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ABRIL / 2017 58 REVISTA PROTEÇÃO MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Orientação essencial O manual de instruções de máquinas e equipamentos deve seguir critérios rigorosos Luiz Carlos Devienne de Almeida A aviação tem como primeira premissa a segurança. No entanto, esta segurança depende de duas grandes vertentes. A primeira, diz a respeito à qualidade do pro- jeto, aos atendimentos dos requisitos de aeronavegabilidade dos órgãos homologa- dores de cada país, à tecnologia emprega- da em seus sistemas, entre outros fatores. Enfim, depende do projeto da máquina, ou seja, de quem a projeta e produz. A segunda vertente está na habilitação e capacitação das pessoas que operam este tipo de equipamento. A segurança depende, neste caso, das pessoas envolvi- das direta ou indiretamente na operação da aeronave. Pilotos, mecânicos, opera- dores de tráfego aéreo, comissários, en- fim uma quantidade finita de profissionais envolvidos. Diante desses fatos, podemos afirmar que o balaústre desta segunda vertente está no processo de capacitação, ou seja, no trei- namento dos profissionais. Todavia, para capacitá-los é necessário ter informações devidamente formatadas, de forma clara e objetiva, numa linguagem que todos possam entender. Sem isso, é impossível capacitar qualquer profissional. O Manual de Opera- ção, por exemplo, deve estar atualizado e dentro da aeronave durante a operação. Da mesma forma que na aviação, no se- tor industrial, o sucesso da empresa segura é ter máquinas adequadas e profissionais devidamente capacitados. Para isso, um dos instrumentos funda- mentais para operar uma máquina com segurança é o seu respectivo Manual de Instruções. Este documento é fundamen- tal para capacitação do operador de forma segura (item 12.135 e seguintes da NR 12). É um documento que serve de base para diversos setores da empresa (engenharia, processo, fabricação, manutenção e para o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). O Manual de Instruções é um dos requi- sitos importantes citado na Norma Regu- lamentadora 12 do MTE (item 12.125 e seguintes da NR 12) e na Diretiva 2006/42 para obtenção da marcação CE, na União Europeia. Para o fabricante de máquinas e equi- pamentos representa a garantia que o produto será operado de maneira correta e segura. É a garantia jurídica, como pro- va, nos casos de litígios em reclamações trabalhistas. Neste sentido, não se pode considerar como um mero documento de informações básicas. Antes de tudo, um Manual de Instruções precisa ser visto co- mo fonte de informações operacionais, de manutenção e além de tudo de segurança para o operador. IMPORTÂNCIA Muitas vezes, o fabricante deixa a sua Luiz Carlos Devienne de Almeida - Engenheiro Mecânico, Aeronáutico e de Segurança do Trabalho, Consultor espe- cializado em elaboração e gestão de documentação técnica, certificação e processo de marcação CE e gestão em projetos e desenvolvimento de produtos. [email protected] www.manualtech.com.br BETO SOARES/ESTÚDIO BOOM

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ABRIL / 201758 REVISTA PROTEÇÃO

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Orientação essencialO manual de instruções de máquinas e equipamentos deve seguir critérios rigorosos

Luiz Carlos Devienne de Almeida

A aviação tem como primeira premissa a segurança. No entanto, esta segurança depende de duas grandes vertentes. A primeira, diz a respeito à qualidade do pro-jeto, aos atendimentos dos requisitos de aeronavegabilidade dos órgãos homologa-dores de cada país, à tecnologia emprega-da em seus sistemas, entre outros fatores. Enfim, depende do projeto da máquina, ou seja, de quem a projeta e produz.

A segunda vertente está na habilitação e capacitação das pessoas que operam este tipo de equipamento. A segurança depende, neste caso, das pessoas envolvi-das direta ou indiretamente na operação da aeronave. Pilotos, mecânicos, opera-dores de tráfego aéreo, comissários, en-fim uma quantidade finita de profissionais envolvidos.

