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1 ________________________________________________________MENSAGEM DO PRESIDENTE Mudanças Metodológicas (*) Adilson Cezar A edição deste quarto número do “O Fornovo” apresenta uma modificação na metodologia de seu tratamento. Tendo tido a experiência dos três números anteriores e estabelecido um diálogo franco e direto entre os responsáveis e formadores de opinião, formaram-se dois grupos distintos em defesa de metodologias diferenciadas para periódicos. Um dos grupo advoga que os periódicos devem ser elementos de divulgação das atividades das instituições, pois estas para que tenham vida, é necessário documentarem suas atividades bem como de seus diretores, sempre batalhando pela expansão de seus conceitos. Outro grupo por sua vez entende que os periódicos têm finalidade bastante distinta e devem servir exclusivamente para a divulgação de estudos específicos na área de atuação; como exemplo em nossa questão “O Fornovo” deve apenas refletir estudos específicos de história militar ou no máximo a ela aproximados, na tentativa de recuperar ou registrar fatos e eventos a ela relacionados. Como as duas vertentes têm sua razão de ser, apenas estão alicerçadas em processos metodológicos diferenciados; resolvemos optar por uma conduta alternativa. Assim para esclarecer, resolvemos que “O Fornovo”, a partir do presente número deverá refletir um direcionamento de natureza específica, ou seja, vai concentrar-se na divulgação de pesquisas e estudo de história militar principalmente aqueles referentes à gente paulista. Entretanto, isto ficará diretamente ligado à disponibilidade de estudos a serem divulgados e deixará esta periodicidade de mensal para ser editado bimestralmente. Quanto à divulgação das atividades genéricas e esforços voltados para as entidades parceiras, deverão ser também editados de forma bimestral, Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba. IHGGS OFornovo Casa de Aluísio de Almeida Sorocaba Federação das Academias de História Militar Terrestre do Brasil AHIMTB/SP Gen Bertholdo klinger Órgão informativo eletrônico do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil / São Paulo “Gen Bertholdo Klinger” Federada a Federação das Academias de História Militar Terrestre do Brasil ANO: I (2013) Setembro N.º 04 Editor responsável: Jorn. Reinaldo Galhardo de Carvalho Presidente do IHGGS e AHIMTB/SP: Prof. Adilson Cezar

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________________________________________________________MENSAGEM DO PRESIDENTE

Mudanças Metodológicas

(*) Adilson Cezar

A edição deste quarto número do “O Fornovo” apresenta uma modificação na metodologia de seu tratamento. Tendo tido a experiência dos três números anteriores e estabelecido um diálogo franco e direto entre os responsáveis e formadores de opinião, formaram-se dois grupos distintos em defesa de metodologias diferenciadas para periódicos. Um dos grupo advoga que os periódicos devem ser elementos de divulgação das atividades das instituições, pois estas para que tenham vida, é necessário documentarem suas atividades bem como de seus diretores, sempre batalhando pela expansão de seus conceitos. Outro grupo por sua vez entende que os periódicos têm finalidade bastante distinta e devem servir exclusivamente para a divulgação de estudos específicos na área de atuação; como exemplo em nossa questão “O Fornovo” deve apenas refletir estudos específicos de história militar ou no máximo a ela aproximados, na tentativa de recuperar ou registrar fatos e eventos a ela relacionados. Como as duas vertentes têm sua razão de ser, apenas estão alicerçadas em processos metodológicos diferenciados; resolvemos optar por uma conduta alternativa. Assim para esclarecer, resolvemos que “O Fornovo”, a partir do presente número deverá refletir um direcionamento de natureza específica, ou seja, vai concentrar-se na divulgação de pesquisas e estudo de história militar principalmente aqueles referentes à gente paulista. Entretanto, isto ficará diretamente ligado à disponibilidade de estudos a serem divulgados e deixará esta periodicidade de mensal para ser editado bimestralmente. Quanto à divulgação das atividades genéricas e esforços voltados para as entidades parceiras, deverão ser também editados de forma bimestral,

Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico

de Sorocaba.

IHGGS

OFornovo

Casa de Aluísio de Almeida

Sorocaba

Federação das Academias de História

Militar Terrestre do Brasil

AHIMTB/SP Gen Bertholdo klinger

Órgão informativo eletrônico do

Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e da

Academia de História Militar Terrestre do Brasil / São Paulo “Gen Bertholdo Klinger”

Federada a Federação das Academias de História Militar Terrestre do Brasil

ANO: I (2013) Setembro N.º 04

Editor responsável: Jorn. Reinaldo Galhardo de Carvalho

Presidente do IHGGS e AHIMTB/SP: Prof. Adilson Cezar

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intercalando entre as edições do “O Fornovo”, as do novo periódico que receberá a denominação de “O Paulista”. Acreditamos que com essa decisão, estaremos atendendo as diferentes formas de pensamento e enriquecendo ambas as instituições signatárias destes periódicos. Para ultimar a nossa mensagem, faz-se necessário fazermos aos acadêmicos, amigos e entusiastas, o apelo para que colaborem com o envio de material para que esses periódicos possam atingir seus objetivos e entusiasmando a todos.

