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Coordenação e Redação Oliver Döhne e Hanno Erwes Guia Óleo e Gás Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

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Coordenação e RedaçãoOliver Döhne e Hanno Erwes

Guia Óleo e Gás

Oportunidades de negócio para

empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

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Coordenação e RedaçãoOliver Döhne e Hanno Erwes

Guia Óleo e Gás

Oportunidades de negócio paraempresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

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RedaçãoCâmara de Indústria e Comércio Brasil-AlemanhaAv. Graça Aranha, 1 / 6º andarRio de JaneiroBrasil

Em cooperação comGermany Trade and Invest – Escritório Alemão de Comércio Exterior e InvestimentosFriedrichstrasse 6010.117 Berlim

Direção do projetoHanno Erwes e Oliver Döhne

Pesquisa e entrevistasOliver Döhne

Coordenação comercialAna-Christina Veit, Cristiane Forli

Projeto grá�coHeron Machado Rocha, Interligar – Branding & Design, Rio de Janeiro

TraduçõesAlessandra Dietz, Gabriela Freudenreich, Isabella Wapke, Jutta Irene Gruetzmacher, Patrícia Meirelles

RedaçãoOliver Döhne

Fechamento de ediçãoMarço de 2012

Impressãoartundwork, kommunikation gmbh

PatrocínioAllianz, Schulz, Sinaval, Estado de Baden-Württemberg, Baden-Württemberg International, Veirano Advogados, KfW, Cidade de Colônia, Pellon Advogados

AgradecimentoAdilson de Oliveira

Capa (foto)Início da etapa de testes do navio de produção FPSOP-50 na Baía de Guanabara. Foto: Rogério Reis / Banco de Imagens Petrobras

DisclaimerTodas as informações foram criteriosamente pesquisadas, contudo sem responsabilidade pela sua veracidade. Isto se aplica particularmente às informações e estimativas sem compromisso referentes à demanda de material e os planos de investimento da Petrobras.

Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução integral ou parcial sem autorização dos autores.

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Índice

Saudação 5Sérgio Cabral, Governador do Estado do Rio de Janeiro

Saudação 6Guilherme Stüssi Neves, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha

Saudação 7Jürgen Friedrich, Diretor da Germany Trade & Invest

Rio de Janeiro, um estado propulsor de desenvolvimento 8Julio Bueno, Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços

Brasil no cenário da extração de petróleo internacional 10Oliver Döhne, Germany Trade & Invest

Expansão e metas da indústria brasileira de petróleo 22Oliver Döhne, Germany Trade & Invest

A construção naval e os desafios atuais 32Ariovaldo Rocha, Presidente do SINAVAL (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore)

Desafio conteúdo local 35Otavio Carneiro, Alexandre Calmon (Sócios de Veirano Advogados)

A demanda concreta 37Oliver Döhne, Germany Trade & Invest

O negócio é inovar 48Oliver Döhne

Como começar 50Oliver Döhne, Germany Trade & Invest

Conselho prático – Empresas alemãs com experiência no setor de petróleo e gás brasileiro 52Oliver Döhne, Germany Trade & Invest

Novos conceitos de financiamento para a indústria de fornecimento alemã 60Dr. Carsten Wiebers, KfW

“Projeto Cargo” / Atraso no start-up da empresa 62Angelo Colombo, Ingo Dietz (Allianz)

Baden-Württemberg saúda a PETROBRAS! 64Ewald Stirner, Ministério das Finanças e Economia, Stuttgart

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 5

Sérgio Cabral. Foto: Carlos Magno

SaudaçãoSérgio Cabral, Governador do Estado do Rio de Janeiro

É com muito prazer que apresento essa publicação, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Ale-manha no Rio de Janeiro. Acredito que essa seja uma ex-celente maneira de divulgar as oportunidades econômicas para empresas alemãs relacionadas às recentes descober-tas de petróleo e gás na camada pré-sal, sobretudo no Rio de Janeiro, estado brasileiro que responde por mais de 80% da produção nacional de petróleo, além de ser o principal centro decisório do país na área energética, sediando em-presas como a Petrobras, Eletrobrás, Eletronuclear, Ipiranga, OGX, dentre outras.

É ainda mais significativo que o Rio seja o principal destino dos recentes investimentos alemães no Brasil. Destacam-se, além da Companhia Siderúrgica do Atlântico, joint venture entre a ThyssenKrupp e a Vale, a Siemens/Chemtech, com investimentos no Parque Tecnológico do Fundão, a MAN Latin America, que está ampliando sua capacidade produ-tiva em Resende, a Schott, que acaba de inaugurar a expan-são de sua fábrica, além de gigantes químicas como a Bayer e a Merck, apenas para ficarmos em alguns exemplos.

Há muitos fatos que comprovam minha constante afirmação de que o Rio está vivendo um momento histórico. Depois de décadas de um declínio econômico acentuado e de de-sorganização política e administrativa, hoje somos o estado brasileiro que mais recebe investimentos privados. Trabalha-mos em alinhamento estreito com as demais esferas gover-namentais e somos o único da América Latina a ter recebido o investment grade de duas das mais importantes agências de rating do mundo (Fitch e Standard&Poors), além de ter-mos um dos calendários de eventos mais espetaculares da

história, incluindo a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolím-picos de 2016.

É por saber da importância estratégica da Alemanha para nosso estado e por reconhecer o potencial ainda não plena-mente aproveitado do relacionamento econômico bilateral, que aplaudo esta e demais iniciativas de ampliação da visi-bilidade de nossas oportunidades econômicas para nossos parceiros alemães. Aproveito essa oportunidade, portanto, para convidar a todos para participarem deste momento histórico e, assim, ajudar a fortalecer ainda mais os laços his-tóricos e econômicos entre a Alemanha e o Rio de Janeiro.

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6 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Guilherme Stüssi Neves

A iniciativa de resumir, neste livro, as enormes possiblidades da exploração de petróleo no Brasil, tem a pretensão de inci-tar as pequenas e médias empresas alemãs a participar desta imensa rede de fornecedores.

Entre os anos de 2012 a 2020 são esperados investimentos superiores a 200 bilhões de dólares em uma complexa rede de exploração de petróleo em águas profundas. Não é difícil imaginar a necessidade de equipamentos, peças de reposi-ção, armazenamento e transporte de óleo e gás.

Ou seja, há espaço neste novo e imenso mercado para as em-presas que possuam tecnologia avançada em seus produtos.

As empresas alemãs podem e devem estar presentes neste grande desafio.

Para tanto podem contar com a AHK no Brasil, especialmente com a expertise da AHK-Rio de Janeiro nesta matéria.

SaudaçãoGuilherme Stüssi Neves, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 7

Jürgen Friedrich

Caros leitores,

O Brasil está se tornando um gigante do petróleo. Portanto, as principais novas fontes offshore, os planos ambiciosos da estatal Petrobras e a infraestrutura ainda rudimentar criam oportunidades interessantes para fornecedores alemães. Atualmente em nenhum outro país a necessidade de equi-pamentos para a indústria offshore de petróleo é tão grande quanto no Brasil.

Particularmente interessante do ponto de vista alemão é a grande necessidade de soluções tecnológicas inovadoras destinadas a prospecção em águas profundas, já que seu custo até o presente momento ainda é muito elevado. Um exemplo disso é o deslocamento dos processos de produção para o fundo do oceano.

Esta publicação realizada em conjunto com a Câmara Brasil- Alemanha de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro lhes dará uma indicação de onde exatamente estão as opor-tunidades para as empresas alemãs. As informações nela contidas baseiam-se em inúmeras entrevistas locais, como por exemplo, com o setor de material da Petrobras, com o PROMINP (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), com indústrias de petróleo e junto a profissionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, fizemos longas pesquisas em estu-dos, planos estratégicos e apresentações, de forma a poder dar-lhes um quadro real do volume de material necessário durante os próximos cinco a dez anos; mostrar-lhes onde são esperados grandes gargalos e apresentar-lhes a melhor forma de entrar neste negócio. Fora isso, para agregar um valor especial à publicação, pedimos a empresas alemãs experientes que dessem algumas dicas para aqueles que querem entrar neste mercado.

Germany Trade & Invest disponibiliza no seu site www.gtai.de além de análises sobre as condições econômicas e setoriais, também informações sobre projetos e propostas, pesquisa-dos nos órgãos competentes e constantemente atualizados, além de abordar também as principais questões aduaneiras no Brasil.

Desejo-lhes uma boa leitura e muito sucesso nos seus negócios.

SaudaçãoJürgen Friedrich, Diretor da Germany Trade & Invest

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8 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Rio de Janeiro, um estado propulsor de desenvolvimento

Com vocação indiscutível para ser considerado como uma

capital brasileira de energia, aglutinador das principais ca-

deias produtivas do petróleo e gás natural do país, dotado de

finança pública saudável e atualmente na linha de frente dos

principais investidores no mundo inteiro por ser a próxima

sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de

2016, o estado do Rio de Janeiro hoje tem motivos de sobra

para comemorar e também para trabalhar para colocar todos

os empreendimentos previstos em operação gerando em-

prego e melhoria de renda.

Maior produtor de petróleo e gás natural do Brasil, o estado

do Rio de Janeiro deverá receber até 2020 cerca de R$ 250

bilhões em investimentos, sendo a maior parte – cerca de

75% – destinada à cadeia de petróleo. Além da maciça en-

comenda da Petrobras para atender as demandas do pré-sal,

outras petroleiras também escolheram o estado para fincar

sua sede no país e devem contribuir para elevar significati-

vamente o volume de fornecedores aqui instalados, aten-

dendo as exigências de conteúdo nacional, previstas na

legislação brasileira.

Na esteira do pré-sal, podemos citar as próprias parceiras da

Petrobras, que possuem investimentos de grande monta,

como o grupo britânico BG, que anunciou valores em torno

de US$ 30 bilhões para até 2015.

São recursos que somados ao da Petrobras devem elevar o

patamar da produção nacional de petróleo em quase três

vezes o atual, para cerca de seis milhões de barris por dia

em 2020, gerando impacto direto na economia do país e

mais especificamente no desenvolvimento econômico e so-

cial dos estados e municípios produtores.

Para além do pré-sal, temos ainda investimentos públicos

ou privados de grande soma, como do grupo nacional OGX.

Capitaneado pelo empresário Eike, o grupo vem mostrando

um ritmo acelerado de novas encomendas, com disposição

para começar a operar os primeiros reservatórios descober-

tos num curto espaço de tempo.

Do pré-sal ao pós-sal, em águas ultraprofundas ou rasas, no

norte ou sul do estado, são recursos que em terra movimen-

tam do primeiro ao quinto elo da cadeia de fornecedores,

além de toda uma logística de escoamento e distribuição

do petróleo produzido na costa fluminense.

Também em solo fluminense está o empreendimento com

maior volume de recursos empregados pela Petrobras num

único projeto: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

(Comperj), que vai gerar 150 mil empregos diretos e fazer do

estado o primeiro polo petroquímico do País.

Para atender a este ritmo acelerado, o Estado também vem

fazendo sua parte. Da disponibilização de áreas para rece-

ber novas empresas, a incentivos fiscais e financeiros para

modernização de fábricas e estaleiros a até investimentos

diretos na logística.

Julio Bueno

Julio Bueno, Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 9

É o caso, por exemplo, do Arco Metropolitano, que vai pro-vocar uma transformação sem precedentes na região metro-politana, com investimentos de R$ 1,2 bilhão. O empreendi-mento interligará os principais eixos rodoviários, diminuindo o fluxo na malha urbana da capital e ampliando a acessibili-dade aos portos de Itaguaí (antigo Porto de Sepetiba) e do Rio de Janeiro. Será a primeira estrada do Rio projetada para receber cargas. Isso traz um benefício enorme para quem pretende se instalar no estado, por agregar vantagens com-petitivas, reduzindo o custo operacional portuário, entre ou-tras facilidades logísticas.

A instalação do Comperj já é um exemplo do que o Arco Metropolitano provocará em termos de modificações socio-econômicas em torno de si. O projeto prevê que as vias de acesso permitam a instalação de empresas na periferia da região metropolitana.

Ainda no segmento logístico, também merecem destaques os terminais privados que estão se instalando para atender ao pré-sal. A região de Itaguaí está se consolidando como a base de apoio às operações do pré-sal e também como polo de escoamento do petróleo. Para isso vai ganhar um porto que será operado pela Petrobras em parceria com a Gerdau e CSN.

Em paralelo, o grupo EBX terá investimentos de US$ 15 bi-lhões em complexo portuário no Norte Fluminense, o Su-per Porto do Açu, que vai gerar milhares de empregos dire-tos e indiretos. O Complexo também conta com atuação do Estado, que está criando em seu entorno um distrito

industrial para servir de apoio às operações do porto, e para atrair fornecedores interessados em se instalar próximo ao empreendimento.

Por fim, o estado do Rio de Janeiro quer ser o maior polo de tecnologia do país. Para isso, já tem negociados investimen-tos de R$ 1 bilhão no Parque Tecnológico ligado à Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro, voltado exclusivamente ao setor de petróleo e gás natural. A instalação das maiores empresas do setor – Schlumberger, FMC, EMC2, BG, Siemens, entre outras – já equiparam o Rio à cidade de Houston, no Texas, que comumente é conhecida como capital mundial do petróleo.

A diversificação, no entanto, ameniza possíveis preocupa-ções com a concentração econômica do estado do Rio de Janeiro apenas na cadeia de óleo e gás. Na área de tecno-logia, já estão sendo estudados outros cinco polos que se concentrarão a nata dos pesquisadores em áreas de atua-ção interligadas às principais atividades do estado, como a indústria automobilística, que vem consagrando aqui seu se-gundo maior polo produtivo brasileiro.

É com imensa satisfação que, apoiando estas ações, con-solidando investimentos e apostando em novos projetos, fazemos emergir um novo estado do Rio de Janeiro, que sepulta definitivamente anos de estagnação. Um estado que é mais do que condizente com o cenário atual de ace-leração do crescimento do país: um estado que impulsiona este crescimento.

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10 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Brasil no cenário da extração de petróleo internacional

O Brasil está se tornando um dos produtores mais impor-

tantes de petróleo do mundo. Entre 2000 e 2010, as re-

servas comprovadas de petróleo e gás subiram em quase

70%. Segundo estimativas atuais, o Brasil avançará em breve

tanto nas reservas como na produção para os 5 maiores

do mundo. Empresas internacionais de petróleo aumentam

seu engajamento e fornecedoras de todo o mundo con-

centram-se cada vez mais no mais dinâmico dos mercados

atuais. Afinal, atualmente a demanda de equipamentos

para a indústria offshore no Brasil é a maior do mundo. E a

ampliação está apenas começando. Nos próximos 20 anos,

surgirá uma infraestrutura enorme ao redor da expansão

dos poços de offshore brasileiros, inclusive construção na-

val e área de upstream e downstream. A subida meteórica

do Brasil como global player da indústria de petróleo tem

três motivos principais:

• Estabilidade/con�abilidade. Enquanto algumas tradi-cionais regiões de petróleo sofrem com a instabilidade política, há muito tempo que o Brasil está tanto política como economicamente estável.

