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FICHA DE TRABALHO DE PORTUGUÊS SOBRE GRAMÁTICA Lê o texto com atenção e seleciona, para cada item, a única opção correta: Manuel Halpern, “O Mural de Pessoa” 5 10 15 20 25 Se no tempo de Fernando Pessoa houvesse Facebook, então é que a arca nunca mais acabava. E os pessoanos estudariam cada like, com afinco, procurando as motivações literárias e as personalidades escondidas naquele gesto espontâneo. E as partilhas. Talvez aquela Oração que circula por aí, da Banda Mais Bonita da Cidade, lhe despertasse os sentidos, ou pelo menos a um dos heterónimos. Ai, se a equipa do Mark Zuckerberg descobrisse os heterónimos iria logo classificá-los como perfis falsos, e lá se ia o mural do Álvaro de Campos. Talvez não dessem por nada. E só anos mais tarde os pessoanos mais aplicados encontrariam um perfil falso sem amigo nenhum, mas pessoanamente genial. Sim, o Álvaro de Campos seria o mais torrencial. Partilhas em catadupa, remissões para o blogue, momentos de grande euforia e habilidade informática. O Ricardo Reis publicaria, rigorosamente, um post por dia, e só aceitaria amizade de pessoas com quem privasse. O Alberto Caeiro não seria informaticamente dotado, mas até acharia graça à coisa. O Bernardo Soares gostaria mais do Twitter. Nenhum deles teria cinco mil amigos, nem mesmo o Fernando Pessoa ortónimo, sobretudo por uma questão de timidez, apesar de passar demasiado tempo no chat com Ofélia. Todos os posts de amor são ridículos. Imagine-se o manancial de informação arquivado. As publicações do mural. O Almada Negreiros seria um dos mais fervorosos frequentadores, com considerações e discussões acesas. Até ao dia, claro está, em que via a conta bloqueada, por denúncia de Júlio Dantas, que considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral no seu mural. Quando inventaram a revista Orpheu criaram um evento, a que poucos amigos ligaram. Mas eles insistiram muito. Até criaram um site onde publicavam apenas parte dos conteúdos... Quem quisesse ler o resto que comprasse a revista. Contudo, o volume três apenas sairia em edição digital, com grafismo do Almada e ciberarte do Amadeo. Todos choraram muito a Morte de Mário de Sá-Carneiro. De Paris, ele já tinha colocado uns posts que sugeriam a depressão, mas ninguém poderia esperar aquilo. O Mural encheu-se de comoventes mensagens de despedida. Alguns até lhe dedicariam poemas. Quando Fernando Pessoa morreu, misteriosamente, Ricardo Reis continuou ativo, a publicar os seus posts diários. Quem descobriu isso foi esse tal de Saramago, que o matou anos mais tarde. http://visao.sapo.pt/jornaldeletras/rubricas/homemdoleme/homem-do-leme-o-mural-de- pessoa=f610184 (consultado dia 30/10/2015) 1

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FICHA DE TRABALHO DE PORTUGUÊS SOBRE GRAMÁTICA

Lê o texto com atenção e seleciona, para cada item, a única opção correta:

Manuel Halpern, “O Mural de Pessoa”

