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BENICIA RAUBER ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES ASSISTIDOS POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR Novo Hamburgo, 2009

Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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Page 1: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

BENICIA RAUBER

ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES ASSISTIDOS POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Novo Hamburgo, 2009

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BENICIA RAUBER

ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES ASSISTIDOS POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário Feevale.

Orientadora: Prof. Ms. Kelly Furlanetto

Novo Hamburgo, 2009.

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BENICIA RAUBER

Trabalho de Conclusão do Curso de Enfermagem com título Adesão ao

tratamento medicamentoso da Hipertensão Arterial Sistêmica em pacientes

assistidos por um Projeto de assistência domiciliar submetido ao corpo docente

do Centro Universitário Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau

de Bacharel em Enfermagem.

Aprovado por:

____________________________________

Orientadora: Prof. Ms. Kelly Furlanetto

____________________________________

Prof.

____________________________________

Prof. Ms.

Novo Hamburgo, dezembro de 2009.

Page 4: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

DEDICATÓRIA

Com carinho dedico a todos que me auxiliaram

e que caminharam comigo

me incentivando e apoiando

todo este tempo de estudo.

Page 5: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

AGRADECIMENTOS

Gratidão é reconhecer a importância daqueles que contribuíram para que

este sonho se tornasse um trabalho real.

A Deus que me deu a vida, saúde e forças. Sem sua luz e graça nada seria

possível.

Aos meus pais e irmãos pelo apoio.

As irmãs da Congregação de Santa Catarina pelo incentivo e prece.

Ao centro Universitário Feevale pelas oportunidades oferecidas.

Aos professores e colegas, pela amizade.

As colegas de trabalho principalmente a Enfermeira Sandra e Vânia, pelo

apoio e confiança.

A querida orientadora professora Kelly Furnaletto, pela arte de ensinar com

carinho de mãe e Sabedoria.

Aos pacientes hipertensos que aceitaram fazer parte do meu estudo para

poder concluir esta etapa.

Enfim, a todos que de alguma forma me ajudaram para que hoje pudesse

estar aqui.

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O perfeito aproveitamento do dia de hoje

é a melhor preparação para o

dia de amanhã.

(Carl E. Holmes)

Só é útil o conhecimento

que nos faz melhores.

(Sócrates)

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RESUMO

A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença cardiovascular, que acomete indivíduos que não sabem o quanto é importante e necessário o tratamento da mesma. Este estudo teve como objetivo verificar o conhecimento, identificar o perfil sócio demográfico e a adesão ao tratamento medicamentoso da HAS, através da Escala de Morisky, em pacientes que frequentam um Projeto de Assistência Domiciliar, da Região do Vale dos Sinos/ RS. A coleta de dados foi realizada através de um instrumento, contendo 18 questões referentes ao tema, durante os meses de setembro e outubro de 2009. A amostra foi composta de 110 pacientes, a maioria do sexo feminino, de etnia branca, casados, com escolaridade e renda mensal baixa. O presente estudo revelou que uma parcela destes indivíduos não aderem ao tratamento medicamentoso, pois algumas vezes esquecem de tomar os fármacos e outros param de tomar a medicação quando se sentem piores. A hereditariedade foi significante, quando relacionada aos pais e irmãos. Conclui-se, então, que é fundamental a abordagem por parte da equipe multiprofissional, para que os indivíduos possam esclarecer dúvidas, aderir e entender o processo do tratamento medicamentoso adequado, controlando assim a HAS.

Palavras chave: Hipertensão Arterial Sistêmica; Tratamento Medicamentoso e Assistência Domiciliar.

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ABSTRACT

Systematic Arterial Hypertension (SAH) is a cardiovascular disease that affects many individuals who do not know how important treatment is. This study aims to verify previous findings, identify the social demographic profile and the effectiveness of treatment for SAH by using the Morisky Scale in patients in Vale dos Sinos/RS’s home assistant project. The data was collected through an eighteen-item questioner administered from September to October 2009. The sample size was 110 patients, the majority of whom were white married females with a basic education and a low monthly salary. This study has shown that a significant portion have not adhered to the treatment methods. Some have forgotten to go to the pharmacy, while others have stopped taking their medication when they have felt poorly. Heredity is a primary indicator, particularly immediate relatives. Therefore, it is fundamental to have a multidisciplinary team that can answer patient’s questions in order to ensure that they understand and follow the proper medical treatment necessary to control SAH.

Keywords: Systemic Arterial Hypertension; Medical Treatment and Home Care.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Sexo .................................................................................................... 40

Figura 02: Etnia .................................................................................................... 40

Figura 03: Idade ................................................................................................... 41

Figura 04: Escolaridade ....................................................................................... 42

Figura 05: Renda ................................................................................................. 44

Figura 06: Tempo de conhecimento sobre a doença ........................................... 46

Figura 07: Tempo que o paciente faz uso da medicação para HAS com

acompanhamento do Projeto ............................................................................... 47

Figura 08: Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou equipe

de Saúde para o tratamento da sua hipertensão ................................................. 49

Quadro 01 – Motivos pelo qual o paciente parar de tomar medicação ................ 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Classificação da Pressão ................................................................... 17

Tabela 02: Dados demográficos da população .................................................... 45

Tabela 03: Questionamentos sobre HAS – História familiar ................................ 48

Tabela 04: Questões relacionadas á orientações do tratamento ......................... 51

Tabela 05: Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios ............... 53

Tabela 06: Quando você se sente bem/ melhor, você deixa de tomá-los? .......... 55

Tabela 07: Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa de

tomá-los?.............................................................................................................. 56

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACS: Agentes Comunitárias de Saúde AVE: Acidente Vascular Encefálico CNS: Conselho Nacional de Saúde CEP: Comitê de Ética e Pesquisa DAC: Doenças Arteriais Coronariana HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica IC: Insuficiência Cardíaca IECA: Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina IR: Insuficiência Renal IVP: Isquemia Vascular Periférica MAPA: Medida Ambulatorial da Pressão Arterial NaCl: Cloreto de Sódio OMS: Organização Mundial da Saúde PA: Pressão Arterial PAD: Pressão Arterial Diastólica PAS: Pressão Arterial Sistólica RS: Rio Grande do Sul TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PSF: Programa Saúde da Família

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 15

1.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA......................................................... 15

1.2 CLASSIFICAÇÃO DA HAS .............................................................................. 16

1.3 EPIDEMIOLOGIA DA HAS............................................................................... 17

1.4 FATORES DE RISCO ..................................................................................... 18 1.4.1 Fatores de risco não modificáveis ......................................................... 19 1.4.2 Fatores de risco modificáveis ................................................................ 20

1.5 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E COMPLICAÇÕES DA HAS.......................... 25

1.6 TRATAMENTOS DA HAS ............................................................................... 26 1.6.1 Tratamento não medicamentoso ........................................................... 26 1.6.2 Tratamento medicamentoso .................................................................. 28 1.6.3 Adesão ao tratamento ............................................................................ 29 1.6.4 Escala de Morisky .................................................................................. 32

1. 7 ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL ........................................................... 33

1. 8 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ........................................................................... 35

2 MÉTODO............................................................................................................. 38

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................. 40

CONCLUSÃO........................................................................................................ 58

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60

APENDICES .......................................................................................................... 66 Apêndice A – INSTRUMENTO DE COLETAS DE DADOS ……………………… 67 Apêndice B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ......... 68 ANEXOS................................................................................................................. 70

ANEXO A – TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS .......... 71 ANEXO B – AVALIAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP…………………………………………………………………..

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INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a doença cardiovascular são de

grande interesse para a saúde pública, por ser considerada um problema devido sua

magnitude, risco e dificuldade de controle, são largamente conhecidos como fator de

risco para o desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares. (CAVALINI;

CHOR, 2003)

Segundo os estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Hipertensão

(2006), cerca de 25% das mortes ocorridas por doença arterial coronariana são

causadas por hipertensão arterial sistêmica.

Conforme Lemos et. al., (2006), a hipertensão é uma doença de fácil

diagnostico e sua medida sistemática dentro da estrutura do Programa de Saúde da

Família (PSF) pode determinar níveis satisfatórios de identificação de doentes. Os

grandes desafios a serem enfrentados nesse campo residem na implementação de

medidas terapêuticas, medicamentosa ou não, objetivando uma adequada adesão

ao tratamento.

A falta de adesão ao tratamento anti-hipertensivo é o maior desafio para

todos que trabalham e investigam esta área. Como a HAS é uma doença

multifatorial, que envolve orientações voltadas para os vários objetivos, seu

tratamento requer o apoio de diferentes profissionais da saúde além do médico

(LESSA, 2006).

Para o controle da hipertensão arterial, a adesão dos indivíduos ao

tratamento é imprescindível, devendo ocorrer medidas terapêuticas indicadas sejam

elas medicamentosas ou não. Seguir a dieta, realizar mudanças no estilo de vida e

acatar as recomendações médicas e da equipe de saúde se fazem necessário.

Page 14: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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O profissional enfermeiro deve atuar ativamente em parceria com os

pacientes e equipe multiprofissional em busca de estratégias educacionais

adequadas para redução das múltiplas complicações ocasionadas pela HAS.

O interesse por este estudo surgiu no momento que o Projeto de Assistência

Domiciliar iniciou seus trabalhos, na região do Vale do Rio dos Sinos/RS, no qual

nos deparamos com vários problemas vivenciados pela equipe multiprofissional junto

à comunidade em questão. Inúmeras pessoas cadastradas e acompanhadas neste

Projeto de Assistência Domiciliar demonstram ter um nível de escolaridade e renda

muito baixo. Supondo a falta de conhecimento sobre patologias entre elas a HAS

diminuído a adesão ao tratamento medicamentoso e qualidade de vida.

Realizou-se então um estudo quantitativo, descritivo, com delineamento

transversal, com a finalidade de identificar a adesão ao tratamento medicamentoso

para HAS.

O objetivo maior deste estudo foi identificar a adesão ao tratamento da

hipertensão arterial sistêmica (HAS), através da Escala de Morisk; o seu

conhecimento sobre a patologia e o perfil sócio demográfico dos pacientes

cadastrados e assistidos pelo Projeto de Assistência Domiciliar.

Partindo dos objetivos propostos deste estudo construiu-se um instrumento

de coleta de dados, um formulário, o qual foi preenchido pela própria pesquisadora

contendo 18 questões objetivas e subjetivas e de escolhas múltiplas. A coleta de

dados foi realizada no momento da visita domiciliar no período de Agosto/Setembro

de 2009, onde foram abordados 110 pacientes cadastrados e assistidos pelo Projeto

de Assistência Domiciliar.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar este estudo serão abordados os seguintes capítulos:

Hipertensão Arterial Sistêmica, Classificação da HAS, Epidemiologia da HAS,

Fatores de risco, Manifestações clínicas e complicações da HAS, Tratamentos da

HAS, Abordagem multiprofissional e Assistência domiciliar.

1.1 Hipertensão Arterial Sistêmica

Segundo Gyton (1998), pressão arterial é denominada pela pressão que o

sangue exerce no interior das artérias, podendo variar conforme a quantidade de

sangue encontrada dentro do vaso sanguíneo, da elasticidade e calibre do mesmo e

também variando conforme a força da contração do coração.

Conforme Baptista (2005), durante um ciclo cardíaco normal, a pressão

sanguínea atinge um pico, seguido de uma queda. O pico de pressão máxima

(pressão sistólica) ocorre durante a sístole, quando o ventrículo esquerdo bombeia

sangue para o interior da aorta. A queda da pressão (pressão diastólica) ocorre

durante a diástole, quando os ventrículos relaxam. A pressão diastólica é sempre a

pressão mínima exercida sobre as paredes arteriais.

