Upload
criativos
View
213
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
texto, foto
Citation preview
águaAs realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais
# 153 ano XXXVIII março/abril 2011
“O mais importante patrimônio do ser humano é seu espírito,
pois é este que lhe confere caráter e vontade de servir, bem como forças para criar,
inovar e produzir em benefício de seus semelhantes”
TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]
OD
EB
RE
CH
T in
for
ma
N
º 15
3 A
NO
XX
XV
III MA
R/A
BR
20
11
ho
lan
da
cav
alc
an
ti
018_OI153_OK_capa.indd 1 3/11/11 6:30 PM
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 120 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro
reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez
cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa
cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti
tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom
redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-1778São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]
Próxima edição:Desenvolvimento
de Pessoas
018_OI153_OK_capa.indd 2 3/11/11 6:31 PM
informa 1Va
ldir
cr
uz
018_OI153_OK_RJ2.indd 1 3/11/11 6:36 PM
Edição online Acervo online Novidades Videorreportagem Blog
> ETH desenvolve programa para usar menos água na moagem de cana-de-açúcar
> Porto Maravilha, um projeto que vai revolucionar a zona portuária do Rio de Janeiro
> Nos estados do Rio e de São Paulo, obras em calhas e canais envolvem desafio de logística
> Siga Odebrecht Informa pelo twitter e saiba das novidades imediatamente @odbinforma
> Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação
> Leia no blog de Odebrecht
Informa os posts escritos
pelos repórteres e pelos
editores da revista. Textos
de Cláudio Lovato Filho,
Fabiana Cabral,
José Enrique Barreiro,
Karolina Gutiez, Leonardo
Maia, Renata Meyer,
Rodrigo Vilar, Thereza
Martins, Zaccaria Júnior e
colaboradores.
> Veja o que está sendo feito para a preserva-ção da qualidade da água do rio Madeira
> Angola: os projetos que estão ajudando o país a superar o desafio do abastecimento de água
> Saiba como foi desenvolvido o novo projeto editorial e gráfico de Odebrecht Informa
ETENO VERDEGuilherme Guaragna fala da realização de um projeto que se tornou referência mundial
> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista
> Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002
> Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev
> Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF
www.odebrechtonline.com.br
informa 67ÁGUAAs realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais
# 152 ano XXXVIII março/abril 2011
Também disponível para tablets e smartphones
018_OI153_OK_RJ2.indd 2 3/11/11 6:36 PM
informa
#153
ÁGUAEm Maceió, no entorno das lagoas, lições de
relacionamento positivo com o ambiente
Com obras em vários pontos do país, Angola
investe no abastecimento de água
Uma empresa presente (e sempre bem-vinda)
no dia a dia de 4,5 milhões de pessoas
No Peru, obra de transposição de água
transforma o deserto em terras férteis
Projeto de irrigação dos anos 1980 e 1990 leva
prosperidade ao sertão da Bahia
Como a tecnologia e a criatividade estão
garantindo a preservação do Rio Madeira
Sabor, o último rio selvagem da Europa:
conheça sua história e sua contribuição
Gabriel Azevedo fala do assunto que o fascina desde
a infância e do qual tornou-se especialista: a água
Aquapolo: o avanço nas técnicas de reúso
de recursos hídricos na indústria
Cetrel e o Polo Industrial de Camaçari:
uma relação essencial para a sustentabilidade
John Briscoe, Professor da Universidade de Harvard,
nos Estados Unidos, e sua advertência otimista
&pessoasnotícias 52 Organização
56 Perfil
58 Fundação Odebrecht
60 TEO
62 Engenharia submarina
64 Gente
6
10
16
20
24
28
34
38
42
46
48foto de capa: Vicente Sampaio
018_OI153_OK_RJ2.indd 3 3/11/11 6:36 PM
informa4
018_OI153_OK_RJ2.indd 4 3/11/11 6:36 PM
informa 5
O permanente espírito de renovação
A água é o assunto escolhido para marcar a estreia de uma
nova fase de Odebrecht Informa. Nesta edição, de
número 153, a revista apresenta aos leitores seu novo
projeto editorial e gráfico.
O objetivo principal da mudança é revelar de que
forma assuntos de especial relevância para a Organização, o Brasil e o
mundo são tratados pelas pessoas da Odebrecht, onde quer que este-
jam. Esse tratamento, sempre com base nos princípios e conceitos da
Tecnologia Empresarial Odebrecht, configura um modo de agir próprio,
coerente e articulado, que consolida uma cultura empresarial de mais de
65 anos. Ao fim das contas, é essa cultura que queremos revelar e ajudar
a manter.
Entre as principais características do novo formato, está um tratamen-
to ainda mais generoso dedicado às fotografias, que ficam maiores e mais
sintéticas. Sem abrir mão de seu DNA jornalístico, que a faz se manter no
caminho da busca permanente de informação relevante, segura e qua-
lificada, Odebrecht Informa passa agora a vestir seus textos com uma
roupagem mais analítica, transformando-os em convites à reflexão.
A renovação é o caminho natural de tudo o que é feito por e para pes-
soas que entendem que a evolução se faz no dia a dia, com um espíri-
to inquieto e construtivo. O mesmo espírito que está levando o mundo a
discutir sua relação vital com a água – cujo dia mundial é comemorado
em 22 de março –, em um cenário de “copo meio cheio”, como definiu o
Professor John Briscoe, autor do artigo desta edição, em uma advertên-
cia otimista.
Pessoas em busca de soluções, para as quais o copo nunca está meio
vazio, é o que você encontrará a seguir nas páginas de Odebrecht Informa
– uma publicação que se renova, mas cujo grande tema será, sempre, o
ser humano e sua infinita capacidade de sonhar e realizar.
Pessoas em busca de soluções, para as quais o copo nunca está meio vazio, é o que você encontrará a seguir nas páginas de Odebrecht Informa – uma publicação que se renova, mas cujo grande tema será, sempre, o ser humano e sua infinita capacidade de sonhar e realizar.
EDITORIAL
018_OI153_OK_RJ2.indd 5 3/11/11 9:28 PM
6 informa
6
lagoasH
á muita vida pulsando em torno do
complexo lacustre Mundaú-Manguaba,
em Alagoas, onde se concentram as
ações do Projeto Lagoa Viva, patroci-
nado pela Braskem. Quando foi criado,
em 2001, o projeto se resumia ao trabalho de educação
ambiental na Escola de Ensino Fundamental Silvestre
Péricles e abrangia a comunidade do bairro do Pontal
da Barra, às margens da Lagoa Mundaú e próxima à
Unidade Cloro-Soda da empresa. Uma década de-
pois, além da conscientização ecológica, o Lagoa Viva
desenvolve projetos para geração de trabalho e renda
em 37 municípios, envolvendo 481 escolas de educação
básica da região, 230.715 alunos e 9.502 educadores
ambientais.
A preservação do Complexo Estuarino Lagunar Mun-
daú-Manguaba, um dos mais importantes do país, po-
rém, continua sendo o foco principal do Instituto Lagoa
Viva, uma organização não governamental criada para
gerir os projetos ambientais da região. As duas lagoas,
apesar do trabalho de conscientização ali desenvolvido,
ainda sofrem com a degradação ambiental provoca-
018_OI153_OK_RJ2.indd 6 3/11/11 6:36 PM
7informa
Em Alagoas, 37 municípios são beneficiados por uma iniciativa que,
muito mais que trabalho e renda, gera uma relação de complementaridade
entre o ser humano e o meio ambiente
A VIDA QUE EMANA DASlagoastexto Rubeny GoulaRt fotos Élvio luiz
da pelo assoreamento acelerado, o despejo de dejetos
industriais e esgotos oriundos de Maceió e cidades cir-
cunvizinhas. A ação desses sedimentos afeta direta e
indiretamente os cerca de 260 mil habitantes que vivem
no entorno das lagoas, dos quais 5 mil são pescadores.
As parcerias firmadas com as secretarias de Educa-
ção de Alagoas e dos municípios próximos ao complexo
Mundaú-Manguaba permitiram uma ação mais abran-
gente e integrada do Lagoa Viva, cuja atuação alcança
áreas de preservação e conservação do bioma Mata
Atlântica e seus ecossistemas, formados por restingas,
caatingas, manguezais, recifes de corais e parte do Rio
São Francisco. Hoje, além de contribuir para a Forma-
ção Continuada de Professores em Educação Ambien-
tal da Rede Pública de Ensino, o Lagoa Viva atua na
capacitação profissional da comunidade.
Média de 224 eventos por anoMantido pela Braskem desde 2001, o Lagoa Viva é
executado por meio de convênios com escolas, univer-
sidades e prefeituras. Anualmente, o instituto realiza,
em média, 224 eventos, entre palestras e seminários
Encontro das águas da Lagoa Mundaú com o mar: beleza que impressiona e inspira mudanças
018_OI153_OK_RJ2.indd 7 3/11/11 6:36 PM
8 informa
voltados para a educação ambiental, além de cursos e
oficinas diversas, como de apicultura, hidroponia, re-
ciclagem de materiais, artesanato e inglês. “O objetivo
do programa é despertar nas pessoas a consciência
das questões ambientais e mobilizá-las para ações
pontuais”, explica Milton Pimentel Pradines Filho, Res-
ponsável por Relações Institucionais da Braskem em
Alagoas.
Os mais de 417 projetos do Lagoa Viva em anda-
mento, na forma de palestras, oficinas e trabalhos de
campo, levam em conta as potencialidades e a voca-
ção de cada município. Assim, se nas áreas ribeiri-
nhas do bairro do Pontal incentiva-se a piscicultura de
subsistência e a produção de rendas ou “filés”, como
é denominado o artesanato local, em pelo menos sete
comunidades rurais do município de Teotônio Vilela es-
tão sendo desenvolvidos projetos de meliponicultura, a
cultura do mel de abelha-sem-ferrão, nativa do Brasil.
Já em Santana do Mundaú, um dos municípios mais
prejudicados pelas enchentes que atingem a região,
prevalece o cultivo de laranja-lima enxertada.
A abundância de água em Maceió, uma região cer-
cada pelo mar e por lagoas, é a inspiração maior para
boa parte dos projetos do Lagoa Viva. Tudo, de alguma
forma, remete às lagoas, que, dada à beleza do lugar,
são utilizadas para passeios turísticos e a prática de
esportes náuticos. A conscientização sobre o meio am-
biente, em especial a preservação dos 27 km2 da Lagoa
Mandaú e dos 42 km2 da Lagoa Manguaba, está direta-
mente ligada à subsistência econômica das comunida-
des locais, que vivem da pesca e da comercialização de
peixes, crustáceos e moluscos típicos da região, como
sururu, lambreta e maçunin.
O Complexo Mundaú-Manguaba também é cenário
do Ecovela/Braskem, evento que tem como atrações
principais uma gincana para retirada de lixo das lagoas
por jangadeiros e uma competição de canoas à vela.
A adesão de municípios ao evento, que está na sétima
edição, aumenta a cada ano. Em sua última versão,
em 2010, contou com a participação de moradores de
Maceió, Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Pilar, Santa
Luzia do Norte, Barra de São Miguel, Roteiro, Penedo,
Piaçabuçu e até das comunidades sergipanas de Brejo
Grande e Neópolis. Em três dias, foram retirados das
lagoas mais de 15 t de lixo.
Técnicas de cultivoMesmo fora das lagoas, a água também é o com-
bustível vital para o projeto de produção de verduras
e legumes hidropônicos, que está sendo implemen-
tado pelo Lagoa Viva em escolas, áreas comunitárias
e assentamentos rurais da região sob a coordenação
do técnico agrícola Robson Araújo, 27 anos. Robson
participa do programa desde 2003 e, além de formar
professores e alunos no desenvolvimento de técnicas
de cultivo de hortas hidropônicas e orgânicas, frutas,
hortaliças, leguminosas e ervas medicinais, realiza ex-
periências com espécies vegetais nativas em extinção,
como a sucupira-branca e o murici. “O Lagoa Viva foi
uma bênção para a natureza e uma grande oportuni-
Pescador com a rede e (na outra página) criança brincando na água: vidas do entorno das lagoas
018_OI153_OK_RJ2.indd 8 3/11/11 6:36 PM
9informa
dade profissional para muitos”, diz Robson.
É visível, no Lagoa Viva, a associação entre a cons-
cientização ecológica e o seu viés profissionalizante,
uma vez que, por definição, todas as ações de capa-
citação resultam em intervenção no ambiente natural.
Por essa razão, todos que participam de quaisquer dos
projetos do Lagoa Viva precisam cumprir o currículo
mínimo de 20 horas-aula dos cursos e palestras do
programa. “É importante transmitir a todos essa ideia
de que a atividade econômica depende do ambiente e
vice-versa”, explica a professora Lenice Santos de Mo-
raes, Presidente do Instituto Lagoa Viva. Além disso,
há um permanente esforço de integração entre a aca-
demia e o projeto. Por intermédio de convênio entre a
Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Braskem e o
Instituto Lagoa Viva, cerca de 150 professores de esco-
las públicas municipais já fizeram cursos de Gestão e
Especialização em Meio Ambiente.
A síntese da capacitação profissional com a consci-
ência ecológica pode ser percebida na atitude de Jami-
le Talita, 25 anos, integrante do Lagoa Viva desde 2003,
ano em que fez a oficina de “filé”. “Nossa vida, cultura e
sobrevivência estão intimamente ligadas ao ambiente”,
diz ela. Ao aprimorar a técnica que, na tradição local,
é passada de mãe para filha, ela ajudou a aumentar a
produção familiar vendida nas lojas de artesanato lo-
cais, hoje em torno de 50 peças/mês. “Uma renda extra
sempre ajuda e permite que a gente dê passos maio-
res”, diz Jamile, que também é aluna do curso de in-
glês, promovido pelo Instituto Lagoa Vida e ministrado
pela Casa de Cultura Britânica da Faculdade de Letras
e da Pró-Reitoria de Extensão da Ufal.
Até o fim dos anos 1990, a capacitação profissional
não fazia parte do projeto ambiental da Unidade Cloro-
Soda, então controlada pela Trikem, empresa da Orga-
nização Odebrecht. O Projeto Lagoa, como era chama-
do, estava voltado apenas para a comunidade do bairro
do Pontal, onde vivem cerca de 4 mil pessoas. “Tínha-
mos que ampliar o espectro da educação ambiental
para outras ações que envolvem a comunidade”, diz o
Diretor Industrial Álvaro Cezar de Almeida, que partici-
pou, à época, das gestões para implantar a nova orien-
tação do programa, já denominado Lagoa Viva.
Em 2003, nascia o Instituto Lagoa Viva, com a ges-
tão da professora Lenice, que era diretora de uma es-
cola local, e seu irmão Jorge Mário, já falecido. Os novos
gestores, muito ligados à militância ambiental, trouxe-
ram uma série de sugestões que ampliou o espectro do
programa, como a produção de eventos e as oficinas de
capacitação profissional, voltados não apenas para pro-
fessores e alunos das escolas, mas para toda comuni-
dade. Em 2007, motivado por debates entre os educa-
dores ambientais do Lagoa Viva, foi criado o Projeto de
Intervenção e Integração Escola/Comunidade, para sis-
tematizar a prática dos conceitos de educação ambiental
nas escolas municipais. Uma das principais medidas foi
a constituição de uma Comissão de Meio Ambiente nas
escolas para integrar educadores, alunos e a comuni-
dade em ações socioambientais. Como, a cada ano, no-
vos municípios ligados ao Complexo Estuarino Lagunar
Mundaú-Manguaba vão se incorporando ao Lagoa Viva,
cresce a demanda por novos projetos.
O objetivo é que, no futuro, cada município do es-
tado esteja incorporado ao projeto, que os estudantes
tenham uma sólida formação ambiental - contribuindo
para a formação de cidadãos mais conscientes em re-
lação ao meio ambiente – e que mais empresas parti-
cipem da manutenção do Lagoa Viva.
018_OI153_OK_RJ2.indd 9 3/11/11 6:36 PM
10 informa
texto luiz CaRlos Ramos fotos GuilheRme afonso
Fontanários, estações de tratamento e sistemas de distribuição são exemplos de projetos que estão solucionando o desafio do abastecimento de água em Angola10
A FONTE DESTE
ngola, com 35 anos de independência
e apenas nove anos em situação de
verdadeira paz, está conseguindo ex-
pressivo avanço na qualidade de vida
de seus habitantes, hoje em torno de
17 milhões. O país chega a um novo ciclo de desen-
volvimento, marcado pela realização de projetos hidre-
létricos, rodoviários, de saneamento e habitacionais.
O Governo e os moradores das duas maiores regiões
metropolitanas – Luanda, com 6 milhões de habitantes,
e Benguela, de 2 milhões – e as demais províncias se
unem nesse propósito.
Paralelamente ao aspecto físico das conquistas eco-
nômicas acentuadas pelo esforço de todo o país e pelos
recursos oriundos da exportação de petróleo, existe ou-
tro fator, quase invisível, mas empolgante, na imagem
da nova Angola, contribuindo de modo decisivo para me-
lhorar a qualidade de vida da população: a água. O petró-
leo gera esperança. E a água já se multiplica, trazendo
um novo ânimo: é levada dos rios para as casas, passan-
do por estações de tratamento e centros de distribuição.
