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INTERNATIONALI NEGOTIA
DIRETORIA ACADÊMICA
ÁREA DE SEGURANÇA E HISTÓRICO
VINÍCIUS MALULY
ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DO
ATLÂNTICO NORTE VS PACTO DE VARSÓVIA
CRISE DOS MÍSSEIS
MODELO INTERNACIONAL DO BRASIL
BRASÍLIA - DF 2015
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................. ...........................................3
1.1 OTAN............................................................................................................................. ..........................................................4
1.2 Pacto de Varsóvia............................................................................................................................. .....................................4
2 Histórico............................................................................................................................. .........................................................5
3 Atualidades............................................................................................................................. ....................................................9
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................. ...........................................12
APÊNDICE I – Posicionamento das organizações..........................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO
Para se compreender o impasse entre União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
e os Estados Unidos da América (EUA) ocorrido em outubro de 1962, precisamos entender o que
foi a Revolução Cubana, seus objetivos, participantes e significados para todo um continente e,
também, para a Guerra Fria. Ademais, é necessário entender os acontecimentos anteriores à crise
dos mísseis.
Portanto, este artigo será composto primeiramente por uma breve introdução ao tema e ao
entendimento dos órgãos internacionais aqui envolvidos: a OTAN e o Pacto de Varsóvia. Por fim,
apresentaremos uma revisão histórica envolvendo a Revolução Cubana, a Guerra Fria e a relação
norte-americana com o continente latino-americano. A seguir, explicamos acontecimentos como a
Invasão da Baía dos Porcos e o embargo a Cuba pelos Estados Unidos como eventos importantes e
significativos para o entendimento desse conflito no território cubano.
A revolução cubana não pode ser entendida como uma mera resposta ao arranjo
internacional que tomava o mundo no pós-Guerra. É importante notar que, a princípio, a guerrilha
de Fidel Castro não tinha nenhuma ligação com o comunismo e nem pretendia instaurar na ilha
um regime comunista.
É de suma importância reconhecer o caráter autóctone da revolução em Cuba. Não houve
ações da União Soviética na ilha na década de 1950 e não fazia parte do impasse entre Ocidente e
Oriente (MONIZ, p. 5). Pelo contrário, a revolução cubana pode ser vista como uma manifestação
das relações complexas – e contraditória, por vezes – dos países do continente latino americano
com o governo dos Estados Unidos.
Nesse sentido, o caminho da revolução cubana de Fidel Castro que levou à adoção das
ideias marxistas e a implantação de um regime comunista na ilha deve ser analisado levando em
consideração as influências da história. No momento da revolução, o mundo estava polarizado e
os Estados Unidos agiam no continente norte-americano com a intenção de manter sua hegemonia
e influência. As medidas tomadas pelos líderes da revolução – a reforma agrária, por exemplo –
feriam os interesses da elite norte-americana, principalmente aquela ligada à produção cafeeira da
ilha. O embargo econômico da Ilha e a invasão da Baía dos Porcos foi um ganho para a revolução
e a legitimou ainda mais para a população cubana. Diante desse cenário, a aproximação à União
Soviética parece ser inevitável, e Fidel finalmente adota ideias marxistas e afirma o caráter
comunista do regime cubano.
Cuba, a partir desse momento, representa um ponto estratégico importante no contexto
da Guerra Fria. Um país do continente americano adotando o regime comunista coloca em risco a
influência norte-americana e pode vir a ser uma ameaça comunista no restante do continente. E além
do mais, importa lembrar a proximidade espacial de Cuba, agora com relações amistosas
e próximas com a URSS, com o território norte-americano.
É nesse sentido que, a crise dos mísseis, protagonizada pela URSS e pelos EUA, pode ser
considerada como um reflexo da Guerra Fria, situação que deixou a população mundial em tensão
por muito tempo.
1.1 OTAN
Imagem 1 – Símbolo da OTAN Fonte: https://flagspot.net/flags/nato.html
Em 4 de Abril de 1949 foi assinado o Tratado do Atlântico Norte na cidade de Washington
D.C., capital dos Estados Unidos da América. Esse tratado deu origem à Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança internacional militar baseada em uma concepção de
defesa mútua em caso de um ataque a qualquer país membro.
Os países que assinaram o tratado em 1949, e que se tornam membros fundadores, foram:
Estados Unidos da América, Itália, Países Baixos, Bélgica, Islândia, Luxemburgo, Canadá,
Dinamarca, Noruega, França, Portugal e Reino Unido.
Até 1961, aderiram Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental, somando-se aos 12 países
fundadores da OTAN, formando uma aliança militar de 15 países distribuídos pelo Hemisfério
Norte.
1.2 Pacto de Varsóvia
Imagem 2 – Símbolo Pacto de Varsóvia
Fonte: https://gl.wikipedia.org/wiki/Pacto_de_Varsovia
Em 14 de maio de 1955, foi assinado um tratado na cidade de Varsóvia, capital da Polônia,
que firmou a aliança militar entre os países socialistas do leste europeu chamada de Pacto de
Varsóvia. Esta aliança foi fundada em resposta a criação da OTAN pelos países de sistema
econômico capitalista e tinha como premissa responder belicamente a qualquer ataque externo a
qualquer país membro.
As nações fundadoras foram: União Soviética, Hungria, Romênia, Alemanha Oriental,
Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia e Polônia.
2 Histórico
O século XIX foi marcado pelo processo de emancipação política dos vice-reinos coloniais
espanhóis. Já em 1830, a maioria do continente havia conquistado a independência, com exceção
de Cuba e Porto Rico. O processo de independência da América Ibérica foi acompanhado de
guerras civis e uma intensa fragmentação do continente.
As influências do Iluminismo, da Revolução Francesa e da Independência dos Estados
Unidos ajudaram a criar uma cultura política utilitarista e individualista – isto é, defensora das
liberdades do cidadão – na América Latina. As elites letradas que encabeçaram o movimento
emancipacionista importaram ideais iluministas e liberais para o contexto latino americano.