Um nível satisfatório de pressão tem finalidade de promover um fluxo de

sangue adequado que permita ao organismo de oxigenar, se alimentar e fazer todas

as trocas metabólicas necessárias à manutenção da vida. A pressão arterial pode

sofrer alterações contínuas, dependendo de atividades físicas, emoções, posições e

horários em que é feito o registro. (PUPPIN, 2002).

O indivíduo com uma pressão arterial acima de 135mmHg por 85mmHg pode

considerar-se como uma pressão arterial anormal, entretanto, essa pressão deve

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apresentar este valor ou maior por três medidas pela manhã e três à noite durante

cinco dias. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Segundo Franscischetti (2005), no idoso, a hipertensão arterial se apresenta

de duas maneiras: forma combinada, que é a hipertensão sistólica (PAS >

140mmHg) e diastólica (PAD > 90mmHg) e a hipertensão sistólica isolada (PAS >

140mmHg e PAD < 90mmHg). Corroborando Smeltezer e Bare (2006), afirmam que

uma vez que, a pressão arterial elevada é identificada no indivíduo, deve ser

acompanhada, já que a hipertensão é uma condição para o resto da vida.

O aumento de pressão arterial depende da influência da predisposição

genética e fatores ambientais, embora Mano (2006), ainda não seja totalmente

conhecido como estas interações advem. Sabe-se, entretanto, segundo o mesmo

autor, que a hipertensão é acompanhada por alterações ligadas ao sistema nervoso

autônomo simpático, renal, do sistema renina angiotensina, além de outros

mecanismos humorais e disfunção endotelial. De tal modo à hipertensão procede de

várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o

estímulo hipertensivo, quanto originam dano cardiovascular.

Corroborando Bloch et. al., (2006), afirmam que a HAS contribui

significativamente para uma elevada mortalidade cardiovascular em todas as regiões

do país. Apesar da medida da pressão arterial ser um método diagnóstico simples,

não-invasivo e de baixo custo, estudos epidemiológicos tem mostrado que muitos

hipertensos desconhecem a sua condição. Embora exista um vasto arsenal

terapêutico para o tratamento da hipertensão, apenas um terço dos hipertensos em

tratamento tem seus níveis tensionais controlados.

1.2 Classificação da HAS

Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), os valores

que permitem classificar os indivíduos adultos acima de 18 anos, de acordo com os

níveis de PA são descritos conforme a Tabela 1.

Page 17: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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Tabela 1 – Classificação da pressão arterial

Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no

consultório (> 18 anos)

Classificação Pressão sistólica

(mmHg)

Pressão

diastólica (mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130-139 85-89

Hipertensão

estágio 1

140-159 90-99

Hipertensão

estágio 2

160-179 100-109

Hipertensão

estágio 3

≥ 180 ≥ 110

Hipertensão

sistólica isolada

≥ 140 < 90

FONTE: Sociedade Brasileira de Cardiologia: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006).

Quando as pressões, sistólica e diastólica, estão em classes diferentes, a

maior deve ser utilizada para a classificação da pressão arterial. Considerar

intervenção de acordo com fatores de risco maiores e comorbidades. (IV

DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2004).

1.3 Epidemiologia da HAS

Segundo o Ministério da Saúde (2008), e a V Diretriz Brasileira de

Hipertensão Arterial (2006), há uma prevalência elevada de hipertensão arterial na

população brasileira. Há algo em torno de 30 e 40 milhões de hipertensos no Brasil,

cerca de 26% da população geral adulta, variando conforme o estudo e a localidade

pesquisada de 22,3 até 44%.

Page 18: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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No período de março de 2007 a março de 2008, cerca de 29.658 pessoas

apresentaram HAS, somente no Rio Grande do Sul, sendo 10.311 homens e

19.347 mulheres. (BRASIL, 2008).

Corroborando Franscischetti (2005), afirma que a prevalência de hipertensão

em mulheres é, em linhas gerais, parecidas à que se observa em homens,

acometendo, em média 30% a 40% das mulheres negras e aproximadamente, 20%

das brancas. A prevalência aumenta consideravelmente com a idade, aproximando-

se de 80% em mulheres com mais de 70 anos, incluindo nesse percentual os casos

de hipertensão sistólica isolada.

Segundo dados do Instituto Nacional de Seguridade Social, a HAS e a

Doença Cardiovascular ocupam o segundo e o quarto lugares, respectivamente, de

exames médico-periciais que geram afastamento temporário ou definitivo do

trabalho. (BRANDÃO et. al., 2003).

Conforme Mano (2006), o índice de prevalência de hipertensão varia numa

mesma população de determinada origem conforme ocorrem migrações, portanto o

ambiente é um importante fator determinante. A urbanização, os hábitos sociais e a

atividade profissional são determinantes maiores.

1.4 Fatores de Risco

Segundo a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), os fatores

de risco associados à HAS podem ser considerados em dois grupos com fatores de

risco não modificáveis e modificáveis.

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1.4.1 Fatores de risco não modificáveis

Podemos destacar como fatores de risco não modificáveis; Idade, Sexo,

Etnia, Hereditariedade, entre outros.

a) Idade

Os autores Pessunto e Carvalho (1998), afirmam que a idade é considerada

como um fator de risco importante que contribui para o aparecimento da HAS,

devido às alterações na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, como

consequência do processo de envelhecimento. Em ambos os sexos, a freqüência da

hipertensão cresce com o aumento da idade.

Contribuindo Timby (2007), diz que a pressão sanguínea, tende a aumentar

com a idade devido à arteriosclerose, um processo em que as artérias perdem sua

elasticidade e ficam mais rígidas, e a aterosclerose, um processo em que as artérias

estreitam devido a depósito de gordura. A freqüência com que tais condições

ocorrem depende também da hereditariedade.

A pressão arterial aumenta linearmente com a idade. Em indivíduos jovens, a

hipertensão decorre mais frequentemente apenas da elevação na pressão diastólica,

enquanto a partir da sexta década o principal componente é a elevação da pressão

sistólica. O risco relativo de desenvolver doença cardiovascular associado ao

aumento da pressão arterial não diminui com o avanço da idade e o risco absoluto

aumenta. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

b) Sexo

A hipertensão arterial ocorre com mais frequencia no sexo masculino, porém,

as mudanças de hábito das mulheres, essa freqüência tem diminuído. As mulheres

que fumam e fazem uso de anticoncepcional, com mais de 30 anos, são as mais

atingidas. No homem ela aparece depois dos 30 anos e na mulher, após a

menopausa (PESSUNTO E CARVALHO, 1998). Corroborando com esta idéia a V

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Diretriz Brasileira e Hipertensão Arterial (2006), afirma que estimativas globais

sugerem taxas de hipertensão mais elevada para homens até 50 anos e para

mulheres a partir da sexta década.

c) Etnia e Hereditariedade

Segundo Borenstein (1999), a prevalência de hipertensão arterial na raça

negra está entre as maiores do mundo. Comparados aos brancos, os negros,

apresentam hipertensão arterial mais precocemente e com níveis de pressão muito

mais elevada.

As mulheres afrodescendentes, segundo a V Diretriz Brasileira de

Hipertensão (2006), possuem um risco para desenvolver hipertensão de até 130%

em relação às mulheres brancas. Existem relatos científicos de uma predisposição

hereditária e familiar para hipertensão arterial, atribuída à herança genética comum.

Siqueira et. al., (2003), afirmam que o risco da doença aumenta nos casos em

que se apresenta em parentes de primeiro grau, porcentagem elevada entre os

membros da família e precocidade da manifestação da doença.

1.4.2 Fatores de risco modificáveis

Podemos citar fatores de risco modificáveis, como sendo, os fatores

Socioeconômicos, Dietas, Etilismo, Sedentarismo, Obesidade, Tabagismo e

Anticoncepcional.

a) Fatores Socioeconômicos

Segundo Castro et. al., (2005), o estado de saúde de um indivíduo pode ser

influência do meio em que vive, por suas relações sociais, bem como, por suas

condições sócio-econômico-culturais, sendo precisamente indicado por sinais

fisiológicos, entre eles a pressão arterial.

Page 21: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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Os segmentos sociais mais pobres, conforme Franscischetti (2005), são os

que possuem maior prevalência de hipertensão e também de complicações como

acidente vascular. As regiões rurais apresentam menor prevalência de hipertensão

em relação à metropolitana. Contribuindo Gus et. al., (2004), dizem que o papel de

baixa escolaridade, tanto na prevenção da HAS, como no seu conhecimento,

confirmam a existência da relação entre a desigualdade social e a desigualdade em

saúde.

O nível socioeconômico mais baixo está diretamente relacionado aos fatores

de risco para elevação da pressão arterial, além de um maior risco de lesão em

órgãos alvos e eventos cardiovasculares. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE

HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Corroborando Castro et. al., (2005), afirmam que a condição socioeconômica

pode ter influência multifatorial na hipertensão. No mundo do trabalho, a hipertensão

arterial sistêmica é mais encontrada entre os trabalhadores não especializados, que

ganham menores salários, dos setores secundários e terciários da economia. As

pessoas menos favorecidas não possuem acesso a informações, não tendo

conhecimento sobre a hipertensão.

b) Dietas

O excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão

arterial. Povos que consomem dieta com reduzido conteúdo deste tem menor

prevalência de hipertensão e a pressão arterial não se eleva com a idade. Em

população urbana brasileira, foi identificada maior ingestão de sal nos níveis

socioeconômicos mais baixos. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO

ARTERIAL, 2006).

Conforme Frandischetti (2005), a quantidade necessária de sódio para o

equilíbrio homeostático é de 500mh/dia, equivalente a 1,25g de NaCl (sal de

cozinha), o que é muito aquém da ingesta habitual em nosso país, que varia em

torno de 10 á 16 g/dia. A resposta da redução da pressão arterial à restrição de sal

Page 22: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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depende de diversos fatores, entre eles a sensibilidade individual ao sal, a idade do

paciente, o valor inicial da pressão arterial e a intensidade da restrição.

Para Borenstein (1999), a ingestão de sódio na dieta, tem demonstrado uma

relação direta com o aumento da pressão arterial. O consumo exagerado de

gorduras (gordura animal) pode elevar os lipídios no sangue, o que caracteriza a

elevação da gordura do sangue. O colesterol é uma cera presente nos alimentos de

origem animal. Ainda para o mesmo autor, os triglicerídeos são gorduras

provenientes de uma dieta rica em carboidratos, como os açúcares refinados ou

industrializados, e da alta ingestão de álcool.

c) Etilismo

Segundo Moreira (2005), muitos estudos confirmam que a associação entre o

consumo crônico de álcool e a elevação dos níveis tensionais, especialmente da

pressão sistólica, faz a prevalência de hipertensão. Corroborando Borenstein (1999),

afirma que a ingesta excessiva de álcool é um importante fator de risco de

hipertensão arterial e de acidente vascular cerebral. Indivíduos que consomem

bebida alcoólica devem ser orientados a limitar a ingesta diária mais que 30ml de

etanol, o que equivale a 720ml de cerveja, 300ml de vinho e 60ml de whisky.

Conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), o efeito do

consumo leve a moderado de etanol não está definitivamente estabelecido. Estudo

observacional indica que o consumo de bebida alcoólica, fora de refeições, aumenta

o risco de hipertensão, independente da quantidade de álcool ingerida.

