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AGRONEGÓCIO A ‘LOCOMOTIVA’ QUE MOVE GOIÁS “Hoje, aproximadamente 70% do PIB goiano vem do setor agropecuário. Ele tem sido o alicerce do desenvolvimento do Estado”. José Mário Schreiner Ano 01 - nº 02 Abril-Maio/2014 R$ 10,90 O MUNDO EM ALERTA O mais recente Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, da ONU, alerta que é preciso agir logo para evitar impacto mais sério do aquecimento global. QUANDO OS OLHOS VEEM Há mais de 63 anos a Vila São Cottolengo, em Trindade-GO, consegue ser referência no tratamento de pessoas com deficiência física e promover a qualidade de vida baseada no amor. 7 898590 300500

Olhaki Revista ED 02

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AGRONEGÓCIO

A ‘LOCOMOTIVA’ QUE MOVE GOIÁS

“Hoje, aproximadamente 70% do PIB goiano vem do setor agropecuário. Ele tem sido o

alicerce do desenvolvimento do Estado”.José Mário Schreiner

Ano 01 - nº 02Abril-Maio/2014

R$ 10,90

O MUNDOEM ALERTAO mais recente Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, da ONU, alerta que é preciso agir logo para evitar impacto mais sério do aquecimento global.

QUANDOOS OLHOS VEEMHá mais de 63 anos a Vila São Cottolengo, em Trindade-GO, consegue ser referência no tratamento de pessoas com deficiência física e promover a qualidade de vida baseada no amor.

7898590

300500

16 BRASILPaís do futuro, carros do passado

10 ENTREVISTAJosé Mário Schreiner

21 MATO GROSSOSegurança reforçada na Copa do Mundo

22 MINEIROSPrefeito Agenor investe em segurança e educação

23 DITO E FEITOFrases

24 ANÁLISE POLÍTICAReynaldo Rocha

26 ECONOMIASoneca de 50 anos

28 MERCADOShoppings temem protestos e prejuízos durante a Copa

30 VILA SÃO COTTOLENGOHistória de amor no tratamento de pessoas com deficiência

36 DE OLHO EM BRASÍLIARenata Carrijo

18 GOIÁSEconomia recebe injeção de R$ 1,5 bi

38 HISTÓRIAUma pergunta e uma resposta. Assim nasceu Brasília

42 CLIMA O mundo em alerta

ÍNDICE

58 COMPORTAMENTOValesca Popozuda, grande pensadora?

45 EU VI NA WEBJornalista garante que Michael Jackson está vivo

46 NAVEGAR É PRECISOGutemberg Oliveira

49 MUNDO ANIMALO maior cão do mundo

50 NOVA POLÊMICA Papiro do século IV sugere que Jesus teve uma esposa

52 ESPORTEO Brasileirão e a Copa do Mundo

54 MODA‘Sempre atual’, o jeans faz história

56 FATO INCRÍVELNasa descobre planeta similar a Terra, talvez com vida

60 ACONTECE NO BRASILApós 23 anos, INSS indeniza idosa de 107 anos em Goiânia

61 LIBERDADE DE EXPRESSÃOJornalista Rachel Sheherazade deverá ganhar programa no SBT

62 SAÚDERonco não é sinônimo de saúde

64 NUTRIÇÃO E BOA FORMAOs benefícios da cereja e do maracujá

r e v i s t a

Ano 1 - nº 02 - ABRIL-MAIO / 2014

REVISTA EDITADA MENSALMENTE PELA OLHAKI REDAÇÃO, ARTE E

PUBLICAÇÃO LTDA.

CNPJ: 18.564.326/0001-07

Avenida Antônio Carlos Paniago, número 75, sala 02, Setor Cardoso, Mineiros � GO, CEP: 75830-000

Fone: (64) 3661-3071Email: [email protected]

ENDEREÇO

DIRETOR GERAL: Fernando Brandão

DIRETORA EXECUTIVA:Renata Santos Carrijo

DIRETORA COMERCIAL: Glória Elaine M. Preto

DIRETOR OPERACIONAL: Gutemberg Viana Silva de Oliveira

EDITORES:Renata Santos CarrijoFernando Brandão

Diagramação: Rodrigo Martins

Revisão: Pite RezendeTuty Moreira

Impressão: Ellite Grá�ca

Tiragem: 20.000 exemplares

DIRETORIA

Circulação inicial em 133 municípios de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Pará e Distrito Federal.

GOIÁS:

Cuiabá, Alto Araguaia, Alto Garças, Alto Taquari, Ribeirãozinho, Araguainha, Ponte Branca, Barra do Garças.

MATO GROSSO:

MATO GROSSO DO SUL:Campo Grande, Cassilândia.

TOCANTINS:

MARANHÃO:São Luiz, Santa Inês, Imperatriz, Balsas, Açailândia.

PARÁ:Belém, Marabá, Tucuruí, Parauapebas, Tucumã, Redenção, Conceição do Araguaia.

DISTRITO FEDERAL:

Goiânia, Mineiros, Portelândia, Santa Rita do Araguaia, Chapadão do Céu, Perolândia, Estância, Caiapônia, Doverlândia, Palestina, Iporá, Arenópolis, Amorinópolis, Piranhas, Bom Jardim, Aragarças, Fazenda Nova, Jussara, Novo Brasil, Israelândia, Jaupaci, Firminópolis, São Luiz dos Montes Belos, Bom Jesus, Rio Verde, Itaguaçu, Paranaiguara, São Simão, Almerindópolis, Santa Helena, Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta, Caçu, Jataí, Maurilândia, Castelândia, Porteirão, Aporé, Itajá, Lagoa Santa, Quirinópolis, Planalto Verde, Inaciolândia, Gouvelândia, Serranópolis, Goiatuba, Montividiu, Itumbiara, Catalão, Ipameri, Pires do Rio, Palmelo, Santa Cruz, Cristianópolis, Ouvidor, Vianópolis, Silvânia, Leopoldo de Bulhões, Bon�nópolis, Cezarina, Palmeiras de Goiás, Paraúna, Jandaia, Indiara, Edéia, Pontalina, Itauçu, Itaberaí, Goiás, Sanclerlândia, Anicuns, Niquelândia, Uruaçu, Campinorte, Mara Rosa, Porangatu, Minaçu, Jaraguá, Goianésia, Itapaci, Rubiataba, Ceres, Rialma, Padre Bernardo, Alexânia, Abadiânia, Campo Limpo, Ouro Verde, Nerópolis, Petrolina, São Francisco, Pirenópolis, Piracanjuba, Caldas Novas, Rio Quente, Morrinhos.

Palmas, Gurupi, Alvorada do Norte, Porto Nacional, Paraíso, Miracema, Miranorte, Guaraí, Colinas, Araguaína, Colmeia, Araguatins, Pedro Afonso, Babaçulândia.

Brasília.

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QUAL SERÁ O LEGADO DA COPA?

Faltando poucos dias para a bola rolar na Copa do Mundo, o Brasil vive dois dilemas: 1º) Como será o desempenho da “seleção cana-

rinho” no certame? Todo investimento feito com dinheiro público será premia-do com o título mundial de futebol?

2º) Qual será a reação do povo bra-sileiro se nossa seleção não conquistar o título? Será de tristeza ou de revolta generalizada?

As gigantescas manifestações que pipocaram nos quatro cantos do País, contra o exorbitante gasto feito pelo Governo Federal nas obras da Copa, não deixam dúvidas: O Brasil não é mais o mesmo que assistiu a final da Copa de 1950, no fatídico dia 16 de junho, quan-do caiu diante da seleção do Uruguai, no Maracanã. A derrota levou a nação inteira às lagrimas e o episódio ficou conhecido historicamente por “mara-canaço”.

A paixão pela seleção continua mais viva do que nunca. Ela ainda é tida como um “símbolo nacional”. Mas é vi-sível e natural que muita coisa mudou na formação política e na consciência da Nação.

Num País com tanta miséria, com saúde e segurança pública de terceiro mundo, com infraestrtura arcaica nas áreas de mobilidade urbana, aeroportu-ária, energética, abastecimento de água tratada... Como admitir tanta queima de dinheiro público?

Pesquisa recente, realizada pela Confederação Nacional dos Trabalha-dores, revela que 75,8% da população entrevistada disse que os investimentos feitos no país para a realização da Copa do Mundo foram desnecessários. Ape-nas 13,3% responderam que foram ade-quados. Além disso, 80,2% afirmaram que discordam dos investimentos reali-zados na construção dos estádios e que os recursos públicos poderiam ter sido investidos em áreas mais importantes.

Do total, 17,6% concordam com os in-vestimentos e que eles serão importan-tes para desenvolver o esporte no país.

Mas qual seria o valor real dos in-vestimentos feitos pela União nas obras da Copa do Mundo? É de conhecimento público, com ampla divulgação na im-prensa nacional, que a organização da Copa 2014 já custa ao Brasil cerca de R$ 28 bilhões. A previsão é que os investi-mentos alcancem a “bagatela” de R$ 33 bilhões, ou seja, o País vai custear 85,5% das obras relacionadas ao evento, com dinheiro dos governos federal, estadu-ais e municipais.

A última copa do mundo, realizada em 2010 na África do Sul, que, a exem-plo do Brasil ainda tem seu “apartheid” da desigualdade social, custou US$ 4,9 bilhões (R$ 8,8 milhões) em estádios e infraestrutura.

Hoje, o Soccer City, de Jo-hannesburgo, é usado para rúgbi e shows. O Green Point, da cida-de do Cabo, tem manutenção de US$ 4,5 milhões (R$ 8,1 milhões) por ano e só foi usado 12 vezes desde então. Vários outros são, na terra dos safáris, desinteressantes e dis-pendiosos “elefantes brancos”.

Alegava-se, à época, que todo esse investimento geraria rendas imediatas de US$ 930 milhões (R$ 1,69 bilhões), derivadas do afluxo de 450 mil turistas. Valores superestimados: o país só ar-recadou US$ 527 milhões (R$ 961 mi-lhões) dos 309 mil turistas que de fato lá entraram.

E no Brasil, qual será o legado da Copa de 2014? A resposta virá após o apito da grande final, dia 13 de julho, também no Maracanã.

Antes que isto aconteça, fica aqui uma das grandes lições: a Copa desnu-dou o Brasil, revelou ao mundo suas de-sigualdades gritantes e sua pobreza. Nós blefamos: nosso País não é o “gigante” que queremos vender para o mundo.

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EDITORIAL

A LIDERANÇA DO AGRONEGÓCIO GOIANOAGRONEGÓCIO GOIANO

Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, José Mário Schreiner, inicia 2014 como uma das personalidades

mais atuantes no setor rural goiano

Filho de pequenos produtores rurais, José Mário Schreiner dei-xou a cidade de Porto União, em Santa Catarina, em fevereiro de 1981 para iniciar uma nova fase de sua vida em terras goia-nas. O jovem escolheu a cidade de Mineiros para iniciar seus

projetos. De pequeno produtor, José Mário conquistou cadeiras em Goiás e no Brasil e atualmente é presidente da Federação

da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), do Conselho Ad-ministrativo do Senar Goiás e vice-presidente de Finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Ao assumir a Faeg, em 2008, focou o trabalho na am-pliação da representação política do segmento agrope-cuário em Goiás, estimulando o surgimento de novas li-deranças. Passou a privilegiar programas de formação, capacitação e qualifi cação de produtores e trabalhadores rurais, ações de assistência técnica às famílias do campo e deu à atuação da Faeg um forte viés social.

José Mário já foi também Secretário Estadual de Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (em 2003), vice-presi-dente da Cooperativa Mista Agropecuária do Vale do Ara-

guaia (COMIVA) e presidente da Associação dos Produtores de Grãos de Mineiros (APGM). Em 2007 chegou à presidência da Agência

Goiana de Desenvolvimento Rural (Agenciarural), atual Emater. O entrevistado desta edição falou à Olhaki Revista sobre as

difi culdades e desafi os do setor agropecuário goiano e brasileiro, como a demanda mundial crescente por alimentos, e sobre como construiu seu perfi l de líder que o levou à discussão de uma possí-vel candidatura a deputado federal por Goiás. Sondado por mui-tos partidos, ele se fi liou ao PSD e deve concorrer a uma vaga na Câmara Federal.

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José MárioSchreiner

Qual a influência da agropecuária no cenário de franco desenvolvimen-to econômico em que se encontra o Estado de Goiás?

José Mário – Hoje, aproximada-mente 70% do PIB goiano vêm do setor agropecuário. Mesmo que outros seto-res cresçam, a agropecuária tem sido o alicerce do desenvolvimento de Goiás. Como exemplo podemos citar as expor-tações goianas, em que quase 90% do que vendemos vêm do setor agropecu-ário. Nosso Estado é o que mais alicerça sua economia no agronegócio, no Brasil. Para ilustrar o que estamos falando, a Renda Bruta Agropecuária em 2013, ou seja, tudo o que foi produzido dentro das propriedades rurais e comercializado somam 31,6 bilhões de reais. Os produ-tos agropecuários representam 90% do total das exportações goianas, com 5,9 bilhões de reais. Os números são expres-sivos. Colhemos, em 2013, 18,86 milhões de toneladas de grãos em 4,7 milhões de hectares.

A renda líquida do produtor rural aumenta nesta mesma proporção?

José Mário – Esta é a questão fun-damental da agricultura e da pecuária. Os preços oscilam muito em função da oferta de produtos e as contas não fe-cham, o que interfere diretamente na renda do produtor. É um setor que está sujeito a riscos a que outros segmentos não estão, como as alterações climáti-cas, como secas, veranicos ou excesso de chuvas. Outro problema constante são os riscos sanitários, como doenças e pragas que provocam perdas e alteram violentamente os custos de um ano para o outro. Nem sempre a pesquisa desen-volve produtos para conter as pragas de forma imediata, como o caso da lagarta helicoverpa, que vem perturbando os agricultores nos últimos dois anos. Esses são riscos a que a indústria, o comércio e os serviços não estão submetidos. No cenário atual, o que nos deixa extre-mamente preocupados é que os custos de produção em 2013 aumentaram em torno de 20%, ou seja, cerca de cinco vezes mais que o aumento médio da produção nos últimos anos. Produzimos cada vez mais, mas continuamos tendo

dificuldades com a renda líquida. É uma luta constante. O grande desafio é fazer com que o produtor rural possa desfru-tar de todo este crescimento gerado por ele mesmo. De forma geral, o produtor tem ficado com uma fatia muito peque-na de toda a renda produzida nas cadeias produtivas. Certamente temos outras di-ficuldades a enfrentar em 2014, como o fortalecimento constante da pesquisa, o assessoramento técnico aos produtores, o aumento das taxas de juros, inflação em alta constante, crescimento pífio do PIB da economia brasileira, problemas fitossanitários, armazenagem insufi-ciente, infraestrutura portuária e logís-tica deficiente. Além, obviamente, das questões sociais.

A economia e os arranjos polí-ticos do país ainda não permitiram a elaboração de um modelo de seguro rural que atenda adequadamente às necessidades dos produtores brasilei-ros. O senhor avalia que há negligên-cia por parte do governo no desenvol-vimento desse modelo adequado? O que falta melhorar no modelo de se-guro em vigor?

José Mário – Certamente este tem sido um gargalo histórico para nós, pro-dutores. Há respostas consistentes por

parte do Governo Federal em subven-cionar o prêmio dos seguros reduzido a parte que toca aos produtores. Mas temos que avançar mais. Em Goiás, so-mente 10% de toda a produção segurada. Este número diz tudo por si só. Ele mani-festa as dificuldades dos produtores em optar por alternativas que sejam mais ajustadas às suas condições e riscos. Precisamos avançar para um modelo de seguro que garanta as frustrações de safra, não somente totais, mas também parciais de nossa produção e, também de nossa renda, considerando que nossos riscos são menores quando comparados a outras regiões do país. Nunca estamos tranquilos com relação aos resultados de nossos esforços. Isto é desgastante e ex-tremamente danoso, tanto para os pro-dutores, quanto para o país.

A luta de produtores rurais por políticas públicas eficientes para o setor, como o seguro rural ou ainda o Código Florestal, depende do trabalho de suas lideranças em âmbitos munici-pal, estadual e federal. Como o senhor avalia a representatividade do setor na Câmara Federal, por exemplo?

José Mário – Temos bons repre-sentantes. Goiás tem uma bancada muito significativa no plano federal. Pelo que tem se falado, entretanto, teremos al-guns deputados que não serão mais can-didatos, como é o caso do Ronaldo Caia-do, que é uma grande bandeira do setor, que deve ir para outro plano. Leonardo Vilela e Leandro Vilela que já anuncia-ram que não serão mais candidatos. Es-sas pessoas sempre foram muito ligadas com a defesa do setor agropecuário e do setor produtivo, como um todo. Acredi-to que o Carlos Alberto Leréia também não deve se candidatar mais. Acho que são cinco ou seis que vão buscar novos planos. Manter esta representatividade na Câmara Federal é uma conquista do setor da qual não podemos abrir mão. Comparado com outros segmentos, ain-da temos que ocupar bastante espaço para buscarmos melhores condições de uma política agrícola mais adequada e que traga maiores garantias e coerência com o esforço empreendido pelos pro-dutores rurais.

ENTREVISTANosso Estado é o

que mais alicerça sua economia no

agronegócio, no Brasil. Para ilustrar o que

estamos falando, a Renda Bruta Agropecuária em

2013, ou seja, tudo o que foi produzido dentro das

propriedades rurais e comercializado somam

31,6 bilhões de reais

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Recentemente o senhor se filiou ao PSD e os rumores são de que seja um pré-candidato. O senhor realmen-te tem considerado essa candidatura?

José Mário – Temos uma pré-can-didatura sendo discutida sim. Eu Rece-bi convite de muitos partidos políticos. Consultei várias pessoas de todo o Esta-do e achei por bem me filiar ao PSD, que é um partido muito bem estruturado, que dialoga bem com várias frentes e ten-dências partidárias no Estado de Goiás e no Brasil. Além disso, o partido já elegeu prefeitos, vereadores e abriga também importantes lideranças comunitárias e de diversos segmentos em todo Estado. Estamos buscando ideias, dialogando com nossos 128 sindicatos rurais e deba-tendo com lideranças políticas e partidá-rias. Esta possível candidatura não é uma decisão minha, de cunho pessoal. Tenho sido estimulado a disputar este espaço de representação para dar continuidade a um projeto maior para o setor produti-vo rural de Goiás e, consequentemente, para as comunidades onde estes pro-dutores estão inseridos, que dependem em muito dos resultados do campo. Os obstáculos que temos que remover e os desafios a vencer não estão somente sob a nossa governança. É preciso avançar na participação das instâncias de decisão pública com as câmaras de vereadores, prefeituras, assembleia legislativa, go-verno do estado, câmara de deputados federais, senado, enfim, precisamos sem dúvida participar cada vez mais da vida política brasileira e regional e assumir as mesas de decisão.

O senhor foi reconhecido como a segunda personalidade mais influen-te na agropecuária de Goiás, seguindo o deputado federal Ronaldo Caiado. Qual a importância deste título?

José Mário – Sinto-me extrema-mente honrado por este reconhecimen-to, mas compartilho esta condição com todos os produtores e trabalhadores rurais do Estado de Goiás, que tanto tra-balham e produzem, trazendo resulta-dos socioeconômicos impressionantes e altamente significativos para a nossa sociedade. À frente da Federação pro-curamos exercer nossa missão político-

-institucional de representatividade, bem como, dotar todos os agentes deste setor de competências técnicas e geren-ciais em suas atividades, fortalecendo as ações de capacitação profissional, além de uma forte ênfase em programas que visam preencher os vazios sociais que ainda estão presentes no campo.

EXPORTAÇÃORecentemente o senhor esteve em

Bruxelas, na Bélgica, representando a CNA e a Faeg nas discussões interesses e exportações. Observamos que o diá-logo tem avançado. Estamos próximos de estabelecer o livre comércio entre Mercosul e União Europeia?

José Mário – Voltei desse encontro animado ao extremo. Estive em outras rodadas e momentos na UE e sentia um clima que não era extremamente favorá-vel para que as negociações ocorressem. Desta vez foi diferente. Pavimentamos muito esse caminho e é bom sempre re-tratarmos qual a origem das situações. O Brasil está muito atrasado nos acordos co-merciais, bilaterais e mesmo com blocos e não avançamos nos últimos anos. O país integra o Mercosul e não tem como avan-çar sem que o bloco avance junto. Temos problemas pontuais como os da Argentina e o acesso recente da Venezuela ao bloco. Tudo isso fez com que essas negociações se atrasassem. Um acordo neste momento é extremamente importante, porque 23% dos destinos das exportações brasileiras são para a Europa, principal destino dos nossos produtos agropecuários.