Diante desses fatos, podemos afirmar que o balaústre desta segunda vertente está no processo de capacitação, ou seja, no trei-namento dos profissionais. Todavia, para capacitá-los é necessário ter informações devidamente formatadas, de forma clara e objetiva, numa linguagem que todos possam entender. Sem isso, é impossível capacitar qualquer profissional. O Manual de Opera-ção, por exemplo, deve estar atualizado e dentro da aeronave durante a operação.

Da mesma forma que na aviação, no se-tor industrial, o sucesso da empresa segura é ter máquinas adequadas e profissionais devidamente capacitados.

Para isso, um dos instrumentos funda-mentais para operar uma máquina com segurança é o seu respectivo Manual de Instruções. Este documento é fundamen-tal para capacitação do operador de forma segura (item 12.135 e seguintes da NR 12). É um documento que serve de base para diversos setores da empresa (engenharia, processo, fabricação, manutenção e para o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

(SESMT). O Manual de Instruções é um dos requi-

sitos importantes citado na Norma Regu-lamentadora 12 do MTE (item 12.125 e seguintes da NR 12) e na Diretiva 2006/42 para obtenção da marcação CE, na União Europeia.

Para o fabricante de máquinas e equi-pamentos representa a garantia que o produto será operado de maneira correta e segura. É a garantia jurídica, como pro-

va, nos casos de litígios em reclamações trabalhistas. Neste sentido, não se pode considerar como um mero documento de informações básicas. Antes de tudo, um Manual de Instruções precisa ser visto co-mo fonte de informações operacionais, de manutenção e além de tudo de segurança para o operador.

IMPORTÂNCIAMuitas vezes, o fabricante deixa a sua

Luiz Carlos Devienne de Almeida - Engenheiro Mecânico, Aeronáutico e de Segurança do Trabalho, Consultor espe-cializado em elaboração e gestão de documentação técnica, certificação e processo de marcação CE e gestão em projetos e desenvolvimento de [email protected]

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elaboração por último, ou deixa de entre-gá-lo junto com o equipamento durante a entrega técnica. Isto imputa ao fabricante uma falta grave no processo de capacitação e de segurança do operador.

Por outro lado, é importante ressaltar, a obrigação da empresa operadora em capacitar o seu empregado conforme as orientações contidas neste documento. A leitura deve ser considerada obrigatória pelo operador, além da sua compreensão. Neste sentido, o SESMT tem uma grande contribuição no treinamento, registro e evidência desta capacitação.

Portanto, o Manual de Instruções deve ser considerado como parte integrante do projeto do produto, espelhando integral-mente as suas características técnicas, operacionais e de segurança da máquina. Para tanto, certos requisitos devem ser observados e seguidos.

Uma vez evidenciado que o Manual de Instruções representa segurança, sua ela-boração precisa estar sob a responsabili-dade de profissionais habilitados ou quali-ficados. Convém que este profissional seja um engenheiro ou técnico com formação nesta área de conhecimento. A Norma Re-gulamentadora 12 do MTE, principalmente a reconstituição deste tipo de documen-

to, é taxativa neste requisito, descrito no item 12.126.

Além do conhecimento técnico, este pro-fissional deve ter um bom conhecimento da língua portuguesa, e se envolver profunda-mente no conhecimento da máquina. Tra-ta-se da elaboração de uma “biografia” do equipamento. Daí a preocupação da NR 12 com a qualidade deste tipo de profissional.

ALTERAÇÕESCom a publicação do texto revisado da

referida norma, em 25 de junho de 2015 pela Portaria MTE 857 do Ministério do Trabalho e Emprego, novas alterações surgiram em relação ao texto de dezem-bro de 2010.

O texto original (Portaria SIT 197/10) abordava a questão dos Manuais de Ins-truções, descrita entre os itens 12.125 ao 12.129. Estes itens definiam os requisitos mínimos para elaboração deste tipo de do-cumentação técnica, tanto para máquinas novas como para usadas.

No entanto, com o advento da nova re-visão em 25 de junho de 2015, surgiram algumas modificações importantes e sig-nificativas. A primeira foi o acréscimo do item 12.126.1, o qual simplifica e diminui os requisitos necessários, para as microem-

presas e empresas de pequeno porte que não dispõem de Manual de Instruções de Máquinas e Equipamentos fabricados an-tes de 24/06/2012. Este tipo de documen-tação técnica foi denominado de Ficha de Informação.