Isso resultou em políticas liberais, que incluíram a elaboração de Constituições e a
ocorrência de processos eleitorais nos novos países. Não obstante, a permanência da agro
exportação, da hegemonia latifundiária e de uma elite aristocrática, colocaram a América Latina
em um regime de economia neocolonial.
Esse surto de independência no continente estimulou o surgimento de movimentos
emancipacionistas em Cuba. No entanto, esses movimentos foram violentamente reprimidos pelas
autoridades locais. Foram várias as tentativas de levante em busca da autonomia cubana, a mais
importante a ser citada aqui foi um levante organizada por José Martí, um dos maiores expoentes
da luta pela independência cubana, que atuou no litoral cubano e desarticulou guerrilhas e
autoridades locais em pontos estratégicos.
A resposta espanhola foi severa: a reconcentración. Tal medida consistia em manter
famílias camponesas em campos de concentração para evitar mais revoltas. O consequente
aumento das agitações no país e a morte de milhares de pessoas representavam um risco para
economia norte-americana, que dependia do comércio açucareiro de Cuba. Nesse sentido, os
Estados Unidos interviram mandando tropas contra o governo espanhol.
Como a Espanha não estava em condições de enfrentar as investidas norte-americanas, em
1898 foi assinado o Tratado de Paris, que passava o controle da ilha para os Estados Unidos. A
Emenda Platt, assinada no mesmo ano, foi mais um dispositivo constitucional que garantia aos
Estados Unidos o direito de intervenção militar e política em Cuba. O status de protetorado norte-
americano se manteve até 1933, mesmo ano em que Fulgência Batista assumiu o governo por
meio de um golpe militar. (MONIZ, p. 57)
Disso tudo, concluímos que mesmo com a independência, o continente latino-americano,
principalmente no que tange a economia, permaneceu dependente, e mais sensível, às conjunturas
externas. A inserção da América Latina como um continente de países independentes em uma
nova ordem mundial, marcada pelo liberalismo econômico e de ascensão dos Estados Unidos
como potência, irá delinear as relações econômicas e diplomáticas do século XX, que aqui vamos
ter como ponto de partida a crise econômica que marcou a década 1930.
A quebra da bolsa de valores em outubro de 1929 deflagrou relação de dependência que as
economias latino-americanas tinham com as economias mais desenvolvidas (DONGHI, p. 254). A
redução das exportações por parte destas economias e o fim da possibilidade de retirar capital do
mercado financeiro internacional prejudicou o desenvolvimento e a estabilidade econômica das
primeiras.
Além disso, a crise pôs em xeque as ideias do liberalismo na América Latina. A partir da
década de 1930, um sentimento nacionalista começou a prevalecer dentre os países, tendo como
exemplo Getúlio Vargas no Brasil, o peronismo na Argentina e também o presidente Cárdenas no
México pelo Partido Revolucionário Mexicano.
A Segunda Guerra Mundial veio como mais um incentivo para que os países latino-
americanos buscassem mais autonomia. A Industrialização para Substituição de Importação
ganhou força – já ocorria desde a Primeira Guerra Mundial, e o desenvolvimentismo se
aprofundou, com um forte discurso antiliberal e nacionalista, incluindo políticas trabalhistas em
seu programa. (FRENCH-DAVIS, p. 129)
É nesse contexto que Fulgêncio Batista assume o poder de Cuba, em 1940. A revolução de
1933, que derrubara o ditador Gerardo Machado, levou ao poder, provisoriamente, Grau San Martín e
colocou Batista como chefe do Exército. O governo de Martín inicia uma experiência com pretensões
socialistas e, obviamente, não foi reconhecido pelos Estados Unidos da América. Por esse motivo,
Batista retira seu apoio – e, portanto, do exército – e após um período de regulamentação
constitucional, Batista assume como presidente em 1940.
O primeiro governo de Batista foi marcado pelo fortalecimento do movimento sindical e
por ter um caráter nacionalista, apoiado inclusive pelo Partido Comunista. Acusado, no entanto, de
ter desvirtuado a revolução de 1933, as eleições de 1944 elegeram Ramón Grau San Martín, pelo
Partido Revolucionário Autêntico. Esse período, supostamente democrático, foi marcado por um
sistema de corrupção que superou de Batista. No entanto, o sucesso da produção açucareira o
manteve no poder e permitiu que fosse sucedido – não sem fraudes, no entanto - pelo seu
candidato, Prío Socarra.
O movimento de oposição - encabeçado pelo Partido Ortodoxo – lança uma forte
campanha moralizante, que encontra eco na sociedade e possibilitava prever a derrota do Partido
Autêntico Revolucionário nas próximas eleições, em 1952. No entanto, Batista, que havia se
recandidato à presidência, também previu sua derrota e, no mesmo ano das eleições, se proclama
ditador por meio de um golpe militar. Dois anos depois, em 1954, é eleito presidente via
plebiscito.
O segundo governo de Batista é mais abertamente ditatorial e recebe apoio dos Estados
Unidos da América, tanto política como militarmente, por meio de fornecimento de armamentos
(DONGHI, p. 292). A postura autoritária de Batista, assim como a intervenção norte-americana na
ilha, fortaleceu a oposição no país. Mais forte do que a oposição do Partido Revolucionário
Autêntico, é o descontentamento das classes mais elevadas e das médias urbanas, que são
representadas principalmente pelo Partido Ortodoxo. E é daí que surge a resistência mais convicta,
dirigida por Fidel Castro. Surge então, em 1956, na cidade de Sierra Maetra, um movimento de
guerrilha, liderado por Castro. O movimento denominado “foquista”, é de cunho nacionalista e
anti-imperialista, não apresentando pretensões comunistas, tampouco dispondo do apoio do
Partido Comunista.
Sem muito respaldo do Partido Autêntico Revolucionário, do Partido Comunista e das
classes trabalhadoras, o movimento ficou restrito ao campo – por isso é chamado de foquista.
Assim, o exército rebelde atua no interior do país e queima as plantações de açúcar, atingindo um
importante pilar da economia cubana, colocando em xeque a capacidade de Batista de governar
Cuba.