Além da Europa, a China tem sido um importante importador dos pro-dutos goianos. Qual o cenário atual de exportação para o país do oriente?

José Mário – O mercado potencial da China é enorme e 70% do país é rural atualmente. A previsão é que 600 mi-lhões de chineses migrem para a área ur-bana nos próximos anos. Isso equivale a três ‘Brasis’. É muita gente. Estas pessoas precisam de comida, roupas e tudo mais. Além disso, a China passa por uma escas-sez de recursos naturais. O consumo de água na China está limitado. Eles não têm como expandir a produção em função dos limites de água, solo e clima. Terão de achar outro viés de desenvolvimento. A China vive um momento de mudanças que favorecem o Brasil, país produtor de alimentos. A classe produtora e as pesso-as que estão no mercado precisam estar atentas. O ano de 2014 é um ano de caute-la e muita percepção. O mercado chinês precisa ser amplamente analisado.

Como se sente ao sair da cidade de Mineiros, no interior, e exercer esta liderança em âmbito de Goiás, pela Faeg e Senar, e em âmbito nacio-nal e internacional, pela CNA?

José Mário – Penso nisso todos os dias e sempre com orgulho e consciência da responsabilidade que acabamos assumindo ao exercer estes papéis. Mineiros foi – e continua sendo –, minha grande escola. Todas as grandes obras e projetos que temos por aqui advêm de ações comunitárias, onde o espírito empreendedor e associativista do mineirense faz com que as coisas aconteçam e prosperem. Aqui eu aprendi muito, principalmente a compreender que, quando se quer conquistar alguma coisa em nosso segmento e na vida é preciso correr atrás. A comunidade mineirense e de todo o sudoeste de Goiás é extremamente proativa e não se acomoda nunca. Está sempre buscando inovações. Por isso, procuro sempre agir de forma a retribuir todo o carinho, aprendizado e respeito que recebi por todos em Goiás, em especial em Mineiros e com os amigos do sudoeste goiano. Sou eternamente grato por tudo e estarei sempre à disposição para contribuir com os anseios desta região.

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José MárioSchreiner

A demanda por alimentos é mun-dial e o Brasil está atendo a isso. A Con-federação da Agricultura e Pecuária do Brasil já abriu escritórios em Pequim e Bélgica. Quais devem ser os próximos passos relacionados ao mercado chinês?

José Mário – Estamos estimulando dois produtos na China: o café e a car-ne bovina. Hoje, a média de consumo de café na china é de três xícaras por pessoa ao ano. Se fizermos os chineses gostarem do café brasileiro e eles co-meçarem a consumir 30 xícaras de café, haja café para exportamos para a China! Nossa ideia é criar uma marca de café e isso não é muito difícil. Os Estados Uni-dos possuem a marca ‘Starbucks’, mas não produzem café. A Alemanha expor-ta café e também não é produtora. Ou-tra avaliação está sendo feita no caso da carne. Queremos estimular a abertura de churrascarias na China. Se eles gosta-rem de alcatra e picanha, haja carne para exportar. Em dois ou três anos devemos ter churrascarias brasileiras na China.

Os problemas enfrentados pelo produtor brasileiro da porteira para fora, como a logística, interferem na competitividade das exportações bra-sileiras?

José Mário – Isso é muito claro. O Centro-Oeste responde por 40% da pro-dução agropecuária do país e os corre-dores de transporte dos alimentos são os mesmos há 30 anos. A produção é cres-cente e temos precariedade de armazéns e caminhões no asfalto onerando nossa produção. Enquanto a média de rendi-mentos de um produtor dos Estados Uni-

dos é 95%, o brasileiro fica apenas com 78%. Com tantos problemas, perdemos a competitividade. Enquanto esperamos 30 anos pela Ferrovia Norte-Sul, vemos a ligação entre Xangai e Pequim feita em 32 meses, por exemplo. Recentemente o Governo Federal aprovou o Programa de Construção de Armazéns (PCA), mas em Goiás temos problemas graves com a energia elétrica. Temos muitos proble-mas para serem solucionados.

DEMANDAS DO AGRONEGÓCIO

A Faeg tem discutido essa questão do fornecimento de luz elétrica e os produtores reclamam constantemente. Como sobreviver a esses problemas?

José Mário – Essas demandas se arrastam há mais de 10 anos e, se para o grande produtor a perda é imensurável, para os pequenos a produção torna-se in-viável. Apesar de existir crédito do Gover-no Federal, por meio de programas como o Programa de Construção de Armazéns (PCA), programas de incentivo à irrigação, esse projetos ficam parados aguardando liberação de carga elétrica. Sabemos de armazéns no interior do país que possuem alta capacidade de armazenagem, mas es-tão funcionando com geradores a diesel. É inconcebível.

O que mais pode fomentar a pro-dução agropecuária do Estado? O que pode ser realizado?

José Mário - Acredito que o primei-ro ponto seja potencializar o uso de irri-

gação no Estado de Goiás e temos buscado ferramentas para isso. Atualmente irriga-mos apenas 210 mil hectares, mas temos potencial de 5 milhões de hectares apenas em Goiás. É muito grandioso. Além da ir-rigação, as áreas degradadas também rece-bem nossa atenção especial. Isto porque acreditamos que este espaço precisa vol-tar a ser produtivo. Temos hoje 15 milhões de hectares de pastagem, mas 60% disso é de área degradada.

Uma grande conquista do Setor em 2013 foi a aprovação do Código Florestal goiano. Dos 38 parlamentares presen-tes, houve apenas um voto desfavorável ao projeto. Com luta constante do agro, Goiás foi o primeiro Estado a aprovar um código. É de se comemorar?

José Mário – A aprovação foi uma vitória sim, pois era preciso alinhar o de-fasado Código Florestal estadual, datado de 1996, à lei brasileira aprovada pelo Con-gresso Nacional no ano passado. Isso gerava insegurança jurídica aos produtores rurais, principalmente aos pequenos proprietá-rios. Eles estavam sujeitos a serem autua-dos e multados e, por isso, precisávamos da lei para restabelecer a segurança jurídica. O setor rural passou oito anos discutindo o Código Florestal Brasileiro e quatro anos discutindo o Código Florestal de Goiás. A Faeg esteve à frente deste debate por todos estes anos. Estar atento e ser proativo são condições básicas do empreendedorismo que o meio rural tem exercido com muita consciência e cidadania. Estas são as regras da democracia e queremos contribuir para a evolução – não somente do setor rural – mas de toda a sociedade.

O setor rural passou oito anos

discutindo oCódigo Florestal

brasileiro e quatro anos discutindo o Código Florestal de Goiás. A Faeg esteve à frente deste debate

FAEG, sempre presente nos debates do agronegócio goiano e brasileiro

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Programa Agrinho, valorizando professores e a educação em Goiás

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ASSISTÊNCIAA distribuição de renda no cam-

po é muito desigual? Como fazer esses produtores progredir e o que a Faeg e o Senar têm feito para isso?

José Mário – Atualmente, 87% dos estabelecimentos rurais contribuem so-mente com 16% do valor bruto da pro-dução, ou seja, de tudo que é produzido e vendido nas propriedades rurais. Por outro lado, 13% dos estabelecimentos que apresentam melhores produtividades respondem por 84% da produção total de Goiás. Esta realidade incomoda a todos, mas ao mesmo tempo mostra um enor-me potencial a ser explorado no campo. Por isto, o objetivo da Faeg e do Senar é fazer a produção do pequeno agropecu-arista alavancar, assim como promover o progresso econômico, social e político das famílias. O que falta é conhecimento aplicado, e por isso, nossa maior meta é levar orientação técnica. Como uma pes-soa doente precisa de um médico para fi-car bem, a produção agropecuária precisa de agrônomos, veterinários, zootecnistas para alcançar melhores resultados. Para levar esse conhecimento técnico aos pro-dutores, realizamos os programas Balde Cheio, Campo em Ordem, Programa Em-preendedor Rural, Negócio Certo Rural, Gestão Leiteira, entre outros.

Como funcionam estes programas?José Mário – Eu destaco, por exem-

plo, o programa Balde Cheio, da Embrapa, aplicado em Goiás pelo Senar e a Faeg. Durante o projeto auxiliamos um pro-dutor de leite que produz 20 ou 50 litros de leite, fazendo com que esse produtor evolua. Temos casos de pessoas que pro-duziam 50 litros por dia e hoje produzem 500. A renda, neste caso, passou de R$ 1,5 mil por mês para R$ 15 mil. O Centro--Oeste é responsável por 51% de tudo que é produzido no Brasil. Há 30 anos, a região não era nada e hoje tem toda essa importância no cenário nacional. O prin-cipal avanço vem da tecnologia, por isso a importância da pesquisa e do assessora-mento técnico.

Além de oferecer assessoria técni-ca, a Faeg e o Senar também desenvol-vem programas mais sociais, não é isso?

José Mário – Sim, esta é uma pre-ocupação frequente nossa porque mui-tas vezes o acesso aos serviços sociais básicos, como à saúde, termina onde acaba o asfalto. O produtor rural ainda é muito carente de atendimento. Ele precisa de médicos, ações de cidadania e a carência é impressionante. Em Goi-ás, o último levantamento sobre atendi-mento oftalmológico indicou que esses especialistas estão presentes somente em 17 municípios de Goiás. Isto signifi-ca que as populações de 229 municípios estão, de alguma forma, desassistidas nesta área. Em função desta realidade, a Faeg e o Senar criaram o Campo Saú-de. Nesse programa, nos dirigimos para uma cidade, um vilarejo ou um povoado do interior, levando assistência médi-ca, odontologia e orientações jurídicas para essa família rural, além de ou-tros serviços. São, em média, cinco mil atendimentos em cada ação. Para se ter uma ideia da lacuna na prestação des-ses serviços, em 2013, foram realizados 114.456 atendimentos em Goiás.

Um programa da Faeg e do Se-nar que tem ganhado muito espaço e destaque é a Equoterapia, já presente em 34 municípios do Estado. Existe pretensão de ampliar o atendimento para outras cidades?

A Equoterapia ganhou espaço não só no Senar Goiás, e no Brasil – porque está sendo nacionalizado – mas no co-ração de cada um que apoia o programa. De 2011 até hoje, mais de 400 pessoas foram atendidas com as mais diversas necessidades. Vemos crianças com pa-ralisia infantil voltando a andar, como é o caso do pequeno Gabriel Luz, de Pira-canjuba. Temos o caso do Igor Pancoti de Hidrolândia, que tem Síndrome de Down e hoje auxilia o instrutor no tratamento

com a Equoterapia. Estamos em busca de parceiros em todo o Estado e vamos am-pliar ainda mais esta atuação. Mineiros é um desses municípios atendidos. Aqui na cidade, atendemos por meio de convênio com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), instituições de en-sino e empresas.

Quando o assunto é educação, o Agrinho e o Pronatec desenvolvidos pelo Senar Goiás tem grande atuação. Qual o alcance atual dos programas?

José Mário – Entre todos os pro-jetos educacionais desenvolvidos pelas administrações regionais do Senar no Brasil, o Programa Agrinho de Goi-ás é o que atinge o maior percentual de crianças e jovens da rede pública. O programa é importante porque lida com as nossas crianças, que irão de-finir os nossos destinos. Por mais que seja investido em tecnologia para a educação, o ensino só irá melhorar no país com o engajamento e capacitação de professores. No último ano, foram mais de 10 mil professores e 600 mil alunos envolvidos. Recebemos mais de 6 mil trabalhos e garantimos um carro ao professor que melhor desenvolveu a experiência pedagógica. O Pronatec também é muito importante porque faz com que os jovens saiam do ensino mé-dio com formação técnica, preparados para o mercado de trabalho. Atuamos desde 2012 e mais de 10 mil estudantes já passaram por cursos como bovino-cultura de leite, equideocultura, má-quinas agrícolas, entre vários outros. É uma ótima oportunidade de o jovem permanecer no campo e dar continui-dade ao trabalho rural da família.

ENTREVISTA

14 | ABRIL-MAIO. 2014 |

ENTREVISTA

14 | ABRIL-MAIO. 2014 |

O Greenpeace lançou uma campanha, dia 17/04, desa-fiando Fiat, Volkswagen e Chevrolet – líderes em ven-

das de automóveis no Brasil – a produzir veículos que consumam menos com-bustível e emitam menos gases estufa. A Fiat começou a responder, por email, às milhares de pessoas que enviaram men-sagens pedindo essa mudança. As demais companhias ainda não se manifestaram.

No email enviado pela Fiat, a com-panhia elenca várias medidas mostrando comprometimento com inovações que reduzem o impacto ambiental de seus veículos. Para exemplificar, a montadora cita um de seus carros novos que, segun-do ela, emite menos CO2 que a média.

A Fiat também destaca que 97,5% de seus automóveis são flex, podendo ser abastecidos com etanol. E nesse caso, sugere a empresa, o problema está resol-vido, pois o combustível é 100% renová-

vel e “praticamente neutraliza as emis-sões de CO2 na atmosfera com o ciclo do plantio da cana-de-açúcar”, diz a nota.

O Greenpeace mantém sua posição: dá para ir além. Os novos veículos que a fabricante tem colocado no mercado brasileiro, com eficiência energética su-perior à média dos veículos nacionais, são a prova disso: a tecnologia não só existe como está acessível. O que o Gre-enpeace e os consumidores estão pe-dindo é que essa prática – que significa menos emissões e menos consumo de combustíveis – não seja fato isolado, mas que se torne padrão em todos os veículos produzidos pela montadora.

Se a Fiat já está aplicando essas ino-vações tecnológicas em alguns de seus automóveis, não há motivos para que ela não se comprometa com as mesmas me-tas de eficiência energética europeias, alinhando toda sua frota com o que há de mais avançado em termos de redução de

consumo de combustível. Quanto à adoção de motores flex,

abastecidos com etanol, não se pode ig-norar dois elementos: isso não significa ganho de eficiência energética – desde que foi criada, a tecnologia flex avançou pouco nesse sentido. E há impactos so-cioambientais inegáveis da atual produ-ção de biocombustíveis no Brasil, como o desmatamento, o avanço sobre outras culturas alimentares e a contaminação de água e solo por fertilizantes. O inves-timento em eletromobilidade também pode ser uma resposta a essas questões.

Enquanto esses problemas são solucionados a médio e longo prazo, medidas de eficiência energética são a melhor solução de curto prazo na re-dução de emissões e de consumo de combustíveis. Esperamos que a Fiat, líder em vendas de carros no Brasil, também lidere o caminho para carros mais limpos e eficientes.

GREENPEACE PROTESTA,FIAT RESPONDE

Ao receber milhares de mensagens pedindo carros mais limpos e eficientes, montadora lista medidas que adota pelo meio ambiente. Greenpeace mantém posição: dá para ir além

Vestidos de homens das cavernas, ativistas do Greenpeace fizeram manifestação em São Paulo

Enquanto produzem carros mais limpos e eficientes em outros países, montadoras fazem veículos com tecnologia velha no Brasil

16 | ABRIL-MAIO. 2014 | | ABRIL-MAIO. 2014 | 17

BRASIL

A presidente Dilma Rousseff afirmou dia 17/04, a empre-sários da indústria automobi-lística, que solicitou da equipe

econômica a “aceleração” do projeto de incentivo à pesquisa, desenvolvimento e produção de veículos híbridos e elétri-cos no Brasil. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a presidente “determinou a acele-ração do projeto, utilizando novas fontes de propulsão”. Moan se reuniu com Dil-ma no Palácio do Planalto.

Segundo apurou o Estado, técnicos dos ministérios da Fazenda, do Desen-volvimento (MDIC) e de Ciência, Tec-nologia e Inovação (MCTI) devem se reunir para concluir os estudos que se-rão enviados para a presidente. No en-tanto, os próprios integrantes da equipe econômica avaliam que um programa de estímulo não sairá do papel neste ano.

Não foi a primeira vez que a presi-dente falou em acelerar um projeto para incentivar carros híbridos no País. No dia 1º de outubro de 2011, Dilma anunciou ao presidente da Nissan, Carlos Ghosn, a in-tenção de “acelerar” este mesmo projeto. À época, o então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, afirmou que os estudos estavam avançados. Hoje despachando do próprio Palácio do Pla-nalto, Mercadante, agora ministro da Casa Civil, é quem deve coordenar os estudos dos demais ministérios, a partir de maio.

O projeto parte da zeragem da alí-quota do Imposto sobre Produtos In-dustrializados (IPI) cobrado de veículos híbridos ou elétricos que hoje é de 25%.

A indústria automobilística defende que esse tributo seja zerado para incentivar a produção no Brasil. Por não serem fa-bricados no País, estes veículos também pagam 30 pontos percentuais adicionais de IPI para entrar em território nacional.

RENÚNCIAA importação de veículos híbridos

é bem pequena, e uma eventual zeragem do IPI não implicaria renúncia fiscal elevada para o Tesouro Nacional, obce-cado em melhorar a sua imagem no tra-to das contas do setor público. Há dois grupos bem delineados no governo. Um lado defende de forma entusiasmada a concessão do benefício, que imediata-mente tornaria vantajoso importar ve-ículos híbridos, algo que as montadoras afirmam ser essencial para criar um mercado consumidor, servindo de “mola propulsora” para o início da produção nacional. Preocupada com a emissão de poluentes pelos veículos tradicionais, essa ala aponta ser urgente estimular a produção local de carros híbridos, elétri-cos ou movidos por outras fontes, tam-bém limpas.

Do outro lado há técnicos que aler-tam sobre o perigo de criar estímulos para veículos movidos à energia elétrica no atual cenário de aperto na oferta, quadro que não deve melhorar tão rapidamente nos próximos anos. Além disso, esse gru-po também aponta

que os estímulos do governo devem ser concentrados no etanol - combustível genuinamente “made in Brazil”, que é mais “limpo” que a gasolina, mas que ainda precisa ser melhor desenvolvido para ampliar o consumo. Eles apontam, também, a lenta evolução da bateria elétrica, que é embarcada nos veículos híbridos e elétricos na Europa e Estados Unidos.

Ecos do protesto do Greenpeace parecem ter chegado rápido ao ouvido da presidente Dilma. Ela pede pressa em projeto de incentivo a carro híbrido

PRESIDENTE DILMA PEDE “ACELERAÇÃO DE PROJETO”

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Presidente Dilma: “precisa acelerar”

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INJEÇÃO DE R$ 1,5 BI NA ECONOMIAGovernador Marconi assina acordo com o Banco do Brasil para injetar R$ 1,5 bilhão na economia de Goiás até o final de 2015

O governador Marconi Perillo assinou dia 24/04, protocolo de intenções com o Banco do Brasil para permitir a in-

jeção de mais de R$ 1,5 bilhão na eco-nomia goiana, em projetos que tenham consonância com os propósitos do Plano de Ação Integrada do Desenvolvimento (PAI). A solenidade foi realizada no dé-cimo andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira e contou com a participação do superintendente estadual do Banco do Brasil, Edson Bündchen e do secretário de Gestão e Planejamento (Segplan), Leonardo Vilela, além de dezenas de dirigentes regionais da instituição fi-

nanceira e membros do alto escalão do governo.

Intitulado “Mobliza Goiás”, o pro-jeto vai facilitar o oferecimento das li-nhas de crédito já existentes no Banco do Brasil às áreas social, de infraestrutu-ra, ambiental e econômica, contempla-das nas atividades prioritárias definidas pelo PAI Social, PAI Econômico e PAI Infraestrutura. No último ano, o Ban-co do Brasil foi responsável por aplicar R$12 bilhões na economia goiana.

“O governo está dedicando atenção especial a esse convênio, pois o enxer-gamos como um importante meio de desdobramento dos projetos prioritá-

rios do Estado, graças ao incremento de R$1,5 bi na economia goiana. Vamos nos empenhar para que essa parceria possa obter os melhores desdobramentos”, de-clarou Marconi Perillo.

Durante seu pronunciamento, o go-vernador ainda fez questão de agradecer aos executivos do Banco do Brasil pela agilidade e facilidade com que conseguiu operar quatro linhas de crédito em be-nefício do povo goiano. “Por intermédio das fáceis linhas de crédito oferecidas, estamos conseguindo alavancar impor-tantes projetos nesta gestão, como a re-construção da malha viária e a retoma-da do centro de excelência no Esporte,

Marconi: "Melhor que assinar o convênio, são os resultados práticos"

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GOIÁS

Pelo acordo assinado, denominado Projeto Mobiliza Goiás, o Banco do Brasil passa a operar linhas de crédito especiais para os projetos previstos no Plano de Ação Integrada de Desenvolvimento (PAI), nas áreas social, econômica e de infraestrutura

dentre outros projetos prioritários desta gestão”, enalteceu Marconi.