A Odebrecht participa dos programas de águas para as
regiões de Luanda e Benguela, ambos em fase de ex-
pansão, e prossegue dando sua contribuição em deze-
nas de obras desde sua chegada a Angola, há 26 anos,
para construir a Hidrelétrica de Capanda.
A cada mês, novas residências são beneficiadas: a
água tratada chega às torneiras e aos chuveiros. Em
bairros mais precários, ainda sem rede de distribuição,
os moradores levam recipientes a inúmeros fontanários
públicos e retiram a água saudável – algo que não se
compara com os tempos em que precisavam abrir po-
ços ou caminhar enormes distâncias, por uma água fre-
quentemente contaminada, levada por caminhões-pipa.
O técnico José Carlos Carvalho, angolano de 40
anos, está duplamente orgulhoso: por trabalhar há 11
anos na Odebrecht e por morar numa casa confortável
do bairro Zango II, no município de Viana, região me-
tropolitana de Luanda, onde a chegada da água tratada
melhorou sua vida, a de sua esposa, Guilhermina, e a
dos seus seis filhos. “Ficou tudo mais fácil”, diz José
Carlos, enquanto toma água no café da manhã com
Guilhermina e os filhos mais novos – Adalberto, de 3
anos; Aliony, de 6, e José Lamy, de 9 – antes de sair
para o trabalho. “Aqui, toda a vizinhança ficou feliz”, re-
lata. Ele participa das obras de Zango III e Zango IV,
dois outros bairros de moradias populares, cujas ca-
sas, erguidas pela Odebrecht, são concluídas já com
água e energia elétrica.
A 510 km dessa cena, Maria do Rosário vive o alí-
vio da conquista. Ela mora em Catumbela, na região
de Benguela e Lobito, e vai diariamente a um fon-
tanário público para retirar água, como fazem ou-
tras donas de casa. Com o filho Camir, de 8 meses,
acomodado às suas costas, Maria sorri ao ajeitar
o balde de água sobre a cabeça e se despede das
amigas. “Vou fazer o almoço para meus outros cin-
co filhos. A água agora é boa.”
A
018_OI153_OK_RJ2.indd 10 3/11/11 6:37 PM
11informa
sorrisoA FONTE DESTE
Maria do Rosário e seu filho, Camir: “A água agora é boa”
018_OI153_OK_RJ2.indd 11 3/11/11 6:37 PM
12 informa
A resposta a um desafioLuanda cresceu muito nos últimos 35 anos, como ex-
plica o engenheiro Pedro Pinheiro, 15 anos de Odebrecht,
nove em Angola, Diretor de Contrato do Projeto Águas de
Luanda: “O crescimento da cidade foi desordenado. Em
tempos de tensão política, muitas pessoas vieram de
outras regiões do país em busca de segurança. Luanda
tinha uma infraestrutura capaz de atender a menos de
500 mil habitantes. Hoje, a população chega a 6 milhões.
Esse crescimento foi muito acelerado e tornou o desafio
de levar água a toda a população ainda maior”.
O Governo de Angola encontrou a resposta: investi-
mentos. O Ministério de Energia e Águas prioriza verbas
para não interromper as obras nas grandes cidades. Na
capital, é executado o Projeto Águas de Luanda. Nele,
a Odebrecht desenvolve os trabalhos com base em sua
experiência em grandes obras. O programa está ligado
à Empresa Pública de Águas de Luanda (Epal). “Fazer
uma obra desse tipo em São Paulo ou no Rio de Janeiro
seria importante. Mas, num país como Angola, é primor-
dial. É um cenário desafiador para a Odebrecht e esta-
mos conseguindo avançar”, analisa Pedro Pinheiro.
A Estação de Tratamento Luanda Sudeste, inaugura-
da em 2000, recebe a água do Rio Kwanza por meio de
canais, dutos e bombeamento. Essa água passa por cui-
dadoso sistema de purificação e chega a vários centros
de distribuição. Agora, a Odebrecht constrói o Centro de
Distribuição do Benfica e outros reservatórios, que fa-
zem parte da ampliação dos serviços de água. Pedro Pi-
nheiro conta que o projeto engloba a construção de mais
duas futuras estações de tratamento: “O sistema Bita,
por exemplo, vai garantir 9 m3/s de água, já que o rio tem
caudal disponível. É uma necessidade social. Tudo vai
depender dos investimentos públicos”.
Investimentos não faltarão, garante Luís Filipe da Sil-
va, titular da Secretaria de Estado de Águas de Angola,
ligada ao Ministério de Energia e Águas. Ele destaca:
“Vamos continuar ampliando as obras para buscar, tra-
tar e distribuir a água a um número maior de pessoas,
tanto nas regiões de Luanda e Benguela quanto em ou-
tras províncias do país, do litoral e do interior. Este é um
processo que não pode parar.” O Secretário Luís Filipe
ratifica a confiança do Governo angolano na sua capaci-
dade de executar essas obras e acena com planos ambi-
ciosos, mas realizáveis: “Já avançamos bastante. Nossa
meta, agora, é fazer que, no futuro, nenhum angolano
fique sem água”.
“Meu trabalho ficou muito mais tranquilo e saudável”, conta Márcia Manoel antonio, que vive de cozinhar e vender funge, prato típico angolano
018_OI153_OK_RJ2.indd 12 3/11/11 6:37 PM
13informa
Casas com água encanadaLuanda tem um centro movimentado, com linda pai-
sagem da baía e do porto. Em algumas áreas da capi-
tal, há setores urbanizados, com belas residências. Por
causa do crescimento desordenado, ocasionado pelo
período de conflitos armados, do déficit habitacional e da
necessidade de readequação do centro da cidade, surgiu
a demanda pela construção de casas populares.
O Programa Habitacional do Zango foi concebido
para abrigar a população que vivia em situação de ex-
trema precariedade, sem a garantia de mínimas condi-
ções de habitabilidade e expostas a situações de risco,
como os constantes desmoronamentos provocados pe-
las chuvas torrenciais em Luanda. O programa também
tem a finalidade de permitir a reconstrução das infra-
estruturas básicas dessas zonas centrais da cidade e,
consequentemente, proporcionoar condições para sua
requalificação.
O engenheiro Maurizio Bastianelli, com 21 anos
de Odebrecht e há quase quatro anos trabalhando em
Angola, é Diretor de Contrato do Programa de Realoja-
mento das Populações. Ele explica: “O desafio é enorme.
Para as etapas III e IV do Zango, em fase de conclusão,
foram contempladas 4 mil unidades habitacionais. Com
a ampliação do contrato, aprovada em 2010 pelo Governo
de Angola, teremos a expansão do Zango, com a cons-
trução de mais 3 mil casas e das infraestruturas neces-
sárias à habitabilidade de 20 mil casas. Sem dúvida, as
casas do Zango, com água encanada e energia elétrica,
representam um grande impacto social e uma melhoria
significativa na qualidade de vida dos angolanos”.
Após oito anos de projeto, período que incluiu as eta-
pas I e II, a realidade na comunidade do Zango vem se
transformando. Eram mudanças almejadas por grande
parte da população carente, que ainda enfrenta dificul-
dades no que se refere à moradia e ao abastecimento de
água e de energia. O prosseguimento dos trabalhos de
realocação das populações é hoje uma das prioridades
do Governo angolano, em razão da grande quantidade
de famílias que ainda carecem de melhores condições
de moradia, higiene e segurança.
Já na região de Benguela, o engenheiro Marcus Felipe
de Aragão Fernandes é Diretor de Contrato do programa
de águas para Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Far-
ta. Após ter trabalhado em Portugal, Bolívia, Equador e
Peru, ele enfrenta, com sua equipe, um grande desafio
Moradoras de Viana no fontanário do município: um cotidiano mais fácil
018_OI153_OK_RJ2.indd 13 3/11/11 6:37 PM
14 informa
em Angola: “Nesta região, a Odebrecht participa, desde
2003, de obras de reurbanização, saneamento, constru-
ção e recuperação de estradas e do novo terminal do ae-
roporto, além de estarmos na terceira etapa do Projeto
Águas de Benguela. A água é um vetor de qualidade de
vida, a partir do momento em que ajuda a evitar males
oriundos da falta de abastecimento. A saúde da popula-
ção melhorou”.
Os números oficiais comprovam a informação de
Marcus Felipe. O Departamento Provincial de Saúde de
Benguela registrou, nos dois últimos anos, apenas 226
casos de cólera em Benguela e 132 em Lobito, uma que-
da expressiva. Em 2006, foram 3.850 casos em Benguela
e 1.452 em Lobito. O Governador de Benguela, General
Armando da Cruz Neto, informa que, até 2012, 95% da
população da região metropolitana terão acesso à água
tratada: “O Projeto Águas de Benguela beneficia cerca
1,5 milhão de moradores dessa área, e a terceira eta-
pa do projeto ampliará ainda mais o sistema, de modo a
aumentar substancialmente o número de beneficiários”.
Em reunião com Marcus Felipe, o Governador elogiou o
trabalho da Odebrecht e destacou: “Nesta terceira fase
do programa, serão construídos novos fontanários e
executadas mais ligações domiciliares, o que possibilita-
rá estender o benefício a bairros mais distantes”, disse.
Um dos bairros distantes é Alto Niva, de onde a ango-
lana Alexandrina Agosto Simão sai, todos os dias, para
trabalhar no setor administrativo do canteiro de obras da
Odebrecht. Mãe de seis filhos, Aracy, de quase um ano,
Rosi, Inês, Balbino, Jóia e Pedro, ela festeja, ao lado das
crianças e do marido, o professor Lourenço Maria An-
tônio, a chegada da água encanada à sua casa e a toda
a vizinhança. “Agora, os meninos ficam entusiasmados
na hora do banho e têm mais possibilidades de saúde
com essa água”, conta Alexandrina, diante do sorriso de
aprovação do marido. Fã do futebol de Ronaldo Fenôme-
no, Lourenço gosta de usar, com orgulho, uma camisa
da seleção brasileira de futebol.
A alta qualidade da água de Benguela é expli-
cada pelo engenheiro Marcus Felipe: “Aqui, temos
o que existe de mais moderno para as estações
de tratamento”. Essa estação conta com tanques
enormes, em que a água vinda do Rio Catumbe-
la fica decantada para a eliminação de impurezas,
como o lodo. O sistema é ecológico, pois tem um
setor em que parte da água eliminada entra em
um canal para ser aproveitada por meio de uma
etapa que a deixa pura. O lodo, uma vez separado,
018_OI153_OK_RJ2.indd 14 3/11/11 6:37 PM
15informa
a estação de tratamento Luanda sudeste, inaugurada em 2000, recebe a água do Rio Kwanza por meio de canais, dutos e bombeamento. essa água passa por cuidadoso sistema de purificação e chega a vários centros de distribuição
poderá, no futuro, ser reaproveitado, por exemplo,
na fabricação de tijolos.
Controle da qualidade da águaO engenheiro eletrônico Ricardo Dattelkremer relata
que a Estação de Tratamento de Benguela foi idealiza-
da de acordo com os padrões desenvolvidos em outros
projetos da Odebrecht e que seu laboratório de controle
da qualidade da água representa o que existe de mais
moderno: “Esse laboratório tem uma função importan-
te, pois é necessário checar frequentemente o resultado
do tratamento tido pela água do rio na estação e apontar
providências”.
Assim como ocorre em Benguela, as equipes de tra-
balho da Odebrecht em Luanda são compostas quase
só de angolanos, que, integrados aos brasileiros, contri-
buem diretamente para o sucesso dos empreendimen-
tos. Esse é o caso de Domingos Álvares Fonseca Pereira
Bravo, conhecido como Bravo nos canteiros de obras de
Luanda. Com 14 anos de Odebrecht Angola, Bravo é téc-
nico de segurança no trabalho e comenta que, graças
aos cuidados tomados pela empresa, não tem havido
acidentes na ampliação da rede. Ele atua também como
um entusiasmado defensor da necessidade de o bene-
fício da água chegar a um número maior de pessoas.
“Durante muito tempo, eu, minha esposa e meus seis
filhos não tínhamos água encanada em casa. Sei como é
esse drama. Hoje, temos água e os moradores de Luan-
da têm mais esperança”, diz Bravo.
Exemplo dessa esperança é Denise Correia, que não
havia nascido quando Angola tornou-se nação indepen-
dente, em 1975, e conviveu com dificuldades em sua in-
fância. Denise, de 22 anos, mora no bairro Palanca com
as irmãs Isabel e Lucineide, trabalha como técnica so-
cial da equipe de Projetos Águas de Luanda e Zona Eco-
nômica Especial, atuando num ônibus especialmente
preparado para percorrer a região e explicar a adultos e
crianças a importância do aprimorado serviço de águas
da capital angolana.
“Em minha casa, ainda não temos água encanada,
mas há um fontanário perto e, com isso, busco água
para guardar num tanque e usar quando necessário.”
Com vocação para a comunicação, Denise explica às
pessoas das comunidades todas as obras e recomen-
da a elas o maior cuidado para não desperdiçar a água.
“Esta é uma conquista maravilhosa, que logo vai chegar
a toda a população de Luanda. Temos de valorizá-la”,
diz. À noite, após o trabalho no ônibus, Denise vai para
a Universidade Agostinho Neto, onde cursa o primeiro
ano de Direito.
O entusiasmo pelas recentes conquistas está presen-
te na vida de outros moradores de Luanda. “A água que
agora recebemos é de ótima qualidade, em comparação
com nossa situação de outros tempos”, diz Edna Sebas-
tiana João. “Depois que passamos a ter água no Zango,
ganhamos mais saúde e alegria”, comemora Antonio
Domingos, de 82 anos, líder comunitário. “Meu trabalho
ficou muito mais tranquilo e saudável”, conta Márcia Ma-
noel Antonio, que vive de cozinhar e vender funge, prato
típico angolano.
Ao presenciar esse tipo de repercussão, o engenheiro
Pedro Pinheiro sorri e diz: “Fazer parte de um projeto
como esse, com papel social, nos anima a cada dia, pois
vemos o quanto as pessoas ficam felizes com a água”.
Por sua vez, o engenheiro Maurizio Bastianelli ressalta:
“Água e moradia são conquistas cada dia mais acessí-
veis para quem precisou lutar e esperar”. O engenheiro
Marcus Felipe, defensor da educação e da saúde como
direitos básicos dos cidadãos, conclui: “Água significa
saúde, e a educação ajuda as pessoas a poupar essa
água. O que fazemos aqui não é uma obra. É a obra”.
018_OI153_OK_RJ2.indd 15 3/11/11 6:37 PM
16 informa
pessoal
16
rElAçãO
018_OI153_OK_RJ2.indd 16 3/11/11 9:28 PM
informa 17informa
pessoalEmpresa de abastecimento de água e saneamento, a Foz do Brasil beneficia diretamente 4,5 milhões de pessoas
texto milton GeRson
fotos luCiano andRade
s visões alarmistas de um mundo sem água, o
modismo ambiental ou ainda a simples oportu-
nidade de entrar em um setor de grande poten-
cial não foram os fatores que levaram a Organi-
zação Odebrecht a criar, em 2007, uma empresa
dirigida a investir em ativos e serviços ambientais.
A Foz do Brasil nasceu da convicção de que as enormes ne-
cessidades de investimento e eficiência da operação em siste-
mas de água possibilitam contribuir para a preservação da água
e do meio ambiente, servindo aos clientes com infraestruturas
modernas e adequadas e atendendo às populações com serviços
de qualidade, gerando retorno aos seus acionistas.
Essa visão, associada à possibilidade de a Foz do Brasil cres-
cer explorando a base geopolítica da Organização Odebrecht e as
sinergias operacionais com Cetrel, Braskem, Quattor e empre-
sas de Engenharia & Construção da Organização, pautou o Plano
de Ação da empresa e seu crescimento nos três primeiros anos
de operação.
Em 2009, os planos de expansão da Foz do Brasil viabilizaram-
se com a associação com o FI-FGTS (Fundo de Investimento em
Infraestrutura), que detém 26,53 % do capital da empresa, e bus-
ca, com esse tipo de investimento, melhorar o rendimento dos
recursos do trabalhador brasileiro depositados no Fundo de Ga-
rantia por Tempo de Serviço. A associação Odebrecht e FI-FGTS,
portanto, converge na visão do investimento de longo prazo.
No mundo, há várias regiões em desequilíbrio hídrico, com
grande densidade populacional e pouca fonte de água disponível,
enquanto outras apresentam muita oferta de água e baixa den-
sidade demográfica. O desafio é tratar, transportar e otimizar a
água dentro de um contexto de equilíbrio. “Não temos uma pers-
pectiva catastrófica, de caos, de falta de água no mundo, mas de
que esse é um recurso que de fato precisa ser mais bem cuidado.
E a Foz do Brasil a cada dia está se aprimorando para esse desa-
fio”, salienta o Líder Empresarial da Foz, Fernando Santos-Reis.
