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1 Algomais JUNHO/2016 R$ 10,00 Ano 11 - nº 123 - junho 2016 - www. revistaalgomais.com.br OS CAMINHOS DE ALDEIA Moradores propõem alternativas para os problemas surgidos nessa área de proteção ambiental

OS CAMINHOS DE ALDEIA - revistaalgomais.com.br · jovens que desafios é o que move os obstinados e superação é o processo para se chegar aonde queremos. Que nossos jovens tenham

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1Algomais • Junho/2016

R$ 10,00

Ano 11 - nº 123 - junho 2016 - www. revistaalgomais.com.br

OS CAMINHOSDE ALDEIA

Moradores propõem alternativas para os problemas surgidos nessa área de proteção ambiental

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2 Algomais • Junho/2016

MACROAMORMACROAMOREM PERNAMBUCO, QUEM NASCE COM

MICROCEFALIA É RECEBIDO PELA FAMÍLIA

COM AMOR. PELO ESTADO, COM ATENÇÃO.

POR TODOS, COM RESPEITO.

OUVIDORIA SAÚDE: 0800 286.2828

Pernambuco se preparou para receber quem

nasce com microcefalia e hoje é modelo

para outros estados e países. Os casos são

registrados e acompanhados desde a

gravidez e atendidos através de uma rede

de assistência descentralizada.

• Pernambuco foi o primeiro estado a ver um padrão entre zika e microcefalia.

• O primeiro a notificar e acompanhar gestantes com a doença.

• O primeiro com um protocolo de atendimento adotado pela OMS.

• Receba os bebês com respeito.

CS 030 16 anun microcefalia algo-mais 404x265mm.indd 1 06/06/16 14:35

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3Algomais • Junho/2016

MACROAMORMACROAMOREM PERNAMBUCO, QUEM NASCE COM

MICROCEFALIA É RECEBIDO PELA FAMÍLIA

COM AMOR. PELO ESTADO, COM ATENÇÃO.

POR TODOS, COM RESPEITO.

OUVIDORIA SAÚDE: 0800 286.2828

Pernambuco se preparou para receber quem

nasce com microcefalia e hoje é modelo

para outros estados e países. Os casos são

registrados e acompanhados desde a

gravidez e atendidos através de uma rede

de assistência descentralizada.

• Pernambuco foi o primeiro estado a ver um padrão entre zika e microcefalia.

• O primeiro a notificar e acompanhar gestantes com a doença.

• O primeiro com um protocolo de atendimento adotado pela OMS.

• Receba os bebês com respeito.

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4 Algomais • Junho/2016

Pesquisadores como geógrafos, sociólogos e urbanistas têm estudado áreas periféricas às grandes cidades que têm características tanto urbanas como rurais. É o caso do bairro de Parelheiros no extremo sul da cidade de São Paulo. No Recife existem algumas áreas como Dois Irmãos, onde moradores residem em verdadeiros sítios. São regiões que convergem problemas urbanos e também típicos do mundo rural. A área de Aldeia pode ser considerada uma dessas zonas, com o agravante de que ela margeia não um, mas oito municípios.Seus habitantes detêm um padrão social elevado que foram para essa Área de Proteção Ambiental em busca da tranquilidade. Mas junto com eles, vieram o aumento do trânsito na principal via de acesso a Aldeia, a PE-27, provocado não só pelos residentes, mas também pelos empregados que trabalham nos grandes condomínios. Desmatamento e até a implantação de uma termoelétrica são outros problemas enfrentados. A boa notícia é que os moradores se organizaram e criaram propostas para resolver essas dificuldades. Nossa matéria de capa faz uma análise desses problemas e as sugestões das associações de moradores. É a participação da sociedade civil em busca de soluções. Nessa mesma pegada, publicamos as ações que a Revista Algomais e o Observatório do Recife, dentro do movimento O Recife que Precisamos, têm feito para encontrar saídas para a mobilidade na cidade. Também mostramos como o movimento Ética na Política, formada por intelectuais pernambucanos, pretende ajudar a solucionar a crise em que o País se encontra.Tradição e história também são destaques da edição. Abordamos o resgate que a arquiteta Juliana Cunha Barreto realiza com a biografia do industrial Othon Lynch Bezerra de Mello e a resistência de uma nova geração de músicos de manter a tradição do forró pé de serra. Também estão imperdíveis a entrevista com o jornalista Geneton Moraes Neto – não deixe de ver o completo no site www.revistaalgomais.com.br – e o artigo do publicitário e escritor José Nivaldo Junior sobre o genial Carol Fernandes.

editorialEntre o verde e os problemas urbanos

Diretoria executivaSérgio Moury [email protected] de [email protected]

Diretoria comercialLuciano [email protected]

conselho eDitorialArmando Vasconcelos, Gustavo Costa, João Rego, Luciano Moura, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeida e Sérgio Moury Fernandes.

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br

reDaçãoFone: (81) 3126.8156/Fax: (81) [email protected]

EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)Roberto Tavares (Consultor Editorial)

REPORTAGEnSCláudia Santos Rafael Dantas

EDITORIA DE ARTERivaldo neto (Editor)

FOTOGRAFIADiego nóbrega

[email protected]: (81) [email protected]

PubliciDaDeEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808Boa Viagem 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

Cláudia Santos - Editora Geral

[email protected]

edição 123 - 10/06/2016 - tiragem 11.500 exemplares capa: rivaldo neto - Foto: Diego nóbrega

facebook.com/revistaalgomais@revistaalgomais

Edição 123

e mais Entrevista 8

Economia /Jorge Jatobá 28

Arruando pelo Recife e por Olinda 36

Baião de Tudo / Geraldo Freire 40

Pano Rápido/Joca Souza Leão 44

João Alberto 46

Memória Pernambucana 48

Última Página/ Francisco Cunha 50

Nossa MissãoProver, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.

caPa

Dilemas de AldeiaGrandes obras colocam em risco a área de proteção ambiental. 14

resgate

BiografiaArquiteta pesquisa vida de Othon Bezerra de Melo. 30

cultura

Resistência do ForróNova geração de sanfoneiros se mantém fiel ao ritmo tradicional. 34

PubliciDaDe

Carol FernandesJosé Nivaldo Jr faz homenagem ao publicitário limoeirense. 38

auDitaDa Por

Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

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5Algomais • Junho/2016

ÚLTIMAS UNIDADES PARA PRONTA ENTREGA

EXCLUSIVIDADE COM MORDOMIA.CASAS DE ALTO PADRÃO PORTAL DE GRAVATÁ S 245 M², 5 SUÍTES

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6 Algomais • Junho/2016

Aniversário da Algomais Quero transmitir meus sinceros votos de congratulações por esse evento tão importante. Os 10 anos da Revista Algomais representam a consolidação de um projeto de-senvolvido a partir de seu espírito empreendedor e inovador.

Jayme Asfora - Recife

Sucesso! Vocês merecem. Excelente veículo de comunicação que retrata as notícias, em primeira mão e isenta, de nosso Estado.

Djalma Dutra – Recife

Parabéns pela data que é o signifi-cado do grande trabalho feito pela equipe da revista. Fruto de uma administração competente dos senhores Sérgio Moury Fernandes e Luciano Moura.

Kleber Rinaldo – Recife

JocaVocê está em plena forma, amigo Joca. Até senti o cheiro do cuscuz e creio ter ouvido o apito do vendedor, como naquela tarde inesquecível em sua generosa varanda. Aluízio Falcão – São Paulo

Bela crônica. De dar inveja. Até sugiro que você dê uma “morridinha” por semana, se o resultado for belos textos como esse. Parabéns. José Paulo Cavalcanti Filho – Recife Acabou - se a integridade: não há mais homens que comam tudo com man-teiga e açúcar. Eu me enquadro na lista do seu pai, tio Caio. Abaixo a tirania

cartasESCREvA [email protected]

dos que tiraram o açúcar da macaxei-ra, da tapioca (que virou sanduíche) e do cuscuz. Sugiro que você e D. Maria Lecticia Cavalcanti escrevam um trabalho sobre "A arte de comer com manteiga e açúcar". Tomo a liberdade de pedir que seja, ao mesmo tempo, manual para o uso prático dos amado-res e neófitos. Acumulem testemunhos e reminiscências dos amantes dessa refinada prática, mas que se faça obra também de reflexão sobre a história e a cultura pernambucanas, assim como de edificação da humanidade. José Almino de Alencar – Rio de Janeiro

Muito boa, excelente mesmo, a crôni-ca “A Inflação do Cuscuz”. Joca, com sensibilidade, sabe que "é preciso ter em conta o fator supremo e decisivo do paladar" como ensinava o mes-tre Câmara Cascudo, e brinca com a história e as lembranças avoengas do precioso alimento que nunca sairá das mesas nordestinas. Parabéns a Algomais e ao cronista.

Taney Farias - Recife

Trabalhadora e mãeBem atual (a matéria de capa da revista). Antes algumas mulheres tra-balhavam fora, para suas realizações pessoais. Hoje é por necessidade.

Alba Monteiro – Recife

Dor da Chikungunya Sou a mais nova cliente do mos-quito. Dedetização perfeita em casa, cloro inseticidas, hidratan-tes, repelentes etc. Mas, enquanto não houver conscientização da população,vizinhança e governo, o mosquito dificultará nossas vidas. Saúde pra todos.

Maria Tereza Melo – Recife

facebook.com/revistaalgomais

@revistaalgomais

www.revistaalgomais.com.brON LINE

Clóvis PereiraMeu maestro e amigo querido Clóvis! Talento e competência sem limites! É o nosso Papa da música, sabe tudo e algo mais. Reverência e respeito é o que lhe devemos. Um grande abraço, mestre!

José Gomes - Recife

Emílio CaladoVenho com muito orgulho e entusias-mo parabenizar esse texto tão bem colocado desse consultor. Excelente retrospectiva para mostrar aos nossos jovens que desafios é o que move os obstinados e superação é o processo para se chegar aonde queremos. Que nossos jovens tenham essa garra, esse foco. Não adianta culpar o governo, a falta de oportunidade, as circuns-tâncias socioeconômicas. Parabéns, sr. Emílio Calado e a toda equipe da revista que mais uma vez vem nos pre-sentear com grande leitura de incenti-vo e coragem a todos nós brasileiros e pernambucanos em especial.

Patricia vieira – Recife

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8 Algomais • Junho/2016

“HOUVE UM EMPOBRECIMENTO DA IMPRENSA”

Entrevista a cláudia Santos, rafael Dantas e Yago Gouvêia

entrevista

filme para ficar olhando na luz e levar para casa uma foto do artista. Tam-bém jogava futebol na rua e de botão. A primeira vez que fui a um estádio foi para ver Pelé, na Ilha do Retiro, em um Náutico x Santos, que acabou 2 x 0 para o Santos. Meu pai era torcedor fanático do Sport, mas como era Pelé, fomos assistir. Em 1969, quando a Se-leção Brasileira veio participar de um amistoso contra a seleção pernambu-cana, fui ao treino nos Aflitos. A orga-nização acabou liberando a entrada no estádio e teve uma cena de um vão que dava para ver o vestiário. O pessoal fez uma fila para olhar os jogadores. Na minha vez de olhar, Pelé estava nu to-mando banho. (risos).

Na infância o jornalismo já o instigava?Não tenho a menor ideia do que me instigou. Não tinha vocação para a carreira da família (ser agrônomo ou veterinário). No terceiro ano estava na dúvida entre história e jornalismo. Optei por jornalismo. Quatro anos antes, em 1970, quando tinha 13 anos, uma prima do meu pai era jornalista, conhecia Fernando Spencer, do Dia-rio de Pernambuco, e perguntou se eu

queria escrever para o suplemento in-fantil Júnior, que era feito com cola-boração das crianças. Mandei o texto e foi publicado. Depois escrevi sobre assuntos como a conquista da lua, a Transamazônica. Dois anos de-pois, jornalistas do Diário pergun-taram para Spencer quem escrevia os textos. Disseram: "deve ser o pai do garoto". (risos) Aí me chamaram. Entrei pela primeira vez numa reda-ção morrendo de vergonha. O dire-tor Antônio Camelo mandou fazer uma matéria sobre as condições do Hospital da Tamarineira. Fui, entrei sozinho, o fotógrafo ficou do lado de fora,. Os pacientes estavam andan-do e eu fiquei no meio deles – eu até brinco dizendo que ninguém notou que eu não era paciente. Perguntei como era a comida, eles disseram que era horrível, tinha até pedra. Depois me apresentei como jorna-lista e falei com a direção do hos-pital, junto com o fotógrafo. Eles disseram que o cardápio era muito bem preparado por uma nutricionis-ta. Aí você aprende que sempre há duas versões: a oficial e a dos fatos. Depois, Camelo me deu uma pági-

Geneton Moraes neto. Jornalista fala da ditadura, do encontro com Gláuber Rocha e da mídia

Jornalista desde adolescente, Gene-ton Moraes Neto ficou conhecido na tv por suas entrevistas, nas quais sempre conseguia retirar declarações surpreen-dentes de personalidades. Egresso do movimento Super 8, enveredou para a produção de documentários abordan-do temas como o exílio de artistas bra-sileiros na ditadura ou a visão política de Glauber Rocha. Nesta entrevista ele fala de sua infância em Pernambuco, da carreira e do jornalismo na era da web.

