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ANO: O2 NOVA FRIBURGO RJ, 2 de agosto de 2015 N o 10 Diretor- Redator-Chefe: Sebastião A. B. de Carvalho (ABI) Vice-Diretora: Rosa Maria Werneck Rossi de Carvalho DIVULGANDO A LITERATURA E AS ARTES PLÁSTICAS Prof. Hamilton Werneck é homenageado Os 200 anos de Nova Friburgo T rabalhando por todo o território nacional, proferindo palestras, organizando workshops ou prestando assessoria educacional, o PROF. HAMILTON WERNECK é um profissional respeitado, requisitado por instituições importantes. Recentemente, foi agraciado com a escolha de seu nome para um estabelecimento educacional. Sensibilizado, ele assim se expressou: “Esta é a maior das homenagens recebida num Estado Bra- sileiro: Uma escola com meu nome, em Governador Nunes Freire, Maranhão. Complexo educacional Professor Hamilton Werneck.” Este é o COMPLEXO EDUCACIONAL PROFESSOR HAMILTON WERNECK, da cidade de Governador Nunes Freire, no estado do Maranhão. Uma justa homenagem a um grande educador friburguense. Hamilton Werneck Em1818 agora C riada por D. João VI, rei de Portugal e do Reino do Brasil, Nova Friburgo formou-se em terras pertencentes a Cantagalo, a Fazenda do Morro Queimado. Foi a primeira cidade brasileira totalmente planejada. O que aconteceu a partir de 1818, foi um desenvolvimento digno de nota, embora passando por muitas dificuldades iniciais. Esta é a antiga fazenda do Morro Queimado, dada aos imigrantes suíços assentados em terras da Província do Rio de Janeiro. Eis uma vista parcial do centro da cidade de Nova Friburgo, que, com seu grande desenvolvimento, lidera esta Região Serrana. Presentemente, Nova Friburgo está se preparando para as comemorações de seus 200 anos de existência. A movimentação é grande, envolvendo instituições e pessoas representativas da vida municipal. O CEPEC, Centro de Estudos e Pesquisas Euclides da Cunha e este jornal deverão participar, fornecendo subsídios históricos importantes sobre a formação de Nova Friburgo, parte essencial da Região Serrana Fluminense, sendo o mais progressista de seus municípios, e para o qual se voltam os seus vizinhos, em busca de melhor qualidade de vida. Esta cidade, apreciada por poetas e intelectuais em geral, é também fonte de trabalho e inspiração para muitos, que a procuram em busca de variados benefícios.

Os 200 anos de Nova Friburgo - nitcult.com.br · geral, é também fonte de trabalho e inspiração para muitos, que a procuram em busca de variados benefícios. Mensagem do Diretor

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ANO: O2 NOVA FRIBURGO RJ, 2 de agosto de 2015 No 10

Diretor- Redator-Chefe: Sebastião A. B. de Carvalho (ABI) Vice-Diretora: Rosa Maria Werneck Rossi de Carvalho

DIVULGANDO A LITERATURA E AS ARTES PLÁSTICAS

Prof. Hamilton Werneck é homenageado

Os 200 anos de Nova Friburgo

Trabalhando por todo o território nacional,proferindo palestras, organizando workshops ou

prestando assessoria educacional, o PROF.HAMILTON WERNECK é um profissional respeitado,

requisitado por instituiçõesimportantes. Recentemente, foiagraciado com a escolha de seunome para um estabelecimentoeducacional. Sensibilizado, eleassim se expressou: “Esta é amaior das homenagensrecebida num Estado Bra-sileiro: Uma escola com meu

nome, em Governador Nunes Freire, Maranhão.Complexo educacional Professor HamiltonWerneck.”

Este é o COMPLEXO EDUCACIONAL PROFESSORHAMILTON WERNECK, da cidade de GovernadorNunes Freire, no estado do Maranhão. Uma justahomenagem a um grande educador friburguense.

Hamilton Werneck

Em1818 agora

Criada por D. João VI, rei de Portugal e do Reino do Brasil, Nova Friburgo formou-se em terraspertencentes a Cantagalo, a Fazenda do Morro Queimado. Foi a primeira cidade brasileira

totalmente planejada. O que aconteceu a partir de 1818, foi um desenvolvimento digno de nota, emborapassando por muitas dificuldades iniciais.

