão durante nossas aulas.

Às amigas Carol e Carine Almada, Ana Carine e Lia Maristela pela receptividade,

apoio e amizade, principalmente, durante os primeiros meses de chegada a Campinas.

Aos meus amigos, Larissa Vieira, Nathana Cristofoli, Marcelo Sousa, Denis Lima,

Alan e Renata Guerreiro que mesmo distantes se fazem presentes diariamente, me incentivando

e acreditando nos meus sonhos.

As minhas primas Beatriz e Isabela Peixoto pelo incentivo mesmo à distância, pela

inspiração profissional e pessoal (força e dedicação) que vocês sempre me trouxeram e pela

disponibilidade que vocês sempre tiveram para me ajudar em tudo que eu precisei.

À minha tia Gorete Peixoto por ser tão presente na minha vida, pelas orações, pelas

ligações tão motivadoras e, principalmente, pelos momentos de tanta alegria que sempre tenho

ao seu lado.

Aos meus amigos, Renato e Natalia, por me ajudarem na coleta das sementes utilizadas

neste projeto, pela amizade e por todo apoio.

Aos meus tios, Italvan Milfont Macêdo e Dorreino Maria Macêdo, por acreditarem no

meu sonho, por serem tão presentes em minha vida e por me inspirarem com seu exemplo de

garra, força e esperança.

À minha professora e amiga, Lucicléia Barros de Vasconcelos, pelos ensinamentos e

amizade durante tantos anos. Todos seus conselhos foram tão importantes para mim.

Aos meus companheiros de caminhada do Laboratório de Bioaromas e Compostos

Bioativos: Nadir, Leo, Alexsandra, Tailleah, Ana Paula, Bruno, Marina, Débora, Dora, Rose

que contribuíram positivamente para o sucesso deste projeto.

Aos colaboradores, Ana Lúcia Ruiz e Marcos Nogueira Eberlin pela disponibilidade e

atenção durante o desenvolvimento deste trabalho.

Aos funcionários da FEA, em especial ao Camila, Andrea, Cosme, Rose, Marcia,

Claudia, Geraldo e Bianca pela disponibilidade, ajuda e atenção, facilitando assim todo meu

trabalho durante este ano.

Aos professores do Programa de Mestrado em Ciência de Alimentos da UNICAMP

que foram tão importantes na minha vida acadêmica, por todo ensinamento, paciência e

dedicação ao meu aprendizado e crescimento profissional.

À Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas

(FEA-UNICAMP), pela oportunidade e por fornecerem os recursos necessários para a

realização deste projeto.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

bolsa concedida durante a realização do mestrado. À Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Muito obrigado a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho e para meu crescimento profissional.

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo estudar os compostos bioativos das sementes de

Adenanthera pavonina L. utilizando extração assistida por enzimas. O tratamento enzimático

foi realizado utilizando α-amilase (Termamyl® de Bacillus licheniformis), protease (Neutrase®

de Bacillus amyloliquefaciens), e celulase (Optimase® CX 56L de Bacillus subtilis) nas

seguintes condições: 0 a 250 µL de mistura de enzimas, 5 g da semente triturada em 45 mL de

tampão fosfato 100Mm pH 7,0, 50 ºC, 100 rpm por 2 horas de incubação. A proporção de cada

enzima foi otimizada por meio de um planejamento de misturas, onde foi observado que o uso

de protease e celulase (1:1, v/v) aumentou o conteúdo de compostos bioativos e atividade

antioxidante da semente de Adenanthera pavonina L. Após o tratamento enzimático, o efeito

do solvente extrator (água, etanol, metanol, etanol: água (1:1, v/v) e metanol: água (1:1, v/v))

sobre a recuperação de compostos antioxidantes a partir dos hidrolisados da semente de

Adenanthera pavonina L. foi avaliado utilizando três métodos antioxidantes, ORAC, TEAC e

DPPH. A água foi o melhor solvente extrator. O uso de solventes polares (água) para a extração

de compostos antioxidantes pode aumentar a recuperação de compostos mais polares, tais como

fenólicos glicosilados, vitaminas hidrossolúveis e peptídeos bioativos. O extrato aquoso

apresentou elevada atividade antioxidante (221,84, 100,08 e 13,49 µmol TE/g de extrato seco

para os ensaios ORAC, TEAC e DPPH, respectivamente). O extrato aquoso das sementes de

Adenanthera pavonina L. atuou de maneira mais eficiente por meio do mecanismo de

transferência de átomos de hidrogênio do que pela transferência de elétrons. Os compostos

fenólicos catequina (6,08 µg/g), quercetina (0,18 µg/g), naringenina (1,31 µg/g), ácido

protocatecuico (3,35 µg/g), ácido gentísico (2,81 µg/g), ácido 4-hidroxibenzóico (0,53 µg/g) e

ácido ferúlico (0,45 µg/g) foram identificados no extrato aquoso do hidrolisado por CLUAE-

EM/EM. O flavanol catequina foi o principal composto fenólico encontrado no extrato aquoso

do hidrolisado. Assim, o extrato aquoso do hidrolisado foi selecionado para os ensaios de

atividade antiproliferativa e apresentou resultados significativos para as linhagens tumorais de

próstata (GI50 = 2,5 µg/mL) e rim (GI50 = 29,9 µg/mL), enquanto a amostra controle (não tratada

enzimaticamente) apresentou resultado relevante apenas para a linhagem tumoral de rim (GI50

= 67,5 µg/mL). Os valores de GI50 do extrato aquoso do hidrolisado para as linhagens de rim e

próstata foram menores quando comparados ao controle, sugerindo que o tratamento

enzimático realizado foi necessário para evidenciar atividade antiproliferativa das sementes de

A. pavonina L.

Palavras-chave: Atividade antioxidante, compostos bioativos, extração assistida por enzimas,

atividade antiproliferativa, sementes de Adenanthera pavonina L.

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the bioactive compounds of Adenanthera pavonina L.

seeds using enzyme assisted extraction. The enzymatic treatment was performed using

commercial α-amylase from Bacillus licheniformis (Termamyl®), protease from Bacillus

amyloliquefaciens (Neutrase®) and cellulase from Bacillus subtilis (Optimase®) in the

following conditions: 0 to 250 µL of enzyme mixture, 5 g of the seed powder in 45 mL of

phosphate buffer 100 mM pH 7.0, 50 °C, 100 rpm for 2 hours of incubation. The proportion of

each enzyme was optimized by response surface methodology, which was observed that the use

of protease and cellulase (1:1, v/v) increased the content of bioactive compounds and

antioxidant activity of Adenanthera pavonina L. seeds. After the enzymatic treatment, the effect

of extraction solvent (water, ethanol, methanol, ethanol: water (1:1, v/v) and methanol: water

(1:1, v/v)) on the recovery of antioxidant compounds from hydrolysates of Adenanthera

pavonina L. seeds was evaluated using different assays, namely, ORAC, TEAC and DPPH.

Water was the best solvent extractor. The use of polar solvents (water) for the extraction of

antioxidant compounds can increase the recovery of more polar compounds, such as

glycosylated phenolics, water soluble vitamins and bioactive peptides. The aqueous extract

from hydrolysate (AEH) showed high antioxidant activity (221.84, 100.08 and 13.49 μmol/g of

dry extract for the ORAC, TEAC and DPPH, respectively). The AEH of Adenanthera pavonina

L. seeds was more efficiently through the transfer mechanism of hydrogen atoms than the

transfer of electrons. The phenolic compound such catechin (6.08 µg/g), quercetin (0,18 µg/g),

naringenin (1,31 µg/g), protocatechuic acid (3,35 µg/g), gentisic acid (2,81 µg/g), 4-

hydroxybenzoic acid (0,53 µg/g), and ferulic acid (0,45 µg/g) were identified in the AEH by

UHPLC-MS/MS. The flavanol catechin was the main phenolic compound found in the AEH.

Therefore, AEH was chosen for antiproliferative activity assays, and showed significant results

for the tumoral lineage of prostate (GI50= 2,5 µg/mL) and kidney (GI50= 29,9 µg/mL), while

the control sample (non-enzymatically treated) showed only relevant results for the tumoral

lineage of kidney (GI50= 67.5 µg/mL). The GI50 values of the AEH for the tumoral lineage of

kidney and prostate were lower than control, which suggest that the enzymatic treatment was

necessary to evidence the antiproliferative activity of A. pavonina L. seeds.

Keywords: antioxidant activity, bioactive compounds, enzyme-assisted extraction,

antiproliferative activity, Adenanthera pavonina L. seeds.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Aspectos gerais da árvore e sementes da Adenanthera pavonina L. A) Árvore,

B) Folhas C) Vagem e semente D) Sementes. Fonte: Maurício Mercadante. .................. 24

Figura 2. Estrutura de compostos fenólicos comumente encontrados nas plantas. ................. 29

Figura 3. Preparação da amostra. A) Semente in natura, B) Sementes após o procedimento de

lavagem, C) Sementes trituradas e armazenadas em embalagens seladas à vácuo. ......... 39

Figura 4. Fluxograma geral do processo de extração assistida por enzimas de compostos

bioativos das sementes de Adenanthera pavonina L. Abreviações: TPC, conteúdo total de

compostos fenólicos; TFC, conteúdo total de flavonoides. .............................................. 42

Figura 5. Representação gráfica da distribuição das amostras na placa de 96 compartimentos

utilizada no teste de atividade antiproliferativa. ............................................................... 47

Figura 6. Curva de contorno (A) e valores observados versus valores previstos (B) para a

capacidade antioxidante, avaliada pelo ensaio TEAC, do extrato aquoso das sementes de

A. pavonina L. ................................................................................................................. 60

Figura 7. Curva de contorno (A) e valores observados versus valores previstos (B) para a

capacidade antioxidante, avaliada pelo ensaio ORAC, do extrato aquoso das sementes de

A. pavonina L. ................................................................................................................. 60

Figura 8. Atividade antiproliferativa in vitro da doxorrubicina em painel de linhagens celulares

humanas. ........................................................................................................................... 67

Figura 9. Atividade antiproliferativa in vitro do extrato aquoso das sementes de Adenanthera

pavonina L. em painel de linhagens celulares humanas. .................................................. 67

Figura 10. Atividade antiproliferativa in vitro da amostra controle das sementes de

Adenanthera pavonina L. em painel de linhagens celulares humanas. ............................ 68

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atividades biológicas in vitro e in vivo da Adenanthera pavonina L. ................... 26

Tabela 2 - Composição química da semente de carolina (Adenanthera pavonina L.) ............ 27

Tabela 3 - Principais métodos e seus princípios de ação utilizados na determinação da atividade

antioxidante de componentes alimentares. ....................................................................... 35

Tabela 4 - Exemplos do uso de extração assistida por enzimas para extração de compostos

antioxidantes a partir de diferentes partes de plantas. ...................................................... 38

Tabela 5 - Matriz do planejamento experimental de misturas para obtenção de compostos

bioativos das sementes de Adenanthera pavonina L. utilizando diferentes preparações

enzimáticas. ...................................................................................................................... 41

Tabela 6 - Linhagens celulares tumorais e não tumoral (HaCaT) utilizadas nos ensaios de

atividade antiproliferativa in vitro e suas densidades de inoculação (DI). ....................... 45

Tabela 7 - Parâmetros de espectrometria de massas para as transições MRM ........................ 51

Tabela 8 - Valores médios de parâmetros físico-químicos e composição centesimal das

sementes in natura de A. pavonina L. ............................................................................. 53

Tabela 9 - Capacidade antioxidante (µmol TE/g de liofilizado), avaliada pelo ensaio ORAC,

das sementes de A. pavonina L. tratadas enzimaticamente utilizando diferentes solventes*

.......................................................................................................................................... 55

Tabela 10 - Capacidade antioxidante (µmol TE/g de liofilizado), avaliada pelo ensaio TEAC,

das sementes de A. pavonina L. tratadas enzimaticamente utilizando diferentes solventes*

.......................................................................................................................................... 55

Tabela 11 - Capacidade antioxidante (µmol TE/g de liofilizado), avaliada pelo ensaio DPPH,

das sementes de A. pavonina L. tratadas enzimaticamente utilizando diferentes solventes*

.......................................................................................................................................... 55

Tabela 12 - Coeficientes de regressão para capacidade antioxidante avaliada pelo método

DPPH das sementes de A. pavonina L. ........................................................................... 57

Tabela 13 - Coeficientes de regressão para capacidade antioxidante avaliada pelo método

TEAC das sementes de A. pavonina L. ........................................................................... 58

Tabela 14 - Coeficientes de regressão para capacidade antioxidante avaliada pelo método

ORAC das sementes de A. pavonina L............................................................................ 58

Tabela 15 - ANOVA do modelo quadrático para a capacidade antioxidante, avaliada pelo

método TEAC, das sementes de A. pavonina L. ............................................................. 59

Tabela 16 - ANOVA do modelo cúbico especial para a capacidade antioxidante, avaliada pelo

método ORAC, das sementes de A. pavonina L. ............................................................ 59

Tabela 17 – Análise da atividade antioxidantes dos extratos aquosos das sementes de A.

pavonina . L. tratadas com protease e celulase................................................................. 61

Tabela 18 - Conteúdo de fenólicos totais, flavonoides e taninos condensados para os extratos

aquosos das sementes de A. pavonina . L. tratadas com protease e celulase. .................. 63

Tabela 19 - Perfil de compostos fenólicos para o extrato aquoso das sementes de A. pavonina

. L. tratadas com protease e celulase. ............................................................................... 64

Tabela 20 - Valores de GI50 (em µg/mL) para as amostras controle e extrato das sementes de

carolina (Adenanthera pavonina L.) frente a um painel de linhagens celulares humanas69

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1. Equação de transferência de átomos de hidrogênio (APAK et al., 2007). ........... 33

Equação 2. Equação de transferência de elétrons (APAK et al., 2007). ................................. 34

Equação 3. Equação para definição dos modelos das variáveis estudadas ............................. 40

Equação 4. Área da curva de decaimento da fluoresceína com adição da substância

antioxidante ...................................................................................................................... 44

Equação 5. Área sob a curva de decaimento da fluorescência corrigida................................. 44

Equação 6. Porcentagem de inibição do radical DPPH ........................................................... 45

Equação 7. Modelo quadrático para a capacidade antioxidante, avaliada pelo método TEAC,

das sementes de A. pavonina L. P: protease; A: α-amilase; C: celulase. ........................ 57

Equação 8. Modelo cúbico especial para a capacidade antioxidante, avaliada pelo método

ORAC, das sementes de A. pavonina L. P: protease; A: α-amilase; C: celulase. ........... 58

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

786-0: Linhagem celular de adenocarcinoma de rim

AAPH: 2,2’-azobis (2’-metilpropionamidina) dihidrocloreto

AC: Ácido cítrico

ABTS: 2,2'-azino-bis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)

ANOVA: Análise de variância

ATT: Acidez total titulável

AUC: Área de decaimento sobre a curva

CE: Equivalentes de catequina

CLUAE: Cromatografica líquida de ultra alta eficiência

CPQBA: Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas

CTAAE-DAP (HPAEC-PAD): Cromatografia de Troca Aniônica de Alta Eficiência acoplada

ao Detector Amperométrico Pulsado

DI: Densidades de inoculação

DMSO: Dimetilsulfóxido

DPPH: 2,2-difenil-1-picrilhidrazil

EAE: Extração assistida por enzimas

EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético

ERN: Espécies reativas de nitrogênio

EROs: Espécies reativas de oxigênio

FUFOSE: The European Commission’s Concerted Action on Functional Food Science in

Europe

GAE: Equivalente de ácido gálico

GI50: Growth Inhibition 50 – concentração necessária para inibição de 50% da viabilidade

celular

HaCaT: Linhagem celular de queratinócito humano

HbA1c: Hemoglobina glicosilada

HCl: Ácido clorídrico

HHDP: Ácido hexahidroxidifênico

HT-29: Linhagem celular de adenocarcinoma colorretal

K-562: Linhagem celular de leucemia

IE: Fonte de ionização por electrospray

MCF-7: Linhagem celular de adenocarcinoma de mama

MS: Massa seca

MRM: Monitoramento de reações múltiplas

NaOH: Hidróxido de sódio

NAUC: Área útil, calculada pela diferença entre as AUC do extrato e do branco

NCI: National Cancer Institute

NCI-ADR/Res: Linhagem celular de adenocarcinoma de ovário resistente a múltiplas drogas

NCI-H460: Linhagem celular de adenocarcinoma de pulmão tipo não pequenas células

ORACFL: Capacidade de absorção do radical oxigênio

OVCAR-3: Linhagem celular de adenocarcinoma de ovário

PBS: Solução salina tamponada

PC-3: Linhagem celular de adenocarcinoma de próstata

pH: Potencial hidrogeniônico

RNS: Espécie reativa de nitrogênio

RPMI-1640: Roswell Park Memorial Institute 1640

SFB: Soro fetal bovino

SNC: Sistema nervoso central

SRB: Sulforrodamina B

SST: Sólidos solúveis totais

TCA: Ácido tricloroacético

TE: Equivalentes de Trolox

TEACABTS: Capacidade antioxidante equivalente ao trolox

TGI: Inibição total do crescimento

TPC: Conteúdo total de compostos fenólicos

TFC: Conteúdo total de flavonoides

Trolox: Ácido (±) -6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromama-2-carboxílico

U-251: Linhagem celular de glioblastoma

UACC-62: Linhagem celular de melanoma

UV: Ultravioleta

Sumário 1 - INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 21

2 – OBJETIVOS ..................................................................................................................... 23

2.1 - Objetivo geral ................................................................................................................. 23

2.2 - Objetivos específicos ...................................................................................................... 23

3 - REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 24

3.1 - Adenanthera pavonina L. ............................................................................................. 24

3.2 - Características da semente de Adenanthera pavonina L. relevantes para abordagem

investigativa .......................................................................................................................... 27

3.3 - Compostos bioativos antioxidantes .............................................................................. 27

3.4 - Capacidade antioxidante ............................................................................................... 32

3.5 - Extração assistida por enzimas ..................................................................................... 35

4 - MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 39

4.1 - Coleta e preparação das amostras ................................................................................. 39

4.2 - Caracterização e composição centesimal da semente de Adenanthera pavonina L. .... 39

4.3 - Tratamento enzimático do pó das sementes de Adenanthera pavonina L. .................. 40

4.4 - Procedimento de extração ............................................................................................. 41

4.5 - Atividades biológicas in vitro ....................................................................................... 43

4.5.1 - Avaliação da capacidade antioxidante ....................................................................... 43

4.5.1.1 - Capacidade antioxidante equivalente ao trolox (TEAC) ........................................ 43

4.5.1.2 - Capacidade de absorção do radical oxigênio (ORAC) ........................................... 43

4.5.1.3 - Atividade sequestradora do radical 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazil (DPPH•) ......... 44

4.5.2 - Ensaio de atividade antiproliferativa com células tumorais humanas ....................... 45

4.5.2.1 - Cultivo celular ........................................................................................................ 46

4.5.2.2 - Preparo das suspensões celulares ........................................................................... 46

4.5.2.3 - Preparo e aplicação das amostras ........................................................................... 47

4.5.2.4 - Análise dos Resultados dos ensaios antiproliferativos ........................................... 48

4.6 - Determinação e identificação dos compostos bioativos ............................................... 49

4.6.1 - Compostos fenólicos totais ........................................................................................ 49

4.6.2 - Determinação de taninos condensados ...................................................................... 49

4.6.3 - Determinação do conteúdo de flavonoides ................................................................ 50

4.6.4 - Cromatografia líquida de ultra alta eficiência acoplado ao espectrômetro de massas

(CLUAE – EM/EM) ............................................................................................................. 50

4.7 - Análise estatística ......................................................................................................... 52

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 53

5.1 – Análise físico-química e centesimal ............................................................................ 53

5.2 - Otimização do tratamento enzimático e extração de compostos com potencial

antioxidante a partir das sementes de A. pavonina L. .......................................................... 54

5.3 - Análise das curvas de contorno .................................................................................... 57

5.4 - Conteúdo de compostos fenólicos ................................................................................ 62

5.5 - Perfil de compostos fenólicos do extrato aquoso do hidrolisado das sementes de A.

pavonina L. .......................................................................................................................... 64

5.6 - Atividade antiproliferativa ............................................................................................ 66

6 - CONCLUSÃO ................................................................................................................... 71

PERSPECTIVAIS FUTURAS .............................................................................................. 72

7 - REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 73

21

1 - INTRODUÇÃO GERAL

Nos últimos anos, os consumidores tornaram-se ainda mais exigentes na busca por

uma alimentação saudável, uma vez que estão cada vez mais conscientes da associação entre a

alimentação e seu impacto à saúde. Atualmente, os alimentos não visam apenas satisfazer a

fome e fornecer os nutrientes necessários para os seres humanos, eles também podem prevenir

doenças e melhorar o bem-estar físico e mental dos consumidores. Por isso, a consciência a

respeito da correlação entre a dieta, saúde e prevenção de doenças está cada vez maior

(MENRAD, 2003; ROBERFROID, 2000). Nas últimas décadas, a indústria alimentar investiu

muitos esforços em pesquisa e desenvolvimento de alimentos mais saudáveis e nutritivos

(LAGOS et al., 2015). Devido à busca crescente dos consumidores por alimentos mais

saborosos e atrativos além de saudáveis e seguros.