• Estratégia/expansão da produção. O Brasil expande sistemática e estrategicamente uma indústria de pe-tróleo própria e tem na Petrobras uma empresa de pe-tróleo moderna, profissional, de capital forte e formato internacional, é líder mundial em perfuração em águas profundas.

• Riqueza em petróleo/novas descobertas. Dos cam-pos de petróleo descobertos no mundo inteiro desde 2005, mais de 50% estão localizados em regiões de mar profundo. Como a Petrobras ocupou desde cedo um pa-pel de precursor na exploração destes poços de mar pro-fundo, hoje 62% destes poços descobertos encontram-se no Brasil.

A presidente da República, Dilma Rousseff, durante a visita às instalações da plataforma P-56 em junho de 2011. Foto: Agência Petrobras

Oliver Döhne, Germany Trade & Invest

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 11

Estabilidade/GeopolíticaEm tempos nos quais algumas regiões tradicionais de petró-leo afundam em confusão política e instabilidade, levando o preço do petróleo às alturas e colocando em risco a seguran-ça do abastecimento, as nações industriais estão em busca de parceiros confiáveis de longo prazo. A Energy Information Administration do Ministério de Energia dos EUA já lista em suas estatísticas uma categoria própria “fontes além do Irã“.

Na procura de novos fornecedores de petróleo, as nações in-dustriais deparam-se inevitavelmente com o Brasil, um país democrático e sólido, com uma política de estabilidade com-provada, segurança jurídica, continuidade e confiabilidade no palco político, e além de tudo, com novas, enormes jazi-das de petróleo. Segundo prognóstico da Energy Information Administration dos EUA, nos próximos anos o Brasil ultrapas-sará claramente a produção de países com reservas substan-cialmente maiores, como por exemplo, a Venezuela e o Irã.

Plataforma de extração na costa sudeste do Brasil. Foto: MAN D&T

Fonte: U.S. Information Administration

Prognóstico do desenvolvimento da produção (em milhões de barris por dia)

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12 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Expansão estratégicaNas últimas décadas, o Brasil evoluiu de importador de pe-

tróleo altamente dependente para produtor autossuficiente.

A indústria brasileira de petróleo nasceu com a crise de pe-

tróleo de 1973, quando a explosão dos preços fez com que

o balanço comercial ficasse fortemente negativo. Pressio-

nada pelo governo, a Petrobras aumentou seu empenho em

busca de petróleo e fez sua primeira grande descoberta na

Bacia de Campos, em 1975. Até hoje quase 75% das reservas

de petróleo comprovadas estão na Bacia de Campos, que

se estende da costa do Rio de Janeiro até o Espírito Santo.

Reservas de petróleo comprovadas (por estado)

Tipo Estado Barris em milhões

Onshore Bahia 255

Rio Grande do Norte 251

Sergipe 240

Amazonas 101

Espírito Santo 33

Ceará 14

Alagoas 11

Onshore total 905

O�shore Rio de Janeiro 11.927

Espírito Santo 1.175

Rio Grande do Norte 117

Ceará 49

Bahia 34

Sergipe 29

Paraná 27

São Paulo 24

O�shore total 13.383

Total 14.288

Fonte: ANP (Dez. 2011)

Ao final de 2011, as reservas de petróleo oficialmente com-

provadas pela agência reguladora do setor petrolífero (ANP)

eram de aproximadamente 14,3 bilhões de barris, dos quais

94% offshore. Além da existência dominante na costa sudes-

te, o Brasil possui outras fontes no nordeste e na Amazônia.

Especialistas internacionais acreditam unanimemente que as

reservas oficialmente reconhecidas sejam apenas uma fração

da quantidade real existente.

O Estado do Rio de Janeiro é de longe o estado mais impor-

tante do petróleo, onde se encontram quase 84% das reser-

vas de petróleo comprovadas. Também na produção o Rio de

Janeiro está claramente em primeiro lugar. No Rio de Janeiro

também se encontram a matriz da Petrobras, assim como

alguns dos polos de construção naval mais importantes. En-

tretanto, a maioria dos fornecedores se estabeleceu durante

a construção da indústria de petróleo nos anos 70 e 80 em

São Paulo. Com a exploração das novas fontes offshore, o

Rio de Janeiro voltou a ser o epicentro da indústria do pe-

tróleo; além da região metropolitana, também as regiões de

Macaé, Campos e São João da Barra, onde o bilionário Eike

Batista está atualmente construindo o Complexo Portuário

do Açu.

O começo dos anos 80 deu início à construção das primei-

ras grandes plataformas e à exploração das águas até 170 m

de profundidade, onde devido à topografia marítima come-

ça uma profunda queda. Isso levou a Petrobras a iniciar o

avanço em águas profundas à frente de outras empresas,

onde então se deparou com novas e vastas reservas.

Fonte: ANP (Dez. 2011)

Reservas comprovadas

Fonte: ANP (Dez. 2011)

Reservas comprovadas

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 13

Novas descobertasO que fez com que o Brasil deixasse de uma hora para ou-tra o seu papel de pequeno produtor de petróleo para ficar entre as regiões de exploração estrategicamente mais im-portantes no cenário mundial, foi a descoberta de novos grandes poços em mar profundo em frente à costa sudeste, o chamado pré-sal. O nome pré-sal origina-se no fato das fontes estarem embaixo de uma camada grossa de sal. Mas também no mar profundo do norte e nordeste do país, na chamada margem equatorial entre o Estado do Rio Grande do Norte e a Foz do Amazonas, os especialistas pressupõem que existam novas grandes reservas, já que a estrutura ge-ológica lá corresponde à do Golfo da Guiné, na África Oci-dental, rica em petróleo, região que era ligada ao Brasil antes do deslocamento continental. Segundo dados da Petrobras, mais da metade das fontes descobertas mundialmente entre 2005 e 2010, estão em mar profundo, das quais 62% estão no Brasil. Dos novos grandes campos de petróleo de mais de 1 bilhão de barris, 11 de 35 estão no Brasil.

Especialistas estimam que os poços nas regiões brasileiras de mar profundo somem entre 50 e 70 bilhões de barris. Sendo assim, o Brasil subiria para a liga dos países com as maiores reservas de petróleo. Nesta lista dominam atualmente Arábia Saudita, Venezuela, Irã, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. Com suas fontes atuais, o Brasil chegaria a aproximadamente de 63 a 83 bilhões de barris.

Fontes de petróleo descobertas

Fonte: Petrobras

Reservas comprovadas (em bilhões de barris)

Fonte: BP, GTAI

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14 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

O Pré-salA história do pré-sal começou em 2004 quando a Petrobras deparou com arenito durante perfurações na Bacia de Santos, que indicava haver camadas mais abaixo contendo petróleo. Em 2006, achados de gás natural em perfurações muito pro-fundas de até 7.600 m trouxeram a prova final. Pouco tempo depois a Petrobras perfurou em aproximadamente 5.000 m o Campo Tupi, a primeira reserva de óleo pré-sal do mundo. Já em 2008, ocorreu uma primeira extração experimental do Campo Tupi, as fotos em que o presidente Lula mostrava suas mãos besuntadas de petróleo pré-sal rodaram o mundo.

As reservas de pré-sal encontram-se a aproximadamente 300 km em frente à costa sudeste do Brasil, e estendem-se ao lon-go de cinco estados, do Espírito Santo, passando pelo Rio de Janeiro e São Paulo, até Santa Catarina. Especialistas acredi-tam que as reservas maiores estão na bacia de Santos.

O então presidente Lula após a primeira extração de pré-sal em maio de 2006. Foto: Agência Petrobras

As jazidas do Pré-sal estão localizadas aproximadamente a 300 km da costa. Ilustração: Agência Petrobras

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 15

Segundo a Petrobras, apenas o Campo Tupi contém aproxi-madamente entre 5-8 bilhões de barris. Nos campos Libra e Franco devem ter até 13 bilhões de barris, além disso 5 até 8 bilhões de barris nos Campos Lula e Cernambi, 3 até 4 bi-lhões de barris no Campo Iara, 1 até 2 bilhões de barris no

Campo Guará. Além destes, existem campos onde ainda es-tão sendo feitas perfurações experimentais. Segundo espe-cialistas, o petróleo do pré-sal possui alto grau de pureza e está localizado abaixo de uma camada de sal de 2.000 m de espessura, em até 8.000 m de profundidade.

Ilustração: Agência Petrobras

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16 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Modelos de exploração e de extraçãoPara a exploração das fontes de pré-sal o Brasil escolheu um

modelo de concessão misto, para que por um lado conglo-

merados internacionais de petróleo participem e, por outro,

para não abrir mão completamente das jazidas estratégicas.

Conglomerados internacionais de petróleo podem partici-

Empresa Origem Atividade Operadora em no mínimo um campo

Parceira em no mínimo um campo

Aloes/Silver Marlin Brasil AM, BE, CP X X

Anadarko EUA BE, CP X X

Arcadis Holanda AM, CP X

Arclima Brasil AM, CD X

Aurizônia Brasil BE, CP X X

Barra Energia Brasil BE, CD   X

BG Reino Unido BE X X

BP Reino Unido BE, CP X X

Brasoil Brasil BE, CD, CP X X

BrazAlta Canadá BE, CP X X

CEMIG Brasil BE   X

Cheim Brasil AM, CP X

Chevron-Texaco EUA BE, CP X X

Codemig Brasil BE X

COMP/Imetame Brasil BE X X

Const. Cowan Brasil BE X

Dover Canadá BE   X

EBX Brasil BE X X

Ecopetrol Colômbia BE X

Egesa Brasil AM, CP X

El Paso EUA BE, CD, CP X X

Engepet Brasil AM X  

ERG Brasil AM, CP X

Eromanga Austrália BE X

Esso EUA BE X

Forbes & Manhattan Canadá BE   X

Galp Energia Portugal BE, CD X X

Genesis 2000 Brasil AM, CP X

Gran Tierra Canadá BE X

Hess EUA BE   X

HRT Brasil BE X  

Inpex Japão BE, CP X

Integral Colômbia BE X  

Karoon Austrália BE X

Koch/Central EUA AM, BE, CD, CP X X

Lábrea Brasil BE   X

Maersk Dinamarca BE X X

par das rodadas de licitações da Agência Nacional de Petró-leo, ANP, com as restrições do valor agregado local, os royal-ties e uma participação da Petrobras (no mínimo de 30%). Segundo dados da Petrobras, até agora apenas 20% das jazidas de pré-sal foram concedidas. Ao todo, até fevereiro de 2012, 39 empresas brasileiras e 39 empresas estrangeiras participaram dos leilões realizados pela ANP.

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 17

Empresa Origem Atividade Operadora em no mínimo um campo

Parceira em no mínimo um campo

Norse Noruega BE, CD, CP X X

ONGC Índia BE, CP X X

Orteng Brasil AM, BE, CP X X

Panergy Brasil AM, CP X

Partex Ilhas Caimã BE, CP X X

Perenco Reino Unido BE X

Petro Latina Singapura BE X

Petrobras Brasil BE, CD, CP X X

PetroRecôncavo Brasil BE, CP X

Phoenix Brasil BE, CD, CP X

Pioneira Brasil AM, BE, CP X X

Proen Brasil AM, CD X

Quantra Brasil BE, CD   X

Queiroz Galvão Brasil BE, CD, CP X X

RAL Brasil AM, BE, CP X  

Repsol YPF Espanha BE, CD, CP X X

Rio Proerg Brasil AM, CD X

Severo & Villares Brasil AM, CP X

Shell Reino Unido BE, CD, CP X X

Sinochem RP China BE, CP   X

Sinopec RP China BE   X

Sipet Brasil BE, CP X X

SK Coréia (Rep.) BE, CP X

Sollita Brasil AM, CD X  

Somoil/Serena Angola BE X

Sonangol Angola BE, CD, CP X X

Sotreq Brasil BE, CP X  

Statoil Noruega BE, CP X X

STR Brasil BE X X

SynergyGroup Panamá BE, CD, CP X  

TDC EUA BE, CP X

TotalFinalElf França BE, CD X

UBX Brasil BE, CD, CP X  

UTC Brasil BE, CD, CP X  

Vale Brasil BE X

Vanco EUA BE X  

VB Índia BE X

Vibrapar Brasil BE X

Vitória Ambiental Brasil BE X

W.Washington Brasil BE, CP X

Woodside Austrália BE X

Brasil 39      

Exterior 39      

Total 78      

BE=bloco de exploração, AM=pequenos campos, eventualmente sem prod., CP=campos de produção, CD=campos em desenvolvimento, Fonte: ANP

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18 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

O próximo Pré-salPara o know-how desenvolvido para os poços brasileiros de pré-sal não faltará oportunidades de emprego no futuro. A costa atlântica africana indica, segundo a opinião de espe-cialistas, uma estrutura muito parecida com a sul americana, já que ambos os continentes já estiveram ligados. Sendo assim, o Brasil poderia ser apenas o começo de uma ten-dência do pré-sal, que poderia continuar na costa ociden-tal africana, por exemplo em Angola, também um país de língua portuguesa.

Operação de transporte do navio de produção FPSO P-50 deixando a baía de Guanabara rumo ao campo de Albacora Leste na Bacia de Campos. Foto: Paulo Arthur / Banco de Imagens Petrobras

Fonte: Geogrify

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20 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

ProduçãoSegundo especialistas, através da expansão sistemática dos

poços convencionais e dos novos poços em mar profundo,

nos próximos dez anos o Brasil deverá se tornar o quinto

maior produtor de petróleo, atrás dos EUA, Arábia Saudita,

Rússia e Canadá. Esta opinião é defendida não apenas pela Petrobras, como também, entre outras, a U.S. Energy Infor-mation Administration. Até 2020, o Brasil deverá dobrar sua produção e, até 2035, mais do que triplicar. O cresci-mento médio no Brasil é de 4,1%, mais alto que em qualquer outro país.