Corroborando Pessunto e Carvalho (1998), declaram que o aumento das

taxas de álcool no sangue eleva a pressão arterial lenta e progressivamente, na

porção de 2mmHg para cada 30ml de álcool etílico ingeridos diariamente, sendo

que, quando suspenso, as cifras revertem. Os mesmos autores ainda afirmam que,

quando há redução de consumo de álcool, ocorre também redução no abandono do

tratamento farmacológico.

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d) Sedentarismo

Segundo Borenstein (1999), relacionado à hipertensão arterial, pode-se

afirmar ser o sedentarismo um importante fator de risco, ou facilitador da doença.

Contribuindo Frandischetti (2005), afirma que o risco de desenvolvimento de HAS

em indivíduos sedentários é em torno de 20% a 50% e já se encontra estabelecido

que a atividade física regular promove redução da pressão arterial sistólica e

diastólica, independente da redução do peso, em indivíduos normotensos e

hipertensos.

O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial, apresentando

um risco aproximado de 30% maior de desenvolver a doença. (V Diretrizes

Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006). Corroborando Borenstein (1999), fala que

o sedentarismo contribui decisivamente para o desenvolvimento da hipertensão

arterial.

e) Obesidade

Segundo Borenstein (1999), o excesso de peso tem mostrado uma grande

relação com o risco da hipertensão arterial, por vários mecanismos, entre eles a

causa sobrecarga cardiovascular, em decorrência de um débito cardíaco

aumentado, que contribui para elevar a pressão arterial sistólica.

O excesso de massa corporal é um fator predisponente para hipertensão,

podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial; 75% dos

homens e 65% das mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível a

sobrepeso e obesidade. Apesar do ganho de peso estar fortemente associado com o

aumento da pressão arterial, nem todos os indivíduos obesos tornam-se hipertensos.

(V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPRETESÃO ARTERIAL, 2006).

f) Tabagismo

A pressão arterial e a frequencia cardíaca se elevam durante o ato de fumar.

O uso prolongado de nicotina não se associa a maior prevalência de hipertensão. O

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24

tabagismo colabora para o efeito adverso da terapêutica de redução dos lipídeos

séricos e induz resistência ao efeito de drogas anti-hipertensivas. (III CONSENSO

BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).

Segundo Moreno Júnior et. al., (2005), o aumento dos níveis de pressão

arterial e da frequencia cardíaca que acompanha o tabagismo é proporcional aos

índices de nicotina consumidos por dia. O risco associado ao tabagismo é

proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação. Portanto,

os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimulados a abandonar esse

hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte específicas.

(CADERNO DE ATENÇAO BÁSICA HAS, 2006).

g) Anticoncepcional

A hipertensão é duas á três vezes mais comum em usuárias de

anticoncepcionais orais, especialmente entre as mulheres que possuem mais de 35

anos e obesas. (V DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Corroborando Frandischetti (2005), os primeiros estudos epidemiológicos, realizados

com os contraceptivos orais que ainda continham doses elevadas de estrogênio e

progestágeno, demonstraram que a pressão arterial sistólica e diastólica se elevava

em média 3 a 5mmHg, respectivamente, e que aproximadamente 5% das mulheres

desenvolviam hipertensão.

Atualmente a maior preocupação, quanto à elevação da pressão arterial

induzida pelos contraceptivos, reside no desenvolvimento de hipertensão arterial

persistente, que se associa com frequencia a pré-maturidade da doença

cardiovascular. (FRANDISCHETTI, 2005).

O aparecimento de hipertensão arterial durante o uso de anticoncepcional oral

impõe a interrupção imediata da medicação, o que, em geral, normaliza a pressão

arterial em alguns meses. (V DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO

ARTERIAL, 2006).

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25

1.5 Manifestações Clínicas e Complicações da HAS

Conforme Borenstein (1999), nem sempre quem tem pressão alta apresenta

alguma sintomatologia. Por isso, a hipertensão é chamada de “Assassina

silenciosa”. Corroborando com esta idéia Puppin (2002), relata que na maioria das

vezes a hipertensão arterial não ocasiona sintomas, razão pela qual sua verificação

periódica se faz necessário do ponto de vista da prevenção.

Para Brunner e Suddarth (2002), os hipertensos podem apresentar-se

assintomáticos, permanecendo, assim, por muitos anos. Entretanto, as

manifestações clínicas específicas que aparecem, geralmente, revelam lesão

vascular com as manifestações específicas, relacionadas aos órgãos irrigados pelos

vasos afetados.

Segundo Lessa (2006), a pressão arterial sistêmica quando descontrolada,

pode ocasionar o Acidente Vascular Encefálico (AVE), Doença Arterial Coronariana

(DAC), Insuficiência Cardíaca (IC), Insuficiência Renal (IR) e Isquemia Vascular

Periférica.

Os principais sinais e sintomas podem ser: dor de cabeça, na nuca ou região

occipital ou por toda cabeça, principalmente no período matinal, podendo melhorar

durante o dia com ou sem medicação; zumbido no ouvido parecido com o som que

se escuta na concha de mar, escotomas cintilantes, sinal mais freqüente verificado

nas emergências e pronto-socorros dos hospitais. (PUPPIN, 2002).

O autor Borenstein (1999), cita outros sintomas que podem surgir como:

palpitação (taquicardia); tontura (lipotimia); inchaço nas pernas (edema); pequeno

sangramento espontâneo, em geral no nariz (epistaxe); agitação e insônia; cansaço,

dispnéia e intolerância aos esforços.

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26

1.6 Tratamentos da HAS

Segundo a V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (2006), pode-se dividir

o tratamento da HAS em duas grandes direções: Tratamento não medicamentoso e

medicamentoso. O tratamento, tanto farmacológico quanto não-farmacológico.

Conforme Campos e Leite (1990), têm como finalidade prevenir a morbidade e a

mortalidade. O objetivo principal dos tratamentos é a diminuição lenta e progressiva

da pressão arterial, para abrandar os sintomas e diminuir as complicações.

1.6.1 Tratamento não medicamentoso

Conforme Borges (2005), o tratamento não medicamentoso da HAS deve

compor de planejamento, diagnóstico apurado, verificação da presença de fatores de

risco, avaliação do comprometimento de órgãos-alvo e da presença de

comorbidades. A redução almejada da pressão arterial deverá ser lenta e gradual, a

fim de evitar quedas tensionais que possam acarretar hipofluxo em órgãos vitais.

Uma análise conjunta com as condições socioeconômicas irá determinar qual será a

melhor opção terapêutica objetivando-se, especialmente, boa adesão à prescrição.

O principal objetivo do tratamento não medicamentoso é diminuir a morbidade

e a mortalidade cardiovascular por meio de modificações do estilo de vida que

favoreçam a redução da pressão arterial. (III CONSENSO BRASILEIRO DE

HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).

Conforme Borenstein (1999), o tratamento não medicamentoso visa reduzir os

níveis pressóricos para valores inferiores a 140mmHg de pressão sistólica e a

90mmHg de pressão diastólica. Reduções de pressão arterial para níveis inferiores a

130 por 85mmHg são recomendadas para situações específicas, como em pacientes

de alto risco cardiovascular, principalmente com microalbuminúria, insuficiência

cardíaca, comprometimento renal e na prevenção secundária de acidente vascular

cerebral. Nos pacientes com diabetes a pressão alvo é inferior a 130 por 80mmHg.

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27

Conforme Timerman et. al., (2000), as modificações no estilo de vida

compreendem a base do tratamento da hipertensão arterial e devem ser instituídos

em pacientes de qualquer idade, pois mesmo os idosos têm benefícios e podem até

diminuir a quantidade de fármacos quando estiverem em uso. Entretanto, mesmo

com seu custo baixo e grande impacto, essas medidas não são estimadas por

muitos médicos e muitas vezes não seguidas pelos pacientes. O tratamento não

medicamentoso também reduz a pressão arterial e, quando associado ao uso de

medicamentos, pode melhorar a eficácia do tratamento.

O autor Borenstein (1999), afirma que a alimentação é a base para uma boa

saúde. No tratamento da hipertensão, esta deve ser equilibrada, com reduzido teor

de sódio, baixos níveis de gordura, principalmente a saturada, e restrição ao açúcar

industrializado (açúcar refinado). Deste modo, são combatidos importantes fatores

de risco, como a obesidade, a dislipidemia (alteração das gorduras do sangue) e as

alterações do metabolismo da glicose, que, em conjunto, constituem a síndrome

plurimetabólica1.

Para Pessunto e Carvalho (1998), o exercício físico contribui na redução da

obesidade e para a prevenção de doenças coronarianas promovendo um estilo de

vida saudável. Também auxilia na preservação da independência de pessoas

idosas, melhorando o funcionamento do organismo, reforçando o coração, músculos,

pulmões, ossos e articulação. A atividade física regularmente melhora a condição

física e a saúde do coração.

O exercício físico aeróbico regular reduz a pressão arterial sistêmica em torno

de 3,84mmHg e a pressão arterial diastólica em torno de 2,72mmHg, independente

da redução de peso, sendo que, é mais significativa em hipertensos do que em

relação a normotensos. Todo exercício físico deve ser orientado por programas de

reabilitação cardiovascular e individualizado e só iniciado com níveis tensionais

controlados. (FRANDISCHETTI, 2005).

1 Conhecida também como metabólica, dismetabólica ou síndrome X, trata-se de um conjunto de sinais clínicos

e/ou laboratoriais, acompanhados ou não de sintomas decorrentes de anormalidades metabólicas.

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28

Os autores Pessunto e Carvalho (1998), dizem que há necessidade de uma

intervenção educativa mais esclarecedora, já que as atividades: física, de lazer e

recreação são recomendadas para o tratamento da hipertensão arterial e para a

prevenção de complicações.

1.6.2 Tratamento medicamentoso

O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da

morbidade e mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, aumentadas em

decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. Os agentes

anti-hipertensivos a serem utilizados devem promover a redução não só dos níveis

tensionais como também a redução de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais.

(CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA HAS, 2006).

Conforme Borges (2005), o esquema medicamentoso deve ser individualizado

e com o objetivo de atingir os níveis de PA inferiores a 140/90mmHg. Reduções

abaixo de 130/85mmHg podem ser úteis em situações específicas, como em

pacientes diabéticos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tratamento

medicamentoso deve ser iniciado em pacientes classificados como de risco elevado

ou muito elevado, ou seja, hipertensos com pressão arterial sistólica (PAS) ≥

180mmHg pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 110mmHg. Hipertensos com PAS

entre 140mmHg e 179mmHg ou PAD entre 90mmHg e 109mmHg, com três ou mais

fatores de risco ou lesões de órgãos alvos ou diabetes associados. (MACIEL e

MARIN NETO, 2005).

O medicamento anti-hipertensivo deve: ser eficaz por via oral; ser bem

tolerado; permitir a administração em menor número e possível de se tomar

diariamente, com preferência para posologia de dose única diária; iniciar com as

menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica, podendo ser

aumentadas gradativamente; devendo ser levado em conta que quanto maiores as

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doses, maiores serão as possibilidades de efeitos adversos. (CADERNO DE

ATENÇÃO BÁSICA HAS, 2006).

Ainda conforme o Caderno de Atenção Básica (2006), é necessário respeitar

o período mínimo de quatro semanas, salvo em situações especiais, para aumento

de dose; instruir o paciente sobre a doença hipertensiva, particularizando a

necessidade do tratamento continuado, a possibilidade de efeitos adversos dos

medicamentos utilizados, a planificação e os objetivos terapêuticos e considerar as

condições socioeconômicas.