Nesse contexto é possível observar que a nutrição evoluiu da prevenção de

deficiências dietéticas e do estabelecimento do conceito de dieta equilibrada para a promoção

do bem-estar, saúde e redução do risco de doenças (ROBERFROID, 2000). O termo alimento

funcional foi utilizado pela primeira vez no Japão, na década de 1980, em referência aos

alimentos utilizados na dieta normal que apresentam benefícios fisiológicos e/ou reduzem o

risco de doenças, tais como doenças cardiovasculares, câncer, diabetes melito, obesidade,

osteoporose e outras doenças crônicas não transmissíveis, além de suas funções básicas

nutricionais (HARDY, 1998; KWAK; JUKES, 2001; STANTON et al., 2005).

Embora o termo alimento funcional tenha sido definido várias vezes

(ROBERFROID, 2002), até agora não existe uma definição consensual para este grupo de

alimentos (ALZAMORA et al., 2005). De acordo com a The European Commission’s

Concerted Action on Functional Food Science in Europe (FUFOSE), um produto alimentar

pode ser considerado funcional se, juntamente com o impacto nutricional básico, tenha efeitos

benéficos em uma ou mais funções do organismo humano, melhorando assim as condições

gerais e físicas e/ou diminuindo o risco de doenças. Um alimento é considerado funcional

quando apresentar compostos biologicamente ativos naturalmente presentes ou adicionados

intencionalmente nos alimentos, além disso, a bioatividade deve ser comprovada em ensaios

clínicos. Assim, pílulas ou cápsulas contendo moléculas bioativas não são considerados como

alimentos funcionais (DIPLOCK et al., 1999).

Os compostos bioativos são constituintes extra nutricionais e ocorrem em pequenas

quantidades nos alimentos e podem ser obtidos por meio de uma dieta equilibrada, reduzindo o

22

estresse oxidativo e o risco de doenças, especialmente câncer e aterosclerose, pois podem

neutralizar as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio resultantes dos processos oxidativos

intracelulares. Especialistas afirmam que pelo menos um terço dos casos de câncer e cerca da

metade das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas por meio da dieta (LUZIA; JORGE,

2013; VOLP; RENHE; STRINGUETA, 2009).

Nos últimos anos, estudos avaliaram a composição química de frutos e sementes

exóticas a fim de encontrar fontes naturais de componentes bioativos que podem auxiliar na

prevenção de doenças (HOLSER; BOST; VAN BOVEN, 2004; GONG et al., 2012; LUZIA;

JORGE, 2013). As diferentes partes das plantas têm sido utilizadas na medicina popular para o

tratamento de doenças e suas características medicinais têm sido investigadas cientificamente

em todo o mundo (SINGH; SHARMA; SARKAR, 2012). Dentre as plantas utilizadas na

medicina popular destaca-se a Adenanthera pavonina L. No entanto, poucos estudos abordaram

sua composição química e seus benefícios à saúde.

Adenanthera pavonina L. é uma espécie exótica pertencente ao grupo da família

Fabaceae e subfamília Mimosoideae (JOLY, 2002; JUDD et al., 2009). É uma árvore tropical

originária da Índia, tendo sido introduzida em diversos países, como Malásia e Brasil.

Popularmente conhecida como semente de carolina, olho-de-pavão e falso pau brasil, a

Adenanthera pavonina L. apresenta porte médio e pode ter tamanho variável entre 6 e 20 metros

de altura (JAROMIN; KORYCIŃSKA; KOZUBEK, 2011). As sementes de Adenanthera

pavonina L. foram muito utilizadas para pesar ouro, devido a exatidão de 4 unidades

corresponderem a 1 grama. Atualmente, devido a sua textura e beleza, de colocação vermelho

brilhante, as sementes são utilizadas artesanalmente para produção de bijuterias.

Várias partes da planta Adenanthera pavonina L., tais como semente, folha e

madeira, têm sido utilizadas na medicina popular para o tratamento de gota, inflamações, febre

e reumatismo (JAROMIN; KORYCIŃSKA; KOZUBEK, 2011). A semente de Adenanthera

pavonina L. apresenta capacidade anti-inflamatória (OLAJIDE et al., 2004) e sua atividade

anticancerígena foi mencionada por Mujahid et al. (2016). No entanto, para estabelecer o

potencial funcional desta semente são necessários mais estudos para valorizar e preservar a

espécie.

23

2 – OBJETIVOS

2.1 - Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho foi estudar os compostos bioativos das sementes de

Adenanthera pavonina L. utilizando extração assistida por enzimas.

2.2 - Objetivos específicos

• Determinar a composição centesimal das sementes da Adenanthera pavonina L.;

• Avaliar o tratamento enzimático mais adequado para a obtenção de compostos

bioativos antioxidantes das sementes da Adenanthera pavonina L.

• Avaliar qual o melhor solvente, dentre os propostos no trabalho, para a obtenção

de compostos bioativos antioxidantes presentes nas sementes da Adenanthera pavonina L.;

• Avaliar a capacidade antioxidante dos extratos das sementes da Adenanthera

pavonina L pelos métodos TEAC (capacidade antioxidante equivalente ao Trolox), DPPH

(atividade sequestradora do radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazil) e ORAC (capacidade de absorção

do radical oxigênio);

• Determinar o perfil de compostos fenólicos no extrato das sementes de

Adenanthera pavonina L. por meio de cromatografia líquida de ultra alta eficiência (CLUAE);

• Determinar espectrofotometricamente o conteúdo total de compostos fenólicos,

taninos condensados e flavonoides;

• Avaliar a atividade anticancerígena utilizando o ensaio de atividade

antiproliferativa com células tumorais humanas.

24

3 - REVISÃO DA LITERATURA

3.1 - Adenanthera pavonina L.

Adenanthera é uma palavra de origem grega formada pelos termos adeno

(glândulas) e antera (antera), ou seja, a presença de uma glândula aderida a antera que é o local

onde são produzidos os grãos de pólen (SILVA; DE SOUZA; CARREIRA, 2004).

Conhecida popularmente como semente de carolina, olho-de-pavão e falso pau

brasil, a Adenanthera pavonina L. (Figura 1) é uma árvore pertencente à família Fabaceae que

apresenta porte médio e pode ter tamanho variável entre 6 e 20 metros de altura (JAROMIN;

KORYCIŃSKA; KOZUBEK, 2011). Adenanthera pavonina L. é uma árvore de crescimento

rápido incluída no Global Compedium of Weeds como uma erva natural e agrícola (RANDALL,

2012). A classificação taxonômica da planta Adenanthera é mostrada como segue: Classe

Magnoliopsida; Ordem Fabales; Família Fabaceae; Subfamília Mimosoideae; Gênero

Adenanthera; Espécie Adenanthera pavonina; Tribo Mimoseae; Adenanthera pavonina.

Figura 1. Aspectos gerais da árvore e sementes da Adenanthera pavonina L. A) Árvore,

B) Folhas C) Vagem e semente D) Sementes. Fonte: Maurício Mercadante.

No Brasil, a Adenanthera pavonina L. foi incorporada como planta ornamental,

para arborização urbana, paisagismo e pela sua madeira nobre. Devido a sua fácil adaptação e

rápido crescimento, pode ser encontrada em quase todo o território nacional, em regiões de

clima tropical, como nos Estados do Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul e na Região

Nordeste, entre outros (D´AGOSTINI et al., 2009).

Sua madeira possui coloração avermelhada e apresenta elevada qualidade para a

construção civil e marcenaria. Suas folhas são pecioladas e paripinadas devido a sua ligação

A B C D

25

com um pecíolo e pelo número de folíolos no ápice serem pares, respectivamente, contendo de

dois a cinco pares de pinas em lados contrários e de seis a dez folíolos curtos. As flores possuem

coloração amarelo-pálida e suas vagens são estreitas, compridas e de coloração marrom que ao

se abrirem liberam as sementes maduras. O tronco da árvore apresenta coloração marrom escuro

na superfície externa e branco acinzentado na parte interna (ALVES; KUBOTA, 2013;

MUJAHID et al., 2016).

As sementes moídas de Adenanthera pavonina L. são utilizadas popularmente na

Índia no tratamento de inflamações, enquanto o líquido obtido após o cozimento das folhas é

empregado no tratamento de reumatismo e gota (JAROMIN; KORYCIŃSKA; KOZUBEK,

2011). Na medicina popular as sementes cozidas são utilizadas para o tratamento de infecções

pulmonares e aplicadas no tratamento de oftalmia crônica (GHANI, 2003). Na Índia,

Adenanthera pavonina L. tem sido tradicionalmente utilizada no tratamento de diabetes

mellitus e desordens no metabolismo lipídico (PANDHARE et al., 2012). Além disso, existem

vários relatos na literatura a respeito das atividades anti-inflamatória (OLAJIDE et al., 2004),

antioxidante (MUJAHID et al., 2015; RODRIGO; JAYASINGHE e BANDARA, 2007),

antimicrobiana (CHAUHAN et al., 2015), antidiabética (PANDHARE e

SANGAMESWARAN, 2012), anticancerígena (CHAUHAN et al., 2015), anticonvulsivante

(ONI et al., 2009), antidepressiva (ONI et al., 2009) e antifúngica (MUJAHID et al., 2016) de

extratos de folhas, sementes casca e tronco de Adenanthera pavonina L.. As atividades

biológicas da Adenanthera pavonina L. reportadas na literatura estão apresentadas na Tabela

1.

Adenanthera pavonina L. é uma árvore alimentícia, pois se consome suas sementes

e folhas após o cozimento. Na Índia, as sementes são assadas ou cozidas antes de serem usadas

como complemento alimentar com arroz para crianças e adultos (MUJAHID et al., 2016).

Segundo Howes (1974) e Yadav et al. (1976), as sementes e as vagens da Adenanthera

pavonina L. contém diversos fitoquímicos com destaque para os glicosídeos, saponinas e

esteroides. As sementes apresentam o composto O-acetiletanolamina como princípio ativo anti-

inflamatório (PANDHARE et al., 2012). As folhas possuem octacosanol, dulcitol, e os

fitoesteróis glicosídeos de β-sitosterol e estigmasterol, e a casca contém glicosídeo

estigmasterol (KHARE, 2007). O composto β-sitosterol apresenta ampla variedade de

benefícios reconhecidos cientificamente contra doenças inflamatórias, disfunções imunes e

artrite reumatoide (BOUIC et al., 1996). No entanto, as sementes exóticas ainda são pouco

26

exploradas comercialmente, sendo necessários mais estudos para melhor compreensão de suas

atividades biológicas bem como seus benefícios à saúde humana.

Tabela 1 - Atividades biológicas in vitro e in vivo da Adenanthera pavonina L.

Atividade

biológica Exemplo

Dose resposta

ou

concentração

do extrato

Referência

Atividade anti-

hipertensiva

O extrato metanólico das sementes reduziu a pressão

sanguínea em camundongos após um período de 4

semanas.

200 mg/kg Adedapo et

al. (2009)

Atividade

antidiabética

Extrato aquoso das sementes reduziu o conteúdo de

proteinúria, albuminúria, níveis de lipídios e HbA1c

em ratos diabéticos.

50 mg/kg Pandhare et

al. (2012)

Atividade anti-

inflamatória

Extrato metanólico das sementes reduziu

significativamente a inflamação de edema de pata em

ratos.

200 mg/kg Olajide et

al. (2004)

Extrato metanólico da casca da árvore inibiu a

inflamação de edema de pata em ratos. 400 mg/kg

Ara et al.

(2010)

Extrato metanólico das folhas inibiu a biossíntese de

prostaglandina e reduziu células inflamatórias em

ratos.

200 mg/kg Jayakumari

et al. (2012)

Atividade

anticonvulsivante

Extrato metanólico das sementes reduziu

significativamente a incidência e a duração da

convulsão induzida em ratos.

50 mg/kg Oni et al.

(2009)

Atividade

antimicrobiana

Extratos metanólicos da semente apresentaram

atividade antimicrobiana contra Salmonella sp,

Serretia sp, Pseudomonas aeruginosa,

Staphylococcuus aureus e Klebsiella pneumoniae,

enquanto o extrato metanólico das folhas inibiu o

crescimento de Salmonella sp, Shigella sp e Proteus

Mirabili.

50 mg/mL Chauhan et

al. (2015)

Atividade

antioxidante

Extrato metanólico das folhas neutralizou os danos

causados por espécies reativas de oxigênio (EROs).

Além disso, o extrato foi eficiente no sequestro de

radical DPPH.

IC50 = 425

μg/mL

Mujahid et

al. (2015)

Atividade

anticancerígena

Extrato metanólico das sementes apresentaram

eficácia contra a linhagem tumoral de câncer de osso

(MG 63). No entanto, o extrato metanólico das folhas

não apresentaram efeito anticancerígeno contra

hepatocarcinoma.

GI50 = 73.48

μg/mL

Chauhan et

al. (2015)

Dose resposta, extrato/peso corpóreo (mg/kg); IC50, concentração em μg/mL de extrato metanólico das folhas de

Adenanthera pavonina L. requerida para diminuir 50% da concentração inicial do radical DPPH; GI50,

concentração necessária para inibição de 50% da viabilidade celular

27

3.2 - Características da semente de Adenanthera pavonina L. relevantes para abordagem

investigativa

As sementes de Adenanthera pavonina L. apresentam uma quantidade significativa

de proteína e lipídios (Tabela 2), sendo a farinha desta semente uma alternativa como fonte de

proteínas na alimentação animal. Uma pequena quantidade de compostos que podem apresentar

alguma característica antinutricional foram encontrados nas sementes, tais como taninos (1,91

g/100 g), fitatos (0,13 g/100 g) e L-DOPA (2,86 g/100 g), sendo estes valores similares a outros

alimentos consumidos, como feijão e ervilha (APATA; OLOGHOBO, 1994; EZEAGU et al.,

2004; SIDDHURAJU; VIJAYAKUMARI; JANARDHANAN, 1996

Tabela 2 - Composição química da semente de carolina (Adenanthera pavonina L.)

Parâmetros Conteúdo

Composição Centesimal (g/100g MS)

Proteína 29,44

Lipídios 17,99

Cinzas 2,37

Carboidratos 50,20

Açúcares totais 8,22

Amido 41,95

Valor energético (kJ/g) 19,20

Minerais (mg/100g MS)

Sódio 512,53

Potássio 1252,85

Ferro 10,25

Cobre 2,28

Zinco 4,56

Manganês 2,28

Fonte: Adaptado de (EZEAGU et al., 2004).

3.3 - Compostos bioativos antioxidantes

Os compostos bioativos em alimentos são classificados como substâncias extra

nutricionais que ocorrem em pequenas quantidades e que oferecem benefícios à saúde além do

valor nutricional básico (NIRMALA; BISHT; LAISHRAM, 2014). Os compostos bioativos são

produzidos como metabólitos secundários de plantas e são conhecidos como substâncias que

têm efeito em sistemas biológicos por apresentam potencial terapêutico e contribuir para as

28

atividades biológicas (AZMIR et al., 2013; SINGH et al., 2016). Os produtos naturais ricos em

compostos bioativos são promissoras fontes para o desenvolvimento de novos medicamentos,

alimentos funcionais e aditivos alimentares (REN et al., 2013). Extratos de plantas contendo

compostos bioativos podem ser usados como ingredientes funcionais na produção de

medicamentos e cosméticos (BITENCOURT et al., 2014).

Os vegetais produzem uma grande variedade de compostos orgânicos essenciais

para o crescimento e para a reprodução vegetal que estão envolvidos diretamente na função

estrutural e de armazenamento de energia, tais como os carboidratos, aminoácidos e lipídios.

Por outro lado, outros compostos não estão associados diretamente aos processos de

crescimento, desenvolvimento e reprodução dos organismos vegetais. Esses compostos são

conhecidos como metabólitos secundários, cuja função é defender os vegetais contra o ataque

de herbívoros e patógenos, além de atuarem como atrativos para animais polinizadores e

dispersores de sementes (TAIZ; ZEIGER, 2006). Os metabólitos secundários de plantas podem

ser divididos em três grupos quimicamente distintos: terpenos, compostos fenólicos e

compostos nitrogenados (CROTEAU; KUTCHAN; LEWIS, 2000; SHAHIDI, 1997;

SHAHIDI; HO, 2005; SHAHIDI; NACZK, 2004; TAIZ; ZEIGER, 2006). Os compostos

bioativos mais estudados e comumente encontrados em fontes naturais são os compostos

fenólicos, que apresentam inúmeros benefícios para a saúde (GUINÉ et al., 2011), bem como

diversas aplicações na ciência e indústria de alimentos.

Quimicamente, os compostos fenólicos contêm pelo menos um anel aromático com

um ou mais substituintes hidroxílicos (APAK et al., 2007; HAMINIUK et al., 2012), e podem

estar associados com carboidratos (simples ou complexos), lipídios, ácidos orgânicos e

componentes da parede celular (celulose, hemiceluloses e lignina) (QUIROS-SAUCEDA et al.,

2014; VELDERRAIN-RODRÍGUEZ et al., 2014). A estrutura dos compostos fenólicos varia

de moléculas simples (ácidos fenólicos) até polímeros (proantocianidinas). Exemplos de

estruturas de compostos fenólicos comumente encontrados nas plantas estão apresentadas na

(Figura 2). Os compostos fenólicos são sintetizados durante o desenvolvimento normal da

planta, bem como em resposta a diferentes condições de estresse, radiação UV e ferimentos

(NACZK; SHAHIDI, 2004). Esses compostos são metabólitos secundários abundantemente

encontrados em plantas e podem ser classificados como compostos solúveis em água, tais como

os ácidos fenólicos, fenilpropanoides, flavonoides e quinonas, ou compostos insolúveis em

água, tais como os taninos, lignanas e ácidos hidroxicinamínico ligados à parede celular

(RISPAIL; MORRIS; WEBB, 2005).

29

Figura 2. Estrutura de compostos fenólicos comumente encontrados nas plantas.

Fonte: Adaptado de Apak et al. (2007). As estruturas químicas foram obtidas com o auxílio do

banco de dados ChemSpider (http://www.chemspider.com) e do software ACD/ChemSketch

versão 2015.2.5 (ACD LABS, Toronto, Canadá).

30

Apesar da grande variedade de compostos fenólicos que ocorrem na natureza, os

principais são ácidos fenólicos, flavonoides e taninos (KING; YOUNG, 1999). Os ácidos

fenólicos ocorrem nas matrizes vegetais na forma de ésteres ou como glicosídeos conjugados

com outros compostos como flavonoides, álcoois, esteróis e glicosídeos (GUINÉ et al., 2011).

Os ácidos fenólicos são classificados em dois subgrupos, conhecidos como ácidos

hidroxibenzoicos que possuem em comum a estrutura C6-C1 e os ácidos hidroxicinâmicos que

são compostos aromáticos de cadeia lateral com três carbonos C6-C3 (BRAVO, 1998). Os

ácidos hidroxibenzoicos incluem o ácido gálico, p-hidroxibenzoico, ácido protocatecuico,

vanílico e siríngico, os quais estão frequentemente presentes na forma ligada e são componentes

de estruturas complexas como ligninas e taninos hidrolisáveis, sendo encontrados como

derivados de açúcares e ácidos orgânicos em alimentos vegetais. Os ácidos hidroxicinâmicos

incluem o ácido cafeíco, ferúlico, p-cumárico e sinápico que estão presentes principalmente na

forma insolúvel, ligados a componentes estruturais da parede celular, como celulose, lignina e

proteínas através de ligações éster (LIU, 2007).

Os flavonoides são uma grande família de compostos fenólicos sintetizados por

plantas que apresentam na sua estrutura três anéis na forma C6-C3-C6 que constituem diferentes

classes de compostos, tais como, antocianinas, chalconas, flavanois, isoflavonas, flavonas,

flavononas e flavonois com base em diferentes padrões de substituição como os grupos

metoxila e hidroxila (SHAHIDI; YEO, 2016). Entre as propriedades dos flavonoides, a ação

anti-inflamatória, a capacidade de eliminação de radicais livres e inibição de enzimas

hidrolíticas e oxidativas estão entre as mais conhecidas (FRANKEL, 1997; KUMAR;

PANDEY, 2013).