Como foi sua infância no Recife?Nasci no Recife, minha família por parte de pai era de agrônomos, veteri-nários. Todos os filhos dos meus pais, que são cinco, nasceram no Recife, mas morávamos na zona rural, na Es-cola Técnica de São Bento, que ficava em um lugar que depois foi inunda-do para a construção da Barragem de Tapacurá. Meu pai era professor da escola que pertencia aos beneditinos. Quando eu tinha 6 anos, nos muda-mos para o Recife, na Torre. Minhas melhores lembranças são do Cinema da Torre. Era um programa obrigatório ir ao cinema e, às vezes, ficar próximo à cabine para conseguir um frame do

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9Algomais • Junho/2016

Lula chegou com a mulher e o filho pequeno. Ele disse "Dom Helder essa aqui é minha mulher, Marisa, e esse é meu filho, Sandro, tem nome de costureiro, mas é macho" (risos)

ressante do ponto de vista jornalísti-co. Em 1976 aconteceu um comício de Ulysses Guimarães em Caruaru. Não havia eleição direta, mas ele trabalha-va como se estivesse em campanha. Acontece que proibiram o comício em local público e tiveram que realizá--lo numa sala. Marcos Freire estava lá e Ulysses lançou a candidatura dele. Quando Ulysses voltou para o Recife aconteceu a morte do operário Ma-nuel Fiel Filho no Doi-Codi e, por isso, o Geisel demitiu o comandante do 2º Exército. Chegou o telex com essa no-tícia na redação e pediram para ou-virmos Ulysses, que ia para Aracaju. Tivemos que ir para o aeroporto, viajar com ele. Ele foi para a assembleia e lá teve uma coletiva. Ninguém pergun-tou sobre a demissão. No fim da co-letiva eu perguntei o que o MDB teria

a dizer sobre o assunto. Ele deu uma resposta cheia de dedos, dizendo que o MDB não tinha preconceitos contra militares. Quando ele saiu, veio falar com os repórteres, um por um. Na mi-nha vez ele falou ao meu ouvido: "você soltou o seu petardo" (risos). Houve o comício à noite e de volta ao hotel os repórteres entrevistaram Ulysses. Ele disse que se a situação do Brasil conti-nuasse naquele clima, poderia-se par-tir para soluções de força. Ele viajou na manhã seguinte cedo, mas antes pediu ao gerente da portaria do hotel para li-gar para o quarto de um dos repórteres. Ulysses pediu para tirarmos a expres-são “soluções de força” na reportagem. O repórter nos passou a solicitação. Hoje talvez a coisa mais interessante da reportagem seria dizer que Ulysses Guimarães ligou pedindo para não co-locar essa expressão. Mas todos aceita-ram o pedido dele.

Você foi censurado em alguma matéria?Em 1973 foi lançado o filme Toda Nu-dez será Castigada, de Arnaldo Jabor, que ficou pouco tempo em cartaz e foi censurado. Publiquei na coluna de domingo, do Diario, uma matéria e no final eu botei algo como: foi cen-surado, o que é uma pena e reticên-cias. Quando eu chego na segunda--feira para trabalhar, me chamam na sala da direção. Estavam João Alberto, colunista social, Gladstone Vieira, su-perintendente do jornal, e Camelo.

na para escrever sobre música, num suplemento que saía aos domingos e, em 1975, me chamaram para ir para a sucursal do Estadão.

Como foi trabalhar nessa época agita-da?A sucursal se ocupava basicamente de política. Lembro da visita que Lula fez a Dom Hélder. Chegou com a mulher e o filho pequeno. Ele disse "Dom Hel-der essa aqui é minha mulher Marisa, e esse é meu filho, Sandro, tem nome de costureiro, mas é macho" (risos). Aí já quebrou o clima solene. Uma coi-sa curiosa é que eu perguntei quais eram os planos dele. Ele disse "quan-do acabar meu mandato no sindicato quero ficar com a minha família. Não entendo e nem quero me meter com política". Eu o achava uma figura inte-

Dieg

o nób

rega

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10 Algomais • Junho/2016

Fui para Paris e trabalhei como camareiro num hotel"

tv, principalmente de celebridades, é sempre em clima de camaradagem. Acho que entrevista tem que ser um instrumento de prospecção da reali-dade, de descoberta. Numa conversa de comadre, a chance de arrancar al-guma coisa de uma pessoa importante é zero. E o meu trabalho ficou meio marcado por essa coisa de entrevista. Mas já tive matérias derrubadas, teve um tempo no Fantástico que nem se eu chegasse com Bin Laden de braço dado ia ter matéria minha no ar. Hoje estou da Globonews, porque tem mais espaço para entrevistas e documentá-rios. Talvez muita coisa do que eu fiz em tv é um pouco os filmes que deixei de fazer. Sempre peço ao cinegrafista para fazer um enquadramento de câ-mara ousado.

Como você encara o jornalismo hoje?O drama hoje é que se pode criar um blog genial, mas como torná-lo sus-tentável? É difícil convencer o leitor a pagar por algo, no caso informação, que ele tem de graça. Ao mesmo tem-po, o jornalista nunca foi tão necessá-rio, porque se tem tanta informação circulando vai ser preciso que exis-ta uma figura capaz de hierarquizar as informações, de contar as coisas com clareza. Estamos no meio de um tsumani, vai ter mortos e feridos, vai sobreviver gente. Quando se está no meio de uma onda, não se tem clareza do que está acontecendo. Está virando tudo de cabeça para baixo, o que acho saudável. Você vai defender uma im-pressa que muitas vezes é tão careta, ultrapassada, hierárquica, velha? Os veículos impressos, apesar de tudo, ainda atraem mais receita do que o di-gital. Agora, quando eu estudava jor-nalismo, não dava conta de ler tudo o que existia na banca de revista: O Pas-quim, O Movimento, Opinião. No Pas-quim havia textos fantásticos de Paulo Francis, Millôr, Fausto Wolf. Hoje você passa numa banca só tem revista de dieta, parece jornalismo endocrino-lógico (risos). Houve um empobreci-mento da imprensa.

Veja em www.revistaalgomais.com.br a íntegra da conversa com Geneton, em que ele fala dos projetos futuros e da en-trevista que provocou irritação em Chico Buarque.

entrevista Geneton Moraes neto

Eles não fizeram nenhum terrorismo. Mas João Alberto falou: "hoje eu passei por uma! A Polícia Federal esteve aqui te buscar na redação, como você não estava perguntaram quem é o editor do caderno e me levaram". Na Polícia Federal perguntaram quem escreveu a matéria e ele disse "foi um rapaz novo". Os policiais disseram ser uma irres-ponsabilidade dar uma coluna para um menino. Também perguntaram o que queriam dizer as reticências.

Como você partiu para o documentário?Fazia cinco anos que eu estava na su-cursal de O Estado de S. Paulo e fiquei pensando: daqui a 10 anos vou estar no aeroporto correndo atrás de políticos (risos)? Sabe de uma coisa? Vou-me embora. Pedi demissão e fui para Paris só com a passagem de ida, sem visto. Levei mil dólares, vê a fortuna! Morava numa pensão, no início dividia o quarto com Florestan Fernandes Júnior, que é outro jornalista. Comia em restaurante universitário, andava de ônibus. Mar-cos, um amigo, me sugeriu trabalhar de num hotel, onde havia uma vaga de camareiro. Eu disse: tá louco, eu não faço nem a minha cama! Mas ar-risquei. Ele me apresentou ao dono do hotel, dizendo que eu tinha experiên-cia (risos). Aí foi brabo! O hotel tinha 26 quartos. No primeiro dia cheguei às 9h, quando deu umas 18h eu ainda não tinha acabado. Nesse tempo eu conse-gui ser aceito na Sorbonne, num curso de cinema. Fiz um projeto de tese que era cinema e subdesenvolvimento. Foi aceito. Frequentei os seminários, mas não levei adiante a tese porque não ti-nha vocação acadêmica. O curso era muito teórico e a gente doido pra pegar numa câmera. Mas tive a chance de co-nhecer Glauber Rocha.

Como foi seu encontro com ele?Um amigo, Marcos Mendes, que tam-bém estudava cinema, soube que ele estava em Paris para exibir o filme Idade da Terra numa sessão para crí-ticos franceses e perguntou se a gen-te poderia ir. Glauber disse que tudo bem. Falamos que éramos do Recife e estudávamos cinema. A primeira coi-sa que ele perguntou foi: "Você que é do Recife conhece Jomard de Britto? Ele é meu irmão, meu amigo". Aí ele chegou para os franceses, apontou pra

guel Arraes e ele conta uma história incrível de bastidor. Glauber voltou para cá em 1976, elogiando Geisel que ia comandar a abertura. Pouca gente sabe que quem botou na cabeça dele que uma ala dos militares represen-tada por Geisel ia fazer a abertura foi Miguel Arraes e João Goulart. Nessa conversa com Goulart o Cacá Diegues estava presente num hotel em Paris. Cacá não acreditou muito. Glauber voltou e começou a defender a ideia e foi chamado de louco.

Como começou a trabalhar na TV?Quando voltei de Paris, em 1981 me encontrei com Ricardo Carvalho, chefe de reportagem da Globo Nor-deste, que me disse que havia uma vaga de editor e fui trabalhar lá. Es-tava desempregado. Mas TV não é a minha, sou uma aberração, não me dirijo a quem está vendo o programa, não sei narrar. Mas as entrevistas em

gente e disse: "está aqui a juventude brasileira estudando cinema em Pa-ris, isso me interessa", falando francês com aquele sotaque dele. Adoro Idade da Terra, um filme ousado. Quando acabou a sessão, ele virou pra gente e perguntou: "como é, fizeram as li-gações?" Tipo assim: vocês sacaram tudo? Quando voltei para o Recife, ele morreu logo depois. Foi um choque. Algum tempo depois entrevistei Mi-

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11Algomais • Junho/2016

Provedor do Real Hospital Português:Alberto Ferreira da CostaDiretora Técnica/Médica:Dra. Maria do Carmo LencastreCRM-PE 8325

O desejo de vervocê bem.É real.

O Real Hospital Português sempre se preocupou em estar perto de você. Buscamos, todos os dias, maneiras de tornar a sua vida ainda mais tranquila. É por isso que fazemos exames como ninguém faz. Temos um corpo médico dedicado e os equipamentos mais modernos para cuidar da sua saúde com todo carinho e segurança.

Esse é o nosso real compromisso com você.

/realhospitalportugues/realhospitalportugues

Ilha do Leite: 81 3416.1122Boa Viagem: 81 3416.1800www.rhp.com.br

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12 Algomais • Junho/2016

PensanDo bem

[email protected]

A polícia nas ruas é o en-contro do erro com o de-sacerto. Quanto maior o aparato maior o perigo. O aumento do contin-

gente provoca desafiantes. A pronti-dão, intramuros, anuncia a briga fa-miliar do porvir. A força armada nas fronteiras é o arrebol dos canhões, a alvorada do paiol, o prenúncio da Casa Mata. É o pé de guerra do vulgo.

A polícia que muito prende denun-cia à incúria do Estado, o medo das esquinas desertas, a angústia existen-cial da população. Quanto mais for-te o Estado maior a presença de seus tentáculos. A pluralidade dos vetores, de força, encarece o movimento! A hi-pertrofia do poder atrofia até a própria divisão dos poderes, entre si. Compro-mete a divisão do que arrecada. Divide mal. Soma para o lado mais forte. Na divisão oprime, negocia, desvirtua. Garante privilégios, subverte neces-sidades, complica a complicação. O invento de Aristóteles sucumbe na turbulência das equações. A mate-mática nem sempre é exata. A ciência não para nos algarismos. A filosofia da matemática vagueia na discussão dos sofismas, enxerta os intestinos do si-logismo, contamina a premissa maior. A política é um jogo. No mais das vezes é o jogo do vale tudo.