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10

15

20

25

Se no tempo de Fernando Pessoa houvesse Facebook, então é que a arca nunca mais acabava. E os pessoanos estudariam cada like, com afinco, procurando as motivações literárias e as personalidades escondidas naquele gesto espontâneo. E as partilhas. Talvez aquela Oração que circula por aí, da Banda Mais Bonita da Cidade, lhe despertasse os sentidos, ou pelo menos a um dos heterónimos. Ai, se a equipa do Mark Zuckerberg descobrisse os heterónimos iria logo classificá-los como perfis falsos, e lá se ia o mural do Álvaro de Campos. Talvez não dessem por nada. E só anos mais tarde os pessoanos mais aplicados encontrariam um perfil falso sem amigo nenhum, mas pessoanamente genial.  Sim, o Álvaro de Campos seria o mais torrencial. Partilhas em catadupa, remissões para o blogue, momentos de grande euforia e habilidade informática. O Ricardo Reis publicaria, rigorosamente, um post por dia, e só aceitaria amizade de pessoas com quem privasse. O Alberto Caeiro não seria informaticamente dotado, mas até acharia graça à coisa. O Bernardo Soares gostaria mais do Twitter. Nenhum deles teria cinco mil amigos, nem mesmo o Fernando Pessoa ortónimo, sobretudo por uma questão de timidez, apesar de passar demasiado tempo no chat com Ofélia. Todos os posts de amor são ridículos. Imagine-se o manancial de informação arquivado. As publicações do mural. O Almada Negreiros seria um dos mais fervorosos frequentadores, com considerações e discussões acesas. Até ao dia, claro está, em que via a conta bloqueada, por denúncia de Júlio Dantas, que considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral no seu mural.  Quando inventaram a revista Orpheu criaram um evento, a que poucos amigos ligaram. Mas eles insistiram muito. Até criaram um site onde publicavam apenas parte dos conteúdos... Quem quisesse ler o resto que comprasse a revista. Contudo, o volume três apenas sairia em edição digital, com grafismo do Almada e ciberarte do Amadeo.  Todos choraram muito a Morte de Mário de Sá-Carneiro. De Paris, ele já tinha colocado uns posts que sugeriam a depressão, mas ninguém poderia esperar aquilo. O Mural encheu-se de comoventes mensagens de despedida. Alguns até lhe dedicariam poemas.  Quando Fernando Pessoa morreu, misteriosamente, Ricardo Reis continuou ativo, a publicar os seus posts diários. Quem descobriu isso foi esse tal de Saramago, que o matou anos mais tarde. http://visao.sapo.pt/jornaldeletras/rubricas/homemdoleme/homem-do-leme-o-mural-de-pessoa=f610184 (consultado dia 30/10/2015)

1. A primeira oração do texto (“Se no tempo de Fernando Pessoa houvesse Facebook”, linha 1) classifica-se como sendo uma oração subordinada adverbiala) condicional.b) concessiva.c) consecutiva.d) completiva.

2. A forma verbal “houvesse” (linha 1) encontra-se noa) Pretérito Imperfeito do Indicativo.b) Pretérito Imperfeito do Conjuntivo.c) Pretérito Perfeito do Indicativo.d) Futuro do Conjuntivo.

3. O pronome pessoal “lhe” (linha 3) é uma formaa) enclítica.

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b) mesoclítica.c) proclítica.d) paroxítona.

4. Entre as palavras “aí” (linha 3) e “Ai” (linha 4) estabelece-se uma relação dea) paronímia.b) homonímia.c) homofonia.d) homografia.

5. Com a expressão “a equipa do Mark Zuckerberg “ (linha 4), o autor procura manter a coesãoa) temporal.b) frásica.c) lexical.d) interfrásica.

6. A palavra “nenhum” (linha 6) quanto à sua classe e subclasse, é uma) pronome indefinido.b) determinante indefinido.c) quantificador universal.d) quantificador existencial.

7. No enunciado “encontrariam um perfil falso sem amigo nenhum” (linha 6) o complemento direto substituir-se-ia do seguinte modo:a) “o encontrariam”.b) “encontrariam-no”.c) “encontrá-lo-iam”.d) “encontrariam-o”.

8. O adjetivo “torrencial” (linha 8) encontra-se no graua) comparativo de superioridade.b) normal.c) superlativo relativo de superioridade.d) superlativo absoluto analítico.

9. No enunciado “Partilhas em catadupa, remissões para o blogue, momentos de grande euforia e habilidade informática.” (linhas 8-9) deparamo-nos com a) uma enumeração.b) um polissíndeto.c) uma adjetivação.d) um paradoxo.

10. Com o recurso ao advérbio “rigorosamente” (linha 10) o autor do texto pretende realçar, em Ricardo Reis, o seu carátera) manipulador.b) autoritário.c) complacente.d) inflexível.

11. A oração subordinada substantiva relativa sem antecedente “com quem privasse” (linhas 10-11) desempenha a função sintática dea) modificador do grupo verbal.b) complemento direto.c) complemento do nome.d) complemento oblíquo.

12. Associando o semi-heterónimo Bernardo Soares ao “Twitter” (linha 12), o autor refere-se, indiretamente,

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a) à estrutura do Livro do Desassossego.b) à personalidade fragmentária de Pessoa.c) aos mais de setenta heterónimos pessoanos.d) à publicação tardia do seu livro.

13. A locução prepositiva “apesar de” (linha 13) introduz uma oração subordinadaa) substantiva relativa.b) adverbial concessiva.c) adjetiva relativa restritiva.d) adverbial final.