Os taninos são compostos fenólicos solúveis em água com massas moleculares

entre 500 e 3000 Da (BATE-SMITH; SWAIN, 1962) que possuem propriedades especiais,

como a capacidade de formar complexos insolúveis em água com os alcalóides, gelatina e

outras proteínas (SANTOS-BUELGA; SCALBERT, 2000). Baseados na estrutura química e

propriedades, os taninos podem ser divididos em dois principais grupos: taninos hidrolisáveis

e condensados. Os taninos hidrolisáveis são compostos que contém um núcleo central de glicose

ou outro poliol esterificado, com ácido gálico, também chamado de galotaninos ou ácido

hexahidroxidifênico (HHDP) (KOLECKAR et al., 2008) e são encontrados em menor

concentração em plantas que os taninos condensados (CLIFFORD; SCALBERT, 2000;

HASSANP OUR et al., 2011). Os taninos condensados são oligômeros e polímeros formados

pela policondensação de duas ou mais unidades de flavon-3-ol (SCHOFIELD; MBUGUA;

31

PELL, 2001). Os taninos também são conhecidos como proantocianidinas devido a capacidade

em se decompor em antocianidinas quando aquecidos em soluções etanólicas. As unidades

básicas mais frequentes dos taninos condensados são derivadas dos flavan-3-ols: catequina,

epicatequina, galocatequina (KOLECKAR et al., 2008).

Os compostos fenólicos despertam grande interesse devido a sua capacidade

antioxidante observada em estudos in vitro e in vivo. Os compostos fenólicos podem ser

encontrados nas plantas, principalmente, nas formas livre (ex.: ácido gálico), glicosilados (ex.:

naringina), esterificados (ex.: proantocianidinas) e insolúveis (ex.: ácido ferúlico ligado a

parede celular) (SHAHIDI; YEO, 2016). A maioria dos compostos fenólicos insolúveis formam

ligações covalentes com substâncias da parede celular, tais como pectina, celulose,

arabinoxilana, e proteínas estruturais. Os compostos fenólicos insolúveis ligados a parede

celular representam uma grande quantidade (cerca de 20-60% em vegetais, frutas e leguminosas

– sementes) em comparação com os compostos fenólicos solúveis (livres, glicosilados e

esterificados) em alimentos (NAYAK; LIU; TANG, 2015; SHAHIDI; YEO, 2016).

Os compostos fenólicos apresentam uma grande variedade de bioatividades, tais

como efeito antialérgico (BENAVENTE-GARCIA et al., 1997), anti-inflamatório

(MIDDLETON; KANDASWAMI; THEOHARIDES, 2000), antiaterogênico

(BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006), antimicrobiano (PUUPPONEN-PIMIA

et al., 2001), antioxidante (BENAVENTE-GARCIA et al., 2000), antitrombótico,

cardioprotetor e vasodilatador (MANACH; MAZUR; SCALBERT, 2005; SAMMAN; LYONS

WALL; COOK, 1998).

Os efeitos benéficos derivados dos compostos fenólicos podem ser atribuídos, em

parte, a sua atividade antioxidante (HEIM; TAGLIAFERRO; BOBILYA, 2002). Alimentos

com alto conteúdo de compostos fenólicos geralmente apresentam elevado potencial

antioxidante (PARR; BOLWELL, 2000), portanto, alimentos ricos em fenólicos podem ser uma

importante fonte natural de antioxidantes (HAMINIUK et al., 2012).

A capacidade antioxidante dos compostos fenólicos é atribuída pelo sequestro

radicais livres, doar átomos de hidrogênio ou elétrons e quelar cátions metálicos (AFANAS’EV

et al., 1989; AMAROWICZ et al., 2004). A estrutura química dos compostos fenólicos é um

fator determinante na sua capacidade de eliminar radicais livres e de quelar íons metálicos

(BALASUNDRAM; SUNDRAM; SAMMAN, 2006). A capacidade antioxidante dos ácidos

fenólicos depende do número e posições dos grupos hidroxílicos em relação ao grupo funcional

carboxil, assim a atividade antioxidante aumenta com o grau de hidroxilação, por exemplo, o

32

ácido gálico trihidrolixado apresenta alta atividade antioxidante. No entanto, a substituição do

grupo hidroxila na posição 3 e 5 com grupos metoxil reduz a atividade do ácido siríngico

(RICE-EVANS; MILLER; PAGANGA, 1996; ROBARDS et al., 1999).

3.4 - Capacidade antioxidante

A oxidação é um processo metabólico natural de organismos vivos na produção de

energia necessária para atividades vitais das células. No entanto, o metabolismo do oxigênio

nas células vivas causa a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e/ou nitrogênio

(ERN) (ROESLER et al., 2006). De acordo com Davies (1995), a oxidação consiste na

transferência de elétrons a partir de um átomo para outro e representa uma parte essencial do

metabolismo e da vida aeróbica, pois o oxigênio é o aceptor final de elétrons no sistema de

fluxo de elétrons que produz energia na forma de ATP. Dessa forma, o estresse oxidativo é um

resultado inevitável da vida em um ambiente rico em oxigênio (DAVIES, 2001).

Radicais livres ou espécies reativas de oxigênio ou nitrogênio são átomos,

moléculas ou íons altamente instáveis e reativos devido à presença de um ou mais elétrons

desemparelhados (SITTA et al., 2014), que favorece a reação de oxidação de outras moléculas,

como lipídios, proteínas e DNA, com o intuito de promover a estabilidade da molécula

(GOMES et al., 2012).

Espécies reativas de oxigênio (ERO) na forma de ânion superóxido (O2•‾), peróxido

de hidrogênio (H2O2) e radical hidroxila (HO•) são subprodutos naturais do metabolismo

humano (AMAROWICZ et al., 2004). Quando em excesso no organismo, podem atacar as

moléculas biológicas, como lipídios, proteínas, enzimas, DNA e RNA, levando a lesão de

células ou dos tecidos associados a doenças degenerativas (JUNG et al., 1999; PIERGIORGIO

PIETTA; SIMONETTI; MAURI, 1998; VALENTÃO et al., 2002). Embora o organismo

apresente mecanismos de defesa no combate e redução do dano oxidativo, evidências

epidemiológicas indicam que o consumo de alimentos que contêm antioxidantes,

principalmente flavonoides e outros polifenóis, associado a um estilo de vida saudável podem

auxiliar o organismo no combate e redução dos danos oxidativos (CAO et al., 1998; PULIDO;

BRAVO; FULGENCIO, 2000).

Um antioxidante é uma molécula capaz de retardar ou reduzir a oxidação de outras

moléculas (HALLIWELL, 1996; GULCIN, 2012). Os compostos antioxidantes podem

neutralizar os radicais livres e indiretamente aumentar a vida útil de um alimento, retardando o

processo de peroxidação lipídica, que é um dos principais mecanismos de deterioração dos

33

alimentos durante o processamento e armazenamento (HALLIWELL, 1996). Os antioxidantes

protegem o organismo humano dos efeitos deletérios dos EROs (quando em excesso),

retardando o desenvolvimento de diversas doenças crônicas bem como a peroxidação lipídica.

Eles são frequentemente adicionados aos alimentos para prevenir e/ou evitar reações em cadeia

provocadas pelos radicais durante o processo oxidativo (BREWER, 2011; GULCIN, 2012).

O interesse por antioxidantes naturais também está relacionado com a possibilidade

destes compostos serem utilizados como substitutos aos antioxidantes sintéticos utilizados pela

indústria farmacêutica, cosmética e, principalmente, alimentícia (ALMEIDA et al., 2011).

Dessa forma, diversas técnicas têm sido desenvolvidas e aperfeiçoadas para avaliação e

identificação de antioxidantes em matrizes vegetais.

A capacidade de um composto antioxidante em sequestrar radicais livres pode ser

investigada por meio do uso de radicais estáveis de referência ou por métodos de competição

empregando espectrofotômetro convencional operando no UV/Visível. Nestes métodos, o

antioxidante reduz o composto cromogênico de natureza radical e, consequentemente, ocorre o

desaparecimento ou modificação da região cromófora, ou seja, perda da intensidade de

coloração do meio reacional. Assim, o grau de mudança de cor (mensurado por meio da

absorbância a um determinado comprimento de onda) está correlacionado com a concentração

de antioxidantes na matriz alimentar (THATOI; PATRA; DAS, 2014). Os métodos utilizados

para avaliar a atividade antioxidante podem ser classificados de acordo com o mecanismo de

reação, como métodos de transferência de átomos de hidrogênio ou métodos de transferência

de elétrons (APAK et al., 2007).

De acordo com Apak et al. (2007), os métodos baseados na transferência de átomos

de hidrogênio medem a capacidade que um antioxidante (AH) tem em sequestrar radicais livres

(R•) pela doação de átomo de hidrogênio (H•). Nestes métodos, tanto o indicador fluorescente

quanto os antioxidantes presentes reagem diretamente com o radical, dessa forma a atividade

antioxidante é determinada através da competição, onde é necessário medir a curva de

decaimento da fluorescência do indicador na presença e ausência de antioxidantes e integrando

a área sob a curva. Dentre os métodos está a Capacidade de Absorção do Radical Oxigênio

(ORAC).

R• + AH → RH + A•

Equação 1. Equação de transferência de átomos de hidrogênio (APAK et al., 2007).

34

Os métodos baseados na transferência de elétrons medem a capacidade de um

antioxidante (AH) em reduzir qualquer composto, normalmente íons metálicos, grupos

carbonila e radicais (R•), por meio da transferência de um elétron. Na maioria destes ensaios,

os antioxidantes reagem com um indicador fluorescente ou colorimétrico (agente oxidante). Os

ensaios espectrofotométricos baseados na transferência de elétrons medem a capacidade de um

antioxidante em reduzir um agente oxidante, o qual muda de cor quando reduzido, sendo que o

grau de mudança de cor (um aumento ou redução da absorbância a um dado comprimento de

onda) é correlacionado à concentração de antioxidantes presentes na amostra (APAK et al.,

2007). Dentre os métodos incluem-se o método de Capacidade Antioxidante Equivalente ao

Trolox (TEAC) e de Atividade Sequestradora do Radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH•);

R• + AH → R‾ + AH•+

AH•+ + H2O → A• + H3O+

R‾ + H3O+ → RH + H2O

AH + M3+ → AH+ + M2+

Equação 2. Equação de transferência de elétrons (APAK et al., 2007).

No entanto, não há procedimento padronizado para avaliar a capacidade

antioxidante, por isso, é necessário realizar diferentes ensaios, com fundamentos e mecanismos

de ação diferentes (OLIVEIRA et al., 2009). DPPH, TEAC e ORAC estão entre as técnicas

mais utilizadas para avaliação da capacidade antioxidante de extratos de plantas e alimentos.

Na Tabela 3 estão apresentados os métodos mais utilizados para determinação da capacidade

antioxidante in vitro de matrizes vegetais.

35

Tabela 3 - Principais métodos e seus princípios de ação utilizados na determinação da atividade

antioxidante de componentes alimentares.

Método Princípio Referências

Capacidade de

Absorção do Radical

Oxigênio (ORAC)

O método ORAC mede a habilidade que um antioxidante tem

contra o radical peroxila, onde o antioxidante e um marcador

fluorescente (normalmente fluoresceína) competem cineticamente

por radicais peroxila gerados através da decomposição de

compostos nitrogenados tais como AAPH (2,2’-azobis-(2-

metilpropionamidina)-dihidroclorado) a 37 °C e pH fisiológico. A

atividade antioxidante pode ser determinada calculando a curva de

decaimento da fluorescência de um indicador na presença e

ausência de antioxidantes, integrando a área sob essas curvas

(emissão 520 nm e excitação 485 nm).

Apak et al.

(2007)

Capacidade

Antioxidante

Equivalente ao

Trolox (TEAC)

No método TEAC, o composto ABTS é oxidado por oxidantes

(normalmente K2S2O8) à sua correspondente forma radical cátion

(ABTS•+), que absorve a 734 nm (coloração verde-azulado), por

meio da perda de um elétron pelo átomo de nitrogênio do ABTS.

Na presença de qualquer antioxidante ocorre descoloração da

solução acompanhada pelo decréscimo da absorbância que é

proporcional à concentração de sequestradores de radicais

adicionados na solução reagente de ABTS.

Gülçin (2012);

Thatoi, Patra &

Das (2014)

Atividade

Sequestradora do

Radical 2,2-difenil-

1-picrilhidrazil

(DPPH•)

Este método é baseado na redução do radical DPPH• em solução

alcoólica na presença de um antioxidante doador de elétrons devido

à formação da forma não-radical DPPH-H na reação. Neste ensaio,

o radical cromogênio púrpura (DPPH•), que absorve em um

comprimento de onda de 516 nm, é reduzido por compostos

sequestradores de radicais (antioxidantes) à sua correspondente

forma reduzida (DPPH-H), de coloração amarela, com consequente

desaparecimento da banda de absorção, sendo a mesma

acompanhada pelo decréscimo da absorbância que é proporcional à

concentração de sequestradores de radicais adicionados à solução

reagente de DPPH.

Haminiuk et al.

(2012); Thatoi,

Patra & Das

(2014)

3.5 - Extração assistida por enzimas

A extração é o estágio inicial e um dos passos mais importantes em estudo de

obtenção de compostos bioativos a partir de plantas, pois desempenha um papel significativo e

crucial no rendimento do processo de extração (AZMIR et al., 2013). Ao longo dos anos,

diversas técnicas foram criadas e melhoradas para facilitar a recuperação de compostos

bioativos de matrizes alimentares. Dentre eles, métodos não convencionais, como a extração

assistida por enzimas têm ganhado destaque.

As enzimas, catalisadores de alta especificidade, podem ser empregados na

extração, modificação ou síntese de compostos bioativos de origem natural (PURI; SHARMA;

BARROW, 2012). As enzimas hidrolisam os componentes da parede celular de vegetais e,

consequentemente, ocorre a liberação de compostos bioativos, o que promove o aumento na

36

recuperação destes compostos a partir da matriz vegetal (PINELO; ARNOUS; MEYER, 2006).

O processo de extração assistida por enzima (EAE) consiste em um método inovador para o

uso de enzimas. Primeiramente, essa técnica foi utilizada para facilitar a extração de lipídios e

proteínas a partir de sementes oleaginosas (LIU et al., 2016). A água é utilizada como meio

reacional na EAE, assim, essa técnica é uma alternativa promissora aos métodos convencionais

de extração que empregam solventes orgânicos (BAIANO, 2014). A EAE baseia-se na

capacidade das enzimas de catalisar reações com especificidade e regiosseletividade em

condições de processamento suave e em meio aquoso (GARDOSSI et al., 2010)

A EAE apresenta mais vantagens em relação aos métodos de extração

convencionais por possuir apelo ecológico já que nessa técnica não são utilizados solventes

orgânicos, apresenta maior rendimento e menor gasto de tempo na extração, o produto final

apresenta maior qualidade devido à ausência de resíduos de solventes e baixo consumo de

energia. Para a eficiência do processo, é necessário compreender parâmetros bioquímicos

relacionados às enzimas, como modo de ação, propriedade catalítica, condições ótimas de

atuação e quais enzimas ou combinação delas são mais adequadas para a obtenção dos

compostos de interesse (PURI; SHARMA; BARROW, 2012).

Devido as suas vantagens, a EAE tem despertado o interesse de vários

pesquisadores na busca por combinações de diferentes enzimas (carboidrases e proteases) para

a degradação da parede celular de sementes e frutos (LIU et al., 2016). No entanto, essa é uma

técnica que apresenta limitações, devido ao elevado custo para o processamento de grandes

volumes de matéria-prima, a disponibilidade de preparações enzimáticas que não podem

hidrolisar completamente as paredes celulares de vegetais, a dificuldade do uso em escala

industrial já que as enzimas se comportam de forma diferente nas condições do meio ambiente

(porcentagem de oxigênio, temperatura e disponibilidade de nutrientes) (BAIANO, 2014).

A liberação de compostos bioativos de células vegetais por degradação e extração

pode ser otimizada usando preparações enzimáticas únicas ou combinadas (BAIANO, 2014).

A combinação das enzimas amilase, celulase e protease foi mencionada (SHARMA; GUPTA,

2001; FANG; MOREAU, 2014) por melhorar o rendimento da extração de óleo a partir do

farelo de arroz e do trigo. A combinação das enzimas α-amilase e celulase tem sido usada para

a recuperação de ácidos fenólicos a partir da cevada (YU; VASANTHAN; TEMELLI, 2001).

As enzimas podem ser de origem bacteriana, fúngica, animal e de vegetal. Para aumentar o

rendimento da extração as condições operacionais, tais como temperatura, tempo, pH e relação

enzima-substrato, podem ser otimizadas (BAIANO, 2014).

37

A enzima celulase é uma carboidrase que hidrolisa as ligações β-1,4 glicosídicas da

celulose e pode romper a integridade da parede celular de plantas. As preparações de enzimas

celulolíticas hidrolisam os componentes da parede celular, como a hemicelulose, celulose e

lignina, aumentando o rendimento da extração (PURI; SHARMA; BARROW, 2012) de

compostos, por exemplo, antioxidantes, polissacarídeos, óleos, pigmentos naturais e aromas

(DE MOURA et al., 2008). Celulase de Thermobifida fusca foi empregado para a extração de

compostos fenólicos a partir de casca de maçã (KIM et al., 2005). Além disso, celulase foi

empregada para melhorar a extração de oligossacarideos a partir de arroz branco, no qual foi

observado um rendimento de aproxidamente 40% (PATINDOL et al., 2007).

As proteases são enzimas que hidrolisam as ligações peptídicas entre os

aminoácidos das proteínas, podendo assim liberar peptídeos bioativos e outros compostos

complexados às proteínas (WEIHOFEN; MARTOGLIO, 2003). O aumento na recuperação de

compostos fenólicos a partir do bagaço de groselha preta foi observado com o uso de proteases

(LANDBO; MEYER, 2001).

A adição de amilase durante o processo de extração melhora a recuperação de

alguns compostos bioativos de interesse que estão ligados a parede celular da planta (AZMIR

et al., 2013). Uma combinação de α-amilase, pectinase, protease e celulase aumentou o

rendimento da extração de oleoresinas e gingerol a partir de gengibre (Zingiber officinale

Roscoe) (NAGENDRA et al., 2013).

Enzimas únicas, por exemplo, celulase, pepsina, pectinase e β-glicosidase, ou

combinadas (ex.: misturas comerciais) foram empregadas na extração de diferentes compostos

antioxidantes, tais como naringenina, antocianinas e carotenoides e outros compostos bioativos

(oligossacarídeos) a partir de diferentes partes de plantas, principalmente, casca e sementes de

frutas (Tabela 4). As cascas e sementes de frutas contêm elevado conteúdo de compostos

fenólicos livres e, principalmente, ligados a parede celular, material lignocelulosíco composto

de celulose, hemicelulose, pectina, proteínas e outras componentes em menor quantidade. O

uso de enzimas capazes de clivar parcial ou totalmente os componentes da parede celular

permite liberar compostos fenólicos facilmente extraíveis com potencial antioxidante, dentre

eles podemos citar o ácido ferúlico e o ácido p-coumárico. Por isso, o uso de EAE na extração

de compostos antioxidantes a partir de subprodutos ou das partes não-comestíveis de plantas

têm sido amplamente estudados nos últimos anos (PURI et al. 2011; KAMMERER et al. 2005;

KIM et al. 2005; PATINDOL et al. 2007; FERRUZZI; GREEN 2006; RUIZ-TERAN et al.

2001; STOLL et al. 2003; MUÑOZ et al. 2004; LI et al. 2006; LANDBO; MEYER 2001).

38

Tabela 4 - Exemplos do uso de extração assistida por enzimas para extração de compostos

antioxidantes a partir de diferentes partes de plantas.

Fonte Enzima Origem Composto Rendimento

(%) Referência

Casca de

laranja

α-L-

Ramnosidase

Escherichia

coli Naringenina n.d

Puri et al.

(2011)

Bagaço de

uva

Enzimas

pectinolíticas e

celulolíticas

n.d

Antocianina e

outros compostos

fenólicos

98,1 Kammerer et

al. (2005)

Casca de

maça Celulase

Thermobifida

fusca

Compostos

fenólicos n.d

Kim et al.

(2005)

Arroz branco Celulase n.d Oligossacarídeos 39,9 Patindol et al.

(2007)

Chá Pepsina n.d Catequina 80 Ferruzzi;

Green (2006)

Vagens β-glicosidase e

pectinase n.d Vanilina 14-21

Ruiz-Teran et

al. (2001)

Bagaço de

cenoura

Pectinex

Ultra SP-L

Aspergillus

aculeatus Carotenoides 0,0064

Stoll et al.

(2003)

Pele de uva Pectinex

BE3-L n.d Antocianinas n.d

Muñoz et al.

(2004)

Casca de

frutas citrícas

Celluzyme

MX n.d

Compostos

fenólicos 65,5

Li et al.

(2006)

Bagaço de

groselha preta Protease Aspergillus niger

Compostos

fenólicos n.d

Landbo;

Meyer (2001)

n.d: não definido

39

4 - MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Bioaromas e Compostos

Bioativos (LBCB) em parceria com os Laboratórios de Bioquímica de Alimentos da

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas

Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) e do Laboratório Thomson de Espectrometria de

Massas (UNICAMP).

