OLÍVIA BOBSIN In Memoriam

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  • 7/28/2019 OLVIA BOBSIN In Memoriam

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    OLVIA BobsinBOBSINHomenagem Pstuma 10.06.2013

    Elio E. Mller

    Olvia Bobsin, em foto de 2012.

    FOLHETO POPULAR

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    O templo que marcou a infnciae a mocidade de Olvia.

    Olvia nasceu em 23.03.1934. O templo da Comunidade Evanglica de TrsForquilhas era ainda o chamado Templo de Pedra construdo pelo pastor CarlosLeopoldo Voges, que havia sido inaugurado em 1853.

    Olvia foi batizada ali, ali foi confirmada e ali mais tarde casou.

    Existem poucas imagens deste templo de pedra que em 1966 foi demolido, para darlugar a um templo mais moderno.

    Olvia me contou: - Eu lastimei quando derrubaram as paredes to solidas, de

    pedras que os pretos fabricaram, nas pedreiras da Bananeira. Perguntei para o meu pai,pelo motivo de no deixarem o velho templo, para construir o novo do lado?.

    E ela concluiu: - Papai explicou que os construtores e o novo pastor desejavamaproveitar o local do templo antigo, que era, na poca, o nico terreno que a Comunidadepossua....

    Foto do templo de pedra, construdo pelo pastor Voges.Esta foto foi batida do lado da casa pastoral que era do pastor Voges

    e onde residia, na ocasio, o escrivo Alberto Schmitt.

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    PESSOAS QUE MARCARAM A INFNCIADE OLVIA BOBSIN.

    Professor Justino e Dona Lpia Tietboehl.Olvia, desde a primeira infncia, j acompanhava o pai aos ensaios do Coral, e, assim,

    se familiarizou com o coral e com a participao nos cultos.

    Ela enfatizava: - O meu maior prazer era de estar no meio dos cantores. O dia mais felizde minha vida foi no dia em que o Mestre Justino me convidou para integrar

    o Coral da nossa Igreja.

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    Pastor Augusto Ernesto Kunert 1949 a 1956.Olvia Bobsin comentava: - Tive a minha mocidade marcada pelo pastor Kunert.

    Ele vinha pelo menos duas vezes por semana at a nossa casa, para buscar aipimpara as vacas leiteiras dele. Era interessante ver que ele amarrava

    dois sacos de estopa um no outro, o jogava sobre as ancas do cavalo,firme atrs da sela e ento, passava a encher os sacos

    com razes de mandioca.Depois montava no animale galopava rumo casa dele.

    Depois acentuava: - Mas melhor era ir aos cultos para escutar as pregaes dele, pois,ele falava forte e claro e, assim era fcil de entender as explicaes que ele fazia

    sobre os assuntos da Bblia.

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    Mestre Justino Tietboehl traduziu hinosao portugus.

    Olvia guardava com carinho os seus cadernos contendo os hinos do Coral daIgreja, produzidos no tempo da II Guerra Mundial, pelo professor Justino Alberto Tietboehl.Na poca eles estavam sem pastor, pois o velho pastor Gustav Schreiner havia sido presoe levado embora, fora.

    Olvia explicou que a tarefa mais difcil para os cantores era a de levar o consolopara os enlutados na hora dos velrios ou dos enterros e explicou: - O professor Justinoproduzio dois hinos que pareciam alcanar melhor o corao dos enlutados para levar-lheso conforto de Jesus.

    Ela mostrou-me os dois hinos que reproduzimos seguir.

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    Perguntei para Dona Olvia: - Qual desses hinos era o preferido dos enlutados?;

    Olvia explicou: - Acho que era o VOU PARTIR... Sim este era o hino preferido detodos. Quando ns do Coral comevamos a cant-lo o silncio era bem maior.

    Eu ento quis saber: - Mas e quando o pastor Kunert chegou, ele manteve autilizao desses hinos?;

    Olvia respondeu: - Enquanto o mestre Justino era vivo, at 1952, ele noperguntava ao pastor se ele gostava ou no dos hinos que o coral cantava. Depois damorte do nosso regente do coral, o pastor Kunert s ficou mais uns trs anos e no mudouabsolutamente nada, pois o coral passou para a regncia da Luisa Antonieta Schmitt,sobrinha do professor Justino.

    Eu tive que sorrir, pois a regente do Coral, na minha poca ainda era a LuisaAntonieta Schmitt, agora apenas casada, com Albino Blehm. Ela escolhia os hinos para osvelrios e ofcios fnebres e fatalmente incluia estes dois hinos: Vou Partir e L no Cu,

    mesmo que as letras eram, no meu entender, fracas no contedo, conforme a nossacompreenso evanglico luterana.

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    Os pais de Olvia.

    EUGENIO BOBSIN e LYDIA PORTO BOBSIN.

    Os pais de Olvia foram muito dedicados e amorosos com os filhos,dando-lhes uma boa formao no lar.

    O ponto alto na vida familiar deles era o engajamento na vidacomunitria (eclesial) e social do povo do vale do rio Trs Forquilhas.

    A me de Olvia trazia nas veias o sangue dos ndios caingangues,,atravs dos ancestrais da famlia Porto.