Os números sozinhos não dizem nada. Tanto faz 2, como 4. A soma e a subtração, sem referência, nem soma, nem subtrai. O zero é exato, mas não diz mais que nada, porque zero é nada. Mas pode ser muito. Numa simples prova mensal a nota zero altera a média do aluno. É quan-do o nada altera tudo. A Ferrari é ita-liana. Vai de zero a cem em segundos. O mille é Fiat, que é uma empresa italiana, mas não passa, pelo tempo, com o mesmo ronco.

No tempo do sonho da Esquerda

éramos a favor da onipresença do Es-tado. No entanto, quando se vê a hi-pótese em duas vias, direita e esquer-da na potência máxima, percebe-se que a máquina é lenta. A empresa estatal emprega 10 no lugar de 3; bu-rocratiza as ações; embaraça o pro-jeto; suspende a obra. É claro que a proposta anarquista não é viável ain-da. Mas o poder de polícia, inerente ao Estado e seus agentes, atropela os objetivos com frequência.

No caso da polícia, propriamen-te dita, quanto mais ostensiva maior a possibilidade de pecar. No Brasil fala--se em violência genérica e até na fi-gura ortodoxa da TORTURA. Entre o Estado e a rua forma-se uma espécie, bizarra, de concupiscência. Prevalece a autoridade em detrimento do cidadão. O homem comum, em tese, é o desti-natário do zelo institucional e para por aí. A porta dos hospitais, pública e pri-vada, que tem um viés público roda em

torno de si mesma. São 360° do des-prezo que devolve o usuário, com sua dor, as calçadas purulentas.

A educação pública ou financiada com verba pública sucumbe diante da missão nobre. Todo dia.

A torpeza, aritmética, das despe-sas afronta o bom senso (com os ter-ceirizados). O Estado usa o vigilante da empresa privada para vigiar a coisa pública. O patrão ganha, o emprega-do perde. O Estado paga sem contar que a riqueza pública sai da tributa-ção. O exército de prestadores de ser-viço é extenso e misto. Na saúde do médico ao servente, cresce, ainda, na refeição licitada à distância da par-cimônia. Nas escolas idem. Com os assaltos às delegacias de polícia, con-tratar vigilantes terceirizados é ques-tão, apenas, do tempo gasto na lici-tação. Automóvel, motorista, viatura já vivem no pregão. No poder estatal prevalece o cetro imperial.

L'état c’est moi gilberto marQues

Advogado

A polícia que muito prende denuncia à incúria do Estado, o medo das esquinas desertas, a angústia existencial da população

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13Algomais • Junho/2016

FP 002 16 anun AlgoMais vestibular 202x265mm.indd 1 04/05/16 17:54

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Para o pernambucano que não mora em Aldeia, a re-gião ficou marcada como um lugar de passeio e des-canso. O território bucóli-

co, dentro de uma área de proteção ambiental, representa uma expe-riência tipo Fugere urbem, expressão latina que significa o desejo de fugir para o campo. E esse é o sentimento de cidadãos que, cansados do cinza e do trânsito pesado da Região Me-tropolitana do Recife, optaram por residir nesse paraíso. O quadro de convívio pacífico e harmônico com o meio ambiente, porém, contrasta com problemas que estão mais para o mundo urbano que o rural.

A multiplicação de habitantes, com a chegada de vários condomí-nios, e o processo de favelização na região aumentaram o fluxo de veícu-los na sua principal estrada, a PE-27. Ela se tornou uma dor de cabeça para os moradores. Mas as ameaças para Aldeia são muito maiores que esse pequeno trecho, mais conhecido pe-los seus visitantes.

PROBLEMAS ATINGEM O PARAíSO

capa

Em Aldeia o crescimento populacional e a construção de empreendimentos ameaçam Área de Proteção Ambiental. Organizações sugerem alternativas

Nos últimos anos, entraram na pauta da Área de Proteção Ambien-tal (APA) Aldeia-Beberibe assuntos como a construção do Arco Metro-politano e até a operação de um com-plexo de usinas termoelétricas. Não é apenas a tranquilidade de Aldeia que fica ameaçada com a chegada do “desenvolvimento”, mas também o abastecimento de água da região e a preservação de parte importante da Mata Atlântica.

De acordo com o Conselho de De-fesa Ambiental de Aldeia (Codeama) há uma crescente instalação de con-domínios irregulares no local, que infringem as legislações vigentes para a área de proteção ambiental. “Aldeia hoje é um caos urbano. Tem mais de 40 condomínios. Só do lado esquerdo existem 25 de Camaragibe a Pauda-lho. Alguns são verdadeiras favelas elitizadas da especulação. Estima-se em 20 mil a 25 mil pessoas morando em condomínios, afora loteamentos antigos e outras ocupações urbanas. Os córregos estão tomados de mora-dias e as encostas também. O Codea-

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ma tem combatido a violação das leis ambientais.”, afirma o presidente da organização, Heleno Ramalho.

Apesar de uma série de repre-sentações junto ao Ministério Pú-blico contra ocupações irregulares, Ramalho afirma que poucos são os resultados, pois as decisões do poder judicial não se posicionam em favor do meio ambiente. Para fortalecer a defesa ambiental, o Codeama de-fende a criação de uma promotoria única para cuidar de crimes ambien-tais em Aldeia. Como a região está inserida no território de oito cida-des (Recife, Camaragibe, Paudalho, Igarassu, Paulista, São Lourenço da Mata, Araçoiaba e Abreu e Lima), esse papel está dissolvido entre as promotorias de cada município. “Es-tamos diante de um desastre", criti-ca Ramalho, salientando que muitos moradores não têm consciência am-biental. "Quando se compra um lote, a primeira coisa a fazer é derrubar a jaqueira ou a mangueira para cons-truir piscina”, afirma Ramalho.

Com a crescente população, um problema urbano que afeta os mo-radores diariamente é o trânsito. A estrada não tem estrutura para o flu-xo diário, o que tem levado alguns amantes da região de volta para o Recife. Esse é o caso de João Cunha, que há 40 anos presidiu uma asso-ciação de moradores em Aldeia, mas se mudou para Boa Viagem por causa dos deslocamentos. “Tenho 70 anos e preciso ir ao médico duas vezes por semana. Eu chegava a passar qua-tro horas no carro. E se precisar de um atendimento de urgência, não é possível. O trânsito nos horários de maior movimento é absurdo, no en-tanto abrir uma avenida seria outro problema, é preciso pensar em outras saídas de Aldeia”, afirma.

O casal Célio Muniz e Eloísa Ele-na Assunção tem uma casa há 10 anos em Aldeia, mas moram efetivamente há 4 anos. Atraídos pelo ar puro, si-lêncio e qualidade de vida que o local pode oferecer, eles relatam que têm convivido com alguns inconvenien-tes urbanos. “Quem mantém a vida profissional no Recife sofre bastante. Não há estrada de escoamento. O co-mércio desordenado nos acostamen-tos contribui para isso”. Eles acres-centam que nos finais de semana, com a locação de alguns sítios e re-

Projeto. TRAnSPORTE DE CAvAlO SERÁ COnTEMPlADO EM AlGunS TREChOS DA ESTRADA

trânsitoFluxO DA PE-27 é A DOR DE CAbEçA DOS MORADORES DOS hORÁRiOS DE MOviMEnTO. FóRuM SOCiOAMbiEnTAl PROPõE uMA ESTRADA PARquE

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sidências, além de aumentar o fluxo de veículos, muitos desses locatários perturbam a tranquilidade local com muito barulho.

Há um antigo projeto para duplica-ção da PE-27, uma solução que desa-fogaria o trânsito, mas que é mal vista pelos moradores e ambientalistas, pelo impacto ambiental, pelo custo (pro-moveria várias desapropriações) e pelo aumento da velocidade na região.

Mas os residentes de Aldeia não ficam apenas na crítica. Eles também sugerem alternativas. O Fórum So-cioambiental de Aldeia (FSA) tem em mãos uma proposta de humanização dessa via urbana, que passaria a ser uma estrada parque. “Propomos uma estrada que privilegie o pedestre, o ciclista e, em alguns trechos, que contemple também quem cavalga. Tudo com um cuidado paisagístico, com o menor custo possível. Estamos lutando por este projeto”, afirma He-bert Tejo, presidente do FSA. A estra-da parque contempla 18 quilômetros da PE-27. Desse total, o FSA já ela-borou o projeto executivo de quatro quilômetros para sua implantação.

Outra ação socioambiental em andamento pelas mãos do FSA é o fomento para a prática da coleta se-letiva em Aldeia. O projeto tem como pilares o fortalecimento das coopera-

tivas de catadores de Camaragibe e a conexão delas com os condomínios de Aldeia. "Esse trabalho está em evolução, mas ainda inicial. No pri-meiro momento nossa meta é atin-gir pelo menos 25 condomínios. Em 8 deles já está em operação a coleta seletiva", explica Hebert Tejo. Após a chegada desse serviço nos condomí-nios, o objetivo do FSA é expandí-lo para toda a comunidade do bairro.

inFraestrutura. Outra preocupa-ção é o Arco Metropolitano, uma das obras prometidas pelos governos do Estado e Federal para convencer a Fiat a se instalar em Goiana. Trata-se de uma via expressa que faria a co-nexão entre as Zonas da Mata Norte e Sul. Um dos grandes entraves para essa obra sair do papel é ambiental. O projeto inicial determinava que a via cortasse uma área de proteção am-biental em Aldeia.

O Codeama e o FSA acompanham o andamento das discussões desse empreendimento e fizeram propostas alternativas para a rodovia. Segundo Ramalho, no traçado inicial, a estra-da atravessava vales e matas ciliares do Rio Pitanga, passava pelo parcela-mento do Incra, saindo no Km 16 de Aldeia, entrando pelos vales de Pau-dalho até encontrar a BR-408. “Seria

uma devastação”, avalia. Um segun-do traçado sugerido cortaria a mata de Miritiba, que é uma área de refúgio silvestre e reserva ecológica.

O Codeama, depois de analisar os traçados, representou contra o Arco Viário no Ministério Público Federal. “Nossa sugestão ao Ministério e à As-sembleia Legislativa foi a seguinte: a rodovia partiria da BR-101-Norte, pas-saria pela Usina São José, depois Ara-çoiaba e sairia na BR-408, entre Pauda-lho e Carpina. Nesse trecho, o impacto ambiental já está instalado e a estrada seria apenas duplicada, com poucos danos ao meio ambiente. E o custo é di-minuto em relação aos trechos inicial-mente pensados”, diz Ramalho.

O FSA, através do seu presidente, o engenheiro Hebert Tejo, protocolou junto a CPRH (Agência Estadual de Meio Am-biente de Pernambuco) uma peça con-testando a autorização do projeto para construção do Arco Viário Metropolita-no. E apresentou uma sugestão para que mesmo que a obra seja desviada para o entorno de Araçoiaba, que ela se afaste ao máximo da área de preservação.

Segundo a Secretaria de Meio Am-biente e Sustentabilidade, até agora, a CPRH licenciou o Lote 2, com 44 km, situado ao Sul do Recife, que não cor-ta a região da APA Aldeia-Beberibe. Com relação ao Lote 1, o DNit (Depar-

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tamento Nacional de Infraestrtutura e Transporte), responsável pela obra, atendeu recomendação da agência para que o traçado não cortasse a APA e sim, a circundasse.