A Revolução Constitucionalista de 1932

Observamos que a temática reproduzida nada mais é do que a palestra efetuada pelo Prof. Adilson Cezar, presidente do IHGGS e da AHIMTB/SP., realizada no auditório do Instituto, no dia 14 de julho de 2013 dentro do sistema de fichas para uso em “data show”. Juscelino Kubitschek de Oliveira, futuro Presidente da República, participante da revolução constitucionalista como cirurgião da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, no célebre túnel da Mantiqueira, onde operou em vagões ferroviários, emitiu sobre este episódio o seguinte comentário:

A crise que veio de fora: Os EUA no final do século XIX e começo do século XX eram uma potência

emergente. Sua participação na 1.ª Grande Guerra foi decisiva para devedores que eram de

alguns países europeus e saíram como credores. Nos dez anos seguintes, a economia continuava a crescer, causando euforia entre

os empresários. O mundo invejava o estilo de vida dos americanos. Acentuou-se a concepção de que a América era a terra das oportunidades. O “fazer a América” era o desejo de todos e as imigrações se tornaram maciças. A descoberta do crédito e outros mecanismos para facilidades da vida doméstica,

fazia que o modo de vida dos americanos fosse invejável. Era o “American way of life” (estilo americano de vida)

A década de 20 ficou conhecida como os “Loucos Anos 20”. O consumo aumentou, a indústria criava a todo instante bens de consumo; clubes e boates viviam cheios e o cinema tornou-se uma grande diversão.

Os anos 20 foram realmente uma grande festa! Nessa época, as ações estavam valorizadas por causa da euforia econômica. Esse crescimento econômico (também conhecido como o “Big Boom”) era artificial e aparente, portanto logo se desfez.

O Passo do Soldado

Refrão Marcha, soldado paulista, Marca o teu passo na história! Deixa na terra uma pista: Deixa um rastilho de glória!

Letra: Guilherme de Almeida Música: Marcelo Tupinambá

Testemunho insuspeito

“Foi uma daquelas causas pelas quais os homens podem viver com dignidade e morrer com grandeza”.

Herbert Hoover Presidente de:

4.3.1929 a 4.3.1933

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Durante a campanha para a presidência Herbert Clark Hoover, tinha por slogan “um frango em cada panela e dois automóveis em cada garagem”.

De 1920 até 1929, os americanos iludidos com essa prosperidade aparente, compraram várias ações em diversas empresas, até que no dia 24 de outubro de 1929, começou a pior crise econômica da história do capitalismo.

A crise internacional a grande depressão:

A hegemonia do capitalismo norte-americano estava em toda a parte e criava laços de dependência que foram fatais diante da crise de superprodução que se apresentou em 1929 (contradição do sistema capitalista). A eclosão da crise ocorreu em 24 de outubro de 1929 – o pânico da quinta-feira negra – “crack da bolsa de New York”. A restrição ao crédito externo feita pelos EUA, fez com que a crise se tornasse um “ciclo infernal” atingindo a todos os países dentro de sua esfera de influência. Alguns países, sem poderem dispor de seus estoques invendáveis, passaram a destruí-los. Por exemplo: França, que passou a destruir toneladas de trigo; Argentina, Holanda e Dinamarca, que passaram a abater o gado e o Brasil queimou milhares de sacas de café. A redução da produção tornou-se inevitável, mas isto determinou o desemprego em massa e falências, o que fez com que o mercado ainda mais se retraísse. Enfim, desorganizou-se o mercado internacional, o desespero e a miséria tomaram conta dos grandes centros urbanos.

Manifestação diante do Crack da Bolsa Fila de desempregados para a sopa Queima de café em alemoa (Santos/SP.)

A crise e a república Velha:

(O fim da Política do Café com Leite)

A aparente tranquilidade do governo de Washington Luís: uso da lei Celerada (1927 – censura a imprensa; restringe o direito de reunião) contra tenentes e operários filiados a organização revolucionária (BOC – Bloco Operário Camponês). A crise de 29 e a anulação da política de valorização do café: A retração do mercado consumidor devido a depressão determinou a suspensão do financiamento para a estocagem do café e a exigência da liquidação imediata dos débitos anteriores; Enfim desmontava-se a política originária de 1906 com o Convênio de Taubaté. A cisão das oligarquias: Ao lado da crise da política de valorização do café, surgiu a questão sucessória (W. Luís rompeu com o hábito do rodízio entre os Carlos Ribeiro de Andrada, mas sim de um paulista. Aliança liberal e a candidatura de Getúlio Vargas como cisão da sucessão em 1930 e para vice João Pessoa.

Washington Luís

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Julio Prestes Antonio Carlos João Pessoa Getulio Vargas

A Revolução de 1930

A vitória de Julio Prestes de Albuquerque e o início do movimento militar no Rio Grande do Sul e no Nordeste. Inconformismo de políticos emergentes como Oswaldo Aranha e Lindolfo Color, dos tenentes

Juarez Távora e Miguel Costa e o assassinato de João Pessoa determinam o processo revolucionário de 3 de outubro de 1930.

A deposição de Washington Luís. Para se evitar uma guerra civil, o Cardeal Leme o convenceu a entregar o poder aos Generais:

Mena Barreto, Tasso Fragoso e o Alte. Isaias de Noronha em 24 de outubro de 1930 que constituem uma junta governativa e resolveram entregar o governo provisório a Getúlio Vargas.

Washington Luís, deposição e exílio.

Gaúchos em sinal de vitória amarram os cavalos no obelisco do Rio de Janeiro.

Vargas no poder:

Dissolve a junta governativa e institui um governo provisório sob sua liderança e confirma a dissolução do Congresso Nacional e das Casas Legislativas Estaduais e Municipais. Estabelece-se uma política ambígua com três tendências políticas:

As oligarquias tradicionais que perderam o controle do poder; Os tenentes, que defendiam a centralização do poder e Os militares legalistas, que desejavam a manutenção da ordem

As oligarquias - aspiravam o retorno imediato à normalidade constitucional, com o restabelecimento das eleições e supostamente voltariam ao poder. Os tenentes - (organizaram-se em clubes políticos dos quais se destaca o “3 de outubro” com tendências radicais nacionalista e ditatorial) fazendo concessões, nomeando-os interventores e aos poucos os foi deixando de lado.