Prognóstico da produção de petróleo por países (em milhões de barris por dia)

Fonte: U.S. Information Administration

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 21

País 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 Mudança por ano

EUA 8,3 9,5 10,8 12,2 13,9 14,8 16,2 2,4%

Rússia 9,5 10 10,7 11,1 11,7 13 14,7 1,5%

Arábia Saudita 11,1 10,1 10,5 12 13,7 14,2 14,5 1,1%

Canadá 3,1 3,8 5,5 6,4 7,2 8 8,6 3,5%

Brasil 2,0 2,8 3,7 4,9 5,5 6,4 7,2 4,1%

República da China 3,9 4,3 4,0 4,2 4,9 6,0 7,1 2,1%

Iraque 1,9 2,4 2,6 3,4 4,4 5,5 6,5 3,8%

Irã 4,2 4,2 3,6 3,5 3,6 3,7 3,8 -0,4%

Kuwait 2,7 2,5 2,7 2,8 3,2 3,6 3,9 1,3%

Nigéria 2,6 2,4 2,7 2,9 3,2 3,3 3,3 1,6%

EAU 2,8 2,8 3,2 3,3 3,4 3,2 3,1 0,1%

Venezuela 2,8 2,3 2,4 2,6 2,7 2,7 2,7 0,1%

Catar 1,1 1,4 1,7 2,0 2,2 2,4 2,4 2,6%

Algéria 2,1 2,1 2,4 2,5 2,5 2,4 2,3 0,2%

Angola 1,3 2,0 2,0 2,1 2,1 2,0 2,0 -0,1%

México 3,8 2,9 2,3 1,7 1,4 1,6 1,8 -2,0%

Índia 0,8 1 1 1 1,1 1,2 1,2 1,0%

Líbia 1,7 1,8 0,8 0,7 0,7 0,8 0,8 -3,0%

Fonte: U.S. Information AdministrationElaboração: Germany Trade & Invest

Navio Celso Furtado. Foto: Agência Petrobras

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22 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Expansão e metas da indústria brasileira de petróleoOliver Döhne, Germany Trade & Invest

Plano Estratégico Petrobras 2011-2015No plano atual de cinco anos até 2015, a Petrobras planeja, em comparação com o plano anterior, aumentar o orça-mento para exploração e produção. Nesta área, deve fluir mais da metade do investimento total de US$ 224,7 bilhões. Para transporte, processamento e comercialização irá tam-bém uma grande parte do capital fresco de aproximada-mente US$ 71 bilhões.

Dos gastos planejados para exploração e produção, 95% serão realizados no Brasil, o que demonstra a importância do Brasil no cenário futuro da extração de petróleo global, principalmente no que diz respeito às novas reservas. Apro-ximadamente dois terços do orçamento previsto para ex-ploração e produção irão para a produção, o resto, dividido em partes iguais, para infraestrutura e produção. Segundo dados da Petrobras, a maior parte dos investimentos está planejada para serviços, isto quer dizer, a construção de ins-talações, plataformas, etc., é transferida muitas vezes para os prestadores de serviços especializados, os chamados EPCs (Engineering, Procurement, Construction) O valor total de investimentos, em comparação com o Plano de Negócios 2010-2014, ficou mais ou menos igual.

Investimentos planejados até 2015 – US$ 224,7 bilhões

Fonte: Business Plan da Petrobras para o período 2011-2015

Investimentos em E&P no Brasil (em %) – US$ 117,7 bilhões

Fonte: Business Plan da Petrobras para o período 2011-2015

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 23

No Plano Estratégico até 2015, o pré-sal ainda se encontra na fase piloto. Por isso, no período entre 2011 e 2015, os investi-mentos fluem ainda mais para poços convencionais do que para os campos de pré-sal. Mesmo assim, a Petrobras aumen-tou em quase US$ 20 bilhões o investimento E&P (exploração e produção) para o pré-sal em relação ao plano de cinco anos anterior, chegando a US$ 53,4 bilhões. Para os anos seguintes, deve-se contar com uma parte bem maior do pré-sal nos in-vestimentos totais. Segundo a Petrobras, a parte do pré-sal na produção de petróleo crescerá de 2% no ano de 2011, indo para 18% até 2015 e para 40,5% até 2020. Especialistas acre-ditam que, a longo prazo, o pré-sal represente até 70% da produção de petróleo brasileira.

Pontos importantes da estratégia de expansão da Petrobras são de um lado uma maior produção de petróleo e a agre-gação de valor ao produto local, de outro também um au-mento da exportação. Atualmente, aritmeticamente falando o Brasil é autossuficiente, entretanto, na prática ainda são im-portadas grandes quantidades de, por exemplo, nafta e óleo pesado. Uma extrema relação de desproporção existe entre a importação e a exportação, principalmente na indústria quí-mica, onde o Brasil importa grandes quantidades de adubo e outros produtos químicos. Por isso, meta declarada é substi-tuir o mais rápido possível a importação através de produção própria e, ao mesmo tempo, acelerar a exportação, e não só de óleo em bruto como também cada vez mais derivados processados de alta qualidade. Até 2020, o Brasil quer ter mais que quadruplicado sua exportação de petróleo e triplicado a exportação de produtos derivados de petróleo.

Projetos 2012-2015

Início da operação

Projeto Capacidade (bpd)

2012 Módulo 3 de Roncador P-55 180.000Tiro/Sidon FPSO Cidade de Itajaí 80.000Guará Pilot 2 FPSO Cidade de São Paulo

120.000

Baleia Azul FPSO Cidade de Anchieta

100.000

4 Testes de longo prazo no Pré-Sal –

2013 Módulo 4 de Roncador FPSO P-62 180.000Papa-Terra P-61 e FPSO P-63 150.000Aruanã FPSO 100.000Parque das Baleias FPSO P-58 180.000Lula NE FPSO Cidade de Paraty 120.0003 Testes de longo prazo no Pré-Sal –

2014 Baleia Azul Pós-Sal FPSO 60.000Siri Jaqueta FPSO 50.000Guará (Norte) FPSO 150.000Cernambi Sul FPSO 150.000

2015 Maromba 100.000ESP/Marimbá 40.000Franco 1 150.000FPSO P-67 Replicante 2 BMS-9 ou 11 150.000FPSO P-66 Replicante 1 BMS-9 ou 11 150.0005 Testes de longo prazo no Pré-Sal –

Pós-sal Pré-Sal

Fonte: Petrobras

No caminho para se tornar um exportador relevante de petróleo (Exportação planejada em 1.000 bpd)

Fonte: Petrobras

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24 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Produção, downstream e demanda de mercado até 2010 (em bpd)

Fonte: Petrobras

Expansão da infraestrutura de processamentoPara realizar o plano de se tornar auto-suficiente no campo dos derivados de petróleo e pré-produtos petroquímicos, o Brasil precisa de mais capacidade na indústria de processa-mento de petróleo. Meta do Plano Estratégico 2020 é au-mentar a capacidade de refino em 395.000 bpd até 2015 e mais 1.065.000 bpd até 2020. Para tal, por um lado deverão ser modernizadas as refinarias existentes, e por outro deve-rão ser desenvolvidos novos Projetos Greenfield com ligação logística com os novos centros de exploração e produção para garantir o processamento do petróleo não exportado

ou usado de outra forma, e possibilitar a comercialização e

exportação de derivados de petróleo processados.

Dos US$ 70,6 bilhões que estão sendo investidos entre 2011

e 2015 em refinarias, transporte e comercialização, mais de

50% são para a expansão das quatro novas refinarias do

Comperj no Rio de Janeiro, Abreu e Lima em Suape, Pre-

mium I no Maranhão e Premium II no Ceará. US$ 3,8 bilhões

estão previstos para a expansão dos parques petroquími-

cos em Suape e no Rio de Janeiro. Com o foco no nordeste

deve-se igualar seu desenvolvimento ao restante do país e

incentivar seu crescimento industrial.

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 25

Comperj e Abreu e LimaA refinaria no complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) já está parcialmente pronta. A Petrobras aumen-tou durante o planejamento a capacidade do Comperj adicionalmente aos 165.000 bpd de óleo pesado em mais um módulo do mesmo tamanho, que deve entrar em fun-cionamento alguns anos após a primeira fase. O Comperj abrangerá ao lado da refinaria, instalações para a produção de produtos petroquímicos de primeira geração como por exemplo, propileno, butadieno, benzeno, e também expan-dirá a capacidade de produção de etileno para aproximada-mente 1,3 milhões de toneladas por ano. Além disso, surgirá um complexo para a produção de produtos petroquímicos de segunda geração, como etilenoglicol, polietileno e poli-propileno. Parte do Comperj é também uma instalação cen-tral de produção para água, vapor e energia. Meta estraté-gica é também assentar produtores de terceira geração, que transformam produtos químicos em bens de consumo, ao longo das autoestradas do Rio de Janeiro, do arco metro-

politano que ligará o Comperj com o porto de Itaguaí. No

começo de 2012, o Comperj estava parcialmente pronto.

Foto: Agência Petrobras

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26 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Abreu e Lima foi construída originalmente como coopera-ção com a empresa petrolífera estatal venezuelana PdVSA. Atualmente, supõe-se que a Petrobras assumirá o projeto sozinha. Os investimentos na refinaria estão em torno de US$ 13,3 bilhões, e o vizinho Complexo Portuário e Indus-trial de Suape deve receber outros US$ 2,75 bilhões. A re-finaria incluída no complexo industrial portuário de Suape deve entrar em funcionamento ainda em 2012 e chegará a produzir até 230.000 bpd em petróleo processado. O com-plexo petroquímico deve produzir por ano 700.000 t PTA (ácido tereftálico), 240.000 t POY (fios de poliéster), assim como 450.000 t de PET.

Segundo a opinião de especialistas, Suape terá um impor-tante papel no aumento do valor agregado interno, já que aqui se desenvolve um cluster industrial com boas condi-ções de localização, administração moderna, o mais efi-ciente porto do setor privado, boa oferta de energia e cres-cente urbanização. Suape também se destaca na formação de profissionais e na inovação. Dentro do programa Suape Global são coordenadas e incentivadas medidas concretas nos campos de desenvolvimento de pessoal, industrial, de infraestrutura e meio ambiente, tecnologia e inovação, as-sim como desenvolvimento de negócios e comunicação. A Petrobras Suape procura para a expansão da refinaria espe-cialmente empresas alemãs da indústria de processamento de metal (vide capítulo “Demanda concreta”). No começo de 2012, Abreu e Lima encontrava-se em fase de implantação avançada.

Muito espaço para crescer – o Complexo Industrial Portuário Suape. Foto: Divulgação / Suape

Refinaria Abreu e Lima em fase de construção. Foto: Suape Global / Divulgação

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 27

Premium I e IIOutras duas grandes refinarias encontram-se em fase de pla-

nejamento: Premium I no Estado do Maranhão e Premium II

no Estado do Ceará. Ambas as instalações estão sendo pla-

nejadas para 300.000 bpd na fase inicial. Premium I deve

entrar em funcionamento em 2016 e Premium II a partir de

2017. Premium I deve produzir em uma fase posterior outros

300.000 bpd. Premium I encontra-se atualmente na fase de

obras de terraplenagem, para Premium II foi dada a licença

prévia. Ambas as refinarias devem produzir derivados Pre-

mium de especificação internacional.

Capacidade meta por unidade das re�narias Premium

Unidade Capacidade nominal (bpd)

Destilação 300.000

Coque 78.000

HCC 114.000

HDT-Diesel 78.000

HDT-querosene/nafta 54.000

Fonte: Petrobras

Complexo Petroquímico Suape. Foto: Suape Global

Esferas de GLP da unidade de tratamento de Gás de Monteiro Lobato, UTGCA. Foto: Rogério Reis / Banco de Imagens Petrobras

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28 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Navio petroleiro P 74. Foto: Agência Petrobras

Manutenção e peças de reposiçãoAo lado dos investimentos em equipamentos novos, que perfarão no período entre 2011 e 2015 anualmente em torno de US$ 20 a 25 bilhões, um campo de ação não tão visível aparece, mas muito lucrativo, na manutenção, no serviço e com peças de reposição. Segundo Ernani Turazzi, gerente de Desenvolvimento do Mercado Fornecedor da Petrobras, os gastos com manutenção estão em torno de US$ 50 bilhões por ano, o que é mais do que o dobro dos novos investimentos. E os gastos com manutenção e a compra de equipamentos de reposição continuarão au-mentando claramente por causa do grande número de no-vas plataformas no futuro.

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 29

Com o aumento da frota, aumenta também a necessidade de equipamento de reposição e manutenção, por ano em torno de US$ 50 bilhões, na foto: o P45 a caminho do Campo de Marlim (julho de 2011). Foto: Agência Petrobras

Conteúdo LocalO Brasil não quer só expandir a exploração de petróleo e a área downstream, mas expressamente também a cadeia de fornecimento nacional. Primeiramente, os fornecedores bra-sileiros eram favorecidos quando tinham a mesma qualifica-ção, agora dependendo do projeto, local e produto valem cotas mínimas fixadas numericamente do valor agregado nacional. Onde a oferta de produtos da indústria local ainda apresenta brechas, o conteúdo local é proporcionalmente mais baixo, mas aumentará sem dúvida gradualmente em todas as áreas por causa de uma linha forçada do governo. No momento valem, segundo especialistas do ramo, por exemplo, diferentes conteúdos locais para onshore (até 84%), águas rasas (57% a 67%) e águas profundas (35% a 57%).

O aumento das regras de conteúdo local não significa de modo algum que a Petrobras não esteja interessada em know-how internacional. Pelo contrário. “Nós recebemos de braços abertos empresas internacionais com tecnologia inovadora”, diz Ernani Turazzi, gerente de Desenvolvimento do Mercado Fornecedor da Petrobras. “O pré-sal é um pro-jeto gigante. O Brasil mal pode dar conta dele sozinho“, diz Adilson Oliveira, professor de Economia e especialista em pe-tróleo da renomada Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ). Então, empresas fornecedoras internacionais têm que se adaptar a produção local, pesando a atratividade do mercado contra possíveis custos de produção maiores quando comparados internacionalmente.

O que também tem que ser levado em conta é a massa crí-tica, ou seja, a quantidade de demanda mínima, a partir de quanto vale à pena implementar uma produção. Levando em consideração o custo elevado da localização e do atual câmbio, a demanda tem que vir completamente do mer-cado brasileiro, já que a exportação do Brasil, em termos de custo, frequentemente não é competitiva. Mesmo assim, Adilson Oliveira é da opinião que a demanda no Brasil para a maioria dos produtos aumentará de forma tão forte que vale a pena uma produção, mesmo sem exportação. Além disso, o governo ajuda através de vantagens de assenta-mento, vantagens fiscais como o programa Repetro (des-contos fiscais como se fosse exportação também quando se trata de lucro local) e também o BNDES põe a disposição linhas de financiamento para empresas com forma jurídica brasileira e com conteúdo local. Além do mais, segundo Oliveira, existe a proteção que uma empresa localizada no Brasil goza em comparação a concorrentes internacionais por causa da alfândega e do conteúdo local.

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30 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Em sua primeira entrevista coletiva no novo cargo, a nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, destacou no 13.2.2012 a estratégia da companhia em relação à política de conteudo local. Foto: Agência Petrobras

A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, reforçou várias vezes publicamente que a Petrobras leva a sério o conteúdo local e tornou o tema assunto prioritário, levando o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) a responder direta-mente a ela. Além disso, a Petrobras começou a introduzir, além das regras da ANP, alguns limites mínimos de conteúdo local para todos os projetos de extração de petróleo. Os for-necedores ficam sabendo a quantidade exata do conteúdo

local, na maioria das vezes, através das licitações dos EPCs. Em caso de não cumprimento do conteúdo local, os opera-dores dos campos de óleo têm que pagar multas, no caso geralmente a Petrobras. Mesmo quando uma multa assim tem efeito prejudicial para a imagem da Petrobras, dar a preferência para produtores locais tem seus limites. Segun-do conhecedores do ramo, pode fazer mais sentido para a Petrobras importar e pagar multa do que aceitar um preço muito mais alto de um produtor local. Exigências de conte-údo local normalmente não têm que ser preenchidas de ime-diato, mas são negociadas bilateralmente. Frequentemente, chega-se a um acordo de aumento gradual durante alguns anos.