O esquema anti-hipertensivo instituído deve, evidentemente, manter a

qualidade de vida do paciente em padrões adequados, de modo a estimular a

adesão do paciente às recomendações médicas. (CADERNO DE ATENÇÃO

BÁSICA HAS, 2006).

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2001), os anti-hipertensivos

podem ser classificados como Diuréticos; Vasodilatadores diretos, Inibidores

adrenérgicos, Antagonistas dos canais de cálcio; Antagonistas do receptor da

angiotensina II, Inibidores da enzima conversora da angiotensina.

Conforme Borges (2005), às drogas anti-hipertensivas, deve se dar

preferência inicialmente aos diuréticos tiazídicos ou aos antagonistas dos canais de

cálcio (nitrendipina e felodipina), pois esses medicamentos tiveram sua eficácia

comprovada no controle da pressão arterial e na redução da morbi-mortalidade.

Outros medicamentos podem ser iniciados como primeira opção, considerando as

comorbidades. Deve-se iniciar com doses baixas e aumentá-las progressiva e

lentamente.

Page 30: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

30

1.6.3 Adesão ao tratamento

Segundo Wetzel Júnior e Silveira (2005), para o controle da hipertensão

arterial, a adesão ao tratamento é imprescindível. Seu conceito refere-se ao grau de

cumprimento das medidas terapêuticas indicadas, sejam elas medicamentosas ou

não, com o objetivo de manter a pressão arterial em níveis normais.

Em outra definição, os mesmos autores colocam que a adesão, pode ser

caracterizada como a extensão em que o comportamento do indivíduo em termos de

tomar o medicamento, seguir a dieta, realizar mudanças no estilo de vida e

comparecer às consultas médicas, coincide com o conselho médico ou de saúde.

Conforme Maciel e Marin Neto (2005), a baixa adesão à terapêutica anti-

hipertensiva é alarmante. Os principais fatores determinantes são: a característica

assintomática da doença e a impossibilidade de cura na quase totalidade dos casos.

Segundo Wetzel Junior e Silveira (2005), a falta de adesão ao tratamento anti-

hipertensivo continua sendo um dos maiores problemas na área da hipertensão

arterial. Como a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, que envolve

orientações voltadas para vários objetivos, seu tratamento requer o apoio de

diferentes profissionais da saúde, além do médico. Ressalta-se a importância da

participação da equipe multiprofissional no atendimento ao hipertenso.

Para Oigman (2006), a definição tradicional de adesão refere-se à situação na

qual o comportamento do paciente corresponde ao conselho do médico ou de

saúde, avaliada pelo comparecimento às consultas marcadas, às tomadas das

prescrições ou pelas mudanças do estilo de vida. O problema da adesão começa no

momento que o médico escreve a receita. A chance é baixa do paciente não cumprir

nada. Contudo, a taxa de descontinuação, medida seis meses após a primeira

prescrição, é bastante elevada, encontrando-se mais de 50% dos pacientes não

ingerindo qualquer medicamento.

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31

É importante salientar que um número substancial de pacientes hipertensos

acaba abandonando o tratamento depois de alguns meses, em função de vários

fatores ligados a problemas financeiros ou de falta de informação sobre a

importância da manutenção do tratamento pelo resto da vida. (CADERNO DE

ATENÇÃO BÁSICA HAS, 2006).

Para avaliar as razões da não-adesão ao tratamento, a Organização Mundial

de Saúde, em seus estudos, encontraram diversos motivos citados por pacientes,

entre eles: indivíduos que não tomavam a medicação por esquecimento, alguns

referiram outras prioridades. Outros conforme o mesmo estudo, escolheram por

tomarem dosagem menor que a prescrita, declararam falta de informação, alto custo

da medicação, efeitos indesejável da mesma, falta de sintomas. Alguns desses

indivíduos só tomavam a medicação quando a pressão apresentava-se alta, alguns

alegavam a falta de vontade para tratar a doença e também, entre outros motivos,

como relacionamento inadequado com a equipe de saúde. (GUSMÃO e JÚNIOR,

2006).

Conforme Frandischetti (2005), a falta de conhecimento sobre as metas de

pressão arterial, tanto sistólica como diastólica, a serem atingidas pela terapia anti-

hipertensiva, a complexidade do tratamento, o custo da medicação e o nível

educacional do paciente, são questões diretamente relacionadas à adesão ao

tratamento farmacológico e não-farmacológico. As mudanças no estilo de vida são

extremamente difíceis de serem seguidas por longo tempo, especialmente a

restrição de álcool e de sal na dieta.

O mesmo autor ainda comenta que uma boa adesão ao tratamento tem sido

associada com um bom controle da pressão arterial, sendo que os níveis pressóricos

também sofrem influências de outros fatores, como idade, gravidade da doença,

estilo de vida e acompanhamento mais rigoroso.

A IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), afirma que a

aquisição do conhecimento é fundamental, mas é apenas o primeiro passo para a

adesão. A implementação efetiva das mudanças é lenta e, por dependerem de

medidas educativas, necessitam de continuidade. Devem ser promovidas por meio

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de ações individualizadas, elaboradas para atender às necessidades específicas de

cada paciente, e de ações coletivas de modo a ampliar o campo de ação e

apresentar a melhor relação custo-benefício, podendo, assim, ser mantidas em

longo prazo.

Prevenir e tratar a hipertensão arterial envolve ensinamentos para o

conhecimento da doença, de suas inter-relações, de suas complicações e implica,

na maioria das vezes, a necessidade da introdução de mudanças de hábitos de vida.

(IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Segundo Pierin (2004), a problemática da adesão ao tratamento anti-

hipertensivo consiste em um grande desafio a ser enfrentado por todos: pessoa

hipertensa, familiares, profissionais da área de saúde, instituições e comunidade.

1.6.4 Escala de Morisky

Morisky et. al., (1986), afirma que a “Escala de Morisky” avalia as atitudes do

paciente em relação ao tratamento medicamentoso, classificando como aderentes

os pacientes que responderem não às quatro questões que compõem a escala,

anexas ao instrumento de coleta deste estudo

A Escala de Morisky classifica a adesão em Alta, Média ou Baixa,

dependendo das respostas do paciente às questões (MORISKY et al., 1986),

conforme abaixo:

Escala de Adesão de Morisky

Pacientes responderam “sim” para: Adesão ao tratamento medicamentoso:

0 (nenhuma questão) Alta

01 questão Média

02 questões

03 questões Baixa

04 questões

Page 33: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

33

Para Strelec et al., (2003), o indivíduo que responder “sim” pelo menos uma

questão pode ser considerado não aderente ao tratamento medicamentoso.

1.7 Abordagem Multiprofissional

A abordagem multiprofissional é de fundamental importância no tratamento da

hipertensão e na prevenção das complicações crônicas. Assim como todas as

doenças crônicas, a hipertensão arterial exige um processo contínuo de motivação

para que o paciente não abandone o tratamento. (CADERNO DE ATENÇÃO

BÁSICA HAS, 2006).

A hipertensão arterial é um excelente modelo para o trabalho de uma equipe

multiprofissional. Por ser uma doença multifatorial, que envolve orientações voltadas

para vários objetivos, terá seu tratamento mais efetivo com o apoio de vários

profissionais de saúde. Objetivos múltiplos exigem diferentes abordagens, e a

formação de uma equipe multiprofissional proporcionará essa ação diferenciada,

ampliando o sucesso do controle da hipertensão e dos demais fatores de risco

cardiovascular. (V DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL,

2006).

A equipe multiprofissional pode ser constituída por todos os profissionais que

lidam com pacientes hipertensos: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de

enfermagem, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, professores de

educação física, fisioterapeutas, musicoterapeutas, farmacêuticos, funcionários

administrativos e agentes comunitários de saúde. (V DIRETRIZES BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Ainda conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), os

membros de um grupo multiprofissional devem trabalhar de acordo com os limites e

especificidades de sua formação, e respeitada esta especificidade, necessitam

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conhecer a ação individual de cada um dos membros. Além disso, cada local de

trabalho deve adequar-se à sua realidade.

Segundo Wetzel Junior e Silveira (2005), a definição do papel exercido pelos

diferentes profissionais é embasada na legislação profissional vigente, bem que, em

algumas circunstâncias as ações desenvolvidas são comuns a todos e isso deve

acontecer de maneira natural. As ações comuns a todos os membros da equipe

multidisciplinar são: promoção à saúde (ações educativas com ênfase em mudança

no estilo de vida, correção dos fatores de risco e produção de material educativo);

treinamento de profissionais; encaminhamento a outros profissionais quando

indicado; ações assistenciais individuais e em grupo; participação em projetos de

pesquisa e gerenciamento do programa.

Conforme a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), o trabalho

da equipe multiprofissional contribuirá para oferecer ao paciente e à comunidade

uma visão mais ampla do problema, dando-lhes conhecimento e motivação para

vencer o desafio e adotar atitudes de mudanças de hábitos de vida e adesão real ao

tratamento proposto com bases no risco cardiovascular global.

As principais vantagens do conjunto de profissionais trabalharem em benefício

do doente são: o aumento do número de indivíduos atendidos em seus diversos

modos de abordagem; maior adesão ao tratamento; maior número de pacientes

hipertensos controlados e adotando hábito de vida saudável; possibilidade de o

paciente ser replicador de conhecimentos sobre tais hábitos e o favorecimento de

ações de pesquisa em serviço. Ainda existem vantagens adicionais, como o

crescimento profissional por constante troca de informações e maior confiança no

serviço. (IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Os autores Lyra Junior et. al., (2006), afirmam que a importância do

enfermeiro está ligada ao processo de educação, motivando o portador de

hipertensão arterial a realizar o autocuidado, utilizando estratégias para viabilizar a

comunicação e a verbalização de seus problemas. O enfermeiro é um elemento de

confiança, onde o paciente pode compartilhar seus problemas, sejam eles físicos,

sociais, econômicos, familiares ou emocionais. Muitas vezes os portadores de

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35

hipertensão arterial necessitam, não só alguém para esclarecer suas dúvidas, mas

também para amenizar os anseios e preocupações.

O enfermeiro além das muitas atividades, como aferir a pressão arterial,

realizar avaliações físicas, interpretação de diagnóstico e outros, cabe-lhe também a

responsabilidade de administrar e acompanhar o tratamento dos pacientes com

pressão arterial e fazer o encaminhamento ao médico nos casos em que a pressão

não está devidamente controlada. Deste modo, a introdução de metodologias

educacionais, deve enfocar a adesão em relação à colaboração, sobre tudo a co-

responsabilidade, o que implica em troca de experiências, questionamentos e

humanização dos pacientes. É importante torná-los participativos na conservação de

sua saúde. (PIERIN, 2004).

1.8 Assistência Domiciliar

A Organização Mundial da Saúde define Assistência Domiciliar como “a

provisão de serviços de saúde por prestadores formais e informais com o objetivo de

promover, restaurar e manter o conforto, função e saúde das pessoas num nível

máximo, incluindo cuidados para uma morte digna. Serviços de assistência

domiciliar podem ser classificados nas categorias de preventivos, terapêuticos,

reabilitadores, acompanhamento por longo tempo e cuidados paliativos”. (LOPES et.

al., 2003).

Os autores Duarte e Diogo (2000), apresentam o conceito de assistência

domiciliar como aquela que compreende as atividades assistenciais exercidas por

profissional de saúde e/ou equipe interprofissional no local de residência do cliente.

Engloba visitas programadas em que determinados procedimentos, geralmente de

maior complexidade, são realizados pelos elementos da equipe. A periodicidade das

visitas depende da complexidade assistencial requerida.