4.1 - Coleta e preparação das amostras

As sementes in natura de Adenanthera pavonina L. foram obtidas no Campus da

Universidade de Fortaleza (UNIFOR), localizada em Fortaleza no Estado do Ceará, Brasil. As

amostras foram coletadas entre os meses de setembro e novembro de 2016 e transportadas para

o LBCB - Universidade Estadual de Campinas (FEA-UNICAMP), Campinas, São Paulo /

Brasil, congeladas em caixas térmicas (isopor), até 36 horas após a coleta. As sementes foram

lavadas com água deionizada e secas com papel toalha. Em seguida, as sementes foram

trituradas em moinho de facas (Marconi, model MA340, Brasil) até a obtenção de um pó fino

(≤ 1mm). O pó das sementes foi embalado à vácuo e armazenado em freezer (-20°C) até o

momento das análises (Figura 2).

Figura 3. Preparação da amostra. A) Semente in natura, B) Sementes após o procedimento de

lavagem, C) Sementes trituradas e armazenadas em embalagens seladas à vácuo.

4.2 - Caracterização e composição centesimal da semente de Adenanthera pavonina L.

As amostras foram descongeladas, homogeneizadas e caracterizadas em relação ao

pH (método n° 970.21), sólidos solúveis totais (SST) (método n° 932.12) e acidez total titulável

(ATT) (método n° 942.15) conforme os métodos descritos pela AOAC (Association of Official

40

Analytical Chemists) (HORWITZ e LATIMER, 2012). Os resultados de ATT foram expressos em

g de ácido cítrico (AC) por 100 g de amostra (g AC 100 g-1).

As análises de umidade, proteína (fator de conversão de nitrogênio da proteína

bruta: 6,25), lipídios, fibras e cinzas foram realizadas de acordo com os métodos oficiais da

AOAC (HORWITZ; LATIMER, 2012). Todas as análises foram realizadas em triplicata. O

conteúdo de carboidratos das amostras foi obtido por diferença considerando o conteúdo total

dos demais componentes.

4.3 - Tratamento enzimático do pó das sementes de Adenanthera pavonina L.

Três preparações enzimáticas foram utilizadas no presente estudo: α-amilase

(Termamyl® de Bacillus licheniformis), protease (Neutrase® de Bacillus amyloliquefaciens),

e celulase (Optimase® CX 56L de Bacillus subtilis). Os efeitos isolados e de misturas das

diferentes enzimas foram avaliados utilizando planejamento experimental de misturas (NETO;

SCARMINIO; BRUNS, 2010).

A quantidade e a proporção da mistura das enzimas foram pré-determinadas de

acordo com o designer experimental apresentado na Tabela 5. Para o tratamento enzimático,

amostras contendo 5 g do pó das sementes, 45 mL de tampão fosfato 100 mM pH 7,0 e enzimas

foram incubadas a 50°C sob agitação de 100 rpm (New Brunswick Scientific Classic Series,

model C76, USA) durante 2h. Após o tratamento enzimático, as soluções foram congeladas

imediatamente a - 20 °C para paralisação das reações enzimáticas e, em seguida, foram

liofilizadas.

O processo de hidrólise enzimática utilizando o planejamento experimental de

misturas englobou sete ensaios com os componentes avaliados em 4 níveis: 1) 0 (0%), 1/3

(33%), 1/2 (50%), e 1 (100%) (Tabela 5).

Todos os experimentos realizados foram analisados comparativamente com as suas

respectivas amostras não tratadas enzimaticamente (controle). Equações quadráticas ou cúbicas

foram utilizadas para definição de modelos para cada variável estudada, como mostrado a

seguir:

Equação 3. Equação para definição dos modelos das variáveis estudadas

𝑌𝑖 = 𝛽𝑖𝑋𝑖 + 𝛽𝑖𝑗

𝑞

𝑖<𝑗

𝑞

𝑖=1

𝑋𝑖𝑋𝑗 + 𝛽𝑖𝑗𝑘𝑋𝑖𝑋𝑗𝑋𝑘

𝑞

𝑖<𝑗<𝑘

41

Onde ‘Yi’ representa a resposta estimada pelo modelo, ‘q’ representa o número de

componentes do sistema; ‘Xi, Xj, Xk’ são as variáveis independentes codificadas, ‘βi’ representa

os coeficientes de regressão linear para o efeito de cada termo, ‘βij'’ e ‘βijk’ correspondem aos

efeitos de interação entre as misturas binárias e ternárias. O coeficiente de correlação múltipla

(R2) e o teste de Fisher (análise de variância - ANOVA) foram utilizados para verificar a

adequação estatística dos modelos propostos codificados aos pontos reais. O software

Statistica®11 da Statsoft Inc. (Tulsa, Oklahoma, EUA) foi utilizado para o planejamento

experimental, análise de dados e construção de modelos (NETO; SCARMINIO; BRUNS,

2010).

Tabela 5 - Matriz do planejamento experimental de misturas para obtenção de compostos

bioativos das sementes de Adenanthera pavonina L. utilizando diferentes preparações

enzimáticas.

Ensaios Protease α-Amilase Celulase

Volume

protease

(μL)

Volume α-

amilase

(μL)

Volume

celulase

(μL)

Controle 0,00 0,00 0,00 0 0 0

1 1,00 0,00 0,00 250 0 0

2 0,00 1,00 0,00 0 250 0

3 0,00 0,00 1,00 0 0 250

4 0,50 0,50 0,00 125 125 0

5 0,50 0,00 0,50 125 0 125

6 0,00 0,50 0,50 0 125 125

7 0,33 0,33 0,33 85 85 85

4.4 - Procedimento de extração

A partir das amostras tratadas enzimaticamente foram realizadas as extrações com

diferentes tipos de solventes (água, etanol, metanol, etanol: água (1:1, v/v) e metanol: água (1:1,

v/v) com a finalidade de avaliar o efeito do solvente sobre a extração de compostos com

capacidade antioxidante das sementes de Adenanthera pavonina L.

As extrações foram realizadas de acordo com o método descrito por Arruda et al.

(2017), com algumas modificações. As amostras foram misturadas com os diferentes solventes

(água, etanol, metanol, etanol: água (1:1, v/v) e metanol: água (1:1, v/v) na proporção de 1:10

(p/v). Em seguida, a mistura foi incubada em agitador rotatório (New Brunswick Scientific

Classic Series, modelo C76, EUA) por 30 minutos a 25 ºC e 150 rpm. As amostras foram

42

centrifugadas (Hettich Zentrifugen, modelo Rotanta 460R, Tuttlingen, Alemanha) a 600 g por

6 minutos a 5 °C. Os sobrenadantes foram filtrados em filtro 0,20 µm e usados como extratos

de compostos bioativos. O extrato que apresentou maior capacidade antioxidante foi utilizado

para caracterização de compostos bioativos, bem como avaliação das atividades biológicas,

como pode ser observado na Figura 4.

Figura 4. Fluxograma geral do processo de extração assistida por enzimas de compostos

bioativos das sementes de Adenanthera pavonina L. Abreviações: TPC, conteúdo total de

compostos fenólicos; TFC, conteúdo total de flavonoides.

43

4.5 - Atividades biológicas in vitro

4.5.1 - Avaliação da capacidade antioxidante

4.5.1.1 - Capacidade antioxidante equivalente ao trolox (TEAC)

O ensaio TEACABTS foi realizado conforme método descrito por Leite et al. (2011),

com algumas adaptações. A solução de ABTS•+ foi preparada usando 5 mL de uma solução de

2,2’-Azinobis-[3-ethylbenzothiazoline-6-suphonic acid)-diammonium salt] – (ABTS) 7,0 mM

e 88 μL de uma solução de persulfato de potássio (K2S2O8) 145 mM. O sistema foi mantido em

repouso de 12 a 16 horas a temperatura ambiente e na ausência de luz. Uma vez formado o

ABTS•+, o mesmo foi diluído em água ultrapura (Milli-Q) para o ajuste da absorbância de 0,70

± 0,02 para 734 nm utilizando um espectrofotômetro UV/Visível (Beckman, modelo DU600,

CA, EUA). Em uma cubeta foram adicionados: 200μL de extrato (diluídos em água ultrapura)

e 1000μL de ABTS•+. O controle da reação (reagente ABTS•+) foi preparado de acordo com

o procedimento descrito anteriormente, sem a adição de extrato e adição da água ultrapura

(Milli-Q) que foi usado para corrigir a linha de base. Após 6 minutos de incubação à temperatura

ambiente e no escuro, a absorbância foi medida a 734 nm contra um branco (água ultrapura). A

curva de calibração foi preparada com padrão de Trolox (5 - 150 μM), e os resultados foram

expressos como μmol de equivalentes de Trolox (TE) por g de semente liofilizada (µmol TE/g).

4.5.1.2 - Capacidade de absorção do radical oxigênio (ORAC)

O ensaio ORACFL foi realizado conforme método descrito por Leite et al. (2011),

com algumas adaptações. As reações foram realizadas em microplacas de poliestireno,

específicas para reações de fluorescência, contendo 96 poços. Todos os reagentes e diluições

das frações hidrofílicas (ORACFL-H) dos extratos liofilizados foram preparados diariamente.

Para o ensaio ORACFL-H a cada poço da microplaca foram adicionados: 20 μL de

tampão de fosfato de potássio 75 mM, pH 7,4 (branco), do padrão Trolox ou dos extratos da

semente previamente diluídos, 120 μL de fluoresceína (0,378 μg/mL, pH 7,4) e 60 μL de AAPH

[2,2-Azobis-(2-methylamidinopropane)-dihydrochloride] (108 mg/mL). A amostra, os padrões

e os reagentes (AAPH e fluoresceína) foram preparados em tampão fosfato de potássio 75 mM,

pH 7,4. Para cada ensaio utilizando diferentes placas foi preparada uma curva padrão de Trolox

(50 – 600 µM) específica para a avaliação da fração hidrofílica, seguida das diluições

44

apropriadas. A intensidade da fluorescência foi monitorada a 37 °C logo após a adição do

AAPH a cada ciclo de 60 segundos, por 80 ciclos através de leitor de microplacas (NOVOstar,

modelo BMG Labtech, Offenburg, Alemanha), com os seguintes filtros: excitação 485 nm e

emissão a 520 nm, acompanhado com o Software de análise de dados MARS Data Analysis

versão 1.3 (BMG Labtech, Offenburg, Alemanha). Os resultados foram obtidos com base na

área sob a curva de decaimento da fluorescência ao longo do tempo (AUC) e da área útil

(NAUC), calculadas como descrito nas Equações 4 e 5. Os resultados finais foram expressos

como μmol de equivalentes de Trolox (TE) por g de semente liofilizada (µmol TE/g).

𝐴𝑈𝐶 = 1 + 𝑓𝑖/𝑓0𝑖=80

𝑖=1

Equação 4. Área da curva de decaimento da fluoresceína com adição da substância

antioxidante

Onde, f0 representa a fluorescência obtida no tempo 0 e fi a fluorescência obtida nos

tempos intermediários entre 1 e 80 minutos.

𝑁 𝐴𝑈𝐶 = 𝐴𝑈𝐶𝐸𝑥𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 − 𝐴𝑈𝐶𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜

Equação 5. Área sob a curva de decaimento da fluorescência corrigida

Onde, AUCExtrato é a área sob a curva para a amostra e AUCBranco para o branco.

4.5.1.3 - Atividade sequestradora do radical 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazil (DPPH•)

O ensaio DPPH foi realizado de acordo com Roesler et al. (2007), com algumas

adaptações. Os extratos foram inicialmente diluídos em etanol (p.a.) e 200 μL de cada diluição

foram misturados a 1000 μL de solução DPPH (0,004 % m/v) em cubeta. A mistura foi incubada

por 30 minutos a temperatura ambiente e no escuro. O controle da reação (reagente DPPH) foi

preparado de acordo com o procedimento descrito anteriormente, substituindo o extrato por

etanol (p.a.). A solução de DPPH foi preparada, armazenada em frascos âmbar e mantido ao

abrigo da luz a 4 °C. A absorbância do DPPH remanescente foi determinada a 517 nm contra

um branco (etanol p.a.) usando o espectrofotômetro UV/Visível (Beckman, modelo DU600,

CA, EUA) e a capacidade de sequestrar radicais livres foi calculada de acordo com a Equação

6. A curva de calibração foi preparada com padrão de Trolox (25 - 200 μM) e os resultados

foram expressos em µmol de equivalentes de Trolox (TE) por g de amostra (µmol TE/g).

45

% 𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑖𝑏𝑖çã𝑜 = [(𝐴𝐷𝑃𝑃𝐻 − 𝐴𝐸𝑋𝑇𝑅𝐴𝑇𝑂)

𝐴𝐷𝑃𝑃𝐻] 𝑋 100

Equação 6. Porcentagem de inibição do radical DPPH

Onde, ADPPH é a absorbância da solução de DPPH e AExtrato é a absorbância da amostra.

4.5.2 - Ensaio de atividade antiproliferativa com células tumorais humanas

Com o objetivo de evitar possíveis contaminações e garantir a viabilidade celular,

os testes foram realizados sob condições assépticas em ambiente controlado de fluxo laminar

biológico, utilizando materiais e reagentes previamente esterilizados de acordo com a natureza

de cada um. As linhagens tumorais humanas foram cedidas pelo NCI (Instituto Nacional do

Câncer, Frederick-MA, EUA) e a linhagem de queratinócitos humanos imortalizados (HaCaT)

foi doada pelo Dr. Ricardo Della Coletta (FOP, UNICAMP) (Tabela 6).

Tabela 6 - Linhagens celulares tumorais e não tumoral (HaCaT) utilizadas nos ensaios de

atividade antiproliferativa in vitro e suas densidades de inoculação (DI).

Linhagem celular Sigla DI (x 104 células /mL)

Linhagens tumorais

Glioma U251 3,0

Mama MCF-7 6,0

Ovário com fenótipo de

resistência NCI-ADR/RES 5,0

Rim 786 - 0 3,0

Pulmão NCI - H460 3,5

Próstata PC - 3 3,5

Cólon HT - 29 5,0

Leucemia K562 6,0

Melanoma UACC- 62 4,0

Ovário OVCAR - 3 7,0

Linhagens não

tumorais Queratinótico humano HaCaT 3,0

46

4.5.2.1 - Cultivo celular

As células foram cultivadas em frascos de 25 cm³ (Corning®, EUA) com 5 mL de

meio RPMI 1640 (Gibco®, EUA), suplementado com 5% de soro fetal bovino (SFB-GibcoTM,

EUA) e mantidas a 37 ºC em atmosfera úmida com 5% de CO2. Durante os experimentos, o

antibiótico na solução de penicilina: estreptomicina (Nutricell®, Campinas, 1000 U mL- 1:1000

g mL - 1) foi adicionada ao meio de cultura.

Para linhagens aderidas (com exceção da linhagem de leucemia – K562), o

desprendimento celular foi realizado mediante ação enzimática da tripsina. Para isso, o meio de

cultura foi aspirado, o frasco foi lavado com 500 μL de tampão fosfato (PBS, pH 7,0) para

eliminar resíduos de meio de cultura e, após aspiração do tampão, foram adicionados 500 μL

de tripsina - EDTA 2,5 g/L (Vitrocell®), a 37ºC, até que as células conseguissem se desprender

totalmente. A ação da tripsina foi bloqueada com RPMI + SFB 5% e uma alíquota dessa

suspensão foi transferida aos novos frascos, completando-se o volume para 5 mL.

4.5.2.2 - Preparo das suspensões celulares

Os ensaios de atividade antiproliferativa realizados com os extratos da semente de

Adenanthera pavonina L. obtidos de acordo com o item 4.4 foram realizados segundo o

protocolo descrito por Monks et al. (1991). O crescimento celular foi determinado por

espectrofotometria, utilizando-se o corante proteico sulforrodamina B (SRB, Sigma-Aldrich®)

e as análises de atividade antiproliferativa em culturas de células foram baseadas na

metodologia de triagem in vitro para drogas anticâncer realizada pelo NCI, EUA, que utiliza

um painel de 60 linhagens tumorais humanas (NCI60) (MONKS et al., 1991; SHOEMAKER,

2006). Este protocolo inclui a determinação da densidade celular no tempo 0 (momento de

adição das amostras), o que possibilita o cálculo da concentração que inibe totalmente o

crescimento celular (SHOEMAKER, 2006).

No primeiro dia de experimento, as suspensões celulares foram preparadas com

meio RPMI suplementado com 5% de SFB e penicilina-estreptomicina, em suas respectivas

densidades de inoculação (Tabela 6). Foram inoculados 100 μL/compartimento de cada

suspensão celular em placas de 96 compartimentos (Corning®, EUA), que foram incubadas por

24 horas a 37ºC em atmosfera de 5% de CO2 e ambiente úmido. Do mesmo modo, a placa

controle (T0) foi preparada contendo todas as linhagens celulares utilizadas no experimento

(Tabela 6).

47

4.5.2.3 - Preparo e aplicação das amostras

Os extratos da semente liofilizados das sementes de Adenanthera pavonina L.

foram diluídos em dimetilsulfóxido (DMSO) (Merck®) na concentração de 0,1 g/mL. Para a

adição à cultura de células, estas soluções foram diluídas pelo menos 400 vezes em meio de

cultura RPMI com 5% de SFB e penicilina-estreptomicina (2 mg/L), o que evita a toxicidade

do DMSO. As amostras de extratos da semente diluídas em DMSO foram adicionadas nas

microplacas (cinco amostras por microplaca) nas concentrações de 0,25; 2,5; 25 e 250 μg/mL

(100 μL/compartimento) em triplicata e, a seguir, foram incubadas por 48 horas a 37 ºC em

atmosfera de 5% de CO2 e ambiente úmido (Figura 5). Como controle positivo, utilizou-se o

quimioterápico doxorrubicina, nas concentrações de 0,025; 0,25; 2,5 e 25 μg/mL (100

μL/compartimento) em triplicata.

Figura 5. Representação gráfica da distribuição das amostras na placa de 96 compartimentos

utilizada no teste de atividade antiproliferativa.

No momento de adição das amostras, as células inoculadas na placa controle T0

foram fixadas com a adição de 50 μL/compartimento de ácido tricloroacético (TCA) a 50%

(m/v) (Sigma- Aldrich®) para determinada indiretamente a quantidade de células presentes no

momento em que as amostras foram aplicadas, sendo este o valor basal no tempo 0.

Após 48 horas de tratamento, as células foram fixadas com 50 μL/compartimento

de ácido tricloroacético a 50% (m/v) (TCA, Sigma-Aldrich®, EUA) e incubadas por 1 hora, a 4

ºC. Em seguida, as placas foram submetidas a quatro lavagens consecutivas em água corrente

48

para a remoção dos resíduos de TCA, meio de cultura, SFB e metabólitos secundários. Em

seguida, foram mantidas à temperatura ambiente até a secagem completa.

Após a secagem, foram adicionados 50 μL/compartimento do corante proteico

sulforrodamina B (SRB) (Sigma-Aldrich®) a 0,4 % (m/v) dissolvido em ácido acético a 1 %

(v/v) e, em seguida, as placas foram incubadas à temperatura ambiente por 10 minutos.

As placas foram lavadas 4 vezes consecutivas com solução de ácido acético 1%

(v/v) e, após secagem completa à temperatura ambiente, o corante ligado às proteínas celulares

foi solubilizado com 150 μL/compartimento de Trizma Base (10 mM, pH 10,5) (Sigma-

Aldrich®, EUA). A leitura espectrofotométrica da absorbância foi realizada em leitor de

microplacas a 540 nm (Molecular Devices®, modelo VersaMax).

4.5.2.4 - Análise dos Resultados dos ensaios antiproliferativos

As médias das absorbâncias foram calculadas descontando o valor de seus

respectivos brancos e, por meio das fórmulas abaixo, foi determinada a inibição do crescimento

celular (em porcentagem) de cada linhagem celular em função das concentrações de cada

amostra testada. Os resultados obtidos foram analisados, considerando-se que:

Se T > C, a amostra estimulou o crescimento celular.

Se T0 ≤ T < C, a amostra apresentou atividade citostática e a fórmula utilizada foi

100 x [(T-T0)/ (C-T0)].

Se T< T0, a amostra foi citocida e a fórmula utilizada foi 100 x [(T- T0)/(T0)].

Onde T = representa a média das absorbâncias das células tratadas, C = corresponde

ao controle de células e T0 = controle das células no dia da adição das amostras.

Esses resultados foram expressos em curvas de crescimento celular para cada

linhagem em função da concentração da amostra e, a partir deles, foram calculadas as

concentrações efetivas de GI50 (concentração de amostra necessária para inibição de 50% do

crescimento celular), por meio da regressão não linear, tipo sigmoidal, empregando-se software

ORIGIN 8.0 (OriginLab Corporation).