Esta é a antiga fazenda do Morro Queimado, dada aos imigrantes suíçosassentados em terras da Província do Rio de Janeiro.

Eis uma vista parcial do centro da cidade de Nova Friburgo, que, comseu grande desenvolvimento, lidera esta Região Serrana.

Presentemente, Nova Friburgo está se preparandopara as comemorações de seus 200 anos deexistência. A movimentação é grande, envolvendoinstituições e pessoas representativas da vidamunicipal. O CEPEC, Centro de Estudos ePesquisas Euclides da Cunha e este jornal deverãoparticipar, fornecendo subsídios históricosimportantes sobre a formação de Nova Friburgo,

parte essencial da Região Serrana Fluminense,sendo o mais progressista de seus municípios, e parao qual se voltam os seus vizinhos, em busca demelhor qualidade de vida.Esta cidade, apreciada por poetas e intelectuais emgeral, é também fonte de trabalho e inspiração paramuitos, que a procuram em busca de variadosbenefícios.

Mensagem do Diretor do Jornal Cultural

Jornalista Sebastião A.B.de Carvalho

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 2

VVVVVincent vincent vincent vincent vincent van Gogh, mesan Gogh, mesan Gogh, mesan Gogh, mesan Gogh, mestrtrtrtrtre nae nae nae nae napinturpinturpinturpinturpintura e na fa e na fa e na fa e na fa e na filosofilosofilosofilosofilosofia...ia...ia...ia...ia...

Estamos assumindo o extra-ordinário artista plásticoVINCENT VAN GOGH comopatrono de nossos trabalhos noâmbito das letras e das artes,tendo em vista não só a sua notávelobra material, mas também olegado de suas consideraçõesexpressas em várias oportu-nidades. mostrando tratar-se deum Ser de alta envergaduraespiritual.

.

Paul Gauguin = vem da edição anterior

(Traduzido e condensado de Van Gogh Gallery of Art por SABC)Continua na próxima edição...

UUUUUm qm qm qm qm quadruadruadruadruadro de vo de vo de vo de vo de van Goghan Goghan Goghan Goghan Gogh

Vincent van Gogh - Óleo sobre tela. Local: Arles: Junho, 1890 -Van Gogh Museum - Amsterdan, Holanda.

Orchard with Blossoming Apricot Trees

Nova Friburgo: Da fazenda do MorroQueimado à Capital da Moda Íntima

e da Poesia

Acidade que hoje conhecemos, progressista e generosa, denominada Nova Friburgo, surgiu por

ato de D. João VI, na época do Brasil Colônia, destinadaa abrigar imigrantes suiços. Nas terras de Cantagalo,desbravadas pelo Mão de Luva e colonizadas poreuropeus, notadamente suíços e alemães, juntamente comreinóis -- desenvolveu-se uma cidade moderna ehospitaleira.

Agricultura, comércio e indústria, com destaque parao turismo, fizeram de Nova Friburgo esta assim chamadade “uma parada de caminho, a caminho do Céu!...” nosversos inspirados e inspiradores de J.G. de Araújo Jorge.

Trovadores aqui nunca faltaram! Que o diga ajornalista e poeta Elizabeth Souza Cruz, presidente daUnião Brasileira de Trovadores, UBT local. É uma en-tusiasta pela poesia, e mostra que ama Nova Friburgo!

Assim é hoje esta cidade, onde anualmente se realizaa FEVEST, ditando a moda íntima para o Brasil e além,enquanto os poetas se inspiram na Fonte da Saudade!

A romântica Fonte da Saudade, totalmente recuperada, localizadana Praça do Suspiro. A seu lado, um espaço dedicado à trova, comvários painéis que mostram produções de poetas. (foto CEPEC)

A Fazenda do Morro Queimado, pertencente a Cantagalo, foi destinada aabrigar os imigrantes suíços, na fundação de Nova Friburgo. (foto CEPEC)