14. O pronome “se” (linha 15) possui valora) passivo.b) reflexo.c) impessoal.d) recíproco.

15. No segundo e terceiro parágrafos, que relação semântica se estabelece entre os nomes “Álvaro de Campos”, “Ricardo Reis”, “Alberto Caeiro” e “Bernardo Soares”?a) Hiponímia.b) Meronímia.c) Paronímia.d) Heteronímia.

16. No enunciado “via a conta bloqueada” (linhas 16-17), o constituinte sublinhado desempenha a função sintática dea) complemento direto.b) modificador restritivo do nome.c) predicativo do sujeito.d) predicativo do complemento direto.

17. A palavra “indecorosa” (linha 17) é sinónima dea) “obscena”.b) “atrevida”.c) “grandiosa”.d) “surpreendente”.

18. Atenta no enunciado “considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral no seu mural.” (linhas 17-18) e assinala a alínea onde é feita, corretamente, a sua análise sintática:a) “considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral no seu mural”- predicado;

“aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral”- complemento direto; “no seu mural.”- modificador do grupo verbal.

b) “considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral”- predicado; “aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral”- predicativo do sujeito; “no seu mural.”- modificador de frase.

c) “considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral no seu mural”- predicado; “aquela história do "Pim!"”- complemento direto; “indecorosa e imoral”- predicativo do complemento direto; “no seu mural.”- modificador do grupo verbal.

d) “considerou aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral ”- predicado; “aquela história do "Pim!" indecorosa e imoral”- complemento direto; “no seu mural.”- complemento oblíquo.

19. Relê a frase “Quando inventaram a revista Orpheu criaram um evento, a que poucos amigos ligaram.” (linha 19) e assinala a única alínea correta:a) A conjunção “Quando” introduz a oração subordinante.b) A vírgula separa a oração subordinada que antecede a subordinante.c) A palavra “poucos”, quanto à sua classe, é um pronome indefinido.d) A forma verbal “ligaram”, neste contexto, trata-se de um verbo intransitivo.

20. O adjetivo “digital” (linha 21) desempenha a função sintática de3

a) modificador restritivo do nome.b) complemento do nome.c) modificador do grupo verbal.d) modificador apositivo do nome.

21. A palavra “Todos” (linha 22), quanto à sua classe e subclasse, trata-se de uma) quantificador universal.b) quantificador numeral.c) pronome indefinido.d) determinante indefinido.

22. O complexo verbal “tinha colocado” (linha 22) encontra-se noa) Presente composto do modo Indicativo.b) Pretérito perfeito composto do modo Indicativo.c) Pretérito Imperfeito composto do modo Indicativo.d) Pretérito Mais-que-Perfeito composto do modo Indicativo.

23. Se substituísses o complemento direto na frase “Todos choraram muito a Morte de Mário de Sá-Carneiro.” (linha 22) o pronome pessoal surgiria à esquerda do verbo pora) a frase se iniciar por um pronome indefinido.b) estar incluído numa oração onde consta um quantificador.c) a frase ter um sentido passivo.d) o verbo principal ser intransitivo.

24. Relê a frase “De Paris, ele já tinha colocado uns posts que sugeriam a depressão, mas ninguém poderia esperar aquilo.” (linhas 22-23), e assinala a única alínea falsa:a) O constituinte “De Paris” exerce a função sintática de modificador do grupo verbal.b) No complexo verbal deparamo-nos com um verbo auxiliar dos tempos compostos.c) A palavra “que” é um pronome relativo.d) Na frase distinguimos três pronomes.

25. O constituinte “de comoventes mensagens de despedida” (linhas 23-24) desempenha a função sintática dea) sujeito.b) complemento direto.c) complemento oblíquo.d) complemento indireto.

26. A forma verbal “continuou” (linha 25) pertence à subclasse dos verbos principaisa) intransitivos.b) transitivos diretos.c) copulativos.d) transitivos indiretos.

27. O determinante “seus” (linha 25), sendo um mecanismo de coesão, éa) uma anáfora.b) um correferente não-anafórico.c) uma catáfora.d) uma elipse.

28. Como classificas a oração “que o matou anos mais tarde” (linha 26)?a) Oração subordinada adverbial temporal.b) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.c) Oração subordinada adverbial causal.d) Oração subordinada substantiva completiva.

29. Com a forma verbal “matou” (linha 26), o autor recorre a umaa) hipálage.

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b) metáfora.c) comparação.d) antítese.

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