A participação de empresas privadas no setor ainda é peque-
na diante dos desafios do país, que necessita, segundo o próprio
Governo, de mais de R$ 200 bilhões para levar a cada lar brasi-
leiro os serviços de água e de coleta e tratamento de esgoto. No
entanto, a maior contribuição que a Foz do Brasil pode oferecer,
como uma das líderes desse setor, é investir e operar sistemas
com eficiência, influenciando o setor e o país pelo exemplo.
Em 2011, a empresa produzirá 195 milhões de litros de água
potável por dia; tratará e reutilizará 963 milhões de l/dia de água
industrial; coletará e tratará 345 milhões de l/dia de esgotos do-
mésticos e industriais. Só na atividade de coleta e tratamento de
esgotos, a Foz do Brasil faz com que 110 t/dia de matéria orgâni-
ca deixem de ser lançadas em rios, lagoas e praias.
AIntegrante da Foz do Brasil nas instalações da empresa em Limeira: elevados índices de aprovação dos serviços
018_OI153_OK_RJ2.indd 17 3/11/11 6:37 PM
18 informa
Unidade móvel da Foz: informação para a comunidade
Conhecimento e sinergiaAs regiões do Hemisfério Sul que são carentes de
investimentos de água, ainda com infraestrutura a ser
desenvolvida, são lugares onde a Odebrecht está pre-
sente: América Latina e África.
Hoje, a Foz atua em todas as etapas do ciclo da
água. A empresa tem ativos e negócios que tratam de
captação; reserva; distribuição; cobrança; tratamento
da água servida; utilização de água de reúso, a partir
dos esgotos tratados, para fins industriais, e a conse-
quente disposição final e correta do recurso em bacias
hidrográficas, rios e oceanos.
No setor industrial, também prevalece o princípio
da preservação da água. Em todas as etapas, como na
reutilização de águas para o resfriamento de máquinas
e outras finalidades, a Foz tem experiência para atuar.
“Com diferentes modalidades contratuais e caracte-
rísticas de negócios e, inclusive, tecnologias distintas,
queremos estar na vanguarda de tudo que signifique o
manejo do recurso água”, afirma Santos-Reis.
InvestimentosA Foz já direcionou, desde que foi criada, mais de
R$ 4 bilhões de investimentos no seu portfólio. No pla-
nejamento para o triênio 2011-2013, a empresa deve-
rá dedicar outros R$ 8 bilhões. De acordo com Ticiana
Marianetti, Responsável por Finanças, o investimento
previsto para 2011 é de R$ 800 milhões. “São investi-
mentos de longo prazo e o payback (retorno para os
investimentos) médio é de 15 anos”, explica.
A Foz do Brasil tem uma carteira de contratos com
prazo médio de 24 anos. Em 2010, a receita líquida da
empresa chegou a R$ 804 milhões, mais que o do-
bro do ano anterior. Segundo Ticiana, a expectativa
números da Foz do Brasil• 4,5 milhões de pessoas atendidas
• 1.746 integrantes diretos
• 19 cidades atendidas em 6 estados
• Principais clientes privados: Petrobras,
Braskem, Thyssen, Transpetro, Dow,
Dupont, Rhodia, BattreBahia, Shell e
Klabin.
018_OI153_OK_RJ2.indd 18 3/11/11 6:38 PM
19informa
é obter, em 2011, um faturamento de R$ 1,3 bilhão.
Desse total, cerca de 60% estão baseados em ope-
rações no segmento de Água, 30% na atuação com
as Plantas Industriais (terceirização de Centrais de
Utilidades para indústrias) e 10% nas operações de
Serviços Ambientais.
De acordo com Fernando Reis, o principal desafio
da empresa não está na busca de recursos, uma vez
que existe grande disponibilidade deles no mercado
financeiro. “O desafio está na nossa capacidade de
formar e integrar novos empresários parceiros que
possam servir e atender às comunidades a partir dos
princípios da TEO (Tecnologia Empresarial Odebre-
cht)”, diz. Em 2008, no início das atividades da em-
presa, eram oito empresários parceiros. Em 2010,
já eram 30. “Tivemos que, ao longo do ano passado,
lançar, formar e integrar 10 empresários sobre uma
base de 20. Este ano temos o desafio de integrar e
formar outros 10”, acrescenta.
SustentabilidadeEnquanto a sociedade e o mundo corporativo discu-
tem exaustivamente o tema sustentabilidade, a Foz do
Brasil, por ser uma empresa cujo negócio é o manejo
dos recursos hídricos, vê o tema de uma posição mais
favorável que as companhias cujas atividades impac-
tam negativamente no meio ambiente. Esse diferencial
permite à Foz ousar na concepção de sua de Política
de Sustentabilidade, que está baseada em três pilares:
universalização, eficiência e valorização.
“No momento em que estamos atendendo a 100%
de uma população com água potável e esgoto tratado,
cumprimos o compromisso com a universalização de
serviços que têm relação direta com a saúde e quali-
dade de vida da população”, diz Renato Medeiros, Res-
ponsável por Engenharia.
A eficiência, ele explica, é um ponto sensível nas
operações de água e esgoto do país. O consumo médio
para uma casa de três a quatro pessoas hoje, no Bra-
sil, é de 500 litros/dia. Na realidade brasileira, para que
essa quantidade de água chegue até o ponto de abaste-
cimento é preciso captar 1.000 litros no rio, ou seja, há
uma perda de 50% dessa água, desde o momento em
que ela é captada até o ponto de consumo final.
“Quando alcançamos nosso padrão de eficiência,
esses mesmos 500 litros chegam à residência do cida-
dão, com a captação de apenas 600 litros. Assim, são
economizados 400 litros todos os dias para cada resi-
dência, recurso que deixa de ser retirado da natureza
e fica disponível para servir a mais pessoas”, salienta
Medeiros.
O elemento que completa o tripé da sustentabili-
dade, a valorização, tem significado amplo, segundo
Renato Medeiros. Refere-se tanto ao valor agregado à
sociedade pela preservação da água (para consumo da
população e para a atividade produtiva) quanto à valo-
rização da empresa perante seus acionistas, de modo
que se possa permanentemente reinvestir seus resul-
tados em novos projetos.
Medeiros aponta também para importância de con-
jugar os benefícios da sustentabilidade à satisfação e
à excelência no atendimento aos clientes, sejam eles o
Poder Concedente ou a população. “O atendimento de
qualidade em nossas concessionárias, por meio do ser-
viço 0800 e dos locais de atendimento ao público, com-
pletam nossos indicadores de eficiência operacional.”
Segundo Fernando Reis, a Foz do Brasil se insere
no contexto de otimização e de aumento do ciclo de um
recurso finito. “O que é hoje um debate pertinente da
sociedade faz parte do dia a dia das nossas ações e dos
nossos negócios.”
Inovações tecnológicasO avanço do conhecimento das equipes da Foz tem
possibilitado à empresa capacitar-se para o domínio de
inovações tecnológicas como produção de água para
fins industriais a partir do reúso do esgoto domésti-
co e dessalinização da água do mar. Segundo Renato
Medeiros, a dessalinização ainda é custosa e pouco
utilizada por sua alta exigência de investimento e com-
plexidade operacional, mas pode ser a saída, no futuro,
para a potabilidade em regiões onde não existam ma-
nanciais de água doce disponíveis.
De acordo com Fernando Reis, em um país como
o Brasil, com mais de 5.500 municípios, o setor pri-
vado tem muito a complementar o setor público. E o
processo natural de superação dentro da Organização
Odebrecht está efetivamente demandado pelas neces-
sidades do segmento em que a Foz atua.
Ӄ por esse motivo que estaremos sempre empe-
nhados em buscar novas tecnologias, sendo criativos
nas soluções inovadoras para trazer melhores resulta-
dos para as populações que a gente serve e para aque-
las que viremos a servir”, complementa.
018_OI153_OK_RJ2.indd 19 3/11/11 6:38 PM
20 informa
Uma obra de transposição de água vai tornar realidade o sonho – para muitos peruanos, o milagre – de transformar solo desértico em terras férteis
texto Renata MeyeR
fotos DaRio De FReitas
20
DOS ANDES PArA O
Represa que faz parte do projeto: armazenamento de água para uso nos períodos de maior seca
018_OI153_OK_RJ2.indd 20 3/11/11 9:28 PM
informa
desertolmos talvez seja o espaço mais com-
petitivo do Peru para levar a cabo uma
agricultura de excelência. Pode pare-
cer exagerado, mas é um dos poucos
lugares no planeta onde, literalmente,
pode-se cultivar de tudo”. A afirmação é do agrônomo
Fernando Cillóniz. Naquele pedaço de terra, situado
nas proximidades da Cordilheira dos Andes, mais
precisamente na região de Lambayeque, a 900 km de
Lima, o solo é fértil, há incidência solar ao longo de
todo o ano e a baixa umidade relativa ajuda a manter
a ameaça de pragas distante.
Há um consenso entre comunidades campesinas
locais, empresários do agronegócio e autoridades
peruanas de que em Olmos a produção de alimen-
tos tem todos os recursos para se tornar o principal
motor do desenvolvimento de uma das regiões mais
necessitadas do Peru. Na verdade, quase todos. Falta
a água. Apesar das condições favoráveis para a agri-
cultura, o Vale do Olmos está situado em uma região
desértica, onde não chove mais que 215 mm por ano,
em média. O rio mais próximo, o Huancabamba, es-
barra na geografia dos Andes, limitando seu curso
à vertente Atlântica da cadeia de montanhas, exata-
mente no lado oposto.
Diante de tamanha ironia natural, através dos anos
Olmos ficou restrita a uma produção de subsistência.
Até que um ousado projeto de transposição de águas,
idealizado na década de 1920, durante o governo do
Presidente Augusto Bernardino Leguía, trouxe uma
nova perspectiva para a região. O sonho antigo do
Governo peruano começou a ser colocado em prática
ainda naquela década, mas, por diversas vezes, foi in-
terrompido em razão da escassez de recursos finan-
ceiros e limitações técnicas.
Não é para menos. O desafio da irrigação em Lam-
bayeque passa pela construção de um túnel de 20 km
de extensão e 5,3m de diâmetro, através da instável
geologia dos Andes, por onde se pretende transpor-
tar, de uma vertente à outra, mais de 400 milhões de
m3 de água por ano.
Além da transposição do Rio Huancabamba, o Pro-
jeto Olmos, como ficou conhecido, prevê a irrigação
de uma área de 43,5 mil ha e a construção de duas
centrais hidrelétricas destinadas à geração de energia
para abastecimento das terras irrigadas.
A partir de 2004, o Governo Regional de Lam-
bayeque realizou licitações, em regime de PPPs
(parcerias público-privadas), para a execução das
obras e operação dos sistemas de transposição e
produção energética. A Odebrecht Peru saiu ven-
cedora do primeiro componente e será responsável
por todo o investimento necessário à realização dos
projetos.
O módulo de transposição demandará investi-
mentos superiores a US$ 300 milhões e abrange,
principalmente, a construção do Túnel Transandino
e da Barragem Limón – esta já concluída – com ca-
pacidade para armazenar até 44 milhões de m3 de
água a serem aproveitadas nos períodos de maior
seca. À frente dessa etapa está a Concessionária
Trasvase Olmos, filial da Odebrecht, que ficará res-
ponsável pelos serviços de operação e manutenção
das obras por um período de 20 anos.
DOS ANDES PARA O
O
21informa
“
018_OI153_OK_RJ2.indd 21 3/11/11 6:38 PM
22 informa
Uma das obras mais complexas do mundoA construção do túnel é uma das mais complexas
obras de engenharia em execução no mundo, dadas a
sua profundidade, que chega a 2 mil m abaixo da su-
perfície da montanha, e as características geológicas
da Cordilheira dos Andes. “Trata-se de uma estrutura
geologicamente jovem, ainda em movimentação cau-
sada por choques tectônicos, o que gera uma forte
instabilidade da rocha”, explica o Gerente de Enge-
nharia Paulo Affonso Tassi.
A obra é um desafio e tanto para os cerca de 200
trabalhadores que se revezam na difícil tarefa da esca-
vação. Desde o início da construção do túnel, já foram
registrados mais de 12 mil estalidos no interior da cor-
dilheira, resultantes da liberação de energia da rocha
em perfuração. “Nosso desafio está em compreender
a dinâmica da rocha e trabalhar em um processo con-
tínuo de aperfeiçoamento e inovação tecnológica para
superar os obstáculos e garantir a segurança dos nos-
sos integrantes”, destaca Tassi. Dos 20 km do túnel,
restam ser concluídos 2,3 km, o que, segundo o enge-
nheiro, deverá ocorrer até o início de 2012.
A etapa de transposição do Rio Huancabamba é
a base para o projeto de irrigação, que promete ala-
vancar a economia de Olmos. Por meio de uma con-
cessão privada firmada com o Governo Regional de
Lambayeque, a H2Olmos, empresa concessionária da
Odebrecht Participações e Investimentos, ficará res-
ponsável pelo desenho, o financiamento, a constru-
ção, a operação e a manutenção da infraestrutura que
distribuirá a água transposta.
“O Projeto de Irrigação Olmos é o resultado da
nossa busca pela viabilização de negócios por meio
de soluções inovadoras, como a conversão de terras
desérticas em fontes de produção de alimentos”, afir-
ma o Diretor de Contrato Giovanni Palacios. Em 2008,
a concessionária havia apresentado ao Governo Re-
gional de Lambayeque uma proposta de irrigação da
área, aprovada em 2010 após um processo de ajustes
e adequações.
Além da implantação de 50 km de tubos para o
fornecimento de água pressurizada, as obras inclui-
rão a construção de canais, reservatórios, túnel, de-
sarenadores, vias de acesso e linhas de transmissão
elétrica. O prazo de concessão é de 20 anos, incluindo
Estruturas do Projeto Olmos (nesta e na outra página): instrumentos para a criação de um polo agroindustrial
018_OI153_OK_RJ2.indd 22 3/11/11 6:38 PM
23informa
o período de construção das obras, e o valor total do
investimento será de US$ 250 milhões.
Dos 43,5 mil ha a serem irrigados, 38 mil serão
vendidos por meio de leilão público. Esses terrenos, de
propriedade do Governo Regional de Lambayeque, ba-
tizados de Terras Novas, serão fracionados em 51 lotes,
com extensões que variam de 250 ha a 1.000 ha. O valor
mínimo estipulado por hectare é de US$ 4.250, preço
que inclui o título de propriedade e o direito à água. A
expectativa é de que essas áreas venham acolher em-
presas agrícolas dedicadas à produção de uma gama
de cultivos de alta qualidade, com elevados rendimen-
tos e forte competitividade no mercado internacional.
Os 5,5 mil ha restantes pertencem às comunidades
campesinas do Valle Viejo. Com a irrigação, os cerca
de 2 mil habitantes da localidade terão na agricultu-
ra uma importante fonte de trabalho e renda. “Este
projeto permitirá um salto na qualidade de vida dos
moradores do Valle Viejo. Sem água, ficamos prati-
camente impossibilitados de produzir”, afirma o líder
comunitário Gregorio Morales. Em ambos os casos,
será cobrada pela empresa concessionária uma tarifa
de US$ 0,07 por m3 de água utilizada.
Polo agroindustrialPara o Diretor de Investimentos das concessioná-
rias Trasvase Olmos e H2Olmos, Juan Andrés Marsa-
no, a tendência é de que, a médio e longo prazo, Lam-
bayeque se transforme em um polo agroindustrial,
com a atração de novas empresas e geração de um
fluxo migratório massivo, particularmente na direção
de Olmos.
“Em uma previsão modesta, o projeto de irrigação
será responsável pela criação de 40 mil oportunida-
des de trabalho, mas há espaço para muito mais. Há
quem questione se haverá profissionais em número
suficiente na região para atender a um projeto dessa
envergadura”, afirma. Segundo Marsano, o bom mo-
mento vivido pela economia peruana, com plena aber-
tura comercial, e a localização estratégica do país,
que permite o fácil acesso aos mercados da Ásia e da
costa oeste norte-americana, são fatores favoráveis
ao sucesso do projeto.
Além disso, de acordo com Juan Marsano, o Pro-
jeto Olmos surge como resposta a um tema que
tem preocupado governos e instituições ao redor do
mundo: o abastecimento de alimentos. “Existe um
conjunto de boas razões pelas quais acreditamos
que Olmos terá à sua frente um grande momento. A
ausência de investimentos dos estados no setor de
alimentos ao longo de décadas, o aumento sucessi-
vo dos preços, as mudanças climáticas e a escassez
de água ao redor do mundo são apenas alguns de-
les”, argumenta.
018_OI153_OK_RJ2.indd 23 3/11/11 6:38 PM
24 informa
Executado nos anos 1980 e 1990, Projeto de Irrigação Formoso levou prosperidade à região de Bom Jesus da Lapa, na Bahia
texto Júlio CÉsaR soaRes fotos beG fiGueiRedo
24
LEMBRANçAS DO futuroMeMóRia
018_OI153_OK_RJ2.indd 24 3/11/11 6:38 PM
25informa
Localizada às margens do Rio São Francisco, no
oeste da Bahia, Bom Jesus da Lapa é famosa por
ser o destino de mais de 1 milhão de romeiros ca-
tólicos que todos os anos vão à Igreja de Bom Jesus
da Lapa, construída dentro da gruta do Bom Jesus.