Além da forte oposição dentro da ilha, algumas ações de Batista fizeram com que o apoio
dos EUA também diminuísse. O episódio de 5 de setembro de 1957 ilustra bem a situação. Uma
conspiração militar contra o ditador promoveu um levante na base naval de Cienfuegos. Batista,
por sua vez, reagiu ao levante com carros blindados e aviões B-26, fornecidos pelos EUA de
acordo com o Military Defense Assistance Program (Programa de Assistência Militar de Defesa).
Em seguida, suspendeu as garantias constitucionais que havia restaurado – todas anuladas após o
golpe de 1952 – para servir às exigências norte-americanas a fim de manter o tratado. (MONIZ, p.
154)
Com isso, em 1958, o governo dos EUA anunciou o embargo ao envio de armamentos para
Cuba. Essa atitude, no entanto, não alterou as relações entre o governo Batista e Washington aos
olhos da oposição, principalmente da guerrilha liderada por Castro.
Assim, com a resistência de Batista enfraquecida, em 1o de janeiro de 1959, os
guerrilheiros tomaram a capital do país. Além do apoio dos camponeses rurais, agora eles tinham
o apoio dos trabalhadores rurais, da classe média urbana e da classe operária. E assim, a revolução
cubana pôs fim ao governo ditatorial e corrupto de Batista, que favorecia os interesses econômicos
norte-americanos na ilha. (DONGHI, pp. 292-293)
Tendo feito aqui um panorama geral da trajetória política de Cuba, é necessário entender o
contexto internacional em que o evento está inserido. Conforme anteriormente citado, após a crise
de 1929 e o início da Segunda Guerra Mundial, os países latino-americanos viram uma
oportunidade para conseguir certa autonomia. Esse período foi marcado pela atuação de governos
fortes e, em geral, personalistas, e principalmente por um desenvolvimentismo nacionalista.
O final da Segunda Guerra, e a vitória dos Aliados, trouxe mudanças políticas no
continente, a começar por um surto de democratização. No Brasil, por exemplo, Getúlio Vargas
começava a desarticular o Estado Novo e marcar eleições presidenciais e parlamentares no país.
Isso ocorreu porque o fim da Segunda Guerra trouxe um conflito ideológico entre as duas
potências remanescentes desse conflito mundial: a guerra fria. Ou seja, o desenvolvimentismo
nacionalista teve que se adaptar à nova conjuntura mundial.
A importância do continente latino americano na Guerra Fria é evidente. A intensa
retomada do Sistema Interamericano – em voga desde outubro de 1889, a partir do que foi
acordado na Primeira Conferência Internacional Americana em Washington – estabeleceu
princípios de cooperação militar e econômica no hemisfério americano, além de leis de não
agressão e de soberania estatal.
Em 1945, ocorreu a Nona Conferência Internacional Americana, em Bogotá, na qual os
Estados americanos adotaram a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), o Tratado
Americano sobre Soluções Pacíficas (Pacto de Bogotá) e a Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem. A Carta da OEA e o Pacto de Bogotá impõem obrigatoriedade das partes
contratantes de resolver os conflitos interamericanos de forma pacífica, seja por meio de mediação
ou ajuizando ação perante a Corte de Justiça. A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem definia uma preocupação da região para com o cumprimento internacional dos direitos
humanos. Devemos entender o que há por trás dessa criação de mecanismos para integração
regional perante o conflito mundial vigente à época.
Se durante a Guerra a preocupação de Washington era o apoio aos Aliados em detrimento
dos países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão, agora a defesa pela democracia e a contenção de
ideias socialistas e comunistas entram na agenda dos Estados Unidos. É por isso que o movimento
de guerrilha liderado por Castro preocupava tanto o governo de Washington e o apoio ao governo
ditatorial de Batista avançou na década de 1950.
A Aliança para o Progresso nesse momento é ideal para ilustrar o que estava acontecendo
no continente nesse momento auge da Guerra Fria. Criado em 1961 pelo governo de Washington,
tinha o objetivo de promover o desenvolvimento econômico por meio de colaborações financeiras
e técnicas a fim de conter a ideologia comunista no continente latino americano.
3 Atualidades
Nesta parte, será apresentada a referência mais próxima à Guerra dos Mísseis,
apropriadamente falando. Será demonstrado o que muitos consideram o verdadeiro início da Crise,
sendo chamado de 'Invasão da Baía dos Porcos'. Esta parte, historicamente, é de imensa
importância para que se possa ter uma compreensão do problema de maneira mais abrangente, e
não apenas de um ponto de vista.
A Revolução Cubana derrubou o então ditador Fulgencio Batista, que estava no poder desde
1952. Esta revolução ocorreu no início dos anos 1959, liderada pelo maior representante das guerrilhas
libertadoras cubanas, Fidel Alejandro Castro Ruz, ou apenas, Fidel Castro.
A revolução inseriu Cuba em um novo modelo econômico, mantendo estreitas ligações
com os representantes do socialismo pelo mundo, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e,
com isso, contrariando o maior influenciador das políticas nacionais da época, os Estados Unidos
da América.
Nos tempos seguintes à Revolução a tensão agravou-se, devido, claramente, à Guerra Fria
(conflito político que dividiu o mundo dos anos 1950 até os anos 1990 em capitalistas e
socialistas, grosseiramente falando).
Em 1960, ocorreram as eleições presidenciais dos EUA, tendo como vencedor o aclamado
John F. Kennedy. A tensão gerada pela a ameaça comunista nas Américas ainda estava presente, e
buscava-se meios de controlá-la e interrompê-la.
Com isso, houve uma suspensão das exportações dos EUA de Cuba, numa tentativa de
gerar um desconforto no governo cubano, assim como para demandar uma mudança política e
econômica imediata. A resposta de Castro veio configurou-se na tomada de controle sobre as
empresas norte-americanas no seu país e também sobre os representantes norte-americanos que lá
estavam.
