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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ DANIANE DOS REIS FRANÇA OS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR DE UM SERVIÇO DE SAÚDE PRIVADO AO PACIENTE E SUAS PARTICULARIDADES CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

DANIANE DOS REIS FRANÇA

OS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR DE UM SERVIÇO DE SAÚDE

PRIVADO AO PACIENTE E SUAS PARTICULARIDADES

CURITIBA

2013

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DANIANE DOS REIS FRANÇA

OS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR DE UM SERVIÇO DE SAÚDE

PRIVADO AO PACIENTE E SUAS PARTICULARIDADES

Monografia apresentada a Pós-Graduação de Auditoria e Gestão em Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para obtenção do título de especialista em Auditoria e Gestão em Saúde. Orientadora: Profª Denise Szczypior Pinheiro Lima.

CURITIBA

2013

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RESUMO

O aumento da expectativa de vida tem sido apontado como um dos fatores

de melhoria da qualidade de vida. Em virtude a isso se deu início a Assistência

Domiciliar que veio com a premissa de reorganização estrutural e respeito às

conformidades, sendo usada como uma ferramenta e alternativa interessante a uma

possível resolução às mazelas do atendimento hospitalar no Brasil, tendo como

objetivo beneficiar os pacientes, seus cuidadores e familiares. Acarretando também

aos serviços públicos e privados de saúde uma redução na permanência do

paciente no ambiente hospitalar, diminuindo os números de internações, e

minimizando custos. O estudo teve como objetivos específicos uma revisão

bibliográfica sobre a Assistência Domiciliar e conhecer o funcionamento da

Assistência Domiciliar de um serviço de saúde privado e suas particularidades.

Ficaram evidenciadas as vantagens do serviço de assistência domiciliar para

prestador, paciente e família, desde que esse serviço possua um grau de

organização e logística altamente qualificado, mostrando a importância da

enfermeira e sua liderança na equipe.

Palavras-chave: Assistência Domiciliar, Saúde Suplementar, Cuidados Domiciliares, Home Care.

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ABSTRACT

The increase of life expectancy has been touted as one of the factors to

improve the quality of life. Because of this was initiated the home care service that

came with the premise of structural reorganization and respect compliances, being

used as a tool and interesting alternative to a possible resolution to the ills of hospital

care in Brazil, aiming to benefit patients, their caregivers and family. Leading also to

public and private health a reduction in the time a patient stays in the hospital

environment, decreasing the numbers of hospital admissions, and minimizing costs.

The study had the following objectives a literature review about Home Care and

knows the functioning of the Home Care Service of a private health and their

particularities. Was shown the advantages of home care service for both the provider

and to the patient and his family, since that service has a degree of organization and

logistics highly qualified, showing the importance of the nurse and her leadership in

team.

Key-words: Home Care, home care, health supplement.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5

1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 6

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 7

2 METODOLOGIA .................................................................................................... 8

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 9

3.1 CONHECENDO OS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E LOGÍSTICOS DA

ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ....................................................................................... 9

3.2 A ADMISSÃO DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ...................... 11

3.3 OS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR PRIVADA AO PACIENTE 14

4 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 17

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 18

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1 INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida no mundo e no Brasil tem sido apontado

como um dos fatores de melhoria da qualidade de vida. Contudo, este fator

representa um desafio a todos que formulam, executam ou implementam políticas

públicas, especialmente na área da saúde. (GIACOMOZZI e LACERDA, 2006).

Em virtude do exposto acima, se deu o início aos primeiros serviços de

Assistência Domiciliar (AD) nos Estados Unidos, sendo o pioneiro dessa atividade, o

Hospital de Boston em 1780, implantando o primeiro serviço de Home Care.

(ALBUQUERQUE, 2001).

No Brasil esta modalidade da AD é instituída a partir da instalação da

primeira escola de enfermagem na cidade do Rio de Janeiro em 1920. A AD era

utilizada para cuidar de pessoas vítimas de febre amarela, hanseníase, pneumonia,

doenças endêmicas do Brasil na República Velha. (MARTINS et al., 2009).