Vincent começou a pintar girassóis para decorar o quarto deGauguin. Esses girassóis se tornariam mais tarde uma de suasprincipais peças.Durante o tempo em que estiveram juntos em Arles, Gauguincomprou um fardo de juta, que ambos os artistas usaram parasuas telas. Esse grosseiro material fez com que ambosaplicassem pinceladas mais grossas, e mais pesados toquescom os pincéis. Van Gogh e Gauguin também pintaram temassimilares em Arles, tais como paisagens e pessoas na vila.Em 23 de dezembro de 1888, Van Gogh, num gesto deinsanidade, dominou Gauguin com uma faca, e ameaçou-ointensamente. Tarde, naquele dia, Van Gogh voltou à casa ecortou um lóbulo de sua própria orelha, que ofereceu comopresente a uma prostituta. Gauguin rapidamente partiu de Arlespara Paris.Os habitantes de Arles apresentaram uma petição para que VanGogh fosse readmitido ao hospital, de onde foi transferido parauma clínica particular em Saint-Remy-de-Provence. Van Goghe Gauguin continuaram a se comunicar por carta.Depois da partida, nenhum dos artistas pode escapar dainfluência do outro. O trabalho de Gauguin começou a ter maistemas religiosos, após ter sido influenciado pelo forte padrãoreligioso de Van Gogh. Gauguin também começou a usar coresmais claras, especialmente o amarelo, e pinceladas mais grossascomo Van Gogh. Van Gogh começou a usar técnicas de pintarde memória, de Gauguin. Isso fez com que suas pinturas setornassem mais decorativas e menos realísticas.

Influências artísticas sobre Van Gogh

Atrações Turísticas de Nova Friburgo

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 3

Paissandu: Praça Marcílio Dias

O Paissandu é um bairro da região central dacidade de Nova Friburgo, situado em torno

da Praça Marcílio Dias, sendo vizinho ao Perissê.É caracterizado pela presença de várias

escolas e de sua proximidade com o NovaFriburgo Country Clube.

Paissandu é um dos lugares maismovimentados da cidade.

A Praça Marcílio Dias fica no meio de umdos trechos mais movimentados do município e,no entanto, está sempre vazia. Com um fortecomércio, o logradouro sofre com constantesengarrafamentos e pequenos acidentes detrânsito.

Marcílio Dias (Rio Grande, 1838 — RioParaná, 11 de junho de 1865) foi um marinheiro

da Armada Imperialbrasileira, herói daBatalha Naval doRiachuelo, durante aGuerra da TrípliceAliança. Ingressou naArmada Imperial comogrumete(Recruta) em 6de julho de 1855, aos16(dezesseis) anos deidade, sentando praça noCorpo de Imperiais

Marinheiros em 5 de agosto do mesmo ano.Em 1856 embarcou na corveta

Constituição e, logo após, no navio Tocantins(Aviso Fluvial Tocantins?), com o então Capitão-de-Fragata Francisco Manuel Barroso da Silvacomo seu comandante. A 15 de maio de 1861recebeu a sua primeira promoção, passando aMarinheiro de Terceira Classe. Foi promovido aMarinheiro de Segunda Classe em 11 de maiode 1862. No ano seguinte, já na Escola deArtilharia, recebeu a classificação de “PraçaDistinta”.

Embarcou na corveta Parnaíba, em 1864,em expedição ao Rio da Prata. No regresso, a20 de julho do mesmo ano, foi promovido aMarinheiro de Primeira Classe(equivalente hojea Cabo).

Embarcou na corveta Imperial Marinheiroa fim de se habilitar na manipulação de artefatosbélicos, indispensáveis ao serviço de bordo.Matriculou-se na Escola Prática de Artilharia,em Janeiro de 1863, vindo a prestar exame a 10de dezembro do mesmo ano, quando foiaprovado, passando a usar o distintivo deMarinheiro-Artilheiro(Especialização de Cabo).Batalha de Paysandú

Em 6 de dezembro de 1864, quando oAlmirante Tamandaré iniciou o cerco a Paysandúdurante a Campanha Oriental (1864-1865),Marcilio Dias teve o seu batismo de fogo, contraas forças do Uruguai.

Durante o assalto final à Praça-forte dePaysandú em 31 de dezembro de 1864, umabatalha que durou 52 horas, terminando em 2de janeiro de 1865, Marcílio Dias foi um dosmais bravos combatentes, tendo ficado famosoo seu grito de ‘vitória’, quando subiu à torre daIgreja Matriz de Paysandú acenando para os seuscampanheiros com a bandeira do Brasil.

Batalha do Riachuelo - Pedro Ernesto (foto Wikipedia)

Fonte: Wikipedia

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 4

NESTA página vamos abordar as vidas e obras de vultos que deixaram marcaspositivas na vida do Município de Nova Friburgo. São pessoas que construíramexemplos dignificantes de amor à terra e ao povo, e que por esta razão devem ser parasempre lembradas com carinho, respeito e admiração.