Outro megaempreendimento construído na região, em Igarassu, foi um complexo com três termoe-létricas movidas a óleo diesel. De acordo com o presidente do FSA, os moradores tomaram conhecimento das usinas ao ouvirem o barulho das máquinas já em operação. Pessoas residentes até 12 km de distância das termoelétricas escutavam o funcio-namento dos motores. O transporte de combustível para o empreendi-mento acontecia também pela já dis-putada PE-27, por meio de 150 e 200 caminhões por dia. Ações da FSA conseguiram proibir o trânsito des-ses veículos pela estrada principal de Aldeia e também reduziram o horá-rio de funcionamento (sendo vedada das 19h às 7h). Outra ação obrigou as empresas a instalarem de silenciado-res para reduzir a poluição sonora. Com a melhoria do nível dos reser-vatórios das hidroelétricas do País,

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Propomos uma estrada humanizada que privilegie o pedestre e o ciclista. Estamos lutando por esse projeto"

as usinas de Aldeia estão no momento sem operação.

correDor ecolÓgico. De acor-do com a Semas e o CPRH, uma das ações do Governo especificamente em Aldeia é o processo de contratação de serviços de mapeamento e elabo-ração de estratégia de implantação dos corredores ecológicos, projeto do Programa de Sustentabilidade Hídrica do Estado de Pernambuco financiado pelo Banco Mundial. Os corredores ecológicos são áreas que fazem a co-nexão entre Unidades de Conservação que foram separadas pela interferên-cia humana. A restauração da ligação desses ecossistemas possibilita o fluxo de animais, a dispersão de sementes e o aumento da cobertura vegetal, facilitando a recolonização de áreas degradadas. Essa iniciativa, pioneira no Estado, e possui uma contribuição para a mudança do cenário de rema-nescentes de habitats naturais da Flo-resta Atlântica Pernambucana.

Veja mais no site:www.revistaalgomais.com.br

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Grupo de intelectuais se mobiliza em torno da agenda da ética como estratégia para solucionar a crise no País

movimento

Para pensar a política no Brasil

Em janeiro deste ano nasceu no Recife o Movimento pela Ética na Política. Diferente de grupos formados mais recen-

temente, que ganharam densidade em meio às campanhas pelo impea-chment nas diversas ações de rua, esse é composto por militantes com longa estrada e que tem na divulgação de conteúdos na web sua principal contribuição. “Somos a esquerda que lutou contra a ditadura nos anos 60 e 70. Esse grupo, na verdade, surgiu em Aldeia, em pleno Regime Militar. Tempo de barra pesada. O momento político do Brasil fez esse grupo reto-mar as reuniões, criar o movimento, que agora transita pelas redes so-ciais”, afirma consultor empresarial João Rego, que é membro do conselho editorial da Algomais e integra o gru-po de coordenação dessa iniciativa de repensar a democracia brasileira.

Dentro desse cenário de incer-tezas e turbulências que surgem a cada novo tema polêmico colocado na pauta (como a volta do CPMF, a redefinição do tamanho do SUS e a Reforma da Previdência), qual o pa-pel do movimento? “É sermos um espaço de reflexão apartidário. Com uma linguagem aberta sobre os te-mas que vão surgindo e que preten-demos interferir, contribuindo nesse processo”, esclarece o engenheiro e atuação. JOãO REGO, AéCiO GOMES DE MATOS E JOSé ARlinDO COORDEnAM O GRuPO

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doutor em psicologia, Aécio Gomes de Matos, um dos coordenadores do movimento. “O grande propósito nosso é um trabalho intelectual e de mobilização de um certo segmento. Como grupo, temos a responsabilida-de de refletir os problemas políticos do País e nessa reflexão produzir as nossas opiniões”, afirma.

“Somos um grupo maduro, que tem uma militância política histórica. Queremos fazer contraponto ao ma-niqueísmo, do mal e do bem. Nossa visão é de fazer uma análise crítica da realidade, qualquer que seja ela”, declara o sociólogo e pesquisador do Centro Josué de Castro, José Arlin-do Soares, um dos coordenadores do grupo.

E a voz do movimento tem soado mais alto nas redes sociais, principal meio de divulgação. O número de

pessoas que tem se envolvido com o movimento tem crescido. No Face-book passou de 10 mil o número de “curtidas”. Um alcance muito maior que as publicações contra ditadura rodadas em mimeógrafos a álcool nos anos 70, lembram os fundadores.

O Movimento pela Ética na Polí-tica irá discutir nos próximos meses alguns temas como corrupção, medi-das anticorrupção e o papel da socie-dade civil organizada neste momento do País. No entanto, o primeiro semi-nário realizado pelo grupo, no início de junho, discutiu a economia em época de crise e teve a coordenação do economista Jorge Jatobá.

Os eventos promovidos pelo mo-vimento serão abertos ao público, fil-mados e disponibilizados no canal no Youtube “Ética e Democracia”. Além da produção audiovisual, as discussões de cada encontro vão gerar um documento síntese, que deverá ser encaminhado ao poder público a partir dos parlamenta-res que integram o movimento.

Entre os políticos integrantes do Ética na Política estão o deputado fe-deral Jarbas Vasconcelos, o senador Cristovam Buarque e o novo ministro da Defesa Raul Jungmann. Todos eles foram favorável ao impedimento do mandato da presidente Dilma Rousseff. José Arlindo Soares avalia que a falta de governabilidade do Governo Dilma foi um dos pilares para o aprofundamento

da corrupção no País. “A não governa-bilidade tem ligação com a corrupção. A Lava Jato, no entanto, traz uma nova etapa na democracia do País”.

Sobre o governo Temer, no entan-to, eles avaliam que o grupo de apoio do novo presidente é formado tanto por pessoas ilibadas quanto suspeitas de cometerem atos corruptos. “Não concordamos que todas as escolhas foram corretas. É o governo de coa-lizão possível no momento. Cheio de figuras que não apoiamos, mas que estão no governo por causa da go-vernabilidade”, avalia Aécio Matos. Eles lembram que grande parte dos aliados de Temer participaram do go-verno Dilma, além de outras particu-laridades em comum, como o fato de vários serem alvos de inquérito nas investigações da Lava Jato.

Aécio pontua que o processo po-lítico vivido nos últimos meses divi-diu o País de tal maneira que há duas vertentes de pensamento diferentes, que são intolerantes entre si. “Duas línguas que não se ouvem”. Um ce-nário que dificulta a tentativa de dis-cutir alternativas para o País voltar a crescer.

SERVIÇO:Mais informações no site: www.etica--democracia.org ou através da sua pá-gina no Facebook: www.facebook.com/etica.democracia

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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - HOMENAGEM A REVISTA ALGOMAIS

LUCIAnO MOURA, RICARDO DE ALMEIDA E SéRGIO MOURy FERnAnDES RECEBEM A PLACA COMEMORATIVA DA DEPUTADA ESTADUAL PRISCILA KRAUSE

KÁSSIA ALCânTARA, CLÁUDIA SAnTOS E wAnESSA CAMPOSRICARDO PEIXOTO E ALEXAnDRE VALEnÇA

SéRGIO MOURy FERnAnDES ABORDOU A TRAJETóRIA DA REVISTA ALGOMAIS nO SEU DISCURSOCERIMônICA COnTOU COM PRESEnÇA DE EMPRESÁRIOS, JORnALISTAS E COLABORADORES

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COMPOSIÇãO DA MESA: LUCIAnO SIqUEIRA, RICARDO DE ALMEIDA, SéRGIO MOURy FERnAnDES, AnDRé FERREIRA, AnTônIO CARLOS ALVES, JOAqUIM FRAnCISCO E TEREzA DUERE

AnTônIO JAIME DA FOnTE

MARCELO HEnRIqUE, EDUARDO MAIA, LUCIAnO MOURA E ROMULO MEnESES

DIRETORES DA ALGOMAIS RICARDO DE ALMEIDA, SéRGIO MOURy FERnAnDES E LUCIAnO MOURA

GIOVAnI DI CARLI, LUCIAnO MOURA E ALFRízIO MELO

SéRGIO MOURy FERnAnDES, AnGELO MELO E RICARDO DE ALMEIDA

LUCIAnO MOURA E ROMILDO MOREIRA

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hospital da Mulher oferece assistência integral para a população feminina na linha da medicina humanizada

saúde

Um centro médico só para elas

Em pouco menos de um mês de inaugurado, o Hospital da Mu-lher do Recife Dra. Maria das Mercês Pontes Cunha (HMR),

localizado na BR-101, no bairro do Curado, Zona Oeste da capital pernam-bucana, já registrou mais de quatro mil procedimentos, entre consultas e exa-mes. Construído em uma área de 30 mil metros quadrados e uma área total de mais de 13 mil metros m², o equi-pamento é a maior unidade de saúde construída pela Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) na história. Apesar da grandiosidade, o hospital ainda não está em funcionamento pleno. A previsão da abertura total é para o mês de agosto. Até lá, a expectativa é que os procedie-mentos sejam abertos aos poucos.

A unidade de saúde ampliará a oferta de partos em 40% e terá banheira para parto humanizado dentro d’água, apa-rato inédito até então na rede de saúde pública municipal. A unidade, que conta com um total de 150 leitos, pretende rea-lizar cerca de 400 partos e 250 cirurgias por mês. O hospital possui duas Unida-

RecifeemPauta abrangência

AléM DE SERviçOS hOSPiTAlARES, A uniDADE TAMbéM OFERECE COnSulTAS DE DivERSAS ESPECiAliDADES E ATEnDiMEnTO A víTiMAS DE viOlênCiA

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des de Terapia Intensiva (UTIs), sendo uma com 10 leitos para bebês e outra com 10 leitos para mulheres, duas Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) com 27 leitos, 16 consultórios especializados (ginecologia, cardiologia, mastologia, endocrinologia, hematologia, psiquia-tria, entre outros). Também oferta exa-mes de imagem, como tomografia, res-sonância magnética, ultrassom, raio-x entre outros.

A superintendente geral do hos-pital Isabela Coutinho ressalta que o centro médico é de extrema impor-tância. "Nós vamos oferecer uma as-sistência integral da saúde da mulher. Temos as especialidades que elas pos-suem uma certa dificuldade em en-contrar em outros locais. Vamos con-tribuir com a abertura de leitos, algo que há muito tempo não se tinha em Pernambuco", afirma a gestora.

O acesso das usuárias aos proce-dimentos ofertados pelo Hospital da Mulher respeita o fluxo de marcação

estabelecido pelo município, por meio do Sistema de Regulação do Re-cife (Sisreg), com encaminhamento efetuado pelas Unidades de Saúde da Família (USFs ou Upinhas) de refe-rência da usuária, sempre respeitan-do a ordem cronológica da solicitação e a classificação de risco que é preco-nizada pelo Ministério da Saúde.

Um dos grandes diferenciais da unidade será a humanização. De acordo com Isabela, essa abordagem será tratada como prioridade em todos os setores. "Nós temos como lema prestar uma atenção humani-zada a nossa usuária, que é o nosso foco principal. Nos leitos obstétricos, por exemplo, existe o centro de parto normal, onde a mulher tem a opção durante o trabalho de parto de poder andar, se assim desejar, temos uma suíte que possui uma banheira de hidromassagem, que ela pode entrar para aliviar a dor. Ou seja, tudo que fazemos aqui pensamos na humani-zação", comenta.

O hospital terá ainda a Casa das Mães, que acolherá mães que recebe-ram alta, mas seus bebês continuam internados após o parto, e um centro de atenção às mulheres vítimas de violência, onde elas terão apoio de equipe especializada e formada por profissionais de diversas áreas - psi-cólogo, médico, enfermeiro e assis-tente social – que prestarão o aten-dimento multidisciplinar. Além de uma base descentralizada do Samu e um cartório, onde os bebês poderão ser registrados pouco tempo após o nascimento.

DiagnÓstico. PACiEnTES TêM ACESSO A ExAMES DE iMAGEM, COMO ulTRASSOnOGRAFiA

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Quem foi Maria das Mercês Pontes Cunha?

O hospital leva o nome de Maria das Mercês Pontes Cunha, mulher que lu-tou pela saúde feminina. Nascida em São José da Lage (AL), formou-se em medicina na UFPE em 1954. Pouco tempo depois, começou a trabalhar na Secretaria de Saúde de Pernambu-co. Após a graduação, iniciou o aper-feiçoamento na Clínica Ginecológica - Colposcopia e Colpocitologia -, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), implantando em 1957 o Serviço de Prevenção do Câncer do Colo Uterino.

A partir daí, Maria das Mercês se dedicou intensamente ao combate ao câncer ginecológico. Em 1960 passou a ser instrutora de ensino pela UFPE. No ano de 1973, fez o Curso de Ensi-no-Aprendizagem na UFPE e ainda naquele ano, implantou o Centro de Citohistopatologia e iniciou o primei-ro Curso de Formação de Citotécnicos pela Secretaria de Saúde de Pernambu-co/Fusam.

A mulher que dedicou sua vida para à melhoria da saúde femini-na, faleceu, em 2000, vítima de câncer, doença contra a qual lutou e dedicou a vida profissional.