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Os militares legalistas - pouco a pouco ganham espaço, em razão da dependência destes para se manterem no poder.

Vargas e São Paulo: São Paulo com a crise de 29 e a revolução de 30 perdeu sua hegemonia – pois com elas perdeu a política dos governadores e a da valorização do café – o que lhe garantia a supremacia. Agrava-se a situação da velha oligarquia, colocada de lado a favor dos tenentes:

Para São Paulo, nomeou-se como interventor o “tenente” pernambucano João Alberto Lins de Barros O Partido Democrático que em SP., festejara a Revolução de 30, sentiu-se desgostoso com a nomeação do interventor federal

O Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista se unem (formando a Frente Única), sob a palavra de ordem:

Desilusão e dignidade ferida:

A alegria do Partido Democrático após a vitória da Revolução de 30, era substituído agora pelo desânimo e

sentimento de desilusão. A oposição surge e era contra a “operação desmonte” que estava sendo efetuada em São Paulo. O “Clube Três de Outubro”, a “Legião Revolucionária” e o recentemente criado “Partido Popular Paulista”, a

tudo vigiavam e censuravam. A Força Pública estava sofrendo cortes. A ocupação militar e administrativa. A economia do Estado estava entregue ao seu próprio destino.

Os dois partidos PD e PRP agora se aliam a favor de São Paulo formando a “Frente Única” pelo resgate da dignidade do povo paulista.

“O indiferentismo paulista some por encanto. Todos os lares esbrasearam-se em áscuas de ira e revolta.” (Diário da Capela)

Em 28 de abril de 1931, houve isoladamente uma tentativa de revolta do 6 BI da Força Publica; - trezentos soldados foram presos.

Ouvia-se por toda a parte “o governo provisório está provisório por tempo demasiado” – eram vozes da classe política; da burguesia; de fazendeiros; intelectuais; policiais; profissionais liberais enfim de gente de todas as classes e para acabar com esse mal só podia haver um remédio – as armas.

Dia 25 de janeiro de 1932 a Frente Única Paulista faz gigantesco comício na Praça da Sé e se fala de uma futura luta.

Os gritos pela reconstitucionalização não eram exclusividade dos paulistas

INTERVENTOR PAULISTA E CIVIL

As concessões:

►23 de julho de 1931: é nomeado o Juiz Laudo Ferreira de Camargo. que se atrita com o tenentismo; em 13 de novembro de 1931 é designado o Cel Manuel Rabelo. ►1.º de março de 1932 – Pedro de Toledo foi nomeado interventor ►Manda publicar no novo Código Eleitoral, marcando eleições para Assembléia Constituinte para maio de 1933

Embaixador Pedro de Toledo

O Governador dos Paulistas

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A 22 de maio o Ministro Osvaldo Aranha em SP. procura acertar os “ponteiros” nos desacertos entre “frentistas” e “tenentes”, mas os ânimos apenas se acirram – é recebido com indignação em cada esquina um orador inflamado.

Na Capital, no início da noite, uma multidão enraivecida se dirige pela R: Barão de Itapetininga e finalmente alcança a esquina da Praça da República. Ali na sede do Partido Popular Paulista, braço político da Legião Revolucionária, os legionários frustrados com a deposição de seu chefe, estão armados e dispostos a tudo pretendem defender a sede do partido. A multidão se divide entre as esquinas da R: Dom José de Barros e a Praça da República. Quem entrasse pela Barão de Itapetininga virava alvo dos legionários entocados. No primeiro ataque tombam Euclides Bueno Miragaia, estudante de direito e Antonio Américo de Camargo Andrade, além de inúmeros feridos. Os que estão embaixo na rua e na praça contam com poucas armas. A multidão apesar de decidida é contida pelos defensores na sede do PPP. Mais tiros e muita gritaria. Um bonde é tomado pelos manifestantes e ao apontar na esquina é crivado de balas vindas de cima. A rajada atinge o estudante Mário Martins de Almeida que virá a falecer no pronto socorro da Polícia Central. São mais de quatro horas de tiroteio, quando no início da madrugada um destacamento da Força Pública negocia a rendição de oito atiradores enquanto a multidão é mantida afastada. No chão, jaz o garoto de quatorze anos Dráusio Marcondes de Souza. Ferido gravemente está Orlando de Oliveira Alvarenga - que falecerá no dia 12 de agosto. Os ocupantes do PPP são retirados em um caminhão e levados dali. No dia 24 de maio, as iniciais dos nomes dos mortos formarão a sigla da sociedade secreta que traçará o destino da Revolução Constitucionalista:

Alvarenga um caso a parte: O quinto mártir da Praça da República Orlando de Oliveira Alvarenga, natural de Muzambinho /MG, estava junto com a multidão que atacou a sede da Legião Revolucionária em São Paulo, sendo um dos feridos a tiro de metralha. Foi socorrido no momento,

MMDC

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entretanto o projétil alojou-se em sua medula, o que impedia sua extração. Pelo que supomos em virtude desse ferimento, ficou paralítico e passou a ser medicado em seu domicílio, pois de nada adiantaria uma internação.

Entretanto no dia 13 de junho, devido ao agravamento de sua saúde, foi internado no Hospital Santa Rita, em razão do ferimento a bala que se encontrava alojada em sua coluna vertebral. O atendimento não conseguiu lhe salvar, pois além da paralisia, sobreveio complicações a ponto de sobrevir uma infecção renal . O atestado de óbito de 12 de agosto de 1932 – acusa como causa da morte: “paraplegia traumática, pyelo nefrite”.