Conforme Giacomozzi e Lacerda (2006), a assistência domiciliar à saúde vem

transpor as práticas institucionalizadas da saúde, visando construir uma nova ação

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profissional com base na inserção dos profissionais de saúde no local de vida,

interações e relações dos indivíduos, em sua comunidade e, principalmente, em seu

domicílio; passa, portanto, a considerar o contexto domiciliar das famílias.

O atendimento domiciliar à saúde é uma categoria diretamente relacionada à

atuação profissional no domicílio, que pode ser operacionalizada por meio da visita e

da internação domiciliar, envolvendo, assim, atividades que vão da educação e

prevenção à recuperação e manutenção da saúde dos indivíduos e seus familiares

no contexto de suas residências. (GIACOMOZZI e LACERDA, 2006).

Corroborando Paskulin e Dias (2002), afirmam que o atendimento domiciliar

envolve a realização de ações educativas, orientação, demonstração de

procedimentos técnicos a serem delegados ao cliente ou ao seu cuidador, bem

como a execução destes procedimentos pela equipe multiprofissional no domicílio do

cliente.

Para Lopes et. al., (2003), relatam que a participação ativa das pessoas,

famílias e profissionais envolvidos na assistência domiciliar constitui um aspecto

fundamental para a implementação de uma assistência domiciliar. Portanto, a

implantação da assistência domiciliar inclui: a reorganização do processo de trabalho

pela equipe de saúde, discussões sobre as diferentes concepções e abordagens à

família e a articulação com os outros níveis da atenção para a construção de uma

proposta integrada, e para aumentar a resolutividade e melhorar a qualidade de vida

das pessoas.

Segundo Paskulin e Dias (2002), o atendimento domiciliar pode propiciar um

contato mais estreito dos profissionais de saúde com o paciente e seus familiares

em seu próprio meio, podendo este momento ser útil para uma avaliação das

condições que o cercam, por vezes, de grande importância para o sucesso do

acompanhamento.

Lacerda et. al., (2006), consideram a atenção domiciliar à saúde como "um

dos meios de se obter do indivíduo, da família e da comunidade sua participação no

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planejamento, na organização, na operação e no controle" dos cuidados primários

em saúde, fazendo uso dos recursos locais disponíveis.

O atendimento domiciliar representa uma estratégia de atenção à saúde, que

engloba mais do que o fornecimento de um tratamento padrão. É um método

aplicado ao cliente com o objetivo de enfatizar sua autonomia e realçar suas

habilidades em seu próprio ambiente domicílio. (DUARTE E DIOGO, 2000).

Segundo Lacerda et. al., (2006), na visita domiciliar são realizadas

orientações que dizem respeito a saneamento básico, cuidado com a saúde, uso de

medicamentos, amamentação, controle de peso, levantamento de dados que digam

respeito àquele indivíduo, à família e à comunidade em que vivem.

Conclui-se, portanto, que a visita domiciliar é uma forma de assistência

domiciliar à saúde, que dá subsídios para a execução dos demais conceitos desse

modelo assistencial. É, por intermédio da visita, que os profissionais captam a

realidade dos indivíduos assistidos, reconhecendo seus problemas e suas

necessidades de saúde. (LACERDA et. al., 2006).

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2 MÉTODO

Neste capitulo apresenta-se o método utilizado neste estudo. Foi realizado

um estudo quantitativo, descritivo, com delineamento transversal, com a finalidade

de identificar a adesão ao tratamento medicamentoso da HAS, em pacientes

cadastrados e assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar, na região do Vale

do Rio dos Sinos R/S.

Segundo Figueiredo (2008), pesquisa quantitativa é o método que se

apropria da análise estatística para o tratamento dos dados. Deve ser aplicado nas

seguintes situações: quando é exigido um estudo exploratório para um

conhecimento mais profundo do problema ou objeto de pesquisa; quando é

necessário um diagnóstico inicial da situação; nos estudos experimentais; nos

estudos de análise ocupacional, de desempenho e nas auditorias da qualidade de

desempenho profissional e dos recursos institucionais.

A pesquisa descritiva tem como objetivo principal à descrição das

características de determinada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento

de relações entre variáveis obtidas por meio da utilização de técnicas padronizadas

de coleta de dados, tais como o questionário, formulário e a observação sistemática.

(FIGUEIREDO, 2008).

Conforme Goldim (2000), o estudo transversal é um tipo de Estudo

Observacional Descritivo, tendo por objetivo verificar a prevalência ou freqüência de

uma determinada característica. Neste estudo as variáveis podem ser obtidas em

um grupo de um determinado momento, as variáveis podem ser obtidas em grupos

de indivíduos expostos a um determinado fator capaz de influenciar ou desencadear

um evento.

O estudo foi realizado em um Projeto de Assistência Domiciliar que teve o

seu inicio no ano de 2007. Localizado na região do Vale do Rio dos Sinos R/S em

um bairro que possui uma população estimada de 25.492 habitantes,

compreendendo uma realidade de extrema pobreza. O Projeto foi direcionado para o

Page 39: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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local de atuação, através da identificação de altos índices de problemas de saúde,

configurados principalmente pela vulnerabilidade social existente. O mesmo tem

como público alvo as famílias. O número de beneficiados é cerca de 1.000 famílias,

atingindo aproximadamente 3.500 pessoas e com média de 3.200

atendimentos/mês. Participaram deste estudo 110 pacientes com idade entre 28 á

88 anos de ambos os sexos, em tratamento medicamentoso para a HAS por mais de

06 meses e que apresentaram condições mentais de responder o questionamento

do formulário, bem como assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados teve o seu início no mês de Setembro do corrente ano,

quando foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) n° 4.04.30.09.1486 do

Centro Universitário Feevale. A mesma foi realizada de segunda a sexta durante o

turno da manhã e tarde. As entrevistas ocorreram na casa do próprio paciente

através do formulário (APENDICE A), contendo 18 questões objetivas e subjetivas e

de escolhas múltiplas, bem como linguagem simples e usual. A aluna pesquisadora,

com o auxilio de seis agentes comunitários de saúde¹ do Projeto, dirigiram-se ao

domicilio para realizar as entrevistas dos indivíduos hipertensos em tratamento

medicamentoso, cadastrados no Projeto.

Ao serem abordados em suas casas foi explicada a proposta do estudo, os

objetivos do mesmo e posteriormente lido o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE B). Aceitando participar do estudo foi assinado o mesmo,

ficando uma via em posse do participante, e a outra via em posse da aluna

pesquisadora, em seguida realizou-se a entrevista.

1 O Agente Comunitário de Saúde é o elo entre a equipe e a comunidade. Está em contato permanente com as

famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e promoção da saúde, realizado por toda a equipe. É também um

elo cultural, que dá mais força ao trabalho educativo. Desenvolve suas ações nos domicílios de sua área de

responsabilidade.

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3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Realizou-se a análise dos dados deste estudo a partir da aplicação de um

formulário em 110 pacientes, em tratamento medicamentoso para HAS, por mais de

seis meses, cadastrados e acompanhados pelo Projeto de Assistência Domiciliar na

região do Vale do Rio dos Sinos/RS.

Os resultados obtidos foram lançados num banco de dados (planilha Excel)

para posterior análise estatística. Os mesmos serão apresentados através de

frequências absolutas (n), relativos (%), média aritmética e seu respectivo desvio

padrão, valores mínimos e máximos. As associações entre as variáveis foram

testadas utilizando o teste Qui Quadrado no software Lê Sphinix Plus² (versão 4.5),

adotando o nível de significância de p≥ 0,05.

Pôde-se verificar na amostra estudada, maior frequência em pacientes do

sexo feminino (73,64%), sendo que a idade variou de 30 a 81 anos, com a média de

52,24 ± 10,79 anos. O alto nível de portadores de HAS deste estudo são da etnia

branca (85,45%).

Figura:01: Sexo

Figura 01: Sexo Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Etnia

85,45%

3,64%10,91%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Branco Negro Pardo

Figura 02: Etnia Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Sexo

73,64%

26,36%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Feminino Masculino

Page 41: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

41

No período de março de 2007 a março de 2008, cerca de 29.658 pessoas

apresentaram HAS, somente no Rio Grande do Sul, sendo 10.311 homens e

19.347 mulheres. (BRASIL, 2008). Considerando que os achados neste estudo vão

ao encontro da literatura, pois a amostra feminina é de (73,64%).

Franscischetti (2005), afirma que a prevalência de hipertensão em mulheres

é, em linhas gerais, parecida à que se observa em homens, acometendo, em média

30% a 40% das mulheres negras e aproximadamente, 20% das brancas.

Corroborando Brandão et. al., (2003), dizem que, em relação à etnia, o impacto da

hipertensão arterial não é uniforme, o que ficou comprovado no estudo de Spritzer

(1996), onde houve uma correlação positiva entre a cor da pele e os níveis de PA, tal

que um discreto aumento na pigmentação da pele seguir-se-ia de uma notável

elevação da mesma. Em contrapartida, neste estudo, observa-se o contrário

indicado na bibliografia, pois a maioria da amostra é de etnia branca.

Entretanto, Mano (2006), afirma que o índice de prevalência de hipertensão

varia numa mesma população de determinada origem conforme ocorrem migrações;

portanto, o ambiente é um importante fator determinante. Observou-se, então, que a

região em estudo é de imigração alemã, o que pode contribuir para este achado.

Page 42: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

42

A figura 3 mostra o percentual de idades, evidenciando que a soma das

idades dos pacientes entre 49 a 88 anos e 11 meses totalizam 63,64%, e 36,36%

com idade entre 29 a 48 anos e 11 meses.

Idade

1,82%

10%

10,91%

40,91%

26,36%

10,00%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

79 anos a 88 anos e 11 meses

69 anos a 78 anos e 11 meses

59 anos a 68 anos e 11 meses

49 anos a 58 anos e 11 meses

39 anos a 48 anos e 11 meses

29 anos a 38 anos e 11 meses

Figura 03: Idade

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

No Brasil, são cerca de 17 milhões de portadores de HAS, 35% da

população de 40 anos ou mais. Esse número é crescente; a HAS está cada vez mais

precoce, estimando-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam

portadores. Corroborando Gus et. al., (2006), em um estudo transversal realizado

com representação para todo o Estado do Rio Grande do Sul, cujos resultados

mostraram 33% de prevalência de HAS, confirmando a elevada frequência da

doença. Salienta-se que neste estudo apresentam-se também 36,36% com idade

entre 39 a 48 anos e 11 meses, 40,91% são de 49 a 58 anos e 11 meses, sendo que

a média de idade fica em torno de 52,24 ± 10,79, confirmando os achados dos

autores.

Os autores Pessunto e Carvalho (1998), afirmam que a idade é considerada

um fator de risco importante que contribui para o aparecimento da HAS, devido às

alterações na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos, como consequência

do processo de envelhecimento. Em ambos os sexos, a frequência da hipertensão

Page 43: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

43

cresce com o aumento da idade. Podendo-se observar neste estudo que grande

parte dos pacientes tem acima dos 50 anos.

Escolaridade

1,82%

4,55%

8,18%

10,91%

15,45%

59,09%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Ensino Médio Completo

Educação Infantil Completo

Sem instrução

Educação Fundamental Completo

Educação Infantil Iniciação

Educação Fundamental Incompleto

Figura 04: Escolaridade

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Quando nos reportamos à escolaridade dos indivíduos, 59,09% da amostra

referem ter Ensino Fundamental Incompleto, 8,18% são analfabetos e apenas

1,82%, Ensino Médio Completo; ninguém da amostra possui Nível Superior. Os

dados coletados apontam para um baixo nível de escolaridade, revelando que o

nível de entendimento e conhecimento sobre a doença e o tratamento poderá estar

inadequado ou falho.