Aos poucos, a cidade vai ficando conhecida também por sua che-
gada a uma condição que até alguns anos parecia impossível: a
de polo produtor de banana. Bom Jesus da Lapa está conseguin-
do isso graças ao Projeto de Irrigação Formoso, executado pela
Odebrecht entre 1988 e 1999.
Denivaldo Antonio de Brito é um dos que participam dessa
história desde o início, em 1988. Além de produtor e funcionário
do Distrito de Irrigação Formoso (DIF) – associação de produto-
res da região –, Denivaldo era operador de trator nas obras de
Formoso.
“Eu trabalhava em uma fazenda e, em 1988, vim traba-
lhar para a Odebrecht”, ele relembra. “Assim que a obra foi
concluída, recebi o convite da empresa para atuar em Angola.
Mas a Codevasf me ofereceu um lote de 4 ha e a oportunidade
de trabalho no distrito. Acabei aceitando”, conta. Denivaldo é
um dos 910 pequenos produtores do projeto, que conta ainda
com 225 produtores com lotes maiores, conhecidos como pro-
dutores empresariais.
DO futuroDenivaldo e a esposa,
Ildenice: ele trabalhou nas obras de Formoso, como
operador de trator, e, depois, tornou-se produtor
018_OI153_OK_RJ2.indd 25 3/11/11 6:39 PM
26 informa
Formoso inseriu
na região de Bom
Jesus da Lapa
técnicas de
agricultura e
de negócio até então
desconhecidas
Sligni nobit alique nist, expediore modicim agnitatistii nobit aliquia
Mais de 1.100 lotes irrigadosFormado por dois setores, Formoso A e Formo-
so H, o projeto foi inteiramente concluído em 1999.
Ao todo, conta com 1.165 lotes irrigados em uma
área de 12 mil ha. Para que a água tenha força para
chegar às plantações, são utilizadas duas estações
de bombeamento e 29 estações de pressurização.
A água é levada aos lotes por meio de 82,5 km de
canais de irrigação e 207 km de redes de aspersão.
André Rabello, Diretor-Superintendente da Ode-
brecht no Panamá e ex-Diretor do Contrato, afirma
que o projeto inseriu na região de Bom Jesus da
Lapa técnicas de agricultura e de negócio até então
desconhecidas. “Formoso trouxe vigor para a econo-
mia local e regional, com técnicas e cultura empre-
sarial na cadeia produtiva agrícola”. André também
destaca o desenvolvimento da região com a geração
de oportunidades de trabalho após a entrega do con-
trato. Formoso gera hoje 7 mil oportunidades diretas
e 14 mil indiretas, e exporta 250 t/dia.
O objetivo: autossustentabilidadeA contratante da obra foi a Companhia de Desen-
volvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
Rita de Cássia: “Formoso foi a chance que eu tive de viver daquilo que gosto”. Ao lado, agricultores trabalham em um dos lotes do projeto: implantação de novas culturas
018_OI153_OK_RJ2.indd 26 3/11/11 6:39 PM
informa
(Codevasf), empresa pública vinculada ao Ministério
da Integração Nacional. “Nosso papel atualmente é
apoiar o DIF na operação e manutenção da infraes-
trutura de uso comum do perímetro”, explica Anto-
nio Carlos Monteiro de Andrade, Gerente Regional de
Empreendimentos de Irrigação da Codevasf. “O ideal
é que o projeto se torne autossustentável, e estamos
caminhando nessa direção.”
Para que isso ocorra, o DIF entra em ação. Além
de cuidar do fornecimento de água e de atuar como
canal de comunicação entre o produtor e a Codevasf,
apoia as associações de produtores que investem
na tecnologia para aumentar o número de culturas
plantadas em Formoso.
“Trabalhamos agora para implantar uma nova
cultura em alguns lotes. Recentemente, concluímos
um viveiro para iniciar experimentos no plantio de
limão e estamos caminhando bem”, relata Antonio
Marcio Rodrigues, Presidente do Conselho Adminis-
trativo do DIF. A iniciativa chamou atenção da Em-
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra-
pa), que, para auxiliar os produtores, há pouco tempo
visitou o projeto.
A princípio, Formoso seria um polo exportador de
grãos. Após a metade da década de 1990, porém, a
banana tornou-se a principal cultura da região, segui-
da de longe pelo mamão, cacau e melancia. Mas não
é só do plantio que vivem os beneficiados pelo projeto.
Rita de Cássia Fontes Teixeira deixou para trás o
emprego como zootécnica para se tornar a Presiden-
te da Associação das Mulheres Fortes, que desenvol-
ve artesanato a partir da fibra da banana. “Sempre
fui apaixonada pelo artesanato, mas o trabalho nas
fazendas consumia todo meu tempo. Formoso foi a
chance que eu tive de viver daquilo que gosto”, diz.
A associação conta com o apoio do Serviço Brasilei-
ro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
da Bahia e com o Projeto Amanhã, desenvolvido pela
Codevasf para fixar o colono em Formoso.
A maior parte da produção da associação atende
ao mercado local. “Participamos de feiras, normal-
mente indicadas pela Codevasf, e temos parceria
com uma loja de móveis de Bom Jesus da Lapa”,
explica Rita. Ela planeja voos mais altos. O compu-
tador, comprado com o dinheiro recebido por meio
da venda de artesanato, espera pela conexão com
a internet para divulgar o projeto pelo mundo. Per-
guntada se sente saudade da vida de zootécnica, Rita
sorri. “Não. Hoje em dia sou mais feliz e vivo com
melhor qualidade.”
018_OI153_OK_RJ2.indd 27 3/11/11 6:39 PM
28 informa
28no madeira
TODA A VIDAQUE CORRE
018_OI153_OK_RJ2.indd 28 3/11/11 6:39 PM
29informa
Conheça o conjunto de ações voltadas para a preservação do Rio Madeira durante a construção da Usina Santo Antônio
texto Cláudio lovato filho
fotos RiCaRdo de saGebin
no madeirapersonagem principal desta história é um rio.
Seu nome, Madeira. Afluente do Amazonas,
ele carrega em suas águas a expectativa do
surgimento de um novo e poderoso vetor de
desenvolvimento para Rondônia e o país: a
Hidrelétrica Santo Antônio, que deverá começar a produzir
energia em dezembro de 2011.
Esse rio, margeado por igarapés e cujos formadores nas-
cem nos Andes e na chapada dos Parecis, em Mato Grosso,
também é o cenário de ações ambientais inéditas voltadas
para sua preservação. Trabalhando em plena Amazônia, as
equipes do Consórcio Construtor Santo Antônio, formado
pelo Consórcio Santo Antônio Civil (CSAC) – do qual fazem
parte a Odebrecht e a Andrade Gutierrez – e pela Odebrecht
(responsável pela montagem eletromecânica), têm a missão
de construir uma usina de proporções gigantescas, dotada de
44 turbinas, e assegurar a manutenção da qualidade da água
do rio. A superação desse desafio de preservação, vivenciada
O
018_OI153_OK_RJ2.indd 29 3/11/11 6:39 PM
30 informa
no dia a dia da execução do projeto, está transformando
Santo Antônio em referência para futuros projetos hidre-
létricos no Brasil e no mundo.
Iniciada em setembro de 2008, a construção da usina
foi objeto de um dos mais completos e avançados es-
tudos de impacto ambiental (EIA) já realizados para a
execução de um empreendimento hidrelétrico, o que o
transformou em marco e modelo no Brasil. Participa-
ram da elaboração desses estudos especialistas e per-
quisadores da região Amazônica, que se dedicaram de
forma exclusiva ao projeto.
Os resultados alcançados propiciaram um grande
avanço do conhecimento sobre o meio ambiente da ba-
cia do Rio Madeira e orientações para sua preservação.
O uso de turbinas Bulbo é um exemplo disso. Esse tipo
de turbina, por trabalhar com altas vazões e pequenas
quedas, possibilita a construção de barragens baixas e,
como consequência, a redução da área inundada (em
Santo Antônio, ela será praticamente inexistente), re-
sultando nos menores impactos ambientais possíveis
decorrentes da implantação do empreendimento. As
características naturais do Madeira, um rio com grande
volume de água na maior parte do ano, permitiram a uti-
lização dessas turbinas.
Uma obra como Santo Antônio, com seu porte, im-
portância e localização, exige de seus construtores
aquela insatisfação permanente que leva à busca e à
identificação constante de novas e melhores soluções.
Tratando-se de meio ambiente, no caso da Hidrelétrica
Santo Antônio, a inquietação – por melhores que sejam
os resultados alcançados até então – é uma marca re-
gistrada.
“Antes de a obra começar, ainda durante a etapa de
planejamento, identificamos todos os processos que se-
riam executados ao longo da construção da usina e seus
respectivos impactos ambientais”, relata Nelson da Costa
Alves, Gestor do Negócio Meio Ambiente do CSAC, que
há 11 anos é integrante da Odebrecht. “Em relação à
água, realizamos aqui um controle integrado. Apoiamos e
acompanhamos todas as frentes de serviço e a sua rela-
ção com os recursos hídricos, nas duas margens do rio.”
Monitoramento da qualidade da águaUm dos destaques entre as ações para preservação
do Rio Madeira é o monitoramento da qualidade da água
em tempo real, realizado de forma contínua em três es-
tações, uma a montante (rio acima) e as outras duas a
jusante (rio abaixo) do local onde está sendo construída a
barragem, conhecido como cachoeira de Santo Antônio.
Implantado em parceria com a empresa Ecology Bra-
sil, o sistema de monitoramento é composto de sondas
que fornecem, via satélite, informações sobre os seguin-
tes parâmetros: temperatura da água, condutividade
elétrica, oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio, pH
(potencial hidrogeniônico), ORP (potencial de redução de
oxidação), sólidos dissolvidos e turbidez. Além do moni-
toramento em tempo real, trimestralmente são coleta-
das amostras para análise laboratorial de 121 variáveis
físicas, físico-químicas, químicas e biológicas.
Esses dados são enviados a um laboratório móvel
flutuante, que acompanha a realização de cada servi-
ço nas margens direita e esquerda que possa afetar a
qualidade da água. Essa foi uma das iniciativas de pre-
servação ambiental que pesaram de maneira decisiva
na obtenção, pela obra, da Certificação ISO 14000, em
setembro de 2010.
“A Hidrelétrica Santo Antônio está sendo construída
sem que haja alteração na qualidade da água do Rio
Madeira”, afirma José Bonifácio Pinto Júnior, Diretor-
Superintendente da Odebrecht Energia. Ele participa do
projeto desde 2001, quando foram realizados os primei-
ros estudos de viabilidade para o aproveitamento ener-
gético do Rio Madeira. “Sempre tivemos a certeza de que
seria assim”, complementa.
As palavras de Bonifácio encontram reforço na ar-
gumentação de Paulo Varella, Diretor da Agência Na-
O monitoramento da qualidade da água é feito em tempo real, de forma contínua, em três estações
018_OI153_OK_RJ2.indd 30 3/11/11 6:39 PM
31informa
cional de Águas (ANA). “No segundo semestre de 2010,
acompanhei o então Secretário Executivo do Ministério
do Meio Ambiente, José Machado, em visita ao canteiro
de obras de Santo Antônio. A impressão que tive foi de
que visitava uma obra executada em ritmo acelerado,
que, por um lado, usa o que há de mais moderno em
tecnologia e, por outro, exercita na prática o conceito de
sustentabilidade”. Varella complementa: “A Amazônia
tem um enorme potencial hidrelétrico, mas é um ecos-
sistema de importância vital que precisa ser explorado
de forma racional e sustentada. Creio que Santo Antô-
nio é um dos exemplos mundiais que mostram que é
possível preservar e desenvolver com responsabilidade
socioambiental”.
Reagente orgânicoTrabalham hoje na construção de Santo Antônio cer-
ca de 14 mil pessoas. É a população de uma cidade. No
canteiro de obras, 100% do esgoto sanitário é tratado em
duas estações de tratamento de esgoto (ETEs), estrutu-
ras modulares instaladas nas duas margens.
O tratamento da água para uso humano e industrial
é feito em cinco estações de tratamento de água (ETAs)
– três para água potável e duas para água destinada a
processos industriais. Dez municípios de Rondônia, entre
eles Porto Velho, estão adotando o modelo de tratamento
de água e esgotos aplicado no canteiro de Santo Antônio.
“Isso é muito gratificante”, diz Nelson Alves. “É quando as
ações da empresa ‘saem’ do perímetro da obra e geram
uma interface muito positiva com a comunidade.”
O processo de concepção, implantação e operação
das ETAs no canteiro de Santo Antônio foi descrito no
projeto “ETA Ecológica de Ciclo Fechado: tratamento
com reagentes orgânicos e reaproveitamento da água
do lodo gerado”, vencedor do Prêmio Destaque de 2010
da Organização Odebrecht na categoria Meio Ambiente.
De autoria de Anelisa Cantieri, integrante da equipe
de Nelson Alves, o trabalho apresenta uma solução ino-
vadora: o uso de um polieletrólito catiônico de baixo peso
molecular produzido a partir do tanino extraído da cas-
ca da acácia negra em vez do sulfato de alumínio. Seu
nome comercial é Veta Orgânica.
Utilizado na maioria das estruturas de tratamento de
água no Brasil, o sulfato de alumínio é um reagente quí-
mico que, descartado no meio ambiente, é de difícil de-
gradabilidade, por ser um metal pesado, representando
risco para a fauna e a flora.
A decisão de realizar um tratamento sem descarte
de resíduos que poderiam prejudicar o meio ambiente e
de reaproveitar o efluente levou ao uso do reagente or-
gânico à base de tanino. O efluente (lodo) gerado na la-
vagem dos decantadores e filtros recircula nos tanques
de armazenamento de água industrial já tratada, depois
de passar por um sistema formado por geoformas e
bolsões porosos, que retêm o lodo e libera água limpa.
Isso faz com que diminua a necessidade de captação de
recursos naturais, sobretudo a água. O lodo, por sua vez,
por causa do uso de reagente orgânico, é transformado
Nesta página, o laboratório flutuante e uma das estações de monitoramento da qualidade da água. Na página seguinte, integrante da Ecology Brasil com uma das sondas instaladas nas estações
018_OI153_OK_RJ2.indd 31 3/11/11 6:39 PM
32 informa
em adubo, empregado no reflorestamento de áreas do
canteiro de obras.
As cinco ETAs do canteiro de Santo Antônio possuem
esse sistema. A capacidade de tratamento é de 560 m3/h
de água, sendo 400 m3/h de água industrial e 160 m3/h
de água potável. “Temos aqui uma cidade independente
da cidade”, diz Nelson Alves, referindo-se ao canteiro e a
Porto Velho, distante 7 km da obra.
Na Central de Concreto, instalada na margem es-
querda, o reúso de água também é palavra de ordem.
Parte da água tratada nas ETAs é destinada à fabricação
de concreto, e a água utilizada na lavagem dos cami-
nhões-betoneiras é tratada em cinco piscinas de decan-
tação e usada novamente na lavagem dos caminhões.
“Tentamos fazer com que nossa gestão ambiental
seja simples, flexível e leve, de maneira a facilitar sua
compreensão e prática por cada um dos trabalhadores
do canteiro de obras. Só assim conseguiríamos os re-
sultados esperados de conscientização em uma obra
na qual 80% do efetivo jamais havia trabalhado em um
projeto de engenharia e construção”, salienta Nelson
Alves. “Temos obtido respostas excelentes, e as comu-
nidades vizinhas, onde vive a maioria dos trabalhado-
res de Santo Antônio, vêm se beneficiando disso, por-
que as pessoas levam para lá o que aprendem aqui”. A
equipe do Programa de Meio Ambiente da Usina Santo
Antônio, liderada por Nelson Alves, é composta de 75
pessoas, entre elas o corpo técnico-operacional. Des-
ses profissionais, 70 são de Rondônia.
“As medidas para preservação ambiental colocadas
em prática como parte da construção da Hidrelétrica
Santo Antônio são muito positivas e exemplificam as
melhores práticas em âmbito mundial”, afirma John
Redwood, consultor de Meio Ambiente e Desenvol-
vimento Sustentável, ex-Diretor de Desenvolvimen-
to Sustentável Ambiental e Social do Banco Mundial.
“Esse conjunto de ações deve, sem dúvida, ser consi-
derado como referência e merece estudo cuidadoso
e detalhado, além de ampla disseminação”. Redwood
acrescenta: “A Odebrecht tem acumulado conheci-
mento ao longo de muitos anos de experiência em pro-
jetos relacionados à água e vem colocando em prática
o melhor do que aprendeu.”
Modelo reduzidoVárias outras ações têm papel relevante na preser-
vação do meio ambiente da área da obra e, em especial,
do Rio Madeira. A explicação sobre o nome do rio, aliás,
remete a um dos grandes desafios do projeto: uma das
características do rio é a grande concentração de sóli-
dos em suas águas, principalmente madeira (troncos e
galhos) e sedimentos, fenômeno associado à sua origem
nos flancos erosíveis dos Andes.