Alvarenga – foi excluído da sigla do MMDC, em razão de estar ainda vivo quando a sociedade secreta que escolheu essa denominação (27/05/1932)

e posteriormente ainda estava vivo quando o Governador Pedro de Toledo a oficializou por decreto n.º 5.627-A em 10/08/1932. O Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, tendo tomando conhecimento e comprovado esses fatos – criou e solicitou a oficialização pelo Governo do Estado da condecoração Colar Cruz do Alvarenga e dos Heróis Anônimos. O Deputado Estadual Dr. José Antônio Caldini Crespo, conseguiu que o Governador Geraldo Alckmin sancionasse a Lei n.º 11.658, de 13/01 de 2004, que instituiu o “Dia dos Heróis MMDCA” a ser comemorado no dia 23/05. Em razão de protestos por parte da Sociedade Veteranos de 32 – MMDC, o Deputado Estadual Maj. Sérgio Olimpio Gomes, propôs a criação do “Dia do Alvarenga e dos Heróis Anônimos da Revolução Constitucionalista de 1932”, o que foi aceito pelo Governador e a Lei n.º 13.840 de 01/02/2009 estabeleceu a data de 12/08 para essa comemoração em calendário oficial do Estado de São Paulo.

Ibrahim Nobre a Pedro de Toledo: “Vossa Excelência é um homem velho, está no fim da vida e deve escolher entre um simples epitáfio ou uma estátua”.

A missão de Osvaldo Aranha fora um fracasso – o Interventor rompera os laços de obediência e nomeara um secretariado tido por inimigos do ditador.

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Estabelecido o MMDC – estes na base do voluntariado ativista se mobilizam e projetam a formação de pelotões guerrilheiros, que deveriam ocupar pontos estratégicos e organizam como seriam administrados os vários e importantes serviços a serem mantidos . Aguarda-se com ansiedade a “resposta” do Governo Vargas – o troco às atitudes paulistas. Dúvida. E o Exército (II Região Militar) está com o povo paulista ou está posicionado com Vargas ?

FFaallhhaa aa ddiipplloommaacciiaa,, ssóó rreessttaamm aass aarrmmaass..

Pedro de Toledo – quer ganhar tempo e procura demonstrar respeito a Getúlio. O Gen Manuel Rabelo assumiu o comando da II Região Militar e adota procedimentos militares para prevenção (melhor distribuindo a tropa na cidade e recolhendo munições e armamentos da Força Pública, bem como substituindo oficiais por homens de confiança) A pretensão era “despaulistizar São Paulo”, com a remoção do Secretariado em primeiro lugar e depois do próprio interventor. Pedro de Toledo é diplomata por excelência, mas homem de princípios e diante de uma intimação de Rabelo se manifesta:

Toledo reagindo coloca-se em pé e retruca veementemente: “ A autoridade suprema no Estado sou eu. Se traz ordem para assumir a interventoria, exiba-a; mas se é simples bilhete azul que me pretende oferecer, desiluda-se, coronel. Só sairei daqui morto ou algemado; não por simples ameaça”

A situação é tensa e Euclides Figueiredo é o responsável pela elaboração do movimento armado: Ele dá remates e faz contatos com Minas, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e alguns outros – a situação

não é clara.

Getúlio, percebendo a gravidade da situação, executa brilhante manobra política, oferecendo vagas no ministério e maior participação para Estados que poderiam apoiar São Paulo.

A 8 de julho de 1932, em resposta a provocação do Gen Bertholdo Klinger, o Ministro da Defesa Gen Espirito Santo o reformou. Pedro de Toledo lembrando ter sido nomeado pelo Governo Provisório, enviou familiar para conversar

com Getúlio e a resposta era uma só: “Não haverá eleições e nem Constituinte”.

Secretariado Pastas

Waldemar Ferreira Justiça

Rodrigues Alves Sobrinho Educação

Fonseca Teles Viação

Francisco Junqueira Agricultura

Armando Sales Oliveira Fazenda

Godofredo da Silva Teles Prefeitura

Joaquim Sampaio Vidal Departamento de Administração Municipal

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O nove de julho:

Estruturou-se o “Exército Constitucionalista” - constituido pelo conjunto civil-militar que daria estrutura bélica ao movimento.

“São Paulo entrega o comando do Exército Constitucionalista a dois generais gaúchos, a coronéis carioca e paranaense, leva milhares de nortistas e nordestinos na sua Força Pública, recebendo centenas de sul-mato-grossenses e dezenas de paranaenses, entre os 25.000 voluntários civis...”

10 de julho Pedro de Toledo pede demissão do cargo de Interventor e é aclamado “Governador” pelo povo.

AA mmííssttiiccaa ddee SSããoo PPaauulloo

A agitação e o delírio toma conta de todos

Todos os momentos marcantes dessa história foram feitos com uma importante teatralidade Multiplicam-se oradores que fazem erguer ondas de entusiasmo e fúria na multidão disposta a todas as ousadias. As mulheres nas ruas ao verem homens que não se alistaram, movimentavam suas saias com o intuito pejorativo de que também deviam usá-las. As rádios transmitiam músicas e hinos para incitar a população a aderir ao esforço de guerra. A vibrante música “Paris Belfort” foi transformada no hino “9 de Julho” . Um Exército formado por voluntários – muitos vieram de fora para juntarem-se aos paulistas. Os batalhões infantis desfilam pelas ruas sob o mote “Se preciso nós também iremos!” Lançamento de manifesto por aviões e distribuição farta de cartazes para se alistarem e colaborarem. Campanha para arrecadação financeira: “Dê ouro para o bem de São Paulo”. O Estado Revolucionário teve de fabricar o que não podia comprar e não encontrava em seus armazéns.