A legislação brasileira regulamenta a AD no Sistema Único de Saúde (SUS)

com a Lei Federal nº 10.424/02 (BRASIL, 2002), que é incorporada à Lei Federal nº

8.080/90. Outra regulamentação foi produzida no âmbito da ANVISA (Agência

Nacional de Vigilância Sanitária) com a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº.

11/06 (BRASIL, 2006), que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento

de Serviços que prestam atenção domiciliar. Em 2006, o Ministério da Saúde

instituiu a Internação Domiciliar no SUS, com a Portaria Ministerial nº 2.529/06

(BRASIL, 2006).

Fabrício (2004) diz que essa modalidade de assistência, também conhecida como home care (do inglês, cuidado do lar), pode ser definida como um conjunto de procedimentos hospitalares possíveis de serem realizados na casa do paciente. Abrangem ações de saúde desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar baseadas em diagnóstico da realidade em que o paciente está inserido, visando à promoção, à manutenção e à reabilitação da saúde.

O modelo de AD vem com forte indicação em tentativa de reorganização

estrutural, de respeito às conformidades, sendo usada como uma ferramenta e

alternativa interessante a uma possível resolução às mazelas do atendimento

hospitalar no Brasil. Esses modelos de AD têm como objetivo principal beneficiar

não só os pacientes e seus cuidadores (familiares ou não familiares), como também

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traz para os serviços públicos e privados de saúde, resposta direta na redução da

permanência do paciente no ambiente hospitalar, assim acarretando uma diminuição

nos números de internações, e minimizando custos em todas as áreas envolvidas.

Yaso e Sguizzatto (2000).

Para Fabrício (2004) a AD, por tudo isso, surgiu devido a uma necessidade

de mudança no modelo atual do sistema de saúde. Atualmente observa-se um

descontrole nos gastos e superlotação dos hospitais tanto públicos quanto privados.

O autor discorre que a AD permite uma maior humanização da assistência, e

beneficiando a todos os envolvidos.

De uma perspectiva conceitual, então, a AD privada em Saúde corresponde

a uma determinada modalidade de cuidados que se desenvolve nos níveis

secundários e terciários do subsistema privado de atenção à saúde. No Brasil, é

ofertada majoritariamente à população adstrita aos planos e seguros de saúde,

mediante a provisão de serviços de saúde prestados ao indivíduo em qualquer

idade, acometido por enfermidade crônica ou aguda, em seu domicílio. (CUNHA,

2003 e MENDES, 2000).

“A novidade desta modalidade de cuidado traz, muitas vezes, a dificuldade de reconhecimento do domicílio como ambiente terapêutico e de trabalho dos profissionais de saúde. Esse espaço exige dos profissionais que atuam conhecimentos além do técnico-científico uma vez que a trama de relações, nas quais está inserido requer habilidades de interação e capacidade de negociar.” (ALVES et al., 2007)

Tal como citado este estudo se faz necessário para uma abordagem dos

benefícios da assistência domiciliar em um serviço de saúde privado e suas

particularidades aos pacientes elegíveis para tais necessidades.

1.1 OBJETIVO GERAL

Conhecer os benefícios da assistência domiciliar aos pacientes inseridos no

contexto da AD.

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1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Realizar uma revisão bibliográfica sobre a Assistência Domiciliar.

b) Conhecer o funcionamento da Assistência Domiciliar dentro de serviço de

saúde privado e suas particularidades.

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2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, que visa aproximar o autor

com o tema proposto, através da análise de materiais já elaborados. Considera-se

também uma pesquisa qualitativa, que se baseia na relação dinâmica entre o sujeito

e o mundo em que vive, e que foi realizada na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),

nas bases de dados Scielo, LILACS e BDENF.