Neste sentido, Gus et. al., (2004), afirmam que em função da baixa

escolaridade tanto na prevenção da HAS como no seu conhecimento confirmam a

existência da relação entre a desigualdade social e a desigualdade em saúde. Nos

dados analisados neste estudo, 59,09% da amostra possuem Ensino Fundamental

Incompleto. A soma entre os participantes que não completaram o Ensino

Fundamental é de 87,27% da amostra, confirmando, assim, a desigualdade social e

o baixo nível de escolaridade.

Page 44: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

44

Além do aspecto educacional, é de suma importância o acúmulo de

informações a respeito da HAS e das mudanças no estilo de vida. O paciente deve

estar consciente da gravidade dessa doença assintomática, pois, só assim, poderá

prevenir-se das complicações futuras e estar motivado para as alterações no

cotidiano, que talvez envolvam um dos aspectos mais difíceis de serem alcançados,

que é a adesão às condutas de controle da doença e de prevenção das

complicações da mesma. (SANTOS; LIMA, 2005).

Já em relação à renda, 47,30% dos pacientes confirmaram receber até um

salário, e somente 9,10% dois ou mais salários, enquanto que 42,70% afirmam não

possuir renda.

Renda

0,90%

9,10%

42,70%

47,30%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00%

05 ou mais salários

mínimos

02 a 04 salários mínimos

Sem renda

Até um salário mínimo

Figura 05: Renda

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

O nível socioeconômico mais baixo está diretamente relacionado aos fatores

de risco para elevação da pressão arterial, além de uma maior possibilidade de

lesão em órgãos alvos e eventos cardiovasculares. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS

DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Para Castro et. al., (2005), a condição socioeconômica pode ter influência

multifatorial na hipertensão. No mundo do trabalho, a hipertensão arterial sistêmica é

mais encontrada entre os trabalhadores não especializados, que ganham menores

salários, dos setores secundários e terciários da economia. As pessoas menos

Page 45: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

45

favorecidas não possuem acesso a informações, não tendo conhecimento suficiente

dos agravos que a HAS pode provocar.

Nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Brasil

(2002), pobres são considerados os indivíduos com renda per capita de até meio

salário mínimo. Conforme este fato, o Censo Brasileiro de 1999 retrata que 25,6%

dos brasileiros são considerados pobres; nesta classificação também se encontram

16,6% da população do Rio grande do Sul. Pode-se afirmar que a amostra do

presente estudo se enquadra na classe pobre, pois 47,30% dos entrevistados

recebem até um salário, e 42,70% não possuem salário mínimo.

Na população deste estudo também se pode perceber que o alto índice de

indivíduos sem renda (42,70%) está vinculado ao relato dos autores, pois estes, com

certeza, não têm acesso à informação, não detendo conhecimento adequado para

identificar e/ou tratar a HAS.

Page 46: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

46

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

A tabela 01 apresenta dados demográficos da população. Dos 110

pacientes, 47,27% têm a profissão vinculada a serviços gerais (doméstica, faxineira,

pintor, fiveleiro, etc...), mas quando perguntamos sobre a profissão atual que está

exercendo, predominou a de dona de casa (41,82%), seguida por profissionais de

serviços gerais (24,55%). Foi observado, também, que 3,64% da amostra estão

desempregados e 20% são atualmente beneficiários do INSS ou aposentados. Os

dados da tabela 01 sobre a idade já foram discutidos anteriormente. Observando-se,

também, que 48,18% são casados, e 20% têm uma união estável de vida.

Tabela 01: Dados demográficos da população.

Idade 52,24 ± 10,79

Estado Civil

Casado 53 (48,18%)

solteiro 17 (15,45%)

União Estável 22 (20%)

Viúvo 10 (9,09%)

Outros 08 (7,27%)

Profissão

Dona de Casa 22 (20%)

Serviços gerais (doméstica, faxineira, pintor e fiveleiro) 52 (47,27%)

Costureira 05 (4,55%)

Cozinheira 02 (1,82%)

Vigia 03 (2,73%)

Motorista 01 (0,91%)

Comerciante 02 (1,82%)

Pedreiro 02 (1,82%)

Não informou 19 (17,27%)

Beneficiário(a) do INSS ou aposentado 02 (1,82%)

Profissão atual

Dona de casa 46 (41,82%)

Serviços gerais (doméstica, faxineira, pintor e fiveleiro) 27 (24,55%)

Costureira 01 (0,91%)

Cozinheira 01 (0,91%)

Desempregado 04 (3,64%)

Beneficiário do INSS ou aposentado 22 (20%)

Pedreiro 02 (1,82%)

Não informou 07 (6,63%)

Dados expressos através de análises de frequências

a - Dados expressos através de média ± desvio padrão

Page 47: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

47

Na pesquisa, foram realizados alguns questionamentos aos pacientes

referente ao tempo de conhecimento da HAS. Pode-se observar que a grande

maioria deles tem mais de seis anos de conhecimento sobre a doença (43,64%),

sendo que 29,09% entre dois e três anos e 11 meses. O acompanhamento do

Projeto de Assistência Domiciliar iniciou em 2007, portanto, em pouco tempo, pôde-

se verificar mais indivíduos com HAS; o que significa que muitos dos pacientes são

portadores da doença e provavelmente, foram diagnosticados através da atuação da

equipe multiprofissional do Projeto.

Tempo de conhecimento sobre a doença

43,64%

29,09%

17,27%

10%

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%

Mais de seis

anos

Entre dois e três

anos e 11

meses;

Entre quatro e

cinco anos e

11meses

Menos de um

ano e 11

meses;

Figura 06: Tempo de conhecimento sobre a doença

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Neste sentido, Brunner e Suddarth (2002), afirmam que os hipertensos

podem apresentar-se assintomáticos, permanecendo, assim, por muitos anos.

Entretanto, as manifestações clínicas específicas que aparecem, geralmente,

revelam lesão vascular com as manifestações específicas relacionadas aos órgãos

irrigados pelos vasos afetados. Segundo Lessa (2006), a pressão arterial sistêmica,

quando descontrolada, pode ocasionar o Acidente Vascular Encefálico (AVE),

Doença Arterial Coronariana (DAC), Insuficiência Cardíaca (IC), Insuficiência Renal

(IR) e Isquemia Vascular Periférica. Se observarmos o tempo de funcionamento do

Projeto, podemos afirmar que a importância do rastreamento dos hipertensos e,

Page 48: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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consequentemente, o acompanhamento leva-os a um despertar do

comprometimento com o tratamento da HAS.

Entretanto Puppin (2002), confirma que, na maioria das vezes, a hipertensão

arterial não ocasiona sintomas, razão pela qual sua verificação periódica se faz

necessária do ponto de vista da prevenção. Corroborando Borenstein (1999), afirma

que nem sempre quem tem pressão alta apresenta alguma sintomatologia. Por isso,

a hipertensão é chamada de “Assassina silenciosa”. Constatamos aqui a importância

de um acompanhamento, controle e orientação sobre a HAS.

Quando perguntamos sobre o tempo de uso da medicação para HAS, com

acompanhamento do Projeto, 36,36% dos entrevistados disseram fazer uso de

medicação por mais de seis meses. E 29,09% estão se tratando entre um á dois

anos, sendo que o acompanhamento, a orientação e o controle dos níveis tencionais

da HAS foram intensificados pela presença da equipe do Projeto de Assistência

Domiciliar desde 2007, havendo um aumento da sua clientela no final de 2008,

segundo os relatórios estatísticos do referido.

Tempo faz uso de medicação para HAS com o

acompanhamento do Projeto?

36,36%29,09% 25,45%

8,18%0,91%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Entre 6 meses

a 11 meses e

29 dias

Entre 1 ano e

seis meses a 1

ano 11 meses e

29 dia

Mais de 2 anos Entre 1 ano e 1

ano e 5 meses

e 29 dias

Não respondeu

Figura 07: Tempo que o paciente faz uso da medicação para HAS

com acompanhamento do Projeto.

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Page 49: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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Conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2004), a manutenção do

tratamento e o permanente controle da pressão arterial ao longo do tempo,

certamente, são os maiores determinantes do sucesso que se imagina ter com as

intervenções medicamentosas.

O Brasil tem um elevado custo social com a hipertensão não controlada.

Porém pior do que a não adesão é a descontinuidade do fornecimento ou reposição

da medicação nos serviços de atenção básica, onde se insere a maioria daqueles

que conseguem assistência ainda sem lesão de órgão alvo. (LESSA, 2006).

Já em relação à história familiar, 37,27% da amostra estudada relata ter pais

com história de HAS. Foi verificado, também, que 10% dos pacientes referem não

ter história familiar de HAS.

Tabela 02: Questionamentos sobre HAS – História familiar

variáveis n=110

História familiar

Pais 41 (37,27%)

Irmão(s) 17 (15,45%)

Pais e irmãos 21 (19,09%)

Nenhum 11 (10%)

Desconhece 19 (17,27%)

Não respondeu 01 (0,91%)

Dados expressos através de análises de frequência Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Esta pesquisa vem ao encontro dos relatos de Cotran, Kumar e Collins,

(2000), os quais afirmam que a predisposição genética vem sendo alvo determinante

na compreensão desta doença. Sendo esses fatores genéticos responsáveis por

uma grande parcela de casos referentes a distúrbios na pressão hemodinâmica, fica

evidente a incidência maior de hipertensão em famílias de hipertensos, pois a

tendência hereditária costuma aparecer cerca de 75% de todos os pacientes.

Contudo, Cooper (1991), comenta que muitos casos de HAS têm um fator genético,

ou seja, algumas pessoas possuem uma tendência hereditária para a pressão alta.

Porém, os genes não são decisivos. Mudanças no estilo de vida e a administração

Page 50: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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de medicamentos apropriados podem, com frequência, contrabalançar a influência

da hereditariedade. Evidenciou-se, nesta amostra, que grande parte dos

entrevistados tem correlação com história familiar, confirmando o que os autores

relatam: 37,27% têm relação somente com os pais, e 19,09% com pais e irmãos.

A maioria dos hipertensos desconhece sua causa; porém, vários são os

fatores que podem estar associados à elevação da HAS, como sedentarismo,

estresse, tabagismo, envelhecimento, história familiar, raça, gênero, peso e os

fatores dietéticos. (MOLINA et al., 2003).

Neste contexto, Siqueira et. al., (2003), afirmam que o risco da doença

aumenta nos casos em que se apresenta em parentes de primeiro grau,

porcentagem elevada entre os membros da família e precocidade da manifestação

da doença.

Page 51: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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A figura 08 descreve as questões relacionadas à ESCALA DE MORISKY.

Nesta, pode-se observar que 83,64% dos pacientes analisados dizem seguir

corretamente as orientações dadas pelo médico e Equipe de Saúde para o

tratamento da HAS e que 4,55% dos pacientes, relatam não seguir de maneira

correta o tratamento orientado. Analisando este contexto, a maioria dos pacientes

com HAS adere às orientações e ao tratamento medicamentoso.

Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou

equipe de Saúde para o tratamento da sua hipertensão

83,64%

4,55%10%

1,82%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Sim Não Nem Sempre Não respondeu

Figura 08: Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou equipe

de Saúde para o tratamento da sua hipertensão?

Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Os autores Lyra Junior et. al., (2006), afirmam que a importância do

enfermeiro está ligada ao processo de educação, motivando o portador de

hipertensão arterial a realizar o autocuidado, utilizando estratégias para viabilizar a

comunicação e a verbalização de seus problemas. O enfermeiro é um elemento de

confiança, com quem o paciente pode compartilhar seus problemas, sejam eles

físicos, sociais, econômicos, familiares ou emocionais. Muitas vezes, os portadores

de hipertensão arterial necessitam não só de alguém para esclarecer suas dúvidas,

mas também para amenizar os anseios e preocupações.

A não adesão ao tratamento, segundo Pierin (2004), não é um problema

específico do Brasil; trata-se de um problema mundial. Para Santos e Lima (2005),

na prática profissional, tem-se deparado com a falta de adesão ao tratamento,

Page 52: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

52

justificada não só com suspensão ou irregularidade ao tratamento farmacológico,

mas também com a adoção de estilo de vida inadequado.

Ao enfermeiro, são atribuídas muitas atividades, como aferir a pressão

arterial, realizar avaliações físicas, interpretação de diagnóstico e outros, cabe

também as responsabilidades de administrar e acompanhar o tratamento dos

pacientes com pressão arterial e fazer o encaminhamento ao médico nos casos em

que a pressão não está devidamente controlada. Deste modo, a introdução de

metodologias educacionais deve enfocar a adesão em relação à colaboração,

sobretudo a co-responsabilidade, o que implica troca de experiências,

questionamentos e humanização dos pacientes. É importante torná-los participativos

na conservação de sua saúde. (PIERIN, 2004).

A assistência domiciliar através da equipe multiprofissional é muito

importante, pois tem o objetivo de acompanhar esses indivíduos prestando

assistência qualificada, auxiliando para que tenham conhecimento adequado sobre a

patologia, seus cuidados e possíveis complicações. A adesão ao tratamento

medicamentoso da HAS é imprescindível para haver qualidade de vida e promoção

da saúde, porém nem sempre os indivíduos aderem ao tratamento, devido a vários

fatores, tais como: problemas socioeconômicos, falta de conhecimento, motivação,

entre outros.

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Tabela 03: Questões relacionadas á orientações do tratamento.

Variáveis n=110

Motivo pelo qual não segue as orientações:

Não acredito no tratamento para hipertensão 01 (20%)

Outros motivos 04 (80%)

Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios?

Sim 45 (40,91%)

Não 65 (59,09%)

Quando você se sente bem/melhor, você deixa de tomá-los?

Sim 17 (15,45%)

Não 93 (84,85%)

Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa de tomá-los?

Sim 12 (10,91%)

Não 98 (89,09%)

Dados expressos através de análises de frequência Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

A tabela 3 identifica questões relacionadas a orientações do tratamento,

sendo que 40,91% da amostra alguma vez já se descuidaram de tomar a

medicação. Observou-se que apenas 15,45% dos pacientes parou de tomar a

medicação quando se sentiu melhor, e que 10,91% dos pacientes parou de tomar a

medicação quando se sentiu pior.

Segundo Wetzel Júnior e Silveira (2005), para o controle da hipertensão

arterial, a adesão ao tratamento é imprescindível. Seu conceito refere-se ao grau de

cumprimento das medidas terapêuticas indicadas, sejam elas medicamentosas ou

não, com o objetivo de manter a pressão arterial em níveis normais.

Pierin (2004), afirma que a não adesão não é um problema específico do

Brasil trata-se de um problema mundial. Conforme Souza et. al., (2007), vários

fatores podem contribuir para o pobre controle da HAS, incluindo desde a adesão do

paciente ao tratamento proposto, a distribuição de medicamentos pelo Sistema

Único de Saúde (SUS) em cada região, até a eficácia do próprio tratamento.

Page 54: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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Salienta-se que, neste estudo, somente 20% dos entrevistados não acredita

no tratamento medicamentoso e que grande parte da amostra adere ao tratamento

da HAS.

Neste caso da resposta afirmativa para alguma das perguntas referente à

tabela 03, foi realizado um novo questionamento sobre o motivo de o paciente parar

de tomar a medicação, (os mesmos estão descritos no quadro 01), podendo

concluir-se que o motivo mais frequente foi o esquecimento.

Quadro 01 – Motivos pelo qual o paciente parou de tomar medicação.

Por que você parou de tomar o remédio?

Esqueceu 30

Não tinha tempo ou condições de buscá-lo na UBS 01

Outros motivos 15

Outros motivos que o levaram a parar de tomar o remédio.

Bebeu cerveja 01

Descuido 01

Medicamento fazia mal 02

Teve medo de piorar. 01

Não aceitou tomar 01

Não estava em casa e esqueceu 01

Achou que não precisava 01

Não queria tomar 02

Parou por conta 01

Preguiça 01

Revolta 01

Sentia bem 01

Não mencionou o outro motivo 01

Estas questões foram aplicadas para pacientes que responderam sim para alguma das perguntas do escore Morisky. Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Em relação àqueles 10% (referenciados na figura 8) que nem sempre

seguem as orientações, pode-se observar no quadro 01 que o motivo principal

(n=30) é o esquecimento; alguns motivos como achar que não precisa, tomou a

medicação quando a pressão aumenta ou se sentiu bem melhor, também

apareceram como justificativa. Conforme tabela 03, somente quatro pacientes dizem

Page 55: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

55

não seguir as orientações dadas pelos médicos ou Equipe de Saúde para o

tratamento da hipertensão, referindo ser por outro motivo, mas não descreveram o

mesmo.

A literatura demonstra que os pacientes têm conhecimento de sua doença e

são cumpridores do tratamento, no entanto, a adesão ao tratamento farmacológico é

de apenas 42%, sem especificar uma faixa etária. Também é descrito que o

esquecimento, relatado por alguns pacientes, dificulta a adesão, não contribuindo

para a redução dos níveis pressóricos. Os baixos níveis de conhecimento sobre os

medicamentos, em conjunto com o nível de escolaridade, constituem obstáculos

para a adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico. A presença de

déficit cognitivo em alguns pacientes, principalmente com idade avançada, interfere,

também, de forma negativa. (GIORGI, 2006).

A Organização Mundial de Saúde (OMS), em seus estudos sobre a HAS,

encontrou diversos motivos para a não aderência, citados pelos pacientes; entre ele:

indivíduos que não tomavam a medicação por esquecimento, alguns referiram outras

prioridades. Outros, conforme mesmo estudo, escolheram por tomar dosagem

menor que a prescrita, falta de informação, alto custo da medicação, efeitos

indesejáveis da mesma, falta de sintomas. Alguns desses indivíduos só tomavam a

medicação quando a pressão apresentava-se alta; alguns alegavam a falta de

vontade para tratar a doença e, também, entre outros motivos, um relacionamento

inadequado com a equipe de saúde. (GUSMÃO e JÚNIOR, 2006).

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Tabela 04: Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios?

Sim

n = 45 Não

n = 65 p

Sexo

Feminino 34 (75,56%) 47 (72,31%) 0,43

Masculino 11 (24,44%) 18 (27,69%)

Etnia 0,92

Branco 38 (84,44%) 56 (86,15%)

Pardo 05 (11,11%) 07 (10,77%)

Negro 02 (4,44%) 02 (3,08%)

Idade 50,17 ± 9,62a 53,67± 11,38 a 0,08 b

Quanto tempo tem conhecimento sobre sua doença (HAS)? 0,29

Menos de um 01ano e 11 meses; 03 (6,67%) 08 (12,31%)

Entre 02 a 03 anos e 11 meses; 10 (22,22%) 22 (33,85%)

Entre 04 a 05 anos e 11meses 08 (17,78%) 11 (16,92%)

Mais de 06 anos 24 (53,33%) 24 (36,92%)

Quanto tempo faz uso de medicação para HAS com o acompanhamento do Projeto? 0,06

Entre 06 meses a 11 meses e 29 dias 10 (22,22%) 30 (46,15%)

Entre 01 ano e 01 ano e 05 meses e 29 dias 04 (8,89%) 05 (7,69%)

Entre 01 ano e 06 meses a 01 ano 11 meses e 29 dias 17 (37,78%) 15 (23,08%)

Mais de 02 anos 14 (31,11%) 14 (21,54%)

Possui história de hipertensão na família? 0,03

Não 08 (17,78%) 23 (35%)

Sim 37 (82,22%) 42 (64,62%)

a - Dados expressos através de média ± desvio padrão

Demais dados expressos através de análises de frequencias

b – Teste t para amostras independentes

Demais variáveis - x² Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Na tabela 04, pôde-se verificar as associações entre as variáveis sócio-

demográficas em relação ao descuido em tomar a medicação. Observamos que

existe associação significativa nos pacientes que possuem história familiar de

hipertensão e que menos descuidam de tomar os medicamentos (p=0,03). Nas

demais variáveis não se observou associações significativas com o descuido em

tomar a medicação.

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A maioria dos pacientes diz que não se descuida em tomar o medicamento e

que conhece sua doença há mais de 02 anos. Um dado significativo e de grande

relevância é o da história de HAS na família, pois a maioria da amostra estudada

tem história familiar confirmada.

Lima et. al.; (2005), ao discorrer sobre o estudo de avaliação de controle de

PA têm mostrado que as mulheres parecem ser mais conscientes quanto a sua

doença e, desta forma, apresentam maior adesão ao tratamento. Sendo que o

estudo realizado confirma este dado, pois 72,31% das mulheres afirmam não se

descuidarem de tomar os seus medicamentos.

Corroborando Siqueira et. al., (2003), em relação à hereditariedade o risco

da doença aumenta nos casos em que se apresenta em parentes de primeiro grau,

porcentagem elevada entre os membros da família e precocidade da manifestação

da doença.

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Tabela 05: Quando você se sente bem/ melhor, você deixa de tomá-los?

Sim

n = 17 Não

n = 93 p

Sexo 0,48

Feminino 12 (70,59%) 69 (74,19%)

Masculino 05 (29,41%) 24 (25,81%)

Etnia 0,68

Branco 15 (88,24%) 79 (84,95%)

Pardo 02 (11,76%) 10 (10,75%)

Negro 00 (0%) 04 (4,30%)

Idade 47,11 ± 9,96 a 53,18 ± 10,77 a 0,46 b

Quanto tempo tem conhecimento sobre sua doença (HAS)? 0,19

Menos de 01 ano e 11 meses 01 (5,88%) 01 (1,08%)

Entre 02 a 03 anos e 11 meses 04 (23,53%) 28 (30,11%)

Entre 04 a 05 anos e 11meses 06 (35,29%) 13 (13,98%)

Mais de 06 anos 06 (35,29%) 42 (45,16%)

Quanto tempo faz uso de medicação para HAS com o acompanhamento do Projeto? 0,35

Entre 06 meses a 11 meses e 29 dias 04 (23,53%) 36 (38,71%)

Entre 01 ano e 01 ano e 05 meses e 29 dias 01 (5,88%) 08 (8,60%)

Entre 01 ano e seis meses a 01 ano 11 meses e 29 dias 08 (47,06%) 24 (25,81%)

Mais de 02 anos 04 (23,53%) 24 (25,81%)

Possui história de hipertensão na família?

Não 03 (17,65%) 28 (30,11%) 0,22

Sim 14 (82,35%) 65 (69,89%)

a - Dados expressos através de média ± desvio padrão

Demais dados expressos através de análises de frequências

b – Teste t para amostras independentes

Demais variáveis - Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

Na tabela 05, pôde-se verificar que não existe nenhuma associação entre

parar de tomar a medicação quando se sente melhor, com as variáveis demográficas

da população.