Tais ações estremeceram ainda mais as relações entre ambos os países, havendo, em 1961,
um rompimento das relações diplomáticas entre eles. Importa notar que este rompimento
diplomático representou muito mais do que um estremecimento político entre dois países, mas
entre dois polos. O polo capitalista e o polo socialista, tendo como líderes os EUA e a URSS,
respectivamente.
Muito se falava a respeito de uma nova guerra mundial, com efeitos ainda mais
devastadores, que poderia culminar na morte de milhões, novamente.
Para que isto não acontecesse, várias declarações foram dadas por parte de representantes
políticos de vários países com o objetivo de amenizar a situação, mas a tensão crescia. Fidel
Castro e John F. Kennedy intensificaram o trabalho bélico em seus países e muitas eram as
suspeitas de uma provável ação armada vinda de algum dos países. Esta suspeita se tornou
realidade em abril de 1961.
No dia 16 de abril, 1.500 homens, entre eles exilados cubanos contrários ao governo de
Castro, embarcaram de Nicarágua para invadir Cuba pela Baía dos Porcos, localizada no sul da
ilha.
Antes da embarcação partir para atacar, houve um grande bombardeio em solo cubano por
forças norte-americanas com o intuito de destruir ou fragilizar as Forças Aéreas do país. A estratégia
estava diretamente ligada à invasão por mar, e o objetivo do ataque era desestabilizar o governo
socialista, com a captura ou morte do representante popular local, Fidel.
Procurou-se mascarar a participação dos EUA na Invasão, mas já era de conhecimento
geral que o país em questão treinou, armou e planejou o ataque, visando retomar a influência
totalizadora que tinha antes da Revolução Cubana.
A invasão foi iniciada na madrugada do dia 17, quando as forças invasoras alcançaram a
praia de Girón (a invasão é chamada de “La Batalla de Girón” entre a população local), não
esperando uma forte reação, pois se pensava que o bombardeio anterior houvesse fragilizado
imensamente o exército local. Isto se mostrou equivocado, já que a milícia local rapidamente
buscou neutralizar a ação invasora, com o forte apoio dos grupos vizinhos, todos guiados por Fidel
Castro que buscou participar pessoalmente da confecção de estratégias contra o ataque, na própria
localidade.
A primeira grande surpresa do conflito foi o forte bombardeio aéreo cubano às frotas norte-
americanas, pois pensava-se que a frota aérea cubana já estava fragilizada com o bombardeio
estadunidense anterior à invasão por mar. Com isto, ganhou-se vantagem estratégica que se
mostrou bastante eficiente.
A segunda grande surpresa foi a participação e apoio local às atitudes defensivas das
milícias locais, pois com Castro no governo, a qualidade de vida no país melhorou
significativamente, gerando forte aprovação do povo em relação ao novo governo populista,
descartando a influência norte-americana na região, o que era muito raro nas Américas.
Assim, no dia 19 de abril de 1961, as forças invasoras foram totalmente reprimidas e
declarou-se vitória, tendo os EUA fracassado na tentativa de invasão e assassinato de Fidel.
A ação defensiva se mostrou eficiente e surpreendente aos olhos do mundo, pois em 72 horas o
ataque naval havia sido neutralizado e a maioria dos invasores foram presos ou mortos. Isto gerou
uma grande aclamação mundial e um grande apoio às causas comunistas, o que piorou a situação
política vigente.
Theodore Draper (1962), historiador e escritor político estadunidense fez uma declaração
que ilustra bem a impressão gerada pelo mundo: “A infeliz invasão de Cuba, em abril de 1961, foi
um daqueles acontecimentos político-militares raros: um fracasso perfeito”.
Fidel Castro então proclamou que Cuba era um Estado Marxista-Leninista, dando livres
poderes a ele e aos representantes políticos, alegando que não eram eles que decidiam pelo país,
mas sim o povo.
Este foi o verdadeiro estopim da Guerra dos Mísseis, propriamente dito, as tensões
políticas foram amplificadas, relações políticas foram cortadas e declarações repercutiram pelo
mundo, dividindo de vez apoiadores comunistas e socialistas.
Após a Invasão à Baía dos Porcos, houve uma série de eventos que tornaram a situação
ainda mais tensa e complexa, como públicas ofensivas verbais emitidas por ambas as partes,
movimentações econômicas e políticas que diminuíssem a influência do rival, assim continuando
por anos.
Com isso, a URSS exerceu papel importante com uma política que favorecesse o novo
governo socialista do continente americano, enviando diversos equipamentos bélicos para a ilha,
em uma tentativa de aumentar ainda mais a defesa do país, pois observava-se uma maior
movimentação da marinha norte-americana e novos relatos de supostos planos de invasão a Cuba
pelos EUA.
No dia 22 de outubro de 1962, o então presidente norte-americano John F. Kennedy
obteve, através de fontes confidenciais, fotos que provavam a existência de bases soviéticas
implantadas em Cuba com mísseis que poderiam atingir os EUA (imagem 1). Foi feito, então, um
bloqueio naval à Ilha impedindo o acesso de novos navios soviéticos que pudessem trazer mais
armamentos e ordenaram que a URSS retirasse imediatamente o equipamento bélico do país
latino.
Começaram, então, rumores de que haveria uma guerra entre ambos os países e houve
grande mobilização cubana em defesa do próprio país, unindo veteranos e jovens. As
manifestações em Cuba apoiavam a atitude do governo e, novamente, a população local se dispôs
a lutar.
Do lado norte-americano, Kennedy oficializava o seu pedido à URSS para a retirada dos
mísseis com intenso apoio nacional, sendo seus esforços bem vistos pelos países aliados. Assim, o
mundo vivenciava o começo de um conflito que poderia ameaçar a integridade mundial.
BIBLIOGRAFIA
DRAPER, Theodore. A Revolução de Castro;
VAIL, John J. Os grandes líderes: Fidel Castro;
BANDEIRA, Luiz Alberto. De Martí a Fidel. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1998.