“És Paulista? Ah! Então tu me compreendes! Trazes como eu o luto em tua alma e lágrimas de fel no coração. Ferve em teu peito a cólera sagrada, de quem recebe em face a bofetada, o insulto, a vilania, a humilhação”

Minha terra, pobre terra. – Ibrahim Nobre

O Gen. Izidoro Dias Lopes, preside a reunião no QG revolucionário na Rua Sergipe, 37. e diante dos novos fatos, (reforma de Klinger; e nomeação do Gen Pereira de Vasconcelos para comandar SP.) apesar do risco decide-se pela antecipação do movimento previsto para o dia 14.

A senha para a mobilização foi “Sergipe”, e a contra senha: “37” Na Faculdade de Direito, mobiliza-se a primeira tropa civil; Euclides

Figueiredo assume o Comando Militar; civis do MMDC ocupam emissoras de rádio; estações telegráficas; informam-se os chefes municipais para procederem o levante; motociclistas e ciclistas disponibilizam-se para levar ordens; os médicos apresentam-se na Faculdade de Medicina para formarem o corpo clínico; e tantas outras medidas necessárias.

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AA eessppeerraa ...... SSããoo PPaauulloo,, aa 1100 ddee

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►Cartazes chamando para o alistamento. ►Aliança “dei ouro para o bem de São Paulo”, em troca das alianças de ouro dos cidadãos. ►Batalhões infantis – se preciso também iremos.

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Soldados paulistas no túnel da Mantiqueira. Cartaz revolucionário .

DDee aammiiggooss ppaarraa iinniimmiiggooss

As alianças que ruíram A manobra de Getulio convence Flores da Cunha a retirar seu apoio a São Paulo e pior, voltou o RGS contra. Minas com Olegário Maciel, percebendo a posição do Sul, imediatamente volta seu apoio à ditadura. O Cel. Eurico Gaspar Dutra, comandante do 4 .º RCD em Três Corações, parte em direção a Mantiqueira para atacar os paulistas e bloqueia apoio de outras unidades do Exército e impede a adesão de civis comandados por Artur Bernardes. No Rio de Janeiro, João Alberto conseguiu retirar de circulação os civis capazes de arregimentar tropas; neutralizaram o esperado levante da Vila Militar. Os esperados militares do Sul do Mato Grosso, com a reforma de seu comandante Gen Klinger, viram-se sem ação, impedidos de darem o prometido apoio a SP., apesar de terem travado em suas terras duas formidáveis batalhas “Murtinho” e “Coxim”. O Sul, chegou mesmo durante a Revolução, emancipar-se criando o efêmero Estado de Maracaju –futuro Estado do Mato Grosso do Sul . A sangrenta batalha pelo Porto Murtinho, foi o mais notável feito dos sul-mato-grossenses, pois com ela fechava a última esperança da entrada de recursos externos para São Paulo, já que o porto de Santos estava debaixo de bloqueio naval governista.

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Em São Paulo, as unidades militares aderiram

aos paulistas

Um destaque especial, a cidade de Itu sediava na época o destacamento militar 4.º RAM (Regimento de Artilharia Montada) que aderiu ao movimento constitucionalista.

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Na época era seu comandante o Ten Cel Manoel Severiano Ferreira Marques e possuía um contingente de 800 homens. Curiosamente, seu comandante revolucionário encontra-se até hoje no ostracismo.

Cremos momento oportuno resgatar sua imagem e fazê-la figurar com honra no rol de Comandantes desta Organização Militar – como defensor que foi pela reconstitucionalização do país. Comandante do 4.º RAM em 1932

TTooddoo oo EEssttaaddoo eessttáá eemm ppéé ee mmoobbiilliizzaaddoo

Proclamação de Pedro de Toledo:

“Vamos prosseguir na luta para satisfazer a mais alta aspiração Nacional, que é o restituir ao povo brasileiro o direito de dispor de seus destinos e de organizar-se constitucionalmente...” Tendo por motivação a deposição do regime discricionário, a realização de eleições e a reconstitucionalização,

após as medidas tomadas na Capital, todos os municípios paulistas se levantaram e aderiram a causa.

Em São Paulo, a Revolução foi como um único estopim implantada vitoriosamente.

Agora era marchar para as fronteiras (a partir de 9 de julho, as tropas paulistas vão para as frentes de batalha).

Bonus instituido por São Paulo

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Certificado de doação de ouro

Desfile de voluntários em São Paulo

OO eessffoorrççoo ppaauulliissttaa ““OOss ccaappaacceetteess ddee aaççoo””

AA iinnddúússttrriiaa ppaauulliissttaa aaddaappttoouu--ssee ppaarraa oo ffaabbrriiccoo ddee aarrmmaass,, mmuunniiççõõeess ee

ttuuddoo oo mmaaiiss qquuee ssee ffaazzeemm nneecceessssáárriioo ppaarraa aa ssoobbrreevviivvêênncciiaa..

AA iinnvveennttiivviiddaaddee ffooii ppoossttaa aa sseerrvviiççoo ddaa RReevvoolluuççããoo –– ccoomm aa ccrriiaaççããoo ddee

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NNaass cciiddaaddeess ddoo iinntteerriioorr oorrggaanniizzaarraamm--ssee CCoommiissssõõeess ppaarraa ccuuiiddaarr ddee ttuuddoo qquuaannttoo ffoossssee nneecceessssáárriioo

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AA IIggrreejjaa ttaammbbéémm ssee mmoobbiilliizzoouu ffoorrmmaannddoo aattéé uumm BBaattaallhhããoo ddaa DDiioocceessee

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Trem Blindado

João de Barro (o Braguinha) Meu bem, pra me livrar da matraca Da língua de uma sogra infernal Eu comprei um trem blindado Pra poder sair no Carnaval... Mulata, por teu encanto Muito eu levei na cabeça Porém agora eu duvido Que isto outra vez aconteça Do teu falado feitiço Eu pouco caso lhe faço Mandei fazer em São Paulo, mulata Um capacete de aço Mulata, quando eu te vi Logo pedi anistia Pois os teus olhos lançavam Terrível fuzilaria E pra ninguém aderir Ao nosso acordo amoroso Botei na porta da casa, mulata

Um canhão misterioso.