Reginaldo Farias - Ator e Cineasta Matéria baseada em publicações de jornalfriburgoacontece.blogspot e

ofuxico.com.br -- com adaptações da redação do JCNF

O ator e diretor Reginaldo Faria nasceu em NovaFriburgo, no dia 11 de junho de 1937.Participou de vários filmes brasileiros, em especial nos dirigidospor seu irmão Roberto Farias, obtendo grande sucesso emAssalto ao trem pagador (1962) e Pra Frente Brasil (1982).Dirigiu o premiado filme Barra Pesada (1977), do gênero policialcom Stepan Nercessian.

Começou a protagonizar telenovelas na Rede Globodepois do êxito obtido com a interpretação do bandido cariocaLúcio Flávio Vilar Lírio, no filme de Hector Babenco de 1977,Lúcio Flávio, o passageiro da agonia.

Criou polêmica ao protagonizar o filme A Menina do Ladoonde é um escritor que tem um envolvimento com umaadolescente, interpretada por Flávia Monteiro.

Depois de mais de dez anos sem fazer cinema, voltou àstelas em “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (2001) e emseguida fez “Cazuza - O Tempo Não Pára” (2004). Em seusprojetos está a captação de recursos para dois longas queplaneja dirigir: “Festa dos Libertos” e a comédia “Arraial, meAjuda!”.

Tem dedicado a maior parte de sua carreira ao cinema,mas a televisão, mesmo tendo chegado mais tarde, trouxe-lhetambém reconhecimento e sucessos. Consagrou-se como galãem 1980, na novela “Água Viva”. Com passagem pela RedeManchete onde fez “Corpo Santo”, é na Globo que, nos últimosanos, tem atuado assiduamente em produções, como“Celebridade”, “Cabocla”, “América”, “Sinhá Moça” (2006) e“Paraíso Tropical” (2007). Em 2008, o ator está no elenco danovela “Beleza Pura”.

Gramado - Reginaldo Faria foi a grande estrela do 37.ºFestival de Cinema de Gramado em 2009. O ator, que recebeuTroféu Oscarito pelo conjunto da obra, falou sobre a vontade

de voltar a dirigir filmes, e das dificuldades para fazer cinemano Brasil. “Estamos fadados a fazer só filmes de sucesso, arodar somente comédias e policiais.”

Reginaldo é pai do também ator Marcelo Faria, do atorCarlos André Faria, e do diretor Régis Faria e irmão do tambémdiretor Roberto Farias

Em entrevista à colunista Patrícia Kogut, do jornal OGlobo, Reginaldo contou que é impossível escolher apenas umpersonagem especial. “Não dá para eleger um papel que tenha

sido o mais especial. Fui reconhecido em vários países pelo

trabalho que fiz na Globo. Uma vez, nos Estados Unidos, quandoo funcionário da imigração checou meu passaporte, me chamoude Leônidas Ferraz” diz o ator, se referindo ao personagem queinterpretou em O Clone, do ano de 2001.

Sobre as mudanças ocorridas nas produções brasileiras,Reginaldo destaca a tecnologia dos dias atuais.“Não havia a técnica que temos hoje. Era tudo experimental. Atecnologia trouxe rapidez. A linguagem foi ganhando um ritmomais acelerado e, às vezes, o ator antigo estranha um poucoisso”.

E se engana quem pensa que o ator pretende parar.“Gosto de trabalhar. Graças à maturidade e ao conhecimento,me tornei uma ferramenta capaz de fazer tipos cada vez maisdiversos. Claro que a idade traz limitações. Não posso, porexemplo, interpretar um atleta”, brinca ele, prestes a encarar obon vivant Maurice, o pai de Fábio Assunção, na trama que temtítulo provisório de A Dona do Jogo e que substituirá I LoveParaisópolis às 19h.