Para o secretário Leonardo Vilela, a injeção de crédito vai permitir maior ce-leridade às áreas prioritárias do Governo. “Estamos diante de uma gestão com plane-jamento bem definido e o Banco do Brasil vem contribuir para alavancar o desenvol-vimento dessas áreas, fomentando o cres-cimento da economia goiana”, refletiu.

O superintendente do Banco do Brasil, Edson Bündchen, informou que a instituição financeira é responsável por 88% de participação nas operações do agronegócio. “Mas notamos que poderí-amos fazer mais”, analisou. Há um ano, ao estudar as áreas de atuação do PAI, buscou aproximação maior com o gover-no para ampliar as linhas de crédito para projetos desenvolvidos com esse foco.

FORMAS DE INVESTIMENTO DO MOBILIZA GOIÁSAo colocar à disposição dos pro-

jetos goianos R$ 1,5 bilhão, o Mobiliza Goiás pretende contemplar o setor da

agricultura familiar por meio da aplica-ção de R$ 400 milhões através do Pro-grama Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf); para a cadeia de armazenagem – um dos gargalos do produtor goiano – serão destinados cerca de R$300 mil-lhões. Para a agricultura de baixo car-bono, estão previstos investimentos na ordem de R$ 200 milhões. Outros R$ 10 milhões serão revertidos para projetos de piscicultura.

Com a intenção de beneficiar o Programa Nacional de Habitação Rural e Urbana em Goiás, o Banco do Brasil pretende contribuir com investimentos para a construção de três mil unidades habitacionais. Pessoas portadoras de ne-cessidades especiais poderão ter acesso ao Crédito Acessibilidade previsto em R$ 5 milhões, voltados para investimentos em tecnologia de acessibilidade.

No âmbito empresarial, estão pre-vistos R$ 300 milhões para serem inves-tidos na forma de capital de giro e ou-tros R$ 300 milhões para investimentosdiversos.

Indicadores econômicos Indicadores de produção Fluxo de caixa Análise de custos produtivos Análise de desempenho de máquinas Controle de contratos futurose de investimentosE muito mais...

MARCONI PERILLO ESTENDE A MÃO

Governador Marconi propõe ajudar prefeito petista a resolver crise do lixo na Capital

O governador Marconi Perillo determinou, dia 30/04, em caráter emergencial, a li-beração de recursos do Te-

souro Estadual para que a Prefeitura de Goiânia efetue a compra de caminhões compactadores de lixo.

O Governo de Goiás e a Prefeitu-ra de Goiânia assinarão, nos próximos dias, um termo de convênio que prevê a destinação de R$ 6 milhões para a aqui-sição, em caráter emergencial, de cami-nhões compactadores.

Segundo os termos do convênio, o Governo de Goiás repassará R$ 5,8 milhões para a prefeitura, que entrará com contrapartida de R$ 200 mil para

a compra dos veículos. A iniciativa do Governo do Estado, segundo o governa-dor, tem como objetivo colaborar com as medidas tomadas pelo prefeito Paulo Garcia para solucionar os problemas da coleta de lixo da Capital.

A crise do lixo se agravou há 15 dias depois que a Comurg (companhia municipal responsável pela coleta) não pagou a dívida com uma empresa, que retirou das ruas 29 caminhões co-letores. O recolhimento de lixo, então, passou a ser feito de forma improvi-sada com caminhões caçamba e até patrola.

Fonte: Brasil 24 Horas

Estado vai liberar R$ 5,8 milhões para que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), compre caminhões compactadores de lixo. O objetivo é solucionar o grave problema da falta de veículos adequados para o serviço e acabar com a crise da coleta de lixo, que assola a Capital goiana desde o ano passado

Durante reunião com o prefeito de Goiânia, governador garantiu apoio visando melhorar limpeza pública

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GOIÂNIA

CUIABÁ, MAIS SEGURANÇA NA COPA DO MUNDOAté o início da copa, polícia realiza treinamento antiterrorismo

A Gerência de Operações Es-peciais (GOE) da Polícia Ju-diciária Civil, está realizando na Academia de Polícia Judi-

ciária Civil (Acadepol), demonstração dos treinamentos visando a capacitação do efetivo para atuação nas ações de contraterrorismo na Copa do Mundo FIFA 2014.

A atividade contou com a execução de Tiro de Precisão e Ações táticas, den-tre elas, rapel tático, simulação de fast--rope, descida rápida de helicóptero uti-lizando um cabo e o efetivo emprego da equipe de intervenção da GOE em caso

de sequestro. A Gerência integrará as forças de

Operações Especiais, sob a coordenação do Ministério da Defesa, através do Co-mando de Operações Especiais do Exér-cito Brasileiro, responsáveis pelas ações contraterrorismo no país, durante os jo-gos da Copa do Mundo.

No período de 31 de março a 04 de abril deste ano, nove policiais da GOE, incluindo o delegado Marcos Veloso, participaram do Exercício Conjunto Interagências realizado em Goiânia. O exercício foi coordenado pelo Coman-do de Operações Especiais do Exército

Brasileiro e contou com a participação de aproximadamente 250 policiais fe-derais, civis e militares, que atuarão nas 12 cidades-sede do Mundial de Futebol e com as Forças Armadas Nacional.

Os policiais que integram a Ge-rência, são submetidos a treinamentos constantes focados no evento esporti-vo há cinco meses. “Para o bom desem-penho operacional é importantíssimo que os policiais estejam preparados não só no aspecto técnico, mas tam-bém no físico e psicológico”, destacou o delegado da unidade Marcos Aurélio Veloso e Silva.

SITE DOS EUA ELOGIA A ARENA PANTANAL

A beleza da Arena Pantanal foi mais uma vez reconhecida por um meio de comunicação internacional. O site americano Business Insider elogiou o estádio, que será sede de quatro jogos da Copa do Mundo. Após análise de todos os estádios da Copa do Mundo de 2014, o site americano Business Insider avaliou a Arena Pantanal - estádio de Cuiabá para a Copa do Mundo - como de boa aparência. O site fez uma galeria de fotos com imagens dos 12 estádios do Mundial, citando os altos custos de construção.

Recentemente o site espanho El gol digital colocou a Arena Pantanal como o segundo melhor do Brasil e um dos 10 mais bonitos do mundo. Arena Pantanal, novo cartão postal de Cuiabá

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MATO GROSSO

SEGURANÇA RECEBE MAIS RECURSOSPrefeito Agenor Rezende amplia recursos para reforçar a Segurança Pública em Mineiros. Educação também recebe atenção especial

O prefeito Agenor Rezende (PMDB) concentra esforços às ações que visam garantir mais segurança para os mo-

radores de Mineiros.Projeto de lei de autoria do Poder

Executivo, encaminhado à Câmara Mu-nicipal, prevê a ampliação do apoio fi-nanceiro para a segurança pública no município. O valor a ser investido pode-rá chegar a R$ 240 mil por ano.

A meta do prefeito Agenor Rezen-de é intensificar procedimentos para viabilizar a plena tranquilidade para as famílias que moram desde a zona urbana até a rural.

O projeto propõe aumentar o va-lor do convênio com a Polícia Militar e destinar recursos, também, para a Polícia Civil.

A Prefeitura Municipal designou servidores para ficar à disposição das forças de segurança.

Providenciou, ainda, a locação do imóvel que serve à delegacia local, que deve ser transferida para espaço mais amplo.

A Prefeitura de Mineiros está in-vestindo R$ 1,9 milhão em obras que visam ampliar as estruturas e garantir melhores condições de ensino no mu-nicípio.

O prefeito Agenor Rezende (PMDB) afirma que continuará a prio-rizar ações no setor educacional com volume alto de investimentos para, cada vez mais, aperfeiçoar o apren-dizado e capacitar a escola pública no desempenho do seu papel social.

Dentre os diversos empreendi-mentos que movimentam o setor edu-cacional em Mineiros, uma nova cre-che está em construção no Jardim das Perobeiras.

Investimento de R$ 1,9 milhão em obras para a Educação

As escolas municipais Padre Maximino, Tonico Corredeira e Otalécio Alves Irineu estão sendo ampliadas, com a construção de novas salas de aula.

A edificação da feira cober-ta passa por profundas mudanças e, no local, serão erguidas seis novas salas de aulas para atender alunos do Parque dos

Jatobás e região. A Prefeitura de Mineiros fez,

ainda, a aquisição de uma caminhonete para atendimento às escolas, principal-mente da zona rural.

Outra iniciativa importante da Prefeitura de Mineiros: a Secretaria de Educação fortalece a parceria com a Agri-

cultura Familiar. Por meio de Chamada Pública, foram adquiridos, deste setor, ali-mentos cujo valor chega a R$ 260 mil. Os produtos da Agricultura Familiar são desti-nados para a alimentação dos alunos per-tencentes à rede municipal de ensino.

Texto: Ascom/Prefeitura de Mineiros

MAIS AÇÕES...

Prefeito Agenor Rezende, investimento na segurança e educação

FOTO: ASCOM/PREFEITURA

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MERCADO MINEIROS

Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.

Mahatma Gandhi

Existem coisas reservadas pra gente

que foge do nosso entendimento, mas

que lá na frente vai fazer todo o sentido. Por isso

nunca perca a fé

Reynaldo Gianecchini

As pessoas estão tão acostumadas a ouvir

mentiras, que sinceridade demais choca e faz com que você pareça arrogante.

Jô Soares

A mulher é um ser especial que Deus mandou para a Terra para ser nosso porto seguro e que nós, homens, temos o deverde cuidar bem.

Luan Santana

Tudo na vida evolui, do ser humano ao

material esportivo

Luciano do Valle

Nessa vida a gente precisa todos os dias fazer o bem ou pelo menos tentar fazer o bem. Pelo menos não pisar nas pessoas já

seria ótimo

Xuxa Meneghel

Não tenho tempo de odiar quem me odeia, tô ocupado demais amando

quem me ama

Bruno Gagliasso

O mundo precisa de atitudes, não de opiniões. Opinião nenhuma mata a fome ou cura doença

Angelina Jolie

Luan SantanaLuan Santana

Angelina JolieAngelina Jolie

22 | ABRIL-MAIO. 2014 | | ABRIL-MAIO. 2014 | 23

MERCADO DITO E FEITO

Numa carta de boa objetividade política enviada ao diretório regional do partido, Iris Rezende colocou uma

frase emblemática: “Nunca pensei que veria o PMDB no mercado de especulações pouco republicanas”.

Como esse gesto, a aparência, enfim, de que o PMDB velho de guerra passa a olhar para dentro buscando a unidade, que será fator relevante na eventual – mas problemática – composição dos quadros na oposição ao governador Marconi Perillo, na luta sucessória deste ano em Goiás.

Saiu Iris, naquele finalzinho de abril, e ficou Júnior Friboi, para a caminhada deste mês e meio até a definição final, nas convenções de junho, sobre quem, enfim, vai para a corrida ao Palácio das Esmeraldas.

Júnior superou um obstáculo grande, mas se colocando diante de uma caminhada árdua, em que, antes de mais nada, precisará construir a unidade peemedebista. Não vai ser fácil. Iris fará falta,

e muita. Com pouca ou nenhuma disposição para completar a chapa majoritária da oposição, fica a dúvida se haverá disposição, então, para somar nos palanques e nos variados procedimentos da campanha.

Político da melhor estirpe, o episódio deixa a expectativa em torno dos

passos do ex-governador, que serão vitais para a solidez da campanha do PMDB. Mais: para a preservação da aliança com o PT, que é o caminho crucial para dar viabilidade à vitória oposicionista neste ano em Goiás. Dispondo-se ou não a participar, Iris será ator mais uma vez. Para ajudar na vitória da oposição, ou para

– ausente – facilitar a vida de Marconi, virtual candidato a passar mais uma temporada no centro do poder.

O fator GomideAntônio Gomide deixou

a prefeitura de Anápolis, na primeira semana de abril, para não eliminar eventuais dúvidas acerca do seu projeto de disputar o governo do Estado.

Seu gesto, a renúncia e a posse imediata do substituto, João Gomes, ficaram como a referência efetivamente forte do projeto. Ou seja, não se ajeitou um cenário para mobilizar a militância e, também, fazer notícia na mídia. Gomide

ANÁLISE POLÍTICA

O PMDB, IRIS E FRIBOI

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Gomide deixou a prefeitura de Anápolis e entrou na briga pelo governo estadual

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mostrou, sem pestanejar, que saiu mesmo para a briga sucessória.

Seu discurso também mudou. Nada de amabilidades políticas ou de sinais conciliatórios. É candidato, e isto está fora de discussão. Para os potenciais parceiros, a sinalização é para um jogo que já começou, e com o jogador em campo. Para os prováveis adversários, o aviso de que a política é para quem quer a luta, e que ele está definitivamente disposto a lutar.

Mas aí vem a pergunta: dá pra mostrar tanta disposição e tanta gana, se, aparentemente, o primeiro passo seria a conciliação interna, na forma dessa espécie de dever de casa que é unir a oposição, cacife maior para quem pretende tirar do poder o PSDB e seu histórico de 16 anos de mando no Palácio das Esmeraldas?

Pelo que Gomide está demonstrando neste ensaio – e ensaio animado – de campanha eleitoral, é como se o roteiro estivesse pronto, à espera dos oposicionistas, sendo por ele assumido, e, tendo assumido, para ele comandar a execução. Virem-se os demais.

Ficaria de bom tamanho, na ótica ainda preocupante da inviabilidade da união, ter-se já um nome, com determinação para a luta sucessória, e parceiros devidamente habilitados para a ocupação de outras posições na chapa. Afinal, ao lado do candidato a governador, precisam-se de nomes de a vice e o senado. Quem se habilita?

Bom, assim está a oposição. E a situação? Aparentemente, tudo muito tranquilo. Até porque não há um candidato anunciado. O nome por todos imaginado não se cansa de pedir um tempo. A hora – quase um mantra – é de administrar, que para fazer política o tempo realmente certo ainda não chegou. Fica pra junho, a partir do dia 10, quando se abre a temporada efetivamente eleitoral. E parece que vai ser assim: antes de junho, nada de Marconi Perillo candidato; se verá apenas o Marconi gestor. Até porque há muito o que fazer, para que a caminhada depois possa ser um pouco mais facilitada.

Cenário para muitos atores

José Eliton, que cumpre com lealdade a missão de vice-governador, tem tudo para repetir a dose. Não é questionado, nem contestado na base governista. E para a outra função de relevo na base – o Senado – já há nome também, Vilmar Rocha.

Mas se perguntaria: e Ronaldo Caiado? Pelo que andou ocorrendo por último, ele até topa a volta à base governista. Na segunda semana de abril, na megafesta do agronegócio em Rio Verde, os gestos dele e de Marconi falaram mais alto que qualquer outra declaração, ou especulação. Estavam de bem. Persistindo a paz, será Caiado outro ator importante nesta pré-campanha.

A dúvida: tem como Marconi e Caiado voltarem às boas, falando a mesma língua, dividindo palanques e brigando por um mesmo objetivo?

E vai haver?Muito se falou nele, mas o ministro

Joaquim Barbosa deu demonstrações de sobra de que não lhe interessa, pelo menos por enquanto, deixar a cadeira no Supremo Tribunal Federal e tentar um cargo eletivo. Para muita gente, ele seria a boa pedida neste

ano em que se concluiu um histórico julgamento de políticos corruptos.

A propósito: já se contam os prazos para que se filiem a partidos políticos os postulantes a uma candidatura que sejam membros de tribunais de Justiça, de Contas ou do Ministério Público, ou ainda militares. Esses agentes públicos, que são obrigados a deixar o cargo para se candidatar, não precisam, porém, obedecer a regra de filiação partidária um ano antes do pleito.

Jogo duroSe para ir a um novo veredicto

nas urnas populares pressupõe-se que os candidatos se apresentam com a ficha limpa, neste ano este desafio se coloca entre os mais difíceis dos últimos tempos. Para não ir longe: na Assembléia Legislativa de Goiás, a descoberta de servidores fantasmas protegidos (e abrigados) em certos gabinetes foi mais um claro demonstrativo de que, se for para passar as coisas a limpo, tem pretensão à candidatura à reeleição desde já rifada. Da mesma forma que no Congresso, onde não faltam problemas. E em dimensão ainda maior, na definitiva comprovação de que ou se conduz o País a uma boa e profunda reforma política, ou a população continuará a ser envolvida (e iludida) por políticos desonestos, corruptos e oportunistas.

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ReynaldoRocha

THE ECONOMISTPEGOU PESADO

A edição semanal da revista The Economist traz uma reporta-gem bastante crítica ao merca-do de trabalho no Brasil e, em

especial, à produtividade dos trabalha-dores. Com o título “Soneca de 50 anos”, a reportagem diz que os brasileiros “são gloriosamente improdutivos” e que “eles devem sair de seu estado de estupor” para ajudar a acelerar a economia.

A reportagem diz que após um bre-ve período de aumento da produtivida-de, vista entre 1960 e 1970, a produção por trabalhador estacionou ou até mes-mo caiu ao longo dos últimos 50 anos. A paralisia da produtividade brasileira no período acontece em contraste com o cenário internacional, onde outros emergentes como Coreia do Sul, Chile e China apresentam firme tendência de

melhora do indicador.“A produtividade do trabalho foi

responsável por 40% do crescimento do PIB do Brasil entre 1990 e 2012 em com-paração com 91% na China e 67% na Índia, de acordo com pesquisa da consultoria McKinsey. O restante veio da expansão da força de trabalho, como resultado da demografia favorável, formalização e bai-xo desemprego”, diz a revista.

A reportagem diz que uma série de fatores explicam a fraca produtividade brasileira. O baixo investimento em in-fraestrutura é uma das primeiras razões citadas por economistas. Além disso, apesar do aumento do gasto público com educação, os indicadores de qualidade dos alunos brasileiros não melhoraram. Um terceiro fator, menos óbvio, é a má gestão de parte das empresas brasileiras.

Há ainda a legislação trabalhista. A revista diz que muitas empresas pre-ferem contratar amigos ou familiares menos qualificados para determinadas vagas, para limitar o risco de roubos na empresa ou de serem processados na Justiça trabalhista. A revista também cita que a proteção do governo aos setores pouco produtivos ajuda na sobrevivên-cia de empresas pouco eficientes.

A reportagem ouviu um empresário norte-americano que é dono do restau-rante BOS BBQ no Itaim Bibi, em São Paulo. Blake Watkins diz que um traba-lhador brasileiro de 18 anos tem habili-dades de um norte-americano de 14 anos. “No momento em que você aterrissa no Brasil, você começa a perder tempo”, dis-se o dono do restaurante BOS BBQ, que se mudou há três anos para o País.

A revista inglesa The Economist fez sérias críticas ao Brasil em reportagem intitulada “Soneca de 50 anos”. O texto aponta que os brasileiros são “gloriosamente improdutivos”

e que eles devem sair da morosidade de 50 anos sem crescimento econômico

Mantendo o tom irônico típico da revista, The Economist

publica reportagem mostrando que, ao contrário do que

ocorreu na China e na Índia, a produtividade do trabalhador

brasileiro praticamente não aumentou no último

meio-século. Além disso, o brasileiro produz praticamente

a metade do que produz um chileno ou um mexicano.

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ECONOMIA

A perspectiva vem sendo in-fluenciada, principalmente, pelas estimativas mais ele-vadas para os preços admi-

nistrados na comparação com este ano. As projeções, de forma geral, vão na mesma direção da pesquisa do Banco Central, intitulada Focus. Na mais re-cente pesquisa, a mediana das expecta-tivas para o IPCA fechado de 2014 rom-peu o teto da meta pela primeira vez este ano, ao passar de 6,47% para 6,51%. Para 2015, a previsão para o índice fe-chado ficou inalterada em 6,00%.

Ainda que as previsões de algumas instituições consultadas pelo Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, para a inflação de 2015 estejam ligeiramente menor que o limi-te máximo, os analistas ressaltam que os riscos de o índice encerrar acima dessa marca no ano que vem são altos. Uma das incógnitas é se o próximo presiden-te do Brasil fará o ajuste dos preços ad-ministrados - que estão artificialmente baixos - de forma gradual ou de uma única vez.

Para os economistas, indepen-dentemente de quem vença a eleição em 2014, o importante é que o gover-nante tente colocar a “casa em ordem” o quanto antes. A visão geral é que a

inércia inflacionária já é elevada e pode colocar mais pressão sobre a política monetária em 2015, ano para o qual as expectativas são de crescimento ainda fraco da economia.