TTrreemm BBlliinnddaaddoo ((OO ttrreemm ddaa mmoorrttee))

PPrriinncciippaaiiss ffrreenntteess ddee ccoommbbaattee

A marcha que deveria ser conjunta (com a adesão de outros Estados) rumo ao Rio de Janeiro, teve de ser revista:

Frente do Vale do Paraíba (Paralisia ) – No dia 16 de julho os paulistas sob o comando do Cel. Euclides de

Figueiredo estavam no túnel (este transformou-se em barreira) da Estrada de Ferro Central do Brasil , na Serra da Mantiqueira , à espera das forças mineira e gaúchas, para juntos, marcharem sobre o Rio de Janeiro. Decepção. Não foi possível prosseguir pois as forças mineiras cercaram e os do Rio de Janeiro não se sublevaram. Os constitucionalistas foram rechaçados pelas tropas do General Goes Monteiro , que contava com 18.300 homens e foram reprimidos até Queluz . O famoso trem blindado entrou em ação em 3 de agosto mas nem isso impediu a derrota dos paulistas .

Frente do Paraná – Com o avanço dos gaúchos agora nossos contrários, fomos obrigados a desviar tropas

do Vale do Paraíba, para contê-los no Itararé. A missão das tropas federais, lideradas pelo General Valdomiro Castilho de Lima era bloquear as vias de acesso a Estrada de Ferro Sorocabana. Foi uma luta desigual, os federais estavam com 6.200 homens e os paulistas com menos de 1.000. No dia 17 de julho teve início um árduo combate nas proximidades de Itararé , com um saldo de onze mortos, vinte feridos e 45 prisioneiros, todos constitucionalistas.

Frente Mineira – Fomos também obrigados a enviar tropas ao norte para deter possível avanço dos mineiros. Sob o comando do capitão Romão Gomes, os paulistas chegaram a atacar as cidades mineiras de Ouro Fino e Guaxupé. No dia 21 de julho é feito um acordo (Convênio de Guaxupé) com as tropas federais do General Pinheiro de “respeitar aos limites dos dois Estados”. Os paulistas não cumpriram o acordo e voltaram à carga – no entanto não demorou muito para que ficassem sem armamentos e batessem em retirada.

Frente Costeira ou litorânea – Para proteger de avanços pelo litoral, foi criada a frente costeira. As tropas federais bloquearam o Porto de Santos (navios da Marinha do Brasil) em julho, impedindo a chegada de reforços para os constitucionalistas. Os paulistas, por sua vez minaram as águas do porto para impedir o desembarque da tropas getulistas.

Frente de Mato Grosso – Por aqui entraram dez aviões Falcon de fabricação americana, que custaram ao governo paulista 31.000 dólares cada - deles apenas três chegaram a SP. Nesta região foram travados , em setembro combates entre tropas paulistas e as tropas comandadas pelo Coronel Manoel Rabelo, que tentavam impedir o acesso a fronteira paraguaia e com isso a entrada de armamentos.

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A Matraca Na ausência de armas, os paulistas, levaram para o “front”, a matraca, aparelho que uma vez acionado, produzia ruído semelhante a metralhadora. Com isso conseguiram amedrontar muitos soldados das tropas federais.

Operações nas frentes da Revolução de 1932 – segundo o Maj José Fernando de Mayo Pedroso

Forças Constitucionalistas sob ataque aéreo Luta em trincheira, em uma das frentes

Gen Júlio Marcondes Salgado

Comandante da Força Pública do Estado de São Paulo, morto por um estilhaço de bombarda quando faziam testes de armas para a Revolução.

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Manifesto de Santos Dumont

14.7.32 – Reivindica a ordem constitucional e justifica aos conterrâneos a não participação no movimento por estar refugiado em razão de moléstia. Encontrava-se no Guarujá /SP. quando observou os aviões que se dirigiam para bombardear a cidade de Santos. 23.7.32 – não aguentando a pressão, ele se suicida.

AAllgguunnss eeppiissóóddiiooss ddeecciissiivvooss

Logo nos primeiros dias de julho, a inferioridade bélica começa a ficar evidente no Vale do Paraíba; os paulistas têm 44 canhões enquanto os federais tem 250. Itararé – Duas versões sobre a batalha , uma de que ela teria sido tomada a baioneta pelas tropas federais e outra de que a batalha de 14 de julho apesar de inferior em número de soldados e de armamentos , teria resistido o maior tempo possível antes de recuar. Buri – A infantaria dos paulistas não resiste a artilharia dos federais que conta com 10.000 homens e uma eficiente combinação de armas. Campinas – Última cidade a cair (28 de setembro), foi alvo de quatro bombardeios executados por dezesseis aviões WACO CSO da 1.ª Guerra Mundial – os vermelhinhos. Cruzeiro – No primeiro dia de outubro a Força Pública estabeleceu aqui a paz em separado com as forças federais – numa atitude que foi considerada de traição pelas tropas constitucionalistas. O acordo estabelecia que as forças constitucionalistas teriam que recuar para a Capital.