    J atravs dos Silva ela trazia uma mescla do escravo africano na cruzacom ndios caingangues.

    Para validar as informaes concedidas pela tradio oral a respeito dasorigens de Olvia Bobsin, seria interessante, um dia, realizar exames de DNA,para elucidar eventuais dvidas e validar a informao da presena de genes

    europeus (alemes e portugueses), indgenas e africanos, que tiveramcruzamento em matrimnios, na poca, chamados de inter raciais.

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    O marido de Olvia.

    OLVIA BOBSIN casou com OLCIO BOBSIN.

    Eles no eram primos irmos conforme pessoas conversadeiras andaramespalhando. Quando cheguei a Itati - RS fiz um levantamento genealgico

    tanto de Eugnio Bobsin bem como de seus filhos e filhas, a pedido deles.

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    Ficou claro que Olvia e Olcio eram apenas parentes. Era preciso verque os Bobsin j estavam na quinta gerao no Brasil.

    A pesquisa a respeito das razes de Olcio Bobsin tambm foi muito

    reveladora.

    Constatei que Olcio era descendente do ndio Manoel Santos, tidocomo um ndio guarani que, quando criana havia sido trazido das Misses,para serem escravos no Presdio das Torres.

    O pai de Manoel, o Esteban dos Santos teve a sorte de ser escolhidopara servir como soldado na guarnio militar sob o comando do TenenteCoronel Paula Soares, diretor da Colonizao Alem. Desta maneira ManoelSantos conseguiu frequentar a escola para ser alfabetizado e terescolarizao bsica.

    Manoel Santos, na poca da Guerra dos Farrapos foi integrado aoefetivo militar de Torres e, com outros, enviado para compor a PatrulhaSerrana, colocada junto Serra do Pinto, no vale do rio Trs Forquilhas.

    Manoel Santos conheceu a enteada do seu comandante SargentoStrach e com ela casou, diante do pastor Voges.

    A esposa de Manoel dos Santos trazia nas veias o sangue dosvalorosos Menger pois era uma meia irm do Joo Patrulha Menger,companheiro de Manoel dos Santos, tambm integrante da Patrulha Serrana.

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    Os filhos de OLVIA e OLCIO.

    Oneide Bobsin Gensio BobsinAtual Reitor da Escola Superior de Teologia Pastor da IECLB

    da IECLB So Leopoldo - RS

    O grande orgulho do casal passou a residir no fato que ambos os filhosseguiram a profisso eclesistica tornando-se pastores da Igreja Evanglicade Confisso Luterana no Brasil IECLB.

    Olvia no perdia oportunidade para contar sobre a vocao de seusdois filhos ao pastorado.

    Ela acentuava: - O Oneide me surpreendia desde pequeno, pois, aindacriana j queria sair do meu lado, do coral dizendo: < vou l fazer aleluiacom o pastor > .

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    As noras de Dona Olvia.

    Maria Ledi Bobsin Dona Olvia Marilene Loss Bobsin,

    Olvia dizia: - Eu sou uma mulher afortunada, pois, Deusconcedeu-me duas noras to queridas e de grande valor.

    Olvia destacava que as noras eram mulheres independentes quesabiam contribuir para a realizao da misso assumida pelosrespectivos maridos, como casais engajados, dedicados ao exerccio dopastorado na Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.

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    Dona Olvia rodeada por filhos, noras,netos, sobrinhos e cunhada.

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    Os nossos vnculos com Olvia e Olcio Bobsin.

    Na foto de 1972, no dia do batismo do meu filho Carlos Augusto.Entre os padrinhos constaram Olcio e Olvia Bobsin, postados direita.

    A minha esposa Doris Voges Bobsin era filha de Emlio Bobsin, um primo deEugnio Bobsin, pai de Olvia.

    Os Bobsin mantinham, em geral, vnculos muito fortes, de solidariedade familiar,para a prtica de um auxlio mtuo nas mais diferentes dificuldades que lhessobreviessem.

    Herdei, atravs do casamento com Doris este vnculo solidrio e familiar que reinavaentre os Bobsin. Certamente foi por este motivo que escolhi Eugenio Bobsin e sua esposaLydia Porto Bobsin para servirem de padrinhos do meu casamento com Doris.

    Eugenio Bobsin parecia um pai adotado que no perdia de vista a minha situaodiante da tarefa pastoral e, em inmeras ocasies, me socorreu sem mesmo que eusolicitasse e s vezes descobrindo os fatos meses depois.

    A minha admirao por Eugenio Bobsin cresceu e se estendeu para os seus filhos enetos, passando eu a estar atento na postura solidria, para ajudar e socorrer sem sersolicitado.

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    Na verdade esta solidariedade no era egosta mas se direcionava a todas asfamlias do vale do rio Trs Forquilhas, independente do fato de serem dos Bobsin ou no.

    Os meus vnculos com Olcio e Olvia, na verdade j vinham desde 1969, quando, ainda

    solteiro, assumi o pastorado de Trs Forquilhas e fui morar naquela enorme casa pastoralantiga, que havia sido construda para ser a residncia dos pastores alemes.