49

4.6 - Determinação e identificação dos compostos bioativos

4.6.1 - Compostos fenólicos totais

O conteúdo de fenólicos totais foi determinado espectrofotometricamente pelo

método de Folin-Ciocalteau como descrito por Roesler et al. (2007), com algumas

modificações, para a amostra que apresentou maior capacidade antioxidante. Este método

envolve a redução do reagente Folin-Ciocalteau pelos compostos fenólicos, com concomitante

formação de um complexo azul em meio básico, cuja absorbância a 760 nm aumenta

linearmente com a concentração de fenólicos no meio reacional. As amostras da semente

tratadas enzimaticamente (5 g da semente triturada em 45 mL de tampão fosfato 100 mM pH

7,0, 125 µL de protease e celulase, 50 ºC, 100 rpm por 2 horas de incubação) e os padrões da

curva de calibração foram diluídos em etanol 40% (v/v). Em seguida, 100 μL das amostras

diluídas, soluções de calibração ou branco (etanol 40%) foram pipetadas em tubos teste de 10

mL juntamente com 100 μL de reagente Folin-Ciocalteau 50% (v/v). A mistura foi

homogeneizada e deixada em repouso para atingir o equilíbrio. Após 2 minutos, 800 μL de

Na2CO3 5% (m/v) foram adicionados. A mistura foi mantida a temperatura ambiente por 20

minutos. Subsequentemente, a absorbância foi mensurada em cubetas de 1 cm utilizando um

espectrofotômetro UV/Visível (Beckman, modelo DU600, CA, EUA) operando a 760 nm. As

soluções de etanol 40 % (v/v) e Folin-Ciocalteau 50 % (v/v) foram obtidas por meio da diluição

em água. A curva de calibração foi preparada com padrão de ácido gálico (10 - 80 μg/mL), e o

conteúdo de compostos fenólicos totais foi expresso como g de equivalentes de ácido gálico

(GAE) por 100 g de amostra (g GAE.100 g-1).

4.6.2 - Determinação de taninos condensados

A determinação de taninos condensados foi realizada apenas para o extrato que

apresentou maior capacidade antioxidante (item 4.4). Uma alíquota de 30 μL do extrato (diluído

em metanol) foi misturada com 900 μL de vanilina 4% (m/v) preparada com metanol e, em

seguida, foi adicionado 450 μL de HCl concentrado. A mistura foi incubada a temperatura

ambiente por 20 minutos ao abrigo da luz. Após o período de incubação, a leitura da absorbância

foi realizada a 500 nm usando o espectrofotômetro UV/Visível (Beckman, modelo DU600, CA,

EUA). A curva de calibração foi preparada com padrão de catequina (50 - 800 μg/mL), e o

50

resultado foi expresso em mg de equivalente de catequina por grama de amostra

(BROADHURST; JONE, 1978).

4.6.3 - Determinação do conteúdo de flavonoides

O teor de flavonoides totais foi determinado de acordo com o método proposto por

Zhishen et al. (1999), com algumas adaptações, para o extrato que apresentou maior capacidade

antioxidante (item 4.4). A amostra foi preparada em água na concentração de 10 mg/mL,

homogeneizada em agitador de tubos por 30 segundos, seguido de ultrasonicação a 10 °C

durante 30 minutos. Uma alíquota de 100 µL do extrato diluído e 400 µL de água ultrapura

foram homogeneizados e 30 µL de NaNO2 5% (m/v) foi adicionado. Após 5 minutos, 30 µL de

AlCl3 10% foi adicionado. Após 6 minutos, 200 µL de NaOH 1M e 240 µL de água ultrapura

foram adicionados ao sistema de reação. A absorbância da mistura foi comparada a um branco

(água) e medido a 510 nm. Uma curva de calibração foi construída com catequina (25 - 150

μg/mL) e o conteúdo de flavonoides totais foi expresso como mg de catequina equivalente por

100 g.

4.6.4 - Cromatografia líquida de ultra alta eficiência acoplado ao espectrômetro de massas

(CLUAE – EM/EM)

A identificação e a quantificação dos compostos fenólicos no extrato com maior

capacidade antioxidante (item 4.4) foram realizadas por meio de Cromatografia Líquida de

Ultra Alta Eficiência (CLUAE) acoplado ao espectrômetro de massas do tipo triplo quadrupolo,

modelo LCMS-8040 (Shimadzu, Kyoto, Japan), equipado com uma fonte de ionização por

electrospray (IE), de acordo com o método estabelecido por Bataglion et al. (2015), com

algumas adaptações.

Soluções estoque de cada padrão analítico (pureza ≥ 95%; Sigma-Aldrich, St.

Louis, EUA) na concentração de 1 mg/mL foram preparados em metanol e estocados a -80 ºC.

Os extratos e os padrões foram diluídos em água acidificada (0,1% de ácido fórmico, v/v) e

filtrados através de filtros de membrana 0,20 μm antes da injeção. Curvas de calibração foram

construídas (20-1000 ng/mL) para quantificar os compostos fenólicos identificados nos

extratos. Os resultados foram expressos em µg/g de extrato.

A análise dos compostos fenólicos foi realizada no modo negativo. Para cada

padrão analítico, os íons precursores foram determinados em experimentos de varredura e os

51

íons produtos foram escolhidos por experimentos EM/EM. As análises foram conduzidas por

monitoramento de múltiplas reações (MRM) utilizando duas das transições mais seletivas para

cada padrão analítico. As configurações do espectrômetro de massas foram utilizadas para cada

transição como pode ser observado na Tabela 7. Os parâmetros da fonte de ionização foram

voltagem capilar de 3,5 Kv; temperatura de 300 ºC; temperatura da linha de dessolvatação de

250 °C; fluxo de gás de secagem (N2) a 20 L/min; fluxo do gás nebulizador (N2) a 3 L/min);

pressão de gás (Ar) para dissociação induzida por colisão de 228 kPa.

Tabela 7 - Parâmetros de espectrometria de massas para as transições MRM

Composto Transição

(m/z)*

DP (V) CE (V) CXP (V) TR (min)

Ácido

protocatecuico

153,00>109,00 30 15 17 3,71

153,00>108,15 30 30 18

Catequina

289,10>151,00 18 22 24 4,00

289,10>123,00 19 27 28

Ácido 4-

hidroxibenzóico

137,00>93,10 26 16 14 4,35

137,00>65,05 26 28 23

Ácido ferúlico

193,10>134,00 12 17 21 5,00

193,10>178,00 12 11 30

Ácido gentísico

153,00>108,10 29 15 19 5,59

153,00>109,10 29 23 17

Quercetina

301,00>151,00 20 23 24 5,88

301,00>178,96 20 19 30

Naringenina

270,90>151,00 18 17 29 5,99

270,90>119,10 18 29 18

* Primeira linha transição usada para quantificação. Segunda linha transição usada para

identificação. DP: Potencial de orifício, CE: energia de colisão, CXP: potencial de saída da cela

de colisão, TR: tempo de retenção em minutos.

A separação cromatográfica foi realizada em coluna Shim-pack XR-ODS III

(Shimadzu, Kyoto, Japan) com partículas de 2,2 µm, diâmetro interno de 2,0 mm e

comprimento de 150 mm usando a fase binária móvel, onde a temperatura foi mantida a 40 ºC.

O solvente A foi água ultrapura com 0,1% de ácido fórmico e o solvente B foi o metanol. O

52

gradiente de eluição utilizado foi como segue: 0-1 min, 5% B; 1–4 min, 5-60% B; 4–7 min, 60–

70% B; 7–10 min, 70–100% B; 10–10.50 min, 100% B; 10.50–11 min, 100–5% B; 11–15 min,

5% B e fluxo de 0.4 mL/min. A temperatura do autoamplificador permaneceu à 10 °C e o

volume de injeção foi de 10 µL. O processo cromatográfico foi controlado pelo software

Labsolution.

4.7 - Análise estatística

Os resultados foram analisados estatisticamente por meio de análise de variância

(ANOVA). Quando verificada diferença estatística utilizando ANOVA, os tratamentos foram

comparados pelo teste de Tukey HSD. Todas as análises estatísticas foram realizadas com nível

de 5 % de significância (p ≤ 0,05) com o Software STATISTICA versão 11 (Statsoft, Oklahoma,

EUA). Os resultados foram apresentados como média ± desvio padrão da triplicata.

53

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 – Análise físico-química e centesimal

Os valores médios e parâmetros físico-químicos e composição centesimal das

sementes in natura de A. pavonina L. estão apresentados na Tabela 8. As sementes de A.

pavonina L. apresentaram valor de pH igual a 6,09, ATT de 0,51 g AC/100g e SST de 22,63

ºBrix (Tabela 8). As sementes de A. pavonina L. apresentaram maior teor de SST e menores

valores de ATT e pH quando comparada com as sementes de jabuticaba (12,60º Brix, ATT=

3,25g AC/100g e pH 4,01) (LIMA et al., 2008). As sementes de A. pavonina apresentaram

neutralidade e elevado teor de sólidos solúveis.

As sementes de A. pavonina L. apresentaram 53,12% de carboidratos totais, 18,79%

de proteína, 14,63% de lipídios, 11,8% de umidade e 1,65% de cinzas. As sementes de carolina

apresentaram composição centesimal similar a farinha de soja para os valores de carboidratos

totais (58,6%) e lipídios (14,6%), enquanto os valores de proteína (36,0%) e cinzas (5,1%) da

farinha de soja foram superiores aos das sementes de A. pavonina L. A umidade da farinha de

soja (5,8%) foi menor do que o valor encontrado para as sementes de carolina (11,8%)

(NEPA/UNICAMP, 2011).

Tabela 8 - Valores médios de parâmetros físico-químicos e composição centesimal das

sementes in natura de A. pavonina L.

Parâmetros Semente in natura

pH 6,09 ± 0,01

ATT (g AC/100g) 0,51 ± 0,07

SST (°Brix) 22.63 ± 0,56

Umidade (%) 11,8 ± 0,48

Cinzas (%) 1,65 ± 1,03

Proteína (%) 18,79 ± 0,65

Lipídios (%) 14,63 ± 1,93

Carboidratos Totais (%) 53,12 ± 2,06

54

Os valores de composição centesimal encontrados no presente estudo para as

sementes in natura de A. pavonina L. foram menores do que os previamente reportados na

literatura para os teores de proteínas (29,44%), lipídios (17,99%) e cinzas (2,37%), enquanto o

teor de carboidratos totais (50,20%) foi semelhante (Tabela 2) (EZEAGU et al., 2004). Essa

variação da composição centesimal das sementes de A. pavonina L. pode ser decorrente de

fatores sazonais, bem como dos métodos de análise empregados nos diferentes estudos.

5.2 - Otimização do tratamento enzimático e extração de compostos com potencial

antioxidante a partir das sementes de A. pavonina L.

O tratamento enzimático da farinha das sementes de A. pavonina L. foi otimizado

utilizando um planejamento experimental de misturas com três componentes: α-amilase,

protease e celulase. Diferentes solventes extratores foram utilizados (água, etanol, metanol,

etanol:água e metanol:água) para selecionar o mais eficiente para a extração de compostos

antioxidantes a partir dos hidrolisados obtidos por tratamento enzimático.

Um dos parâmetros mais importantes no processo de extração é a seleção do

solvente extrator. A diversidade estrutural e de polaridade dos compostos antioxidantes

encontrados em matrizes vegetais resulta no uso de diferentes solventes no processo de

extração, tais como água, acetona, metanol, etanol ou suas misturas com água (THOURI et al.,

2017), ou seja, não existe um solvente universal que possa ser considerado padrão (AL-FARSI;

LEE, 2008). A melhor escolha do solvente pode aumentar consideravelmente o rendimento de

extração de moléculas potencialmente antioxidantes a partir de matrizes vegetais. Assim,

diferentes solventes (água, etanol, metanol, etanol: água (1:1, v/v) e metanol: água (1:1, v/v)

foram empregados para avaliar a extração de compostos antioxidantes a partir dos hidrolisados

(Tabela 9, 10 e 11).

55

Tabela 9 - Capacidade antioxidante (µmol TE/g de liofilizado), avaliada pelo ensaio ORAC,

das sementes de A. pavonina L. tratadas enzimaticamente utilizando diferentes solventes*

Ensaio Água Etanol:Água

(1:1; v/v)

Metanol:Água

(1:1; v/v) Metanol Etanol

1 146,4±7,84 aF 109,53±1,19 bC 144, 91±0,93 aCD 22,34±2,26 cC 0,22±0,02 dC

2 172,07±1,86 aDE 73,70±0,76 cE 130,79±0,52 bDE 12,47±1,15 dD 0,14±0,01 eD

3 161,36±6,77 aE 98,65±2,08 cCD 127,12±6,59 bE 21,71±1,98 dC 0,22±0,02 eC

4 191,47±1,24 aBC 169,19±5,48 bA 186,93±0,16 aD 31,37±1,52 cA 0,29±0,01 dA

5 221,84±5,46 aA 137,84±5,74 cB 159,50±1,68 bC 33,14±0,60 dA 0,31±0,00 eA

6 184,32±4,88 aCD 92,86±6,57 cCD 143,13±9,52 bD 26,43±0,81 dB 0,25±0,01 eB

7 219,13±0,51 bA 83,01±6,69 cDE 239,43±6,44 aA 20,39±1,25 dC 0,21±0,01 eC

Controle 201,99±3,94 aB 100,28±9,18 bCD 67,13±6,81 cF 21,10±0,44 dC 0,21±0,00 eC

Tabela 10 - Capacidade antioxidante (µmol TE/g de liofilizado), avaliada pelo ensaio TEAC,

das sementes de A. pavonina L. tratadas enzimaticamente utilizando diferentes solventes*

Ensaio Água Etanol:Água

(1:1; v/v)

Metanol:Água

(1:1; v/v) Metanol Etanol

1 80,24±2,04 aDE 50,53±0,27 cA 59,72±1,49 bC 5,77±0,05 dB 0,21±0,01 eC

2 80,92±2,72 aDE 37,71±0,78 cDE 57,88±0,96 bCD 4,22±0,01 dE 0,61±0,10 dB

3 89,75±1,71 aB 46,29±3,79 cBC 55,52±1,30 bD 5,68±0,08 dBC 0,61±0,02 dB

4 84,22±0,91 aCD 41,88±0,67 cCD 60,87±1,39 bBC 5,97±0,04 dB 0,27±0,04 eC

5 100,08±0,54 aA 35,78±0,26 cE 63,43±1,14 bB 6,81±0,15 dA 0,61±0,05 eB

6 78,67±1,33 aF 34,11±0,65 cE 50,27±0,43 bE 6,47±0,28 dA 1,06±0,06 eA

7 87,59±1,46 aBC 41,65±0,32 cCD 67,98±1,59 bA 5,31±0,15 dD 0,61±0,01 eB

Controle 86,69±1,55 aBC 35,53±2,53 bE 29,37±0,87 cF 5,31±0,24 dD 1,06±0,04 eA

Tabela 11 - Capacidade antioxidante (µmol TE/g de liofilizado), avaliada pelo ensaio DPPH,

das sementes de A. pavonina L. tratadas enzimaticamente utilizando diferentes solventes*

Ensaio Água # Etanol:Água

(1:1; v/v)

Metanol:Água

(1:1; v/v) Metanol Etanol

1 12,91±0,61 a 10,34±1,17 bBC 9,02±0,29 bBC 3,44±0,05 cCD 0,55±0,03 dD

2 12,94±0,86 a 11,55±0,62 bA 10,02±0,21 cBC 2,39±0,10 dF 0,53±0,01 dD

3 12,60±0,64 a 10,32±0,39 bBC 10,11±0,44 bBC 3,40±0,12 cCD 0,51±0,02 dD

4 12,25±0,51 a 9,05±0,99 bCD 8,36±1,13 bC 3,81±0,11 cAB 0,68±0,03 dBC

5 13,49±1,70 a 10,55±0,59 bBC 9,15±0,30 bBC 4,16±0,16 cA 0,66±0,02 dC

6 12,46±0,37 a 8,88±0,37 bCD 9,04±0,34 bBC 3,68±0,12 cBC 0,75±0,03 dAB

7 14,13±0,53 a 10,79±0,32 bBC 10,72±1,21 bA 2,75±0,13 cE 0,55±0,02 dD

Controle 12,33±0,27 a 7,48±0,44 bD 5,45±0,34 cD 3,26±0,16 dD 0,77±0,04 eA

* Resultados apresentados como média (n = 3) ± desvio padrão.

# Não houve diferença significativa entre os ensaios (p = 0,1339).

Letras minúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (p < 0,05) entre os resultados

pelo Teste de Tukey.

Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatística (p < 0,05) entre os

resultados pelo Teste de Tukey.

56

Os resultados apresentados nas Tabela 9, 10 e 11 demonstraram que a atividade

antioxidante foi maior após o tratamento enzimático independente do solvente extrator

empregado na recuperação dos compostos antioxidantes. Além disso, a água foi o melhor

solvente extrator para os compostos antioxidantes presentes nas sementes hidrolisadas de A.

pavonina L. A capacidade antioxidante para os diferentes solventes utilizados seguiu a ordem

decrescente de água > metanol:água (1:1, v/v) > etanol:água (1:1, v/v) > metanol > etanol para

todos os ensaios. A água é um solvente altamente polar, enquanto etanol e metanol apresentam

polaridade menor, mas ambos solventes podem ser misturados com água para formar uma

combinação mais eficiente na extração de antioxidantes. Solventes altamente polares foram

mais eficientes na extração de compostos fenólicos antioxidantes a partir de materiais de plantas

do que solventes de baixa polaridade (ROBY et al., 2013).

A atividade antioxidante das sementes hidrolisadas de A. pavonina L. foi

significantemente afetada pelo solvente empregado na extração. Em alguns casos, a adição de

solventes polares como a água para extração de compostos antioxidantes pode aumentar a

recuperação de compostos mais polares, tais como fenólicos glicosilados, vitaminas

hidrossolúveis, peptídeos bioativos, entre outros (PURI; SHARMA; BARROW, 2012;

WEIHOFEN; MARTOGLIO, 2003), o que pode parcialmente explicar a elevada atividade

antioxidante dos extratos aquosos. Além disso, durante o tratamento enzimático das sementes

de A. pavonina L. pode ter ocorrido a liberação de compostos antioxidantes polares ligados à

parede celular e/ou a hidrólise de polímeros, tais como polipeptídeos e polissacarídeos (AZMIR

et al., 2013), que são mais facilmente extraídos em sistemas aquosos e, portanto, também podem

contribuir para a maior capacidade antioxidante observada nestes extratos.

O tratamento enzimático das sementes de A. pavonina L. foi realizado em meio

aquoso e o melhor solvente extrator de compostos antioxidantes a partir dos hidrolisados

liofilizados foi a água. Desta maneira, os compostos antioxidantes obtidos por meio do

tratamento enzimático das sementes podem ser recuperados apenas com o uso de centrifugação

(recuperação do sobrenadante), o que elimina a etapa de extração com solventes e,

consequentemente, diminui os custos e aumenta a eficiência do processo. A extração assistida

por enzimas é reconhecida como uma tecnologia ambientalmente amigável para a extração de

compostos antioxidantes devido à substituição de solventes orgânicos (PURI; SHARMA;

BARROW, 2012). Assim, a água foi considerada como o mais adequado solvente extrator para

os diferentes ensaios antioxidantes, sendo selecionada para dar continuidade aos estudos.

57

5.3 - Análise das curvas de contorno

A partir dos valores experimentais, modelos quadráticos ou cúbicos foram ajustados

às respostas (DPPH, TEAC e ORAC) e os coeficientes de regressão foram calculados e

avaliados estatisticamente por análise de variância (ANOVA). Nas Tabelas 12, 13 e 14 são

apresentados os coeficientes de regressão e análise dos modelos matemáticos para DPPH,

TEAC e ORAC, respectivamente.

Os coeficientes de regressão linear e de interação ternária foram significativos (p ≤

0,1) para o método de DPPH (Tabela 12), enquanto os coeficientes de interação binária não

foram significativos. O ensaio de DPPH apresentou R2 menor que 0,8, valor mínimo sugerido

para um bom ajuste, o que indica que o modelo matemático para DPPH não está bem ajustado

aos dados experimentais (BAE et al., 2015; MAŠKOVIĆ et al., 2016). Portanto, o modelo

obtido para o método DPPH não foi utilizado para estimar a atividade antioxidante dos

hidrolisados.

Tabela 12 - Coeficientes de regressão para capacidade antioxidante avaliada pelo método

DPPH das sementes de A. pavonina L.