APÊNDICE I – Posicionamento das organizações
1 OTAN (não observadores)
Alemanha Ocidental
Após a conferencia de Potsdam, realizada em 1945 a fim de organizar os territórios
conquistados pelo exército nazista, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação: norte
americana, francesa, inglesa e soviética. As três primeiras – federalistas - se uniram formando a
República Federal da Alemanha (RFA), sendo o governo vigente capitalista. Como fazia parte da
OTAN, e estabelecia relações políticas e econômicas estreitas com as potências da Europa
Ocidental e com o Estados Unidos, a posição da RFA se alinha à norte americana, seguindo as
diretrizes da OTAN.
Bélgica
O Reino da Bélgica, membro da OTAN desde sua criação, se mostra favorável às intenções
norte-americanas em Cuba, bem como clama pela retirada dos mísseis soviéticos da ilha. Além
disso, sua tendência para o modelo econômico capitalista, um dos polos ideológicos da Guerra
Fria, era claro. Por exemplo, já em 1948, o Reino da Bélgica já formava um bloco econômico com
Luxemburgo e Países Baixos, o Benelux.
Canadá
Este país começou a caracterizar-se econômica e politicamente a partir da década de 1960.
Buscou-se uma maior integração bélica e legal com os EUA, assinando tratados e pactos. Também
defendia a inserção da população nativa à economia nacional, buscando-se uma integridade nacional.
Assim, havia grandes avanços militares e sociais e um engrandecimento da aliança EUA – Canadá,
especialmente pela proximidade geográfica e política.
Dinamarca
Como um dos membros fundadores da OTAN, a Dinamarca diverge seu discurso com o
norte-americano, predominante nos países desta organização. O país se manteve neutro durante a
Segunda Guerra – assinou um tratado de não agressão com a Alemanha nazista em 1939, por
exemplo, porém foi invadida e mantida sob o governo alemão até três dias antes do término do
conflito. Após 1945, vendo a relevância crescente que a URSS adquiria no continente europeu, a
Dinamarca tomou o lado ocidental e pró Estados Unidos na Guerra Fria.
Estados Unidos da América
O departamento de Estado de Washington já temia os avanços e a vitória da Revolução
Cuba na década de 1950. Com o acirramento do conflito que chamamos de Guerra Fria, e a
aproximação de Cuba com Kruschev - primeiramente mediante ajuda financeira soviética a Cuba,
seguido da aproximação ideológica da revolução ao comunismo – os EUA adotaram uma posição
mais rígida com a ilha. Como vimos no episódio da invasão da Baía dos Porcos e do embargo
econômico imposto ao país.
Por ser muito perto de seu território, e pela ilha pertencer ao continente americano, os
Estados Unidos exigem a retirada dos mísseis, supostamente colocados pela União Soviética em
Cuba. Além disso, teme também que os ideais comunistas se alastrem pelo resto do continente
latino americano. Sendo assim, Washington, sob a presidência de Kennedy, tenta exercer maior
influência no continente e convencer, por meios diplomáticos, os Estados americanos cortarem
relações com Cuba.
França
Nos anos 1960, a França era liderada por Charles de Gaulle, talvez seu presidente de maior
importância em toda a história. Buscava-se uma política que libertasse o país da bipolaridade
política que dominava o mundo àquela época (EUA x URSS), incentivando-se uma maior união
entre os países europeus e uma maior consolidação do própria economia francesa no mundo, já
que os danos causados ao país pela Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) estavam sendo
superados.
Grécia
A Grécia lutou a Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados. Significou, inclusive, uma
das primeiras vitórias contra o eixo no conflito. Apesar de ter forte presença de partidos
comunistas em seu território, um poder centrado e conservador, vigente desde 1945, os considera
ilegais e a maioria dos partidários comunistas se refugiam em países do Leste Europeu. Em 1952,
o país entra na OTAN, e sua posição favorável aos EUA é retificada, sendo favorável à retirada
dos mísseis soviéticos em Cuba.
Islândia
Em 1949, houve uma revolta popular que se posicionava contra a participação da Islândia
na OTAN e que buscava uma maior participação social do governo do país pelo mundo. Vários
registros mostram que a revolta teve apoio de milhares de pessoas, mas a ligação entre a Islândia e
a OTAN sempre foi sólida, permitindo a criação de várias bases navais em seu espaço territorial,
por exemplo.
Itália
A definição da política externa italiana ficou complicada após a Segunda Guerra. Tendo
iniciado o conflito ao lado dos países do Eixo e tendo sido derrotada no meio da guerra, adotou, por
fim, uma posição favorável aos Aliados. Aderiu, portanto, à Organização do Tratado Atlântico Norte
(OTAN). No entanto, durante a guerra, a Itália estabeleceu relações diplomáticas favoráveis com a
União Soviética e, frente à polarização de 1945, adotou de inicio uma política externa neutra. O
presidente à época do conflito, Giovanni Gronchi, tentou estabelecer relações amigáveis com a URSS,
mas a influência hegemônica norte-americana na Europa Ocidental forçou a Itália e demonstrar
lealdade a Washington nesse momento.
Luxemburgo
As relações políticas deste país sempre se voltaram para a consolidação de uma
representatividade substancial no panorama político e econômico mundial, firmando estreitas
ligações com países geograficamente e politicamente próximos. Assim, sua participação na OTAN
tem sido incisiva desde a sua entrada, apoiando financeiramente e tecnologicamente as atividades
desenvolvidas para resolver os embates existentes na Guerra Fria e defender a posição mundial
exercida pelo ocidente.
Noruega
A Noruega participou da Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados – Estados Unidos
da América, Reino Unido e França. Ao fim da Guerra, o país recebeu a ajuda do plano econômico
norte-americano para os países europeus prejudicados pela Guerra. Também foi membro criador
da OTAN e, por isso, se alinha aos interesses norte-americanos, quais sejam a retirada imediata
dos mísseis de Cuba e o não reconhecimento da Revolução Cubana.