“Nós desejamos que as empresas estrangeiras não apenas produzam aqui, mas que desenvolvam tecnologia junta-mente conosco”, diz Ernani Turazzi do Departamento de Ma-teriais da Petrobras. A Petrobras já tem este tipo de parceria com inúmeras empresas multinacionais. O centro desta coo-peração é o instituto de pesquisa Cenpes na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro, onde empresas de renome internacional como GE, Schlumberger e Halliburton juntaram-se a Petro-bras. Que inovar juntamente com a Petrobras pode ser uma solução lucrativa do problema do alto custo de produção no Brasil, mostra o exemplo de um fabricante alemão de bombas que juntamente com a Petrobras desenvolveu um produto que ele hoje vende com sucesso no mercado mun-dial e até na República da China.

Conteúdo local em porcentagem (valor alvo médio)

Fonte: Petrobras

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32 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

A construção naval e os desafios atuaisAriovaldo Rocha, Presidente do SINAVAL (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore)

A construção naval brasileira tem o desafio de construir os navios petroleiros e as estruturas flutuantes de perfuração e produção de petróleo. São equipamentos essencial para au-mentar a produção brasileira dos atuais 2 milhões de barris/dia para 4 milhões de barris/dia, em 2015, e 6 milhões de barris/dia, em 2020.

A demanda, até 2020, é estimada em 50 plataformas de pro-dução, 50 sondas de perfuração, 500 embarcações offshore e 130 petroleiros.

Para realizar esta tarefa, o setor conta atualmente com 52 estaleiros, sendo 11 em construção. São 59 mil trabalhadores ocupados na construção de 6,2 milhões de TPB (tonelagem de porte bruto, que mede a capacidade de carga de um navio), cerca de 300 navios, 18 plataformas offshore.

O plano de negócios da Petrobras para o período 2011-2015 estima investimentos de US$ 127,5 bilhões em exploração e produção.

Já são oito anos quando foi entregue, em 2003, a ministros do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o estudo do SINAVAL propondo a retomada da indústria da construção naval brasileira. Mostramos os fatos evidentes.

O documento alertava para a situação do Brasil, país com uma costa marítima de oito mil quilômetros e mais de 90% do comércio internacional realizado por via marítima, que havia parado de construir navios de grande porte, há mais de 15 anos.

Em 2003, como agora, era inexpressiva a participação da bandeira nacional no transporte marítimo internacional. A navegação entre os portos brasileiros havia se reduzido. Uma frota de navios ultrapassando a idade madura exigia renovação.

No cenário mundial, a Coreia e a China avançavam na lide-

rança mundial da construção naval, ultrapassando a Europa

e o Japão.

No segmento offshore, a Petrobras reconhecia a falta de uma

capacidade local para construção de navios e plataformas de

produção e perfuração. Foi quando ocorreu a decisão de re-

cuperar a indústria da construção naval brasileira, aprovei-

tando as encomendas que seriam geradas, principalmente

pela Petrobras e pela Transpetro. A atual Presidenta da Repú-

blica, Dilma Rousseff, era a Ministra de Minas e Energia.

Os estaleiros propunham executar uma retomada da indús-

tria naval em três movimentos: a retomada com a construção

de navios de apoio marítimo e petroleiros; a consolidação

com a expansão e renovação tecnológica dos estaleiros; e a

programação de encomendas de dez anos, incluindo a cons-

trução local de plataformas de petróleo.

Essas fases foram alcançadas.

A situação atual é de aumento do emprego direto gerado

nos estaleiros, que cresceu de dois mil trabalhadores, em

2000, para 59 mil, ao final de 2011. O volume de obras re-

presenta a construção de 6,2 milhões de TPB em cerca de

300 empreendimentos, uma participação de 4% no volume

total de navios em construção no mundo.

O Brasil está visível nas estatísticas internacionais. Esses fatos

positivos são o resultado da política industrial definida pela

Presidenta Dilma, em diversas oportunidades, porque a in-

dústria naval depende de políticas públicas e de decisões de

política industrial, fiscal e financeira.

A construção naval superou, nos últimos dez anos, impor-

tantes desafios. Recuperou estaleiros, tornou-se importante

construtor de navios de apoio marítimo offshore, construiu

petroleiros, navios porta-contêineres, graneleiros, platafor-

mas de petróleo e, agora, se prepara para iniciar a construção

de navios-sonda para perfuração no subsolo marinho, em

águas profundas.

Os desafios conquistados foram relevantes. A formação e a

qualificação dos recursos humanos foram realizadas com

apoio de diversas instituições, como o SENAI e o Programa

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 33

Plataforma semi-submersível P-51 operando no campo de Marlim Sul na Bacia de Campos. Foto: Geraldo Falcão / Banco de Imagens Petrobras

de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás (Prominp), do Ministério de Minas e Energia.

Os estaleiros instalaram áreas de treinamento para formar soldadores e outros técnicos. Nas diversas regiões brasileiras, governos municipais e estaduais participaram no esforço de formação de pessoal.

Esse esforço vai continuar porque a construção naval prevê a contratação de mais 25 mil pessoas nos próximos três anos, além de manter o atual quadro de operários e técnicos.

Será necessário agregar tecnologia de diversas áreas do conhecimento para aumentar o conteúdo local nos forne-cimentos de equipamentos e sistemas para construção de navios e plataformas.

Construir parcerias com fornecedores internacionais para construção local desses sistemas é uma das expectativas da indústria.

Para alcançar essas metas na área de conteúdo local, o SINAVAL obteve do Governo a desoneração fiscal nos for-necimentos à construção naval. O Decreto nº 6.704, de 19/12/2008, concede desoneração do IPI para o forne-cimento de materiais para a construção naval, e a Lei nº 11.774, de 17/09/2008, trata da redução a zero das alí-quotas de PIS/PASEP e COFINS sobre equipamentos desti-nados à construção naval.

O SINAVAL assinou convênios de cooperação técnica com a Espanha, a Argentina e a República da Coréia e pretende assinar outros com países interessados em participar, em conjunto com as empresas locais, desse mercado.

O sistema de financiamento para a construção de navios e a implantação de estaleiros, através do Fundo da Marinha Mercante, gerido pelo Ministério dos Transportes, existe há mais de 50 anos. Tem como agentes financeiros o BNDES, o Banco do Brasil , a Caixa, o BASA e o BNB; bancos federais com controle acionário do Governo.

A construção naval brasileira, como principal fornecedora de ativos para a exploração de petróleo offshore, é parte in-tegrante de uma política do Governo Federal, que visa criar um novo segmento empregador. Este esforço é essencial para aumentar a produtividade e competitividade, e criar a sustentabilidade do setor.

O mercado interno e externo são os objetivos neste movi-mento. A frota de navios, com bandeira brasileira operando no transporte marítimo ao longo da costa, deve aumentar e ser modernizada. Uma competitiva indústria de reparos na-vais precisa ser implantada para atender à demanda, já que a frota de navios de apoio marítimo e petroleiros aumentará.

As descobertas de petróleo em águas ultraprofundas exi-girão a construção de navios especializados na construção

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34 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Recursos críticos Plano de aquisição (cumulativo)

2013 2015 2020

Navios de perfuração para profundidade marítima superior a 2.000 m

39 37 65

Navios de abastecimento e especiais

423 479 568

Plataformas de produção (SS e FPSO)

54 61 94

Outros navios (Jacket e TLWP)

80 81 83

Fonte: Petrobras

submarina nos campos de produção. Estão em licitação na-vios de suporte a operações submarinas e para o assenta-mento de dutos.

A esse esforço estão sendo incorporados os grandes ban-cos governamentais e privados. Os fundos de pensão estão participando do capital da empresa SETE Brasil, que será a grande gestora de ativos de perfuração e produção de pe-tróleo. Caberá a SETE Brasil contratar nos estaleiros locais 33 navios-sonda, que serão afretados à Petrobras pelos próxi-mos 15 a 20 anos.

É um projeto do Governo e da sociedade brasileira. A visão é ocupar uma posição no segmento da indústria naval mun-dial, compatível com as dimensões econômicas que o país atingiu, dando respostas às aspirações de emprego e avanço social através do trabalho para a população.

O SINAVAL defende este projeto que representa uma ação concreta em favor do desenvolvimento social e econômico do País.

Evolução da construção naval no Brasil

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 35

Desafio conteúdo localOtavio Carneiro, Alexandre Calmon (Sócios de Veirano Advogados)

No âmbito da indústria do petróleo no Brasil, poucos temas hoje merecem tanta atenção quanto o “conteúdo nacional”. A crescente relevância do tema é um reflexo da mudança na forma de fiscalização do cumprimento das obrigações assu-midas pelas empresas de exploração e produção de petróleo e gás perante o Governo Brasileiro e da crescente cobrança quanto ao efetivo desenvolvimento de uma cadeia de forne-cedores locais.

O desenvolvimento de uma indústria local sempre esteve entre as preocupações institucionais da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, embora tenha se tornado política de gover-no efetivamente em 1997 quando foi inserido como um dos vetores de ganho resultantes da abertura pelo Governo Brasi-leiro das atividades de exploração e produção de petróleo a outras empresas nacionais e empresas estrangeiras.

Com o advento da emenda constitucional no. 9 em 1995 que promoveu a flexibilização do monopólio estatal e a promulgação da Lei do Petróleo em 1997, foi criada a Agên-cia Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis – ANP, au-tarquia federal constituída para regular o setor de petróleo e gás no Brasil, a quem coube definir a estratégia e a política de desenvolvimento econômico e tecnológico da indústria local, bem como da sua cadeia de suprimento, missão para a qual foram dados à agência instrumentos para induzir o incremento dos índices mínimos de conteúdo local de bens e serviços, a serem observados em licitações e contra-tos de concessão.

Assim, a ANP procurou desde as primeiras rodadas de licita-ções para a outorga de contratos de concessão às empresas interessadas em desenvolver atividades de exploração de petróleo e gás no Brasil, valorizar a oferta de conteúdo lo-cal durante as fases de exploração e desenvolvimentos das áreas colocadas em leilão. Com o passar do tempo a ANP passou a exigir compromissos firmes de conteúdo local os quais, inclusive, passaram a ser decisivos na definição dos vencedores das rodadas de licitação patrocinadas pelo Go-verno Brasileiro.

De modo geral, a natureza dos compromissos assumidos pe-las empresas vencedoras dos leilões promovidos pela ANP refletidos nos contratos de concessão celebrados com o Governo Brasileiro sofreram algumas alterações ao longo do tempo, mas o que foi, sim, substancialmente modificado foi a forma como a agência passou a fiscalizar o cumprimento de tais compromissos, especialmente aqueles referentes aos percentuais mínimos de investimentos através da utilização de bens e serviços obtidos junto à cadeia produtiva local.

Nos que toca aos compromissos assumidos pelos concessio-nários nos termos dos contratos de concessões, os conces-sionários são obrigados em suas aquisições direcionadas ao cumprimento do objeto da concessão, garantir a fornecedo-res brasileiros, condições amplas e equânimes de concorrên-cia com as demais empresas convidadas a apresentar pro-postas de venda de bens ou de prestação de serviços, dando preferência aos fornecedores locais em caso de igualdade de condições nas respectivas propostas comerciais. Ademais, os concessionários devem também comprovar o cumprimento dos percentuais mínimos de investimentos oferecidos du-rante as fases de exploração e desenvolvimento na aquisi-ção de bens e serviços locais. Atualmente, existe, inclusive, a obrigação de realização de investimentos mínimos em serviços e bens específicos para cada uma das fases acima referidas expressamente previstos nos termos dos contratos de concessão.

O não cumprimento dos percentuais mínimos de investi-mentos oferecidos durante as fases de exploração e desen-volvimento na aquisição de bens e serviços locais ensejam o pagamento de multa pelo concessionário à ANP que pode variar até o valor total do investimento necessário a com-pensar a diferença entre o percentual de conteúdo local efe-tivamente alcançado pelo concessionário e o percentual de conteúdo local originalmente assumido pelo concessionário no respectivo contrato de concessão.

Ocorre que até Sétima Rodada de Licitações da ANP o sis-tema de comprovação de cumprimento dos percentuais mínimos de conteúdo local continha graves imperfeições o que fez com que a ANP passasse então a adotar um sistema de certificação para melhor auferir tal cumprimento. Assim, foi editada a regulamentação do sistema de certificação de

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36 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

conteúdo local que compreende um conjunto de quatro re-soluções editadas pela ANP: (i) Resolução ANP nº 36 – Regu-lamento de Certificação de Conteúdo Local; (ii) Resolução ANP nº 37 – Regulamento de Credenciamento de Entidade para Certificação de Conteúdo Local; (iii) Resolução ANP nº 38 – Regulamento de Auditorias de Certificadoras;e (iv) Resolução ANP nº 39 – Regulamento do Relatório de Inves-timentos Locais.

A implementação da Regulamentação iniciou-se com a vi-gência imediata das Resoluções ANP nº 37 e nº 39, edita-das de setembro de 2007. Já as Resoluções ANP nº 36 e 38, entraram em vigor em setembro de 2008. Logo os contatos de concessão posteriores a sexta Rodada de Licitações da ANP passaram a estabelecer que os compromissos dos con-cessionários quanto à aquisição local de bens e serviços seja comprovado junto à ANP pela apresentação de certificados de conteúdo local, devendo os concessionários solicitar aos seus fornecedores de bens e serviços as devidas certificações de seus produtos, sem prejuízo a os fornecedores possam, por sua livre iniciativa, buscar antecipadamente a certifica-ção de seus produtos. As atividades de certificação deverão ser executadas por entidades devidamente qualificadas e cre-denciadas pela ANP, com base em critérios previamente de-finidos pela própria agência, devendo a ANP implantar um sistema de certificação do conteúdo local e realizar auditoria periódica nas entidades credenciadas.

Com o advento do novo regramento para a certificação de conteúdo local toda a cadeia de fornecedores da indústria Brasileira de bens e serviços que atendem ou pretendem atender empresas de exploração e produção de petróleo e gás, inclusive e especialmente a Petrobras, passaram a ter que se ajustar a necessidade de certificar seus produtos e serviços junto às certificadoras locais, comprovando os res-pectivos percentuais indicativos da origem local dos com-ponentes e mão de obra utilizados na produção de um bem ou na prestação de um serviço.

Ao mesmo tempo a ANP passou a ser ainda mais rigoro-sa com as empresas de exploração e produção de petróleo quanto ao cumprimento de seus compromissos contratuais de conteúdo local, o que fez com que a capacidade dos for-necedores em cada etapa da cadeia produtiva de certificar seus produtos e serviços, bem como o índice de conteúdo local capaz de ser alcançado por cada um, tenha passado a se tornar um grande diferencial competitivo.