Detalhes:

O vermelhinho – WACO CSO

Ataque da aviação ao litoral Santista

Alberto Santos Dumont “ o pai da aviação”

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MAPAS DAS PRINCIPAIS FRENTES DE COMBATES / SÃO PAULO - 1932

Principais frentes de combate: Frente Sul ou Paranaense/ Frente Mineira / Frente Leste ou do Vale do Paraíba/ Frente do Litoral ou Costeira

Parte da curiosa carta

elaborada por

J. Washt Rodrigues.

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Dias Julho 1932 Dias Agosto

14 Túnel 23 Guaratinguetá

15 Cunha 24 Morro da Pedreira

16 Perequê - Túnel 26 Eleutério; e Balsa

18 Túnel 27 Palmeiras

19 Bela Vista (MS); Cunha; e São José do Barreiro 29 Coxim (MT)

20 Pouso Alegre (MG) 30 Fundão

21 Cunha; Cel Manoel Junqueira (MG); Guaxupé (MG); Santana dos Tocos (RS); Vacaria (RS); e Ribeira

31 Vila Queimada

22 Cachoeira Paulista Dias Setembro 1932

23 São Paulo 01 Prata

25 Túnel 03 Porto Esperança (MT); Silveiras; Lagoa; e Casa Branca

26 Buri 04 Batedor; Mogi-Mirim; e Pelotas (RS)

27 Gomeira; Cristal 07 Mandioca Assada (MT)

Dias Agosto 1932 08 Amparo

01 Apiaí; e Banhado Grande 10 Porto Murtinho (MT); São Gabriel (RS) e Santa Maria (RS)

02 Salto; Queluz; São Roque; Fartura; Recreio; Eleutério; Túnel; e Belém (PA)

12 Silveiras; e Pinheiro

03 Túnel 13 Fão (RS); Reizinho Macedo (RS); e Caçapava

04 Batedor e Engenheiro Bianor 17 Canas; e Lorena

05 Enhenheiro Bianor 18 Amparo; e Campinas

06 Eleutério 19 Rio das Almas

08 Areias 20 Mogi-Mirim; e Serro Alegre (RS)

10 Queluz; São Roque; e Cruzeiro 24 Santos; e Cruzeiro

13 Buri 25 Porto Esperança (RS)

15 Palmeiras; e Vitorino Carmilo 26 Aparecida do Norte; e Itapeva

16 Vitorino Carmilo; Grama; Palmeiras e Morro Verde

Dias Outubro 1932

17 Batedor; Casa Branca; e Cerrado 01 Salto; Paranapanema; e Perigo

18 Itacoatiara (AM) 04 Campo Grande(MS)

19 Ipágim; Ladário (MS) 87 Dias de combates, sendo os dois últimos após a rendição.

20 Perdido; e Porto Murtinho (MS)

22 Céus do Vale do Paraíba; e São João (RS)

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Ao final setembro, as condições de São Paulo eram precárias. As tropas federais estavam ocupando pouco a pouco o interior do Estado e ameaçavam a Capital. A economia de São Paulo, asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos, sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos, as tropas paulistas estavam cansadas e os treinamentos dos alistados era precário. A derrota e a ocupação de São Paulo era questão de tempo, o Gen Klinger, a partir de 28 de setembro tenta manter diálogo com os governistas; as tentativas resultam em fracasso. Os federais querem rendição e não armistício. Impossivel continuar a defesa, como ainda desejavam alguns lideres e com o colapso da defesa paulista, a liderança da Força Pública paulista se rende em 1.10.1932, na cidade de Cruzeiro, para as forças chefiadas pela general Pedro Aurélio de Góis Monteiro. A aceitação não é bem vista pela liderança politica e por alguns militares que pensam em continuar a resistir. No dia 2.10.32, Pedro de Todelo entrega o Governo e faz uma proclamação ao Povo de São Paulo. De 2.10 a 6.10.32, governou São Paulo o Cel. Herculano de Carvalho e Silva – Comandante da FPESP. Pequenos focos de resistências ainda acontecem até o dia 4 de outubro. Alguns constitucionalistas que haviam se refugiado no Sul de Mato Grosso, tentam ainda alcançar o Paraguai. As tropas gaúchas ocupam a capital paulista, pela segunda vez, em menos de dois anos. A primeira vez fôra logo após a vitória da revolução de 1930. A maior parte dos líderes paulistas, que não tinha sido exilada em 1930, com a derrota de Revolução de 1932, foi então exilada. O comandante das forças militares do Sul do Brasil (Exército Sul), do Governo Provisório, que combateram São Paulo, o General Valdomiro Castilho de Lima, é nomeado governador militar em São Paulo (de 6.10 a 27.07.33).

Telégrafo da Presidência da República (Out. 2. 1932) Telegrama de S. Paulo N. 3 Fls. 62 Data 2 Hora 8,30 Urgentíssimo Dr. Getúlio Vargas Rio Nr 579 E. M. – Diante insucesso combinação autrizastes entre chefes militares, no mesmo propósito ditou minha proposta suspensão hostilidades, foi ordenado retraimento geral minhas forças. Maxima necessidade, afim evitar calamidades extensão imprevisível, seja ordenada limitação progressão forças federais e fazer conhecer toda urgência principais condições Governo da União estabelece para a paz.

Gen. Klinger

Trecho de Pedro de Toledo ao Povo de São Paulo:

“Cessa, destarte, a vida do governo constitucionalista aclamado pelo povo paulista, pelo

Exército Nacional e pela Força Pública, e hoje por este deposto. Fica encerrada, nesta faixa

do território brasileiro, a campanha militar pela restauração do regime legal. Mas o anseio

não se sopitará. Comprimida, a campanha há de expandir-se, certamente, por não ser

possível que um povo, como o nosso, persista em viver sob um regime de arbítrio.”