O manejo desses sólidos mereceu um dos maiores
estudos realizados em Santo Antônio. A decisão foi im-
plantar boias em forma de tubulação que irão direcionar
a passagem de troncos e galhos por um canal do rio em
uma área lateral da barragem.
018_OI153_OK_RJ2.indd 32 3/11/11 6:39 PM
33informa
Esse e outros recursos – como o Sistema de Trans-
posição de Peixes (STP), que possibilitará a passagem
de espécies da área de jusante para a de montante e ga-
rantirá as condições ideais para sua reprodução – foram
testados com a utilização do recurso de modelo reduzi-
do, em Rondônia e no Rio de Janeiro.
O STP foi testado em um modelo reduzido construído
na cachoeira de Teotônio, 20 km a montante do local de
execução da Hidrelétrica Santo Antônio. Um outro modelo
reduzido, executado na escala 1:80 (um por oitenta), a um
custo de R$ 10 milhões, mostrando a usina completa, foi
construído na Subestação São José de Furnas, em Belford
Roxo, no Rio de Janeiro. É uma maquete gigantesca que
ocupa uma área de 4 mil m2 e permite a realização dos
ensaios das atividades necessárias ao desenvolvimento
da obra, a verificação da funcionalidade das estruturas de
concreto e a avaliação do comportamento dos sedimen-
tos. O desvio do Rio Madeira, planejado para julho de 2011,
está sendo simulado no modelo reduzido, que foi projeta-
do pela empresa PCE Engenharia.
“Aqui conseguimos antecipar situações que se-
rão enfrentadas na obra e oferecer alternativas para
sua solução”, explica o engenheiro Edgar Fernando
Trierweiler Neto, de Furnas (empresa que lidera,
com a Odebrecht, a empresa Santo Antônio Ener-
gia, encarregada da operação da usina por 30 anos).
Edgar compartilha a responsabilidade pelo modelo
reduzido com o engenheiro Pedro Ernesto Albuquer-
que Souza, da empresa Engevix.
Integração de atividadesInvestimentos como esse fazem parte de um cenário
bastante complexo em que se destaca não apenas a ex-
pectativa de uma futura geração de energia de 3.150 MW,
fundamental para o país, mas também uma preocupação
genuína com a proteção de um ecossistema rico e crucial
para o Brasil e para o mundo.
Henrique Chaves, Professor da Faculdade de Engenha-
ria Florestal da Universidade de Brasília (UNB) e consultor,
é autor de um trabalho acadêmico que mostra a integra-
ção das diversas atividades em Santo Antônio relaciona-
das à água. “A Odebrecht tem buscado, de forma racional
e integrada, a redução dos impactos ambientais sobre os
mananciais, o que contribui de maneira efetiva para a pre-
servação da quantidade e da qualidade da água na área de
influência de suas obras.”
Em Santo Antônio, chamaram sua atenção, em especial,
o uso racional da água para abastecimento do canteiro, o
tratamento de esgotos, a reciclagem dos resíduos sólidos
e a proteção dos mananciais por meio da revegetação dos
taludes do canteiro e dos bota-foras (áreas de descarte de
materiais não aproveitados na obra). “Essas atividades con-
tribuem para a preservação da qualidade da água do Rio Ma-
deira, do solo e da vegetação na área de influência da obra.”
O trabalho de preservação ambiental realizado em San-
to Antônio, segundo Henrique Chaves, transformou a obra
em referência para futuros projetos hidrelétricos no Brasil.
“São iniciativas inovadoras e de grande impacto, inéditas
em obras de grande porte no país.”
Trânsito rápido no Madeira: ribeirinhos se deslocam no rio usando pequena embarcação chamada de “voadeira”
018_OI153_OK_RJ2.indd 33 3/11/11 6:40 PM
34 informa
34o último rio
Para preservar as águas do Rio Sabor, em Portugal, ações de minimização e compensação ambiental são desenvolvidas por meio de 12 programas
018_OI153_OK_RJ2.indd 34 3/11/11 6:40 PM
35informa
o último rioselvagemtexto fabiana CabRal fotos holanda CavalCanti
018_OI153_OK_RJ2.indd 35 3/11/11 6:40 PM
36 informa
Entre as montanhas à margem do Rio
Sabor, António Augusto Salvador, 62
anos, assobia para indicar o cami-
nho dos pastos ao seu rebanho. Com
a ajuda de um mastro de bambu para
apoiar-se, ele percorre, diariamente a região, acom-
panhado de 110 ovelhas e dois cachorros. “Sou pastor
de ovelhas e nasci para isso. Só sei fazer isso”, conta
sorridente.
A poucos quilômetros dali, Paula Cristina Lopes
Sendas Costa, proprietária do Café Tic Tac, anda de
lá para cá com agilidade para atender todos os seus
clientes. “Pela manhã, muitas pessoas vêm para fazer
o pequeno almoço [tomar o café da manhã] e à noite
reúnem-se para conversar e jogar cartas. Virou ponto
de encontro”, ela comenta sobre seu primeiro negócio.
Antônio e Paula são moradores do município de
Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, na região
norte de Portugal. Originária do século 13, a cidade
montanhosa, de cerca de 10 mil habitantes, fica perto
da fronteira com a Espanha e da confluência dos rios
Sabor e Douro, que nascem em território espanhol.
No trecho do Rio Sabor em Torre de Moncorvo, o
Agrupamento Complementar de Empresas (ACE),
formado pela Odebrecht-Bento Pedroso Construções
(BPC) e Lena Construções, realiza, desde 2008, as
obras civis do Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) do
Baixo Sabor para a EDP – Gestão da Produção de Ener-
gia S.A.
O projeto integra o Programa Nacional de Barra-
gens com Elevado Potencial Hidrelétrico (PNBEPH),
criado pelo Governo português em 2007. “A instalação
desta e de outras barragens e os reforços de potência
das já existentes garantem a autonomia de Portugal
na geração de energia, cuja capacidade subirá de 60%
para 76% até 2020”, explica Gilberto Costa, Diretor de
Contrato. “Além de minimizarem a dependência ener-
gética do exterior, os escalões irão reforçar o sistema
de abastecimento elétrico. As barragens reversíveis,
como as do Baixo Sabor, podem armazenar água para
os períodos de maior consumo, aproveitando a energia
excedente das eólicas”, acrescenta Carvalho Bastos,
Representante da EDP.
O AHE do Baixo Sabor será constituído de duas bar-
ragens, a montante e a jusante (rio acima e rio abaixo)
do Sabor, equipadas por sistemas reversíveis – de tur-
binagem e de bombeamento – para equilibrar o consu-
mo e o desperdício de energia e armazenar água. Seus
reservatórios, que ficarão dispostos entre as cidades
de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e
Macedo de Cavaleiros, darão origem à mais significativa
reserva de água na bacia hidrográfica do Rio Douro, em
território português. “Isso irá duplicar a contenção de
água no Douro”, diz Gilberto Costa. Carvalho Bastos re-
força: “O Baixo Sabor também aumentará a capacidade
das outras barragens já instaladas ao longo do Douro”.
Os escalões contribuirão ainda para reduzir as
emissões de gases que contribuem para o efeito estu-
fa, regular a distribuição de água na região, sobretudo
em épocas de seca, controlar as cheias e rentabilizar
a energia excedente proveniente dos parques eólicos.
Os sistemas de turbinagem e de bombeamento irão
recuperar o desperdício das eólicas funcionando dos
“dois lados”. Em determinados períodos, em vez de
turbinar a água para gerar energia, utiliza-se a das eó-
licas para bombeá-la e armazená-la nos reservatórios,
à espera dos ciclos de maior consumo. “A principal ati-
vidade de jusante será a contenção da água, enquan-
to a de montante, a principal, a produção de energia
elétrica. O bombeamento será feito do Rio Douro para
o Rio Sabor, e a turbinagem ocorrerá do Sabor em di-
reção ao Douro”, explica Carlos Matos, Responsável
pelas obras na jusante.
O pastor António Augusto Salvador: “Nasci para isso”
018_OI153_OK_RJ2.indd 36 3/11/11 6:40 PM
37informa
Um rio selvagemAo contrário do Douro, que possui seis barragens
no lado português e sete no território espanhol, o Rio
Sabor é conhecido como o “último rio selvagem da Eu-
ropa”, por não possuir influências humanas, com exce-
ção das atividades de pequenos agricultores.
Para preservar as águas do “rio selvagem” e a vida
animal e vegetal do seu entorno, o ACE Baixo Sabor de-
senvolve várias ações de minimização e compensação
ambiental, com o apoio da EDP e de instituições par-
ceiras. São 12 programas ligados à fauna e à flora, aos
ecossistemas aquáticos, à qualidade do ar e da água e
à conservação do patrimônio histórico e cultural da re-
gião, com 140 técnicos ambientais envolvidos no Plano
de Gestão Ambiental da Obra (PGAO).
De acordo com Augusta Fernandes, Coordenadora
do Sistema de Gestão Integrado – QAS (Qualidade, Meio
Ambiente e Segurança) do ACE, o principal objetivo é
evitar a contaminação da água do rio. “Com o Progra-
ma de Monitoramento da Qualidade da Água, realiza-
mos análises mensais em 23 pontos distintos ao longo
dos 80 km do rio. Temos 27 parâmetros de avaliação
como acidez, carga orgânica e contaminação biológica,
e também avaliamos a vida animal em todo o percurso.
A documentação é analisada pela Comissão Ambiental
da União Europeia.”
A implantação de medidas de controle de erosão
e transporte de sedimentos – colocação de barreiras,
proteção de taludes e manutenção da galeria ripícola
(vegetação típica das margens de rios e lagos) –, e a
instalação de estações de tratamento da água e do es-
goto provenientes dos canteiros também fazem parte
do programa. “Em três anos de obras, não identifica-
mos nenhuma alteração na qualidade da água”, pontua
Augusta.
O AHE do Baixo Sabor começará a gerar energia
elétrica a partir do segundo semestre de 2014. Porém,
a EDP dará continuidade a todos os programas am-
bientais por mais 75 anos, como previsto em contrato.
Desenvolvimento localO controle das cheias e o equilíbrio entre a produ-
ção e o consumo de energia não serão os únicos be-
nefícios que o AHE do Baixo Sabor proporcionará aos
moradores da região. “Com a grande massa de água
formada pelos reservatórios, serão criadas zonas de
irrigação de terras e áreas para a prática de esportes
aquáticos, incentivando o turismo e o desenvolvimen-
to econômico do interior do norte do país”, assegura
António Monteiro, Gerente Administrativo-Financeiro
do ACE.
Mesmo observando as obras de longe, o pastor de
ovelhas António e a pequena empresária Paula já per-
cebem mudanças. “As coisas estão melhores, porque
há mais trabalho”, comenta António. “Eu espero mais
movimento e mais turismo”, revela Paula.
Integrantes do ACE Baixo Sabor monitoram a qualidade da água: rigor em defesa do rio
018_OI153_OK_RJ2.indd 37 3/11/11 6:40 PM
38 informa
PENSAMENTO
38018_OI153_OK_RJ2.indd 38 3/11/11 6:40 PM
informa 39informa
O escritório em Brasília é apenas um
ponto de referência para esse baiano
de Salvador, de 46 anos, que há três
trabalha na Organização Odebrecht,
mais precisamente na Odebrecht
Energia. Luiz Gabriel Todt de Azevedo não para.
Além da capital federal, onde vive com a esposa,
Ivana, e dois filhos, Bernardo, de 12 anos, e Victor,
de 15, o engenheiro civil divide seu tempo entre
Rio de Janeiro, São Paulo, onde esta entrevista foi
realizada, e cidades nas quais a empresa mantém
projetos de energia. Eventualmente, ministra aulas
e palestras em universidades como Harvard, nos
Estados Unidos. E está presente, com frequência,
em discussões ao redor do mundo sobre temas re-
lacionados à sustentabilidade, em especial aquele
que o fascina e com o qual soube que iria trabalhar
desde a infância: a água.
fluidoPENSAMENTO
texto KaRolina Gutiez
foto bRuno veiGa
entRevista
018_OI153_OK_RJ2.indd 39 3/11/11 6:40 PM
40 informa
A rotina sempre foi assim. Antes da Odebrecht,
Gabriel, mestre em hidrologia e ph.D em recursos
hídricos pela Colorado State University, instituição
norte-americana de excelência nesse assunto, tra-
balhou durante 14 anos no Banco Mundial, dedican-
do-se a projetos envolvem o principal recurso natu-
ral em mais de 20 países da América Latina, África
e Europa Central. Ocupou, ainda, o cargo de Vice-
Presidente da WWF (World Wildlife Fund), a maior
rede internacional de conservação da natureza. No
Banco Mundial, financiou projetos da Odebrecht,
vários hídricos, e, por isso, já conhecia muitos dos
seus futuros colegas de trabalho.
Seu interesse pessoal pelos temas ligados ao
desenvolvimento de países e comunidades expli-
ca o longo período de
atuação profissional em
uma agência multilate-
ral. “Hoje, no entanto,
sinto que contribuo mais
para o desenvolvimento
estando na Odebrecht do
que no Banco Mundial.
A Organização implan-
ta projetos icônicos em
âmbito mundial e isso é
bastante motivador.”
odebrecht informa –
Quais papéis a ode-
brecht exerce quando o assunto é água?
GABRIEL AzEVEDO – A Organização desempenha qua-
tro papéis essenciais. Somos, primeiramente, grandes
usuários de água. Mas estamos buscando cada dia
mais excelência e eficiência no uso. Com a Foz do Bra-
sil, somos prestadores de serviços de abastecimento
de água, coleta e tratamento de resíduos domésticos
e industriais. Construímos, ainda, equipamentos de in-
fraestrutura relacionados à água, como hidrelétricas,
barragens, projetos de irrigação, emissários, adutoras
etc. Por fim, atuamos como investidores em grandes
empreendimentos hídricos, como a Usina Hidrelétrica
Santo Antônio, em Rondônia, e o Projeto de Irrigação
Olmos, no Peru.
oi – se você tivesse que traçar um cenário
sobre esse recurso natural, no Brasil e em
âmbito global, qual seria?
GABRIEL – A situação ainda não é alarmante, mas
é muito complexa. E o que vai acontecer nos pró-
ximos 20 anos depende de nós. Nós governos, nós
empresas, nós sociedade. A demanda global de
água atualmente é de 4,5 trilhões de m³/ano. Des-
ses, 70% são destinados à agricultura, e a neces-
sidade por alimentos só tende a crescer. A capaci-
dade que o planeta tem de renovar esse recurso é
de 4,3 trilhões de m³/ano. Ou seja, já consumimos
um pouco acima do potencial renovável, ainda que
1 bilhão de pessoas no mundo não tenham acesso
à água e 2 bilhões sejam privados de saneamen-
to básico. Se nada mudar na tendência atual, até
2030 a demanda vai aumentar 40%, passando para
6,9 trilhões de m³/ano. O
cenário impõe desafios
ao planeta, mas ofere-
ce oportunidades fan-
tásticas, sobretudo na
nossa área de atuação.
A Odebrecht tem uma
enorme contribuição a
dar na construção de pa-
noramas alternativos, no
Brasil e no exterior.
oi – Que gols a or-
ganização já marcou
nessa disputa?
GABRIEL – Destaco projetos realizados pela Odebre-
cht quando eu ainda não trabalhava na Organização,
mas com os quais tive contato, tanto como consul-
tor, no início de minha carreira, como durante minha
atuação no Banco Mundial. A construção da barra-
gem de Seven Oaks, na Califórnia, Estados Unidos,
na década de 1990, para o controle de inundações,
foi criticada naquela época, mas reabriu o debate
sobre grandes barragens no oeste americano e des-
mistificou o julgamento sobre o assunto (o projeto
rendeu prêmios à Odebrecht posteriormente, entre
eles o de Construtora do Ano de 1999 nos Estados
Unidos). O Canal da Integração (hoje chamado de Ei-
xão das Águas e em fase de conclusão dos trechos
4 e 5, no qual a Odebrecht, em consórcio, ficou res-
ponsável pelo trecho 3), complexo de estações de
bombeamento, canais, sifões, adutoras e túneis que
a situação ainda não é alarmante, mas é muito complexa. e o que vai acontecer nos próximos 20 anos depende de nós. nós governos, nós empresas, nós sociedade.
018_OI153_OK_RJ2.indd 40 3/11/11 6:40 PM
41informa
É preciso contabilizar a água que é consumida em produtos industrializados e agrícolas. a soja e a car-ne brasileiras, exportadas em grandes volumes, têm embutida a água utilizada no seu cultivo. É o conceito de água vitual.
irão transpor as águas do Açude do Castanhão para
reforçar o abastecimento para 4 milhões de habitan-
tes de 13 municípios – incluindo a Região Metropo-
litana de Fortaleza –, é o maior empreendimento de
infraestrutura do Ceará. Essa obra tem visibilidade
internacional, pois conseguiu integrar um projeto de
infraestrutura de grande envergadura com neces-
sidades hídricas da população. Outro exemplo é a
barragem de Ponto Novo, construída no semiárido
baiano para perenizar o rio Itapicuru-açu, possibi-
litando a instalação de três sistemas integrados de
fornecimento de água, que, juntos, beneficiaram 70
mil pessoas. O empreendimento foi financiado pelo
Banco Mundial, que o utilizou como referência, ape-
sar do pequeno porte.
oi – o que a Usina
Hidrelétrica santo an-
tônio tem a ensinar
para o mundo, no que
diz respeito à água?