Fatores Coeficiente Erro padrão tCalc (14) p-valor

Protease (P) 12,91 0,49 26,29 < 0,0001

α-Amilase (A) 12,94 0,49 26,37 < 0,0001

Celulase (C) 12,60 0,49 25,67 < 0,0001

P×A -2,69 2,40 -1,12 0,2827

P×C 2,93 2,40 1,22 0,2427

A×C -1,23 2,40 -0,51 0,6160

P×A×C 38,33 16,92 2,27 0,0399

R2: 0,43

Os coeficientes de regressão linear e de interação foram significativos (p ≤ 0,1) para

os ensaios antioxidantes TEAC e ORAC (Tabelas 13 e 14). Assim, as regressões contendo os

termos significativos para TEAC e ORAC foram estabelecidas como seguem:

Y (TEAC) = 80,33P + 81,01A + 89,85C + 12,66PA + 58,42PC – 28,57AC

Equação 7. Modelo quadrático para a capacidade antioxidante, avaliada pelo método TEAC,

das sementes de A. pavonina L. P: protease; A: α-amilase; C: celulase.

58

Y (ORAC) = 146,48P + 172,071A + 161,36C + 128,77PA + 271,67PC + 70,39AC +

184,92PAC

Equação 8. Modelo cúbico especial para a capacidade antioxidante, avaliada pelo método

ORAC, das sementes de A. pavonina L. P: protease; A: α-amilase; C: celulase.

Tabela 13 - Coeficientes de regressão para capacidade antioxidante avaliada pelo método

TEAC das sementes de A. pavonina L.

Fatores Coeficiente Erro padrão tCalc (15) p-valor

Protease (P) 80,33 0,97 83,08 < 0,0001

α-Amilase (A) 81,01 0,97 83,78 < 0,0001

Celulase (C) 89,85 0,97 92,92 < 0,0001

P×A 12,66 4,44 2,85 0,0122

P×C 58,42 4,44 13,14 < 0,0001

A×C -28,57 4,44 -6,43 < 0,0001

R2: 0,96

Tabela 14 - Coeficientes de regressão para capacidade antioxidante avaliada pelo método

ORAC das sementes de A. pavonina L.

Fatores Coeficiente Erro padrão tCalc (14) p-valor

Protease (P) 146,48 2,81 52,08 < 0,0001

α-Amilase (A) 172,07 2,81 61,18 < 0,0001

Celulase (C) 161,36 2,81 57,37 < 0,0001

P×A 128,77 13,78 9,35 < 0,0001

P×C 271,67 13,78 19,72 < 0,0001

A×C 70,39 13,78 5,11 0,0002

P×A×C 184,92 96,94 1,91 0,0772

R2: 0,98

O coeficiente de determinação (R2) e a análise de variância – ANOVA (teste de F)

foram utilizados para verificar a qualidade do ajuste dos modelos aos valores experimentais.

Nas Tabelas 15 e 16 estão apresentados os valores de R2 e de F, assim como os valores de p

para cada modelo. Os valores de R2 para TEAC e ORAC foram de 0,96 e 0,98, respectivamente,

indicando que os modelos foram capazes de explicar 96% e 98% das variações dos resultados

e que os modelos propostos são preditivos e podem ser utilizados para estimar respostas para a

atividade antioxidante dos hidrolisados das sementes de A. pavonina L. com diferentes

preparações enzimáticas e suas combinações.

59

Tabela 15 - ANOVA do modelo quadrático para a capacidade antioxidante, avaliada pelo

método TEAC, das sementes de A. pavonina L.

Fonte de Variação Soma de

quadrados

Grau de

liberdade

Quadrado

médio

FCalc FTab p-valor R2

Modelo 988,49 5 197,70 69,95 2,273 < 0,0001 0,96

Resíduos 42,39 15 2,83

Total 1030,88 20 51,54

Tabela 16 - ANOVA do modelo cúbico especial para a capacidade antioxidante, avaliada pelo

método ORAC, das sementes de A. pavonina L.

Fonte de Variação Soma de

quadrados

Grau de

liberdade

Quadrado

médio

FCalc FTab p-valor R2

Modelo 14322,01 6 2387,00 100,58 2,243 < 0,0001 0,98

Resíduos 332,24 14 23,73

Total 14654,25 20 732,71

Em adição aos resultados previamente apresentados, as análises das curvas de

contorno facilitam a interpretação dos dados, assim como a verificação dos efeitos das variáveis

independentes e de suas interações. As curvas de contorno foram geradas a partir dos

coeficientes de regressão das equações 7 e 8 e utilizados para apresentar a relação entre as

concentrações das enzimas α-amilase, protease e celulase utilizadas na hidrólise de amido,

proteínas e celulose para a liberação de compostos antioxidantes das sementes de A. pavonina

L. e a atividade antioxidante (TEAC e ORAC) dos hidrolisados (Figuras 6 e 7). Nas curvas de

contorno, cada fator (enzima) é representado no vértice de um triângulo equilátero, sendo cada

ponto localizado dentro do triângulo uma proporção diferente dos componentes da mistura. A

porcentagem máxima de cada componente considerado pela regressão é colocada no vértice

correspondente, enquanto o mínimo está posicionado no segmento do lado oposto ao vértice do

triângulo e o centro representa a mistura dos três componentes em partes iguais. Como pode ser

observado nas Figura 6 e 7, as combinações das enzimas protease e celulase demonstraram

maior eficiência na liberação de compostos antioxidantes. As celulases hidrolisam as ligações

β-1,4 glicosídicas da celulose e podem romper a integridade da parede celular de plantas,

aumentando o rendimento da extração de compostos antioxidantes (PURI; SHARMA;

BARROW, 2012). As proteases promovem a degradação das proteínas estruturais que

60

fortalecem a estrutura dos polissacarídeos da parede celular, além de contribuir para a liberação

dos fenóis contidos nos vacúolos das células (PINELO, M.; MEYER, A. S, 2008).

As Figuras 6B e 7B representam uma análise comparativa entre os valores de

atividade antioxidante previstos pelos modelos e os observados experimentalmente. Os

resultados demonstraram que as respostas estão razoavelmente alinhadas, indicando adequação

dos dados previstos aos valores experimentais.

Figura 6. Curva de contorno (A) e valores observados versus valores previstos (B) para a

capacidade antioxidante, avaliada pelo ensaio TEAC, do extrato aquoso das sementes de A.

pavonina L.

Figura 7. Curva de contorno (A) e valores observados versus valores previstos (B) para a

capacidade antioxidante, avaliada pelo ensaio ORAC, do extrato aquoso das sementes de A.

pavonina L.

A partir das curvas de contorno e dos modelos quadráticos e cúbicos, as condições

ótimas do tratamento enzimático dos componentes da semente de A. pavonina para a liberação

dos compostos bioativos foram estimadas pela determinação da capacidade antioxidante. A

61

validação experimental dos modelos matemáticos foi realizada com ensaios em triplicata nas

seguintes condições: 5 g da semente triturada em 45 mL de tampão fosfato 100 mM pH 7,0,

125 µL de protease e celulase, 50 ºC, 100 rpm por 2 horas de incubação. A atividade

antioxidante obtida pelo procedimento de validação experimental foi de 221,84 ± 5,46 µmol/g

para ORAC e 100,08 ± 0,54 µmol/g para TEAC, que são valores muito próximos aos valores

previstos pelos modelos matemáticos nas condições ótimas (ORAC: 221,84 µmol/g e TEAC:

99,695 µmol/g). O extrato aquoso das sementes de A. pavonina obtido nas condições ótimas foi

utilizado para as análises de compostos fenólicos totais, flavonoides totais, taninos condensados

e conteúdo individual de compostos fenólicos por CLUAE-ESI-MS/MS. Além disso, a

atividade antioxidante e antiproliferativa em cultura de células foram avaliadas. O extrato

aquoso obtido com a semente triturada de A. pavonina tratada com as enzimas protease e

celulase foi comparado com o ensaio controle, no qual a amostra foi tratada nas mesmas

condições descritas no item 4.3, porém sem a adição de enzimas (amostra não tratada

enzimaticamente).

A atividade antioxidante das amostras controle e extrato aquoso das sementes de A.

pavonina . L. tratada com protease e celulase foi mensurada por meio dos ensaios DPPH, TEAC

e ORAC (Tabela 17). O extrato aquoso apresentou atividade antioxidante maior do que a

amostra controle nos ensaios TEAC e ORAC, enquanto para o ensaio de DPPH as amostras não

apresentaram diferença significativa (p > 0,05).

Tabela 17 – Análise da atividade antioxidantes dos extratos aquosos das sementes de A.

pavonina L. tratadas com protease e celulase.

Análise Extrato aquosoa Controle

DPPH (µmol TE/g) 13,49 ± 1,70 a 12,33 ± 0,27 a

TEAC (µmol TE/g) 100,08 ± 0,54 a 86,69 ± 1,55 b

ORAC (µmol TE/g) 221,84 ± 5,46 a 201,99 ± 3,94 b

Resultados apresentados como média (n = 3) ± desvio padrão.

Letras minúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (p < 0,05) entre os

resultados pelo Teste t Student. a Extrato aquoso das sementes de A. pavonina tratadas com protease e celulase.

Comparando os valores obtidos pelos diferentes ensaios para determinar a

capacidade antioxidante, pode-se observar que o maior valor foi para o ensaio de ORAC,

seguido de TEAC e DPPH. Este fato pode indicar que os compostos presentes nas sementes de

62

A. pavonina L. atuam de maneira mais eficiente através do mecanismo de transferência de

átomos de hidrogênio do que pela transferência de elétrons (REBELLO et al., 2014). Os

extratos aquosos de A. pavonina apresentaram alta atividade em sequestrar radicais peroxil, que

são radicais produzidos naturalmente pelo metabolismo celular (APAK et al., 2013).

A atividade antioxidante avaliada pelo ensaio ORAC obtido nesse estudo para o

extrato aquoso de A. pavonina foi maior do que para as amostras de grão de bico (10,00 µmol

TE/g), feijão preto (21,40 µmol TE/g) e lentilha (46,83 µmol TE/g). Enquanto que os valores

de DPPH para o extrato das sementes de A. pavonina L. foi maior do que grão de bico (0,98

µmol TE/g) e menor do que no feijão preto (19,23 µmol TE/g) e lentilha (19,61 µmol TE/g)

(XU; CHANG, 2007).

5.4 - Conteúdo de compostos fenólicos

Os compostos fenólicos são formados a partir do metabolismo secundário das

plantas e são importantes para sua reprodução e crescimento, sendo formados em resposta a

condições de estresse, tais como infecções, ferimentos e radiações UV. Esses compostos

contribuem para a pigmentação das plantas e podem atuar como agentes antioxidantes

(NACZK; SHAHIDI, 2004). Dentre as classes de compostos fenólicos, os flavonoides, ácidos

fenólicos e taninos destacam-se como os antioxidantes mais abundantemente encontrados na

natureza e, consequentemente, presentes na dieta. Assim, muitos estudos são realizados na

identificação e quantificação desses compostos em matrizes vegetais (KING; YOUNG, 1999).

A partir do método Folin-Ciocalteau é possível estimar a quantidade de flavonoides,

taninos e compostos fenólicos não-flavonoides, ou seja, as diferentes formas de compostos

fenólicos encontrados na natureza (ROESLER et al., 2006). O conteúdo de compostos fenólicos

seguiu uma tendência semelhante ao da atividade antioxidante, no qual ocorreu aumento da

atividade antioxidante após o tratamento enzimático.

O conteúdo total de compostos fenólicos extraídos a partir do controle e do extrato

aquoso das sementes de A. pavonina L. tratadas com as enzimas protease e celulase (Tabela

18) foram maiores do que valores encontrados por Ezeagu et al. (2004) para as sementes de A.

pavonina . L. (1,91 g/100g) colhidas na Nigéria.

63

Tabela 18 - Conteúdo de fenólicos totais, flavonoides e taninos condensados para os extratos

aquosos das sementes de A. pavonina L. tratadas com protease e celulase.

Análise Extrato aquosoa Controle

Conteúdo de fenólicos totais

(mg GAE/100 g) 1183,20 ± 2,30 a 884, 82 ± 2,68 b

Flavonoides

(mg CE/100 g) 366,98 ± 1,66 a 249,69 ± 6,36 b

Taninos condensados

(mg CE/100 g) 220,09 ± 7,07 a 180,67 ± 2,94 b

Resultados apresentados como média (n = 3) ± desvio padrão.

Letras minúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (p < 0,05) entre os

resultados pelo Teste t Student. a Extrato aquoso das sementes de A. pavonina tratadas com protease e celulase.

O extrato aquoso de A. pavonina apresentou aumento de 34% no conteúdo de

fenólicos totais, 47% no conteúdo de flavonoides e 22% no conteúdo de taninos condensados

após o tratamento enzimático. A extração assistida por enzimas tem sido considerada como um

método alternativo para melhorar a extração de compostos fenólicos nos alimentos,

especialmente os fenólicos insolúveis que estão ligados a carboidratos e proteínas na parede

celular de matrizes vegetais (DE CAMARGO et al., 2016). Dessa forma, o tratamento

enzimático da farinha das sementes de A. pavonina pode ter contribuído para o aumento do

conteúdo de compostos fenólicos presentes no extrato. O rompimento da parede celular por

enzimas pode expor mais a superfície para o solvente, facilitando a extração de compostos

fenólicos insolúveis (LANDBO; MEYER, 2001; SHAHIDI; YEO, 2016). A maioria dos

compostos fenólicos ligados de forma insolúvel formam quimicamente ligações covalentes com

substâncias da parede celular, como pectina, celulose e proteínas estruturais, representando uma

quantidade relativamente grande (20-60% em vegetais, frutas e leguminosas/sementes) em

comparação com os compostos fenólicos solúveis em alimentos (NAYAK; LIU; TANG, 2015).

Flavonoides e taninos condensados são os compostos fenólicos predominantes em sementes de

leguminosas e são encontrados em lentilhas, ervilhas, soja e feijão comum (ZHANG et al.,

2015). Os valores de flavonoides do extrato aquoso das sementes de A. pavonina L. foram

semelhantes aos encontrados na farinha da semente de Moringa oleífera (366,96 mg CE/ 100g)

(GOVARDHAN SINGH; NEGI; RADHA, 2013) e no grão de bico (316,00 mg CE/ 100g)

(XU; CHANG, 2007).

O conteúdo de taninos condensados para o extrato da semente de A. pavonina foi

menor que os valores mencionados na literatura para lentilha (878,00 mg CE/100g), feijão preto

64

(529,00 mg CE/100g) e soja preta (468,00 mg CE/100g) (XU; CHANG, 2007). No entanto, o

conteúdo de fenólicos no extrato das sementes de A. pavonina L. foi maior que os reportados

na literatura para farinha da semente de Moringa oleífera (780, 0 mg GAE/100g)

(GOVARDHAN SINGH; NEGI; RADHA, 2013), semente de tremoço (696,212 mg

GAE/100g) (DALARAM; SULAIMAN, 2017) e para quatro variedades de ervilha (2,57-30,56

mg GAE/100g) (STANISAVLJEVIC et al., 2016).

5.5 - Perfil de compostos fenólicos do extrato aquoso do hidrolisado das sementes de A.

pavonina L.

Os compostos fenólicos presentes no extrato aquoso das sementes de A. pavonina

L. tratadas com protease e celulase foram identificados utilizando Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência acoplado a espectrômetro de massas com fonte de ionização por electrospray

(CLUAE - IE - EM/EM). O conteúdo de cada composto fenólico identificado está apresentado

na Tabela 19.

Tabela 19 - Perfil de compostos fenólicos para o extrato aquoso das sementes de A. pavonina

L. tratadas com protease e celulase.

Compostos Concentração (μg/g extrato)

Controle Extrato aquosoa

Catequina 52,61 ± 1,24 aA 6,08 ± 0,36 bB

Quercetina n.d. 0,18 ± 0,04 d

Naringenina 1,09 ± 0,05 cdA 1,31 ± 0,17 cA

Ácido protocatecuico 2,77 ± 0,28 bA 3,35 ± 0,33 bA

Ácido gentísico 2,34 ± 0,25 bcA 2,81 ± 0,24 bA

Ácido 4-hidroxibenzóico 0,43 ± 0,04 dA 0,53 ± 0,03 dA

Ácido ferúlico 0,28 ± 0,10 dB 0,45 ± 0,08 dA

Fenólicos totais 59,52 ± 1,25 14,71 ± 0,28

Letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatística (p < 0,05) entre os

resultados pelo Teste de Tukey.

Letras maiúsculas diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (p < 0,05) entre os

resultados pelo Teste t Student.

n.d: não detectado a Extrato aquoso das sementes de A. pavonina tratadas com protease e celulase.

A catequina foi o principal composto fenólico encontrado na amostra controle e no

extrato aquoso das sementes de A. pavonina seguido de ácido protocatecuico e ácido gentísico.

65

Naringenina, ácido 4-hidroxibenzóico e ácido ferúlico também foram identificados em menores

quantidades em ambas as amostras. No entanto, quercetina foi identificada apenas após o

tratamento enzimático. Pela primeira vez no presente estudo os compostos fenólicos das

sementes de A. pavonina L. foram caracterizados.

O conteúdo de catequina diminuiu após o tratamento enzimático, enquanto o

conteúdo dos outros compostos fenólicos identificados foi maior no extrato aquoso das

sementes de A. pavonina tratadas com protease e celulase. A redução do conteúdo de catequina

pode ter ocorrido devido à degradação oxidativa ou outro mecanismo, por exemplo,

polimerização e precipitação por proteínas (MARTINS et al., 2016). No entanto, o tratamento

enzimático pode favorecer a liberação de compostos fenólicos nos alimentos, principalmente

os ligados a parede celular das matrizes vegetais, como carboidratos e proteínas (DE

CAMARGO et al., 2016). Carboidrases, tais como celulase, β-glucanase e pectinase

aumentaram o conteúdo de compostos fenólicos totais de maçãs verdes, no entanto alguns dos

fenólicos, como ácido clorogênico e floridzina reduziram seu conteúdo após o tratamento

enzimático (ZHENG; HWANG; CHUNG, 2009).

Os dois principais flavonoides encontrados no presente estudo também foram

identificados na farinha da semente de Moringa oleífera com 7490 e 18,7 μg/g, respectivamente

(GOVARDHAN SINGH; NEGI; RADHA, 2013). No entanto, nos hidrolisados das sementes

de A. pavonina L. os conteúdos desses compostos foram inferiores. A soja apresentou valor

relativamente alto (101,0 μg/g) de quercetina (WANG et al., 2016) quando comparado com o

extrato das sementes de A. pavonina L. (0,18 μg/g) (Tabela 19).

O ácido ferúlico ocorre primariamente nas sementes e folhas de plantas,

principalmente conjugados covalentemente com mono-, di- e polissacarídeos de paredes

celulares vegetais, como glicoproteínas, poliaminas, lignina, polímeros de carboidratos

insolúveis e fibras (LIU, 2007), o que pode justificar o aumento do conteúdo de ácido ferúlico

após o tratamento enzimático.

Embora o conteúdo total de compostos fenólicos no extrato aquoso do hidrolisado

de A. pavonina seja menor do que na amostra controle, a atividade antioxidante do extrato

aquoso do hidrolisado foi superior (Tabela 18). Isso pode ser parcialmente explicado devido à

presença de um maior conteúdo de ácidos fenólicos e flavonóis, e também de outros compostos

antioxidantes que podem ter sido liberados após o tratamento enzimático, como peptídeos

bioativos (não analisados). Além disso, diversos estudos têm demonstrado que a capacidade

antioxidante dos compostos fenólicos é influenciada pela interação com outros compostos ou

66

com eles mesmos, sendo que estas interações podem ser sinérgicas ou antagônicas, dependendo

das condições e compostos (PAZ et al., 2015)

5.6 - Atividade antiproliferativa

A atividade antiproliferativa dos extratos aquosos das sementes de Adenanthera

pavonina L. foi estudada utilizando linhagens tumorais humanas, com o objetivo de acrescentar

informações sobre outras possíveis atividades biológicas das sementes.

Para análise da proliferação (crescimento) celular, foram empregados dois controles

de células não tratadas. O primeiro, denominado T0, representou a quantidade de células

presentes em cada compartimento no início do experimento, enquanto o controle T1 representa

a quantidade de células por compartimento após 48h de incubação. A proliferação das células

(100%) foi obtida através da diferença de absorbância entre os controles T1 e T0 (MONKS et

al., 1991).

Para avaliação final das células o método colorimétrico (não-clonogênico) utilizado

foi o da sulforrodamina B (SRB). A SRB é um corante fluorescente que se liga aos resíduos

dos aminoácidos básicos das proteínas (lisina, arginina e histidina) de células viáveis no

momento da fixação. Quanto maior for a quantidade de SRB presente no compartimento menor

a atividade antiproliferativa da amostra em teste. Ácido tricloroacético foi empregado como

solução fixadora de células viáveis, precipitando proteínas. Assim, as células viáveis

permaneceram fixadas a placa, enquanto as células não viáveis foram removidas por lavagem.