Além do acerto nas contas de ener-gia após a desoneração do começo de 2013, os reajustes anuais do setor, pre-vistos em contratos, também deverão deixar a inflação do ano que vem mais salgada, conforme os analistas. Ainda, para eles, passado o período eleitoral, os preços da gasolina e das passagens de ônibus urbano igualmente poderão ser aumentados.

Todas as projeções apontam para aceleração dos preços administrados em 2015 ante 2014. A maioria das es-timativas dos economistas consultados está na faixa de 7,00%, portanto, mais elevadas do que as da pesquisa sema-nal Focus. No levantamento do Banco Central, a inflação dos administrados estimada para o ano que vem subiu de 5,90% para 6,00%. Para 2014, avançou de 4,60% para 4,70%.

PROJEÇÕESO economista-chefe do Banco Fi-

bra, Cristiano Oliveira, projeta inflação de 8,00% para os preços administra-dos no próximo ano, contra estimativa

anterior de 5,10%. Os cálculos do eco-nomista levam em consideração, prin-cipalmente, a expectativa de alta nas ta-rifas de energia elétrica ao longo do ano que vem, de ônibus urbano e de gasoli-na. Nesse cenário, o banco estima que o IPCA encerre 2015 em 6,60%, devendo ficar praticamente no mesmo nível do esperado para 2014, que é de 6,66%.

Oliveira ressalta que o ajuste dos administrados, “evidentemente”, irá depender do resultado das eleições des-te ano: “Se o governo ganhar, aparente-mente seria feito em parcelas, enquan-to que a oposição tende a fazer de uma única vez.”

A Kondor Invest estima um IPCA mais salgado em 2015, de 7,60%. A eco-nomista Nicole Saba disse que, além da expectativa de aceleração dos preços administrados, para 7,50% em relação à previsão de 5,40% em 2014, também es-pera uma taxa elevada para os preços li-vres - 7,60% no ano que vem, ante 7,30% em 2014. “A inflação ainda é indexada. Apesar de esperar que a atividade não cresça tanto (neste e no próximo ano), o que pode fazer com que os salários não subam tanto, só o fato de ser indexada já faz com que a inflação prospere.”

Texto: Maria Regina Silva Fonte: Agência Estado

INFLAÇÃO PODE ROMPER

A META EM 2015Começa a ganhar força no mercado a

expectativa de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode

fechar no teto ou acima da meta de 6,50% não apenas em 2014, mas também em 2015

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COPA DO MUNDO, SHOPPINGS TEMEM NOVOS PROTESTOS

Os shoppings devem entrar com liminares para tentar impedir que protestos acon-teçam em centros comerciais

durante a Copa do Mundo, conforme afirmou o presidente da Associação Bra-sileira de Lojistas de Shoppings (Alshop), Nabil Sahyoun.

A medida já foi adotada durante os ‘rolezinhos’, encontros de milhares de jovens marcados pelas redes sociais no início deste ano. “Estamos trabalhan-do junto com advogados para conseguir essa liminar que obriga a secretaria (da segurança pública) a proteger preven-tivamente os shoppings centers diante dessa possibilidade muito clara de mani-festações”, disse Sahyoun.

Segundo ele, apesar de o movimento dos shoppings diminuir em dias de jogos, eles podem ser escolhidos como destino dos atos por causa da visibilidade.

A associação não descarta a possi-bilidade de fechamento de portas, caso haja protestos violentos. “Certamente, se houver uma manifestação violenta se encaminhando para o empreendimento, e a secretaria não conseguir segurar, as portas serão fechadas”.

De acordo com o presidente da Al-shop, o efetivo de seguranças dos sho-ppings será entre 20% e 30% maior no período do evento. Outras formas de proteção do estabelecimento serão ado-tadas como, por exemplo, a presença de carros de segurança blindados na porta.

Lojistas vão à justiça para evitar protestos na copa. Alshop acredita que a Copa do Mundo pode fazer com que o varejo perca ao menos 11 dias de faturamento

SHOPPINGS PERDERÃO 11 DIAS DE VENDAS

Se para alguns segmentos da eco-nomia a Copa do Mundo é uma das grandes apostas do ano, para quem atua no setor de shopping centers o evento é esperado com preocupação. A Associa-ção Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) revelou que o Mundial pode fazer com que o varejo perca, ao menos, 11 dias de faturamento. Nas cidades em que forem decretados feriados nos dias de jogos, os centros comerciais abrirão por menos tempo (apenas seis horas) e

“Rolezinhos”, terror dos shoppings durante a Copa

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MERCADO

os funcionários devem ter folga.“Em dias de jogos as pessoas tendem

a comprar menos e, notadamente, apenas alguns setores do varejo têm sido benefi-ciados pela Copa”, disse o presidente da entidade, Nabil Sahyoun.

No ano passado, o segmento já não cresceu como o esperado. Dados da As-sociação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostram que, em 2013, as ven-das no setor registraram a menor expan-são desde 2007. As lojas nos shoppings movimentaram R$ 129,2 bilhões no ano passado - 8,6% mais que em 2012. Houve crescimento, mas a estimativa inicial era de que ele iria beirar os 12%.

A perspectiva para expansão de vendas dos lojistas em 2014 também é pouco animadora. Nabil Sahyoun afirmou que a alta de vendas este ano será “vege-tativa”. Para ele, o crescimento se dará nem tanto por evolução do consumo, mas apenas porque a quantidade de shoppings vai aumentar. Em dezembro, a entidade projetou que as vendas reais neste ano cresceriam 3% ante 2013.

MERCADO EM EXPANSÃOA associação espera que 35 novos

centros de compras entrem em operação no Brasil, ao longo de 2014. Do total, 29 já têm data de inauguração, a maior par-te no segundo semestre e 12 deles estão em São Paulo (tanto na capital quanto no interior). O número de novos shoppings esperados pela entidade é levemente me-nor do que os 38 inaugurados em 2013.

Segundo o censo de shoppings rea-lizado pela Associação e pelo Ibope, hoje o Brasil tem 153 empreendimentos em obras, mas apenas uma fatia com inaugu-ração prevista ainda para 2014. Do total em obras, cerca de 53% estão sendo cons-truídos na região Sudeste.

INTERIORExistem hoje 497 shoppings em fun-

cionamento no País. Em 2010, eram 408. A previsão é de que, ao fim deste ano, o número de empreendimentos desse tipo seja maior em cidades do interior do que em capitais, onde a densidade urbana tem restringindo cada vez mais o lançamento de novos shoppings.

Ao fim de 2013, segundo a Asso-ciação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o País tinha 239 centros co-merciais no interior e 258 em capitais.

BRASIL PRECISA MELHORAR À PRODUTIVIDADE

Joesley Batista, presidente da J&F Investimentos, holding que controla a JBS afirmou que o maior desafio a ser enfrentado pelo Brasil é o de realizar reformas que levem o País a aumentar a sua produtividade, o que significa ter uma produção industrial maior com custos mais baixos.

“O Brasil precisa se dedicar me-lhor à produtividade e não estamos fa-lando apenas que o brasileiro precisa trabalhar mais ou ser mais qualificado. Produtividade é ter um sistema tribu-tário e judiciário melhor”, afirmou Jo-esley Batista, durante debate do semi-nário Rumos da Economia, realizado recentemente em São Paulo. O evento contou também com a presença do mi-nistro da Fazenda, Guido Mantega.

Joesley Batista disse que o Brasil precisa reduzir a diferença de produtivi-dade que há em relação aos níveis de eco-nomias maduras como os Estados Unidos, país onde a holding J&F tem uma série de investimentos em andamento. Ele citou como exemplo os números de produção do mercado frigorífico norte-americano.

“Os EUA têm um rebanho de 100 milhões de cabeças de gado enquanto que o Brasil tem 200 milhões. Mesmo com a metade do rebanho brasileiro, os Estados Unidos produzem 30% a mais de carne que o Brasil”, afirma.

Outro exemplo citado por Joesley diz respeito à mão-de-obra. Enquanto nos EUA uma planta que abate 6 mil bois por dia precisa de 3 mil trabalha-dores, no Brasil esta mesma planta pre-cisaria de 6 mil empregados já que ape-nas um trabalhador brasileiro é capaz de abater uma cabeça de gado enquanto que nos EUA um trabalhador é capaz de abater duas por dia. “Nos Estados Uni-dos temos 70 mil funcionários e aqui no

Brasil temos 100 mil”, compara.Segundo Batista, o Brasil passa

pelo mesmo desafio dos países emer-gentes que sofrem com dificuldades em alcançar melhores níveis de produ-tividade. “Por outro lado, o Brasil é de longe melhor que a China em níveis de produtividade”, afirma.

Joesley participou de uma mesa de debates sobre o cenário macroeconômi-co e sobre a política monetária brasilei-ra. Participaram da discussão o secretá-rio de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland; o econo-mista-chefe do Bradesco, Otávio de Bar-ros; o assessor da presidência do BNDES, Ernesto Lozardo; o economista do banco Itaú, Caio Megale e o presidente do ins-tituto DataPopular, Renato Meireles.

“Mesmo com a metade do rebanho brasileiro, os

Estados Unidos produzem 30% a mais de carne

que o Brasil

Joesley Batista, presidente da J&F, holding que controla a JBS

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QUANDO OS OLHOS VEEM, O CORAÇÃO SENTE E AS MÃOS SE ABREM

Como a Vila São Cottolengo, em Trindade (GO),

consegue ser referência no tratamento de pessoas com deficiência, promover

qualidade de vida baseada no amor e ainda custear as despesas por

meio de doações

Quem na vida não tem de-safios? Classificá-los como difíceis ou quase impossí-veis depende do ponto de

vista. Cruzar os braços ou lamentar, em qualquer das situações, não é a me-lhor solução. E quem visita a Vila São Cottolengo aprende a enxergar os pro-blemas com “outros olhos”. Neste local abençoado por Deus, não há desânimo, indiferença ou egoísmo. Esta institui-ção filantrópica promove vida com qualidade a pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social há mais de 63 anos. Daí fica a pergunta: reclamar de quê, mesmo?

Localizada aos pés do Santuá-rio Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás, a Vila é um hospital de longa permanência que presta as-

sistência integral a 360 pacientes com deficiências crônicas. São pessoas que traduzem a razão de existir da entida-de. A história de vida de muitos inter-nos é marcada pelo abandono devido à deficiência ou pela impossibilidade dos familiares em prestar o auxílio ne-cessário.

Em 1951, um padre de alma gran-diosa, Gabriel Vilela, mudou-se para Trindade e promoveu uma série de benfeitorias, entre elas a fundação da Vila São Cottolengo. Ele conseguiu en-xergar naqueles deficientes da época uma beleza pura, encantadora e sem maldade. Inspirado no santo italiano José Bento Cottolengo, dedicou parte de sua vida aos carentes. E como um líder, plantou sua semente e abriu os corações de muita gente.

FOTOS: ANTÔNIO ERASMO

Amor aos pacientes faz da Vila São Cottolengo uma referência em atendimento

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VILA SÃO COTTOLENGO

QUANDO OS OLHOS VEEM, O CORAÇÃO SENTE E AS MÃOS SE ABREM

Devido a tanto amor empregado em uma causa nobre, a instituição cresceu e atualmente é referência no Centro--Oeste. Os pacientes recebem todos os cuidados básicos de alimentação, hi-giene, vestuário, assistência médica e de enfermagem em tempo integral e atendimento terapêutico multiprofissio-nal. Alguns ainda frequentam escola de ensino especial e oficinas pedagógicas. Dependendo da capacidade individual, os quase atletas paraolímpicos praticam esportes e participam de atividades de cultura e lazer.

CARINHOTodo o atendimento é baseado

na atenção e no carinho ao paciente. A Palavra de Deus, presente diariamen-te no local, norteia os valores éticos e espirituais. Quem trabalha na Vila não tem um emprego apenas, é uma missão. Muitos colaboradores deixam seus filhos em casa e, na Instituição, debruçam em cabeceiras de filhos de ninguém com o mesmo afeto dispensado aos seus. Dedi-car-se assim é uma escolha.

Os serviços de psicologia, fisiote-rapia, fonoaudiologia, terapia ocupacio-nal e equoterapia não seriam os mesmos se pessoas caridosas não se dispusessem a isso. Mais de 2 mil atendimentos são realizados diariamente, tanto a pacien-tes internos quanto externos. Cerca de 680 funcionários se revezam nas tare-fas deste grande hospital. Desde a lim-peza, oficina e manutenção, passando por serviços administrativos até chegar à enfermagem e no tratamento médico. E se algo começa a sair do eixo, todos se unem para tentar solucionar o proble-ma.Para ser grande, tem que aprender a

crescer.A Vila São Cottolengo possui 35 mil

metros quadrados de área construída. Desde a fundação é administrada pelos Padres Redentoristas e pelas Irmãs Fi-lhas da Caridade de São Vicente de Pau-lo. Apesar de ser criada pela Igreja Cató-lica, a instituição recebe ajuda de todos os credos e segmentos, desde que seja de coração. Por adotar a filosofia da cari-dade, presente em todas as religiões, ao longo dos anos o hospital foi crescendo e hoje é um Centro Especializado em Re-abilitação Física, Auditiva e Intelectual, inclusive com certificação federal.

Na parte ambulatorial, a Vila aten-de mais de 130 municípios goianos pac-tuados com a rede pública de Saúde. São consultas em diversas especialidades médicas, serviços de diagnóstico por ima-

gem, terapias de apoio, exames laborato-riais, serviço odontológico e um centro cirúrgico com estrutura completa para a realização de cirurgias de pequena e mé-dia complexidade. Todo aparato técnico foi montado para atender primeiramente as necessidades dos pacientes de longa permanência e que, aos poucos, pôde ser utilizado a pessoas carentes.

Atualmente, a Instituição recebe uma ajuda de custo do Sistema Único de Saúde (SUS) de 50% do valor total das despesas. O restante é conseguido com muito esforço e fé, pois só é possí-vel graças a doações. Roupas, alimentos, donativos, utensílios de higiene e lim-peza, materiais de construção, dinheiro em espécie: toda ajuda é bem vinda. “Na humildade e na compaixão das pessoas, as coisas vão acontecendo e Deus vai co-

Pacientes frequentam a escola de ensino especial

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locando as mãos. Se pensarmos positivo, atrairemos tudo aquilo que é bom”, cos-tuma dizer Irmã Márcia Simões, diretora administrativa.

DESPESASA cada dia mais, os colaboradores

proporcionam maior tranquilidade, con-forto, e acima de tudo, segurança a aque-les que necessitam. O funcionamento desta casa gera gastos, pois além das des-pesas mensais fixas, sempre aparecem imprevistos, deixando assim a planilha financeira em aberto. Todos dentro da instituição desempenham um papel im-portante na vida dos pacientes internos, pois acima do profissional, está o ser hu-mano que também se dedica em doar a eles amor, carinho e muita atenção. E é isso que transforma a Vila tão grande.

O SEGREDO ESTÁ NOS DETALHES

Às vezes, por termos caído na inér-cia da “vista cansada”, deixamos de re-parar o que de valioso está à nossa volta.

Já parou para pensar o quanto sua casa é rica de bênçãos? Que na sua família exis-tem pérolas que não trocaria por nada? Tem reparado na sinceridade do sorriso das pessoas? Um abraço faz a diferença pra você? Talvez isso esteja em falta no seu dia a dia. Mas afinal, o que te move?

Estar perto de pessoas agradáveis enriquece o dia de qualquer um. O tra-balho flui, as ideias ganham corpo, o re-lacionamento interpessoal melhora. E o interessante é que certos detalhes fazem toda diferença: um “bom dia”, um aperto de mãos, um aceno de “tchau”, um piscar de olhos. Até porque, nem toda comuni-cação precisa ser verbal. E se os gestos forem a única opção de demonstrar sen-timentos, será que faz diferença na vida de alguém? Eu lhe digo: faz!

Atuo na Vila São Cottolengo, em Trindade, há quatro anos. Neste período descobri e redescobri inúmeras formas de me comunicar com os outros e amar de uma maneira especial. Sendo um dos 680 colaboradores da instituição filan-trópica, é preciso aderir a práticas bem apuradas de convivência. Isto sem con-

tar nos 345 pacientes internos de longa permanência e mais de 1200 pacientes externos que são atendidos todos os dias lá. É um desafio bom de encarar.

Em parceria com o Governo Fede-ral, a Vila São Cottolengo é gestora do Programa Reabilitar - Medicina Física e Auditiva, que realiza a concessão de próteses ortopédicas e auditivas, órteses e meios auxiliares de locomoção, tudo a custo zero para o paciente. Na área da Educação, a Instituição é campo de pes-quisa para inúmeros trabalhos acadêmi-cos. Junto ao Governo Estadual, mantém duas unidades de ensino: o Centro de Formação Vida Nova, voltado para a edu-cação complementar e oficinas pedagó-gicas para crianças carentes, e o Centro de Ensino Especial São Vicente de Paulo, que atende crianças e adolescentes das comunidades vizinhas com necessidades educativas especiais.

Para entender a linguagem de um deficiente interno da Vila não basta ape-nas ser técnico, o coração precisa estar aberto. Talvez seja por isso que tantos visitantes e romeiros saem tocados da

Vila São Cottolengo, mais de 63 anos cuidando das pessoas com deficiência física

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VILA SÃO COTTOLENGO

A Vila São Cottolengo, aos olhos de quem não conhece, pode parecer um tris-te cenário de abandono. Isso para quem não teve a oportunidade ou interesse em conhecê-la. É realmente um ledo enga-no. Aos que foram agraciados e tiveram o privilégio de adentrar os portões aben-çoados da Instituição, levaram para casa muito aprendizado, lições de vida que ja-mais serão apagadas da memória.

Cottolengo é um cantinho de céu, uma estrada de luz, é um sol clareando as noites escuras. É um passo de mági-ca. Um jardim coberto em flores. Estre-las que brilham. Gente que ri. Gente que chora também. Gente que trabalha. Gente que brinca, que canta, que é feliz, que dança, que escreve a sua história. A Vila é o canto de um pássaro, é uma ave impulsionada com seu voo livre, é uma

borboleta que enfeita, é um beija-flor que aparece na janela.

Pensar na Vila é se derreter de encantos por um lugar sem mesmo conhecê-lo, de fato. Fortaleza, esta vila é corrente que não solta, é partilha que não falta, é amor que cresce. É vida que renasce. É alma que renova. É fé que pa-dece. A Vila São Cottolengo é o paraíso bordado em linhas de toda cor. É um livro aberto esperando gente bondosa para assinar seu nome, para fazer parte dessa história que não tem fim. Só de-pende de você.

# COMO AJUDARTel.: (62) 3506-9000E-mail: [email protected]: www.cottolengo.org.br

instituição quando conhecem de perto a realidade e o tratamento que é dispensa-do aos pacientes. Mas de verdade, não há dinheiro que pague um sorriso verdadei-ro vindo de alguém que mal consegue se mexer na cadeira de rodas. E nós ainda reclamamos da vida...

Depois de tanto observar perfis e conversar bastante com as pessoas, che-guei à conclusão de que para ver o lado bom das coisas é necessário mudar o foco. Ao presenciar a dificuldade de um paciente ao se locomover ou falar, não penso mais: “coitadinho... veja como ele é sofrido”. Hoje analiso: “como ele é es-forçado. Mesmo com deficiência, tem vontade de viver”. E isso acontece com grande parte das pessoas. Fomos adapta-dos a olhar para o lado negativo, ao invés de valorizar o que há de belo e grandio-so. É o mesmo que reclamar da chuva ou do sol forte. Por que não agradecer o milagre que ali acontece? É preciso estar atento aos sinais.

Antonio Erasmo Queiroz – Supervisor de Comunicação da Vila São Cottolengo

UM UNIVERSO DE BELEZAS A SER DESCOBERTO

Paciente durante a alimentação: Alegria

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“PEGA” NO TRÂNSITO TERÁ PENALIDADE AMPLIADA

A Câmara dos Deputados aprovou penas de reclusão para o “racha” no trânsito, se ele resultar em lesão corporal grave ou morte.

A pena para a prática de racha em vias públicas sem vítimas é aumentada, de seis meses a dois anos de detenção, para seis a três anos.

Se a lesão corporal for grave, haverá penas de reclusão de 3 a 6 anos; e, no caso de morte, de 5 a 10 anos. Essas situações agravantes não estão previstas atualmente no Código de Trânsito Brasileiro.