GABRIEL – Já trabalhei
em muitas hidrelétricas
e nunca vi uma usina tão
bem planejada do ponto
de vista da sustentabili-
dade, em todas as suas
vertentes: aspectos do
meio físico, do meio so-
cial, da biodiversidade
etc. Embora estejamos
mexendo com o rio,
quando olho para a obra tenho a impressão de que
o Madeira e a usina têm uma relação harmoniosa.
oi – o que uma organização deve fazer para estar
na vanguarda desse tema? e o que não deve?
GABRIEL – Não se deve menosprezar ou ignorar
a importância do assunto. Afinal, não há nenhuma
atividade econômica que dispense o uso ou a dis-
ponibilidade da água. Deve, além de implantar boas
práticas internamente, influenciar a formulação
de políticas que tenham como objetivo promover
seu uso eficiente e sustentável. Um exemplo: in-
cluirmos no Programa de Qualificação Continuada
Acreditar módulos sobre água. Precisamos dar o
exemplo e influenciar.
oi – Quais são as tendências mundiais para o
tratamento da questão?
GABRIEL – Começamos a ver uma discussão em
torno da água virtual. É preciso contabilizar a
água que é consumida em produtos industria-
lizados e agrícolas. A soja e a carne brasileiras,
exportadas em grande escala, têm embutida a
água utilizada no seu cultivo. Da mesma forma,
as resinas que a Braskem exporta para cinco
continentes. Com isso, o Brasil é um dos maio-
res exportadores mundiais de água. As atenções
têm se voltado para o debate sobre mudanças
climáticas. Trata-se, realmente, de uma questão
complexa, com impactos em escala global e que
precisa ser discutida. Mas a água também tem
essa dimensão e não
vem sendo analisada na
mesma proporção.
oi – como você trata
a água na sua vida
pessoal?
GABRIEL – Meu pai era
engenheiro e sempre
trabalhou em obras hí-
dricas. Por isso, soube
desde pequeno que meu
destino era trabalhar
com água. Ela faz parte
da vida de qualquer ser
humano, mas, no meu
caso, desperta meu in-
teresse desde a infância. Além do meu trabalho,
meus hobbies estão relacionados à água. O favorito
é a pesca. E da mesma forma como fui influencia-
do, procuro compartilhar minha vida profissional
com meus filhos. Eles sempre visitaram projetos
nos quais trabalhei, desde favelas na África até a
Usina Santo Antônio, para onde pretendo levá-los
esse ano. É uma maneira de explicar que a ausên-
cia que o meu trabalho lhes impõe se justifica pelo
fato de eu estar fazendo algo de bom para outras
pessoas e para o meio ambiente. E eles se preo-
cupam, questionam. Hoje eles têm muito mais in-
formação e consciência do que os jovens da minha
geração. Mas o desafio deles, certamente, será
muito maior.
018_OI153_OK_RJ2.indd 41 3/11/11 6:40 PM
42 informa
42
Dependências do Aquapolo no ABC
paulista: novo paradigma de
qualidade para água de reúso no país
018_OI153_OK_RJ2.indd 42 3/11/11 6:40 PM
43informa
A LóGICA DO
reúsoUm marco na utilização de água industrial no Brasil, Projeto Aquapolo foi concebido para atender às empresas do Polo Petroquímico de Capuava, no ABC paulista
texto eliana simonetti
fotos bRuna RomaRo
stá em execução avançada, na região do ABC pau-
lista, o Projeto Aquapolo, de produção de água de
reúso para o Polo Petroquímico de Capuava. É a so-
lução para alguns problemas sérios. As principais
dificuldades para o desenvolvimento do polo são a
poluição crescente do rio Tamanduateí, a falta de água na estia-
gem e a necessidade de utilizar água potável para fins industriais.
O Aquapolo garantirá a água de uso industrial de que a petroquí-
mica paulista necessita.
As indústrias do Polo Petroquímico de Capuava, também no
ABC paulista, têm importante peso na economia paulista: reco-
lhem 27% do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) arrecadado pelo estado; empregam cerca de 25 mil
pessoas direta e indiretamente; e produzem materiais para con-
sumo interno e para exportação – como etileno, polipropileno,
polietileno, matérias-primas para a fabricação de resinas, borra-
chas, tintas e plásticos. Entretanto, para não danificar suas má-
quinas, essas indústrias dependem fortemente de fornecimento
confiável de água e carecem de sustentabilidade desse ponto de
vista.
O polo retira a maior parte da água de que precisa do córrego
dos Meninos, afluente do rio Tamanduateí. Esse recurso está no
limite, e já não se pode confiar que seja capaz de suprir as ne-
cessidades atuais – menos ainda as futuras, pois as empresas do
polo pretendem expandir seus negócios.
Tecnologia de pontaA Aquapolo Ambiental, Sociedade de Propósito Específico
(SPE) criada pela Foz do Brasil (empresa de engenharia ambien-
tal da Organização Odebrecht) e pela Sabesp (Companhia de Sa-
neamento Básico do Estado de São Paulo), contratou a Odebrecht
E
018_OI153_OK_RJ2.indd 43 3/11/11 6:40 PM
44 informa
Infraestrutura para construir uma Estação de Água Indus-
trial (Epai) com tecnologia de ponta para fornecer água para
uso industrial, dentro da área de sua Estação de Tratamento
de Esgotos na divisa entre São Paulo e São Caetano do Sul
(ETE ABC).
Atualmente, o esgoto tratado na ETE ABC é retornado à
natureza. Quando a nova Epai estiver funcionando, após o
tratamento costumeiro, o esgoto será conduzido a um tan-
que com bactérias que se alimentam de detritos orgânicos
(quando eles forem insuficientes, a ETH, empresa de bioe-
nergia da Organização, providenciará material para manter
a colônia de bactérias viva e ativa).
Depois, o material passará por um vale de oxidação em
forma de labirinto, cuja concepção foi premiada na Europa,
o TMBR (Tertiary Membrane Bio-Reactor), com membranas
de ultrafiltração, e seguirá para um equipamento de mem-
branas de osmose reversa que, por pressão, extrai do líquido
a alta condutividade e os padrões sólidos, amônia e outros
elementos que tornam o efluente impróprio para uso indus-
trial. “O Projeto Aquapolo estabelece um novo paradigma de
qualidade para a água de reúso no país”, diz Ivanildo Hespa-
nhol, especialista no tema, Professor da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
A água de reúso passará por duas estações elevatórias
e partirá rumo ao polo por uma adutora, com tubos de 900
mm de diâmetro recobertos com tripla camada de polietile-
no (para maior durabilidade), com o selo da Braskem. Como
a camada de polietileno é espessa, tocar nos tubos é mais
ou menos como passar a mão em um pneu de carro. Só que
cada tubulão de 12,30 m pesa 17.721 kg.
No polo, a água de reúso produzirá vapor e resfriará cal-
deiras. Quatro grandes reservatórios que não são aprovei-
tados pela ETE ABC estão sendo cobertos para garantir o
fornecimento ininterrupto de água aos clientes, mesmo em
período de seca.
Obra e vida nas cidadesNa operacionalização desse projeto existe um desafio
adicional. A região do ABC paulista é densamente ocupada
por residências e empresas e seu solo contém muita areia e
pedregulho. Implantar os tubos nesse ambiente não é tarefa
fácil. Hoje, passear por algumas ruas de São Caetano pode
exigir uma certa dose de paciência. De 100 em 100 metros,
há enormes buracos, largos e fundos, onde descem traba-
lhadores trajados com equipamentos de segurança para
cavar túneis horizontais, sustentados por peças de concreto
antes de receberem os tubos de aço.
No entorno, a vida segue: passam pessoas com sacolas
de supermercado, há caminhões fazendo manobras em pá-
tios de empresas, grupos de crianças saindo das escolas.
“Os trabalhos da Odebrecht foram planejados para não in-
terferir na vida das cidades e de seus moradores”, explica
Emyr Costa, Diretor de Contrato do Projeto Aquapolo.
Assim, onde existe muita área construída, muito movi-
mento, o método utilizado é este: os tubos são instalados
em pequenas partes, que depois são soldadas. Quando o
solo permite, a perfuração é feita com máquinas que pare-
cem miniaturas dos tatuzões (shields) usados em obras de
metrô. E em outras áreas, como às margens do rio Taman-
duateí, os tubos são acomodados em valas abertas.
Conforme dados da Sabesp, a Região Metropolitana de
São Paulo é uma das mais carentes de disponibilidade hí-
drica do país, com índices semelhantes às das áreas mais
secas do Nordeste, de 201 m³ por habitante ao ano – muito
abaixo do recomendado pela ONU, que é de cerca de 2.500
m³. Mesmo que de forma indireta, a Aquapolo propiciará o
aumento da oferta de água tratada e a melhoria das condi-
ções de saúde da população. “Não resta dúvida de que este
é um empreendimento de fundamental importância para a
sustentabilidade do Grande ABC e do Polo Petroquímico de
Capuava”, afirma Guilherme Paschoal, Diretor de Opera-
ções da Aquapolo Ambiental.
Sustentabilidade e economiaA planta da Aquapolo é a maior desse tipo no Hemisfério
Sul e a quinta maior do mundo. Seu cliente mais importante
é a Quattor, controlada pela Braskem, que consumirá mais
de 60% do que será produzido pelo projeto, mas empresas
como Cabot, Oxiteno, White Martins e Oxicap, todas locali-
zadas no polo, também serão beneficiadas. Além de ganhar
em sustentabilidade, essas empresas farão economia, já
que a água de reúso custa 30% menos que a que passa por
tratamento convencional. “Este é um projeto pioneiro que
representa um marco na utilização de água industrial no
Brasil”, afirma Celso Luiz Tavares Ferreira, Vice-Presidente
de Químicos Básicos da Quattor, empresa que, em 2010, re-
gistrou expansão de 40% em sua produção.
Há mais. Apesar do objetivo do projeto ser voltado ao Polo
Petroquímico, a planta terá capacidade maior que a neces-
sária. Abre-se, assim, a perspectiva de utilização da água de
reúso por outras empresas e municípios localizados no en-
torno da adutora. Com o Aquapolo, ganham as empresas, os
governos, a população (com a manutenção e possivelmente
o aumento de oferta de empregos na região) e o meio am-
biente, pois o efluente descartado após o uso industrial terá
melhor qualidade que o atual.
018_OI153_OK_RJ2.indd 44 3/11/11 6:40 PM
45informa
O Projeto Aquapolo em números
• Contrato de gestão de fornecimento de água ao Polo
de Capuava com duração de 34 anos, até 2043.
• Estação de Água Industrial com capacidade para
produzir até 1.000 litros/s de água de reúso.
• Adutora com tubos de 900 mm e 17 km de exten-
são em três municípios (São Paulo, Santo André e
São Caetano do Sul).
• Até 1,6 bilhão de litros/mês de água potável deixará
de ser consumido pelas indústrias do polo.
018_OI153_OK_RJ2.indd 45 3/11/11 6:40 PM
46 informa
Cetrel garante a sustentabilidade ambiental do Polo Industrial de Camaçari
DE SUSTENTAçãO
46
elemento
A Cetrel, em Camaçari: empresa interliga e centraliza o tratamento de efluentes de todas as 90 indústrias do polo
018_OI153_OK_RJ2.indd 46 3/11/11 6:41 PM
47informa
onstruído sobre um dos maiores aquíferos do
país, o de São Sebastião, o Polo de Camaçari
– o maior complexo industrial do Brasil – não
seria um empreendimento ambientalmen-
te sustentável se não existisse a Cetrel. Nos
estudos para a criação do polo, na década de 1970, decidiu-
se, de forma pioneira no país, que, em vez de cada empresa
ter seu próprio sistema de proteção ambiental, uma única
companhia estatal seria responsável pela operação de um
sistema global de gestão do meio ambiente, o que acarretaria
menos custo e maior eficiência.
Essa companhia foi, então, criada e recebeu o nome de
Central de Efluentes Líquidos do Polo de Camaçari (Cetrel),
hoje Cetrel S.A. e controlada pela Braskem. Situada a 45 km
de Salvador, interliga e centraliza o tratamento de efluentes
de todas as 90 indústrias existentes no Polo de Camaçari.
Em produção plena, o polo consome 12 mil m3/h de água
e verte aproximadamente 1,2 a 1,5 m3/s de efluentes líquidos
tratados através de seu emissário submarino. É a metade da
sua capacidade nominal de vazão.
A Cetrel, que atua em Camaçari em parceria com a Foz do
Brasil, recebe dois tipos de efluentes: as águas não contami-
nadas, pluviais em sua maioria, e os efluentes contaminados
por compostos orgânicos de todo tipo e compostos inorgâni-
cos, como sulfatos, nitratos, amônia e outros produtos nocivos
ao ambiente, se não tratados devidamente.
“Isso nada mais é do que água poluída. Nosso trabalho é
tratar rigorosamente esses efluentes, para minimizar os ris-
cos quando os devolvermos ao meio ambiente”, explica Sérgio
Tomich, líder dos Negócios de Desenvolvimento de Materiais
e Gestão de Resíduos Especiais da Cetrel.
Emissário submarinoCom a ampliação do polo, nos primeiros anos da década
de 1990, a construção de um emissário submarino para a
disposição oceânica dos efluentes tornou-se necessária para
a boa gestão ambiental. A obra foi realizada pela Odebrecht.
Antes de serem lançados ao mar, a 4,8 km da costa, são re-
movidos mais de 97% da carga biodegradável dos efluentes,
um índice acima do que preconiza a legislação ambiental.
“Fizemos uma campanha de monitoramento para afe-
rir como era o meio ambiente antes do emissário entrar em
operação e após o início dos lançamentos. Firmamos um
convênio com a Universidade Federal da Bahia e realizamos
duas campanhas anuais de monitoramento com a expedição
de relatórios em que se avalia a qualidade ambiental nesse
ecossistema marinho”, salienta Eduardo Fontoura, Respon-
sável por Laboratório e Monitoramento. Ele observa que “em
17 anos de funcionamento do emissário, a Cetrel nunca teve
problemas com a comunidade nem com os vigilantes pesca-
dores de Arembepe”. Os indicadores ambientais no ecossiste-
ma marinho são os mais positivos.
Hoje, a Cetrel é responsável pelo gerenciamento dos
recursos hídricos de toda a região do polo, tanto das águas
subterrâneas (lençóis freáticos e aquíferos) quanto das águas
superficiais. A empresa faz o controle com georreferencia-
mento (monitoramento e produção) de mais de mil poços –
imprescindível para uma região onde atuam várias empresas
de extração de água mineral para consumo humano.
Sérgio Tomich explica que desde que a Braskem assu-
miu o controle da empresa, a Cetrel deixou de ser apenas
uma “gestora de fim de tubo” e passou a prospectar novos
negócios no ramo em que tem expertise reconhecida. Além
do tratamento de efluentes líquidos contaminados e do mo-
nitoramento oceanográfico e dos rios, a Cetrel também atua
em programas piloto de tratamento de água para reúso in-
dustrial, os quais a empresa vem desenvolvendo em parceria
com a Braskem.
Durante a Conferência COP 16, realizada em dezembro de
2010, no México, que discutiu o tema Conservação da Biodiversi-
dade no Mundo, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimen-
to Sustentável selecionou os cases com as melhores práticas de
sustentabilidade ambiental. “A Conservação da Biodiversidade
no Ecossistema Marinho na Área de Influência do Emissário
Submarino da Cetrel” foi um dos cases escolhidos do Brasil.
Em janeiro de 2011, foi assinada uma carta de intenções
entre o Governo da Bahia, a Petrobras e algumas indústrias
de fora do polo, para acabar com as emissões na baía de
Todos os Santos. ”Além dessas emissões industriais e das
emissões da Refinaria Landulfo Alves, quase 90% dos esgotos
domésticos de Camaçari e Dias d’Ávila serão interligados ao
emissário da Cetrel”, comemora Sérgio Tomich. As águas da
maior baía do Atlântico Sul agradecem antecipadamente.
elementotexto válbeR CaRvalho
fotos aRtuR iKishima
C
018_OI153_OK_RJ2.indd 47 3/11/11 6:41 PM
48 informa
aRGUMento
Diante da escassez de água, o copo pode parecer meio vazio. Mas uma aproximação maior entre líderes empresariais e formuladores de políticas públicas, com vistas a desenvolver melhores práticas e aplicar novas tecnologias, pode fazer toda a diferença em favor do mundo em que vivemos
tradução: maRia das GRaças s. salGado
a Segurançahídrica e
o setor privado
48018_OI153_OK_RJ2.indd 48 3/11/11 6:41 PM
49informa
insegurança hídrica surge como
um dos grandes desafios do sécu-
lo 21. Desafio que políticos e líde-
res empresariais devem enfrentar
juntos. Formuladores de políticas
geralmente reconhecem que o setor privado tem
que exercer um papel importante na construção
da infraestrutura para o futuro e que as novas tec-
nologias desenvolvidas por empresas de ponta são
instrumentos cruciais para o gerenciamento da es-
cassez de água. Mas os líderes empresariais tam-
bém devem se empenhar mais para conscientizar
a sociedade de que são as boas políticas públicas
que tornam possíveis investimentos e inovações por
parte do setor privado.