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 5

O Coletor de Flores

FOI finalmente lançado o mais novo livro dosociólogo e jornalista Sebastião A.B. de Carvalhosobre o famoso Mão de Luva, restabelecendo averdade histórica sobre o desbravador da RegiãoSerrana Fluminense. A antiga versão, “romântica”e falsa, foi rechaçada, com a publicação destelivro, esclarecedor e definitivo. Acessar:

www.nitcult.com.br/odisseia.pdf

O dia do cronista começa com uma interrogação: quetema surgirá para alimentar a folha de papel em branco?Escrever sobre o cotidiano nem sempre é tarefa confortável.Muitas vezes, o alfabeto faz greve e não libera as letras paraa féria literária. Um dia pacato para especular um tema é odomingo. Se não acontecer algo de estranho na missa, senão houver um fuxico entre as comadres, pode crer que odia estará perdido para o escritor. Outro dia desinteressantepara colher ideias é o sábado. Se não se aproveitar ascompras na feira para se escrever abobrinhas, o cronistapode tirar o cavalinho da chuva, porque a inspiração empacamais do que burro em porta de venda.

Meu sábado estava assim, passando inerte, e coisaalguma cutucava a inspiração. Eu estava a ponto de remexero baú da infância e tirar de lá uma lembrança para organizarum texto. E teria sido esse o meu recurso se eu não pegasseuma “carona” no caminhão da coleta de lixo. Como assim,carona? Mas o que é que isso tem a ver com a falta deassunto? – perguntaria um leitor mais atento.

Tem tudo a ver, porque foi justamente na traseira docaminhão de lixo que a cena se passou. A impressão queme deu foi a de que alguém se desfez de um arranjo deflores, ainda em bom estado, e o coletor, de forma bemcriativa, pegou o buquê para fazer seus quinze minutos defama. Com as flores na mão, ele gritava, alegremente: “Quemquer me namorar?! Eu tenho flores!” Quem quer menamorar? Eu tenho flores!”

Na alegria contagiante do jovem coletor não importavase era um sábado à noite. O batente parecia lhe agradarmuito, a ponto de fazer a brincadeira. Aliás, é comum essaalegria, quer chova ou faça um sol escaldante. O que seráque nesse trabalho árduo impulsiona o coletor a transparecerfelicidade? Por que não trabalhamos todos com o mesmoentusiasmo? É mais fácil ser feliz dentro da simplicidade?

As perguntas se multiplicam numa infinidade deinterrogações na tentativa de entender a alegria do coletorde lixo com um buquê de flores. Mas por que tentar explicarsua felicidade? Obrigatoriamente, isso tem que ser algumacoisa explicável? O fato de o coletor recolher o que há depior das nossas casas deveria ser motivo para suaslamentações? Deveria ele se sentir vítima da sorte, à margemda satisfação pessoal? É na ostentação de uma vidafinanceiramente abastada que reside o prazer de viver? Asaúde e a paz de espírito não são suficientes para acomposição dos seres? Com esses dois ingredientes nãopodemos sustentar uma existência feliz?

Se as perguntas são incontáveis, da mesma forma, asrespostas ficam desconexas, pois cada pessoa tem seuconceito de felicidade. O que para alguém pode ser essencial,para outro indivíduo pode parecer migalhas da sorte. O

certo é que enquanto associarmos a felicidade com algoexterno, com alguma coisa que devemos ter, nós estaremosnuma superfície muito escorregadia. Ser feliz é umaatribuição do nosso eu de dentro, que busca umcontentamento na simplicidade da vida. É fácil assimilar essasatisfação nas coisas simples, como nos versos da cançãode Mogli, o menino lobo: “Necessário, somente o necessário,o extraordinário é demais”.

Entretanto, como o tema é paradoxal, alguém poderádizer: quem se contenta com pouco acaba ficando vazio.Por essa razão, nas controvérsias dos questionamentos,ninguém melhor do que você mesmo para saber onde residea sua felicidade.

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 6

Educação Prof. Hamilton Werneck

Temos que estar atentos porque de quando em vezsurgem reportagens em grandes veículos decomunicação dando conta de erros cometidos e

repetidos há mais de trinta anos.É comum, por exemplo, que os alunos critiquem os

professores quando não compreendem o que foi ensinadoe, também é comum, que os professores critiquem osinstrumentos de avaliação quando seus alunos não se saembem naquelas pesquisas realizadas por universidades ouMinistério da Educação.

Recentemente voltamos a ler críticas às provas doENEM com os mesmos critérios que se usavam na décadade sessenta e setenta. Erros muito grandes são apresentadosnessas críticas e veiculados por inúmeros canais.