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CTTu adota algumas propostas de O Recife que Precisamos para melhorar a mobilidade, mas ainda há muito o que fazer

mobilidade

Para destravar a cidade

As soluções para os problemas de mobilidade no Recife pas-sam pela prioridade ao pe-destre – que necessita de cal-

çadas bem cuidadas – e aos ciclistas. Um transporte público de qualidade e de uso cada vez mais intensivo tam-bém é condição essencial para resolver os engarrafamentos. E, como a cidade é “serpenteada” pelo Capibaribe pode encontrar parte de suas soluções tor-nando o rio vetor de circulação.

Essas foram as propostas que o mo-vimento O Recife que Precisamos en-caminhou aos candidatos à Prefeitura do Recife em 2014, com o objetivo de contribuir para solucionar os entraves

na mobilidade do município. Encampa-do pela Revista Algomais, o movimento foi criado pelo Observatório do Recife (ODR) e visa transformar a cidade num local com melhor qualidade de vida. Além da mobilidade, outros quatro tó-picos compõem a proposta (ordena-mento urbano, planejamento de longo prazo, recuperação do Rio Capibaribe e preservação do Centro Histórico).

Esse conjunto de sugestões foi construído com a participação da so-

ciedade, a partir de debates com es-pecialistas, representantes de setores econômicos, militantes e admiradores do Recife. “Para ampliar as discussões, a Revista Algomais fez uma grande ação de divulgação com matérias sobre o tema, além da criação de uma fanpage do Facebook, que obteve forte engaja-mento de seus leitores e dos recifenses em geral”, informa Francisco Cunha, sócio da TGI e integrante do ODR.

Ao ser eleito, Geraldo Julio mos-trou-se aberto às reivindicações do movimento. Mas o que foi feito até o momento para melhorar a mobilidade? Para responder à indagação, a diretora presidente da CTTU (Companhia de

DiÁlogo. TACiAnA FERREiRA ExPÔS AS MEDiDAS REAliZADAS PElA CTTu E Ouviu SuGESTõES DOS PARTiCiPAnTES DO MOviMEnTO

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Trânsito e Transporte Urbano) Tacia-na Ferreira participou de um encon-tro com integrantes do movimento na sede da TGI. A prioridade ao trans-porte coletivo, segundo Taciana, foi instituída com a implantação das fai-xas azuis, corredores de uso exclusivo para os veículos públicos. “Olhamos para o modo de transporte que con-segue deslocar o maior número de pessoas consumindo menor espaço viário”, justifica. Pesquisas mostram que o ônibus consome 50 m² de via e transporta em média 40 pessoas. Se fossem transportar a mesma quan-tidade de passageiros, os automóveis individuais utilizariam uma área 20 vezes maior.

“Ao todo foram 23,27 km de faixas exclusivas implantadas que beneficiam 635,8 mil usuários”, informa Taciana. A medida contribuiu para ampliar a fluidez no trânsito. A bicicleta também foi alvo da gestão municipal. “Quan-do assumimos estava em curso o Pla-no Diretor Cicloviário – desenvolvido pelo governo estadual, com participa-ção dos municípios e da sociedade ci-vil – que projetou uma rede cicloviária metropolitana, de responsabilidade do estado, e outra complementar gerida pelos municípios”, informa Taciana. A CTTU, então, desenvolveu Projeto das 12 Rotas, que implantou faixas exclu-sivas para as bikes, levando em con-sideração a instalação dos corredores metropolitanos. De 2013 a 2016 foram implantadas 17,55 km de faixas exclu-sivas, com a instalação de 6 ciclofaixas e uma ciclovia.

A CTTU reduziu, ainda, o limite de velocidade máxima para 30 km/h em vias do Recife Antigo (Zona 30) para possibilitar uma melhor convi-vência com as bicicletas e pedestres. Também recuperou 7 mil placas de trânsito e 750 mil m² de sinalização horizontal, reforçou a fiscalização eletrônica e viária do controle de velocidade, o que permitiu reduzir em 44% o número de acidentes com vítimas fatais no local.

Futuro. Apesar dos resultados des-sas medidas, os participantes da re-união acreditam que ainda há muito a ser feito. Entre as propostas levan-tadas no encontro está a execução da totalidade do Plano Diretor Ciclo-

viário. Ampliar a restrição da veloci-dade máxima, estendendo as zonas 30 para outras vias foi outra medida recomendada. Também foi ressal-tada a necessidade de haver maior integração das ações da CTTU, URB (Empresa de Urbanização do Recife) e Emlurb (Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana) para agilizar ações que contemplassem pedestres e ci-clistas, como a melhoria das calçadas e instalação de ciclovias.

Para otimizar o uso do transporte coletivo, a recomendação foi expandir as faixas azuis e implantar o bilhete úni-co com integração temporal. Essa últi-ma medida daria ao passageiro o direito de utilizar mais de um ônibus num de-terminado tempo, pagando apenas uma passagem. Também foi proposto pres-sionar a CBTU para realizar melhorias no Metrorec e investir mais em fiscali-zação para que a velocidade máxima e infrações como estacionar em calçadas sejam evitadas e punidas.

O encontro entre integrantes de O Recife que Precisamos e a CTTU foi considerado produtivo por Fernando

Holanda, do Observatório do Recife. “Ficou demonstrado que o diálogo é fundamental para que as políticas públicas funcionem.” Assim como aconteceu em 2012, a Revista Al-gomais e o Observatório do Recife, concluído o ciclo de debates e atua-lização sobre as proposições feitas, encaminharão ao candidato eleito para a prefeitura do Recife as pro-posta sobre o que falta ser feito em termos de controle urbano, plane-jamento de longo prazo, mobilida-de, recuperação do centro da cidade e revitalização do Rio Capibaribe. Tudo com o objetivo de melhoria da qualidade de vida urbana no Recife, reforçando o compromisso perma-nente da Algomais com Pernambuco e com sua capital. A próxima reunião vai abordar ocontrole urbano e con-tará com a presença do secretário de Mobilidade e Controle Urbano da prefeitura João Braga que debaterá com os integrante do Observatório do Recife e com a reportagem da revista o que foi proposto, o que foi feito e o que ainda precisa avançar.

Prioridade para o transporte não motorizado

Prioridade para o transporte público rápido e de qualidade

Melhoria das calçadas para estimular os deslocamentos a pé e aumento da segurança para os pedestres

Incentivar o uso de bicicletas com a instalação de ciclovias e ciclofaixas

Tornar o Rio Capibaribe vetor da mobilidade com via para pedestres e ciclistas em toda sua extensão na cidade

Desobstrução e adequação das cal-çadas na proximidade dos mercados públicos da cidade

Instalação de 23,7 km de faixas azuis

Ruas do Recife Antigo passaram a ter velocidade máxima de 30 km/h e redução em 44% do número de acidentes com vítimas fatais entre 2012 e 2015

Instalação de 17,55 km de ciclofaixas

Convênio com a UFPE para desenvol-vimento do projeto Parque Capibaribe

Estabelecer integração entre CTTU, Urb e Emlurb para agilizar ações em benefício de ciclistas e pedestres

Instalar o bilhete único com tarifa temporária

Ampliar o limite de velocidade de 30 km/h para mais vias da cidade em especial nas localidades onde não existem calçadas ou onde elas forem muito estreitas

Executar o Plano Diretor Cicloviário na sua totalidade

Articular com o projeto Parque Capibaribe para implantação de soluções integradas entre a malha viária existente e a projetada pelo estudo

Melhorar a qualidade do Metrorec

PROPOSTAS INIcIAIS O quE fOI fEITO O quE fALTA fAzER/NOVAS PROPOSTAS

O RECIFE QUE PRECISAMOS 2016

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28 Algomais • Junho/2016

economia jorge jatobÁ

Economista

O desemprego e os jovens

Em uma economia capi-talista ter um emprego significa vender serviços profissionais no mercado de trabalho contra uma

remuneração de natureza periódica. Quando o indivíduo perde esse vín-culo com o mercado, cessa a renda do trabalho, extinguindo-se, caso não haja poupança, a possibilidade de adquirir bens e serviços neces-sários à sobrevivência da sua pessoa e família. O drama do desemprego reside nessa ruptura com o merca-do de trabalho. Nos países, como o Brasil, onde há seguro-desemprego o trabalhador demitido – se preencher os requisitos estabelecidos na legis-lação – pode auferir o benefício por um curto período de tempo. Findo esse período, ele está desprovido de renda para o seu sustento e o da sua família. Se a desocupação é um duro golpe para trabalhadores de qualquer idade, para o jovem, compromete, no presente e no futuro, as suas ambi-ções pessoais e profissionais.

Os jovens buscam oportunidades para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho seja para finan-ciar a continuidade dos seus estudos, seja para ajudar os pais, ou ainda para constituir família. As chances de in-serção dependem da escolaridade, de experiência – geralmente escassa nessa idade – e de atitudes perante o mundo do trabalho, tais como dis-ciplina e capacidade de laborar co-letivamente. Mesmo em tempos de prosperidade conseguir um emprego é desafiador para os jovens, mas se o mercado for favorável tal dificulda-de é, em geral, superada. Todavia, em momentos de crise econômica como o que estamos vivenciando nesses últimos três anos no Brasil, o desemprego entre os jovens alcança taxas muito elevadas, especialmente

números para os jovens entre 14 e 24 anos no País, na Região e no Estado.

As taxas de desemprego (no pri-meiro trimestre de 2016) para os jo-vens brasileiros de 14 a 17 (adolescen-tes) e de 18 a 24 anos (jovens adultos) foram, respectivamente, de 37,9% e 24,1%, muito acima da média nacio-nal de 10,9% observada para aquele período. No Nordeste as taxas de de-

socupação para essas fai-xas etárias, foram 32,5% e 27,4%, respectivamen-te, também muito acima da média para a Região naquele período (12,8%).

Em Pernambuco, as taxas de desocupação se elevaram, entre os pri-meiros trimestres de 2015 e de 2016, de 8,2% e 18,9% para 34,4% e

28,1%, respectivamente, para ado-lescentes e jovens adultos. As varia-ções foram, em termos absolutos, de 15,5 e de 12 pontos percentuais, uma alta muito acentuada que impressio-na pela sua grandeza e velocidade. Os números, portanto, são assustadores indicando crescentes dificuldades para os jovens ingressarem no mer-cado de trabalho.

A desilusão com os problemas políticos e éticos do País associados a uma profunda recessão que retira oportunidades de uma bem-sucedi-da inserção no mercado de trabalho, pode levar os jovens, especialmen-te os mais preparados e com espíri-to empreendedor, a migrarem para outros países, drenando o Brasil de talentos tão necessários para seu de-senvolvimento. É lamentável que isso possa ocorrer. Para isso precisamos mudar a cara do Brasil, tornando-o mais atraente para os que aqui nasce-ram e se educaram. Se perdermos os jovens, perderemos o futuro.

[email protected]

em regiões como o Nordeste onde as oportunidades de trabalho são mais rarefeitas. Antes de nos aprofundar na análise das taxas de desocupação para os jovens, vejamos a evolução da taxa média de desemprego das pes-soas com 14 anos ou mais que, para o Brasil como um todo, se elevou de 7,9% para 10,9% entre os primeiros trimestres de 2015 e 2016, um au-

mento de três pontos percentuais. Já no Nordeste, a taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2016 alcançou 12,8%, bem acima da média nacional, tendo subido de um patamar de 9,6% observado no mesmo período do ano anterior. Em Pernambuco durante o mesmo período a taxa cresceu de 8,2% para 13,3%, uma das variações mais significativas (+5,1 pontos percentuais).

Essas são taxas médias que estão se elevando não só porque aumentou o número de pessoas demitidas pelas empresas, mas também porque tem gente – antes inativa – entrando no mercado de trabalho. Conceitual-mente, só é contabilizado como de-sempregado uma pessoa que esteja ativamente buscando emprego. As-sim, os demitidos somados àqueles que passam a entrar no mercado de trabalho constituem o contingente de desocupados que atingiu, no País como um todo, 11,2 milhões de pes-soas, ao final do primeiro trimes-tre de 2016. Todavia, impressiona os

A desocupação para a juventude compromete no presente e no futuro suas ambições pessoais e também profissionais

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Arquiteta Juliana barreto pesquisa a vida do industrial Othon bezerra de Melo e do casarão onde ele morou

arquitetura

O coronel que virou empresário

Um resgate de parte da histó-ria pernambucana está sen-do feito pela arquiteta Juliana Cunha Barreto. Ela pesquisa

a vida do coronel Othon Lynch Bezerra de Melo, industrial que marcou épo-ca ao construir um império de fábricas têxteis. Othon também ergueu a rede hoteleira de alcance internacional que levou seu nome. Além da biografia, Juliana prepara uma pesquisa sobre o casarão onde morou o coronel e sua fa-mília localizado na Av. Rui Barbosa, no bairro das Graças. O palacete, por sinal, será a sede da edição da Casa Cor deste ano em Pernambuco, badalado evento da área de arquitetura e decoração.