Não é diferente para aqueles serviços e produtos original-mente 100% estrangeiros. O movimento acima descrito

passou a fazer também com que empresas estrangeiras interessadas em aproveitar as oportunidades crescentes no mercado Brasileiro, buscassem, muitas vezes até por solici-tação de clientes com atuação no País, alternativas e estru-turas capazes de agregar conteúdo local a seus produtos e serviços. Não é difícil constatar que tal busca tem crescido exponencialmente, em muito impulsionada pela conjun-tura econômica mundial desfavorável aliada às inúmeras oportunidades que hoje se descortinam, especialmente o Plano de Investimento 2011-2015 da Petrobras que prevê investimentos da ordem de U$ 127,5 Bilhões apenas para o segmento de exploração e produção de petróleo e gás da companhia no Brasil.

Os índices de conteúdo local exigidos pelos clientes hoje no Brasil variam muito em razão do tipo de serviço e produto e a possibilidade de os encontrarem em alguma medida local-mente, mas genericamente falando temos visto exigências de percentuais mínimos em torno de 65%, o que denota o tamanho do desafio que se impõe a fornecedores estrangei-ros interessados em acessar o mercado Brasileiro.

Alternativas para superar tal desafio existem e variam caso a caso de acordo com os requisitos exigidos pelo(s) potencial(is) cliente(s) e o tipo de produto e/ou serviço que se interessa fornecer, e perpassam usualmente a possibili-dade de se produzir localmente, seja através de parcerias de investimento com fornecedores locais, a implantação de fábricas ou linhas de montagem próprias no País, ou mesmo a celebração de arranjos de industrialização por encomenda com fabricantes locais, por exemplo.

Por fim, cabe ressaltar que embora tratemos no presente texto das regras aplicáveis ao fornecimento de bens e pro-dutos para a indústria do petróleo e gás, a dinâmica ora descrita não difere muito daquela aplicável à indústria da construção naval, outro segmento onde existem um sem número de oportunidades no Brasil.

Para maior comodidade e informações sobre o tema “con-teúdo local", listamos, abaixo, o endereço eletrônico de alguns sítios institucionais na Internet que de abordam o tema:

(i) ANP: http://www.anp.gov.br/?id=554

(ii) ONIP: http://novosite.onip.org.br/wpcontent/uploads/2012/01/livro_conteudo_local_onip-1.pdf

(iii) BNDES - Finame: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/FINAME_Maquinas_e_Equipamentos/

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 37

A demanda concretaOliver Döhne, Germany Trade & Invest

O Brasil tem muito pela frente com o pré-sal. Não só a di-mensão da exploração, extração e processamento dos no-vos poços offshore em mar profundo é impressionante, mas também a construção de infraestrutura correspondente e, especialmente, as exigências de capacidade e inovação esperadas dos fornecedores locais são consideráveis. Espe-cialistas de mercado estão de acordo que por causa da alta quantidade da demanda e da enorme necessidade de tec-nologias novas há muito lugar para novas empresas.

Para iniciantes, a indústria brasileira de petróleo e gás é essencialmente interessante onde existe um dos seguintes fatores:

• nenhuma produção interna• gargalo da produção local• alta concentração de mercado• alta necessidade de inovação

Produtos críticosA. Nenhuma produção internaVários produtos ainda não são produzidos no Brasil, por se tra-tarem de produtos muito especializados com poucas possibi-lidades de uso, altos custos irrecuperáveis de equipamento e aparelhos de testes caros. Frequentemente, tais produtos só são produzidos em um local para todo o mercado mun-

dial para que a economia de escala necessária seja alcançada. Outra razão para a falta de produtores locais é o alto custo de produção (“o famoso custo Brasil”) se comparado interna-cionalmente. Segundo a Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip), ainda não há nenhum produtor no Brasil para aproximadamente 40% do equipamento necessitado pela Petrobras. Apesar do governo brasileiro ter declarado como meta suprir todas estas faltas, a Petrobras ainda terá que continuar importando estes produtos até uma estrutura competitiva de fornecimento local ter sido construída. Mas isso significa, ao mesmo tempo, que aqueles produtores que

Refinaria Duque de Caxias, REDUC. Foto: Geraldo Falcão / Banco de Imagens Petrobras

Foto: MAN

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38 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Categorias de produtos sem fornecimento nacional

Setores Categorias de produtos

Siderurgia Aço duplex e aços super-duplex

Tubos Tubos com Cr-Mo-V, tubos sem costura com diâmetro maior que 14 polegadas

Caldeiraria Equipamentos fabricados com aços especiais (duplex, super-duplex, Cr-Mo e Cr-Mo-V)

Subsea - Equipamentos Válvulas esferas submarinas

Bombas Bombas multifásicas, bombas verticais submersíveis, bombas API 610 de grande capacidade

Compressores Compressores centrífugos, compressores rotativos parafuso

Motores a combustão Motores a gás, motores a diesel com potência acima de 470 HP

Turbinas a gás e vapor Turbinas a gás

Guindastes Guindastes o�shore

Válvulas Válvulas forjadas com grandes diâmetros

Automação DCS (Distributed Control System)

Fonte: Estudo de Competividade e da capacidade da indústria brasileira de bens e serviços do setor de petróleo e gás, Prominp/UFRJ

forem para o Brasil e realizarem valor agregado local, terão o mercado praticamente para si, já que estarão protegidos de produtos produzidos no exterior através do conteúdo local e da alfândega.

Um estudo competitivo da renomada Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ) feito dentro do Programa de

Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) transmite uma ideia da situação da indústria de fornecimento brasileira, e onde existe falta. Segundo este estudo existem inúmeras lacunas na oferta de produtos dos fabricantes brasileiros (vide tabela).

Foto: Agência Petrobras

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 39

Demanda em equipamento crítico

Grupo de produto Unidade 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total

Alumínio especial para Tubing e Casing

t 2.396 4.372 5.195 7.829 8.158 13.427 41.377

Turbo gerador un. 12 32 28 12 8 12 104

Cabos de poliéster Mooring km 90 182 249 319 113 170 1.123

Dutos de �bra de vidro km 630 425 228 128 – – 1.411

Cabos eletrônicos para CSP km 3.053 5.860 5.626 5.406 4.981 – 24.926

Geradores a vapor un. 129 73 2 23 38 30 295

Geradores HCC un. – 30 5 – – 4 39

Boiler de alumínio especial, reatores, torres, caldeira de pressão

un. 10 72 62 8 – 4 156

Aquecedor (Alumínio especial) un. 51 58 46 49 – – 204

Forno reformador un. 1 9 9 – – – 19

Bombas un. 1.411 1.709 2.896 979 144 96 7.235

Compressores un. 79 265 50 34 23 40 491

Guindastes un. 26 23 19 24 8 4 104

Aço estrutural (casco de navio) t 470.700 152.350 85.500 60.450 37.500 – 806.500

Aço estrutural (corpo da plataforma) t 48.000 28.000 84.000 188.000 200.000 84.000 632.000

Aço estrutural (casco de navio de perfuração)

t 70.000 70.000 60.000 60.000 60.000 60.000 380.000

Flares un. 9 15 29 13 6 4 76

Geradores de energia (13,8 kV) un. 39 35 46 31 6 – 157

Geradores de energia (0,48 kV) un. 142 119 119 87 66 – 533

Tanques un. 153 598 201 68 26 39 1.085

Torre de processamento un. 48 208 118 17 – 5 396

Reatores un. 30 186 28 – – 4 248

Árvore de Natal Molhada (ANM) un. 167 207 192 175 191 211 1.143

Cabeças de poço o�shore un. 239 322 286 269 272 288 1.676

Árvore de Natal Seca (ANS) un. 472 416 461 550 305 340 2.544

Cabeças de poço onshore un. 558 506 556 650 383 389 3.042

Manifolds un. 13 8 9 12 27 31 100

Cordão umbilical km 275 339 666 581 1.040 1.246 4.148

Tubos (onshore) t 28.681 28.681 28.681 28.681 28.681 28.681 172.086

Tubos (o�shore) t 9.965 9.965 9.965 9.965 9.965 9.965 59.790

Dutos �exíveis km 541 635 895 780 1.402 1.638 5.892

Tubos ascendentes km 196 164 277 264 543 666 2.110

Turbinas un. 191 253 306 82 12 16 860

Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2020, Política de Aquisição e Abastecimento de Material Crítico

B. Gargalos da indústria localA expansão abrangente da rede de fornecimento e da in-fraestrutura acarreta uma demanda muito grande que os fornecedores frequentemente não podem atender imedia-tamente. No plano estratégico de 2020, a Petrobras lista a necessidade prevista em equipamentos com que conta ter problemas na aquisição.

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40 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

O que exatamente é crítico (prazo de entrega, preço, qualidade)?

Setor Chapas de aço carbono

Chapas de aço especial

Tubos de aço Produtos forjados

Produtos fundidos

Siderurgia

Tubos

Flanges e conexões

Caldeiraria

Subsea - Equipamentos

Subsea - Umbilicais e linhas �exíveis

Bombas

Compressores

Motores de combustão (pequeno porte)

Turbinas a gás e vapor

Guinchos

Guindastes (onshore)

Válvulas

Geradores e motores elétricos

Subestação e transformadores

Painéis de distribuição elétrica

Instrumentação e medição

Automação

Telecomunicação

Construção e montagem

Serviços de engenharia

Fonte: Prominp/UFRJ prazo de entrega preço qualidade

Um estudo do Prominp sobre a situação da competitivi-dade da indústria de fornecimento local mostra onde exa-tamente existem faltas. Fica claro que o alto e repentino aumento da demanda exigiu demais de muitas empresas, seja no que diz respeito ao preço esperado pela Petrobras, as altas exigências qualitativas ou o tempo de entrega.

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 41

O que exatamente é crítico (prazo de entrega, preço, qualidade)?

Setor Cobre Óleo derefrigeração

Motores elétricos

Instrumentação Componenteseletrônicos

Siderurgia

Tubos

Flanges e conexões

Caldeiraria

Subsea - Equipamentos

Subsea - Umbilicais e linhas �exíveis

Bombas

Compressores

Motores de combustão (pequeno porte)

Turbinas a gás e vapor

Guinchos

Guindastes (onshore)

Válvulas

Geradores e motores elétricos

Subestação e transformadores

Painéis de distribuição elétrica

Instrumentação e medição

Automação

Telecomunicação

Construção e montagem

Serviços de engenharia

Fonte: Prominp/UFRJ prazo de entrega preço qualidade

Complexo Petroquímico de Suape. Foto: Suape Global

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42 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Existe uma necessidade especial na construção das quatro novas refinarias Greenfield. Para a refinaria Abreu e Lima em Suape, a Petrobras está procurando especialmente em-presas de processamento de metal e esforçou-se junto ao Consulado-Geral da Alemanha em Recife repetidamente para conseguir explicitamente empresas alemãs. Segundo dados de Marco Petkovich, gerente de relações institucio-nais da Petrobras em Suape, será necessário especialistas principalmente nos seguintes campos:

Necessidade de equipamento Re�naria/Complexo Petroquímico Suape

a) Fabricantes de equipamentos e componentes: válvulas, compressores, bombas, motores, permutadores de calor e produtos similares

b) Fabricantes de recipientes de metal, peças de construção, torres, tubos e sistemas de tubos, principalmente nas áreas de aço especial, elementos laminados e/ou aqueles de grande espessura

c) Fabricantes de peças de fundição para a indústria de petróleo e para a construção naval

d) Fabricantes de grandes e pequenas peças forjadas para a indústria de petróleo

Fonte: Petrobras Suape

A demanda de ambas as grandes refinarias Premium I e Premium II, que ainda estão na fase de planejamento, é conhecida mais exatamente. Ela deve ser coberta, segun-do desejo do governo, por 90% de produção local. Por isso, empresas alemãs interessadas teriam que se esforçar com especial empenho em ganhar um conteúdo local, ou seja, uma parceria com um fabricante local.

Coluna de exploração, Laboratório de Elevação Artificial da Universidade Federal da Bahia. Foto: Agência Petrobras

Permutador, equipamento de fabricação nacional para a unidade de destilação atmosférica da Refinaria Abreu e Lima. Foto: Agência Petrobras

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 43

Necessidade de equipamento das Re�narias Premium

Equipamentos Quantidades Principais características

Caldeiras a Coque 4 Capacidade: 400 t/h de vapor (cada). Pressão max: 126 bar. Temperatura max: 536°C.

Fornos 19 Calor absorvido: de 4 a 62Gcal/h. Materiais: 317, 347, 9Cr1Mo, A106 e P9.

Reatores 23 Altura T-T: de 4 a 36 m. Diâmetro Interno: de 3 a 5m. Pesos: de 54 a 1.500 toneladas. Materiais: 2 1/4Cr-1Mo, 1 1/4Cr-1/2Mo e 2 1/4Cr-1Mo-V (com clad)

Tambores de Coque 4 Altura total: 37m. Diâmetro Interno: 9m. Material: 1 1/4 Cr-1/2 Mo (com clad)

Torres/Colunas 35 Altura T-T: de 9 a 64m. Diâmetro Interno: de 3 a 11m. Material: KCS (alguns com clad)

Dessalgadoras 4 Altura T-T: 30,5m. Diâmetro Interno: 3,7m. Material: CS.