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Aviadores constitucionalistas

Gen Bertholdo Klinger e o Cel. Euclides de Figueiredo

Gen Pedro Aurélio Góes Monteiro Charge da rendição: Em Cruzeiro, o Gen Klinger apresenta-se

para assinar qualquer protocolo.

CCoonnsseeqquuêênncciiaass

A liderança paulista se refugia no exílio. São Paulo computa oficialmente 634 mortos, mas estimativas extraoficiais apontam para mais de mil mortos. Do lado federal nunca foram liberadas estimativas de mortos e feridos. O Governo Provisório afirma que a Revolução de 1932 não era necessária pois as eleições já tinham data marcada para ocorrer. Para os paulistas, não teria havido redemocratização se não fosse o Movimento Constitucionalista de 1932. O fim da revolução constitucionalista marcou o início do processo de democratização. A derrota militar se transforma em vitória política / moral. Percebendo seu governo em risco, Getúlio Vargas, em 3.5.1933 realizou eleições para a Assembleia Constituinte, promulgando a nova Constituição em 1934. Getúlio, terminada a revolução, se reconcilia com São Paulo e depois de várias negociações políticas, nomeia um civil e paulista para interventor em São Paulo: Armando de Salles Oliveira (1933/35). Durante a Revolução foram reavivadas as tradições bandeirantes do estado, saindo nas notas do dinheiro paulista, e em muitas publicações, as imagens dos principais bandeirantes paulistas.

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Diversos livros didáticos de história atribuem à revolução um caráter reacionário, que visava reconduzir as oligarquias paulistas ao poder, colocando esta tentativa de volta ao poder como algo inaceitável e de uma rebelião de velado caráter separatista.

Armando de Salles Oliveira

SSíínntteessee ddee ddaaddooss ddaa RReevvoolluuççããoo CCoonnssttiittuucciioonnaalliissttaa

Data: Início em 9.7.1932 e termino em 2.10.1932 Comandantes

Local: Todo o Estado de SP e Sul do MT (hoje

MS), e combates esporádicos em MG, RS e alguns outros Estados

Pedro de Toledo Euclides de Figueiredo Bertholdo Klinger Vespasiano Martins Borges de Medeiros

Getúlio Vargas Goês Monteiro

Resultado: Vitória militar do Governo Provisório;

Vitória moral dos Constitucionalistas. Nova Constituição em 1934

Combatentes

Estados de: São Paulo

Maracaju

Frente Única Gaucha

Outros:....................................

Governo Provisório

Baixas

São Paulo: 634 no Mausoléu oficial; 2000 estimativas de todos os combates. Baixas civis: desconhecido Frente Única Gaucha:

200 aproximadas

Forças Armadas: 1050 mortos 3800 feridos Forças Públicas Estaduais: desconhecidos.

Forças

Força Pública: 10.000 combatentes, 4 aviões, 5 trens blindados (construídos ao longo do conflito); número incerto de veículos blindados (construídos ao longo do conflito). Voluntários: 40.000 combatentes; 200.000 alistados. Número incerto de aviões. Frente Única Gaucha:

450 combatentes

Forças Armadas: Todo o Exército, Marinha e aviação, disponível no país. Forças Públicas Estaduais: Total: Aproximadamente 100.000 homens ao fim do conflito.

“O nosso maior movimento armado. O valor e a capacidade do homem, do brasileiro, em face da adversidade, superaram todas as expectativas, não só no campo material, das improvisações e imaginação, mas também, no campo da elevação moral e espiritual, diante da causa e motivação para a defesa de suas convicções”.

“Vencedor único: Brasil” História do Exército Brasileiro

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Observações e referências:

Apesar de muitas obras tratarem sobre o assunto, ainda é polêmica e contraditória uma série de dados. Acreditamos que isso se deve devido aos comuns descuidos bem como ao sigilo que foi mantido após a revolução.

DONATO, Hernâni. A revolução de 32 Circulo do Livro / Abril : São Paulo, 1982

QUARTIM, Yone O Mackenzie e a revolução de 32

Edicon : São Paulo, 1995

BRASIL . Estado Maior do Exército

História do Exército Brasileiro: Perfil militar de um povo. IBGE : Brasília, 1972, 3v.

REVISTA CAMPO & CIDADE

Industria Gráfica de Itu – IGIL : Itu, Setembro, 2002, n.º 20

Internet:

WIKIPEDIA ENCYCLOPEDIA. “Revolução Constitucionalista de 1932. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Constitucionalista_de_1932> Acesso em: 04 jul. 2012.

CAMBESES Júnior , Manuel. “O emprego do avião na Revolução Constitucionalista de 1932” Disponível em: <http://www.incaer.aer.mil.br/opusculo_rev32.pdf> Acesso em: 09 jul. 2012.

BENTO, Cláudio Moreira. “Os 70 anos da Revolução Paulista de 1932”. Disponível em:

<http://www.ahimtb.org.br/70anosrevpaul.htm> Acesso em: 05 jul. 2012.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Contatos: Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba; e ou Academia de História Militar Terrestre do Brasil / São Paulo “Gen Bertholdo Klinger” R: Dr. Ruy Barbosa, 84 – Além Ponte 18040-020 - SOROCABA / SP. Tel.: (15) 3231-1669 E-mail: [email protected] E- mail: [email protected] – Presidente: Prof. Adilson Cezar E- mail: [email protected] - Editor Executivo: Prof. Adilson Cezar Editor Responsável: Jorn. Reinaldo Galhardo de Carvalho

_____________________________Friso grego de guerra entre deuses e gigantes___________________________