A incursão da arquiteta na vida do arrojado empresário começou quan-do realizou, pelo governo do Estado, o projeto de restauração da antiga Fábri-ca da Macaxeira que pertenceu ao coro-nel. A edificação foi recuperada para abrigar a Escola Téc-nica Estadual Miguel Ba-tista, um trabalho em que Juliana precisou mergulhar no Recife de fins do Século 19 e das primeiras décadas do Século 20 para não perder as características arquitetônicas e históricas do local. Afinal, elas represen-tam a memória de uma indústria em-blemática que deu origem ao bairro da Macaxeira. "A pesquisa resultou no li-

antes e DePois. OThOn ADquRiu O SObRADO COlOniAl E O REFORMOu EM ESTilO ECléTi-CO. A RESiDênCiA FOi viSiTADA POR vÁRiAS PERSOnAliDADES COMO OS iRMãOS KEnnEDy

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vro Nos teares da história- Entre a fábrica e a escola, uma restauração, lançado na Fliporto no ano passado. Na ocasião a família do coronel Othon se interessou em continuar a pesquisa e me pediu para fazer a biografia dele", conta a ar-quiteta.

Nascido em Limoeiro, Othon já trazia no DNA a vocação para o ramo têxtil. Seu pai construíra um patrimônio graças aos negócios de armazém de algodão e te-cidos naquela cidade do Agreste. Juliana ainda não sabe precisar ao certo porque o chamavam de coronel. "Uma das hipó-teses é que era dessa maneira que se re-feriam às pessoas influentes da elite nas décadas de 1910 e 20", supõe.

Ao chegar ao Recife em 1905, Othon abriu a primeira loja de teci-dos na Rua da Cadeia (atual Marquês de Olinda). Os negócios foram pros-perando e em 1925 adquiriu a Fábrica de Apipucos. "Era pequena e obsole-ta. Mas ele comprou 50 hectares do seu entorno para ampliá-la", revela a arquiteta. No terreno, o industrial construiu a vila operária para a resi-dência de seus trabalhadores. Tam-bém montou um aparato urbanístico de apoio aos trabalhadores, como es-cola, igreja, clube de recreação, lojas de armazém, cinema, posto médico e dentário. "A infraestrutura repre-sentava um mecanismo de controle da mão de obra fabril, contribuindo para que o operariado permanecesse próximo à fábrica", explica Juliana, acrescentando que a iniciativa tam-bém garantiu admiração dos em-pregados ao coronel Othon.

Ele teve ainda outras três fá-bricas no Recife, além de unidades em outros Estados. Carismático, influente, membro do Instituto Arqueológico, Othon costuma-va escrever artigos para os jor-nais. Seu império foi erguido ao longo da linha férrea que ligava Limoeiro, onde ficavam as plan-tações de algodão, ao Recife. O trem passava pela Av. Norte onde se localiza a Macaxeira e seguia para Forte do Brum e de lá se distribuía para as linhas do Centro onde estavam seus ar-mazéns. Num deles, em seus andares superiores, Othon montou em 1917 o primei-ro empreendimento voltado

arquiteta.casa. Em paralelo à biografia de Othon, Juliana pesquisa o casarão onde o empre-sário morou com a mulher Maria Amália e seus 11 filhos. Dados preliminares da pesquisa foram encaminhados à orga-nização da Casa Cor. Uma curiosidade é o fato de o palacete representar um período no qual o Brasil - Pernambuco incluído – queria se modernizar. Assim, casarões coloniais eram reformados e transformados em residências no estilo eclético, o que mereceu críticas de algu-mas vozes regionalistas da cidade.

Além da modernização, a mu-dança também tinha como objetivo atender as premissas do Plano de Sa-neamento do Recife, de autoria do en-genheiro Saturnino de Brito, cujas medi-das previam sistemas de abastecimento d´água e de esgotamento sanitário para a cidade e, consequentemente, para as habitações. “O imóvel foi submetido a obras de reforma e ampliação, para fins de modernização estética, mas também de higienização dos compartimentos internos, dado as demandas de sanea-mento, vigentes com os novos códigos municipais”, explica a arquiteta.

Para realizar a mudança, Othon con-tratou o arquiteto de Giácomo Palumbo. Graduado na Academia de Belas Artes da França, Palumbo tem entre seus projetos o Palácio da Justiça e o prédio da antiga Escola de Medicina, no Derby. Colunatas centrais, arcadas laterais ao gosto eclético e uma varanda foram introduzidas, ca-muflando a imagem primitiva do sobra-do. A residência recebeu ainda ladrilhos no piso, com estampas e combinações

diversas para cada ambiente, além de vitrais nas paredes, e uma escada monumental.

Cenário de fotografia, de encontros familiares e even-tos festivos, o casarão chegou a receber os irmãos Kennedy, nos anos de 1960, quando os políticos norte-americanos receberam a bênção do bispo. O casarão tem sido conser-vado pelos descendentes do coronel, embora hoje esteja desabitado. Mas com tantas histórias que a edificação evo-ca, seria interessante que fosse alvo de um projeto cultural que propiciasse a visita pública para além da Casa Cor.

juliana cunha

Esse trabalho é continuação da pesquisa feita no restauro da Macaxeira que virou livro" para hospedagem. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, investiu no setor, crian-do a rede Othon, com atuação em vá-rias cidades do País e no exterior. “Mas ele gostava do Recife”, ressalta Juliana. Em 1948 volta à capital pernambuca-na porque queria morrer em Pernam-buco. “No dia em que ele morreu quis fazer um passeio pelo Recife para levar na memória as suas paisagens”, relata a

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Avanço tecnológico e educação sem qualidade aumentam o desemprego

mercado de trabalho

Os novos deserdadosClamente Rosas

Comecemos por recordar o conceito marxista do “exér-cito operário de reserva”, responsável por manter o

nível de remuneração do proletaria-do industrial no mínimo necessário à sua sobrevivência. Era nesse contin-gente populacional, composto pelos que fugiam à servidão dos feudos e à desorganização da agricultura da metrópole provocada pela pilhagem das colônias, que a indústria podia sempre reabastecer-se, a baixo cus-to, de “máquinas de carne”, para re-por as baixas do seu efetivo.

Comparando esse quadro com a situação prevalecente hoje em nosso país, vemos que as relações feudais no meio rural já não persistem. Mas, por outro lado, o avanço tecnológico faz com que a indústria empregue cada vez menos gente. E a própria agricul-tura, pelo processo incontrastável da mecanização, continua dispensan-do mão de obra. Os filhos do campo emigram para as cidades, onde as fá-bricas, em sua evolução, mal abrem espaços para os filhos dos seus pró-prios trabalhadores. O desequilíbrio continua, formando o contingente daqueles que podemos rotular como os novos deserdados.

Nos países desenvolvidos, em que a educação é universalizada, esses indiví-duos, bem ou mal, conseguem inserir-se

a dos integrantes do “exército de reser-va” de que falava Marx.

Assim, o foco da esquerda – hoje definida por Lionel Jospin, essencial-mente, como uma moral, aquela da solidariedade e da busca pela igualda-de entre os homens – deve voltar-se para esses desvalidos. Mas como fazer para socorrê-los e promovê-los?

A dificuldade logo surge pela sua composição diversificada e dispersa. Só a miséria os aproxima. Como con-graçá-los, para canalizar seus pleitos, discutir a viabilidade de eventuais apoios, instrumentá-los para a ci-dadania? Experiência interessante nesse sentido foi tentada, nos pri-meiros governos de Miguel Arraes, como prefeito do Recife e governador de Pernambuco, através da criação das “associações de bairro”, mas não se tem informação precisa sobre sua continuidade e seus resultados.

Uma coisa é certa: a política de simplesmente assegurar-lhes uma renda mínima, do tipo “bolsa família”, sem nada exigir em contrapartida, só se justifica como medida emergencial e temporária. E a razão já foi, há mui-tos anos, enunciada pelo cancioneiro de Luiz Gonzaga: a esmola, para um homem que é são, ou o mata de vergo-nha, ou vicia o cidadão. Como alerta o senador Cristovam Buarque, incansá-vel pregoeiro da educação para todos, se a brusca suspensão de tal programa agora seria uma tragédia, a necessida-de de sua manutenção, daqui a uns 20 anos, seria tragédia ainda maior.

Afinal, está a me parecer, bem como a um número crescente de pensadores, que a única coisa obje-tiva a ser feita, para perseguir a meta de uma sociedade mais igualitária, é dar a todos as mesmas oportunida-des de crescimento, através de uma educação de qualidade. A mesma escola para ricos e pobres, patrões e empregados, patriciado e povo. Assim, todos poderão conquistar a “titularidade” (entitlement) para o consumo, como bem conceituou Amartya Sen, e também contribuir para o progresso do seu país, na ple-nitude da cidadania.

no heterogêneo setor de serviços. (Sabe--se que menos de 5% da população dos Estados Unidos continua empregada na agropecuária). Mas em regiões subde-senvolvidas, como o Nordeste, o destino de muitos é a marginalidade, onde so-brevivem como biscateiros, vendedores ambulantes, engraxates, guardadores de carros, catadores de lixo, mendigos ou criminosos. E nem a hipotética pers-pectiva de absorção pelo setor industrial pode colocar-se: eles não têm a qualifi-cação exigida pela indústria moderna. Nesse sentido, sua situação é pior do que

* Clemente Rosas é consultor e escritor.O conteúdo deste artigo é extraído da Revista Será (www.revistasera.info)

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33Algomais • Junho/2016

gestão maistgi consultoria em gestão

www.tgi.com.br

Atrasar salário não é a solução

Diante da conjuntura atual da economia bra-sileira, as empresas se têm deparado cada vez mais com apertos de

caixa e dificuldades para conseguir empréstimos bancários. Esse cená-rio de crise tem feito com que al-gumas organizações atrasem os sa-lários de seus empregados, atitude que pode até parecer uma solução momentânea mas que tem poten-cial de se transformar numa bola de neve e trazer consequências sérias.

O atraso na folha de pagamento pode ser comparado a uma situação muito corriqueira na vida dos bra-sileiros: o endividamento pelo uso do cheque especial. Por conta da comodidade, muitas pessoas aca-bam utilizando o crédito oferecido com taxas de juros das mais altas do planeta. E como sabemos, a partir do momento que alguém utiliza o cheque especial pela primeira vez, se livrar dele pode ser um grande problema.

Da mesma forma, as empresas que optam por atrasar os salários como estratégia financeira acabam criando o hábito de contar com aquele “crédito” no começo do mês e não pensam em outras alternati-vas que possam resolver a questão definitivamente, como avaliar uma possível redução ou redireciona-mento da equipe e eliminar gastos menos estratégicos.

A partir do momento em que

uma organização não cumpre o acordo básico feito com seus empregados, que é pagar pelos serviços prestados na data previamente es-tabelecida, o efeito rebote pode ser ainda mais grave. O profissional sente-se des-considerado, desrespeitado e angustiado por conta dos proble-mas financeiros reais que terá que administrar... Isso vai resultar em desmotivação e, lógico, queda da produtividade.

A empresa, além de ter que arcar com custos financeiros por conta do endividamento, ainda terá que ad-ministrar a perda de credibilidade e do “direito” de cobrar o desem-penho das equipes. Além disso, essa situação ainda pode deixar a empresa vulnerável, já que a falta de dinheiro para pagar as contas pessoais, por exemplo, pode levar os empregados ao cometimento de atitudes extremas...

A melhor estratégia de gestão para lidar com a crise ainda é o pla-nejamento e o acompanhamento de perto dos impactos no desempenho financeiro e operacional, inclusive no que diz respeito à conquista de novos clientes. Somente assim será possível visualizar ne-cessidades e possibilida-des de cortes em custos e de aumento de receita, visando à retomada do equilíbrio financeiro.

“Não é o empregador quem paga o salário, mas o cliente.”