MOTORISTA ALCOOLIZADO OU DROGADO

De autoria do deputado Beto Albuquerque (PSB – RS) o projeto também prevê pena de reclusão de 2 a 4 anos se o homicídio culposo ao volante for causado por motorista alcoolizado ou drogado.

O texto aumenta em dez vezes as multas aplicadas nos casos de “racha”, “Pega”, manobras perigosas, arrancadas e competições não autorizadas. Atualmente, elas variam de uma vez a cinco vezes.

O projeto segue agora para sanção da Presidência da República.

BRASÍLIA EM CLIMA DE COPA

Com o custo de R$ 1,3 milhão, 1.242 peças substituirão equipamentos colocados na década de 1970. Desde o dia 10 de fevereiro, 71 placas turísticas em duas e três línguas já foram instaladas. Até maio, mais de mil placas serão instaladas. São três categorias: interpretativas, indicativas, e mapas, nas cores marrom e azul. As interpretativas terão textos em português, inglês e espanhol. As demais, em português e inglês. De acordo com o Secretário de Turismo em exercício, Geraldo Bente, as placas seguem padrão mundial.

PROCON, DE OLHO NOS PREÇOS ABUSIVOS DURANTE A COPA

O PROCON e a Secretaria de Turismo do Distrito Federal firmaram parceria para atuar durante a Copa do Mundo de 2014. Entre as propostas apresentadas pela Assessora Técnica do PROCON, Sofia Ayres, estão: postos estratégicos para realizar o atendimento à população, monitoramento de preços tanto de hotéis, quanto de estabelecimentos comerciais, pela Secretaria Nacional do Consumidor, plantão fiscal para atender demandas específicas relacionadas à Copa 2014.

RAUPP ELOGIA TEMA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse na semana passada que a homenagem do Senado à Campanha da Fraternidade da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) foi justa e merecida. Dia 15/04 foi realizada uma sessão especial para celebrar a Campanha da Fraternidade de 2014, cujo tema é “Fraternidade e Tráfico Humano”. Raupp afirmou que o lema escolhido para a campanha encerra uma verdade definitiva: “foi para a liberdade que Cristo nos libertou”.

O senador chamou atenção para o fato de que o tráfico humano engloba atividades como exploração sexual, servidão doméstica, extração de órgãos e trabalho escravo. Raupp disse que todas essas situações são condenáveis e envergonham a consciência humana. Ele informou que a maioria dos traficantes são homens, enquanto a maioria das pessoas traficadas são mulheres.

- A campanha da fraternidade de 2014 mostra-se também como uma positiva e vigorosa ação no sentido de alertar e sensibilizar a sociedade brasileira para um problema que precisamos enfrentar com determinação, na construção diuturna de uma sociedade mais fraterna, na qual cada um de nós veja no próximo um semelhante que merece integral respeito - afirmou o senador. (Com Agência Senado)

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DE OLHO EM BRASÍLIA

FHC DIZ QUE BRASIL PRECISA DE OUTRA GRANDE MUDANÇA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que está na hora de o País passar por outra grande mudança, equivalente à que houve com a implantação do Plano Real. Ele atacou a política econômica do governo e disse que é preciso continuar a ver onde estão os problemas do País. Ele destacou como importante o cumprimento de metas da inflação e a manutenção da Lei de

Responsabilidade Fiscal, e ressaltou que não há receita para uma boa condução econômica. FHC ainda aproveitou para criticar a condução dada pela presidente Dilma Rousseff ao assunto, afirmando que ‘nesse momento o Brasil está um pouco em um compasso diferente do resto do mundo’. Para o ex-presidente FHC, o Brasil tem condições de competitividade, mas está em desvantagem.

CYRO MIRANDA DEFENDE EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Em recente pronunciamento, o senador Cyro Miranda (PSDB – GO) demonstrou preocupação com a educação brasileira. De acordo com o senador, que também é presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o PISA, reforça a tese de que uma educação de qualidade é um dos maiores desafios para o futuro presidente da República.

O PISA testou, pela primeira vez, a capacidade dos estudantes de 15 anos do mundo todo em resolver problemas de matemática aplicados à vida real e o Brasil ficou em 38º lugar, num total de 44 países.

“Trata-se de um desempenho medíocre e injustificável, sobretudo quando se consideram as implicações de um resultado desses para o futuro das gerações de jovens brasileiros e para o Brasil. Um País que oferece ensino público tão deficiente e incompatível com a realidade da sociedade do conhecimento e tecnológica desconstrohi o caminho para o desenvolvimento e pavimenta o retrocesso. O PT já está há mais de dez anos no poder, mas não foi capaz de construir, nem sequer de lançar as bases de uma política pública séria e eficiente para transformar o ensino público no Brasil”, disse ele.

PROJETO TORNA OBRIGATÓRIA COLETA DE ÁGUA DA CHUVA

Ganha força no Senado Federal projeto do senador João Durval (PDT - BA) que pode tornar-se obrigatória a instalação de sistemas de coleta, armazenagem e uso de águas pluviais para irrigar áreas verdes e lavar calçadas e pisos em novas edificações em condomínios residenciais e comerciais, hospitais e escolas. O projeto foi aprovado dia 16/04 pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e segue O projeto para análise da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), onde será votado em decisão terminativa.

O texto reduz pela metade a taxa de prestação do serviço público de drenagem pluvial urbana paga pelos estabelecimentos construídos com a tecnologia e por aqueles que adotarem

sistemas de captação de água da chuva.Além dessa redução de tarifa,

o projeto determina a criação de programas para incentivar a adoção de medidas para acabar com vazamentos na rede de abastecimento e a instalação de dispositivos que economizam água, como bacias sanitárias de volume reduzido de descarga. Tudo isso visando acabar com o desperdício de água potável.

O autor do projeto quer ampliar as políticas públicas que incentivem a racionalização do uso da água e a conscientização da população para a importância do recurso. Ele observa que, além de mais racional, o uso de águas pluviais para lavar piso e irrigar jardins também reduz o fluxo da drenagem em situações de chuvas intensas.

SENADORA LÚCIA VÂNIA ELOGIA PROJETOAo elogiar a proposta, a relatora

do projeto na CAS, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), lembrou que a falta de água é um problema enfrentado pela população de muitos municípios brasileiros.

– Temos testemunhado em muitas

cidades situações dramáticas de escassez de água, que resultam em rodízios e racionamento. Todo esforço possível de combate ao desperdício deve ser adotado, inclusive tendo em vista o alto custo de obtenção de água em mananciais cada vez mais distantes – observou Lúcia Vânia.

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RenataCarrijo

TONIQUINHO, DE JATAÍPARA O BRASIL‘Pai de Brasília’ troca vida na capital do país por emprego em Goiânia. Advogado cobrou mudança da sede administrativa para o Planalto Central. Em livro escrito no exílio, JK diz que assumiu compromisso após pergunta

Autor da pergunta “embaraço-sa” que obrigou o então can-didato à Presidência da Re-pública Juscelino Kubitschek

a incluir a construção de Brasília no seu plano de governo, o advogado Antônio Soares Neto, de 88 anos, se emociona ao falar do aniversário da cidade. A capi-tal do país, que completa 54 anos nesta segunda-feira (21), passou a ser projeto de JK depois de uma cobrança feita pelo advogado no primeiro comício eleitoral, em Jataí (GO).

“Eu me sinto um pouco pai de Brasí-lia e acho muito bom ver aonde ela che-gou. Ninguém acreditava. Fiz a pergunta em um momento de espontaneidade, sem me preparar para isso, e no fim das contas deu no que deu. O próprio Jusce-lino dizia que o Toniquinho [apelido do advogado] foi escolhido lá de cima para fazer o desafio e mudar a capital”, conta.

O comício ocorreu no dia 4 de abril de 1955 e, por causa de uma forte chuva que caiu na data, precisou ser improvisa-do no barracão de uma oficina mecânica. Juscelino usou como palanque a carroce-ria de um caminhão quebrado e afirmou durante o discurso que cumpriria a Cons-tituição Federal na íntegra se fosse eleito.

“Com o coração saindo pela boca, levantei o dedo e perguntei para ele se ele então mudaria a capital. Aquela era uma ideia centenária, muito antiga mes-

mo, prevista na Constituição, mas que ninguém levou adiante. Ele se assustou. Estava todo esguio, de cabeça erguida, mas aí se abaixou um pouco e olhou para os colegas de palanque. Ficou emociona-do, limpou os olhos e disse que era uma pergunta difícil, que era complicado para um político aceitar aquele desafio, mas

que faria, que aquele compromisso ha-veria de ser cumprido”, lembra.

Trechos do livro escrito pelo presi-dente na época do exílio a que foi conde-nado durante o regime militar revelam o desconforto sentido por Juscelino na ocasião. As memórias, batizadas de “Por que construí Brasília”, fazem parte do

Toniquinho, uma pergunta e a resposta histórica de JK

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HISTÓRIA

acervo do Memorial JK, presidido pela neta dele, Anna Christina Kubitschek.

“A pergunta era embaraçosa. Já possuía o meu Programa de Metas e, em nenhuma parte dele, existia qualquer referência àquele problema. Respondi, contudo, como me cabia fazê-lo na oca-sião: ‘Acabo de prometer que cumprirei, na íntegra, a Constituição, e não vejo razão por que esse dispositivo seja ig-norado. Se for eleito, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do go-verno’. Essa afirmação provocou um de-lírio de aplausos”, escreveu.

A ideia de mudança do centro ad-ministrativo do país nasceu em 1789, mas desde então pouco havia sido feito pelo governo nesse sentido. As providências estavam restritas à Missão Cruls, que no final do século XIX demarcou a área da futura capital, e ao acréscimo no mapa de um retângulo que sinalizava a locali-zação do futuro Distrito Federal.

Mais adiante, no livro de memórias, JK volta a comentar a situação. “A afir-mação, que fizera por ocasião do comí-cio em Jataí, fora política até certo pon-to. Até então, não havia me preocupado com o problema. Entretanto, a partir dali e no desdobramento da jornada eleitoral – quando percorri o país inteiro – deixei--me empolgada pela ideia. [...] O grande desafio da nossa história estava ali: seria forçar-se o deslocamento do eixo do de-

senvolvimento nacional. Ao invés do lito-ral – que já havia alcançado certo nível de progresso – povoar-se o Planalto Central [...], fazendo com que todo o interior fosse despertado, acordado, e abrisse os olhos para o futuro grandioso do país.”

Para Toniquinho, a transferência da capital para Brasília foi o maior feito de JK. “Alguém escreveu algo nesse sentido e eu concordo: é como se ele tivesse des-coberto o Brasil pela segunda vez. Pri-meiro, os portugueses chegaram aqui e se fixaram no litoral. Mas então veio Jus-celino, e levou tudo para o Centro-Oeste. Não havia nada, nada, antes dele.”

RELAÇÃO COM A CIDADENatural de Jataí, o advogado passou

a morar em Goiânia em 1975. Ele afirma que a mudança para a capital goiana, em detrimento da vinda para Brasília, acon-teceu por causa do trabalho e dos filhos, que já estavam perto de fazer faculdade.

“Gosto de Brasília. Estive prestes a morar aí, mas acontece que eu já tinha trabalho em Goiás. Era um emprego muito bom na época, e eu não quis dei-xá-lo”, lembra. “Foi por ele que eu acabei me aposentando.”

Toniquinho conta que viaja com frequência para a cidade “que é da famí-lia” e que sempre acompanha o que está acontecendo. “É uma verdade e é lamen-tável toda essa corrupção em Brasília. Na época do JK isso não existia. Respeitava--se o poder público, a coisa pública. Hoje ficou bem diferente, mas nem por isso deixo de amar a cidade.”

Fonte: Raquel Morais - G1/DF

Luziano Ferreira de Carvalho, prefeito de Jataí em 1955, Antônio Soares Neto e o então candidato à Presidência da República, Juscelino Kubitschek

Primeiro comício de JK como candidato à Presidência da República; Juscelino aparece sobre um caminhão quebrado, enquanto o advogado Antônio Soares está na plateia, sinalizado com a circunferência vermelha

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“Com o coração saindo pela boca, levantei o dedo e perguntei para JK se ele então mudaria a capital.

Ele se assustou. Ficou emocionado, limpou os

olhos e disse que era uma pergunta difícil, que era complicado

para um político aceitar aquele desafio, mas

que faria, que aquele compromisso haveria de ser cumprido.

”Antônio Soares Neto, advogado que ‘cobrou’ de JK a transferência da

capital do país para o Planalto Central

38 | ABRIL-MAIO. 2014 | | ABRIL-MAIO. 2014 | 39

“Relatório conclui que JK e Ribeiro foram vítimas

de conspiração, complô e atentado político

MORTE DE JK,UM MISTÉRIO

Comissões vão se reunir para discutir morte de JK, tida como “um caso em aberto”

Integrantes da Comissão Munici-pal da Verdade Vladimir Herzog (CMVVH), de São Paulo, e da Co-missão Nacional da Verdade (CNV)

vão se reunir, em data a ser confirmada em breve, para discutir a morte do ex--presidente da República Juscelino Ku-bitschek. O presidente da CMVVH, ve-reador Gilberto Natalini (PV), contesta o relatório da CNV que afirma que o ex--presidente e seu motorista morreram vítima de um acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1976. “A morte de JK é um caso em aberto e precisamos confrontar os pontos contraditórios”, frisou Natalini, que recebeu a confirmação do encontro entre os integrantes das duas comissões do coordenador da CNV, Pedro Dallari.

Em relatório de 10 de dezembro do ano passado, atualizado em 19 de fe-vereiro deste ano, a CMVVH, em docu-mento de 30 páginas, conclui que JK e Ribeiro foram vítimas de conspiração, complô e atentado político. O “Relató-rio JK” lista, de acordo com Natalini, 103 indícios, evidências, testemunhos e pro-vas do assassinato do ex-presidente e de seu motorista. O presidente da CMVVH diz que o relatório preliminar da CNV legitima as investigações e perícias con-duzidas por agentes de Estado, policiais e peritos criminais a serviço do regime

militar, em 1976, defendendo a tese de acidente.

O vereador lembra que entre as vá-rias testemunhas ouvidas pela CMVVH, foram tomados os depoimentos do moto-rista do ônibus, Josias Nunes de Oliveira, e de Paulo Oliver, um dos nove passagei-ros que confirmaram não ter havido cho-

que entre o ônibus e o automóvel. E reitera que além de a CNV não ouvi-los, Oliveira declarou que recebeu uma tentativa de suborno para admitir ter provocado o aci-dente, o que também foi desconsi-derado pela CNV.

Natalini destaca ainda que a CNV menosprezou o relatório da CMVVH e ouviu basicamente po-liciais que elaboraram as perícias de 1976, como Sérgio Leite e Ro-berto de Freitas Villarinho, dire-

tor do Instituto de Criminalística do Rio de Janeiro, além de corroborar os tra-balhos da Comissão Externa da Câma-ra dos Deputados, presidida pelo então deputado Paulo Otávio, no ano 2000. E que também serviu para endossar a ver-são oficial sobre a morte de JK.

que entre o ônibus e o automóvel. E reitera que além de a CNV não ouvi-los, Oliveira declarou que recebeu uma tentativa de suborno para admitir ter provocado o aci-dente, o que também foi desconsi-derado pela CNV.

CNV menosprezou o relatório da CMVVH e ouviu basicamente po-liciais que elaboraram as perícias de 1976, como Sérgio Leite e Ro-

Comissão da Verdade quer confrontar pontos contraditórios que marcaram morte do ex-presidente

FOTO: REPRODUÇÃO

Morte de JK, em agosto/1976, abalou a nação

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40 | ABRIL-MAIO. 2014 |

CLIMA

O mais recente Painel Intergo-vernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), da ONU, di-vulgado dia 13/04, recomen-

da que os governos devem agir de forma rápida e agressiva se quiserem evitar as consequências mais sérias da mudança no clima mundial. “O trem-bala da mi-tigação teria de deixar a estação logo, e a sociedade teria de embarcar”, disse o presidente do painel, Rajendra Pachauri, em entrevista coletiva em Berlim – Ale-manha.

O relatório divulgado pelo intitu-lado Mudança Climática 2014: Mitiga-ção da Mudança de Clima é o terceiro e último dos que foram produzidos por três grupos de trabalho. Ao lado de um

relatório de síntese que deve sair em outubro deste ano, eles vão compor o 5º Relatório de Avaliação do IPCC, previsto para 2015.

O documento diz que as emissões dos gases que provocam o efeito estu-fa e que podem estar provocando um aquecimento global cresceram mais ra-pidamente entre 2000 e 2010 do que em cada uma das três décadas anteriores. A crise econômica global de 2007/2008

reduziu temporariamente as emissões, mas não mudou a tendência.

O relatório inclui vários cenários possíveis com medidas para mitigar o aquecimento global. O IPCC diz que o crescimento econômico e o da popula-ção superaram a expansão das tecnolo-gias de energia mais eficientes. O órgão pede coordenação internacional para li-dar com os desafios associados à mudan-ça do clima; entre as medidas sugeridas estão o estabelecimento de instituições que estabeleçam preços para as emis-sões de gás carbônico, a adoção de im-postos sobre emissões e o aumento dos investimentos em energia renovável.

Ottmar Edenhofer, um dos presi-dentes do grupo de trabalho que prepa-

ONU: é preciso agir logo para evitar impacto mais sério do aquecimento

global

O MUNDO EM ALERTA

Alagamento da BR-364, no Acre: Preocupação

FOTO: BOB FERNANDES

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“O aquecimento global não está sendo levado a sério e o tempo está se

esgotando para evitar consequências como a seca e a inundação

de cidades

”Assim como todos os países do

mundo, o Brasil deve sofrer, de acordo com cientistas, os efeitos negativos do aquecimento global. Muitos estudiosos do clima mundial afirmam que nosso país já está sofrendo estas consequên-cias. O aquecimento global deverá mu-dar as características climáticas de di-versas regiões, porém não se sabe muito bem a intensidade.

O texto aponta que populações pobres de regiões costeiras podem so-frer com o aumento do nível do mar, altas temperaturas acentuariam o risco

de insegurança alimentar e que áreas tropicais da África, América do Sul e da Ásia devem sofrer com inundações causadas pelo excesso de tempestades.

O Sudeste do Brasil, Buenos Aires, na Argentina, e localidades nos Andes também devem sofrer com o excesso de chuvas, principalmente cidades que já são vulneráveis atualmente, com registros de alagamentos e deslizamentos de terras. Os extremos ficarão constantes. No fu-turo, deverá ocorrer muita chuva acumu-lada em poucos dias, além de mais dias secos e de mais calor.

» Aumento da temperatura em todas as regiões do Brasil, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Este fato pode fazer com que aumente os incêndios em florestas da região como, por exemplo, na Floresta Amazônica;

» Alterações nas estações do ano com pouca diferenciação entre elas. As temperaturas deverão aumentar em todas as estações, causando prejuízos na agricultura;

» Aumento na quantidade e intensidade de tufões e furacões nas regiões litorâ-neas dos estados do Paraná e Santa Catarina;

» Com o aumento do nível de água dos oceanos, muitas cidades litorâneas te-riam construções invadidas pela água, sendo a única solução a construção de barrei-ras. Algumas ilhas brasileiras como, por exemplo, a de Marajó, poderia ter parte do território submerso;

» Aumento das secas no semiárido nordestino, com possibilidade da região se transformar num deserto (desertificação);

» Aumento das chuvas e tempestades, principalmente em cidades da região Sudeste, como, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro;

» Ecossistemas poderão ser afetados com diminuição significativa da flora e fauna;

» Diminuição da umidade relativa do ar.

IMPACTOS NO BRASILrou esse relatório, disse que qualquer demora na adoção de medidas fará os cursos crescerem mais tarde, e que a redução da mudança climática não será conseguida “se empresas e governos avançarem seus interesses indepen-dentemente”. Ele ressalvou que adotar medidas para diminuir o aquecimento global “não significa que a comunidade mundial terá de sacrificar crescimento. A política climática não é um almoço grátis, mas poderá ser um almoço que vale a pena comprar”.

Vários estudos mostram que a tem-peratura média da Terra já se aqueceu em 0,8°C desde 1900. Em 2010, os go-vernos de quase 200 países concorda-ram em reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa, de modo a assegurar que a temperatura média do planeta não suba mais de 2°C acima dos níveis anteriores à Revolução Industrial.