Outro item importante foi a redução dos requisitos mínimos do item 12.129 da NR 12, quando da reconstituição dos Manuais de Instruções de Máquinas e Equipamen-tos fabricados ou importados antes da vi-gência da Norma Regulamentadora, de 12 em dezembro de 2010. Esta alteração no item 12.129 implicou na retirada da alínea “l” do item 12.128, que não mais exige que “os riscos que podem resultar de uti-lizações diferentes daquelas previstas no projeto” sejam descritos na reconstituição destes Manuais de Instruções.

Todavia, essas duas alterações, apesar de significativas não abalam a estrutura prevista no texto original de dezembro de 2010.

Cabe salientar a importância de ter e manter este tipo de documentação técnica atualizada, pois ela é um auxílio na garantia da integridade física e saúde do trabalha-dor (12.3), como fonte de informações na utilização da Capacitação (12.135 e seguin-tes) e na elaboração dos Procedimentos

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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

de Trabalhos e Segurança (12.130 e se-guintes), como ressaltado anteriormente.

Uma boa fonte de consulta na elabora-ção de um Manual de Instruções é a nor-ma ABNT NBR ISO 12100, Segurança de máquinas - Princípios gerais de projeto - Apreciação e redução de riscos, que traz na subseção 6.4 (Informações para Uso) referências importantes para este traba-lho. Também muitas normas técnicas do tipo C, trazem no seu bojo requisitos par-ticulares quanto à elaboração de Manuais de Instruções.

OBRIGATORIEDADEEm sequência, discutiremos brevemente

algumas “dicas” e orientações que o reda-

O segundo ponto discutido é o 12.126 e seus subitens, estabelecendo que quando há extravio ou perda do respectivo Manu-al de Instruções, e a máquina apresenta riscos, cabe ao empregador providenciar a reconstituição do Manual de Instruções desta máquina. Tarefa difícil e árdua, mas mandatória!

Haverá situação em que a máquina foi construída há muitos anos, com tecnologia ultrapassada, com componentes antigos fora do mercado de reposição, etc. Não é de se espantar, verificar-se que o Manual de Instruções se extraviou.

Por essa razão é que esta tarefa deve ser realizada sob a responsabilidade do profissional legalmente habilitado, pois so-mente ele pode “descobrir” ou “recompor” novamente as funções lógicas elétricas de comando da máquina e seus mecanismos, e adequá-las aos requisitos normativos e regulamentadores vigentes. Trata-se de um novo projeto de engenharia.

FICHAComo novidade, no caso das microem-

presas e empresas de pequeno porte, o item 12.126.1 autorizou que seja elaborada somente uma Ficha de Instruções, para as máquinas e equipamentos fabricados até 24/06/2012. Os requisitos são:

a) tipo, modelo e capacidade; b) descrição da utilização prevista para

a máquina ou equipamento; c) indicação das medidas de segurança

existentes; d) instruções para utilização segura da

máquina ou equipamento; e) periodicidade e instruções quanto às

tor técnico deve seguir na elaboração de um Manual de Instruções.

O primeiro item a ser abordado é o item 12.125 da Norma Regulamentadora 12, que diz:

“As máquinas e equipamentos devem possuir manual de instruções fornecido pelo fabricante ou importador, com infor-mações relativas à segurança em todas as fases de utilização”.

Este item é taxativo e mostra a obrigato-riedade do importador ou do fabricante em fornecer ao usuário um Manual de Instru-ções, o qual deve apresentar e evidenciar todos os aspectos de segurança que envol-vam a operação da máquina e em todas as fases de sua utilização.

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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOSinspeções e manutenção;

f) procedimentos a serem adotados em situações de emergência, quando aplicáveis.

Este item surgiu em função de negocia-ções dentro da CNTT NR 12. Todavia, ele não contempla todos os requisitos apre-sentados no texto original da Norma Regu-lamentadora, o que pode ser bom ou não. Mesmo não explícito, há necessidade que os esquemas elétricos, pneumáticos e hi-dráulicos estejam atualizados e presentes na Ficha de Instruções.