Líderes do setor público e ONGs têm, há muito,
dominado o debate em torno das políticas hídricas.
Recentemente, contudo, empresas progressistas
começaram a se preocupar com um melhor geren-
ciamento da água. Essas empresas passaram en-
tão a prestar mais atenção ao ambiente hídrico em
que atuam.
Algumas empresas descobriram que a escassez
crescente de água constitui uma “ameaça à sua li-
cença social para operar”. Como resposta, algumas
têm feito generosas doações a grupos de ativistas.
Outras têm solicitado o estabelecimento de padrões
de desempenho que elas possam, então, atender.
As mais avançadas, entretanto, reconhecem que,
ao mesmo tempo em que precisam administrar
mais eficientemente a água dentro de seus em-
preendimentos, a sociedade também necessita de
um ambiente regulatório justo, eficiente e previsível
para governar todos os usos da água. Essas empre-
sas acreditam que têm contribuições úteis e legíti-
mas para o processo de elaboração de políticas e
que boas práticas de negócios podem guiar avanços
efetivos no setor público.
Um segundo grupo de empresas está desen-
volvendo tecnologias que podem possibilitar à so-
ciedade obter mais produtos por gota de água. Por
exemplo, o desenvolvimento de sementes altamente
produtivas e tecnologias agrícolas. Como a agricul-
tura é responsável por mais de 80% da água usada
no mundo em desenvolvimento, essas inovações
são vitais para um melhor gerenciamento da água.
Outras empresas estão desenvolvendo novas tecno-
logias para tratamento de água e esgoto. O custo
da dessalinização cairá em breve para um nível em
que a maioria das cidades e empresas em áreas li-
torâneas poderá usá-la como uma parte importan-
te de suas fontes de suprimento. Existem também
empresas que fornecem aos usuários informações
pontuais, justas e precisas, como a probabilidade
de chuva e a umidade do solo, aumentando, dessa
maneira, a eficiência no uso da água.
Executivos dessas empresas sabem que o pro-
gresso depende do avanço interligado de tecno-
logias e políticas. Eles têm visto casos em que
deficiências em políticas significam que tecnologias
que fazem uso mais eficiente da água não estão
sendo empregadas como deveriam. Isso provocou
um compromisso entre executivos e líderes polí-
ticos no sentido de assegurar que políticas-chave
fossem colocadas em marcha. Líderes empresa-
riais enfatizam exemplos como o da bacia dos rios
Murray-Darling, na Austrália, onde um ambiente
político facilitador permitiu que uma redução de
70% na disponibilidade de água provocasse impacto
quase zero no valor da produção agrícola.
Pensando bem, o copo certamente está meio
cheio, não apenas porque líderes empresariais pro-
gressistas entendem que a escassez de água é um
problema que afetará suas indústrias e suas comu-
nidades, mas também porque eles estão compro-
metidos com políticas que ajudarão a encontrar as
soluções. Por sua vez, lideranças políticas come-
çaram a entender como o setor privado pode con-
tribuir para a implantação de políticas mais efeti-
vas. Mais líderes empresariais e políticos precisam
seguir o caminho de seus colegas progressistas.
Só assim poderemos garantir o contínuo avanço
de novas tecnologias, assegurar a formulação de
uma nova geração de políticas de gerenciamento da
água e alcançar, finalmente, a segurança hídrica do
planeta.
John Briscoeé o Professor Gordon McKay de Prática de Engenharia Ambiental na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos
A
018_OI153_OK_RJ2.indd 49 3/11/11 6:41 PM
50 informa
“o gerenciamento dos recursos
hídricos está entre os maiores
desafios mundiais”
John Briscoe
Vald
ir c
ru
z
018_OI153_OK_RJ2.indd 50 3/11/11 6:41 PM
52
56
58
60
62
64
Veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da organização odebrecht no Brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas
reunião geral da odebrecht: o passado, o presente e o futuro em convergência
o técnico em edificações e escritor Krishnamurti dos anjos vai publicar seu quinto livro
no Baixo Sul da Bahia, jovens constroem (literalmente) sua cidadania
Três jovens norte-americanos falam de sua experiência com a prática da Teo
oog diversifica seus negócios e passa a atuar no segmento de engenharia submarina
o cotidiano de gabriela rocha, Juliana monteiro e nadja fontes: gente da odebrecht
&pessoasnotícias
Denise Batista, moradora do Baixo
Sul da Bahia
018_OI153_OK_RJ2.indd 51 3/11/11 6:41 PM
informa52
Agradeço às gerações que
nos antecederam, aos que
vieram antes de nós e nos
ofereceram as condições para fa-
zer o que estamos fazendo. Foram
eles que consolidaram a TEO, que
é o nosso legado maior, com o qual
estamos construindo o presente e
construiremos o futuro”.
Com essas palavras, Marcelo
Odebrecht, Diretor-Presidente da
Odebrecht S.A., encerrou sua apre-
sentação na Reunião Anual Geral da
Odebrecht, realizada em 21 de de-
zembro de 2010, no edifício-sede da
Organização, em Salvador.
Durante uma hora, ele expôs
os principais resultados alcança-
dos pelo conjunto de empresas da
Odebrecht em 2010 e apresentou
um panorama geral do estágio de
reflexões sobre uma caminhada
na Reunião anual Geral da organização, Marcelo odebrecht destaca a importância da teo como o legado maior das gerações pioneiras
oRGanização
texto JosÉ enRique baRReiRo
fotos beG fiGueiRedo e ÉlCio CaRRiço
“
018_OI153_OK_RJ2.indd 52 3/11/11 6:41 PM
informa 53
crescimento da Organização.
Destacou, entre outros aspectos,
o aumento do número de integran-
tes – hoje a Odebrecht tem cerca de
120 mil pessoas, de mais de 60 na-
cionalidades, atuando no mundo –,
observando o crescimento de 71%,
em 2010, no número de integrantes
no Brasil (de 45 mil para 78 mil).
Marcelo também mostrou dados
sobre a atuação cada vez mais inter-
nacional e diversificada da Organi-
zação, tendo ressaltado a presença
recente da Braskem no México, da
Odebrecht América Latina e Angola
em Cuba, da Odebrecht Internatio-
nal na Guiné e da Odebrecht óleo e
Gás na Coreia do Sul.
“Nessa atuação cada vez mais
internacional e diversificada, nosso
principal desafio é prosseguir prati-
cando a mesma cultura empresarial”,
disse ele. “Nessa cultura, confiança é
a palavra essencial, pois é ela que per-
mite a delegação, a descentralização,
a parceria e todas as nossas outras
práticas empresariais.”
Marcelo Odebrecht destacou
também os diversos projetos que
estão sendo desenvolvidos nas
empresas no campo do Desenvol-
vimento Sustentável, que propicia-
ram, em 2010, benefícios a 450 mil
pessoas de 550 comunidades.
Para dar continuidade ao cres-
cimento da Organização, no rumo
da Visão 2020, ele conclamou os lí-
deres presentes a prosseguir “so-
nhando o sonho de nossos clien-
tes, entregando-lhes soluções
integradas e inovadoras e sendo a
escolha de cada um deles”.
Na foto maior, Emílio, Norberto e Marcelo Odebrecht; e nesta foto, plenária da Reunião Anual
018_OI153_OK_RJ2.indd 53 3/11/11 6:42 PM
informa54
Práticas de sustentabilidadeA Reunião Anual Geral da Ode-
brecht contou com a participação
de acionistas, membros do Conse-
lho de Administração da Odebrecht
S.A., conselheiros consultivos e dos
principais líderes da Organização.
Os resultados de cada empresa
foram apresentados por Maurí-
cio Medeiros, da Fundação Ode-
brecht; José Carlos Grubisich, da
ETH; Paul Altit, da OR; Fernando
Reis, da Foz do Brasil; Roberto Ra-
mos, da OOG; Carlos Fadigas, da
Braskem; Henrique Valladares, da
Odebrecht Energia; Márcio Faria,
da Odebrecht Engenharia Indus-
trial; Benedicto Junior, da Odebre-
cht Infraestrutura; Luiz Mameri, da
Odebrecht América Latina e Ango-
la. Euzenando Azevedo, da Ode-
brecht Venezuela; e Luiz Rocha, da
Odebrecht International.
O Presidente de Honra da Ode-
brecht S.A., Norberto Odebrecht,
leu sua mensagem anual, na qual
estimulou os líderes a entende-
rem e praticarem, sempre mais
e melhor a Tecnologia Empresa-
rial Odebrecht: “Só assim vocês
poderão levar nossa Organização
a patamares cada vez mais eleva-
dos de desenvolvimento”, disse o
fundador da Odebrecht.
1
7Emílio Odebrecht, Presidente
do Conselho de Administração da
Odebrecht S.A., encerrou o encon-
tro com a leitura de sua mensagem
anual, na qual, entre outros pontos,
estimulou os líderes a darem cada
vez mais destaque ao Balanço So-
cial de suas empresas: “Precisa-
mos, mais do que nunca, incorporar
práticas de sustentabilidade, ge-
rando valor para a sociedade e as
comunidades às quais servimos”.
Engajamento familiarAs empresas da Organização
realizaram suas próprias reuniões
anuais. Na reunião das empresas
de Engenharia e Construção, um
dos destaques foi o Encontro de
Acompanhantes, que reuniu, em
Costa do Sauípe, em 18 de dezem-
bro, cerca de 300 cônjuges de inte-
grantes.
O tema do encontro foi “Cônju-
ges, Carreira e Família”. Marcelo
018_OI153_OK_RJ2.indd 54 3/11/11 6:42 PM
informa 55
Odebrecht, convidado especial do
evento, fez uma palestra e respon-
deu a perguntas dos acompanhan-
tes. “Família é o que há de mais
importante”, destacou Marcelo, que
ressaltou a importância do engaja-
mento familiar na busca do equilí-
brio entre a realização profissional
e pessoal do integrante.
Sany Gomes, Yvana Couri e An-
drea Rabello, esposas de integran-
tes, falaram sobre as experiências e
trabalhos com acompanhantes em
seus países de residência, Emirados
Árabes, Argentina e Panamá, res-
pectivamente.
Também fizeram apresentações
no evento Carla Barreto, Responsá-
vel por Pessoas & Organização na
Odebrecht S.A., que apresentou a
Visão 2020 da Organização; o profes-
sor e filósofo Mário Sérgio Cortella,
que propôs uma reflexão sobre a
vida em casal como um processo si-
milar à construção de uma obra; e a
psicóloga intercultural Andrea Fuks,
que encerrou o encontro.
Diversos momentos da Reunião Anual: 1. participantes do Encontro de Acompanhantes 2. Mário Sérgio Cortella 3. Ticiana Marianetti, Marcos Rabelo e Fernando Reis 4. Sany Gomes 5. Euzenando Azevedo e Henrique Valladares 6. José Carlos Grubisich, Roberto Ramos, Daniel Villar e Paul Altit 7. Valéria Ventura
2 3
4 5
6
018_OI153_OK_RJ2.indd 55 3/11/11 6:42 PM
informa56
minhas experiências e você
Krishnamurti, técnico em edificações, usa o talento de escritor para compartilhar seus aprendizados
peRFiL: Krishnamurti Góes dos anjos
018_OI153_OK_RJ2.indd 56 3/11/11 6:42 PM
57
Krishnamurti Góes dos
Anjos pode se orgulhar
por ser talentoso tanto
com os números quanto com as
letras. Ele é o responsável por
Planejamento do Sistema BA-
093, na área metropolitana de
Salvador, um complexo viário
com 257 km de estradas, sob
concessão privada, que liga o
Polo Petroquímico de Camaçari e
seu entorno ao Porto de Aratu e a
Salvador. Mesmo trabalhando in-
tensamente, Krishnamurti sem-
pre arranja tempo para escrever.
No início de fevereiro, lançou seu
quinto livro de ficção, 12 Contos e
Meio Poema, dando continuidade
à sua carreira literária. A paixão
pela escrita está no sangue. “Meu
avô, Severo dos Anjos, era editor
da revista literária A luva e foi o
primeiro a publicar um poema de
Jorge Amado”, diz.
Técnico em Edificações, Krish-
namurti ingressou na Odebrecht
em 1986. Saiu cinco anos de-
pois, passando a colaborar com
a Organização como profissional
autônomo. Foi quando começou
a escrever. Mais tarde, foi re-
contratado pela Odebrecht. O Via-
jante, conto autobiográfico que
abre o novo livro, descreve sua
presença em diferentes locais
do mundo a serviço da empresa,
como Angola e Panamá.
leitor voraz desde a ado-
lescência, ele enxerga a litera-
tura como uma missão. “As ex-
periências que vivemos devem
ser repassadas às pessoas, de
uma maneira que se torne útil
para que o mundo seja, um dia,
algo melhor”, argumenta. Krish-
namurti já está fazendo pesqui-
sas para sua próxima obra: um
romance histórico ambientado na
Bahia, no ano de 1798, em plena
revolta dos Alfaiates.
Das lembranças especiais
de Krishnamurti, uma das que
se destacam foi seu encontro
com Norberto Odebrecht. Krish-
namurti era um jovem técnico
recém-formado. “Mudei total-
mente a ideia que eu tinha do
que era um líder”, ele confessa.
Esse encontro com o funda-
dor da Organização Odebrecht e
outros episódios significativos de
sua trajetória profissional são a
inspiração da literatura de Krish-
namurti. Da literatura e da vida.
“As experiências que vivemos devem ser repassadas às pessoas, de uma maneira que se torne útil para que o mundo seja, um dia, algo melhor”
Deligni nobit alique nist, expediore modicim agnita-tistii nobit aiem hil
texto VálbeR CaRValho
foto MáRCio liMa
informa
018_OI153_OK_RJ2.indd 57 3/11/11 9:28 PM
informa58
o cimenTo da cidadaniao ambiente de canteiro de obras transforma a vida de jovens do Baixo sul
Em meio a blocos de concreto,
cimento e areia, o brilho do
batom e os cabelos soltos de
Denise Batista chamam atenção. Aos
26 anos, a pedreirinha, como é cari-
nhosamente chamada pelos colegas,
não se considera vaidosa, mas gosta
de expor seu lado feminino. “Quando
estou de farda, pareço um homem.
Quero que as pessoas percebam que
sou uma mulher.” Moradora de Igra-
piúna (BA), ela ingressou na turma
piloto do Construir Melhor – projeto
ligado ao Programa de Desenvolvi-
mento Integrado e Sustentável do
Mosaico de Áreas de Proteção Am-
biental do Baixo Sul da Bahia (PDIS),
instituído pela Fundação Odebrecht.
O projeto capacita agentes multipli-
cadores da construção civil na região.
Uma das poucas mulheres entre
os 43 aprendizes das duas primeiras
turmas, Denise sempre mostrou
curiosidade pela profissão exercida
por seu pai e irmão. “Sou apaixonada
pelo que faço. O trabalho é pesado,
mas, quando você gosta, se torna
fácil. É o que escolhi”, garante com
firmeza. De acordo com Christophe
Houel, Líder Educador, durante a
seleção dos participantes, o talento
de Denise já a destacava. “Hoje está
comprovado”, ele afirma.
Denise e os colegas estão apren-
dendo não apenas a levantar pare-
des, mas a desenvolver sua cidada-
nia. “Nosso desafio é a formação de
pessoas”, salienta Houel. O curso é o
único de longa duração oferecido no
Brasil, ministrado em 18 meses, em
regime de alternância. Mensalmente,
os educandos passam uma semana
na sala de aula aprendendo conceitos
teóricos sobre informática, português,
matemática, comunicação, elabora-
ção de projetos, orçamentos e plano
de vida e carreira. Nas outras três
semanas, é oferecido o acesso a
conhecimentos práticos no canteiro
de obras, com acompanhamento de
monitores, encarregados e enge-
nheiros.
Apoiado pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e So-
cial (BNDES), o Construir Melhor tem
sua sede em fase de implantação no
município de Valença (BA), em terre-
no doado pela Prefeitura. Até maio de
2011, a obra deverá estar concluída.
Os aprendizes estão trabalhando na
execução das instalações, que abriga-
rão laboratórios de marcenaria e in-
formática, fábrica de blocos, salas de
A “pedreirinha” Denise Batista: “Sou apaixonada pelo que faço”
FUndação odeBRecHt
texto GabRiela vasConCellos
foto máRCio lima
018_OI153_OK_RJ2.indd 58 3/11/11 6:43 PM
informa 59
aula e alojamentos. Essa é apenas
mais uma das experiências práti-
cas vividas pelos educandos, que
já atuaram na construção de habi-
tações com 65 m² no Loteamento
Nova Igrapiúna, de uma fábrica, no
município de Laje (BA), e da sede da
Escola de Instrução Militar, que está
sendo edificada anexa ao Colégio Es-
tadual Casa Jovem, em Igrapiúna, –
esta última, uma instituição também
ligada ao PDIS.