Cientistas dizem que é crucial evi-tar aquela elevação de 2°C na tempera-tura média da Terra, porque uma ele-vação traz riscos de mudanças de alto impacto, como o derretimento do gelo da Groenlândia, cujo custo poderia ser inaceitavelmente alto. No atual ritmo de emissões de gases do efeito estufa, a ONU sugere que a elevação de 2°C será atingida mais cedo, e não mais tarde

Caso as emissões sejam reduzidas, mas permaneçam em níveis elevados, os modelos dos cientistas indicam que o aquecimento global atingirá de 1°C e 2.2°C acima dos níveis pré-industriais até a metade deste século. Mas se as emissões forem mantidas no nível atu-al, a previsão para a metade do século é uma elevação de 2°C a 3,2° acima dos

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Estragos causados por enchentes em Branquinha (Alagoas)

FOTO: REPRODUÇÃO

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CLIMA

níveis pré-industriais.“Somente uma grande mudança

institucional e tecnológica dará uma chance maior de 50% de que o aqueci-mento global não supere aqueles limi-tes”, diz o relatório. O IPCC conclui que as emissões dos gases que provocam o efeito estufa terão de ser reduzidas até meados do século, em 40% a 70% em comparação com o nível de 2010, e para perto de zero até o fim do século.

“Uma variedade de opções está sendo oferecida aos governos, e eles poderão tomar as decisões que quise-

rem”, disse o cientista Ed Hawkins, da Universidade de Reading, na Inglaterra, autor de um relatório anterior do IPCC.

Mudanças de grande escala, exi-gidas especialmente dos governos e dos setores de transportes e geração de energia, vão requerer gastos enormes e têm sido objeto de controvérsias e de re-sistência significativa em vários setores. Pachauri disse que a análise dos custos e benefícios de medidas para mitigar o aquecimento global é “uma questão complicada”, mas advertiu contra dar um preço em dólar à perda de vidas

humanas, ecossistemas, oceanos e vida marítima ameaçados pela mudança no clima global. “A questão do custo tem de ser vista do ponto de vista do que acon-tecerá se não adotarmos essas medidas”, acrescentou.

Ele também disse que tem “todas as razões para ser otimista” com a perspec-tiva de que os governos levem em conta as recomendações. A íntegra do relató-rio em inglês está disponível em http:// ipcc.ch/report/ar5/wg3/.

Fonte: Dow Jones Newswires

“O impacto do aquecimento global será

“grave, abrangente e irreversível”, segundo um relatório do Painel

Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

” Tsunami no Japão: Fúria da naturezaFO

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“MICHAEL JACKSON NÃO MORREU”

Acredite se quiser. A declara-ção, que já ganhou espaço nas redes sociais do mundo intei-ro, está bombando agora no

Brasil e chega através do jornalista e fã do astro, Dirceu Jackson: “Michael Jack-son está vivo e vivendo anonimamente em Dubai, nos Emirados Árabes”.

A notícia foi tema do programa de TV Balanço Geral, da rede Record, onde Dirceu mostrou fotos, vídeos e e--mail trocado com o cantor depois de sua morte.

O rei do pop, segundo o fã, teria forjado a própria mor-te, pois não iria conseguir re-alizar a série de 50 shows em Londres pela turnê “This Is It”. “Todos os ingressos foram vendidos em questão de horas, mas Michael não tinha condi-ções físicas para realizar todos os shows, muito menos con-dições financeiras para arcar com o cancelamento da turnê. Forjar a morte foi uma saída”, argumenta Dirceu.

A morte do cantor foi de-clarada no dia 25 de junho de 2009 e acompanhada por mi-lhares de fãs do mundo inteiro pela imprensa internacional.

Segundo análise do pro-grama Balanço Geral, Michael Jackson, durante todos os 50 anos de vida, sem-pre levantou polêmicas e, claro, muitos boatos. As histórias inventadas iam até a vida pessoal como, por exemplo, no caso das inúmeras plásticas, das acusa-ções de pedofilia ou mesmo de que ele teria morrido virgem.

Claro que a morte do cantor tam-

bém não poderia deixar de levantar suspeitas. As circunstâncias do caso sempre levantaram histórias, como a de Michael ter entrado vivo na ambulância já se espalhou na internet. Pois agora, o caso é outro e bombástico: de acordo com o fã, Michael Jackson estaria vivo.

Em um dos vídeos apresentados por Dirceu, Michael teria sido visto na França. O assunto se tornou febre nas

redes sociais e as teorias acabaram fa-zendo com que fãs fizessem diversos comentários como, por exemplo, pedi-dos de parcerias com outros músicos.

Segundo o site Boatos.Org, não é a primeira vez que o fã fala sobre o as-sunto. No programa TV Fama, da Rede TV, também já foi dito que Michael Ja-ckson estaria vivo. Entre os argumentos estavam que o cantor teria dado o reca-do que sumiria na letra da música Leave Me Alone, do álbum Bad. Além disso,

fotos provariam que ele es-tava no próprio velório e que ele queria ganhar dinheiro no pós-morte.

Mas, contra os argumen-tos do fã, existe uma lógica defendida pelos céticos. Eles argumentam que não precisa ser um gênio para saber que, infelizmente, Michael Jack-son não está vivo. Vamos aos fatos: o mais importante deles está no próprio processo ju-dicial contra um médico en-volvendo a morte do cantor. Além disso, qual seria a pos-sibilidade de um fã do cantor ter a “prova” de que ele está vivo e a Justiça não ter? Pro-vavelmente zero. Ainda mais que ele só falou, mas não

mostrou nenhuma prova concreta. Por que então não diz exatamente onde o cantor está escondido?

Concluindo: por falta de provas (até o momento), a história de que Mi-chael Jackson não morreu não passa de uma lenda que está viva apenas no imaginário dos fãs do Rei do Pop. Ou na cabeça de um fã em especial.

Jornalista e fã garante que Michael Jackson

optou pelo anonimato e vive em Dubai, nos

Emirados Árabes

FOTOS: REPRODUÇÃO

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EU VI NA WEB

“MICHAEL JACKSON

Hoje em dia o uso da internet é acessível a praticamente todos, mas o que se pode observar é que ela

pode servir tanto para uma boa ou má formação. Não me prolongarei nessa dialética e focarei na primeira parte, ou seja, em como navegar em águas tranquilas, com bons sites e boas práticas na rede mundial. A internet é um imenso mundo onde podemos fazer muitas coisas:

Você pode falar com os seus amigos a qualquer hora e quando quiser.

Você pode conhecer pessoas novas com os mesmos interesses que os seus;

Você pode fazer pesquisas para os seus trabalhos e/ou sobre coisas que goste, pois tem toda a informação que quiser e sobre o que quiser na internet;

Você pode, ainda, compartilhar e discutir informações e conhecimentos com outras pessoas;

Você pode jogar, ouvir música e ver filmes;

E, mais especificamente, você pode se formar profissionalmente e aprender novos idiomas “gastando” somente o seu tempo, com uma boa dose de disciplina. Vejam alguns exemplos:

CURSOS PROFISSIONALIZANTESPara quem quer melhorar a gestão do negócio, o SEBRAE oferece excelentes cur-

sos voltados principalmente ao pequeno empresário: http://www.ead.sebrae.com.br/lista-de-cursos/

CURSOS DE IDIOMAS

Site: www.livemocha.com, basta fazer um simples cadastro e escolher qual idioma deseja aprender primeiro. É um site divertido, você ganha pontos iniciais e à medida que as lições são concluídas ou pessoas são ajudadas, pontos são creditados à sua conta para que possa abrir novas lições e progredir no curso.

Site: http://www.englishtown.com, onde você poderá logar com suas credências do facebook. Esse site lhe oferece uma lição diária e uma modalidade paga. Mas, com paciência, e fazendo a lição diária, em um ano, já será possível um nível mínimo de conversação.

Você pode fazer pesquisas para os

CONQUISTANDO O MUNDOEla chegou sem muito alarde

e já conquista usuários no mundo inteiro. Estou falando da LinkedIn, rede social para contatos profissionais, que anunciou dia 18/04 ter atingido a marca de 300 milhões de usuários cadastrados em todo o mundo. Desse total, 200 milhões são de fora dos Estados Unidos. Em comunicado à imprensa, a empresa revela que deseja criar oportunidades econômicas para 3,3 bilhões de pessoas que compõem a força de trabalho mundial.

“Buscamos desenvolver

experiências personalizadas para membros e suas identidades, rede de contatos e conhecimento”, diz o anúncio, que ainda ressalta a importância do uso do LinkedIn em dispositivos móveis e também o interesse no mercado chinês. Recentemente, o LinkedIn criou um site específico em chinês e espera alcançar 140 milhões de usuários nos próximos meses com a plataforma.

Criada em maio de 2003, a empresa ainda fez um balanço sobre seus últimos cinco anos. Entre os destaques, estão o aumento da

presença de mulheres na plataforma (elas são 44%, contra 39% em 2009) e a participação do Brasil como o terceiro maior país da rede, perdendo apenas para os EUA e a Índia. Em 2009, o País não estava entre os cinco maiores mercados.

UM MUNDO DE POSSIBILIDADES EM SUAS MÃOS

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NAVEGAR É PRECISO

COMO ESTÁ SUA REDE?Se a resposta for PÉSSIMA,

tenho uma informação importante. Um documento com propostas do usuário de internet brasileiro, levantadas em consulta popular, foi entregue ao comitê executivo da conferência NETmundial e o tema ganhou espaço no corpo do evento.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao documento, com os resultados da consulta realizada

por 27 dias na plataforma Participa.br, do governo federal, norteada pela pergunta “Que internet os brasileiros querem?” No total, foram registradas mais de 280 mil participações em diversas questões referentes à internet, como direito de acesso e privacidade. A página da consulta recebeu 210 mil visitantes durante seu andamento, segundo o Participa.br.

O crescimento das vendas de e-books no Brasil, no primeiro ano de atuação dos grandes players internacionais (Amazon, Apple, Google, Kobo), é maior que no mercado dos Estados Unidos na mesma situação.

Lá, em 2008, ano seguinte ao ingresso do Kindle no mercado, a venda de e-books representava 1,17% do total do mercado editorial no segmento “trade” (obras gerais, que não incluem didáticos, religiosos ou técnicos).

Em uma projeção para 2013 - dados oficiais devem ser divulgados em

agosto, alguns dias antes da Bienal Internacional do Livro em São Paulo - os e-books devem chegar a 2,5% do total do faturamento do segmento no mercado editorial brasileiro.

A projeção é da edição mais recente do Global E-book Report, relatório publicado periodicamente pela empresa de consultoria alemã Rüdiger Wischenbart (RW).

CRESCE VENDA DE E-BOOKS NO BRASIL

EXCLUSIVOS PARA SMARTPHONES

Muito comum no mercado de consoles, a exclusividade de títulos para uma plataforma de videogames pode se tornar uma realidade também no mundo dos jogos em dispositivos móveis. Segundo reportagem do Wall Street Journal, publicada dia 21/04, Apple e Google começaram a trabalhar com desenvolvedoras de games para que alguns dos melhores títulos dessas empresas cheguem primeiro em suas respectivas plataformas móveis - iOS e Android, respectivamente

Segundo o jornal, ambas as companhias estão oferecendo às desenvolvedoras lugares cativos nas lojas de aplicativos em troca da exclusividade, embora nenhuma das empresas comente o assunto.

Os games tem sido uma das categorias mais lucrativas dentro das lojas de aplicativos da Apple e do Google. Em 2013, 18 entre os 20 apps mais populares da loja virtual da Apple, a AppStore, eram games. Além disso, com a exclusividade, Apple e Google tentariam adicionar um diferencial na busca por mais clientes para os smartphones e tablets com seus sistemas operacionais.

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GutembergOliveira

É o que afirma o professor em direito do Ibmec-MG, Alexan-dre Bahia, em entrevista ao DCI - Diário Comércio, Indústria e

Serviços.O projeto foi aprovado em Brasília

dia 22/04 à toque de caixa em duas co-missões, de Constituição e Justiça (CCJ) e Ciência e Tecnologia (CCT), além do ple-nário do Senado Federal. Tudo para que Dilma pudesse sancionar o projeto no dia seguinte no NetMundial, evento que reuniu autoridades de países do mundo inteiro e discute como deve ser regulado o trânsito na rede.

Com a aprovação da lei, o Brasil pretende se posicionar como media-dor internacional de discussões sobre a isonomia na rede mundial de computa-dores. O especialista indica que alguns países da Europa contam com “algum tipo de regulação”, porém, o Brasil é pioneiro neste tipo de estabelecimen-to de regras, em uma ação que permite ao judiciário legislar sobre um territó-

rio considerado livre e sem lei, como a internet.

O papel central no debate sobre uma legislação mundial era exercido pelos Estados Unidos, mas o país ficou enfraquecido depois de denúncias de espionagem internacional, por parte de órgãos de inteligência e segurança de seu governo.

Ainda segundo o professor, os termos inclusos no Marco Civil dão garantias de que os provedores de in-ternet não distinguem a velocidade usufruída por consumidores que con-tratarem esse serviço, baseado no con-teúdo. Além disso, a nova lei assegura que os provedores deverão preservar os dados dos usuários, para averiguação de possíveis crimes cometidos na rede, ou para a proteção de dados e conteúdo pessoal.

“O Marco civil regulamenta a pre-servação dos dados: os provedores são obrigados a guardar os acessos. Isso pode ajudar na solução de crimes de injúria,

calúnia, difamação e qualquer tipo de ra-cismo”, afirma Alexandre Bahia.

A nova lei define também que anúncios do chamado marketing dire-cionado não poderão mais recolher o conteúdo de navegação para oferecer produtos que casem com o perfil, ou com as vontades dos usuários. “A lei veta que sites espionem o tipo de conteúdo que as pessoas acessam. Facebook e Google, ou com as empresas que vendem o tipo de acesso com o perfil do consumidor, não poderão mais fazer isso”, conclui o professor.

Os crimes de injúria, racismo ou exposição de conteúdo pessoal na redes já era regulamentado pela Lei Carolina Dieckmann, sancionada em 2012, quan-do a atriz que dá nome à lei, levou seu computador pessoal para o conserto e teve o conteúdo extraído e divulgado sem sua permissão.

Texto: Amauri Vargas Fonte: DCI

MARCO CIVIL, AVANÇO MUNDIAL

O Governo Federal prepara para agosto um novo leilão de frequên-cias para a telefonia ce-lular de quarta geração (4G). As novas licenças vão funcionar na faixa de 700 MHz, ocupada pela TV aberta analógica. Por

ser mais baixa que os 2 500 MHz que vêm sendo usados atualmente para a 4G, a nova faixa deve permitir uma cobertu-ra melhor, com menos antenas.

A faixa de 700 MHz é a principal da 4G nos Estados Unidos. Turistas que vêm de lá ainda não conseguem usar o serviço por aqui. A 4G americana fun-ciona na faixa que antes era ocupada

pela TV aberta analógica. No Brasil, o decreto presidencial com as regras da TV digital determinou que o sinal ana-lógico será desligado em 2016. Com a licitação, o governo propõe flexibilizar esse prazo, adiantando-o em cidades que tiveram transmissões digitais antes, como São Paulo, e atrasando-o em cida-des menores.

GOVERNO PROMETE MELHORAR COBERTURA 4G

O projeto do Marco Civil da Internet, aprovado pela presidente Dilma Rousseff dia 23/04, representa um avanço mundial do País, em relação à regulação da Internet

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INTERNET

A dona do cãozinho, Denise Do-orlag, de Michigan, nos Esta-dos Unidos, afirma que sem-pre ouve a mesma piadinha

“isso é um cão ou um cavalo”, ou “onde está a cela?”.

Zeus foi nomeado como o maior cão pelo Guiness World Records - O livro dos Recordes - como é conhecido no Brasil. Alguns dados sobre o cão são de assustar: Pesa mais de 70 quilos, e come um saco de ração de 14 quilos todos os dias.

Mas o cão faz jus à comparação, pois ele tem o tamanho de um burro,

cerca de 1,12 metro sentado e 2,2 metros de pé. É natural que as crianças pensam que ele é um cavalo.

Mas o posto de Zeus já está amea-çado. Cão de 2,1 metros, que ainda está crescendo, deve ganhar título de “maior do mundo” em breve.

O animal tem 18 meses e já destruiu 14 sofás na casa onde vive, em Essex, na Inglaterra. O nome dele é Freddy, tam-bém da raça Dogue Alemão. Em pé so-bre as patas traseiras, Freddy atinge 2,1 metros de altura. Da pata até a região da cernelha, o animal mede 1,04 metro.

ZEUS, O MAIOR CÃO DO MUNDO

O posto de maior cão do mundo tem um candidato. Ele é da raça Dogue Alemão, com um sugestivo nome: Zeus

FOTO: REPRODUÇÃO

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MUNDO ANIMAL

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Após estudar um fragmento de papiro conhecido como o “Evangelho da Esposa de Jesus”, que causou um alvo-

roço quando revelado por uma historia-dora da Escola de Divindade de Harvard em 2012, cientistas concluíram que a tinta e o papiro são muito provavel-mente antigos, e não uma falsificação moderna, informou o jornal New York Times, em sua edição do dia 10/04. Os resultados da pesquisa também foram publicados no periódico Harvard The-ological Review.

De acordo com o NYT, o ceticismo sobre o papiro é grande porque ele con-tém uma frase nunca vista nas Escritu-ras: “Jesus disse a eles, ‘Minha mulher (...)’”. O papiro também apresenta as pa-lavras “ela poderá ser minha discípula”, frase que inflamou o debate em algu-mas igrejas sobre se as mulheres podem ser sacerdotisas.

Segundo a reportagem, o fragmen-to de papiro foi analisado por profes-sores de engenharia elétrica, química e biologia das universidades de Columbia e Harvard e pelo Instituto de Tecnolo-gia de Massachusetts (MIT). Eles rela-taram que o documento parece com ou-tros papiros antigos, datados do quarto ao oitavo século.

Os resultados das investigações não provam que Jesus tinha uma es-posa ou discípulas, salientou o jornal, acrescentando, no entanto, que os es-

tudiosos concordaram que o fragmento é mais pro-vavelmente um trecho de um antigo manuscrito do que uma farsa. Karen L. King, a historiadora da Escola de Divindade de Harvard que tornou o papiro conhecido, já havia dito que ele não deve ser considerado como prova de que Je-sus se casou, mas sim de que os primeiros cristãos discutiam te-mas como celibato, sexo, casamento e dis-cipulado.

Contudo, nem to-dos concordam sobre o resultado da investiga-ção, salientou o jornal. O Harvard Theologi-cal Review publicou não só o artigo de Ka-ren e outros cientistas na edição do dia 10/04, como também uma re-futação por Leo Depuydt, professor de Egiptologia da Universidade de Brown, que declara o fragmento tão vi-sivelmente falso que “pare-ce pronto para uma esquete do (grupo de humor) Monty Python”.

VERDADEIRO OU FALSO?Cientistas apontam que papiro de “esposa de Jesus” não é falsificação moderna

NOVA POLÊMICA

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A idéia de uma esposa de Jesus não é inédita na tradição apócrifo copta. Outros textos, como o Evangelho de Filipe, falam do assunto. Muito já se disse sobre Jesus, verdadeiro ou falso. Mas nada conseguiu destruir a maior de todas verdades: Ele é amado e reina no coração da humanidade

O QUE DIZ O PAPIROPouco maior que um cartão de visita, o pedaço de papiro pertence

a um colecionador cuja identidade é mantida em segredo. O documento seria do século IV, segundo atestam importantes papirólogos.

Eis alguns trechos já traduzidos: “Jesus disse a eles: minha esposa” (quarta linha); “Ela será capaz de se tornar um discípulo (quinta linha); “Quanto a mim, eu moro com ela de modo que... (sétima linha).

À direita a historiadora de Harvard, Karen L. King, que fez o anúncio da descoberta do documento durante um congresso no Vaticano.

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ESPORTE ESPORTE

O BRASILEIRÃOE A COPA

Brasileirão vive ano atípico com a realização da Copa do Mundo. Veja a lista dos maiores campeões da história do campeonato

Lutando para se aproxi-mar das principais ligas de futebol do planeta, o Campeonato Brasileiro

terá um ano atípico em 2014. Não apenas pela paralisação de um mês e meio, que criará uma com-petição em duas etapas, mas tam-bém por conta de diversas vari-áveis diretamente relacionadas à realização da Copa do Mundo no Brasil. Desde o desafio de utilizar os novos estádios, até o risco de debandada de jogadores na aber-tura da janela de transferências internacionais, no segundo se-mestre.

Parar a disputa do Brasi-leirão durante a realização da Copa não é novidade, mas ago-ra, como o torneio acontece no Brasil, o tempo de paralisação é maior. A competição terá nove rodadas, até o dia 1º de junho, mas duas rodadas acontecerão já com a seleção brasileira treinan-do - Felipão reúne seus convoca-dos em 26 de maio. E é natural que as atenções do público e da imprensa estejam direcionadas para o Mundial.