Fica evidenciado através da tabela 05 que o sexo feminino (74,19%) é o que

menos deixa de tomar medicamentos quando se sente bem, aderindo melhor ao

tratamento da HAS, em relação ao sexo masculino (25,81%). Os demais dados

desta tabela já foram discutidos anteriormente nas figuras 06 e 07 e tabela 04.

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Tabela 06: Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa de tomá-los?

Sim

n = 12 Não

n = 98 p

Sexo 0,60

Feminino 09 (75%) 72 (73,47%)

Masculino 03 (25%) 26 (26,53%)

Etnia

Branco 11 (91,67%) 83 (84,69%) 0,72

Pardo 01 (8,33%) 11 (11,22%)

Negro 00 (0%) 04 (4,08%)

Idade 49,41 ± 10,35 a 52,59 ± 10,84 a 0,52 b

Quanto tempo tem conhecimento sobre sua doença (HAS)? 0,83

Menos de 01 ano e 11 meses 01 (8,33%) 10 (10,20%)

Entre 02 a 03 anos e 11 meses 04 (33,33%) 28 (28,57%)

Entre 04 a 05 anos e 11meses 01 (8,33%) 18 (18,37%)

Mais de 06 anos 06 (50%) 42 (42,86%)

Quanto tempo faz uso de medicação para HAS com o acompanhamento do Projeto?

Entre 06 meses a 11 meses e 29 dias 03 (25%) 37 (37,76%) 0,02

Entre 01 ano e 01 ano e 05 meses e 29 dias 00 (0%) 09 (9,18%)

Entre 01 ano e seis meses a 01 ano 11 meses e 29 dias 08 (66,67%) 24 (24,49%)

Mais de 02 anos 01 (8,33%) 27 (27,55%)

Possui história de hipertensão na família?

Não 11 (8,33%) 30 (30,61%) 0,09

Sim 11 (91,67%) 68 (69,39%)

a - Dados expressos através de média ± desvio padrão

Demais dados expressos através de análises de frequências

b – Teste t para amostras independentes

Demais variáveis - x² Fonte: RAUBER (2009), Pesquisa Direta

A tabela 06 mostra as correlações entre as variáveis demográficas entre

deixar de tomar os medicamentos quando se sente pior. Podemos observar que os

pacientes que usam a medicação entre 01 ano e 06 meses e 01 ano e 11 meses e

29 dias são os que mais deixam de tomá-la quando se sentem pior (p=0,02). Já em

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pacientes que a usam há mais de dois anos, pode-se verificar que apenas 27,55%

dos casos não deixam de tomar a medicação, mesmo se sentindo pior. Percebe-se

que estes pacientes, os quais são acompanhados pelo Projeto de Assistência

Domiciliar por mais tempo (02 anos), persistem no tratamento para a doença. Pode-

se, então, salientar a aderência ao tratamento proposto por parte desta parcela da

amostra. Já os que estão iniciando o tratamento demonstram ainda não estarem

bem comprometidos com o mesmo.

Smeltezer e Bare (2006), afirmam que uma vez que, a pressão arterial

elevada é identificada no indivíduo, deve ser acompanhada, já que a hipertensão é

uma condição para o resto da vida.

Segundo o Ministério da Saúde (2006), é preciso ter em mente que a

manutenção da motivação do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma

das batalhas mais árduas que os profissionais de saúde enfrentam, em relação ao

paciente hipertenso. A não adesão ao tratamento é a principal causa do não controle

da doença. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006).

Contribuindo, Wetzel Junior e Silveira (2005), afirmam que a falta de adesão

ao tratamento anti-hipertensivo continua sendo um dos maiores problemas na área

da hipertensão arterial.

Page 61: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

61

CONCLUSÃO

Através deste estudo buscou-se identificar a adesão ao tratamento da

hipertensão arterial sistêmica (HAS), baseando-se na Escala de Morisky, o

conhecimento sobre a patologia e o perfil sócio demográfico dos pacientes,

cadastrados e assistidos pelo Projeto de Assistência Domiciliar, na região do Vale do

Rio dos Sinos R/S.

A amostra foi composta por 110 pacientes, cadastrados e acompanhados no

Projeto de Assistência Domiciliar. Têm um perfil sócio demográfico que não favorece

o desenvolvimento e crescimento da comunidade. A maioria deles do sexo feminino,

etnia branca, casados e união estável.

Evidenciou-se a baixa renda como consequência do desemprego, na

população estudada, o que se deve a vários fatores, entre eles, o baixo nível de

escolaridade da maioria dos indivíduos. Em relação às profissões, grande parte dos

entrevistados, são profissionais de serviços gerais. Com relação à ocupação atual,

predominou a de dona de casa.

Pode-se confirmar que a população do presente estudo se enquadra na

classe pobre, pois mais que a metade dos indivíduos recebe até um salário e os

demais não possuem salário. Constata-se que grande parte desta população

estudada é estigmatizada pela sociedade, devido à localização geográfica,

dificultando, assim, o acesso ao trabalho. A condição histórica de desigualdade

social e a baixa autoestima também são fatores relevantes do desemprego desta

população.

Cabe salientar que a história familiar foi muito significante na amostra em

relação à hereditariedade (pais e irmãos), constatando-se que somente 10% deles

não têm história familiar de HAS. Isso revela que é necessário investir na orientação,

tratamento e prevenção da HAS.

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A amostra alega ter mais de 06 anos de conhecimento sobre a doença da

HAS. Quanto às orientações dadas pela médica e Equipe de Saúde do Projeto, em

relação ao tratamento da HAS, poucos são os pacientes que não o seguem de

maneira correta. Os dados também apontam que alguns deles esquecem de tomar a

medicação. Isso faz despertar para uma investigação contínua bem como um

acompanhamento referente ao conhecimento e complicações da Hipertensão

Arterial Sistêmica. Sabe-se que a mesma, muitas vezes, não apresenta sinais e

sintomas.

Neste contexto, a enfermagem tem um papel primordial em orientar para

prevenir a doença, bem como verificar os fatores que influenciam a falta de adesão

ao tratamento medicamentoso, no acompanhamento dos pacientes hipertensos.

Tudo para tornar os pacientes conscientes e participativos na conservação da saúde

e prevenção da doença.

Constatou-se que, quando aplicada a ESCALA DE MORISKY, alguns dos

pacientes acompanhados pelo Projeto de Assistência Domiciliar não aderiram ao

tratamento medicamentoso. Foi também verificado que alguns deixam de tomar o

fármaco quando se sentem piores. Portanto, é de fundamental importância que os

profissionais, sejam quais forem as suas atuações, possam conhecer os fatores que

levam a não adesão ao tratamento desta doença, traçando estratégias, buscando os

recursos disponíveis, tendo em vista o melhor para a assistência do indivíduo que

procura o atendimento do profissional da saúde.

A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença multifatorial, exigindo

diferentes abordagens e atenção de uma equipe multiprofissional, ampliando as

possibilidades de sucesso do tratamento anti-hipertensivo e do controle dos demais

fatores de risco envolvidos. Por esse motivo, o assunto não se esgota aqui. Fica o

desafio e a necessidade de novos estudos referentes à adesão ao tratamento

medicamentoso, bem como cuidados e complicações relacionados com a HAS.

Page 63: Adesão ao Tramento Medicamentoso da Hispertensão Arterial Sistêmica em Pacientes Assistidos por um Projeto de Assistência Domiciliar - Benícia Rauber

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETAS DE DADOS

Nº: ______ Data:_____/_____/_____

DADOS PESSOAIS 1. Idade:............anos 2. Sexo: 1( ) Feminino 2( ) Masculino 3. Etnia: 1( ) Branco 2( ) Pardo 3( ) Negro 4. Estado Civil: 1( ) Casado 2( ) Solteiro 3( ) União Estável 4( ) Viúvo

5( ) Outros:____________________________________________________ 5. Profissão:_______________________________________________________ 6. OcupaçãoAtual:___________________________________________________ 7- Qual a sua renda mensal? 1. ( ) Até 1 salário mínimo 2. ( ) 2 a 4 salários mínimos 3. ( ) 5 ou mais salários mínimos 4. ( ) Sem renda 8 - Nível de Escolaridade: 1. ( ) Sem instrução 5. ( ) Educação Fundamental Completo 2. ( ) Educação Infantil Iniciação 6. ( ) Ensino Médio Incompleto 3. ( ) Educação Infantil Completo 7. ( ) Ensino Médio Completo 4. ( ) Educação Fundamental Incompleto 8. ( ) Nível Superior Incompleto

9. ( ) Nível Superior Completo

9 - Quanto tempo tem conhecimento sobre sua doença (HAS)? 1. ( ) Menos de um ano e 11 meses; 2. ( ) Entre dois e três anos e 11 meses; 3. ( ) Entre quatro e cinco anos e 11meses; 4. ( ) Mais de seis anos. 10 - Quanto tempo faz uso de medicação para HAS com o acompanhamento do Projeto? 1. ( ) entre 6 meses a 11 meses e 29 dias 2. ( ) entre 1 ano e 1 ano e 5 meses e 29 dias 3. ( ) entre 1 ano e seis meses a 1 ano 11 meses e 29 dias 4. ( ) Mais de 2 anos.

DADOS RELATIVOS À PESQUISA

FORMULÁRIO

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11 - Possui história de hipertensão na família? 1. ( ) Pais 2. ( ) Irmão(s) 3. ( ) Pais e irmãos 4. ( ) nenhum 5. ( ) desconhece 12 - Você segue corretamente as orientações dadas pelos médicos ou Equipe de Saúde para o tratamento da sua hipertensão?

1. ( ) sim 2. ( ) não 3. ( ) Nem sempre

13 - Se a resposta for nem sempre. Qual motivo?____________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 14 - Se a resposta for não.

1. ( ) Não consigo compreender o que falam sobre a doença 2. ( ) Não tenho acesso as orientações sobre a doença 3. ( ) As orientações que recebo são fracas 4. ( ) Não acredito no tratamento para hipertensão 5. ( ) Não tenho orientações sobre a doença 6. ( ) Outros motivos:____________________. Os dados abaixo se referem a Escala de Morisky 15 - Algumas vezes você se descuida de tomar seus remédios?

1. ( ) Sim 2. ( ) Não

16 - Quando você se sente bem/ melhor, você deixa de tomá-los? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não

17 - Quando você toma os seus remédios e se sente pior, você deixa de tomá-los? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não

Se o paciente responder sim para alguma das perguntas do escore Morisky, questionar: 18 - Porque você parou de tomar o remédio? 1. ( ) Esqueceu 2. ( ) Não tinha dinheiro para comprar 3. ( ) Não tinha tempo ou condições de busca-lo na UBS. 4. ( ) UBS não forneceu 5. ( ) Outros motivos. Qual ?..................................................................................

ESCALA DE MORISKY

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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ANEXOS

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ANEXO A - TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

TERMO DE COMPROMISSO PARA UTILIZAÇÃO DE DADOS

ADESÃO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM PACIENTES ASSISTIDOS POR UM PROJETO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Cadastro no CEP

Os pesquisadores do presente projeto de pesquisa se comprometem a

preservar a privacidade dos sujeitos da pesquisa, cujos dados serão coletados em um Projeto de Assistência Domiciliar em uma região do Vale do Rio dos Sinos. Concordam, igualmente, que essas informações serão utilizadas única e exclusivamente para fins acadêmicos. Comprometem-se, igualmente, a fazer divulgação dessas informações coletadas somente de forma anônima.

Novo Hamburgo, Setembro de 2009.

Nome da Pesquisadora: Benícia Rauber Assinatura

Pesquisadora responsável: Kelly Furlanetto

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ANEXO B – AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA COMITÊ DE ETICA EM PESQUISA - CEP