Foram utilizados os descritores: Saúde Suplementar, Cuidados Domiciliares,

Assistência Domiciliar, Home Care .Como critério de inclusão foi selecionado apenas

artigos em português pesquisados no Brasil, cujo resumo esteja relacionado com o

tema proposto. Foram excluídos aqueles que estavam em outra língua e/ou cujos

resumos fugiram do tema. O universo da pesquisa foram artigos, teses,

dissertações, manuais e revistas publicadas entre 2000 a 2012. Depois de

selecionados, foi realizada a leitura completa e escolha daqueles que respondiam ao

tema proposto pelo projeto.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CONHECENDO OS ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E LOGÍSTICOS DA

ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

A operadora mantém contrato com uma empresa de Assistência Domiciliar

para operar as ações de cuidado nos domicílios. Trabalha com o seguinte critério de

classificação das suas atividades sendo estes: internação domiciliar que é

considerada uma atividade domiciliar voltada a beneficiários dependentes do

trabalho de enfermagem 24 horas, com ou sem ventilação mecânica. E o cuidado

domiciliar que é considerada uma atividade dependente do trabalho de enfermagem

por 12 ou 6 horas, e ainda os procedimentos diversificados, ações de

acompanhamento, suporte e orientação aos beneficiários. (FRANCO E MERHY,

2008).

Para Alves (2007) há outra maneira de classificação deste paciente na AD,

sendo categorizado por níveis de atenção à saúde, primário, secundário, terciário e

quaternário. De acordo com o nível de atenção os profissionais realizam a visita

domiciliar e o gerenciamento de casos. No primário; o seguimento pelo home care é

para os pacientes com problemas de pequena complexidade, no secundário há uma

internação domiciliar em si com cuidados semi-intensivos; o terciário é para os

pacientes estáveis de média complexidade. No nível quaternário, as atribuições

visam à limitação do dano ou invalidez e à promoção da independência, por meio do

comprometimento da família e do cliente nas atividades educativas, de autocuidado

e de planejamento da alta, voltadas para uma adequada qualidade de vida no

domicílio e na comunidade.

Conforme, Giacomozzi e Lacerda (2006) a internação domiciliar, por sua

vez, é uma categoria mais específica, que envolve a utilização de aparato

tecnológico em domicílio, de acordo com as necessidades de cada indivíduo. É

caracterizada pela permanência da equipe de saúde na residência por no mínimo

quatro horas diárias, com acompanhamento contínuo. O indivíduo para ser internado

em domicílio precisa apresentar quadro clínico estável, assim como a equipe

profissional necessita de rede de suporte para as possíveis eventualidades.

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A internação domiciliar emerge como modalidade de cuidado para suprir as

necessidades atuais e de cuidados permanentes, tanto aos pacientes com

patologias fora de possibilidade de cura, quanto os crônicos, evitando dessa forma

as internações hospitalares que expõem esses indivíduos a riscos de infecções, bem

como ao distanciamento de seu ambiente familiar. (OLIVEIRA et al., 2012).

Ainda existe no contexto da AD, a visita domiciliar que é uma categoria da

atenção domiciliar à saúde que prioriza o diagnóstico da realidade do indivíduo e as

ações educativas. É um instrumento de intervenção fundamental na saúde da família

e na continuidade de qualquer forma de assistência e/ ou atenção domiciliar à

saúde, sendo programada e utilizada com o intuito de subsidiar intervenções ou o

planejamento de ações, segundo (TAKAHASHI, 2001).

Para Cruz, Barros e Ferreira (2001) as visitas domiciliares, são executadas

pela enfermeira, assim como a supervisão do cuidado e avaliação dos resultados.

Independente da modalidade oferecida (visita, atendimento/cuidado ou

internação domiciliar), o cliente deve receber suporte de um serviço 24 horas para

atendimentos de urgência e emergência, ou, até mesmo, para um transporte para

exames diagnósticos ou orientação sendo, que alguns serviços contam com esse

suporte. (FABRÍCIO, 2004).

Segundo FRANCO e MERHY (2008) a organização da atividade dos

cuidados domiciliares, implica que os pacientes sejam divididos geograficamente por

regiões no município de Curitiba, para fins logísticos. Normalmente é associado um

número “x” de beneficiários, com uma equipe formada por um médico e uma

enfermeira. Além desses profissionais que estão inseridos na equipe do AD, a

prestadora conta com uma nutricionista, uma assistente social, fisioterapeutas e

outros especialista que atuam na condução do projeto terapêutico, e avaliação para

ingresso do beneficiário, ou alta da AD, conforme solicitação médica.