Além da preocupação com a longa pausa, que pode atrapalhar aque-les que estão embalados e ajudar os que precisam se recuperar após nove roda-das, existe a ingerência natural do re-

sultado do Brasil na Copa. A tendência é que, em caso de título, o futebol bra-sileiro, como um todo, receba incentivo. Já um novo “Maracanazo” fatalmente afastaria o torcedor dos estádios - pelo

menos por um período logo depois do Mundial.

As arenas, aliás, serão um novo desafio para os clubes e gestores. Entre os 20 participantes do Brasi-leirão, 11 usarão estádios recente-mente reformados ou construídos - muitos deles por causa da Copa do Mundo -, incluindo aí o Palmeiras, que volta à divisão de elite no ano do seu centenário e promete inau-gurar o Allianz Parque no segundo semestre deste ano.

O Brasileirão será um ter-mômetro para os novos estádios, que podem aumentar considera-velmente a renda dos clubes ao mesmo tempo que podem gerar prejuízo e afastamento da torci-da, principalmente por conta de preços exorbitantes dos ingressos. Assim, projetos de sócio-torcedor passam a ter papel decisivo nas finanças das agremiações. No ano passado, Cruzeiro e Flamengo, res-pectivamente campeões do Brasi-leirão e da Copa do Brasil, se de-ram bem com o apoio da torcida.

Mas não é só na sombra da Copa que viverá a nova edição do

Brasileirão, que teve início dia 12 de abril e vai até o dia 7 de dezembro.

A competição do ano passado acabou no campo, mas ainda tem seus desdo-bramentos nos tribunais e nas rodas de conversa. Caberá ao Fluminense, be-

ESPORTE

Com Gilmar, Pepe, Coutinho e Pelé, Santos foi Campeão Brasileiro cinco vezes consecutivas

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Palmeiras de Leão, Luis Pereira, Leivinha e Ademir da Guia também fez história

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TORCIDA DO CRUZEIRO, CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2013

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neficiado pelo rebaixamento da Portu-guesa depois da punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desporti-va (STJD), tentar mostrar que merece, mesmo, continuar na divisão de elite.

EQUILÍBIROComo acontece desde 2003, o sis-

tema de disputa do Brasileirão será no-vamente por pontos corridos, com turno e returno entre os 20 clubes participan-tes - o que vai totalizar 38 rodadas. E a tendência é de muito equilíbrio, sem ne-nhum grande favorito já na largada.

Mesmo porque o campeonato terá claramente duas etapas, antes e depois da Copa do Mundo, o que pode mudar muito o equilíbrio de forças. Assim, quem começar o Brasileirão como favo-rito pode não ter mais a mesma condi-ção no segundo semestre, já que todos os clubes aproveitarão para treinar bastan-te durante a paralisação

A novidade deste ano é a forte pre-sença do futebol catarinense, agora com três representantes na elite: Figueirense,

Criciúma e Chapecoense. Ao todo, a dis-puta terá times de São Paulo, Rio, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco e Goiás.

Veja a lista dos clubes campeões do

campeonato brasileiro de 1960 a 2013, com destaque para Santos e Palmeiras. Ambos conquistaram o título oito vezes. São Paulo e Flamengo, levantaram a taça seis vezes.

LISTA COM TODOS OS CAMPEÕES DA HISTÓRIA DO CAMPEONATO BRASILEIRO:2013 - Cruzeiro (Minas Gerais)2012 - Fluminense (Rio de Janeiro)2011 - Corinthians (São Paulo)2010 - Fluminense (Rio de Janeiro)2009 - Flamengo (Rio de Janeiro)2008 - São Paulo (São Paulo)2007 - São Paulo (São Paulo) 2006 - São Paulo (São Paulo) 2005 - Corinthians (São Paulo) 2004 - Santos (São Paulo) 2003 - Cruzeiro (Minas Gerais) 2002 - Santos (São Paulo) 2001 - Atlético Paranaense (Paraná) 2000 - COPA JOÃO HAVELANGE:Vasco (Rio de Janeiro) 1999 - Corinthians (São Paulo) 1998 - Corinthians (São Paulo) 1997 - Vasco (Rio de Janeiro) 1996 - Grêmio (Rio Grande do Sul) 1995 - Botafogo (Rio de Janeiro) 1994 - Palmeiras (São Paulo) 1993 - Palmeiras (São Paulo) 1992 - Flamengo (Rio de Janeiro) 1991 - São Paulo (São Paulo) 1990 - Corinthians (São Paulo) 1989 - Vasco (Rio de Janeiro) 1988 - Bahia (Bahia)1987 - COPA UNIÃO (Módulo Amarelo): Sport (Pernambuco) 1987 - COPA UNIÃO (Módulo Verde): Flamengo (Rio de Janeiro)1986 - São Paulo (São Paulo) 

1985 - Coritiba (Paraná) 1984 - Fluminense (Rio de Janeiro) 1983 - Flamengo (Rio de Janeiro) 1982 - Flamengo (Rio de Janeiro) 1981 - Grêmio (Rio Grande do Sul) 1980 - Flamengo (Rio de Janeiro) 1979 - Internacional (Rio Grande do Sul) 1978 - Guarani (São Paulo)1977 - São Paulo (São Paulo) 1976 - Internacional (Rio Grande do Sul) 1975 - Internacional (Rio Grande do Sul) 1974 - Vasco (Rio de Janeiro) 1973 - Palmeiras (São Paulo) 1972 - Palmeiras (São Paulo) 1971 - Atlético Mineiro (Minas Gerais)1970 - TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA: Fluminense (Rio de Janeiro)1969 - TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA: Palmeiras (São Paulo)1968 - TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA: Santos (São Paulo)1968 - TAÇA BRASIL: Botafogo (Rio de Janeiro)1967 - TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA: Palmeiras (São Paulo)1967 - TAÇA BRASIL: Palmeiras (São Paulo)1966 - TAÇA BRASIL: Cruzeiro (Minas Gerais)1965 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo)1964 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo)1963 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo)1962 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo)1961 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo)1960 - TAÇA BRASIL: Palmeiras (São Paulo)

E le pode ser tradicional, justo, de modelagem ampla, cintu-ra alta ou baixa, de cor escu-ra, ou de lavagem clarinha.

Pode também ter estampas e borda-dos. Peça onipresente em qualquer guarda-roupa, seja ele casual, criativo ou clássico, masculino ou feminino, o jeans ganha cada vez mais espa-

ço na moda do dia a dia, seja com as modelagens contemporâneas ou com silhuetas mais alinhadas.

E qual a razão de a peça fazer tan-to sucesso? A personal stylist, estilista e professora de moda Andrea Muniz, explica que a versatilidade é um pon-to que conta muito a favor da popu-laridade do jeans. “É uma peça com

a qual é difícil errar, porque existem modelagens que caem bem em todo tipo de corpo”, afirma ela, que dá a dica. “Quem tem quadris largos deve optar pela modelagem reta ou flare. Prefira modelos sem lavagens e que não tenham muitos detalhes na região dos quadris”, diz Andrea. Já quem está acima do peso pode apostar em um

JEANS, SEMPRENA MODAO jeans é sucesso entre pessoas de diferentes estilos, idades e classes sociais há 164 anos

Todos os dias, a busca por conforto, estilo e

praticidade se associa ao nosso modo de vestir. Por isso, muitas vezes

optamos pelo bom e velho jeans, sempre

presente em todas as estações do ano

Garimpeiro usa Jeans, roupa para todos os gostos

FOTOS: REPRODUÇÃO

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MODA

“modelo de corte reto, de preferência em tom mais escuro.” Em caso de qua-dris estreitos, vale eleger “modela-gens que tenham pregas, como a calça cenoura e os modelos boyfriend. Pra quem tem pouco bumbum já existem modelos que ‘levantam’”.

MODA INVERNODepois de uma temporada de co-

res vivas, volta a predominar as nu-ances naturais, como verde-musgo, lima, coral e terracota no vocabulário jeanswear. A novidade fica por conta do processo de tingimento. Diferen-te da sarja tingida, o jeans do inverno é colorido por cima do índigo blue. O clássico azul, por sua vez segue como o favorito, tanto cru quanto em lavagens bem clarinhas. Variações de preto tam-bém já aparecem em algumas coleções.

Deve também chamar a atenção no inverno 2014 as construções de patchwork, que criam efeito color blo-cking. Na parte de estamparia, o desta-que fica por conta do camuflado, que aparece reinventado, com cores diver-sificadas que vão além do tradicional verde-militar. Nas calças, a modela-gem aparece cada vez mais justa, mas a flare ainda ocupa espaço nas araras e entra no guarda-roupa casual chic. A esportiva jogging também dá sinais no segmento em modelos com o gancho alongado e a tão criticada calça baggy retorna com um ar contemporâneo e ganha o nome de a nova ´boyfriend´.

O que os desfiles internacionais mostraram e as lojas confirmaram, é que o jeans não se restringe apenas a calças. A temporada fria também vai ter muitas camisas, coletes, saias, ca-sacos e vestidos em jeans. Há também quem invista no denim como tecido para as silhuetas de alfaiataria.

POR FERNANDO REBOUÇASLevis Strauss era um vendedor

de lona, assim como as ferramentas de exploração nas minas de ouro. No ano de 1850, a lona já estava presente em todos os cantos onde houvesse um operário, não havendo mais a quem vender. Com lonas encalhadas em seu estoque. Levis Strauss, percebendo que os operários das minas careciam de roupas resistentes, decidiu utilizar a lona como tecido de roupas de tra-balho mais resistentes.

Inicialmente, o alemão residen-te no oeste americano, confeccionou três peças de calças feitas a partir de suas lonas, a aceitação dos mine-radores foi positiva e imediata, pela durabilidade. A calça jeans mais co-nhecida inicialmente com jeanswear, estava incorporada ao gosto dos mi-neradores.

Há uma outra versão do surgi-mento do jeans, antes de Levi Strauss conceber o seu invento. Na cidade de Nimes, na França, uma calça com te-

cido e costura muito próxima do jeans já havia sido popularizada, a partir de uma indústria em Maryland, na Nova Inglaterra.

Seja em Maryland ou pelas mãos de Levi Strauss, o jeans teria nascido de um tecido marrom, depois emergi-do para a cor verde e finalmente para o tradicional “blue”. A partir das dé-cadas de 40 e 50, a roupa passou a ser incorporada no uso informal jovem.

O conceito de uso do jeans como símbolo de rebeldia jovem e despoja-da iniciou através do cinema, em fil-mes que tinham James Dean e Marlon Brando como símbolos de juventude. Nesta época, as marcas Levi´s, Lee e Mustang passaram a competir mais fortemente no mercado.

Calvin Klein, na década de 70, foi o primeiro estilista a trabalhar o jeans como tendência de moda nas passarelas. O jeans passou a ser di-fundido cada vez mais pela pratici-dade, simplicidade e estilo cômodo e moderno de uso.

HISTÓRIA DO JEANS

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NOVO PLANETAPODE TER VIDA

Outra Terra? Astrônomos da Nasa encontraram um planeta similar à Terra, e que habita seu sol em uma zona

onde poderia haver água líquida e talvez até vida

A existência de vida fora da Terra, um dos maiores mistérios para os seres hu-manos, nunca esteve tão

próxima de se confirmar. Cientistas anunciaram, dia 16/04, a descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar de tamanho similar ao da Terra e onde pode haver água em estado líquido na superfície. Isso significa que o planeta pode ser habitável.

A novidade reafirma a probabi-lidade de que haja planetas irmãos à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea. O trabalho, conduzido por um cientista da agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, foi publicado ontem na revista científica Science.

“É o primeiro exoplaneta (plane-ta que orbita uma estrela que não seja o Sol) do tamanho da Terra encontra-do na zona habitável de outra estrela”, explicou Elisa Quintana, astrônoma do centro de investigação da Nasa, que li-derou as investigações. “A descoberta é algo particularmente interessante porque o planeta, batizado de Kepler--186f, orbita uma estrela anã vermelha (a Kepler-186), menos quente do que o

Sol, em uma zona onde pode haver água líquida.”

De acordo com os cientistas, o pla-neta recém-descoberto tem 1,1 vez o ta-manho da Terra, está na quinta posição contada a partir de seu sol e precisa de 129,9 dias terrestres para dar uma volta inteira em torno de sua estrela - o equi-valente a um ano.

Já a estrela anã tem aproximada-mente metade do diâmetro do Sol e fica a 490 anos-luz da Terra. Essa zona é

considerada habitável porque a vida, tal como conhecemos, tem possibilidade de se desenvolver no local.

“Que a gente saiba, só existe vida aqui (na Terra). Então, estávamos pro-curando por um sistema exatamente como o nosso, ou seja, que tivesse um planeta do tamanho da Terra, localizado na zona habitável (com uma distância da sua estrela tal que a temperatura na superfície faça com que seja possível a existência de água) e que estivesse

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S: N

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FATO INCRÍVEL

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orbitando uma estrela parecida com o Sol”, explica Isa Oliveira, pesquisador de astrofísica e sistemas planetários do Observatório Nacional.

“Até hoje a gente só tinha conse-guido uma ou duas dessas coisas acon-tecendo ao mesmo tempo. Dessa vez, temos as três características juntas”, afirma. O professor de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kepler de Souza Oliveira Filho, ressalta a importância da desco-berta para a ciência. “(Esse planeta) é um bom candidato a ter vida. Tem um sistema planetário como o sistema so-lar e a estrela é um pouquinho mais fria do que o Sol, mas o planeta é um pouquinho mais perto da estrela do que a Terra. Ele estava sendo esperado há muitos anos. Não tínhamos capacidade técnica de encontrá-lo, e agora com-provamos que ele existe, sim”, salienta o professor.

A estrela que funciona como o sol desse sistema é a anã vermelha que, se-gundo a pesquisadora Isa Oliveira, re-presenta 70% das estrelas no universo. “É bastante excitante que isso ocorra ao redor de uma estrela tão comum. Dá es-

perança de que a ocorrência de planetas com vida seja bastante possível em outros locais no universo”, afirma.

“Pode ser que consigamos desco-brir muitos outros planetas mais pró-ximos, para que a próxima geração de telescópios possa observá-los melhor. Pode ser o começo de uma era bastante frutífera.”

LIMITAÇÕESEmbora as condições no Kepler-

-186f sejam propícias para a existência de vida, ainda vai demorar ao menos uma década para que os humanos con-firmem a informação. “O planeta tem o tamanho certo e a temperatura certa para ter água. Agora, se tem água, vamos ter de esperar ser medido o espectro dele e para isso deve levar ao menos 10 anos”, diz Oliveira Filho.

Segundo ele, esse é o tempo neces-sário para construir telescópios com tec-nologia adequada para fazer a medição. Isa concorda: “Sabemos que a tempera-tura está correta, mas, para existir água,

precisa ter atmosfera. Isso

é bastante complicado de confirmar por causa das limitações tec-nológicas que temos neste momento. O planeta está a quase 500 anos-luz de dis-tância, ou seja, é muito longe para confir-mar qualquer coisa a curto prazo”.

SEMELHANÇAEm agosto do ano passado, um pla-

neta pequeno e rochoso, apenas um pou-co maior do que a Terra, também havia sido descoberto. A diferença é que ele está muito mais próximo da estrela-mãe e, por isso, tem temperaturas infernais, de até 2,8 mil °C, além de um período orbital (tempo que o planeta leva para completar uma volta em torno da estre-la) rapidíssimo, de apenas 8,5 horas, em vez dos 365 dias que tem o ano terrestre. O exoplaneta Kepler-78b era considera-do até então o mais parecido com a Ter-ra que já tinha sido identificado, segundo dois estudos da revista Nature.

Texto:Mônica Reolom Fonte: Agência Estado

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VALESKA POPOZUDA,GRANDE PENSADORA?GRANDE PENSADORA?

Professor cria polêmica ao usar música da funkeira Valeska Popozuda em prova

Uma prova de filosofia de uma escola do Distrito Federal, em que a funkeira Valeska Popo-zuda era chamada de “grande

pensadora contemporânea”, foi parar nas redes sociais e criou polêmica. No texto, o professor Antônio Kubitschek pede para os alunos concluírem uma frase de uma música da cantora. Em uma entre-vista ao site do jornal Correio Brazilien-se, dia 08/04, o professor afirmou que a intenção era mesmo criar polêmica.

“O primeiro objetivo era mesmo criar uma polêmica com a imprensa,

porque em algum momento iria sa-ber dessa questão”, disse o profes-sor. “O outro objetivo era discutir a formação de valores e o papel da imprensa nessa formação de valores.” Kubitschek afirma que

os estudantes entenderam sua intenção, mas não sabia o que os

pais haviam pensado da prova.A imagem da prova apareceu

nas redes sociais com uma anotação a caneta do lado em que se lê: “É sério

isso?”. Nos comentários, a maior parte dos internautas critica a questão, mas alunos que fizeram a prova saem em defesa do professor. A maioria classificou a questão como uma “brincadeira” e afirmou que o resto da prova estava de acordo com o conteúdo dado em sala de aula e que Ku-bitschek os avisou que deveriam estudar o que estava no livro didático.

A questão causou, inicialmente, surpresa dentro da própria escola, mas

o professor garante que a secretaria da escola, o Centro de Ensino Médio 3, em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, entendeu sua proposta. A questão da criação de valores, segundo ele, vinha sendo discutida em sala de aula, assim como o papel da imprensa.

A surpresa maior não foi apenas pelo uso de uma música funk na prova - há um ano, a Universidade de Brasília chamou a atenção por incluir as mú-sicas populares Camaro Amarelo, da dupla Munhoz & Mariano, e Vida Loka parte II, dos Racionais MC, nas obras que poderiam ser pedidas em seu ves-tibular -, mas o fato do professor a ter chamado de “grande pensadora con-temporânea”.

Kubitschek, apesar de reconhecer que o fez para chamar atenção, defende a classificação. “Qualquer ser humano que consegue formar um conceito é um pensador. Ela tem formado conceitos, portanto a Valeska é uma pensadora”, defendeu, citando conceitos de filosofia moderna francesa.

Em sua página na rede social Fa-cebook, Valeska classificou a polêmica como “uma bobagem”. “Talvez se ele tivesse colocado um trecho de qualquer música de MPB ou até mesmo de qual-quer outro gênero musical que não fosse o funk não tivesse gerado tal problema”, afirmou.

Texto: Mariangela Galucci Fonte: Agência Estado

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COMPORTAMENTO

EDUCAÇÃO,UM DOS ITENS MAIS CAROS

O investimento em educação consome boa parte da ren-da familiar. De acordo com o estudo do banco HSBC, 83%

dos pais que utilizam a escola particular financiam a educação sozinhos e utilizam principalmente a renda própria (90%). A pesquisa também mostra que há pouco planejamento para o investimento edu-cacional: 67% dos entrevistados afirma-ram que deveriam ter começado a poupar ou planejar os gastos com os filhos mais cedo, informa o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição do dia 16/04.

“A maioria das pessoas não tem

noção de quanto custa manter um fi-lho estudando numa escola privada. É um valor alto e, por isso, precisa existir planejamento”, afirma Augusto Miran-da, diretor de gestão de patrimônio do HSBC. “Para esse âmbito educacional, a gente sempre tenta fazer com que o cliente diversifique essa parte num in-vestimento mais conservador.”

Nos últimos anos, o planejamento financeiro com os gastos na educação se tornou essencial no País por causa do aumento dos custos. Em 12 meses encer-rados em fevereiro, a inflação do item educação aumentou 8,72%, segundo o

Índice Nacional de Preços ao Consumi-dor Amplo (IPCA). No mesmo período, a inflação oficial foi de 6,15%.

“Educação é um dos itens mais ca-ros do orçamento familiar”, diz Mauro Calil, fundador da Academia do Dinhei-ro. Na avaliação dele, o ideal é que o pla-nejamento para esse tipo de gasto come-ce antes do nascimento da criança. “Mas essa não costuma ser a regra, e as pesso-as acabam tirando o dinheiro de outros lugares, como do lazer.”

Texto: Luiz Guilherme Gerbelli Fonte: Agência Estado

Falta planejamento para investir no futuro dos filhos, diz pesquisa

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ÍNDIO GALDINO,15 ANOS DEPOIS

Na época, ele foi condenado a passar por medidas socioedu-cativas pela morte do índio Galdino, um crime que chocou

o País por envolver filhos da classe mé-dia alta brasiliense. O caso foi revelado dia 24/04 pelo jornal Correio Brazilien-se.