    Eu tive diante de mim, alm da casa, diversos hectares de terra. Era uma terra muitoboa e quase toda ela cultivvel. Eu no tinha a mnima possibilidade de dar ateno para ainstalao de lavouras pois alm de estar iniciando uma atividade nova, no exerccio dopastorado, tinha que dar ateno alm da igreja na sede, para mais 21 comunidades filiaise pontos de pregao.

    Arrendei ento as terras de lavoura que estavam minha disposio para Olcio Bobsin.Ele plantou soja, milho, aipim, feijo, arroz sequeiro, batata doce e cana de acar.

    Em junho de 1970 ele veio e quis me fazer a entrega da tera parte de produtos por eleconhidos, dizendo que isso era de praxe, numa parceria agrcola. Respondi que eu notinha como utilizar tais produtos e nem disposio para sair e coloc-los venda.

    Quando em dezembro de 1970 casei com Doris ele retornou e falou: - Agora voc teruma famlia e ir necessitar de alimentos.

    Ele me deixou um saco de arroz e uma lata de feijo, talvez de saco. A Doris ficouespantada, porm feliz de podermos contar, na dispensa, de arroz e feijo para muitotempo, meus alimentos prediletos, pois sem feijo com arroz, para mim, um almoo noest completo.

    Falando sobre Olcio e Olvia, quando nasceu o nosso primeiro filho, decidimos que essecasal seria nossos compadres, como padrinhos do Carlos Augusto. Vejo nesse fato umexemplo de relaes que vo se estreitando e que unem pessoas num caminhar comum ede apoio mtuo.

    Quando do falecimento da me da Doris que ocorreu antes de minha chegada a Itati,pois ela foi sepultada na manh do dia 17 de dezembro de 1969 e eu cheguei s quatrohoras da tarde daquele dia. Encontrei uma comunidade enlutada pois a falecida Celina

    havia sido a 1 presidente do grupo de senhoras, OASE, e ficou nesta funo durante 10anos. Havia a necessidade de uma senhora que assumisse essa liderana do grupo. E aescolhida para se candidatar foi Olvia Bobsin que, eleita por unanimidade de votos,passou a conduzir este valioso trabalho em nossa Comunidade.

    Olvia, semelhante a Ldia Porto Bobsin, me dela, era uma mulher firme e muitohumana, firmada na f em Cristo e corajosa para dizer e fazer, diante das tarefas eservios que precisavam ser realizados. Olvia revelava um grande amor Igreja e pelaspessoas e serviu assim de elo firme e muito confivel para que a revovao da lideranacomunitria se concretizasse de forma segura e tranqila.

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    Olcio e Olvia Bobsin, diante do templo da IECLB em Itati.

    Olcio e Olvia desempenharam, assim, um importante papel ao meu lado e de Dorispara que o desempenho da tarefa pastoral tivesse uma boa continuidade, numa poca

    bastante difcil. Poder algum dizer: < Todos os tempos so difceis, pois cada tempo vemcom suas dores e problemas >.

    Diante disso devo esclarecer que existem momentos que so mais difceis do queoutros, principalmente quando ocorre uma transio, seja na esfera pessoal, familiar,comunitria ou mais ampla no cenrio scio poltico.

    E para mim, em 1969, todas estas reas estavam apresentando uma conjuno deinmeras dificuldades: a) - Na rea pessoal, eu vinha inexperiente, jovem e despreparadopara a enorme misso que estava alm das minhas foras e capacidade e, eu tinha quedar conta da tarefa. b) - Na rea familiar, eu era um homem solteiro, longe dos familiares,vivendo num meio desconhecido. Afinal, eu nem sabia da existncia do vale do rio TrsForquilhas at o dia em que o pastor Augusto Ernesto Kunert me avisou: - Voc ir paraTrs Forquilhas. c) Na rea comunitria estava de sada o pastor Ernesto Fischer queaposentado iria me entregar o cargo pastoral no dia 1 de janeiro de 1970. A OASE estavaacfala pelo falecimento de Celina Voges Bosbin. O Presbitrio iria receber novospresbteros no dia 1 de janeiro de 1970. d) Na rea scio-poltica o municpio de Osrio,em outubro de 1968, foi declarado rea de Segurana Nacional e recebera um Interventorpara exercer o cargo de Prefeito. No distrito de Itati, tambm foi substitudo o Sr. EugenioBobsin que durante inmeros anos atuara como Sub-Prefeito e foi sucedido pelo Sr. NestorBecker.

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    Enumero estes itens para mostrar essa conjuno to ampla de dificuldades que

    somadas traziam um verdadeiro bice (BICE * = fato ou circunstncia que pode impedir arealizao de um ato ou a consecuo de um objetivo. Sinnimos de bice: empecilho, obstculo;dificuldade, impedimento) que para muitos incrdulos era visto como intransponvel e semcondies de ser enfrentado por um lder jovem e inexperiente, como era o meu caso.

    (Fonte: Livro OS PELEADORESpginas 406 a 409 autor Elio Eugenio Mller).

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    A ltima foto de Olvia que eu bati.

    OLVIA BOBSIN (in memoriam).