John Ford, 1863-1947, fundador da Ford

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Em meio ao sucesso do forró estilizado, surge nova geração de sanfoneiros que se mantém fiel ao ritmo tradicional

são joão

Pé de serra resiste

O mês de junho é especial para os amantes do forró. Afinal, é na época dos fes-tejos juninos que o ritmo é

mais tocado e traz consigo as tradi-ções do interior do nordeste brasileiro. No início, o forró retratava o univer-so rural do sertanejo, e teve em Luiz Gonzaga como principal nome e re-presentante Brasil afora. A evolução, entretanto, fez o ritmo ser transfor-mado. Além das zabumbas e triângu-los, instrumentos característicos do forró tradicional, foram incorporados elementos da música pop, o que se deu o nome de forró estilizado.

Apesar do crescimento notório desse novo gênero, o forró tradicional ainda se mantém firme no cenário mu-sical. Segundo Anselmo Alves, pesqui-sador da área, ainda há poucos espaços para apresentações da tradição em Per-nambuco, diferente de outros Estados do Nordeste. "Fui há pouco tempo no Rio Grande do Norte e lá há um evento feito na rua mesmo. Eram trios com sanfo-na, triângulo e zabumba. O local estava cheio. Algo magistral. Então, há possi-bilidades, sim, de se fazer um circuito de qualidade", diz.

Para recuperar o espaço perdido, o ritmo deve se reinventar. Para Ansel-mo, as letras devem ser escritas sobre temas atuais. "O forró mais tradicional precisa de um rumo. Tem que romper com o olhar caricato e se profissiona-lizar. Parar de falar do cheio do cango-te, do arrastar da chinela. Dá pra fazer músicas com temas mais contem-porâneos", sugere. A opinião é com-partilhada por José Luiz de Lima, o inovação. "A GEnTE nãO PRECiSA Só FAlAR DE SECA E FOME", DEFEnDE luiZinhO DE SERRA

yago GouvêiaDi

vulga

ção

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Luizinho de Serra, de apenas 29 anos, um dos sanfoneiros mais promissores da nova geração. "A gente não precisa mais fazer um retrato copiado do Ser-tão e só falar de seca, fome e da triste-za do sertanejo. Podemos utilizar uma linguagem mais moderna, mas sem vulgarizar nas letras. O importante é ter conteúdo", afirma.

Para Luizinho, o crescimento e o surgimento de bandas de forró esti-lizado não atrapalha o desenvolvi-mento de artistas que seguem a linha tradicional. "Eu acho que tem espaço para todo mundo. Eles fazem do jeito deles e nós fazemos o nosso. Graças a Deus, estão surgindo novos nomes para fugirmos da mesmice. Acho que o cenário está bom, mas pode melho-rar muito ainda", afirma. Segundo o músico, a união entre artistas que defendem e fazem o ritmo de raiz é fundamental. "Temos de nos unir em prol da bandeira da nossa cultura. Defender o que Luiz Gonzaga criou. Tenho certeza que nos próximos anos vamos fazer com que nossa cultura chegue no mais alto pedestal, porque ela merece", completa.

Luizinho, aliás, destaca os novos artistas que tem a oportunidade de levar o forró tradicional de volta aos holofotes. "Existe o Fulô de Mandaca-

ru, que participou do programa Supers-tar, que é algo super importante, temos também Lucy Alves, que está em Velho Chico, da Rede Globo. Essa nossa gera-ção, tenho certeza, que vai chegar na grande massa. Sempre respeitando os grandes nomes da história, sem dene-grir a imagem da música. Vamos man-ter um padrão com qualidade", projeta.

Marcelo Alves da Silva, mais co-nhecido no meio musical como Marce-lo de Feira Nova, há 34 anos está envol-vido com o forró. Para ele, o ritmo é de extrema importância em sua vida. "Pra mim é tudo. Peguei na minha primeira sanfona aos 13 anos de idade. Aos 16, já estava tocando nas rádios. É muito im-portante para todos nós que tocamos. Toco e vivo dele até hoje", conta.

Diferente de Luizinho de Serra, o sanfoneiro entende que o forró pop é um obstáculo para o desenvolvimen-to do tradicional. "O que vejo é uma desvalorização do forró criado por Gonzaga. Estamos passando por um momento estranho. O pessoal que faz algo mais estilizado consegue entrar na mídia e ganha muito dinheiro. O forró vem da sanfona", defende. En-tretanto, apesar das dificuldades, Marcelo já possui shows agendados em cidades como Limoeiro, Feira Nova - sua terra natal - e Recife.

anselmo alves

Forró tradicional têm que parar de falar do cheiro do cangote, do arrastar das chinelas e abordar temas contemporâneos"

tv. SEGuiDORES DA MúSiCA DE RAiZ TEnTAM ESPAçOS nA MíDiA, COMO O FulÔ DE MAnDACARu, quE PARTiCiPOu DO PROGRAMA SuPERSTAR

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Destruído no incêndio em 1632 pelos holandeses, Mosteiro de São bento foi totalmente reconstruído no Século 18

arruando pelo Recife e por Olinda

A casa das muitas históriasleonardo Dantas Silva

Ao chegarem em Olinda, em 1592, os primeiros bene-ditinos ocuparam, inicial-mente, a Igreja de São João

Batista, no Amparo, transferindo-se três anos mais tarde para a Capela de Nossa Senhora do Monte. Devido à distância que separava esse reco-lhimento da área urbana da primi-tiva Vila de Olinda, os monges ad-quiriram, em 1598, as terras do Sítio da Olaria no Varadouro da Galeota, onde, no ano seguinte, iniciaram a construção do atual Mosteiro de São Bento que veio a ser um dos mais be-los exemplares da arte religiosa do Brasil colonial.

Com a invasão holandesa, foi o mosteiro, a exemplo de outras igrejas situadas no sítio urbano e de todo o casario da vila, completamente des-truído pelo incêndio de 25 de novem-bro de 1632.

As ruínas do que restou da primiti-va Vila de Olinda aparecem em gravu-ra, desenhada por Frans Post e publica-da no livro de Gaspar Barlaeus (1647).

Expulsos os holandeses em 1654, a paz voltou à capitania e os monges puderam retornar ao seu mosteiro e assim iniciar as obras de reconstrução. Uma nova igreja vem a surgir, entre 1688-92, segundo registro da Crônica do frei Theodoro da Purificação, na qual aparecem referências à sacristia

em pedra e cal, com arcazes em ama-relo vinhático e pintura de seis painéis com cenas da vida da Virgem Maria, bem como às obras dos retábulos e ca-deiral da capela-mor.

Na segunda metade do século 18, o Mosteiro de São Bento foi inteiramente reconstruído e novamente decorado. Nessa reforma, José Luiz Motta Mene-zes, foi ampliado o corpo de sua igre-

ja, cujo claustro ainda permanecia inacabado em 1764. Foram instaladas novas tribunas (1746-50), construí-da a torre do campanário (1750-53), com 25,08 m de altura, e levantado o atual frontispício (1760-63). Este úl-timo obedeceu ao projeto do mestre--pedreiro Francisco Nunes Soares, também autor das fachadas da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos

exPosição. AlTAR-MOR DA iGREJA FOi ExibiDO nO MuSEu GuGGEnhEiM, DE nOvA yORK

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foi novamente remontado pelos res-tauradores e solenemente instalado em 25 de outubro de 2002.

O altar-mor do Mosteiro de São Bento pesa 12 toneladas, distribuídas numa estrutura formada por 54 blocos, unidos entre si através de garras de aço inoxidável, com argolas para o deslo-camento. Por ocasião dos trabalhos de restauração foram usados, no conjunto de sua talha dourada, ouro de 22 quilates com efeitos visuais em laca.

Digna de uma visita é a sacristia do

Mosteiro de São Bento de Olinda, um dos exemplares mais importantes do patrimônio artístico brasileiro. Nela trabalhou o habilíssimo pintor e doura-dor José Eloy da Conceição (1785-86), autor de outros trabalhos em São Pedro dos Clérigos e Matriz de Santo Antônio do Recife.

Ainda no mosteiro beneditino exerceu suas atividades o habilíssimo pintor Francisco Bezerra (1791-92), autor dos oito painéis (215 x 120 cm), pelos quais recebeu 159$000, com cenas da vida de São Bento, copiadas de estampas originárias de Portugal, dispostas sobre o arcaz e paredes da sacristia.

Sendo assim, depreende-se que “a igreja do mosteiro foi construí-

Montes Guararapes (1785-86) e da capelinha de Nossa Senhora da Con-ceição da Jaqueira (1761-63).

Durante o terceiro período da administração do abade frei Miguel Arcanjo da Anunciação (1783-86), foi executado o atual altar-mor, que ainda em nossos dias desperta a aten-ção por sua suntuosidade. Por essa época, foram realizados pagamentos no valor de 55$000 ao mestre Gregó-rio (1784-85), responsável pela con-fecção das imagens de São Gregório e Santa Escolástica, atribuindo-se à mes-ma oficina a con-fecção das tribunas e portas da capela--mor, bem como o coro com o seu ca-deiral.

O altar-mor do Mosteiro de São Ben-to tem o seu risco atribuído ao bene-ditino português frei José de Santo An-tônio Vilaça, que o projetou seguindo as formas de um bar-roco tardio, numa transição do rococó para o neoclássico. Nas dimensões de 13,80 metros de al-tura por 7,80 metros de largura, nele se encontram hoje às imagens de São Ben-to (176 cm) e Santa Escolástica (176 cm), confeccionadas pelo mestre Gregório e estofadas pelo pintor Francisco Xavier.

No ano de 2001, foi o altar, amea-çado pelos cupins, totalmente des-montado a fim de ser restaurado pelos conservadores da Fundação Joaquim Nabuco. Os trabalhos tiveram início em 23 de janeiro e se estenderam até 23 de agosto do mesmo ano, quan-do foi o conjunto transportado para o Museu Guggenheim de Nova York. Entre 26 de janeiro e 1º de junho de 2002 esteve o altar-mor do Mosteiro de São Bento de Olinda em exposição naquele museu, tendo sido apreciado por um público estimado em 500 mil pessoas.

Voltando ao seu local de origem,

da em diferentes épocas: no óculo da portada aparece a data de 1761, no alto da fachada lateral a de 1779 e na lateral da sacristia a de 1783. Em 1860, o mosteiro passou por comple-ta restauração, destacando-se a vasta capela-mor e todo o seu douramen-to”.

Entre as imagens do acervo, mere-cem atenção especial o Crucificado do coro, executado entre 1790-91, e a do Menino Jesus de Olinda, moldada em barro cozido por Frei Agostinho da Pie-

dade entre os anos de 1635 e 1639, com 40 cen-tímetros de altura. Vale destaque a imagem de São Bento do altar-mor e o tesouro do mosteiro.

Nas dependências da biblioteca do Mosteiro de São Bento, foram insta-lados, em 15 de maio de 1828, os Cursos Jurídicos de Olinda que ali funcio-naram até 1852, quando vieram a ser transferidos para o Palácio dos Go-vernadores e, dois anos depois, para o Recife. Motivaram a transfe-rência dos Cursos Jurí-dicos de São Bento, “as reiteradas solicitações a respeito por parte dos padres do mosteiro, que se viam privados de uma grande parte do mesmo, os danos causados pe-los estudantes, a quebra

da paz do claustro e da sua disciplina religiosa pelo desrespeito reinante, e enfim pelos incômodos e desassossego em que vivia a comunidade”.

Segundo Pereira da Costa, o salão da biblioteca ficava em um extremo do grande edifício, sobre a sacristia da igreja, medindo 16 m de extensão por 9 m de largura. À exceção das aberturas das janelas e portas, “todo o espaço era revestido de estantes, bastante desfal-cadas de livros, faltando, seguramente, uma terça parte”.

O conjunto encontra-se inscrito como Monumento Nacional no livro das Belas Artes v. 1, sob o n.º 179, em 17 de julho de 1938, e no livro Histórico v. 1, n.º 86, em 17 de julho 1938 (Processo n.º 50-T/38).

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38 Algomais • Junho/2016

Não existe o gênio em tempo integral. A genialidade é um estágio, uma condição men-tal superior, iluminada, que

algumas pessoas privilegiadas conse-guem alcançar quando desenvolvem determinadas atividades. Geralmente uma por pessoa.

Supergênios, como Leonardo Da Vinci e Michelangelo Buonarroti, por exemplo, atingiam a condição em mais de um ramo de atividade. Figuras raríssimas na História. Contam-se nos dedos da mão esquerda.