Gutemberg, que na época tinha 17 anos, junto com outros quatro ami-gos comprou gasolina que foi despejada sobre o corpo de Galdino, que dormia numa parada de ônibus. Ele está na fase de sindicância de vida pregressa e ava-liação de sua conduta social. A direção da Polícia informou que o concurso ain-da não foi finalizado.

Apesar de terem cometido o ho-micídio triplamente qualificado e con-

denados a 14 anos de prisão em 2001, os quatro acusados à época maiores, Max Rogério Alves, Antônio Novely Vilano-va, Tomás Oliveira de Almeida, Eron Chaves de Oliveira, além de Gutemberg, não têm fichas criminais hoje. Pela lei, o crime praticado só é resgatado caso a pessoa condenada cometa nova infra-ção penal. Por isso, os cinco conseguem apresentar declarações de nada consta sem a informação de terem ateado fogo em Galdino, em 20 de abril de 1997.

A vítima era da etnia Pataxó Hã Hã Hãe, do sul da Bahia, e estava em Brasí-lia para participar das comemorações do Dia do Índio, festejado no dia anterior ao crime. Galdino não resistiu aos ferimen-tos e morreu cerca de 20 horas depois de dar entrada no hospital.

APÓS 23 ANOS, INSS INDENIZA IDOSA DE 107 ANOS EM GOIÂNIA

Após 23 anos de espera, uma mulher que agora tem 107 anos de idade vai rece-ber do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) uma indenização que plei-teou em 1991 junto mais de 800 aposen-tados. O valor a que Geralda Benedita Mo-rais, trabalhadora rural aposentada, tem direito atualmente é de R$ 10 mil por uma diferença da aposentadoria que era paga inferior ao salário mínimo - a disparidade é sobre resíduos de correção monetária e 13º salários.

A idosa, moradora de um barracão modesto no fundo de um lote em Trin-dade, na Região Metropolitana de Goi-ânia, em entrevista à TV Anhanguera, dia 24/04,falou que vai realizar o sonho de reformar a casa da frente do imóvel, onde deixou de morar porque as paredes foram condenadas, sob risco de caírem sobre ela. “Passou do tempo de me da-rem esse dinheiro”, comentou sobre a decisão, que saiu no dia 3. Já o montante, ainda deverá ser depositado em aproxi-madamente 60 dias.

Vários dos aposentados que entraram com a ação na mesma época já morreram. O advogado da idosa, Luiz Cordeiro, expli-cou que os aposentados na mesma con-dição dela, de trabalhadores rurais, con-quistaram, com a Constituição de 1988, o direito à integralidade do salário mínimo, mas precisaram recorrer ao Judiciário para receberem as diferenças. Na reporta-gem, o juiz da comarca, Éder Jorge, justifi-cou que eram mais de 870 aposentados na mesma ação, o que, devido aos inúmeros recursos apresentados pelas partes, atra-sou uma solução para a demanda.

Texto: Marília Assunção Fonte: Agência EstadoBrasília ganhou praça e memorial em homenagem ao índio Galdino

FOTO: MARCELO CASAL JR/ABR

Dona Geralda: “Passou do tempo de me darem esse dinheiro”

FOTO: REPRODUÇÃO

Condenado por atear fogo a um índio em 1997, Gutemberg Almeida Júnior disputa uma vaga para policial civil do Distrito Federal

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ACONTECE NO BRASIL

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Rachel Sheherazade: Polêmica, fama e um

novo programa

SHEHERAZADE DEVERÁ GANHAR PROGRAMA

Sem “papas na língua”, a ânco-ra do telejornalismo no SBT transformou-se em porta voz do sofrido povo brasileiro ao

relatar os problemas que afligem e re-voltam a nação. Recentemente ela cau-sou polêmica ao desafiar os defensores dos direitos humanos lançando ao vivo a campanha: “Faça um favor ao Brasil – Adote um bandido”.

Logo após a exibição de seu co-mentário, a jornalista recebeu diver-sas críticas nas redes sociais, passou a sofrer ameaças e, por isso, começou a andar com carro blindado e escoltada.

Mas a pressão não findou. Foi de-nunciada ao Ministério Público pela deputada federal Jandira Feghali (PD do B – RJ), por “apologia ao crime”.

Mesmo de férias, a jornalista in-comoda. Agora, além de Sheherazade, o SBT também está na mira da Justiça. Segundo a revista Veja, o também de-putado federal, Ronaldo Caiado, apre-sentou um requerimento chamando a jornalista a comparecer na Comissão de Segurança Pública da Câmara.

O deputado goiano, líder da ban-cada do DEM, quer saber se Rachel tem liberdade de expressão no canal, mes-mo tendo sido proibida de expressar sua

opinião sobre as reportagens exibidas no telejornal que apresenta.

PROGRAMA LIVREPara alegria de milhões de brasi-

leiros e ira de alguns (poucos), corre in-formações nos bastidores do SBT que Rachel Sheherazade vai ganhar um programa para expressar sua opi-nião livremente na emissora.

Adorada por Silvio Santos, que fez questão de mantê-la na emissora, Rachel participou recentemente do quadro “Jogo das 3 Pistas”, no programa do apresentador. No jogo, o “ho-mem do Baú” brincou com as polêmicas envolvendo Ra-chel. “Você fazia comentá-rios lá (na Paraíba) também? Não batiam em você? Não tinha ninguém que pertur-bava você?”, brincou o dono da emissora. Em resposta, a jornalista garantiu que não teve problemas no estado nor-destino, de onde saiu para ga-nhar fama no Brasil.

A jornalista Rachel Sheherazade, âncora do “SBT Brasil”, não terá mais liberdade para emitir opiniões. Mas deverá ter seu programa na emissora

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO

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A incidência de derrame au-menta com a idade avançada e o risco é particularmente mais alto em afro-america-

nos, indio-americanos e mulheres ido-sas. Entre os fatores de risco destacam--se: a hipertensão, a fibrilação arterial, a diabetes e o cigarro. Estudos recentes apontam também a apnéia obstrutiva do sono (AOS) como um fator de risco para o derrame cerebral.

Eles acreditam que haja essa associa-ção devido à mediação de respostas fisio-lógicas adversas aos períodos recorrentes de oclusão faríngea e de uma consequente dessaturação-ressaturação da oxihemoglo-bina. Essas respostas resultam em geração de radicais livres, liberação de mediado-res pró-inflamatórios e pró-trombóticos e surtos na atividade do sistema nervoso simático e da pressão arterial.

Estudos apontam que os estressores

relacionados a AOS, podem aumentar o risco de derrame cerebral por influen-ciar a oxigenação do tecido cerebral, alterando o fluxo sanguíneo cerebral e velocidade, e/ou alterando a auto-regu-lação vascular cerebral. O risco aumen-tado de derrame também pode ocorrer através de mecanismos não específicos à circulação cerebral, como o aumento das citocinas inflamatórias e das moléculas de adesão gerando a aterosclerose.

RONCO NÃO É SINÔNIMO DE SAÚDEAproximadamente 15,3 milhões de casos de derrame cerebral ocorrem anualmente em todo o mundo e, em torno de 1 terço desse número, os casos são fatais

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SAÚDE

A apnéia obstrutiva do sono (AOS) pode ser descrita como uma condição caracterizada por obstrução repetida das vias aéreas superiores resultando em dessaturação do oxi-gênio e ao ato de acordar durante o sono, ronco alto e aumento no tem-po do sono. Além disso, a AOS está relacionada com um maior risco de doenças cardiovasculares, obesidade e intolerância à glicose. Estudos com exercícios demonstraram uma me-lhora no sistema respiratório após a atividade física.

Estudos têm demonstrado que uma atividade física regular reduz a severidade dos sintomas da AOS atra-vés da queda do peso corporal e/oupor exercer efeitos positivos nos músculos respiratórios (melhorando o tônus) e na suficiência da respira-ção (habilidades ventilatórias).

As melhoras nos parâmetros de sono decorrentes do exercício físico regular resultam em um aumento na capacidade funcional, contribuindo para uma melhora na capacidade do exercício. A queda no tempo de sono durante o dia com um aumento no nível de atividade física tem de-monstrado melhorar a qualidade de vida, especialmente a vitalidade e o desempenho físico.

O ronco é um ruído provocado por estreitamento ou obstrução nas vias respiratórias superiores durante o sono. Esse estreitamento dificulta a passagem do ar e provoca a vibração dessas estruturas. Pode ser classifica-do como patológico quando ocorrem grandes vibrações e ruído intenso.

As causas podem ser a flacidez nos músculos da boca e da garganta; amídalas e adenóides hipertrofiadas; desvio do septo; pólipos no nariz; pala-to em forma de ogiva; rinite, sinusite e obstruções nasais; palato mole e úvula aumentados; queixo retraído e enve-lhecimento. Pode, ainda, ser sintoma da síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), patologia caracterizada por pa-rada respiratória com duração de pelo menos dez segundos nos adultos, e dois ou três segundos nas crianças.

Entre os fatores de risco desta-

cam-se: pescoço mais grosso e mais curto; obesidade; ingestão de bebi-das alcoólicas; uso de remédios para dormir ou de calmantes; dormir em decúbito dorsal; excessos alimentares antes de dormir; refluxo gastroesofá-gico e tabagismo. A apnéia do sono já pode ser considerada um problema de saúde pública, pois é uma doença frequente e com alta taxa de morta-lidade, devido ao aumento do risco de hipertensão, derrame cerebral, infarto do miocárdio, acidentes de trânsito (em razão da sonolência ex-cessiva provocada pelas noites mal dormidas), entre outros problemas. O objetivo de tratar o ronco é fazer com que as vias respiratórias sejam deso-bstruídas. Em muitos casos, o simples emagrecimento faz com que a doença desapareça e em outros é necessária a intervenção cirúrgica.

PROBLEMAS DO RONCO

EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO RONCO

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OS BENEFÍCIOS DA CEREJAA cereja é uma fruta suculenta de cor vermelha originária da Ásia e rica em nutrientes

A cereja compreende mais de 100 espécies sendo as mais conhecidas a cereja doce e a cereja amarga. É rica em

frutose e glicose, compostos fenólicos (principalmente a amarga), vitaminas do complexo B, A, C, E e K e alguns caro-tenóides, em particular o beta-caroteno e, em menores doses, a luteína e a zea-xantina. Contém ainda, cálcio, magnésio, fósforo e potássio.

O processo de amadurecimento da cereja, assim como de outras fru-tas vermelhas, consiste no acúmulo de compostos fenólicos como as an-tocianinas e a degradação da clorofi-la. Entre os flavonóides destacam-se a

catequina, a quercetina e o kaempferol As antociani-nas e as vitaminas A, C e E

conferem a ela um alto po-tencial antioxidante, dimi-

nuindo o processo oxidativo e prevenindo contra doenças

crônicas como as

cardiovasculares, diabetes, câncer e obesidade. Além disso, ajudam a au-mentar a atividade antioxidante das enzimas naturais do organismo como a SOD e a GPX e diminuem a peroxida-ção lipídica.

Estudos têm demonstrado que o consumo de cereja inibe as vias inflama-tórias através da diminuição dos níveis séricos de proteína C-reativa (PCR) e do óxido nítrico em pessoas saudáveis Ní-

veis elevados de PCR são um dos indica-dores mais importantes de inflamação e fator de risco significativo para doenças cardiovasculares. Os compostos fenóli-cos exercem ação antiinflamatória dimi-nuindo as citocinas inflamatórias, como as COXs e a TNF-alfa. As antocianinas possuem efeito anticarcinogênico, pois ajudam na fase 2 da detoxificação ini-bem a mutagênese e a proliferação das células cancerígenas.

BENEFÍCIOS DA CEREJA NA PELEA cereja é uma fruta que, quando

consumida in natura, tem proprieda-des refrescantes, diuréticas e laxati-vas, e por ser rica em ácido salicílico é indicada no tratamento e combate ao reumatismo, gota, artrite e redução do ácido úrico. Com altas concentra-ções de antocianina, a cereja fresca é considerada um anti-inflamatório na-tural, prevenindo inflamações e com-batendo o envelhecimento precoce.

A exposição à ra-diação solar UV é um fator

crucial para o inícios de inú-meras desordens cutâneas, como

o aparecimento de rugas, marcas de expressão, ressecamento, câncer e anormalidades de pigmentação. Os polifenóis, como a antocianina, possuem atividade antioxidante, an-

tiinflamatória e imunompduladoras ajudando na prevenção dessas desor-dens. Com relação ao câncer, elas au-xiliam na sua prevenção e tratamento, pois inibem a sua proliferação e au-mento de tamanho.

A maioria dos polifenóis, como a antocianina, são pigmentos e po-dem absorver a radiação UV. Por-tanto, quando aplicados topicamen-te, podem prevenir a penetração da radiação na pele. Essa habilidade dos polifenóis de atuarem como proteto-res solates, pode reduzir a inflama-ção, o estresse oxidativo e os efeitos dandosos ao DNA decorrentes da ra-diação UV sob a pele. A ação antio-xidante e antiinflamatória contribui para a prevenção do envelhecimento precoce.

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NUTRIÇÃO E BOA FORMA

BENEFÍCIOSDO MARACUJÁ

Maracujá, nome popular dado a várias espécies do gênero Passiflora vem de maraú-ya, que para os indígenas signi-

fica “fruto de sorver” ou “polpa que se toma de sorvo”. Cerca de 90% das 400 espécies deste gênero são originárias das regiões tropicais e subtropicais do globo, sendo o Brasil o maior produtor mundial. Frutas e vegetais contêm subs-tâncias com efeito protetor, e estudos in vitro e in vivo mostram que estas subs-tâncias protetoras podem inibir vários estágios do processo de carcinogênese, devido a presença de substâncias antio-xidantes como a vitamina C, vitamina E, carotenóides e flavonóides.

A casca de maracujá é rica em fibras solúveis, principalmente pectina, que ao contrário da fibra insolúvel (contida no farelo dos cereais e que pode interferir na absorção do ferro) a fibra solúvel pode auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares e gastrointestinais, câncer de colón, hiperlipidemias, diabetes e obesidade, entre ou-tras. A casca do maracujá é também rica em vitamina B3, ferro, cálcio, e fósforo. As sementes do maracujá são consideradas boas fontes de ácidos graxos essenciais que podem ser utilizados nas in-dústrias alimentícias e cosméticas.

Os flavonóides presentes no mara-cujá, apresentam vários efeitos biológicos e farma-

cológicos, incluindo atividade antibac-teriana, antiviral, anti-inflamatória, an-tialérgica e vasodilatadora. Além disso, pesquisadores afirmam que o maracujá ajuda na melhora dos sintomas de an-siedade por ter propriedades sedativas e anti-espasmódicas.

Texto: Joyce Rouvier Fonte: Agência Estado

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(*) Francisca Paris

Se você perguntar para alguém qual é a sua opinião sobre men-tir, certamente ele dirá que é contra e que não mente. Mas

será que é verdade? Claro que há brinca-deiras saudáveis em relação a isso, como às pegadinhas às quais estamos acostu-mados especialmente no dia 1º de abril. O Dia da Mentira surgiu na França e veio para o Brasil em 1848. Em 1º de abril des-te ano, veiculou-se em Pernambuco que D. Pedro havia falecido, informação que era mentirosa e foi desmentida no dia seguinte.

O problema não é brincar nesse dia, mas quando a mentira vira um hábito. Muitos não refletem sobre a intenção ou o ato propriamente de enganar e acham que uma mentirinha não faz mal a nin-guém. Porém, quando se é pai ou respon-sável pela educação de uma criança, é importante analisar quais os efeitos que a falta da verdade podem provocar, seja ela grande ou pequena.

Infelizmente, a mentira está arrai-gada em nosso cotidiano. Ela está cada vez mais presente no meio político, por exemplo, em que escândalos aparecem quase que diariamente e, mesmo haven-do as provas dos crimes, os culpados in-sistem em mentir e negar. Quando não ocultam, transferem a culpa ou até tiram proveito da situação. E, vendo que con-seguem se sair bem, se habituam a isso, aproveitando-se da conveniência de não ter que encarar a realidade dos fatos.

Mesmo sendo instruídas a não men-tir, observamos que as crianças acabam usando desse artifício para tentar fugir de um castigo ou uma bronca. E fazem

isso porque seguem os padrões daqueles com quem convivem. Isso significa que de nada adianta ensinar um pequeno a não mentir se quem o educa faz o con-trário. Pais e responsáveis precisam dar o exemplo, pois os filhos os observam sempre e tendem a reproduzir as mes-mas atitudes, tal qual um espelho reflete a imagem a sua frente.

De acordo com um estudo feito por um professor de psicologia da Univer-sidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, em geral as pessoas contam três mentiras a cada dez minutos. A pesquisa revela, ainda, que é comum se recorrer a inverdades para manter um bom con-vívio social. Isso acontece, por exemplo, nos diálogos mais simples, como a clás-sica sequência: “Oi, tudo bem?”, “Sim, vou bem e você?” e “Estou bem também, obrigada”. Essas respostas não signifi-cam que o interlocutor esteja realmente bem, mas a afirmação de que tudo está nos conformes serve para evitar ter que revelar algo indesejável de sua vida par-ticular ou profissional. Afinal, ninguém quer ouvir lamúrias logo no começo de uma conversa, especialmente se elas vierem de alguma pessoa com quem não se tem muita intimidade.

É claro que não estou aqui defen-dendo que todos sejamos os “super-sinceros”, porque isso traria enormes conflitos sociais. Seria realmente difícil conviver se todos dissessem tudo o que se passa em suas cabeças, sem o menor filtro. Isso, certamente, traria chateações e tristezas, porque nem todos querem ouvir que aquela roupa não caiu bem ou que a pessoa é muito irritante ou inopor-tuna. Isso guardamos para aqueles com

quem temos mais proximidade.Mas, se a verdade dói e assusta em

um primeiro momento, ela traz alívio e conforto depois. A mentira não traz re-fresco para quem a conta, já que ela não se resolve por si só. Ela também dói, só que de outra maneira, porque sufoca e não permite a expressão verdadeira. Além de dar muito trabalho, claro! Isso porque muitas vezes é preciso construir todo um castelo de mentiras para prote-ger uma única falsidade, o que desperdi-ça muita energia e gera um eterno estado de tensão, porque se cria a necessidade de manipular a tudo e a todos eterna-mente. É muito mais fácil falar logo a verdade!

Um dos diferenciais do ser humano em relação aos animais é a capacidade de conseguir prever as consequência dos seus atos. Então, ao evitar ser verdadei-ro, a pessoa pensa que está fugindo das sequelas, mas elas aparecerão, cedo ou tarde. Não podemos deixar que o ludi-briar seja parte do cotidiano, pois por pior e mais dura que seja a verdade, ela deve prevalecer.

O ideal é não mentir, nem por brin-cadeira, mas também não sou radical em relação a isso. As pegadinhas podem ser saudáveis e bacanas, porém é sempre importante lembrar o quanto o respeito e o cuidado com o outro são essenciais, de forma a evitar que alguém saia preju-dicado. Então não há problemas em “sair da linha” um único dia se, no restante do ano, se reforçar o mal que se causa ao roubar, fingir e mentir.

 (*) Francisca Paris é pedagoga, mestra em educação e diretora de

serviços educacionais da Saraiva

REFLEXÕES SOBRE A MENTIRA

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OPINIÃO Francisca Paris

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está escrevendo uma nova história para os goianos.

Com programas sociais inovadores, o

Governo de Goiás

Mais de 151 mil jovens atendidos até o fim do ano.

BolsaUniversitária

Meio milhão de goianos profissionalizadosaté o final de 2014.

Bolsa Futuro

Auxílio para compraralimentos, material escolar e remédios.

RendaCidadã

Transporte público gratuito para estudantes.

Passe Livre Estudantil

Refeições saborosas e nutritivas por 1 real.

Restaurante Cidadão

Mais de 62 mil casasem construção ou contratação.

Cheque Mais Moradia

Nas oito unidades do Restaurante Cidadão, cerca de 11.300 refeições são servidas diariamente.

Com o Cheque Mais Moradia, milhares de casas já foram entregues em todo o Estado.

Através do Bolsa Futuro, meio milhão de goianos estarão profissionalizados até o fim de 2014.

Até o final do ano, o Bolsa Universitária terá ajudado mais de 151 mil jovens a cursar uma faculdade.

O Renda Cidadã auxilia 58 mil famílias goianas a comprar alimentos, material escolar e remédios.

Com o Passe Livre Estudantil, todos os estudantes da Região Metropolitana terão passagens gratuitas.