No passado dos vesti-bulares, quando as técnicasde elaboração de questõesnão estavam bem assi-miladas e a maioria delasfixava-se na linha doconhecimento, não evo-luindo para compreensão,avaliação e análise, osprofessores de muitasinstituições orientavam osalunos para “chutar” aquelasquestões que eram inatin-gíveis.

Usavam-se, para tanto, alguns critérios que nuncafuncionaram, porém, eram seguidos. Pois bem, continuamoserrando nessas orientações décadas depois. Opção comtexto maior não tem correlação positiva com as opçõescorretas. Nunca teve. Numa prova de múltipla escolha comcinco opções de resposta, a probabilidade de acertosaleatórios é de 20%. Esta quantidade de respostas corretasnão conferirá aprovação em instituição de grandeconcorrência e qualidade.

Dizer aos alunos que podemos descartar uma opçãopor questões ideológicas é outra bobagem que não deveriapassar pela cabeça de um docente. Por exemplo, se a questãoinclui as noções hoje aplicadas à segregação racial,depreende-se que uma opção que aprove estecomportamento não pode ser correta e nem é questãoideológica. Hoje, dificilmente, um organizador de questõescometeria este deslize pueril, incluindo uma opção que

condene o racismo. Seria óbvio que os alunos nãoresponderiam. Mas, alertem-se e alertem seus alunos para aindução da questão. Se houver uma inversão e a perguntapedir a opção errada, ele terá de responder como sendocorreta aquela que afirmar o racismo. E isto é feito paraverificar se os candidatos conseguem trabalhar na direçãopositiva ou negativa.

Além disso, as provas do ENEM são corrigidas emfunção da teoria da resposta ao item. Esta correção leva emconta três aspectos: facilidade/dificuldade de uma questão,índice de poder discriminativo de uma questão eprobabilidade de acertos aleatórios. Trata-se da aplicaçãode conceitos estatísticos Bayesianos, diferentes da estatísticatradicional, visando diminuir os pontos dos candidatos cujasquestões foram respondidas em desacordo com o próprioperfil.

Isto significa que um candidato que acertar mais asquestões difíceis e errar as questões fáceis terá menorquantidade de pontos que outro colega que acertar mais asfáceis e errar mais as difíceis. Claro está que não se pode,por este critério, acertar o mais difícil sem saber o maisfácil.

Em suma, educadores e professores que lecionampara adolescentes precisam trabalhar para que estes alunostenham capacidade de ler mais, compreendendo o que estãolendo. Afirmar que os alunos devem “chutar” porque ninguémconsegue ler todas as questões por falta de tempo é tambémafirmar que seus alunos não estão preparados para umaleitura intensa, continuada e reflexiva.

O resultado para um aluno que se fixe nas questõesque lhe parecem mais difíceis, deixando as outras para serem“chutadas” ao final, por falta de tempo ou excessiva lentidãode leitura, os resultados podem ser desastrosos para estealuno em questão.

Não ganhamos para errar e, muito menos, para orientarnossos alunos de modo errado. Ainda vale um estudocontínuo, auxiliado por exercícios, que desenvolva o hábitoda observação, da avaliação dos contextos e daressignificação do aprendizado. Quem deve orientar apedagogia de uma escola são teorias de aprendizado e até,por vezes, alguns artigos de jornais ou revistas, contantoque submetidos aos crivos de análise à luz do projetopedagógico da escola e da universidade para onde o alunodeseja se dirigir.

Não ganhamos para errar!

Hamilton Werneck

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 7

Os Invólucros do SerOBRA de mahabhutani e indrananda, inspirados por sri ramana

maharshi - aqui publicada em capítulos mensais

5- CONSCIÊNCIA

CONVERSANDO COM O MESTREO Discípulo pergunta e o Mestre esclarece

1- Disc. = Consciência é um estado ou apenas um degraupara atingirmos o Samadhi?Mestre = Na linguagem comum, fala-se de estados ouestágios de consciência, atribuindo gradações ao termo.Não está errado, mas pode afastar-nos da Realidade...Consciência, no sentido puro da palavra, é algo quetranscende o discurso normalmente usado e aceito! Ela,em sua inteireza, é o próprio SER, que anima e vivifica atudo que existe!...2- Disc. = Existe semelhança entre Conhecimento eConsciência?Explicar.