Vasos 136Altura T-T: de 5,4 a 11m. Diâmetro Interno: de 3,2 a 6,2m. Materiais: 2 1/4Cr-1Mo, KCS

Dispositivos de abertura e fechamento de Tambor de Coque

8 Válvulas de diâmetros de 36pol e 60pol

Switch Valve 2

Trocadores de Calor 275 Comprimento: Feixe: 2 a 9,8m. Diâmetro do Casco: 0,35 a 1,5m. Materiais: KCS, 2 1/4Cr-1Mo, 1Cr-1/2Mo (alguns com clad)

Resfriadores 180 Comprimento: 5 a 12m. Materiais: KCS e Alloy 825

Turbogeradores 3 Fluido: Vapor. Potência: 77 MW

Bombas Centrífugas 58 Acionamento: Motor Elétrico. Faixa de Potência: 52a 3.800 kW. Tipos: OH2, BB2, BB3 e BB5

Sistemas de Descoqueamento 2 Acionamento: Motor Elétrico. Potência das Bombas: 3.870 kW. Qtde de Ferramentas de Corte: 4

Compressores Parafusos 2 Acionamento: Motor Elétrico. Potências: 450 e 800 kW. Vazão: 3.458 e 6570 Nm³/h

Compressores Alternativos 6 Acionamento: Motor Elétrico. Faixa de Potência: 1,1 MW a 17 MW. Faixa de Vazão: 21.700 a 210.000 Nm³/h

Compressores Centrífugos 4Acionamento: Motor Elétrico e Turbina. Faixa de Potência: 1,3 MW a 24 MW.Faixa de Vazão: 1.750 a 33.500 Nm³/h

Compressores de Anel Líquido 3 Acionamento: Motor Elétrico. Potência: 200 kW. Faixa de Vazão: 8.900 Nm³/h

Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2020, Demandas de Bens e Serviços Re�narias Premium I e II

Lista detalhada da demanda necessária de todos os projetos da Petrobras:

Portal do Prominp

www.prominp.com.br (Portal de Oportunidades)

• Informação detalhada sobre a demanda exata dos novos projetos

• Transparência sobre compradores da própria categoria de produtos

• Mais de 5.000 firmas registradas

• Acesso apenas através de empresas sediadas no Brasil

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44 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Tabelas Intensidade de Competitividade

Setores Principais famílias Concentração de mercado Porte dos players

Siderurgia Aços especiais Alta G

Aço carbono Média G

Tubos Com costura Alta G

Sem costura Alta G

Flanges e conexões Flanges Alta M, MG

Conexões Alta M, MG

Caldeiraria Air coolers Alta MG, G

Aquecedores Alta MG, G

Filtros Alta MG, G

Caldeiras Média G

Fornos Média G

Reatores Baixa G

Tambores de coque Baixa MG, G

Tanques Baixa MG, G

Torres Baixa MG, G

Trocadores de calor Baixa MG, G

Vasos Baixa MG, G

Subsea - Equipamentos Subsea - Equipamentos Alta G

Subsea - Umbilicais e linhas �exíveis

Subsea - Umbilicais Alta MG

Subsea - Linhas �exíveis Alta MG

Bombas Bombas centrífugas Alta G

Bombas alternativas Alta M

Bombas dosadoras Alta M

Compressores Compressores centrífugos Alta M

Compressores alternativos – –

Compressores rotativos parafuso – –

Motores a combustão Motores a gás – –

Motores a diesel (pequeno porte) Alta M

Motores a diesel (grande porte) – –

C. Alta concentração de mercado/Baixa intensidade de competiçãoSegundo especialistas do ramo, chances para iniciantes existem também onde já existe uma produção local, sendo que esta está dividida entre poucas empresas e onde o go-verno quer aumentar a competitividade. Com a nova direto-ria da Petrobras, aumentou a consciência do preço segundo

especialistas do ramo. Critérios importantes são, do ponto

de vista da Petrobras, ao lado da política de conteúdo local,

os pontos claramente econômico-administrativos: quanti-

dade, qualidade e preço. O estudo do Prominp mostrou que

em muitos grupos de produtos uma alta concentração do

mercado está frequentemente na mão de um só fornecedor

local. Quanto menos competitividade, maiores são os pre-

ços. Além disso, pouca ou nenhuma competitividade paralisa

os esforços de inovação.

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 45

Setores Principais famílias Concentração de mercado Porte dos players

Turbinas Turbinas a gás – –

Turbinas a vapor Alta G

Guinchos Guinchos Alta P, M

Guindastes Guindastes o�shore – –

Guindastes onshore Alta P, M

Válvulas Válvulas esfera Baixa M, MG

Válvula borboleta Baixa M, MG

Válvulas retenção Baixa M, MG

Válvulas diafragma Baixa M, MG

Válvulas globo Baixa M, MG

Válvula gaveta Baixa M, MG

Geradores e motores elétricos Motores elétricos - BT e MT Alta G

Motores elétricos - AT Alta G

Geradores Alta G

Grupo geradores Alta M, MG

Subestações e transformadores

Transformadores à secos Alta G

Transformadores à óleo Média G

Subestações Média MG

Painéis de distribuição elétrica

Painéis de alta tensão Alta G

Painéis de baixa tensão Média G

Painéis de média tensão Média G

Instrumentação e medição Instrumentos de campo Média M, MG, G

Medição �scal Média M, MG, G

Automação SCADA Alta MG, G

SDCD Alta MG, G

Computador industrial Média MG, G

PLC Média MG

Telecomunicação Centrais telefônicas Alta G

Antenas Média MG

Cabos ópticos Média MG

Fios elétricos Média MG

Sistemas de energia Média MG

Alta: 1-3 empresas, média: 4-6 empresas, baixa: mais de 6 empresas, G=grandes empresas, MG=média a grande, M=média, K=pequenaFonte: UFRJ, Prominp

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46 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

D. Inovação e nova tecnologiaA maior demanda em inovação existe em relação à dimi-nuição de custos da extração do pré-sal, que até agora é muito cara. David Zylbersztajn, da agência reguladora ANP, confirma que a Petrobras já possui a tecnologia necessária para chegar aos novos poços, mas que agora tem que se esforçar muito para ganhar eficiência para produzir eco-nomicamente. Aqui a rede de fornecimento tem um papel decisivo. Entretanto, o estudo sobre competitividade da Prominp mostrou que também existe déficit de inovação na indústria local. Frequentemente, a inovação se restringe à compra de equipamentos novos. A pesquisa do Prominp mostrou que em parte existem gastos claramente abaixo da média para pesquisa e tecnologia. Para realizar os planos do pré-sal, o Brasil precisa, segundo opinião de Adilson Oliveira da Universidade Federal do Rio de Janeiro, parcerias com outros países como a Alemanha. “Principalmente as avan-çadas e inovadoras empresas alemãs encontram no pré-sal um campo interessante para novos desenvolvimentos, que então poderão mais tarde usar mundialmente”. Oliveira vê, entre outras, nas seguintes áreas, potencial de sucesso para a competência vindo da Alemanha: robótica, automatiza-ção, eletrônica e produtos químicos.

Despesas com pesquisa e desenvolvimento de segmentos individuais (participação no volume de vendas)

Setor Despesas com P&D

Siderurgia 0,4%

Tubos 0,8%

Flanges e conexões 1,5%

Caldeiraria 0,6%

Subsea - Equipamentos 1,1

Bombas 0,9

Compressores 0,2

Motores a combustão (pequeno porte) 1,0

Turbinas a gás e vapor 0,2

Guinchos 2,8

Guindastes (onshore) 2,8

Válvulas 1,8

Geradores e motores elétricos 2,2

Subestação e transformadores 2,0

Painéis de distribuição elétrica 4,6

Instrumentação e medição 0,6

Automação 3,1

Telecomunicação 1,6

Construção e montagem 0,2

Fonte: Prominp/UFRJ

Estaleiro Atlântico Sul. Foto: Suape Global

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 47

Segundo dados próprios, a Petrobras desenvolverá em co-operação com os fornecedores a mais moderna tecnologia “cutting edge“ para realizar a extração do pré-sal de forma econômica e competitiva. Uma importante tendência é transferir quantos processos de produção forem necessários das plataformas para o fundo do mar por razões de custo. O desenvolvimento de tais novos processos resulta em demanda de componentes adequados, que por exemplo

Exemplos de campos de uso de novas tecnologias

Processo tecnológico Tecnologia Uso atual

Captação e injeção de água submarina Sistemas submarino bombam água pouco tratada no reservatório de petróleo e geram pressão lá

2011 no Campo Albacora

Separação submarina de gás e líquidos VASPs Protótipo testado em P-08/2011

Separação submarina de óleo e água SSOA Novembro de 2011 no Campo Marlim

Bombeio elétrico submarino Skid BCS Protótipo no TDL ESP 23 (Out. 11)

Bombas submarinas Bombas multifásicas BMSHA Protótipo na Bacia de Barracuda (Dez. 2011)

Transmissão e distribuição submarina de energia elétrica

Fase de quali�cação Protótipo previsto para 2015

Fonte: Petrobras

funcionem de forma confiável no uso em águas profundas. Sendo que a Petrobras, segundo dados de Ernani Turazzi, gerente de Desenvolvimento do Mercado Fornecedor da Petrobras, não está apenas procurando novos processo prontos, mas também ideias, as quais a Petrobras possa de-senvolver juntamente com outras empresas para processos concretos.

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48 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

O negócio é inovarOliver Döhne

A Siemens, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, está construindo no Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento extrema-mente avançado destinado à indústria de petróleo e gás que receberá um investimento inicial de 50 milhões de dó-lares e cuja inauguração está prevista para o final de 2012. Peter Löscher define a iniciativa como parte da estratégia corporativa, que é apostar mundialmente em inovação nos mercados emergentes e dobrar suas atividades no Brasil. Welter Benício, diretor de petróleo e gás da Siemens explica o as razões que levaram ao projeto.

Por que a Siemens decidiu implantar um centro de pes-quisa e desenvolvimento de petróleo e gás?

Para que o Brasil possa extrair o volume de petróleo planeja-

do para os próximos 10 anos é importante que ele supere os

desafios tecnológicos. Para tal é precisa garantir uma produ-

ção de energia eficiente, segura e sustentável. Acrescente-se

a isso o desafio de aumentar a produção local, desde o de-

senvolvimento até a produção de equipamentos e sistemas.

Como este pano de fundo a Siemens decidiu construir este

centro de pesquisa e desenvolvimento, que, inicialmente,

estará focado somente na indústria do petróleo, deven-

do, no entanto, abranger a médio prazo toda indústria da

energia.

Por que o Rio de Janeiro?

Sem dúvida, o setor petrolífero brasileiro está centralizado no

Rio de Janeiro. Além de ser o centro decisório da Petrobras,

encontra-se no Rio de Janeiro uma grande parte da cadeia

de valor, que vai desde o desenvolvimento tecnológico, pas-

sando pelas organizações financeiras até os prestadores de

serviço. Além disso, já existem outros centros de pesquisa re-

levantes, como por exemplo, a Cepel da Eletrobras.

Qual é exatamente a �nalidade deste centro?

O centro de pesquisa e desenvolvimento irá desenvolver

atividades que combinem os conhecimentos e a experiên-

cia da Siemens com as necessidades específicas do setor.

Podemos contribuir muito em áreas como a eletricidade

submarina, a sistemática de controle, o monitoramento e a

eficiência energética.

Qual será o papel do pré-sal neste ambiente de inova-ções no Brasil?

O pré-sal já está criando hoje uma demanda por inovação

produtiva. Já existem desafios tecnológicos a superar nos

segmentos de reservatórios, poços, armazenamento de sal,

material, engenharia oceânica, produção e transporte de

gás, que aliados aos grandes investimentos e às exigências

da produção local afetarão de forma positiva grande parte

da indústria.

Welter Benício. Foto: Siemens

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 49

Onde você vê oportunidades para empresas alemãs?

Em princípio existem oportunidades em todos os segmen-tos, uma vez que a cadeia de valor da indústria do petróleo é ampla e complexa. Ela vai desde nichos tecnológicos, tais como aplicações subaquáticas, até produtos a granel, tais como tubos de aço.

Qual é a melhor forma de empresas alemãs entrarem no mercado brasileiro pela primeira vez?

Elas deverão estar dispostas a produzir localmente, porque as especificações de conteúdo local para a exploração irão afetar toda a cadeia de suprimentos. Este caminho poderá levá-las a fazer investimentos na produção local, a estabele-cer parcerias com empresas nacionais ou fazendo aquisições.

A Siemens está preparada para novas parcerias com empresas alemãs?

Estamos abertos e prontos a cooperar com qualquer um que nos ofereça uma agregação de valor.

Como você avalia a atual política de conteúdo local do governo brasileiro?

Medidas restritivas sobre o valor agregado nacional não são uma novidade na indústria do petróleo. Outros países já as aplicaram com um relativo sucesso. No Brasil, elas já fo-ram utilizadas na indústria naval e de TI, sem, no entanto, alcançar os resultados desejados. As regulamentações de conteúdo local geralmente eram bem sucedidas, sobretu-do, quando combinadas com medidas macroeconômicas e institucionais adequadas, como, por exemplo, uma taxa de câmbio razoável, custos trabalhistas competitivos, segu-rança jurídica, infraestrutura, investimento em educação, en-tre outras. A produção local só faz sentido quando se torna competitiva no mercado externo. Caso contrário, exigências de conteúdo local acarretam somente uma redistribuição de renda inadequada e uma instabilidade. Este tipo de sis-tema restritivo não se mantém a longo prazo. E o Brasil sabe disso por isso é necessário se fazer alguns ajustes urgente-mente. De um modo geral, no entanto, o conteúdo local trará consequências positivas.

Ilustração: Siemens

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50 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Como começarOliver Döhne, Germany Trade & Invest

Registro

Primeiro passo no caminho para os fornecedores da Petro-bras é o registro, o chamado CRCC (Certificado de Registro e Classificação Cadastral). Quais documentos devem ser encaminhados, está explicado detalhadamente na página da internet da Petrobras, www.petrobras.com Canal de fornecedores

Canais de aquisição

1. Petronect www.petronect.com.br (e-procurement-Portal da Petrobras).

2. EPCs, que ganharam contratos, ou seja, licitações da Pe-trobras, na maioria das vezes instalações, plataformas, módulos, etc. têm que preencher requisitos da Petrobras dependendo do projeto (escolha prévia ou fornecedores fixos), mas estão parcialmente isentos na escolha do for-necedor de determinados grupos de produtos.

3. Unidades operadoras da Petrobras (refinarias, usinas, etc.) compram com risco próprio (também sem CRCC).

4. Departamentos Especiais Petrobras (p. ex. Departamento de material).

Estratégia

1. Parcerias de inovação com Cenpes/Desenvolvimento no local

2. Joint venture com empresas sediadas no Brasil (trazer know-how, produção local)

3. Aquisição por fabricante local

4. Construção de produção própria

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Köln freut sich über die neue Städtepartnerschaft

mit Rio de Janeiro

Der Oberbürgermeister

Amt für Wirtschaftsförderung, Stadthaus, Willy-Brandt-Platz 2, 50679 Köln, Tel. 0221/221-25765, Fax 0221/221-26686 [email protected], www.stadt-koeln.de

Städtepartnerschaft_210x280_03-2012.indd 1 30.03.12 17:08

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52 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Negócio Compressores de gás e motores a diesel

Há quanto tempo no Brasil (Empresa) 20 anos (com unidade de prestação de serviços)

Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras 10 anos (contratos de manutenção)

Participação da Petrobras no faturamento brasileiro 95% (Turbo), 50% (Diesel)

Quão complicado é fazer negócios com a Petrobras Não é mais difícil do que com outros grandes conglomerados

Atrativo Investimentos da Petrobras, expansão da frota

Desa�o Conteúdo local ligado aos altos custos de produção local

Dicas para recém-chegados • Estar disposto a produzir no local, joint venture com parceiros locais ou concessão de licença

• Preencher posições de diretoria com brasileiros• Não subestimar a complexidade fiscal• Levar parceiros de negócios a sério e escolher com muita

consciência• Participar na engenharia da Petrobras

Conselho prático – Empresas alemãs com experiência no setor de petróleo e gás brasileiroOliver Döhne, Germany Trade & Invest

Há 50 anos atrás, a MAN Turbo já começou a fornecer tur-

binas para o Brasil, há 20 anos a empresa abriu uma uni-

dade de prestação de serviços no Rio de Janeiro e há 10

anos a MAN Turbo fechou um contrato de 80 milhões de

euros com a Petrobras para a manutenção de turbinas de

gás e centrais de compressão em plataformas de extração –

o maior contrato até então de after sales da história da em-

Conselho prático:

“Quem não produzir aqui, terá um problema”Martin KunzeDiretor MAN Diesel & Turbo Brasil Ltda.

presa. Também existe demanda de novas instalações para o uso em refinarias e fábricas da indústria de petróleo e gás.