Países Baixos
A sua participação na OTAN foi fundamentada nas tecnologias bélicas desenvolvidas a
partir de diversos estudiosos e dos incentivos fornecidos pelo governo em determinadas áreas do
conhecimento. Assim, este país tem notória participação nas inovações tecnológicas,
principalmente no panorama aéreo. Há também a necessidade de se participar de um convênio
militar de tal porte por ser insuficiente militarmente e por ter várias fronteiras territoriais.
Portugal
Portugal, enquanto membro fundador da OTAN, entendia que a retirada dos mísseis de
Cuba era necessária, bem como não reconhecia a legitimidade da Revolução cubana. No entanto, a
situação do país nesse momento é crítico: há uma onda de independência e Portugal se vê diante
de uma crise de seu Império ultramarino. Nesse sentido, o país se posiciona de forma mais neutra
durante este conflito.
Reino Unido
A ligação política e econômica entre o Reino Unido e os EUA sempre foi muito forte, tendo
muito apoio entre as partes em decisões internacionais. Assim, durante a Guerra Fria, mais
especificamente com as ações tomadas contra a URSS e a sua política socialista (a efetiva participação
na dominação e divisão da Alemanha Ocidental prova isso), tal postura foi solidificada. A tecnologia
naval britânica também merece destaque pelo mundo, tendo uma efetiva participação militar pela
OTAN em ações bélicas mundiais.
Turquia
O seu posicionamento geográfico sempre se mostrou ser bastante estratégico,
principalmente durante a Guerra Fria, pois os EUA utilizavam-se do espaço turco para a
construção de bases militares que pudessem estar próximas à URSS. Durante a Crise dos Mísseis,
houve grande tensão mundial pois, como se sabe, Cuba detinha expressive poder bélico devido à
construção de mísseis em seu país pela URSS, mas os EUA também estavam preparados para um
combate, caso isso se mostrasse necessário, com cerca de 15 mísseis Júpiter II construídos em solo
turco que poderiam atingir o espaço soviético.
2 OTAN (observadores)
África do Sul
Durante os anos 1960, muitas foram as revoltas contrárias ao Apartheid (sistema
governamental que segregava a população do país com bases racistas) e isto gerava um grande
caos no país. Muitos revolucionários foram brutalmente torturados e mortos e o país viva grande
crise política. Assim, o país vivia inserido no modo de produção capitalista com grande influência
ocidental (representando o ocidente nesse continente), mas muitos conflitos internos colocavam
em dúvida a eficiência do modelo ocidental nessa população.
Argentina
A Argentina, junto ao Chile, foi o país que mais resistiu à influência norte-americana no
continente. Foi o último país, por exemplo, a assinar o Pacto de Bogotá. No entanto, em 1958,
assume o presidente Arturo Frondizi, que estabelece relações amigáveis com o presidente norte-
americano Kennedy. Porém, a postura Argentina continua a favor do respeito à soberania Cubana
e julga ofensiva qualquer intervenção no país, bem como em qualquer outro ponto do continente.
Austrália
No ano de 1951, os Estados Unidos da América e a Austrália assinaram um tratado militar
chamado ANZUS (junto à Nova Zelândia) que buscava garantir defesa mútua em caso de agressão
externa. Este pacto deixa claro a magnitude do apoio australiano às causas norte-americanas e em
que magnitude, demonstrando ser um fiel aliado em praticamente todas as questões mundiais.
Brasil
O Brasil, país de peso no continente latino-americano, recebeu bem as intenções norte-
americanas no que diz respeito implantação de um Sistema Interamericano. No entanto, foi
cauteloso no que tange a influência política dos Estados Unidos no continente. Em 1960, sob a
presidência de Jânio Quadros, o nacionalismo era notável no país e havia um forte sentimento
anti-imperialista. Desse modo a política externa brasileira adotou uma postura mais independente
em relação a Washington, o que fez com que o Brasil fosse contra a invasão de Cuba em 1961,
estabelecendo o princípio de soberania nacional como essencial a todos os países.
Chile
Por volta de 1960, o Chile criou fortes laços políticos com os países de cunho capitalista,
especialmente com os EUA. Países desenvolvidos empenharam-se na tarefa de desenvolver a
região, tendo em vista a presença comercial naval do país e a comercialização intensa de minerais
na região.
Assim, mesmo partilhando de vários pontos em comum com Cuba (como aspectos
culturais, tradicionais, linguísticos e geográficos), este país demonstrou o seu apoio constante as
políticas estabelecidas pelos EUA por receber uma grande ajuda econômica do país norte-
americano.
Coreia do Sul
A divisão da península da Coreia em duas áreas, uma sob o controle dos Estados Unidos da
América, e a outra sob o controle da União Soviética, é um dos principais sintomas da Guerra
Fria. Após 1945, a parte sul da península –sob influência norte-americana – se constituiu em
República da Coreia. Sua política externa se alinha com a dos EUA e, portanto, defende a retirada
dos mísseis em Cuba.
Honduras
A influência norte-americana é notável na política hondurenha desde a instalação da
multinacional United Fruit Company que, junto com a presença financeira dos Estados Unidos, trouxe
também a presença política. Sendo assim, no contexto da Guerra Fria, Washington aumentou sua
influência no país por meio de tratados econômicos e políticos e, bem como a Nicarágua,
Honduras foi um país que se manteve alinhado a política norte americana na questão cubana e se
colocou favorável aos EUA na questão da crise do mísseis.
Japão
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão demonstrou forte apoio as causas socialistas da
URSS e combateu os Aliados (Estados Unidos, URSS e Reino Unido) ao lado dos países do Eixo
(Itália e Alemanha). No entanto, após os ataques atômicos as cidades de Hiroshima e Nagasaki e o
término da guerra, o país iniciou suas atividades liberais econômicas.
Em 1956, ingressou na Organização das Nações Unidas e dava prosseguimento às
atividades econômicas fortemente integradas com as do Ocidente, assim, demonstrando simpatia
pelas causas Norte-Americanas. Nos anos 1960, a economia nipônica dava saltos de crescimento
exorbitantes devido a exportação de produtos a baixo custo, tornando-se uma promessa econômica
mundial e forte aliada política e econômica dos EUA.