Denise já participou de diversas
obras. Da semana intensa, só recla-
ma da massa nas unhas, uma das
poucas vaidades que tem. “O cur-
so mudou a minha vida. Não tinha
nenhuma expectativa, agora tenho
planos e visão de futuro”, diz a “pe-
dreirinha”.
OportunidadeLigada ao Construir Melhor, nas-
ceu a Cooperativa da Construção Civil
(Coonstruir), formada pelos aprendi-
zes, cuja remuneração é definida de
acordo com a produtividade, geran-
do trabalho e renda. O presidente
da Coonstruir é ex-aluno do Colégio
Estadual Casa Jovem. Pedro Rogério
da Silva, 25 anos, nascido em Ituberá
(BA), conheceu o ofício com seu pai,
Raimundo da Silva. “Ele é mestre de
obras há 30 anos. Nasci na constru-
ção civil.”
Pedro ingressou na primeira tur-
ma do Construir Melhor. Apesar de
ser quase profissional, desejava apri-
morar sua formação. Mesmo sem o
apoio de seu pai, que não aprovava a
decisão de deixar temporariamente
os serviços para estudar, uma vez que
passaria a ganhar menos, resolveu
continuar. Hoje, no fim do curso, rece-
be mais de R$ 1.500 e é encarregado
da construção da sede da Escola de
Instrução Militar. “Meu pai me vê com
orgulho dirigindo uma obra sozinho.
Agora quer trabalhar comigo, mas
digo para ele que está na hora de se
aposentar e descansar. É a minha vez
de tocar o barco”, diz, sorrindo.
Luan Araújo, 20 anos, compartilha
do sonho de Pedro Rogério. “Espe-
ro ser um pedreiro qualificado, au-
mentar a renda da minha família e
oferecer uma casa melhor a eles”,
conta com empolgação o morador de
Valença (BA) e aprendiz da segunda
turma do projeto.
De acordo com Christophe Houel,
a união do Construir Melhor com a
Coonstruir está contribuindo para
melhorar a qualidade de vida da po-
pulação do Baixo Sul. “Queremos
oferecer infraestrutura para a região.
Aliado a isso, temos a capacitação de
agentes multiplicadores da constru-
ção civil. Estamos ajudando a retirar
muitas pessoas de uma situação de
vulnerabilidade”.
Casa dos SonhosA primeira turma do Construir
Melhor começou suas atividades em
junho de 2009 e concluiu o curso em
janeiro de 2011. Desafiados a apre-
sentar um projeto em que sintetizas-
sem todo o conhecimento adquirido,
os aprendizes elaboraram a Casa dos
Sonhos. A ideia é beneficiar uma fa-
mília do Baixo Sul com uma moradia
digna. “Elaboramos desde o desenho
das plantas ao levantamento dos ma-
teriais necessários. Dividimo-nos em
equipes e fomos a campo entrevistar
as pessoas. Outra parte da turma foi
em busca de patrocínio. A mão de
obra será nossa e o material doado
por parceiros da região”, conta Denise
Batista, uma das autoras da iniciativa.
A família escolhida reside há 20
anos em uma casa de taipa. Os no-
vos pedreiros aguardam apenas a
liberação de alvará da Prefeitura de
Igrapiúna para dar a notícia. “Sem-
pre disse a eles que seriam os cons-
trutores dos sonhos alheios. A reali-
zação desse projeto comprova isso.
É o resultado de uma formação para
a vida cidadã”, destaca Laís Freire,
Coordenadora Pedagógica do Cons-
truir Melhor.
A capacitação de uma nova turma
terá início em maio de 2011. Para
fazer parte do Construir Melhor, é
preciso ter entre 18 e 26 anos. “Não
queremos pessoas já qualificadas,
porque nosso desafio é dar oportu-
nidades a todos”, enfatiza Christophe
Houel.
Quem apoia o projeto construir Melhor• Fundação Odebrecht
• BNDES
• Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)
• Sesi (Serviço Social da Indústria)
• Michelin
• Prefeitura de Igrapiúna
• Prefeitura de Valença
• Cooperativa da Construção Civil
• Banco do Nordeste do Brasil
• Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia
• Caixa Econômica Federal
018_OI153_OK_RJ2.indd 59 3/11/11 6:43 PM
informa60
teo tecnologia empresarial odebrecht
É a nossa filosofiaJeff, chris e Hal, jovens engenheiros norte-americanos, levaram a teo para dentro de suas vidas
texto Renata PinheiRo
018_OI153_OK_RJ2.indd 60 3/11/11 6:43 PM
informa 61
A experiência de viver a Tecno-
logia Empresarial Odebrecht
(TEO) depende de seu enten-
dimento, sua aceitação e sua prática
cotidiana. Dos Estados Unidos, vem
o exemplo de três jovens que estão
fazendo da TEO a filosofia de traba-
lho e de vida.
Jeff Willis, 24 anos, é integrante
da equipe que executa as estações
de bombeamento que fazem parte do
sistema de diques que protege Nova
Orleans das enchentes. Ele ingres-
sou na Odebrecht há quase três anos.
Seu primeiro contato com a TEO o
deixou um pouco desconfia-
do. Ao ouvir que teria de as-
sumir total responsabilidade
pelo seu programa, pensou
que se tratava apenas de
uma maneira de atraí-lo
para a empresa, pois esta-
va acabando de se formar
engenheiro mecânico pela
Universidade de Tulane, em
Nova Orleans. Rapidamente,
sua ideia sobre delegação
planejada e responsabilidade
mudou. Logo no seu primei-
ro dia, recebeu um conjunto
de plantas de projeto, a informação
de que teria apoio constante e que
seria responsável por tudo o que dizia
respeito à área mecânica da obra.
Na primeira reunião de coorde-
nação, Jeff sentiu o peso da dele-
gação, quando teve de responder às
perguntas sobre o assunto e debater
algumas questões. Ele conta que
hoje entende a importância da dele-
gação para sua formação. “Quando
as coisas são feitas corretamente,
a confiança se constrói, e mais res-
ponsabilidades nos são dadas.” Ele
relembra que, ao se sentir responsá-
vel por uma tarefa, teve de se esfor-
çar ao máximo para aprender, per-
guntar e desempenhar. Jeff acredita
que, para crescer, é preciso assumir
total responsabilidade pelo trabalho.
Com história similar a de Jeff,
Christopher Conerly, 26 anos, en-
genheiro com graduação em ge-
renciamento de construção, acre-
dita que a confiança nas pessoas é
fator decisivo para o crescimento
profissional. Quando entrou na
empresa, também recém-formado
(pela Universidade do Estado da
Louisiana), integrava a equipe de
qualidade da obra de construção e
ampliação dos diques do lago Ca-
taouache, em Nova Orleans. Rapi-
damente foi percebendo que seus
líderes confiavam nele para exe-
cutar o trabalho. Chris conta que
sentiu isso na pele quando soube
que uma das suas responsabilida-
des era a comunicação direta com
o cliente, o Army Corps of Engine-
ers, com quem estaria em contato
frequente para tratar de assuntos
relacionados à qualidade da obra.
Ficou surpreso. Chris conta que
essa foi, para ele, uma das primei-
ras provas de que a Odebrecht era
diferente e que realmente o que
ele havia lido nos livros da TEO era
uma prática no dia a dia.
“A comunicação com o cliente é
algo extremamente importante, e
terem confiado em mim para essa
tarefa me ajudou a perceber que a
confiança era a base do meu relacio-
namento com os meus líderes.”
Para Greg Newman, 26 anos, mais
conhecido por seus colegas como
Hal, o conceito da Educação pelo
Trabalho, sobre o qual ele ouviu falar
quando ainda estava na Universidade
do Estado da Louisiana, fez surgir, de
imediato, seu interesse pela Odebre-
cht. Hal conta que sua primeira obra,
o dique do lago Chalmette (hoje par-
ticipa da construção de uma
parede de contenção de 5,4
km de extensão), foi um
enorme aprendizado. Seu
envolvimento direto com
os programas financeiro e
de gerenciamento de uma
obra real lhe trouxe conhe-
cimentos a partir dos quais
passou a estar em condi-
ções de enfrentar e superar
desafios crescentes.
“Meu líder gastava ho-
ras explicando o porquê das
coisas, como deveríamos
gerenciar os custos, as estratégias.
Esse tipo de interação não tem pre-
ço.” Segundo Hal, engenheiro gra-
duado em gerenciamento de cons-
trução, um dos aspectos cruciais
para o seu crescimento tem sido o
aprendizado contínuo, e não há me-
lhor local para se preparar do que em
um canteiro. “A obra foi uma escola
pra mim, me educou, e me ajudou
a aprender sobre os vários aspectos
de um contrato.” Hal acredita que o
desenvolvimento das pessoas é um
investimento de longo prazo. “O que
todo mundo quer é responsabilidade
para crescer. Eu estou dando o meu
melhor.”
“Meu líder gastava horas explicando o porquê das coisas, como deveríamos gerenciar os custos, as estratégias. esse tipo de interação não tem preço.”
Hal newman
018_OI153_OK_RJ2.indd 61 3/11/11 6:43 PM
62 informa
A Odebrecht óleo e Gás (OOG)
está diversificando seus ne-
gócios. Em 30 de novembro
de 2010, constituiu um consórcio
com a Acergy, empresa que acaba de
se fundir com a Subsea 7 (passando
a adotar o nome Subsea 7), para a
construção e instalação, para a Pe-
trobras, de um gasoduto submarino
de 150 km no Espírito Santo.
O consórcio será responsável pelo
gerenciamento do projeto, pela enge-
nharia, compra, fabricação e logística.
O valor do contrato (corresponden-
te aos serviços do consórcio) é de
US$ 90 milhões. Os serviços de mer-
gulho de pessoas e equipamentos,
a instalação do gasoduto e as ativi-
dades de pré-comissionamento do
sistema serão de responsabilidade
exclusiva da Subsea 7.
Os tubos serão fornecidos pela
Petrobras e transportados pelo
consórcio para o Porto de São Se-
bastião, em São Paulo. Do porto,
serão levados por balsas até o lo-
cal da instalação. O início dos lan-
çamentos está previsto para o fim
de 2011. “Nossa atuação, neste
projeto, é de gerenciamento. Serão
cerca de 60 profissionais em ação”,
destaca Eduardo Lavigne, Gerente
de Projetos da OOG. Até o término
dos 18 meses de contrato, serão
geradas cerca de 450 oportunida-
des diretas de trabalho, para brasi-
leiros e estrangeiros, em virtude do
número de fornecedores de equi-
pamentos.
enGenHaRia sUBMaRina
Hora do mergulhoodebrecht óleo e Gás diversifica seus negócios e passa a atuar no segmento subseatexto edilson lima
018_OI153_OK_RJ2.indd 62 3/11/11 6:43 PM
63informa
Pré-sal faz crescer demandaCom a descoberta da camada
de pré-sal no Brasil, a demanda
por serviços de engenharia sub-
marina tenderá a crescer a cada
ano. Segundo estudos da UBS
(empresa de atuação global com
sede na Suíça e que realiza pes-
quisas e presta serviços na área
financeira), o pré-sal exigirá in-
vestimentos de aproximadamen-
te US$ 600 bilhões. Desse total,
estima-se que 30% serão para
o segmento subsea. Entende-se
como subsea tudo o que engloba
os serviços e equipamentos das
estruturas submarinas responsá-
veis pela exploração e produção
de óleo e gás situadas entre o leito
marinho e a superfície.
Segundo o plano de investi-
mentos da Petrobras, a empre-
sa investirá US$ 108 bilhões até
2014 na exploração e produção de
petróleo. Aproximadamente US$
40 bilhões serão destinados ao
segmento subsea.
A entrada da OOG nesse novo
negócio é fruto do sonho de par-
ticipar de um mercado muito qua-
lificado e até hoje dominado por
empresas estrangeiras. Partin-
do da experiência de mais de 30
anos da Odebrecht em operações
offshore, foram feitas análises de-
talhadas do mercado desde o fim
de 2009, para que, então, fosse
montada uma estratégia de ação,
o que incluiu a busca de um par-
ceiro tecnológico que valorizasse
os esforços da OOG.
“A Subsea 7 é uma empresa
com grande experiência no mer-
cado da engenharia submarina.
Não temos dúvida de que essa
caminhada conjunta nos trará um
grande aprendizado”, diz Ricardo
Viana, Diretor de Contrato da OOG.
A OOG torna-se, assim, a pri-
meira empresa brasileira a in-
vestir efetivamente no mercado
subsea, competindo com os big
players mundiais desse segmento.
“Ser pioneiro tem vantagens, por
um lado, e novos desafios, por ou-
tro lado. Pretendemos conquistar
nosso espaço, sem nos descuidar-
mos da segurança empresarial”,
salienta Ricardo Viana. Ele acres-
centa: “O mercado da engenharia
submarina representa uma enor-
me oportunidade para servirmos
aos nossos clientes e contribuir-
mos para o desenvolvimento dos
trabalhadores brasileiros”.
018_OI153_OK_RJ2.indd 63 3/11/11 6:43 PM
informa64
Tempo de (se) transformar
os 25 anos,
formada em
Psicologia pela
Boston College, nos
Estados Unidos, a brasileira Gabriela Rocha compõe a
equipe de Responsabilidade Socioempresarial da Odebre-
cht no Peru desde janeiro de 2008. No princípio, coorde-
nou projetos de desenvolvimento sustentável no entorno
da rodovia Interoceânica Sul. Morou nos Andes, quase 4
mil metros acima do nível do mar, convivendo com co-
munidades indígenas. Apaixonou-se pela cultura ances-
tral forte e preservada, pelas cores e pelos contrastes do
Peru. Atualmente apoia as obras nas áreas de Programas
Sociais e Mudanças Climáticas. “Nesses três últimos
anos, eu mudei muito”, diz Gabriela. “Hoje acredito plena-
mente no poder das empresas de transformar o cenário
socioeconômico de uma região para beneficiar os mais
necessitados.”
Gabriela ajuda a melhorar a vida de comunidades peruanas
J uliana Monteiro, 31 anos, nasceu em Cachoeiro do
Itapemirim (ES), mas cresceu em Vitória, onde con-
cluiu o Ensino Médio. Depois mudou-se para o Rio de Ja-
neiro, para estudar engenharia civil. Formou-se em 2002
e se transferiu para São Paulo, onde vive até hoje. Juliana
vai quase diariamente à academia de ginástica e adora
sair com o marido, Sandro Gamba, e amigos. Viajar é ou-
tro hobby. Sempre que pode, vai a Vitória para matar a
saudade dos pais e da tradicional moqueca capixaba. A
engenheira ingressou na Odebrecht Realizações Imobi-
liárias (OR) em 2006, como Responsável pelo projeto Al-
pha Square. Entre 2009 e 2010, esteve à frente de outros
dois empreendimentos: Alpha Park e The One. Por seu
desempenho, foi promovida, em janeiro, a Diretora de
Contrato, tornando-se a primeira mulher a assumir essa
função na empresa: “As mulheres estão enfrentando e
superando novos desafios na sociedade”, ela diz.
Juliana é a primeira diretora de contrato da oR
O pioneirismo de uma capixaba
No último dia 2 de fevereiro, dia de festa no mar,
a soteropolitana Nadja Silva Fontes completou
13 anos de trabalho na Braskem. Engenheira com
especialização na área de Automação e Controle de
Processo, ela está concluindo um MBA em Gestão
Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Nadja ingressou na empresa como trainee em 1998.
Atualmente é a responsável pela equipe da Engenha-
ria de Processo de Olefinas, na Unidade de Insumos
Básicos I, em Camaçari (BA). “No trabalho, o que mais
me satisfaz é contribuir para a melhoria contínua das
plantas, para um melhor ambiente de trabalho e para
o crescimento profissional das pessoas”, diz. E fora
do horário de trabalho? Aí Nadja relaxa e também fica
satisfeita: adora pegar uma praia com a família e se
aventurar em trilhas com amigos.
Gente
Da planta industrial às praias e trilhas
nadja equilibra dedicação ao trabalho e desfrute do lazer
A
018_OI153_OK_RJ2.indd 64 3/11/11 6:43 PM
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 120 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro
reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez
cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa
cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti
tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom
redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-1778São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]
Próxima edição:Desenvolvimento
de Pessoas
018_OI153_OK_capa.indd 2 3/11/11 6:31 PM
águaAs realizações que refletem uma visão empresarial sobre o mais essencial dos recursos naturais
# 153 ano XXXVIII março/abril 2011
“O mais importante patrimônio do ser humano é seu espírito,
pois é este que lhe confere caráter e vontade de servir, bem como forças para criar,
inovar e produzir em benefício de seus semelhantes”
TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]
OD
EB
RE
CH
T in
for
ma
N
º 15
3 A
NO
XX
XV
III MA
R/A
BR
20
11
ho
lan
da
cav
alc
an
ti
018_OI153_OK_capa.indd 1 3/11/11 6:30 PM