Como líder mundial de mercado para grandes motores a diesel, MAN ainda tira proveito da expansão da frota brasi-leira. No Estaleiro Atlântico Sul em Pernambuco estão sen-do construídos ao todo 18 grandes petroleiros com moto-res a dois tempos, geradores e hélices da MAN Diesel. No

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 53

Estaleiro Mauá no Rio de Janeiro ficou pronto recentemen-te o primeiro de cinco tanques de construção semelhante, os quais serão equipados com motores à dois tempos, assim como hélices Alpha da MAN.

O mercado de geração de energia com motores a diesel também tem se desenvolvido de forma promissora, por exemplo em plataformas. “Em sistemas isolados, como uma plataforma, não há melhor e mais prática fonte de energia do que o diesel e óleo pesado”, diz o diretor Martin Kunze.

Kunze considera a indústria de petróleo brasileira especialis-ta principalmente em perfurações em águas profundas. “O Brasil teve que perfurar relativamente rápido em águas pro-fundas, e é até hoje o número um. A necessidade de inova-ção técnica e a abrangência do incentivo planejado, na sua opinião, impulsionarão imensamente o desenvolvimento. Ele considera o cronograma, a abrangência e as exigências em relação à indústria local e ao mercado de trabalho mui-to ambiciosas. Sem dúvida, sob a presidente Dilma Rousseff estão chegando ventos novos em temas ignorados há muito tempo como infraestrutura e formação profissional. Tam-bém na Petrobras a presidente instalou no topo uma dire-ção essencialmente mais técnica, o que do ponto de vista do empresário é um progresso. “Todo o pessoal de ponta vem do Centro de Tecnologia Cenpes“, diz Kunze. Por causa do tamanho do investimento da Petrobras e do tamanho da empresa não se pode contar com muitas concessões, mas as regras são transparentes e práticas. Também em relação a certificação, a Petrobras não dificulta desnecessariamente os fornecedores, pois estes podem se registrar, por exemplo, pela internet desde a Alemanha. Mais um ponto favorável do Brasil, na sua opinião, é o interesse em inovação e, ao mesmo tempo, assegurar a propriedade intelectual. “A Petrobras está aberta a novidades“.

Novatos no Brasil devem levar seus parceiros brasileiros de negócios a sério, pois estes são segundo Kunze “muito esper-tos”. Para uma filial brasileira, ele aconselha a ocupar posições de alta gerência com executivos brasileiros. Ele considera re-comendável uma joint venture com um parceiro local, que conheça exatamente o mercado e o meio de negócios, ou até concessão de licença. “Há coisas demais que não se sabe“, diz Kunze.

Como desafio central, Kunze vê o aumento dos regulamen-tos do conteúdo local. Os grandes motores a diesel da MAN atualmente ainda são produzidos por empresas de licenças na Coréia que agem mundialmente. Mesmo assim, a MAN também quer gradualmente expandir o valor agregado lo-cal no Brasil. Para tal, a empresa já coopera estreitamente com fornecedores brasileiros, por exemplo, na produção de componentes como alternadores, painéis de comando e armação de base para geradores. Também uma fábrica pró-pria está sendo planejada no Brasil. “Quem não produz aqui, terá um problema“, diz Kunze. Ao mesmo tempo, ele chama a atenção para o fato de que uma produção internacional-mente competitiva em termos de preço no Brasil é muito improvável por causa dos altos custos, principalmente para produtos muito específicos com poucos campos de uso. Para outros produtos, a indústria de fornecimento ainda não existe ou o mercado não é grande o suficiente para vários ofertantes. Levando em consideração a expansão a longo prazo da indústria de petróleo que vem acompanhada de altos investimentos, segundo sua opinião, o preço avulso cairá. Além disso, as crises geopolíticas farão com que o significado do Brasil como produtor de petróleo aumente. Timing e planejamento da Petrobras ele considera otimista. “Mas até mesmo 70% ainda seria muito“, diz Kunze.

Compressor submarino MAN. Foto: MAN

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54 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Negócio Tubos, acessórios para tubulações e �ange de aço inoxidável

Há quanto tempo já no Brasil (empresa) 15 anos (sucursal), 5 anos (produção)

Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras Grande contrato de fornecimento desde 2011

Parte da Petrobras no volume de vendas no Brasil 70-80%

Quão complicado é fazer negócio com a Petrobras Processo de aquisição transparente pelo website, mais aberta para novos fornecedores do que outros conglomerados de petróleo, mais ético do que outros conglomerados de petróleo

Atrativo Investimentos, demanda

Desa�o Alto preço de mercado do aço, falta de mão de obra quali�cada

Dicas para iniciantes • Não subestimar a complexidade dos negócios no Brasil• Investir a longo prazo, em vez de pensar na conjuntura ou no

conteúdo local• Procurar parceiros locais• Só levar para o Brasil know-how especializado

Conselho prático:

“Não entrar no mercado sem um parceiro local experiente”Marcelo BuenoDiretor PresidenteSchulz Brasil

A empresa de processamento de metal de Krefeld, W. Schulz,

é um bom exemplo de como uma estratégia certa a longo

prazo, combinada com timing e uma boa intuição será com-

pensada no final pelos resultados. Muito antes de se falar

em pré-sal ou conteúdo local, a empresa decidiu construir

no Brasil uma produção de tubos e conexões de aço inoxi-

dável. Campos dos Goytacaces no norte do Estado do Rio

de Janeiro foi escolhido como localização. Decisivo foi uma

combinação de nível de custo salarial, incentivos fiscais re-

gionais, assim como a proximidade das jazidas offshore na

Bacia de Campos, os portos de Macaé e Rio de Janeiro, assim

como da Petrobras.

Então apareceu o pré-sal, assim como os altos investimen-

tos no processamento de petróleo, então Schulz se viu na

situação feliz de ter condições de pegar um grande contrato

da Petrobras de mais de 8,5 km de tubos de aço inoxidável

para as grandes refinarias Abreu e Lima no Estado de Per-

nambuco, que a empresa ganhou 2011. Tubos de aço ino-

xidável são usados em todos os lugares onde existe perigo de altas temperaturas e de corrosão. Schulz fornece também para a indústria de papel e para a indústria química, assim como para a mineração, mas segundo o gerente Marcelo Bueno, o que cresce mais claramente, é o setor de offshore com seu alto nível de exigência de qualidade e imensa demanda.

“Uma dinâmica semelhante como com o petróleo e o gás só existe com os commodities e bens de consumo“, diz Bueno.

Entretanto, Bueno aconselha novas empresas a terem cuidado e alerta sobre falsas imagens do Brasil. “O Brasil é muito complexo, as diferenças na cultura de negócios são gigantescas“, diz Bueno. Segundo ele, o caminho ideal para o começo é através de um parceiro local, que conheça os costumes do país e do ramo, que abra as portas necessá-rias e que saiba contornar as armadilhas. “Eu não conheço nenhum caso de sucesso, sem interlocutor brasileiro“, diz Bueno. “Nós mesmos já ajudamos algumas empresas alemãs

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 55

no mercado e ainda continuamos recebendo novas em-presas de braços abertos”, diz Bueno, que entretanto só re-comenda empresas com know-how especial a um começo no Brasil.

Também as formalidades no trato com a Petrobras não per-mitem negligência. “Uma vírgula errada pode parar tudo“, diz Bueno. Ele considera a própria Petrobras mais trans-parente e ética do que outros conglomerados estatais de petróleo e, além disso, essencialmente mais aberta para novos fornecedores do que outras empresas petrolíferas. “A Petrobras não quer ser dependente de um único fornece-dor“, diz Bueno. A falta de mão de obra qualificada com que a indústria de petróleo e gás também sofre, é enfrentada pela Schulz juntamente com o Centro de Formação Profis-sional Senai e com o governo municipal com um programa de formação profissional, que já foi frequentado por 1.200 colaboradores.

Foto: Schulz

Foto: Schulz

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56 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

A empresa Prominent de Heidelberg é um típico campeão das pequenas e médias empresas alemãs. Prominent de-senvolve e produz sistemas de dosagem e tratamento de águas. A empresa equipa refinarias e plataformas na indús-tria de petróleo e gás, entre outras coisas com bombas dosadoras para a área de alta pressão e equipamentos de filtração por membranas para dessalinização de água ma-rítima. A empresa fornece 10.000 bombas dosadoras por ano ao Brasil e abastece, entre outras coisas, módulos de plataformas para a Petrobras. “Por causa das altas exigên-cias de segurança das aplicações complexas existe uma alta exigência em documentação”, diz Benedikt Heid, desde 2010 diretor da filial brasileira. Isto já estava claro durante a ad-missão na lista de vendedores da Petrobras. Mas o esforço vale a pena. Segundo Heid, a venda para a Petrobras por causa da grande demanda é em grande parte “um negó-cio interessante com grandes perspectivas de crescimento“. Prominent faz em média 15 a 20% do seu volume de vendas no Brasil com a Petrobras, em alguns anos até mais. Só para

Negócio Instalações de dosagem de líquidos e tratamento de água

Há quanto tempo já no Brasil (empresa) 15 anos (sucursal de vendas), 3 anos (produção)

Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras Desde 2004 cadastrado como fornecedor

Parte da Petrobras no volume de vendas no Brasil 15-20%

Quão complicado é fazer negócio com a Petrobras Intenso, mas válido

Atrativo Quantidade de demanda, referências mundiais

Desa�o Conteúdo local, abrangência da documentação

Dicas para iniciantes • Empregar advogado local para documentação e registro• Calcular o gasto de tempo• Entender o processo de licitação• Procurar contato com centros de pesquisa, para promover

novas tecnologias• Conseguir referências• Abordagem de vendas EPC

Conselho prático:

“Inovação juntamente com a Petrobras”Benedikt HeidDiretorProminent Brasil Ltda.

documentação e registro a Prominent emprega um advo-gado brasileiro. Para cada grupo de produtos tem-se que conseguir uma licença de um ano (CRCC) como fornecedor potencial. Para tanto, a empresa, que entra com o pedido, tem que mandar para a Petrobras do contrato social até o balanço e carta de referência, inúmeros documentos para serem verificados. “As referências tem importância especial“, segundo Heid. Este processo pode exigir muito tempo no primeiro requerimento. O pedido oficial da Petrobras aos fornecedores qualificados é encontrado através do site da internet Petronect. Um segundo caminho passa pelas cha-madas “EPCs”, segundo Heid. Empresas, que realizam “Engi-neering, Procurement“ e “Construction“ para a Petrobras, são os primeiros contatos quando se trata de novos pro-jetos no Brasil. “Um contato constante com estas empresas, na maioria das vezes internacionais, ajuda na fase inicial a ser considerado como possível fornecedor para projetos“. É im-portante também um bom relacionamento com a Cenpes, o centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 57

Petrobras, segundo Heid. “Quem apoia a Petrobras já na fase de pesquisa como especialista para técnica de instalações e, desta forma, ajuda na solução de problemas e finalmente no desenvolvimento de produtos novos, tem mais tarde boas chances de ser considerado no implantação das ins-talações de produção”. O tempo da fase laboratorial até a realização de um projeto pode perfazer anos. A cooperação vale a pena. Prominent trabalha no México com um par-ceiro brasileiro na fase inicial de um projeto, que deve ser realizado em 2016.

Para ir de encontro com as crescentes exigências de con-teúdo local, Prominent iniciou em 2009 a produção de bom-bas dosadoras e estações de tratamento de água em São Bernardo do Campo e pode realizar principalmente através

da fabricação de instalações de dosagem uma grande parte

do conteúdo local no Brasil. “Mesmo que a própria bomba

venha da Alemanha, podemos realizar através do trabalho

de engenharia, montagem, documentação, entrada em fun-

cionamento e treinamento até 85% do custo total no local”,

diz Heid. Segundo Heid, o Brasil e a América Latina são em

termos estratégicos extremamente importantes, já que os

mercados são jovens, o déficit na infraestrutura é grande e

os padrões industriais são baixos. “Apesar de suas enormes

reservas, a água que pode ser usada na indústria é um bem

raro na região“, diz Heid que com seus colaboradores teve um

crescimento do volume de vendas de 30% na região em 2011.

Prominent Bomba dosadora de processo, Modelo Orlita. Foto: Prominent

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58 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

O fabricante de válvulas de segurança de Hamburgo, Leser, reconheceu logo o potencial do Brasil e já abriu há 14 anos uma sucursal no Rio de Janeiro. “Iniciar no Brasil era óbvio“, diz proprietário Martin Leser. “Quem persegue uma estraté-gia global, não pode ignorar um mercado tão grande e rico em matéria prima“, diz Leser. Hoje o Brasil é para a empresa um dos 5 maiores mercados no exterior e as perspectivas são boas.

Os produtos de Leser são usados quase em todos os lu-gares onde pressão muito elevada tem que ser impedida, de pipelines, plataformas, navios de extração até usinas de energia.

Apesar de produzir as válvulas na Alemanha, Leser atinge uma alta porcentagem de conteúdo local no Brasil. “O con-teúdo local não quer dizer necessariamente fazer barulho, soldar e montar“, diz Leser e chama a atenção para o fato

Negócio Válvulas de segurança

Há quanto tempo já no Brasil (empresa) Abertura da �rma em 1998

Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras 12 anos

Parte da Petrobras no volume de vendas no Brasil 70-80% (incl. indiretamente)

Quão complicado é fazer negócio com a Petrobras Bom e harmônico

AtrativoExpansão massiva da frota (plataformas, navios de abastecimento etc.), transporte e infraestrutura de processamento

Desa�o Burocracia, falta de mão de obra quali�cada

Dicas para iniciantes • Assegurar que o representante local tenha as melhores relações e contatos

• Mostrar presença nas unidades operadoras da Petrobras• Ter cuidado com a documentação• Não se deixar desanimar com a burocracia• Não esperar negócios rápidos• Contar com padrões americanos de refinaria

Conselho prático:

“Estar presente nas unidades operacionais da Petrobras”Joachim FritzDiretorLeser do Brasil Ltd.

de, no caso de válvulas de segurança, a documentação ser sensivelmente mais cara do que o produto. Esta abrange entre outras coisas: especificações, exigências, exemplos de aplicação, documentação de material e testes, propriedade dos materias e listas de peças de reposição. Além disso, tem-se a adaptação aos padrões da Petrobras, como por exemplo coloração, inspeção e serviço.