Todavia, uma empresa de AD, organizada para prestar cuidados de saúde,

necessita suprir demandas complexas de crianças, mulheres, homens e idosos, em

situações de risco de adoecer ou doentes, de diversas classes sociais, níveis de

representação do processo saúde/doença e outras características. As demandas

particularizadas exigem respostas específicas para cada caso. Assim, há

necessidade de constantes ajustamentos dos serviços ofertados e uma dinâmica

própria de trabalho dos profissionais. (ALVES, 2007).

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Portanto, para tal organização e execução destas atividades supracitadas

acima, segundo Fabrício (2004) há estruturas de almoxarifado, suprimentos de

materiais e medicamentos, transporte de equipe e beneficiários. O acesso aos

serviços de apoio diagnóstico é garantido mediante a rede conveniada com a

operadora e, quando necessário, transporte para esses estabelecimentos. Nesta

estrutura de apoio, a equipe de trabalhadores e os beneficiários ainda contam com o

apoio de um Call Center, disponibilizado 24 horas para orientação aos cuidadores

que trabalham no programa, beneficiários e familiares atendidos e um prontuário

eletrônico, sendo um recurso de suma importância para o trabalho no programa,

pois possibilita a qualquer membro da equipe acessar as informações pertinentes ao

beneficiário.

3.2 A ADMISSÃO DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Para admissão no programa, é extremamente necessário e obrigatório que o

beneficiário tenha indicação do médico da operadora ou do hospital que se encontre

internado. Após essa indicação, ele é submetido a uma avaliação da equipe da AD

para uma análise das suas condições socioeconômicas, do domicílio, do desejo da

família em ter a pessoa em casa e da garantia de um cuidador responsável. A

prestadora tem uma grande flexibilidade no julgamento da elegibilidade de cada

beneficiário. A equipe de avaliadores é composta por uma enfermeira, uma médica

e, quando necessário, fisioterapeuta, em conjunto com a prestadora e a operadora

de home care. (FRANCO e MERHY, 2008).

Antes da admissão do paciente ao serviço segundo Fabrício (2004), é

realizada uma captação para inclusão do paciente por enfermeiras do próprio

serviço de AD, juntamente com o médico do paciente e família, estabelecem o plano

de cuidado que será oferecido em casa. Vale ressaltar que o paciente deve possuir

como critério de inclusão, ter indicação médica, ser acamado ou possuir dificuldade

para deambulação, residir no município em questão, possuir cuidador apto para dar

continuidade aos cuidados e comprometer-se em aderir totalmente ao tratamento

proposto.

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Como supracitado acima, Heck (2005) enfatiza que o profissional de saúde

não deve enfocar somente com o que se passa no corpo físico de quem recebe

cuidados, mas também é igualmente importante identificar quem pode assumir ou

assume o cuidado na ausência do profissional.

Os critérios de elegibilidade para admissão na AD de cuidados ou internação

domiciliar indicam se o beneficiário será dependente de internação hospitalar

prolongada; seu perfil assim tornando possível a realização dos cuidados em

ambiente domiciliar, como por exemplo, o tratamento de feridas, antibioticoterapia,

suporte pós-internação e o acompanhamento para beneficiários portadores de

doenças crônicas. (FRANCO e MERHY, 2008).

Fica explícito que a família é sujeito participante para a qualidade do cuidado

prestado, pois a todo o momento está questionando o profissional e suas

habilidades para lidar com as situações do cotidiano. (FELLI e PEDUZZI, 2005).

Alves (2007) acredita que família exerce um papel que vai além da

fiscalização, que deve ser vista como parceira, pois, além das dificuldades com a

doença do familiar, não possui o conhecimento técnico sobre como cuidar melhor do

seu ente querido. Necessita ser informada, treinada e acompanhada até ter

segurança para que a assistência seja eficaz e eficiente.

Um problema importante enfrentado pela assistência domiciliar diz respeito à “alta”, pois, os familiares têm uma grande resistência em assumir os cuidados rotineiros após terem vivenciado o serviço. Há casos de ações judiciais para manutenção do Atenção Domiciliar, mesmo que aos critérios da equipe e prestadora não haja mais indicação técnica para tal uso. (FRANCO e MERHY, 2008).