Nicarágua
A partir de 1936 se inicia a dinastia Somoza na Nicarágua. Anastasio Somoza García,
chefe da Guarda Nacional, influenciada pelos EUA desde a década de 1930, assume o poder e
instaura a dinastia Somoza. O departamento de Estado de Washington apoiou a ditadura, uma vez
que Somoza continha as guerrilhas comunistas no país se comprometera a zelar pela estabilidade
do continente americano. Em 1956 Anastasio Somoza foi assassinado, mas seu filho o sucedeu e
permaneceu com a política alinhada aos EUA. Muitos acordos, econômicos e políticos, foram
feitos com Washington a partir da década de 1960, o que fez com que a Nicarágua fosse um dos
países do continente americano alinhado aos Estados Unidos, apoiando a invasão à ilha em 1961,
bem como tomando partido dos EUA na crise dos mísseis.
Nigéria
Durante a Segunda Guerra Mundial, o país mostrou-se de extrema importância tanto na
oferta de recursos naturais, a fim de dar prosseguimento à guerra na região, quanto no envoi de
soldados para reforçar os exércitos atuantes.
Após a guerra, houve movimentação popular a favor da independência do país junto ao
Reino Unido, o que ocorreu nos anos 1960, mesma época em que ingressou na ONU. Assim, a
Nigéria começou a estabelecer-se como país e fundar importantes relações políticas e econômicas
com o Ocidente, principalmente devido às suas variadas exportações.
Paquistão
A retirada dos britânicos da Índia, então colônia, deu lugar a criação do Estado do Paquistão e
a República da Índia. No entanto, a divisão realizada pelo Parlamento britânico não contemplava
certas questãos étnicas e religiosas. Sendo assim, o resultado disso foi a criação de uma região de
tensão na Ásia. Esses dois novos Estados disputavam, inclusive com a China, um mesmo território: a
Caxemira. Assim, o Paquistão se torna um importante ponto geográfico estratégico no contexto da
Guerra Fria. Os Estados Unidos tomam iniciativa de se aproximar do novo país com a intenção de
instalar uma base militar norte-americana no território.
República Democrática do Congo
A República Democrática do Congo fora colônia da Bélgica desde 1908 – à época, era
chamada de Congo Belga. A independência ocorre em junho de 1960, o país é tomado por
instabilidade interna devido à posse do governo. No entanto, a influência europeia – e da ex-
colônia – permanece no país. Dessa maneira, apesar de apresentar uma postura mais moderada, a
República Democrática do Congo se alinha com as posturas do países de Europa Ocidental no que
diz respeito a Guerra Fria.
3 Pacto de Varsóvia (não observadores)
Albânia
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a República Popular da Albânia não
estabeleceu relações oficiais positivas com países do ocidente, mantendo sua fidelidade ao regime
comunista, aliada fortemente à URSS e, principalmente, à República Popular da China. As
relações políticas com a Iugoslávia também foram benéficas ao país em décadas anteriores, pois
havia insuficiência em sua produção agrícola e industrial, firmando acordos variados. Com a cisão
sino-soviética, a Albânia, que recebia apoio e incentivos chineses, aliou-se ao governo chinês,
mostrando-se insatisfeita com a política soviética.
Alemanha Oriental
Após a divisão do território alemão em quatro zonas de ocupação, aquela destinada ao
controle soviético foi proclamada, em 1949, República Democrática Alemã (RDA), regida por um
governo de viés socialista e controlado pela URSS. Sendo assim, como fazia membro do Pacto de
Varsóvia e por ter sofrido intervenção, tanto política quanto econômica, da URSS, a RDA se
colocou favorável à Revolução Cubana e alinhando-se aos interesses soviéticos na crise dos
mísseis.
Bulgária
Tendo lutado ao lado dos países do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial, o território
búlgaro ficou sob o controle soviético com o término do conflito. Em 1946 tornou-se uma
República Popular, porém de caráter comunista e ainda com influências soviéticas. Já em 1995, a
Bulgária era integrante do Pacto de Varsóvia, e como parte integrante do bloco comunista do
globo, se colocou em defesa da soberania nacional de Cuba e se alinhou a política soviética na
crise dos mísseis.
Hungria
Sendo parte do Pacto de Varsóvia, a Hungria se alinha aos interesses da União Soviética e
defende a legitimidade da Revolução cubana. Além disso, vale lembrar que o presidente, István
Dobi - ganhador do prêmio Lenin da paz em 1962 - esteve no poder desde 1952 e apresenta
relações próximas e amistosas com a URSS e ainda é um forte defensor das ideias comunistas.
Polônia
Este país demonstrou sua importância na política internacional através dos anos, se fazendo
presente nos eventos que culminaram nos maiores acontecimentos históricos que temos
conhecimento.
A Segunda Guerra Mundial foi iniciada com a invasão alemã ao país que culminou na
ocupação de sua capital (Varsóvia) pelas forças nazistas. Ao longo da guerra, a Polônia foi
dividida entre o país germânico e a URSS e, após o término do conflito, houve a instauração do
sistema socialista soviético no país.
O seu alinhamento com o governo soviético foi intenso e a assinatura do Pacto de Varsóvia
em sua capital simbolizou tal política, mesmo havendo várias revoltas no interior do território que
repudiavam o sistema popular implementado.
Romênia
Em 1945, Dr. Petru Groza - do Partido dos Lavradores - assumiu como Primeiro-ministro da
Romênia. A partir daí, a implementação de ideais e práticas comunistas começaram a entrar na agenda
do governo. Em dezembro de 1947 o rei foi forçado a abdicar e declarou-se a República Popular da
Romênia, francamente comunista. Apesar de fazer parte do Pacto de Varsóvia, a relação com a União
Soviética é complicada. Primeiro por que havia um certo ressentimento da Romênia em relação a
URSS porque este último saiu com muitos territórios romenos anexados no fim da Segunda Guerra
Mundial. Além disso, havia, por parte do governo comunista romeno, certo desgosto pelas novas
políticas de Nikita Khruschov pós a morte de Stálin. No entanto, no que diz respeito à Cuba, a
Romênia defende a legitimidade da revolução.