ELABORAÇÃOComo guia o item 12.127, indica de que

forma cada Manual de Instruções deve ser elaborado:

a) Ser escrito na língua portuguesa ‐ Bra-sil, com caracteres de tipo e tamanho que possibilitem a melhor legibilidade possível, acompanhado das ilustrações explicativas.

Nesta alínea, frisa que há necessidade de clareza do texto, que deve ser escrito em linguagem simples e de fácil compreensão. O idioma deve ser o português, conforme a ortografia imposta pela nova gramática brasileira.

Para melhor clareza e compreensão, a melhor técnica para este tipo de redação é utilizar-se de ilustrações que podem ser desenhos técnicos em perspectiva, ou por meio de fotos que permitam nitidez na vi-sualização.

As peças sempre devem ser menciona-das e marcadas nas figuras com uma nu-meração, chamada de “posição”, indicadas por setas. Durante a redação do texto, ao citar uma peça, o redator deve chamar entre parênteses a figura e a posição (nú-mero) da peça marcada, conforme Figura 1, Exemplo de identificação e função das peças, na página 60.

b) Ser objetivo, claro, sem ambiguida-des e em linguagem de fácil compreensão;

Esta alínea é clara e não requer comen-tários. Todavia, um bom conselho é o texto ser lido por mais de uma pessoa, conhece-dora e familiarizada com o assunto. Isso ajuda a evitar alguns erros comuns de re-dação. Também o texto precisa descansar por um período para que os vícios, falhas ou omissões floresçam.

Um grande problema durante a reda-ção são os erros ortográficos e de concor-dâncias verbal e nominal. Uma boa dica é escrever o texto no Word na versão mais atualizada com a ortografia e gramática habilitadas. Quando houver dúvidas de palavras, utilizar-se de dicionários. Toda-

Aconselha-se que o redator, antes de es-crever o seu Manual de Instruções defina quais serão os seus capítulos, conforme as informações do item 12.128. Como su-gestão, siga a divisão de capítulos abaixo:

1. Descrição da máquinaProcurar ser a mais completa possível

detalhando o funcionamento da máquina, os conjuntos e peças, indicando as suas respectivas funções. Indicar as carac-terísticas técnicas, capacidades, limites operacionais, dimensões, enfim todas as informações relevantes sobre a máquina ou o equipamento. A base normativa (nor-

Dividindo em capítulosItem da NR 12 sugere a estrutura mínima que o manual deve ter

mas técnicas) utilizada para construção da máquina deve ser citada neste capítulo. Descrever em detalhes a que se destina esta máquina e o que ela produz (exemplo: máquina de serra circular para corte de placas de madeira até 20 mm. Não utilizar para cortar materiais metálicos, a não ser o especificado).

2. Recomendações de SegurançaDescrever de forma clara e enfática o

que deve e o que não deve ser feito quanto à segurança, indicando as zonas de perigos, posição do operador, uso de EPIs, bem co-mo operadores qualificados, capacitados e

via, isso não desobriga uma boa revisão por um terceiro.

É também aconselhável, em função do assunto que está sendo redigido, pesquisar a aplicabilidade de normas técnicas nacio-nais (ABNT) e internacionais (ISO, IEC). As normas técnicas muitas vezes trazem definições de vocabulários já normatiza-dos de uso comum. Evite denominar peças com “apelidos” de fábrica. Procure utilizar vocabulários técnicos e em português.

c) Ter sinais ou avisos referentes à se-gurança realçados

Sempre que o fabricante ou importador identificar pontos ou situações relevantes quanto à segurança (riscos e situações perigosas), durante a operação, manu-tenção ou instalação, deve ser indicado por meio de avisos destacados no texto, contendo ícones ou pictogramas conforme exemplo mostrado na Figura 2, Exemplos de pictogramas padronizados. Todavia, o Manual de Instruções deve descrever cor-retamente o seu significado no texto. A redundância destes avisos no decorrer do texto nunca é demais.

d) Permanecer disponíveis a todos os usuários nos locais de trabalho.