A alta da Assistência Domiciliar pode ser por cura, quando o paciente está

estável ou curado de seu agravo; por óbito. Em casos de doenças crônico-

degenerativas e demência o paciente é acompanhado até o óbito. A família ou o

paciente possui a possibilidade de não desejarem mais a continuidade da AD

(MARTINS et al., 2009).

Conforme supracitado acima, segue abaixo um fluxograma para ilustração

do processo de admissão do paciente na AD.

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Indicação p/

Assistência Domiciliar

Avaliação de

Elegibilidade

Permanece

Internado

Alta

Hospitalar

sem AD

NÃO

Avaliação

Família/Domicílio

SIM

Avaliação de

Custos

SIMPermanece

Internado

Permanece

Internado

Alta

Hospitalar

sem AD

Alta

Hospitalar

sem AD

NÃO

NÃO

Assistência Domiciliar

c/ Atendimento

Multidisciplinar

SIM

Aval. p/

Continuidade

de AD

Alta ADSIM

NÃO

Fluxograma do Atendimento Domiciliar. (LIMA, 2006).

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3.3 OS BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR PRIVADA AO PACIENTE

A unidade hospitalar, diferente de um sistema de atendimento domiciliar,

desenvolve seus processos em uma mesma estrutura física, com rotinas próprias,

estrutura de poder e divisão do trabalho entre os profissionais definidos. Em uma

empresa de AD, os serviços estão descentralizados e se deslocam em várias

direções, porém contam com uma central que dá suporte aos profissionais que vão

cuidar do paciente em seu domicílio. Nesta modalidade de prestação de serviço há

maior flexibilidade de horários e de escolha de horários na administração de

medicação, higiene e visitas multidisciplinares. Também ocorre uma menor divisão e

hierarquização nas relações entre os profissionais, mantendo-se, no entanto, as

particularidades de cada profissão, com a finalidade de atender à demanda do

paciente e da família. (Alves, 2007).

Existe inicialmente essa diferenciação do serviço de AD de outros

atendimentos pelo próprio local da prestação de serviço de saúde. Em um hospital,

clínica, posto ou consultório existe a instituição agregada ao profissional. Já no

domicílio, mesmo que o profissional pertença a um grupo específico de prestação de

serviço, não há caracterização explícita da instituição, pois o ambiente

primeiramente pertence ao paciente e/ou sua família. (DUARTE e DIOGO 2000).

Com a AD é uma forma de acesso a equipamentos de maneira mais

facilitada, assim podendo estar relacionado ao fato de que muitas vezes a

disponibilidade de determinadas tecnologias está restrita ao ambiente hospitalar.

Exemplificando o prestador pode fornecer, de acordo com a necessidade,

equipamentos para oxigenoterapia, monitores cardíacos, ventiladores mecânicos,

dentre outros. (OLIVEIRA et al., 2012).

Ainda para Oliveira (2012) há outras facilidades que a internação domiciliar

possibilita, como o acesso a medicamentos, fraldas, assim isentando a família de

comprá-los. Percebe-se ainda que as facilidades da internação domiciliar parecem

proporcionar certa segurança aos cuidadores, pois eles têm acesso aos materiais e

equipamentos presentes no espaço hospitalar, ou seja, sem o serviço da internação

domiciliar, se torna mais difícil à obtenção desses recursos, implicando na

necessidade de aquisição dos mesmos.

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Sem contar que no contexto domiciliar, cada indivíduo doente e sua família

apresentam modos peculiares de conceber a vida, a saúde e a doença; de

expressar pensamentos e sentimentos, valores e crenças; de relacionar-se; de

atribuir significados aos eventos da vida cotidiana. (PÜSCHEL, IDE e CHAVES,

2005).

BRONDANI e FEUERWERKER (2008) afirmam que quando inserido neste

serviço, há uma motivação ao estímulo e á manutenção da autonomia do paciente,

pois, tais tarefas no domicílio podem ser executadas no tempo dele, com o incentivo,

apoio e possibilidade de maior desenvolvimento do vínculo entre o cuidador/familiar

e o doente.

A AD é uma tarefa complexa a equipe e a família, devem estar bem

envolvidas e treinadas no processo, pois, muitas vezes, o enfoque educativo é um

pilar da atenção domiciliar, sendo um momento de estímulo, apoio, desenvolvimento

de habilidades e crescimento pessoal do cuidador, uma pessoa que será

responsável pelo cuidado no contexto familiar. (ALVES, 2007).