O caminho passando pelo registro CRCC da Petrobras, a participação em licitações e a venda para EPCs não são os únicos canais possíveis de venda, diz Joachim Fritz, diretor da filial brasileira. As unidades operadoras da Petrobras es-tão livres para elas mesmas adquirirem, em certa quantidade e assumindo seus próprios riscos, de fornecedores não credenciados. Por isso, tem que se conhecer as especifica-ções pedidas exatamente e estar presente e integrado nas unidades operativas da Petrobras para criar confiança em seu produto. “Quando se chega a uma empresa com seu

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 59

representante e ele conhece todos pelo caminho, isto é um bom sinal”, diz Leser.

Leser vê chances para novas empresas alemãs na constru-ção naval, principalmente no setor de técnica de operação de navios, cabestrante, equipamentos de plataformas de extração, bombas e válvulas no padrão dos EUA. “Estamos falando em 50 novas plataformas e 500 navios de abasteci-mento“, diz Leser sobre a quantidade da demanda. A cola-boração com a Petrobras decorre bem e de forma harmô-nica, segundo Fritz. Iniciantes não devem se apavorar com a burocracia, apesar de abertura de firma, licença de impor-tação, etc. tomar muito tempo. O processo de registro na Petrobras também tem o seu sentido. Afinal, as empresas alemãs também são beneficiadas pelos seus altos padrões de qualidade.

Mais vendido na Petrobras: a válvula de segurança Leser, modelo API. Foto: Leser

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60 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Novos conceitos de financiamento para a indústria de fornecimento alemã

Portfolio setor naval do banco KfW IPEX em 31.12.2011, dividido em segmentos

Apesar do crescimento acentuado das energias renová-veis o petróleo e o gás continuarão, no futuro, sendo im-portantes fontes de energia. Há grandes investimentos na expansão da indústria de petróleo e gás offshore em regi-ões produtoras como América do Sul (especialmente Brasil e México), África Ocidental, Índia e Austrália. Assim, só no Brasil, estão previstos investimentos na ordem de 140 bi-lhões de dólares até 2020. Uma parcela significativa destes investimentos será destinada a navios-sonda, plataformas offshore, embarcações assentadoras e de apoio que deve-rão ter os mais elevados padrões técnicos.

Enquanto os principais estaleiros construtores deste tipo de navio complexo estão sediados principalmente na Ásia, grande parte dos fabricantes de equipamentos de perfura-

ção, segurança e controle localizam-se atualmente na Eu-ropa (especialmente Alemanha e Noruega). O percentual de fornecimento de componentes europeus para esses ativos off-shore, que podem atingir um volume de investimentos de até 800 milhões de dólares, pode ser de até 40% do custo total da construção.

De acordo com a Associação das Indústrias de Máquinas e Equipamentos da Alemanha (VDMA), as aprox. 400 empre-sas alemãs do setor de construção naval e de abastecimento offshore empregaram em 2010 perto de 70.000 trabalha-dores e movimentaram mais de 11 bilhões de euros, dos quais mais de 70% no exterior. Comparados com o volume internacional estes dados mostram a sua posição de lide-rança em termos de produção e exportação e destacam a excelente competitividade dos fornecedores alemães neste setor, voltado para a inovação e de capital concentrado. A indústria auxiliar é hoje a nova base econômica do setor naval alemão. O setor de financiamento naval do banco KfW IPEX está se engajando cada vez mais no financiamento de investimentos em bens marítimos para a indústria de

Dr. Carsten Wiebers, KfW

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 61

Perfil do Banco KfW IPEX

O KfW vem acompanhando há mais de 50 anos a indús-tria exportadora alemã dos diversos segmentos econô-micos. Dentro do grupo KfW, o Banco KfW IPEX é res-ponsável pelo financiamento de projetos e exportações internacionais. De acordo com os estatutos do grupo KfW, sua missão é oferecer financiamentos destinados à economia alemã e europeia. O Objetivo do banco KfW IPEX é manter e desenvolver a competitividade e internacionalização das empresas exportadoras alemãs e europeias. Além disso, ele financia projetos de infraes-trutura econômica e social na Europa, incluindo prove-dores de mobilidade, tais como aviões, navios e veícu-los ferroviários. Com uma carteira de empréstimos de 60,9 milhões de Euros (Posição em 31.12.2011) e novos compromissos no valor de EUR 11,4 bilhões em 2011, o banco KfW IPEX detém uma posição de liderança em seu mercado. O banco KfW IPEX apoia claramente o compromisso com a responsabilidade social global, a obtenção de eficiência energética ambiental e projetos de proteção climática.

KfW IPEX-Bank GmbH

Palmengartenstraße 5-960325 Frankfurt am MainTel.: 069/7431-9902Fax: 069/7431-3768

Contato:

Dr. Carsten Wiebers Gerente da Área de Financiamento [email protected]

Michael [email protected]

petróleo e gás offshore. Devido ao forte crescimento do setor offshore brasileiro e à iniciativa de “conteúdo nacional”, que leva ao desenvolvimento da indústria naval brasileira, há po-tenciais de mercado significativos para empresas alemãs do segmento da indústria auxiliar naval.

Apesar da alta competitividade dos fornecedores alemães o mercado de fornecimento é liderado atualmente por em-presas norueguesas. Comparados com os fornecedores ale-mães, os concorrentes noruegueses são capazes de oferecer soluções de financiamento em longo prazo para exportações do setor marítimo, devido a uma cooperação com a em-presa de seguro de crédito estatal, GIEK, em conjunto com a estatal Eksportfinans, que disponibiliza os recursos. Desta forma tanto a GIEK como a Eksportfinans contribuem consi-deravelmente para o sucesso dos fornecedores noruegueses. Em tempos de turbulência nos mercados financeiros, a con-cessão restritiva de crédito e a liquidez apertada, bem como a qualidade e confiabilidade do produto e, principalmente, a disponibilidade de um financiamento de longo prazo for-necem, portanto, um importante argumento de venda dos fornecedores e estaleiros para os seus clientes.

O banco KfW IPEX está desenvolvendo em conjunto com a Euler Hermes uma linha de financiamento nos moldes norue-gueses, cujo objetivo é apoiar as exportações de empresas da indústria auxiliar alemã. Havendo credibilidade, o banco KfW IPEX pode estruturar um financiamento de exportação de 12 anos, com cobertura da Hermes, a partir da data de entrega do navio ou plataforma. O financiamento pode ser dado ao transportador e ao comprador, para até 80% das encomen-das. Condição para tal financiamento é que o volume de ex-portação de fornecedores alemães atinja o montante de pelo menos 30 milhões de dólares por projeto. Devido à fragmen-tação relativamente alta do mercado de fornecimento auxiliar alemão, este volume mínimo de exportação muitas vezes só pode ser alcançado mediante a união de alguns fornecedores em consórcios, que poderiam ser formados através de uma mera aliança de empresas, com um líder do consórcio, que, no entanto, não assume qualquer responsabilidade técnica global perante os demais participantes. Assim, um pacote de fornecimento nos moldes de um consórcio conforme acima, poderia ter uma cobertura de exportação da Euler Hermes e ser financiado pelo banco KfW IPEX. A fim de alcançar o volume mínimo requerido também podem ser incluídos em tais pacotes de fornecimento componentes de outros for-necedores europeus. Assim, mediante a combinação de alta qualidade do produto e compromisso financeiro podem ser oferecidos pacotes completos e atraentes aos clientes, quer seja através dos estaleiros ou diretamente aos armadores.

Desta forma as chances de fornecedores alemães poderem participar do enorme potencial de crescimento do mercado brasileiro são maiores.

Seria uma satisfação se este artigo o motivasse a nos procurar para conversarmos sobre um financiamento para componen-tes marítimos. Os inputs dos fornecedores são indispensáveis para o desenvolvimento desta linha de financiamento e para a determinação do procedimento ideal quanto ao agrupa-mento dos componentes.

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62 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

“Projeto Cargo” / Atraso no start-up da empresa

Fazer o seguro de equipamentos e máquinas importantes

para a realização de grandes projetos industriais e de infra-

estrutura é uma tarefa complexa que exige pessoal espe-

cializado. Salvaguardar seus ativos, prevenindo eventuais

perdas requer um parceiro com ampla experiência técnica,

cujos resultados sejam comprovadamente positivos e com

uma grande rede internacional de empresas. Allianz Global

Corporate & Specialty® é este parceiro.

Uma abordagem integradaNossa experiência aliada à abordagem de nossa equipe ga-

rante uma perfeita cobertura de cargas, levando em consi-

deração todos os elementos do risco, inclusive interrupções

ou atrasos no start-up de sua empresa, oferecendo a cada

projeto um tratamento individualizado.

Em mais de 150 países oferecemos aos nossos clientes pro-

fissionais altamente especializados, com experiência e co-

nhecimento das condições locais.

Soluções personalizadasAllianz Global Corporate & Specialty’s Project Cargo foi con-

cebida para atender às necessidades específicas do projeto

e ter todos os aspectos dos riscos à mão, incluindo:

• Cobertura para componentes essenciais para constru-

ções civis, produção industrial e/ou infraestrutura ga-

rantindo assim, que a remessa esteja assegurada contra

perdas ou danos enquanto estiver em trânsito;

• Seguros que cobrem eventuais atrasos no start-up do

negócio de sua empresa ou prejuízos consideráveis, re-

sultantes de atrasos ou não fornecimento de compo-

nentes essenciais, devido a perdas ou danos, em trânsito.

A maior e mais respeitada rede de consultores, enge-nheiros navais e topógrafos do setor de risco.

Nosso sistema integrado para projetos de cargas envolve uma equipe internacional de engenheiros navais, consul-tores de risco, capitães de longo curso e especialistas em logística e segurança da cadeia de fornecimento. Além da nossa equipe de consultores de risco naval nos EUA e Euro-pa, temos uma rede de supervisores navais independentes e podemos oferecer qualquer outro serviço de engenharia especializado necessário na avaliação de risco.

Os membros de nossa equipe estão entre os mais talento-sos profissionais da indústria.

Eles analisam em conjunto com a nossa equipe de segura-dores internacionais do Project Cargo todos os aspectos do projeto sempre considerando todas as possibilidades. O nosso processo de controle de prejuízos pode incluir.

• Criação de redes de informação e comunicação;

• Realização de reuniões com a equipe responsável e os principais contratantes do cliente;

• Revisão dos métodos de transporte e suas rotas;

• Avaliação da conformidade dos navios, rebocadores e barcaças, mediante inspeção e revisão no banco de

Foto: Allianz

Angelo Colombo, Ingo Dietz (Allianz)

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 63

dados da Sea-Web Ships no que se refere às autorizações das embarcações;

• Revisão da rota levando em consideração questões rela-cionadas ao tempo e ao clima;

• Análise e aprovação de:

– planos de carregamento, incluindo inspeções de carga pesada

– armazenagem e peiação

– rotas internas

– seguro portuários e transportes

• Coordenação internacional de embalamentos, carrega-mentos e inspeções de seguros;

• Inspeção prévia das instalações e locais de carga ou descarga;

• Atendimento nos portos de carga e descarga.

Nossos consultores de risco naval fornecem atualizações de status e constante comunicação com nossos segurados, engenheiros de projeto, gerentes de tráfego e logística e os principais prestadores de serviços ao longo de todo o pro-cesso para ajudar a promover de forma eficiente a conclusão da transação.

Foto: Allianz

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64 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil

Baden-Württemberg saúda a PETROBRAS!

A Alemanha desfruta de uma excelente reputação como país exportador bem sucedido. O Estado de Baden-Württemberg orgulha-se de poder contribuir consideravelmente para este sucesso, uma vez que em 2011 as exportações de suas em-presas atingiram a marca recorde de 172 bilhões de euros.

Não somente grandes empresas de renome internacional como a Daimler, Porsche, Bosch, Zeiss e SAP são responsáveis pelo sucesso das exportações desta região da Alemanha, mas também inúmeras pequenas e médias empresas contri-buem significativamente com suas ideias e inovações para a competitividade internacional de Baden-Württemberg.

Não há lugar na Europa em que se invista mais em pes-quisa e desenvolvimento de produtos inovadores do que em Baden-Württemberg. E em lugar algum se encontram tantas instituições acadêmicas e de pesquisa, iniciativas de cluster e redes setoriais em plena atividade, que fortalecem cada vez mais este poder inovador das empresas.

Estreitos laços históricos unem o Brasil e a Alemanha. As rela-ções políticas, econômicas, científicas, desportivas e culturais entre estes dois países tradicionalmente já são muito boas. A qualidade destas relações, no entanto, torna o Brasil um parceiro ainda mais importante para a Alemanha.

Além disso, o Estado de Baden-Württemberg sempre desempenhou um papel de destaque nas relações eco-

nômicas e científicas bilaterais. Para a Alemanha e para Baden-Württemberg o Brasil continua sendo um mercado promissor e o parceiro comercial mais significativo da Amé-rica Latina. Para Baden-Württemberg o Brasil é o parceiro comercial mais importante da América do Sul.

Em 2011 a exportação de bens de Baden-Württemberg para o Brasil somou aprox. 2,0 bilhões de euros (2010: 1,8 bilhões de euros), o que representa quase 18% do total exportado para o Brasil.

Já as exportações do Brasil para Baden-Württemberg mon-tam em aprox. 1,0 bilhão de euros em 2011 (2010: 0,9 bilhões de euros). Consequentemente o Brasil é um parceiro econô-mico procurado também pelos nossos importadores.

Atualmente, existem aprox. 60 acordos de cooperação en-tre as universidades do Brasil e de Baden-Württemberg e em torno de 1.200 empresas alemães operam no Brasil, das quais aprox. 200 são de Baden-Württemberg. Mais de 50% dessas empresas atuam no setor de engenharia ou na indús-tria automobilística.

Há quase 30 anos o Estado de Baden-Württemberg vem mantendo boas relações tanto na área econômica e cientí-fica como na área de educação profissional. Desde 2010, o Estado do Paraná vem sendo a região de parceria de Baden-Württemberg no Brasil. Os contatos permanentes do Minis-tério das Finanças e da Economia, especialmente com o SENAI têm beneficiado tanto empresas do Brasil como de Baden-Württemberg.

Com muita satisfação soubemos da decisão da Petrobras de iniciar o seu primeiro Road-show na Alemanha, visitando Stuttgart. Com as soluções sustentáveis e as tecnologias de ponta de Baden-Württemberg esperamos colaborar com a PETROBRAS no seu empenho em vencer os principais desa-fios econômicos e ambientais.

Ewald Stirner, Ministério das Finanças e Economia, Stuttgart

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Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 65

Allianz Soluções customizadas.

Precisão alemã. Energia brasileira.

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Plataforma SS-06 no Campo Enchova na bacia de Campos. Foto: Bruno Veiga / Banco de Imagens Petrobras

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Patrocínio Ouro

Patrocínio Prata

Patrocínio Bronze

Realização

www.allianz.com.br

www.schulz-al.com.br

www.sinaval.org.br

www.kfw-ipex-bank.de

www.mfw.baden-wuerttemberg.de

www.bw-i.de

www.pellon-associados.com.br

www.stadt-koeln.de

www.ahkbusiness.com.br www.gtai.de

www.veirano.com.br

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