Esta alínea é clara e não requer comen-tários. O item 12.128 é um guia para quem vai redigir o Manual de Instruções, pois indica o mínimo de informações que o re-dator deve descrever. Ele também serve de guia para os engenheiros na fase inerente ao projeto (ABNT NBR ISO 12100). Todas as máquinas novas, fabricadas ou importa-das, a partir de dezembro de 2010, devem seguir esta orientação.

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autorizados para operação. Indicar todas as recomendações de segurança quando a máquina estiver em manutenção (exem-plo: uso de equipamentos de elevação e transporte, como pontes rolantes, “pale-teiras” e empilhadeiras). Abordar sobre as condições de emergência.

Como sugestão enfatizar os verbos no infinitivo quando definir uma ação man-datória e de segurança, como: “fazer” o procedimento de limpeza, “ligar” o motor, “pressionar” o botão de emergência, “não usar” cordas para içar a máquina, “limpar” periodicamente, “conectar” a máquina na rede elétrica, etc.. Descrever também as medidas de segurança presentes na máqui-na e os seus negativos das suas remoções ou desativações.

3. Transporte, Instalação e DesmontagemDetalhar como a máquina vem do fabri-

cante, mostrando como deve ser transpor-tada, descarregada e instalada no estabe-lecimento do empregador, sugerindo os equipamentos de elevação e transporte a serem utilizados. Indicar e evidenciar os pontos de içamento, quanto à segurança;

4. OperaçãoDescrever detalhadamente todas as fa-

ses de operação do equipamento, desde o início até o final dos trabalhos. As opera-ções de “ligar” e “desligar”, e as condições seguras devem ser evidenciadas. Também descrever as condições de “emergência” e suas sequências. Indicar o modo correto da partida da máquina após uma situação de “emergência” ou parada anormal.

5. ManutençãoEste capítulo é muito importante, pois

devem constar as fases das manutenções corretivas e preventivas. Descrever as prin-cipais operações de manutenções com su-as sequências, e as medidas de segurança desta fase. Esquemas elétricos, hidráuli-cos ou pneumáticos devem ser coloca-dos neste capítulo (são mandatórios) em conformidade com a máquina entregue. Esses esquemas devem seguir simbologia padronizada conforme normas técnicas vigentes. Incluir também as peças e/ou componentes (código e fabricante) que compõem estes sistemas.

6. Peças de ReposiçãoUma lista de peças de reposição com

desenhos explodidos (vide Figura 3, Códi-gos das peças para reposição), na página 64, são formas adequadas para informar o

proprietário da máquina sobre qual o có-digo correto a ser solicitado ao fabricante da máquina adquirida.

ITENS MANDATÓRIOSOutro bom conselho ao redator, com

pouca experiência neste tipo de trabalho, é observar os manuais de máquinas simila-res. Ele deve criar uma identidade visual da empresa fabricante. Nunca deve esquecer que todo Manual de Instrução tem que ter um índice. Os pontos mandatórios defini-dos no item 12.128 são:

a) razão social, CNPJ e endereço do fa-bricante ou importador;

b) tipo, modelo e capacidade;c) número de série ou número de iden-

tificação e ano de fabricação;Observação 1: estes três primeiros pon-

tos acima podem ser descritos no mesmo capítulo, ou seja, durante a Descrição da máquina, e divididos em subcapítulos. Suas exigências são claras e não necessitam de mais comentários.

d) normas observadas para o projeto e construção da máquina ou equipamento;

e) descrição detalhada da máquina ou equipamento e seus acessórios;

Observação 2: as alíneas (d) e (e) po-dem fazer parte do capítulo de Descrição

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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

da máquina. É importante que a descrição permita que qualquer pessoa com o míni-mo de instrução técnica consiga, ao ler, en-tender e compreender o funcionamento da máquina ou do equipamento com clareza.

f) diagramas, inclusive circuitos elétri-cos, em especial a representação esque-mática das funções de segurança;

Observação 3: esta alínea deve fazer parte do capítulo de Manutenção, porém precisa trazer junto aos diagramas, as res-pectivas listas de peças e componentes, in-dicando códigos e nomes dos respectivos fabricantes. Isso auxilia muito o operador durante uma manutenção preventiva e corretiva.