Esse é um método independente do metabolismo celular, no qual é possível quantificar as

proteínas de um modo linear com o número de células da cultura. Além disso, esse método é

rápido, simples e apresenta sensibilidade comparável às metodologias fluorescentes (MONKS

et al., 1991). Outra vantagem apresentada nesse método de avaliação está relacionada com a

estabilidade da placa para leitura, pois as células são primeiramente fixadas, coradas e a medida

da absorbância pode ser realizada várias semanas após o término do experimento

(HOUGHTON et al., 2007; KEEPERS et al., 1991; MONKS et al., 1991; RUBINSTEIN et al.,

1990; SKEHAN et al., 1990; VICHAI; KIRTIKARA, 2006).

A Figura 8 correlaciona o crescimento celular em função da concentração do

quimioterápico de referência doxorrubucina. A doxorrubicina tem apresentado grande potencial

no tratamento de diversos tipos de câncer, sendo uma das drogas quimioterápicas mais potentes

aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration) (CARVALHO et al., 2009). As Figuras

9 e 10 gerados correlacionam o crescimento celular em função da concentração das amostras

67

testadas. Os valores entre 0 e 100% representam a proliferação celular, sendo a linha 0 o marco

para a inibição total de crescimento (quando a quantidade de células no final do experimento

for igual ao do T0 (adição das amostras; placa T0). Valores negativos representam morte celular,

porque a quantidade de células (inferida através da dosagem de proteínas coradas) foi menor

do que no tempo inicial do experimento (adição das amostras; placa T0) (MONKS et al., 1991).

Figura 8. Atividade antiproliferativa in vitro da doxorrubicina em painel de linhagens celulares

humanas.

Figura 9. Atividade antiproliferativa in vitro do extrato aquoso das sementes de Adenanthera

pavonina L. em painel de linhagens celulares humanas.

68

Figura 10. Atividade antiproliferativa in vitro da amostra controle das sementes de

Adenanthera pavonina L. em painel de linhagens celulares humanas.

Legenda para as Figuras 8, 9 e 10: Linhagens tumorais humanas = U251 (glioma), UACC-62

(melanoma), MCF7 (mama), NCI-ADR/RES (ovário com fenótipo de resistência a múltiplos

fármacos), 786-0 (rim), NCI-H460 (pulmão, tipo não pequenas células), PC-3 (próstata);

OVCAR-03 (ovário), HT29 (colón), K562 (leucemia); Linhagem não tumoral humana =

HaCaT (queratinócitos imortalizados); Tempo de exposição: 48h; Concentração da amostra:

0,25; 2.5; 25 e 250 μg/mL.

A amostra controle o extrato aquoso do hidrolisado da semente de A. pavonina não

apresentaram atividade antiproliferativa para a maioria das linhagens tumorais humanas.

Considerando os critérios de avaliação descritos por Fouche et al. (2008), segundo os quais

considera-se ativo o extrato que apresentar log GI50 ≤ 1.50 (≈ 35 µg/mL), a amostra controle

(extrato obtido sem tratamento enzimático) foi inativa de maneira geral, apresentando efeito

citostático fraco sobre linhagem tumoral de rim (786-0, GI50= 67,5 µg/mL), ao passo que o

extrato demonstrou ter atividade antiproliferativa sobre as linhagens próstata (PC-3, GI50= 2,5

µg/mL) e rim (786-0, GI50= 29,9 µg/mL). Como o efeito da amostra controle sobre a linhagem

PC-3 foi inversamente proporcional à concentração testada (Figura 10), não foi possível

calcular adequadamente o valor de GI50, sendo considerado então o valor de concentração

experimental que resultou em proliferação celular próxima a 50% (PC-3, GI50= 250 µg/mL)

(Tabela 20). Considerando-se principalmente a diferença na resposta frente à linhagem tumoral

de rim, é possível propor que o tratamento enzimático realizado com celulase e protease

possibilitou uma melhora na atividade antiproliferativa do extrato das sementes de A. pavonina

(Tabela 20). A melhora na atividade antiproliferativa frente as linhagens de rim e próstata pode

69

estar relacionada com o aumento da capacidade antioxidante e do conteúdo de ácidos fenólicos

e flavonols após o tratamento enzimático das sementes e/ou a liberação de outros compostos

não identificados (ver item 5.5).

Tabela 20 - Valores de GI50 (em µg/mL) para as amostras controle e extrato das sementes de

carolina (Adenanthera pavonina L.) frente a um painel de linhagens celulares humanas

2 u m a 7 4 p o h k q

Doxorrubicina <0,025 <0,025 0,025 0,1 21,8 <0,025 <0,025 0,053 0,19 0,16 0,034

Extratoa >250 >250 >250 >250 29,9 >250 2,5 >250 >250 >250 >250

Controle >250 >250 >250 >250 67,5 >250 250* >250 >250 >250 >250

Linhagens tumorais humanas: 2 = U251 (glioma), u = UACC-62 (melanoma); m = MCF-7

(mama); a= NCI-ADR/RES (ovário com fenótipo de resistência a múltiplos fármacos); 7 = 786-

0 (rim); 4 = NCI-H460 (pulmão, tipo não pequenas células); p = PC-3 (próstata); o = OVCAR-

03 (ovário); h = HT-29 (cólon); k = K562 (leucemia); Linhagem não tumoral humana: q =

HaCaT (queratinócito).

Doxorrubicina: Quimiterápico de referência; GI50: Growth Inhibition 50 – concentração

necessária para inibir 50% do crescimento celular; * Valor aproximado de GI50.

a Extrato aquoso das sementes de A. pavonina tratadas com protease e celulase.

O tratamento do câncer utilizando plantas tem um longo histórico. Diversas drogas

sintéticas e semissintéticas são elaboradas com base em compostos presentes em produtos

naturais e a necessidade de desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento do câncer é

contínua (CRAGG; NEWMAN, 2013). Teste em cultura de células, como o teste de atividade

antiproliferativa é um importante passo para a descoberta de plantas que possam ser fontes de

compostos bioativos para o desenvolvimento futuro de medicamentos (KLINGHAMMER;

WALTHER; HOFFMANN, 2017; SHOEMAKER, 2006). Os resultados observados neste

estudo sugerem uma possível ação dos extratos das sementes de A. pavonina no tratamento de

tumores, principalmente de próstata e rim.

As sementes de A. pavonina são utilizadas na medicina popular para tratar

inflamações (ARA et al., 2010; KHARE, 2007; MUJAHID et al., 2016). O potencial anti-

inflamatório desta semente foi observado em ensaios de edema de pata induzido por carragenina

em ratos (ARA et al., 2010; OLAJIDE et al., 2004). Considerando-se o efeito antiproliferativo

contra a linhagem PC-3 (Tabela 20) dos extratos de semente de A. pavonina com e sem

tratamento enzimático aliado à ação anti-inflamatória de diferentes extratos de A. pavonina

70

mediada principalmente pela inibição de histamina, serotonina e da enzima ciclooxigenase

(ARA et al., 2010) e aos relatos de estudos clínicos realizados avaliando o uso de inibidores de

ciclooxigenase (COX-2) no tratamento do câncer de próstata (VENDRAMINI-COSTA; E.

CARVALHO, 2012), pode-se sugerir que os extratos das sementes de A. pavonina poderiam

ser promissores candidatos para o tratamento desse tipo de câncer.

71

6 - CONCLUSÃO

A água foi o solvente mais eficiente na recuperação de compostos antioxidantes a

partir das sementes hidrolisadas nas condições ótimas. O tratamento enzimático nas condições

ótimas (125 µL de protease e celulase, 5 g da semente triturada em 45 mL de tampão fosfato

100Mm pH 7,0, 50 ºC, 100 rpm por 2 horas de incubação) aumentou a recuperação de

compostos antioxidantes presentes nas sementes de A. pavonina L. As sementes de A. pavonina

L. apresentaram elevada atividade antioxidante para os ensaios de ORAC (221,84 µmol TE/g),

TEAC (100,08 µmol TE/g), e DPPH (13,49 µmol TE/g). Os compostos fenólicos catequina

(6,08 µg/g), quercetina (0,18 µg/g), naringenina (1,31 µg/g), ácido protocatecuico (3,35 µg/g),

ácido gentísico (2,81 µg/g), ácido 4-hidroxibenzóico (0,53 µg/g) e ácido ferúlico (0,45 µg/g)

foram identificados no extrato aquoso do hidrolisado por CLUAE-EM/EM. Além disso, o

tratamento enzimático realizado com celulase e protease possibilitou uma melhora na atividade

antiproliferativa do extrato das sementes de A. pavonina L. frente as linhagens tumorais de

próstata e rim.

72

PERSPECTIVAIS FUTURAS

➢ Avaliar o uso de outras combinações enzimáticas a fim de aumentar a recuperação de

compostos antioxidantes a partir das sementes de Adenanthera pavonina L.

➢ Avaliar os custos e a viabilidade econômica do tratamento enzimático.

➢ Identificar outros compostos potencialmente antioxidantes, por exemplo, os peptídeos

bioativos presentes nas sementes de Adenanthera pavonina L.

➢ Identificar os pigmentos das sementes de Adenanthera pavonina L.

➢ Avaliar outras propriedades das sementes de Adenanthera pavonina L. in natura e após

o tratamento enzimático, tais como antimicrobiana, anti-inflamatória e antidiabética.

➢ Investigar os efeitos do consumo das sementes de Adenanthera pavonina L. na

prevenção e/ou tratamento de doenças.

73

7 - REFERÊNCIAS

ADEDAPO, A. D. A et al. Blood pressure lowering effect of Adenanthera pavonina seed

extract on normotensive rats. Records of Natural Products, v. 3, n. 2, p. 82–89, 2009.

AFANAS’EV, I. B. et al. Chelating and free radical scavenging mechanisms of inhibitory

action of rutin and quercetin in lipid peroxidation. Biochemical Pharmacology, v. 38, n. 11, p.

1763–1769, 1989.

AL-FARSI, M. A.; LEE, C. Y. Optimization of phenolics and dietary fibre extraction from date

seeds. Food Chemistry, v. 108, n. 3, p. 977–985, 2008.

ALMEIDA, M. M. B. et al. Bioactive compounds and antioxidant activity of fresh exotic fruits

from northeastern Brazil. Food Research International, v. 44, n. 7, p. 2155–2159, 2011.

ALVES, E.; KUBOTA, E. H. Conteúdo de fenólicos, favonoides totais e atividade antioxidante

de amostras de própolis comerciais. Revista de Ciencias Farmaceuticas Basica e Aplicada,

v. 34, n. 1, p. 37–41, 2013.

ALZAMORA, S. M. et al. Novel functional foods from vegetable matrices impregnated with

biologically active compounds. Journal of Food Engineering, v. 67, n. 1–2, p. 205–214, 2005.

AMAROWICZ, R. et al. Free-radical scavenging capacity and antioxidant activity of selected

plant species from the Canadian prairies. Food Chemistry, v. 84, n. 4, p. 551–562, 2004.

APAK, R. et al. Comparative evaluation of various total antioxidant capacity assays applied to

phenolic compounds with the CUPRAC assay. Molecules, v. 12, n. 7, p. 1496–1547, 2007.

APAK, R. et al. Methods of measurement and evaluation of natural antioxidant

capacity/activity (IUPAC Technical Report). Pure and Applied Chemistry, v. 85, n. 5, p. 957–

998, 2013.

APATA, D. F.; OLOGHOBO, A. D. Biochemical evaluation of some nigerian legume seeds.

Food Chemistry, v. 49, n. 4, p. 333–338, 1994.

ARA, A. et al. Anti-inflammatory activity of Adenanthera pavonina L., Fabaceae, in

experimental animals. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n. 6, p. 929–932, 2010.

ARRUDA, H. S.; PEREIRA, G. A.; PASTORE, G. M. Optimization of extraction parameters

of total phenolics from Annona crassiflora Mart. (Araticum) fruits using response surface

methodology. Food Analytical Methods, v. 10, n. 1, p. 100–110, 2017.

AZMIR, J. et al. Techniques for extraction of bioactive compounds from plant materials: A

review. Journal of Food Engineering, v. 117, n. 4, p. 426–436, 2013.

BAE, I. K. et al. Simultaneous determination of 15 phenolic compounds and caffeine in teas

and mate using RP-HPLC/UV detection: Method development and optimization of extraction

process. Food Chemistry, v. 172, p. 469–475, 2015.

BAIANO, A. Recovery of biomolecules from food wastes: A review. Molecules, v. 19, n. 9, p.

14821–14842, 2014.

74

BALASUNDRAM, N.; SUNDRAM, K.; SAMMAN, S. Phenolic compounds in plants and

agri-industrial by-products: Antioxidant activity, occurrence, and potential uses. Food

Chemistry, v. 99, n. 1, p. 191–203, 2006.

BATAGLION, G. A. et al. Determination of the phenolic composition from Brazilian tropical

fruits by UHPLC–MS/MS. Food Chemistry, v. 180, p. 280–287, 2015.

BATE-SMITH, E. C.; SWAIN, T. Flavonoid compounds. In: MASON, H. S.; FLORKIN, A.

M. (Eds.). In: Comparative Biochemistry. New York: Academic Press, 1962.

BENAVENTE-GARCIA, O. et al. Uses and properties of citrus flavonoids. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 45, n. 12, p. 4505-4515, 1997.

BENAVENTE-GARCIA, O. et al. Antioxidant activity of phenolics extracted from Olea

europaea L. leaves. Food Chemistry, v. 68, n. 4, p. 457–462, 2000.

BITENCOURT, R. G. et al. Sequential extraction of bioactive compounds from Melia

azedarach L. in fixed bed extractor using CO2, ethanol and water. The Journal of

Supercritical Fluids, v. 95, p. 355–363, 2014.

BOUIC, P. J. D. et al. Beta-sitosterol and beta-sitosterol glucoside stimulate human peripheral

blood lymphocyte proliferation: Implications for their use as an immunomodulatory vitamin

combination. International Journal of Immunopharmacology, v. 18, n. 12, p. 693–700,

1996.

BRAVO, L. Polyphenols: chemistry, dietary sources, metabolism, and nutritional significance.

Nutrition Reviews, v. 56, n. 11, p. 317–33, 1998.

BREWER, M. S. Natural antioxidants: sources, compounds, mechanisms of action, and

potential applications. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, v. 10, n.

4, p. 221–247, 2011.

BROADHURST, R. B.; JONES, W. T. Analysis of condensed tannins using acidified vanillin.

Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 29, p. 788-794, 1978.

CARVALHO, C. et al. Doxorubicin: The good, the bad and the ugly effect. Current Medicinal

Chemistry, v. 16, p. 3267–3285, 2009.

CAO, G. et al. Increases in human plasma antioxidant capacity after consumption of controlled

diets high in fruit and vegetables. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 68, n. 5, p.

1081–1087, 1998.

CHAUHAN, R. et al. Phytochemical and cytotoxicity analysis of seeds and leaves of

Adenanthera pavonina. Research Journal of Pharmacy and Technology, v. 8, n. 2, p. 198–

203, 2015.

CLIFFORD, M. N.; SCALBERT, A. Ellagitannins - nature, occurrence and dietary burden.

Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 80, n. 7, p. 1118–1125, 2000.

CRAGG, G. M.; NEWMAN, D. J. Natural products: A continuing source of novel drug leads.

Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - General Subjects, v. 1830, n. 6, p. 3670–3695, 2013.

CROTEAU, R.; KUTCHAN, T. M.; LEWIS, N. G. Natural products (Secondary metabolites).

In: BUCHANAN, B.; GRUISSEM, W.; JONES, R. (Eds.). Biochemistry and Molecular

75

Biology of Plants. Rockville: American Society of Plant Physiologists, p. 1250–1318.

D´AGOSTINI, A. P. C. R. et al. Tratamentos para superação da dormência de sementes de

Adenanthera pavonina L. Revista Árvore, v. 33, n. 4, p. 617–623, 2009.

DALARAM, I. S.; SULAIMAN, I. Evaluation of total polyphenol content and antioxidant

capacity of different verity lupin seeds. Potravinarstvo, v. 11, n. 1, p. 26–34, 2017.

DAVIES, K. J. Oxidative stress, antioxidant defenses, and damage removal, repair, and

replacement systems. IUBMB Life, v. 50, n. 4, p. 279–289, 2001.

DAVIES, K. J. Oxidative stress: the paradox of aerobic life. Biochemical Society Symposia,

v. 61, 1995.

DA SILVA, W. et al. Evaluation of the Adenanthera pavonina seed proteinase inhibitor (ApTI)

as a bioinsecticidal tool with potential for the control of Diatraea saccharalis. Process

Biochemistry, v. 47, p. 257-263, 2012.

DE CAMARGO, A. C. et al. Enzyme-assisted extraction of phenolics from winemaking by-

products: Antioxidant potential and inhibition of alpha-glucosidase and lipase activities. Food

Chemistry, v. 212, p. 395–402, 2016.

DE MOURA, J. M. L. N. et al. Enzyme-assisted aqueous extraction of oil and protein from

soybeans and cream de-emulsification. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.

85, n. 10, p. 985–995, 2008.

DIPLOCK, A. T. et al. Scientific concepts of functional foods in Europe: Consensus document.

British Journal of Nutrition, v. 81, n. S1, p. s1–s27, 1999.

EZEAGU, I. E. et al. Physico-chemical characterization of seed oil and nutrient assessment of

Adenanthera pavonina L.: An underutilized tropical legume. Ecology of Food and Nutrition,

v. 43, n. 4, p. 295–305, 2004.

FANG, X.; MOREAU, R. A. Extraction and demulsification of oil from wheat germ, barley

germ, and rice bran using an aqueous enzymatic method. Journal of the American Oil

Chemists’ Society, v. 91, n. 7, p. 1261–1268, 2014.

FERRUZZI, M.G.; GREEN, R.J. Analysis of catechins from milk–tea beverages by enzyme

assisted extraction followed by high performance liquid chromatography. Journal of Food

Chemistry. v. 99, p. 484–491, 2006.

FOUCHE, G. et al. In vitro anticancer screening of South African plants. Journal of

Ethnopharmacology, v. 119, n. 3, p. 455–461, 2008.

FRANKEL, E. N. Nutritional benefits of flavonoids. In: Food Factors for Cancer Prevention.

Tokyo: Springer Japan, 1997. p. 613–616.

GARDOSSI, L. et al. Guidelines for reporting of biocatalytic reactions. Trends in

Biotechnology, v. 28, n. 4, p. 171–180, 2010.

GHANI, A. . Medicinal plants of Bangladesh with chemical constituents and uses. 2nd. ed.

Bangladesh: Asiatic Society of Bangladesh, 2003.

GOMES, E. C. et al. Oxidants, antioxidants, and the beneficial roles of exercise-induced

production of reactive species. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v. 2012, p. 1–

76

12, 2012.

GONG, Y. et al. Optimization of extraction parameters of bioactive components from defatted

marigold (Tagetes erecta L.) residue using response surface methodology. Food and

Bioproducts Processing, v. 90, n. 1, p. 9–16, 2012.

GOVARDHAN SINGH, R. S.; NEGI, P. S.; RADHA, C. Phenolic composition, antioxidant

and antimicrobial activities of free and bound phenolic extracts of Moringa oleifera seed flour.

Journal of Functional Foods, v. 5, n. 4, p. 1883–1891, 2013.

GUINÉ, R. P. F. et al. Role and health benefits of different functional food components.

International Journal of Medical and Biological Frontiers, v. 17, n. 9, p. 1081–3829, 2011.

GÜLCIN, I. Antioxidant activity of food constituents: an overview. Archives of Toxicology,

v. 86, n. 3, p. 345–391, 2012.

HALLIWELL, B. Antioxidants in human health and disease. Annual Review of Nutrition, v.

16, n. 1, p. 33–50, 1996.

HAMINIUK, C. W. I. et al. Phenolic compounds in fruits - an overview. International Journal

of Food Science and Technology, v. 47, n. 10, p. 2023–2044, 2012.

HARDY, G. Nutraceuticals and functional foods: introduction and meaning. Nutrition, v. 16,

n. 7–8, p. 688–9, 1998.

HASSANP OUR, S. et al. Plants and secondary metabolites (Tannins): A Review.

International Journal of Forest, Soil and Erosion, v. 1, n. 11, p. 47–53, 2011.

HEIM, K. E.; TAGLIAFERRO, A. R.; BOBILYA, D. J. Flavonoid antioxidants: chemistry,

metabolism and structure-activity relationships. The Journal of Nutritional Biochemistry, v.

13, n. 10, p. 572–584, 2002.

HOLSER, R. A.; BOST, G.; VAN BOVEN, M. Phytosterol composition of hybrid hibiscus

seed oils. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 52, n. 9, p. 2546-2548, 2004.

HORWITZ, W.; LATIMER, G. W. Official methods of analysis of the AOAC international.

19. ed. Gaithersburg: AOAC International, 2012.

HOUGHTON, P. et al. The sulphorhodamine (SRB) assay and other approaches to testing plant

extracts and derived compounds for activities related to reputed anticancer activity. Methods,

v. 42, n. 4, p. 377–387, 2007.

HOWES, F. N. A dictionary of useful everyday plants and their common names. New York:

Cambridge University Press, 1974.