De tudo que aqui abordamos e abordaremos, o temaCONSCIÊNCIA é o mais alto e importante.Consciência não se confunde com mente, pensamento,intelecto e quejandos, muito menos com o corpo físico edemais manifestações da matéria, seja em que nível for!...Consciência não é, como pensam alguns, um subprodutoda mente! Não!Consciência é, na verdade, aquela Realidade Única, a quese ligam os investigadores espirituais.Eu não sou este corpo!... Eu não sou esta mente!Quem sou eu?Eu Sou Consciência Pura, Eu Sou o Ser que animatodas as formas de Vida no Universo Oniabarcante!Consciência não se define! Não pode ser enquadrada noslimites do pensamento, das palavras, das expressões!Quando se diz que alguém teve consciência de algo,significa que tomou conhecimento de alguma coisa. Nadamais!Isto porque o termo Consciência está além de qualquerespeculação. Talvez possamos colocá-lo ao lado do termoDeus, que tanta controvérsia provoca!Quando dizemos que o homem não é o corpo nem a mente,mas consciência, estamos equiparando-o a Deus.Exatamente porque o homem, em essência, é Deus, pelomilagre da Unidade, tão bem definido por HermesTrimegistos em sua Táboa de Esmeraldas!A dificuldade que muitos não conseguem vencer, é analisaro homem apenas com os parâmetros da personalidade oupersona. Nesse nível, ele é limitadíssimo, preso àsexigências do mundo material. Mas o homem é muito mais!Sua essência ultrapassa os limites impostos pelo meio e asociedade. Somente quando conseguimos vê-lo sob umprisma mais alto, é que vislumbramos a Realidade queabarca a totalidade do SER...Entendemos, então, o significado de Consciência!

Mestre = Há uma relação bem próxima entre os doistermos. O Conhecimento leva-nos a “tomar consciência”de realidades antes insuspeitadas. Quando você descobre,através do conhecimento, a existência de determinadofenômeno, passa a dele ter consciência e aprofundar esseconhecimento a níveis mais profundos e reais.3- Disc. = A mente exerce papel importante na consciência?Como?Mestre = Há dois modos pelos quais a mente trabalha emdireção à Consciência. Uma, levando o indivíduo, atravésdo conhecimento nela produzido, a tomar consciência devários fatos; outra, paralisando o fluxo de pensamentos,pelo processo da meditação, permitindo que se chegue aestados superiores de consciência, ou seja, ao Samadhi.4 - Disc. = O ego influi na visão da Consciência?Mestre = Porque é plasmado pela ação do meio social edo ambiente em geral, o Ego só pode mesmo é dificultarque se obtenha consciência da Realidade. O Ego secompraz em mostrar apenas as ilusões do mundo, de Maya,preso também às tentações de Mâra. É por isso que oDiscípulo é chamado a “matar o ego”, se quer mesmochegar a estados superiores de consciência.5 - Disc. = Como podemos falar de Consciência naIluminação?Mestre = Iluminação é uma centelha que acende a chamada Inteligência, permitindo ao indivíduo a tomada deconsciência de uma Realidade Superior. É como um súbitoclarão que dissipa as trevas da ignorância, inundando deluz o mundo do Discípulo! Mas esse lampejo, súbito efugaz, é resultante de muito trabalho, muito esforço deautosuperação, exercitado em múltiplas vidas... E, apóssurgir, deve ser coroado com efetivas e persistentesatuações, tendo sempre em vista os altos desígnios daSuprema Hierarquia Espiritual.

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 8

Este jornal convidou o literato e professor ROBÉRIO CANTO para colaborar com este novel órgão dedivulgação das letras e das artes de Nova Friburgo. O ilustre acadêmico acedeu prontamente, autorizando-nos ao uso de escritos existentes em seu blog e livros. Continuamos publicando seus escritos...

Na praia (Do livro “Menina com flor” )

Olhando o mar. Vai e volta, incessantemente,como se fosse... como se fosse o mar. A que

mais se pode compará-lo? De repente, suas ondascontidas respiram mais fundo, tomam novo fôlego evêm passar nos meus pés a língua gelada. O invernoestreou há pouco nos calendários do Brasil e a águajá está fria, embora este seja um dos cantos maisquentes do país.