As bases do trabalho no domicílio são basicamente o paciente, a família, o contexto domiciliar e os cuidadores. A enfermeira que trabalha no domicílio dos indivíduos precisa ter competência e perfil próprio. O trabalho sistematizado é acentuado por comunicação, ética e profundo respeito humano pela vivência das famílias. É também uma oportunidade única para empreender os melhores cuidados de saúde às pessoas e seus relacionamentos em seu local mais íntimo e privado da existência: o lar. (LACERDA, 2010)

A maior parte da força de trabalho em AD é composta por auxiliares e

técnicos de enfermagem, com a supervisão do enfermeiro, como no modelo

hospitalar. A supervisão do enfermeiro garante a avaliação e determinação das

intervenções de enfermagem, atendendo, também, ao aspecto legal do exercício

profissional (DAL BEN, 2000).

O enfermeiro possui um papel fundamental na articulação entre família e

equipe multiprofissional, cuidando do paciente para que este alcance sua autonomia

ou morra com dignidade. Para isso, o enfermeiro deve se pautar nos seguintes

pressupostos: dimensão ampliada do cuidar, independência do ser como essência

do trabalho da enfermagem e o trabalho interprofissional e de enfermagem como

fator imprescindível. (DUARTE e DIOGO, 2000).

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“Os achados sobre o tema se voltam mais de benefícios do que de malefícios para os envolvidos, como o cuidador e o paciente, nessa modalidade de cuidado”. (OLIVEIRA et al., 2012)

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4 CONCLUSÃO

De acordo com a pesquisa realizada, conclui-se que a AD é um serviço com

vantagens para o prestador e para o paciente. Para que essas vantagens perpetuem

e haja garantia para ambos, o serviço da AD deve possuir um grau de organização e

logística altamente qualificado.

As vantagens evidenciam-se principalmente junto á família ou cuidador, que

muitas vezes podem ter seu ente querido enfermo em um ambiente ao qual sempre

pertenceu, mas com a segurança profissional que o prestador lhe garante.

Fica evidente que o papel da enfermeira é de grande valia, pois,

especialmente neste contexto da AD a mesma possui uma posição de liderança e

autonomia dentro da equipe multidisciplinar e no domicílio. Em decorrência desse

status a responsabilidade que cabe a uma enfermeira é imensa, pois o seu

comportamento pessoal e profissional dependem inúmeras pessoas, ou seja,

técnicos de enfermagem, equipe multidisciplinar, cuidadores e pacientes. Esse fato

indica que para o trabalho na AD, a mesma deve possuir um perfil flexível, espírito

de equipe, dinâmica, pró-atividade e ética.

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REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, S.M.R.L. de. Assistência domiciliar: diferencial na qualidade de vida do idoso portador de doença crônica. [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina/USP;2001.

ALVES M, TAVARES, A. M., MOREIRA, S. D., LOUREIRO, V. D. Trabalho do enfermeiro em uma empresa de home care de Belo Horizonte. Invest Educ Enferm. 2007; 25(2): 96-106.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância à Saúde. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 11 de 26 de janeiro de 2006. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar. Diário Oficial da União 2006; 30 jan.

BRASIL. Ministério da Saúde. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº. 11, de 26 de janeiro de 2006. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção Domiciliar. Diário Oficial da União, Brasília, 30 jan. 2006.

BRASIL. Portaria GM nº. 2.529, de 19 de outubro de 2006. Institui a internação domiciliar no âmbito do SUS. Diário Oficial da União, Brasília, 2006.

BRAZ, M.G. Indicadores de qualidade na Assistência Domiciliar: uma proposta de indicadores de qualidade e desempenho. Rio de janeiro: pronep, 2002.

BRONDANI, C.M. Desafios de cuidadores familiares no contexto da internação familiar [dissertação]. Santa Maria (RS): Universidade Federal de Santa Maria, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem; 2008.

CRUZ, I.C.F; BARROS, S.R.T.P.; FERREIRA, H.C. Enfermagem em Home Care e

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