JAROMIN, A.; KORYCIŃSKA, M.; KOZUBEK, A. Coralwood (Adenanthera pavonina L.)

Seeds and Their Protective Effect. In: PREEDY, V. R. .; WATSON, R. R. .; PATEL, V. B. .

(Eds.). Nuts and Seeds in Health and Disease Prevention. 1. ed. London: Academic Press,

2011. p. 389–394.

JAYAKUMARI, S. et al. Anti-inflammatory activity of Adenanthera pavonina Linn. leaves.

Journal of Natural Remedies, v. 12, n. 1, p. 56–62, 2012.

JOLY, A. . Botânica: Introdução a Taxonomia Vegetal. 13th. ed. São Paulo: Companhia

Editora Nacional, 2002.

77

JUDD, W. S. . et al. Sistemática Vegetal: Um Enfoque Filogenético. 3rd. ed. Porto Alegre:

Artmed, 2009.

JUNG, H. A. et al. Antioxidant flavonoids and chlorogenic acid from the leaves of Eriobotrya

japonica. Archives of Pharmacology Research, v. 22, n. 2, p. 213–218, 1999.

KAMMERER, K. D.; CLAUS, A.; SCHIEBER, A.; CARLE, R. A novel process for the

recovery of polyphenols from grape (Vitis vinifera) pomace. Journal of Food Science, v. 70,

p. 157-163, 2005.

KEEPERS, Y. P. et al. Comparison of the sulforhodamine B protein and tetrazolium (MTT)

assays for in vitro chemosensitivity testing. European Journal of Cancer and Clinical

Oncology, v. 27, n. 7, p. 897–900, 1991.

KHARE, C. P. Indian medicinal plants — an illustrated dictionary. Springer-Verlag, p. 601,

2007.

KIM, Y. J.; KIM, D. O.; CHUN, O, K.; SHIN, D. H.; JUNG, H.; LEE, C, Y.; WILSON, D. B.;

Phenolic extraction from apple peel by cellulases from Thermobifida fusca. Journal of

Agriculture and Food Chemistry. v. 53, p. 9560-9565, 2005.

KING, A.; YOUNG, G. Characteristics and occurrence of phenolic phytochemicals. Journal

of the American Dietetic Association, v. 99, n. 2, p. 213–218, 1999.

KLINGHAMMER, K.; WALTHER, W.; HOFFMANN, J. Choosing wisely – Preclinical test

models in the era of precision medicine. Cancer Treatment Reviews, v. 55, p. 36–45, 2017.

KUMAR, S.; PANDEY, A. K. Chemistry and biological activities of flavonoids: An overview.

The Scientific World Journal, v. 2013, p. 1-16, 2013.

KOLECKAR, V. et al. Condensed and hydrolysable tannins as antioxidants influencing the

health. Mini-Reviews in Medicinal Chemistry, v. 8, n. 5, p. 436–447, 2008.

KWAK, N.-S.; JUKES, D. J. Functional foods. Part 1: the development of a regulatory concept.

Food Control, v. 12, n. 2, p. 99–107, 2001.

LAGOS, J. B. et al. Recent patents on the application of bioactive compounds in food: a short

review. Current Opinion in Food Science, v. 5, p. 1–7, 2015.

LANDBO, A.-K.; MEYER, A. S. Enzyme-assisted extraction of antioxidative phenols from

black currant juice press residues (Ribes nigrum). Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v. 49, n. 7, p. 3169-3177, 2001.

LEITE, A. V. et al. Antioxidant potential of rat plasma by administration of freeze-dried

jaboticaba peel (Myrciaria jaboticaba Vell Berg). Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v. 59, n. 6, p. 2277–2283, 2011.

LIMA, A. et al. Caracterização química do fruto jabuticaba (Myrciaria cauliflora Berg) e de

suas frações. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v. 58, n. 4, 2008.

LI, B.B. et al. Extraction of phenolics from citrus peels: II. Enzyme-assisted extraction method.

Separation and Purification Technology, v.48, p. 189–196, 2006.

LIU, J. J. et al. Enzyme-assisted extraction processing from oilseeds: Principle, processing and

application. Innovative Food Science and Emerging Technologies, v. 35, p. 184–193, 2016.

78

LIU, R. H. Whole grain phytochemicals and health. Journal of Cereal Science, v. 46, n. 3, p.

207–219, 2007.

LUZIA, D. M. M.; JORGE, N. Bioactive substance contents and antioxidant capacity of the

lipid fraction of Annona crassiflora Mart. seeds. Industrial Crops and Products, v. 42, p.

231–235, 2013.

MADEIRA JUNIOR, J. V.; TEIXEIRA, C. B.; MACEDO, G. A. Biotransformation and

bioconversion of phenolic compounds obtainment: an overview. Critical Reviews in

Biotechnology, v. 35, n. 1, p. 75–81, 2015.

MANACH, C.; MAZUR, A.; SCALBERT, A. Polyphenols and prevention of cardiovascular

diseases. Current Opinions in Lipidology, v. 16, p. 77–84, 2005.

MARTINS, I. M. et al. Enzymatic biotransformation of polyphenolics increases antioxidant

activity of red and white grape pomace. Food Research International, v. 81, n. 1, p. 533-539,

2016.

MAŠKOVIĆ, P. Z. et al. Optimization of the extraction process of antioxidants from orange

using response surface methodology. Food Analytical Methods, v. 9, n. 5, p. 1436–1443, 2016.

MENRAD, K. Market and marketing of functional food in Europe. Journal of Food

Engineering, v. 56, n. 2–3, p. 181–188, 2003.

MIDDLETON, E.; KANDASWAMI, C.; THEOHARIDES, T. C. The effects of plant

flavonoids on mammalian cells: Implications for inflammation, heart disease, and cancer.

Pharmacological Reviews, v. 52, n. 4, 2000.

MONKS, A. et al. Feasibility of a high-flux anticancer drug screen using a diverse panel of

cultured human tumor cell lines. Journal of the National Cancer Institute, v. 83, n. 11, p.

757–766, 1991.

MUJAHID, M. et al. An insight of pharmacognostic and phytopharmacology study of

Adenanthera pavonina. Journal of Chemical and Pharmaceutical Research, v. 8, n. 2, p.

586–596, 2016.

MUJAHID, M. et al. Phytochemical analysis and evaluation of scavenging activity of

methanolic extract of Adenanthera pavonina Linn leaves. Journal of Drug Delivery and

Therapeutics, v. 5, n. 3, p. 55–61, 2015.

MUÑOZ, O. et al. Effects of enzymatic treatment on anthocyanic pigments from grapes skin

from Chilean wine. Food Chemistry. v. 87, p. 487–490, 2004.

NACZK, M.; SHAHIDI, F. Extraction and analysis of phenolics in food. Journal of

Chromatography A, v. 1054, n. 1–2, p. 95–111, 2004.

NAGENDRA, C. K. L.; MANASA, D.; SRINIVAS, P.; SOWBHAGYA, H .B. Enzyme-

assisted extraction of bioactive compounds from ginger (Zingiber officinale Roscoe). Food

Chemistry, v. 139, p. 509-514,2013.

NAYAK, B.; LIU, R. H.; TANG, J. Effect of processing on phenolic antioxidants of fruits,

vegetables, and grains—A Review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 55,

n. 7, p. 887–918, 2015.

79

NEPA/UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Disponível em:

<https://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada>. Acesso em:

2 maio. 2017.

NETO, B. B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Como fazer experimentos. 4 ed. Porto

Alegre: Bookman, 2010

NIRMALA, C.; BISHT, M. S.; LAISHRAM, M. Bioactive compounds in bamboo shoots:

health benefits and prospects for developing functional foods. International Journal of Food

Science & Technology, v. 49, n. 6, p. 1425–1431, 2014.

OLAJIDE, O. A. et al. Anti-inflammatory studies on Adenanthera pavonina seed extract.

Inflammopharmacology, v. 12, n. 2, p. 196–202, 2004.

OLIVEIRA, A. C. DE et al. Fontes vegetais naturais de antioxidantes. Quimica Nova, v. 32,

n. 3, p. 689–702, 2009.

ONI, J. O. et al. Anticonvulsant and depressant activities of the seed extracts of Adenanthera

pavonina. Journal of Natural Products, v. 2, p. 74–80, 2009.

PANDHARE, R. B. et al. Anti-hyperglycaemic and lipid lowering potential of Adenanthera

pavonina Linn. in streptozotocin induced diabetic rats. Oriental Pharmacy and Experimental

Medicine, v. 12, n. 3, p. 197–203, 2012.

PANDHARE, R. e SANGAMESWARAN, B. Extract of Adenanthera pavonina L. seed

reduces development of diabetic nephropathy in streptozotocin-induced diabetic rats. Avicenna

Journal of Phytomedicine, v. 2, n. 4, p. 233–42, 2012.

PARR, A. J.; BOLWELL, G. P. Phenols in the plant and in man. The potential for possible

nutritional enhancement of the diet by modifying the phenols content or profile. Journal of the

Science of Food and Agriculture, v. 80, n. 7, p. 985–1012, 2000.

PATINDOL, J. et al. Cellulase-assisted extraction of oligosaccharides from defatted rice bran.

Journal of Food Science, v. 72, p. 517–521, 2007.

PAZ, M. et al. Brazilian fruit pulps as functional foods and additives: Evaluation of bioactive

compounds. Food Chemistry, v. 172, p. 462-468, 2015.

PIERGIORGIO, P.; SIMONETTI, P.; MAURI, P. Antioxidant activity of selected medicinal

plants. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, n. 11, p. 4487-4490, 1998.

PINELO, M.; ARNOUS, A.; MEYER, A. S. Upgrading of grape skins: Significance of plant

cell-wall structural components and extraction techniques for phenol release. Trends in Food

Science and Technology, v. 17, n. 11, p. 579–590, 2006.

PINELO, M.; MEYER, A. S. Enzyme-assisted extraction of antioxidants: Release of phenols

from vegetal matrixes. Electronic Journal of Environmental, Agricultural and Food

Chemistry. v. 7, p. 3217-3220, 2008.

PULIDO, R.; BRAVO, L. B.; FULGENCIO, S.C. Antioxidant activity of dietary polyphenols

as determined by a modified ferric reducing/antioxidant power assay. Journal of Agricultural

and Food Chemistry, v. 48, n. 8, p. 3396-3402, 2000.

PURI, M. et al. Molecular characterization and enzymatic hydrolysis of naringin extracted from

80

kinnow peel waste. International Journal of Biological Macromolecules. 48, 58–62, 2011.

PURI, M.; SHARMA, D.; BARROW, C. J. Enzyme-assisted extraction of bioactives from

plants. Trends in Biotechnology, v. 30, n. 1, p. 37–44, 2012.

PUUPPONEN-PIMIA, R. et al. Antimicrobial properties of phenolic compounds from berries.

Journal of Applied Microbiology, v. 90, n. 4, p. 494–507, 2001.

QUIROS-SAUCEDA, A. E. et al. Dietary fiber and phenolic compounds as functional

ingredients: interaction and possible effect after ingestion. Food and Function., v. 5, n. 6, p.

1063–1072, 2014.

RANDALL, R. P. A Global Compendium of weeds. Perth, Australia: Department of

Agriculture and Food Western Australia, 2012. v. 1124

REBELLO, L. P. G. et al. Flour of banana (Musa AAA) peel as a source of antioxidant phenolic

compounds. Food Research International, v. 55, p. 397–403, 2014.

REN, Q. et al. Recent advances in separation of bioactive natural products. Chinese Journal

of Chemical Engineering, v. 21, n. 9, p. 937–952, 2013.

RICE-EVANS, C. A.; MILLER, N. J.; PAGANGA, G. Structure-antioxidant activity

relationships of flavonoids and phenolic acids. Free Radical Biology and Medicine, v. 20, n.

7, p. 933–956, 1996.

RISPAIL, N.; MORRIS, P.; WEBB, K. J. Phenolic compounds: extraction and analysis. In:

Lotus japonicus Handbook. Berlin: Springer-Verlag, 2005. p. 349–354.

ROBARDS, K. et al. Phenolic compounds and their role in oxidative processes in fruits. Food

Chemistry, v. 66, n. 4, p. 401–436, 1999.

ROBERFROID, M. B. A European consensus of scientific concepts of functional foods.

Nutrition, v. 16, n. 7–8, p. 689–691, 2000.

ROBERFROID, M. B. Global view on functional foods: European perspectives. British

Journal of Nutrition, v. 88, n. S2, p. S133, 2002.

ROBY, M. H. H.; SARHAN, M. A.; SELIM, K. A.-H.; KHALEL, K. I. Evaluation of

antioxidant activity, total phenols and phenolic compounds in thyme (Thymus vulgaris L.), sage

(Salvia officinalis L.), and marjoram (Origanum majorana L.) extracts. Industrial Crops and

Products, v. 43, p. 827–831, 2013.

RODRIGO, S. K.; JAYASINGHE, U. L. B.; BANDARA, B. M. R. Antifungal, antioxidant and

cytotoxic of Acronychia pedunculata and Adenanthera pavonina. Proceedings of the

Peradeniya University Research Sessions. Anais...Sri Lanka: 2007

ROESLER, R. et al. Evaluation of the antioxidant properties of the brazilian cerrado fruit

Annona crassiflora (Araticum). Journal of Food Science, v. 71, n. 2, p. C102–C107, 2006.

ROESLER, R. et al. Atividade antioxidante de frutas do cerrado antioxidant activity of cerrado

fruits. Food Science and Technology, v. 27, n. 1, p. 53–60, 2007.

RUBINSTEIN, L. V. et al. Comparison of in vitro anticancer-drug-screening data generated

with a tetrazolium assay versus a protein assay against a diverse panel of human tumor cell

lines. Journal of the National Cancer Institute, v. 82, n. 13, p. 1113–1117, 1990.

81

RUIZ-TERAN, F. et al. Enzymatic extraction and transformation of glucovanillin to vanillin

from vanilla green pods. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 49, p. 5207–5209,

2001.

SAMMAN, S. (UNIVERSITY OF S. S. N. S. W. A. .; LYONS WALL, P. M.; COOK, N. C.

Flavonoids and coronary heart disease: dietary perspectives. Marcel Dekker, , 1998.

Disponível em: <http://agris.fao.org/agris-search/search.do?recordID=US1997056021>.

Acesso em: 30 jun. 2017

SANTOS-BUELGA, C.; SCALBERT, A. Proanthocyanidins and tannin-like compounds -

nature, occurrence, dietary intake and effects on nutrition and health. Journal of the Science

of Food and Agriculture, v. 80, n. 7, p. 1094–1117, 2000.

SCHOFIELD, P.; MBUGUA, D. .; PELL, A. Analysis of condensed tannins: a review. Animal

Feed Science and Technology, v. 91, n. 1–2, p. 21–40, 2001.

SHAHIDI, F. Antinutrients and phytochemicals in food. In: SHAHIDI, F. (Ed.). American

Chemical Society, 1997.

SHAHIDI, F.; HO, C.-T. Phenolic Compounds in Foods and Natural Health Products.

Washington, DC: American Chemical Society, 2005.

SHAHIDI, F.; NACZK, M. Phenolics in foods and nutraceuticals. Boca Raton: CRC Press,

2004.

SHAHIDI, F.; YEO, J.-D. Insoluble-bound phenolics in food. Molecules, v. 21, n. 9, p. 1216,

2016.

SHARMA, A.; GUPTA, M. N. Three phase partitioning as a large-scale separtion method for

purification of wheat germ bifunctional protease/amilase inhibitor. Process Biochemistry, v.

37, p. 193–196, 2001.

SHOEMAKER, R. H. The NCI60 human tumour cell line anticancer drug screen. Nature

Reviews Cancer, v. 6, n. 10, p. 813–823, 2006.

SIDDHURAJU, P.; VIJAYAKUMARI, K.; JANARDHANAN, K. Chemical composition and

protein quality of the little-known legume, velvet bean (Mucuna pruriens (L.) DC.). Journal

of Agriculture and Food Chemistry, v. 4, n. 9, p. 2636–2641, 1996.

SILVA, M. F.; DE SOUZA, L. A. G.; CARREIRA, L. M. D. M. Nomes Populares das

Leguminosas do Brasil. Manaus: Edua, 2004.

SINGH, B. et al. Bioactive compounds in banana and their associated health benefits - A

review. Food Chemistry, v. 206, p. 1–11, 2016.

SINGH, B.; SHARMA, H. K.; SARKAR, B. C. Optimization of extraction of antioxidants from

wheat bran (Triticum spp.) using response surface methodology. Journal of Food Science and

Technology, v. 49, n. 3, p. 294–308, 2012.

SITTA, A. et al. Neurological Damage in MSUD: The role of oxidative stress. Cellular and

Molecular Neurobiology, v. 34, n. 2, p. 157–165, 2014.

SKEHAN, P. et al. New colorimetric cytotoxicity assay for anticancer-drug screening. Journal

of the National Cancer Institute, v. 82, n. 13, p. 1107–1112, 1990.

82

STANISAVLJEVIC, N. S. et al. Identification of phenolic compounds from seed coats of

differently colored european varieties of pea (Pisum sativum L.) and characterization of their

antioxidant and in vitro anticancer activities. Nutrition and Cancer, v. 68, n. 6, p. 988–1000,

2016.

STANTON, C. et al. Fermented functional foods based on probiotics and their biogenic

metabolites. Current Opinion in Biotechnology, v. 16, n. 2, p. 198–203, 2005.

STOLL, T. et al. Process for the recovery of a carotene rich functional food ingredient from

carrot pomace by enzymatic liquification. Innovative. Food Science and Emerging

Technologies, v. 4, p. 415–423, 2003.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant Physiology. 4. ed. Massachusetts: Oxford University Press, 2006.

THATOI, H. N.; PATRA, J. K.; DAS, S. K. Free radical scavenging and antioxidant potential

of mangrove plants: a review. Acta Physiologiae Plantarum, v. 36, n. 3, p. 561–579, 2014.

THOURI, A. et al. Effect of solvents extraction on phytochemical components and biological

activities of Tunisian date seeds (var. Korkobbi and Arechti). BMC Complementary and

Alternative Medicine, v. 17, n. 1, p. 248, 2017.

VALENTÃO, P. et al. Antioxidative properties of cardoon (Cynara cardunculus L.) infusion

against superoxide radical, hydroxyl radical, and hypochlorous acid. Journal of Agricultural

and Food Chemistry, v. 50, n. 17, p. 4989–93, 2002.

VELDERRAIN-RODRÍGUEZ, G. R. et al. Phenolic compounds: their journey after intake.

Food and Function., v. 5, n. 2, p. 189–197, 2014.

VENDRAMINI-COSTA, D.; E. CARVALHO, J. Molecular link mechanisms between

inflammation and cancer. Current Pharmaceutical Design, v. 18, n. 26, p. 3831–3852, 2012.

VICHAI, V.; KIRTIKARA, K. Sulforhodamine B colorimetric assay for cytotoxicity screening.

Nature Protocols, v. 1, n. 3, p. 1112–1116, 2006.

VOLP, A. C. P.; RENHE, I. R. T.; STRINGUETA, P. C. Pigmentos Naturais Bioativos.

Alimentos e Nutrição, v. 20, p. 157–166, 2009.

WANG, Y.-K. et al. Antioxidant property and their free, soluble conjugate and insoluble-bound

phenolic contents in selected beans. Journal of Functional Foods, v. 24, p. 359–372, 2016.

WEIHOFEN, A.; MARTOGLIO, B. Intramembrane-cleaving proteases: Controlled liberation

of proteins and bioactive peptides. Trends in Cell Biology, v. 13, n. 2, p. 71–78, 2003.

XU, B. J.; CHANG, S. K. C. A Comparative study on phenolic profiles and antioxidant

activities of legumes as affected by extraction solvents. Journal of Food Science, v. 72, n. 2,

p. S159–S166, 2007.

YADAV, N.; MISRA, G.; NIGAM, S. K. Triterpenoids of Adenanthera pavonina bark. Planta

Medica, v. 29, p. 176-178, 1976.

YU, J.; VASANTHAN, T.; TEMELLI, F. Analysis of phenolic acids in barley by high-

performance liquid chromatography. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, n.

9, p. 4352-4358, 2001.

ZHANG, B. et al. Phenolic profiles of 20 Canadian lentil cultivars and their contribution to

83

antioxidant activity and inhibitory effects on α-glucosidase and pancreatic lipase. Food

Chemistry, v. 172, p. 862–872, 2015.

ZHENG, H.; HWANG, I.-W.; CHUNG, S.-K. Enhancing polyphenol extraction from unripe

apples by carbohydrate-hydrolyzing enzymes. Journal of Zhejiang University. Science. B, v.

10, n. 12, p. 912–9, 2009.

ZHISHEN, J.; MENGCHENG, T.; JIANMING, W. The determination of flavonoid contents in

mulberry and their scavenging effects on superoxide radicals. Food Chemistry, v. 64, n. 4, p.

555–559, 1999.