Por do sol na Praia de Icaraí, Niterói. Foto CEPEC

Imerso em tanta beleza, eu me pergunto se nós,seres que se dizem humanos, temos o direito depoluir essa paisagem com a nossa presença, setemos o direito de pisar nessa areia, tão branca quemais parece uma camada de finíssimo talco,suavemente espalhada sobre o corpo da Terra. Comoresposta, a natureza apenas exibe o quanto a temosferido: sobre o verde irisado, boiam manchas escuras,murchas flores, frascos, feitiços, falecidas falenas.Ainda assim, ela não perde a majestade. Um passante murmura, mais para si mesmo doque para mim: “Na minha terra o mar é escuro”. Poisaqui ele é assim, camaleônico: o sol penetra nasdobras de sua superfície e matiza o azul de verde,com laivos dourados. Afasto os olhos do mar e vejo uma criança quetenta alcançar o outro lado do mundo, cavando umburaco na areia. A pazinha vai fundo, mais fundo, e o

Um casal de namorados se abraça, se beija, se penteia e despenteia,incendeia a areia, a praia arde ao sol do meio-dia.

Japão nunca chega. A mãe levanta-se da cadeira evem explicar à filha que os sonhos são assim mesmo:cavamos, cavamos, sem jamais chegar a realizá-losplenamente. Nem por isso eles deixam de valer apena. Muitas vezes, mais vale sonhar um sonho doque realizá-lo. A garotinha sai correndo e, visto daqui, seu maiôvermelho parece uma flor exótica que o vento soprapor cima da areia. Logo ela pula em direção aosbraços do pai. Ele a levanta e então a menina setransforma numa pipa que começa a alçar voo. Braçosabertos, aberto o coração, o sorriso flutuando sobrea cabeça do homem que ergue para o mundo o troféude sua vida. Mas nem tudo são flores. Também temos picolé,sorvete, cocada, redes do Ceará, cerveja gelada.Miríades de ofertas. Para colocá-las a nosso alcance,meninos que deveriam estar na escola, ou brincandonas águas. Mulheres encanecidas de tanto trabalho,escurecidas de tanto andar de uma ponta a outra dosol. E mais os homens humildes, que nos agradecemse lhes permitimos recolher as latas de refrigerantesvazias, como se não fosse deles o favor, ao noslivrarem do lixo que acumulamos em volta de nós. Aos poucos, a praia vai se enchendo. Duas adolescentespassam e, por meio de palavras, gestos e risos, contaminutilidades preciosas, banalidades urgentes, segredos que– juram por Deus! - hão de ficar para sempre apenas entreelas e os demais habitantes do planeta. Um casal denamorados se abraça, se beija, se penteia e despenteia,incendeia a areia, a praia arde ao sol do meio-dia. Com arexigente, as mulheres vigiam os filhos, pensando talvez nofuturo que eles terão. Os homens vigiam as pernas femininasque desfilam, mas é melhor não adivinhar o que estarãopensando esses senhores de ar inocente. O espetáculo é variado, é um texto escrito no ar. Sei oquanto ele ficará empobrecido quando eu finalmente pudercolocá-lo no papel. Penso em como seria bom se nãoprecisássemos das palavras, bastando ver e sentir as coisaspara poder comunicá-las. O mergulho de um pássaro metira dessas reflexões e assim me quedo, mais uma vez,simplesmente olhando o mar.

JORNAL CULTURAL DE NF, agosto de 2015 Página 9

Artista brasileira resgata a arte impressionista de Van Gogh

FAREMOS, aqui, a divulgação da obra de ROSA MARIA WERNECK ROSSI DE CARVALHO,reproduzindo telas por ela pintadas. Apresentamos algumas de suas mais recentes produções,nas quais ela nos oferece um belo visual multicolorido, exprimindo seu amor pela natureza, numainterpretação plena de sensibilidade e técnica.

GALERIA RM CARVALHO - 1

RRRRRosa Maria coloca sua inspirosa Maria coloca sua inspirosa Maria coloca sua inspirosa Maria coloca sua inspirosa Maria coloca sua inspiração a seração a seração a seração a seração a serviço doviço doviço doviço doviço dorrrrresgesgesgesgesgaaaaate da belete da belete da belete da belete da beleza,za,za,za,za, e e e e exaltada pelos arxaltada pelos arxaltada pelos arxaltada pelos arxaltada pelos artistastistastistastistastistas

impressionistas europeusimpressionistas europeusimpressionistas europeusimpressionistas europeusimpressionistas europeus

90x70 - 63= Troncos na mata 80x60 - 66 = Flores vermelhas

50x70 - 67 = Lírios laranja 50x70 - 69 = Lírios roseos