g) definição da utilização prevista para a máquina ou equipamento;

h) riscos a que estão expostos os usuá-rios, com as respectivas avaliações quanti-tativas de emissões geradas pela máquina ou equipamento em sua capacidade máxi-ma de utilização;

i) definição das medidas de segurança existentes e daquelas a serem adotadas pelos usuários;

j) especificações e limitações técnicas para a sua utilização com segurança;

k) riscos resultantes de adulteração ou supressão de proteções e dispositivos de segurança;

l) riscos resultantes de utilizações dife-rentes daquelas previstas no projeto;

Observação 4: as alíneas (g), (h), (i), (j), (k) e (l) devem fazer parte do capí-tulo das Recomendações de Segurança. Todavia, sempre que forem identificados pontos relevantes quanto à segurança em

outros capítulos, tais fatos devem ser mar-cados e evidenciados. Conforme exemplos na página 62.

m) procedimentos para utilização da máquina ou equipamento com segurança;

Observação 5: os procedimentos de uti-lização podem ser descritos no capítulo de Operação da máquina ou do equipamento. Sempre procurar detalhar de maneira se-quencial todas as fases de operação, des-de os cuidados iniciais, a fase de partida, operação e parada, incluindo os procedi-mentos de emergência, e o procedimento de rearme.

n) procedimentos e periodicidade para inspeções e manutenção;

Observação 6: esta alínea, como já dis-cutido, deve estar inclusa no capítulo de Manutenção. São ações importantes que envolvem procedimentos operacionais e de segurança. Procurar indicar, se possível ou necessário, as ferramentas adequadas para esta fase operacional. Lubrificação, limpe-za periódica e inspeções são informações relevantes que devem ser descritas com previsão pelo redator.

o) procedimentos a serem adotados em situações de emergência;

Observação 7: como discutido na alínea (m) estes procedimentos de Emergência devem ser relacionados no capítulo de Operação, porém dentro de um subcapí-tulo à parte, descrito de forma clara, e se possível com indicações por meio de ícones ou pictogramas. É importante mencionar claramente os procedimentos e sequên-cias que devem ser tomados no caso de emergência.

p) indicação da vida útil da máquina ou equi-pamento e dos compo-nentes relacionados à segurança.

Observação 8: esta indicação, sempre que possível, deve constar no capítulo de Manutenção. Rolamentos, mangueiras, componentes elétricos, entre outros, podem ter as suas vidas úteis obti-das diretamente dos seus respectivos fabricantes.

CONSIDERAÇÕESO Manual de Instruções

é um documento impor-tante que representa se-gurança para todos os

envolvidos na operação da máquina ou do equipamento. A norma técnica ABNT NBR ISO 12100:2013 (Segurança de máquinas - Princípios gerais de projeto - Apreciação e redução de riscos) ressalta e enfatiza esta importância na sua subseção 6.4 - Infor-mações para Uso.

Não se pode esquecer de que se trata de um documento técnico, mandatório, devendo estar atualizado ao lado da máqui-na. Em caso de acidente será ele um dos primeiros documentos exigido pelo perito.

Não se pode elaborá-lo de forma rápida, sem critério ou sem planejamento. O pro-fissional responsável tem a obrigação de descrever todos os aspectos de segurança, tanto na operação como na manutenção, enfim, em toda a vida do produto.

A sua qualidade representa a imagem da empresa fabricante da máquina ou equipa-mento, o que é bom para todos.

O SESMT, como órgão gestor de segu-rança da empresa operadora da máquina deve observar se esse documento perma-nece ao lado do operador, e se ele está sen-do utilizado para sua capacitação.

Cabe ressaltar ainda sobre a máquina em uso doméstico, como hobby. Para este grupo de operadores, a única informação de segurança é o Manual de Instruções, como exemplificado no uso de um esmeril ou furadeira de pequeno porte.

Orientar e mostrar a importância do Manual de Instruções na Segurança do Trabalho dentro de uma empresa e para todos os seus usuários foram as principais finalidades deste artigo, que espero ter cumprido de modo satisfatório.