Checoslováquia
Após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a dissolução do Império
Austro-Húngaro, a Tchecoslováquia se formou unindo duas regiões que dividiam idiomas locais
semelhantes (a região tcheca e a eslovaca), mas que tinham algumas disparidades econômicas
(predominância da industrialização por um lado e domínio da agricultura por outro,
respectivamente).
Denominada República Popular da Tchecoslováquia, a partir dos anos 1960 o país
mostrou-se favorável às ações cubanas devido a seu alinhamento político à URSS, iniciado após o
término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a forte influência soviética no leste
europeu.
URSS
A influência soviética pelo mundo se mostrou preponderante desde a Segunda Guerra
Mundial, atingindo dimensões mundiais. Países do extremo oriente (como a Coreia do Norte) e do
ocidente (como Cuba) aderiram ao sistema econômico popular soviético, graças a fortes
incentivos econômicos, bélicos e políticos.
O apoio demonstrado ao governo cubano à época da Crise dos Mísseis demonstrou a
integridade do bloco político socialista naqueles anos, havendo apelos diretos realizados entre os
líderes políticos soviéticos e os norte-americanos, numa tentativa de atingir uma estabilidade
política na região, levando-se em consideração a potencialidade bélica que estava sendo
ameaçada.
O país socialista em questão também teve envolvimento direto por ser responsável pela
construção das bases de mísseis que deram início ao conflito político e por financiar as ações do
governo cubano.
4 Pacto de Varsóvia (observadores)
China
Durante a Guerra Fria, diz-se que o mundo estava dividido em dois polos: o polo
capitalista e o polo socialista. Mas deve-se analisar a posição política da República Popular da
China nessa época.
A tensão existente entre a China e os EUA, devido a disputas regionais envolvendo países
do sudeste asiático, como o Vietnã; e o choque sino-soviético, causada pela divergência de método
de consolidação do socialismo pelo mundo faziam da um país com peculiar posicionamento no
tema. Dita por muitos como terceira potência que exercia grande importância política, econômica
e cultural, principalmente, no continente asiático.
Coreia do Norte
Após a Guerra da Coreia (1950-1953), a Coreia do Norte permaneceu fortemente aliada ao
socialismo, sendo financiada ativamente pela URSS e pela China. Com isso, foi considerável a
manifestação dos oficiais norte-coreanos apoiando o governo de Fidel Castro em suas ações populares,
estando também estrategicamente posicionada no extremo oriente asiático.
Cuba
A importância estratégica deste país na região sempre se mostrou intensa e a
representatividade exercida por Cuba na América, através do sistema político adotado junto à
URSS, sempre denotou uma ameaça a soberania exercida pelos EUA nessa porção do mundo.
Assim, Cuba mantém-se aliada às políticas soviéticas há muitos anos, servindo como um
polo de influência política importantíssimo para o Socialismo. Denotando constância e
determinação, o governo popular cubano liderado por Fidel Castro tem forte apoio populacional,
formando um país com união entre Estado e população em suas causas políticas, econômicas e
sociais.
Egito
O Egito, governado desde 1954 por Gamal Abdel Nasser, adotou uma política
evidentemente nacionalista e de incentivo ao pan-arabismo. O presidente egípcio foi símbolo dos
países ditos de terceiro mundo e significou a ruptura da política pró europeia no país. Em 1956, o
Egito nacionalizou o canal de Suez – e recebeu apoio soviético - o que provocou conflito com a
França e o Reino Unido. Apesar de nacionalista, o país manteve uma relativa neutralidade no que
tange à Guerra Fria, no entanto, acredita na soberania nacional e defende a não-intervenção em
Cuba.
Índia
Em agosto de 1947, após diversas revoltas populares lideradas, principalmente por líderes
como Mahatma Gandhi, a Índia obteve a sua independência do Reino Unido e, em 1950, tornou-se
uma república com uma constituição formada. Assim, continuou mantendo relações diplomáticas
amistosas com a maioria dos países, também sendo fornecedora de matéria-prima para a URSS,
que denotava grande influência na região.
Os atritos culturais e territoriais com os países vizinhos como Paquistão e China também
foram marcos na história deste país, criando diversos conflitos armados que delinearam a conduta
política internacional com os seus respectivos vizinhos.
Tabela 1- Distribuição de países
Tipo de
Organização do Tratado do Atlântico
Pacto de Varsóvia
Membros
Norte
Alemanha
Bélgica
Canadá
Albânia
Alemanha
Ocidental
Oriental
Estados
Dinamarca Unidos da França Bulgária Hungria
Membros da
América
Aliança Grécia Islândia Itália Polônia Romênia
Luxemburgo
Noruega
Países
Checoslováquia
URSS
Baixos
Portugal
Reino
Turquia
Unido
África do Argentina
Austrália
China
Coreia do
Sul
Norte
Brasil
Chile
Coréia do Cuba
Egito
Sul
Membros
Índia
Observadores
Honduras
Japão
Nicarágua
República
Nigéria Paquistão Democrática
do Congo
Fonte: Elaboração do autor
Tabela 2 – Grupos regionais das nações
América Ásia-
Europa Ocidental e Outros Europa
África
Latina e
Pacífico
Oriental
Caribe
África do
Argentina
China
Alemanha
Islândia
Albânia
Sul
Ocidental
Egito
Brasil
Coreia do Alemanha Itália
Bulgária
Norte
Oriental
Nigéria
Chile
Coréia do
Austrália
Luxemburgo
Hungria
Sul
República
Democrática Cuba Índia Bélgica Noruega Polônia
do Congo
Honduras
Japão
Dinamarca Países
Romênia
Baixos
Estados
Nicarágua Paquistão Unidos da Portugal Checoslováquia
América
França Reino Unido URSS
Grécia Turquia