Mais comum, se é que se pode usar a palavra comum quando o assun-to diz respeito à raridade, é que tais personagens desenvolvam seu talento em atividades específicas. Geralmente nas áreas da cultura, dos esportes, da tecnologia, da política, dos negócios. Porém nenhum setor da atividade humana é território vedado aos cha-mados gênios da raça. E eles se fazem presentes em todos os setores.

Carol Fernandes de Aguiar e Silva, limoeirense, publicitário, recente-mente falecido em Gravatá, seu refú-gio por opção, foi um gênio da pro-paganda. Em um nível tão aguçado que será difícil fazer justiça a sua obra através de palavras. Um iluminado que deu o seu recado regionalmente, porque o Nordeste, principalmen-

UM GêNIO CHAMADO CAROL

ARTIGO ESPEcIAL

José nivaldo Júnior

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39Algomais • Junho/2016

te Pernambuco, foi o seu palco, o seu foco, a sua motivação, o seu objetivo.

Propagandas brilhantes existem desde muito tempo. Mas não vamos longe na História. Fiquemos na época eletrônica, do rádio e da televisão, veí-culos para os quais Carol direcionou o melhor do seu talento. Esses veículos proporcionaram os momentos áureos da publicidade mundial. Criaram for-matos específicos, a exemplo dos jin-gles e spots, para rádio, e dos filmes ou VTs de 15”, 30” ou 60”.

Chamadas genericamente de co-merciais, tais peças costumam ser atrativas, porque chamar a atenção é o primeiro requisito da boa propaganda. Portanto, não são raros, nas rádios e principalmente nas televisões brasi-leiras, nordestinas e pernambucanas comerciais marcados pelo brilhantis-mo.

Entretanto, é da natureza da pro-paganda ser fugaz. Poucas, muito poucas, permanecem muito tem-po no ar. E menos ainda continuam sendo lembradas, desafiando o tem-po, a enxurrada de concorrentes em permanente renovação, a fragilidade da memória. As que vencem esses obstáculos e continuam sendo men-cionadas, solicitadas e emocionando gerações constituem o certificado da genialidade.

É o caso das criações de Carol Fer-nandes. Sua obra tem muito a ver com o ser limoeirense e lá ter vivido sua in-fância e parte da juventude. E lá ter se tornado comunicador.

Ter raízes na interior marca pro-fundamente os espíritos criativos. Porque é lá que se encontra a alma, o espírito de uma nação. A vida nos pe-quenos centros, ainda hoje, apesar das diferenças sociais bem determinadas, proporciona uma proximidade maior, uma convivência mais direta entre pessoas de classes sociais diversas.

Sem subestimar a força multicul-tural das metrópoles, quem vive no interior toma praticamente todo dia um banho de alma do povo. Compar-tilha convivências e sentimentos im-pensáveis nas grandes cidades.

Foi esse espírito, esse perfil, essa determinação criativa que Carol Fer-nandes trouxe no seu matulão quando

veio batalhar a vida no Recife, como radialista. Locutor apenas mediano, ainda bem. Porque essa circunstância o direcionou para a área onde encon-traria espaço para desenvolver o seu talento e a sua ousadia.

Como todo gênio que se preze, Carol quebrou paradigmas. A propa-ganda brasileira, na época, imitava a norte-americana. A de Pernambuco tendia a imitar a do Centro Sul. Exis-tiram na era pré-Carol criações mara-vilhosas de talentos pernambucanos, alguns fizeram carreira nacional.

Mas foi ele quem introduziu o re-gional na publicidade e convenceu grandes anunciantes a bancar a ousa-da aposta. A falar do povo para o povo. Respeitosamente. Ironizando, às ve-zes, porque o bom humor é funda-mental. Transformando personagens populares, que antes só apareciam como caricaturas, em verdadeiros protagonistas. O matuto é o herói de diversas de suas propagandas.

Carol utilizou como mote, mui-tas vezes, os sentimentos populares, inclusive religiosos, sem nunca ten-tar tirar proveito fácil das crenças do povo. Sem nunca as tratar como cren-dices. Um filme antológico das Casas José Araújo sobre a festa de Nossa Se-nhora da Conceição é um exemplo e um símbolo.

E assim com as festas do ano, os causos contados nos folhetos de cor-del, as relações sociais e familiares. E mergulhando fundo no íntimo das pessoas, de uma forma inusitada, sur-preendente, inesquecível. Inventando musas eternas. Davanira, é ela.

Criou bordões inesquecíveis. Como exemplo, no filme do cego, venden-do óculos, a genialidade começa pela concepção. Ele escolheu o mais im-provável garoto-propaganda para o cliente Casa Lux que se possa ima-ginar. E consegue emplacar em um único comercial duas frases que fazem parte do que de melhor a humanidade produziu em todos os tempos: primei-ro, “quando você não quer, qualquer desculpa serve”; depois: “Não é que um cego não possa ser feliz. Mas é bem melhor ser feliz vendo tudo”. Arrepia, só de escrever.

O museu da propaganda de Per-

nambuco começa bem se começar com os filmes e jingles maravilhosos de Carol Fernandes. Mas você, caro leitor, se não teve a ventura de sentir a emoção de assistir ao vivo as cria-ções de Carol, brilhando sempre ines-peradamente como uma explosão de estrelas no meio da programação co-mercial das emissoras, pode procurar no YouTube ou em algumas páginas de amigos nas redes sociais que não vai demorar a encontrar.

E se teve a sorte de assistir, ao vivo e em cores, não se faça de rogado, re-cordar é viver.

Carol Fernandes está para o Nor-deste no mesmo patamar de outros gênios, como Luiz Gonzaga, na mú-sica, e Ariano Suassuna, na literatura, para lembrar apenas dois bambas.

Tiramos o chapéu à sua memória.E o povão gostando. Para sempre.

*José Nivaldo Júnior é publicitário, escritor, membro da Academia Per-nambucana de Letras

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40 Algomais • Junho/2016

baião de [email protected] Freire

o brasil Dos Presos

Tomem nota disto: temos no Brasil 622.202 presos. Essa é a quantidade oficial fornecida pelo Ministério da Justiça em dezembro de 2014. A partir de 2000, até a data da divulgação (2014), o País ganhou 389.477 presos, ou seja, um au-mento de 167%. Cresce o número de presos e encolhe o de vagas. Hoje, faltam 250.318 no sistema penitenciário. Agora tome nota: mais de 50% desses en-carcerados estão por prisão temporária. Presos que ainda não foram julgados.

a crise no estaDo islâmico

A merda cobriu para o lado do grupo terrorista mais rico do mundo. Os jihadistas, depois que construíram um sistema de propaganda capaz de atrair para o crime milhares de jovens de todas as partes do planeta, estão perdendo força e vendo a riqueza desabar. Em março de 2015 tive-ram uma receita de US$ 80 mi-lhões e as finanças começaram a cair numa média de 30% ao mês. Ainda estão com 6 milhões de pessoas no território que domi-nam. Mas esse número já foi de 9 milhões.

coisas Do cÉrebro

De aorcdo com uma peqsisea ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e a útmlia lteras etejasm no txeto.

rePentista

Este verso do cantador Diomedes Ma-riano está saindo num livro de homena-gem ao repentista, recentemente fale-cido, João Paraibano: “João, que cantava tão bem/ Infelizmente partiu/ Um coveiro amigo meu/ Me disse ontem que viu/ Pela Luz da lua nova/ Um verso rachou a cova/ Pediu licença e subiu.

no senaDo

O presidente Renan disse que apren-deu com o pai: “Comer pouco, dor-mir muito e não brigar com mulher”. Falta saber o que foi que ele aprendeu com a mãe.

atÉ Davi?

Está no livro “Davi, a vida real de um herói” que o maior rei de Israel era inescrupuloso, violento, manipula-dor e mentiroso. E mais: não venceu a batalha contra o gigante Golias. Está na Bíblia, mas a história foi roubada de outro soldado.

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41Algomais • Junho/2016

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42 Algomais • Junho/2016

ninho De Palavras

[email protected]

Minha sogra diz, com toda razão, que sou bucho de piaba. Sabe o que isso significa? Segundo o dicionário

de pernambuquês, pessoa fofoqueira. Aquele que não guarda segredo.

Verdade! Minha sogrinha querida tem razão. Se você tiver algo secreto não me conte, de jeito nenhum. Sinto coceira na língua e vontade incontro-lável de passar adiante a coisa proi-bida. Saboroso é deter o sentimento de poder durante aqueles valiosos minutos. Sim, sustento somente por alguns instantes. Nada mais além disso. Meu recorde foi de três sufo-cantes horas. Pensava que ia morrer entupido. Até que vomitei o sigilo para o primeiro que apareceu na mi-nha frente. Ufa! Que alívio!

Se a fofoca é da boa, ligo imedia-tamente para mãe:

-Não sei se conto.-Vai menino, diz logo.-Não sei se não conto.-Vai menino.-É uma bomba, mãe! Tu não tem noção.-Conta looogooooo!

Por sacanagem, antes de contar, desligo na cara dela, só para apimen-tar o mistério. Logo o telefone toca:

Bruno, conteeee...eu sou sua mãe...estou mandando.

- Não sei se conto.- Vai! Filho da mãe!- Não sei se não conto.- Ah, menino danado! Vou desligar!- Tá bom! Tá bom! Eu contoooo!

Dano-me a dividir a confidência com mãe. Tive a quem puxar. Ali gosta de “dois dedos de prosa”, viu!? Meu pai não era diferente. Pense num macho

fofoqueiro. Quando sabia de alguma novidade, entrava em casa assoprando. Quando era história de chifre gritava: “é gaaaaaiaaa”! E a gente pulava feito pipoca atrás dele: “Quem? Quem foi? Quem é o corno? Conta logo!”

É bom demais isso de falar da vida alheia. Desde que seja sem maldade, claro. Sem diminuir ninguém. Só para divertir e colocar cadeira na calçada. Confesso que sinto remorso, mas se o proprietário do segredo não o segura, por que o farei? Só guardo segredo meu. Segredo dos outros comparti-lho. Afinal, quando o senhor possui-dor da reserva me revela aquilo que não deveria relatar, perdeu, naquele exato momento, a propriedade sobre

Bucho de piaba bruno mourY FernanDes

Cronista

a confidência. A intimidade deixa de ser alheia e passa a ser própria. Vira patrimônio meu. A partir daí, faço o que bem entender.

Se és o legítimo proprietário de um bem valioso chamado segredo, por fa-vor, não o divida comigo. Não arrende, empreste, doe, alugue, venda, enfim, não pactue com este bucho de piaba o seu te-souro porque, certamente, descumprirei o acordo avençado. Ademais, não terás como cobrar multa, em razão da incon-testável ausência de previsão contratual.

Falando nisso, vocês não sabem o que me contaram ontem...

Não sei se digo......Conto?- Alô, mãe!?...

Meu recorde foi de três sufocantes horas. Pensava que ia morrer entupido. Até que vomitei o sigilo para o primeiro que apareceu na minha frente. Ufa! Que alívio!

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43Algomais • Junho/2016

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44 Algomais • Junho/2016

Joca Souza leão*

Pano Rápido

Se não me falha a me-mória, estávamos aí por junho, julho de ‘98. Um velho amigo, na épo-ca nem tão velho assim

(agora, anda trelando no céu – ou no inferno, como dizia ele prefe-rir), ganhou de presente de ani-versário uma caixa com os quatro comprimidos azuis mais famosos do mundo (hoje há outros): viagra.

Nenhum de nós, presentes à farrinha masculina na casa do aniversariante, tinha visto ainda um viagra ao vivo e a cores. Não era fabricado nem vendido no Brasil e, lá fora, creio, só com re-ceita médica. Além de custar uma nota, coisa para bicos nobres e viajados. Para um sessentão, pre-tenso e reles copulador de classe média, um presentão.

Várias lendas já corriam sobre os efeitos do viagra. Boas e más. “Matou um cara nos Estados Unidos”, disse um dos amigos. “Li no Time”, reforçou ele, dando ênfase ao nome da revista, para que, em inglês, a notícia ganhasse mais credibilidade. “É verdade”, dis-se o único médico presente. “Não é a minha praia, como vocês sabem, mas já li tudo sobre a sildenafila, princípio ativo do Viagra.” “E aíííí?” – clamaram todos, uníssonos. “E aí, meus caros, é que o paciente americano tinha uma cardiopatia isquêmica grave, meio pé na cova, usuário de nitratos, um isordil desses da vida, vasodilatador, e como o viagra também é vasodilatador, so-maram-se os dois e, não deu outra, o galego pipocou. Mas, quem não toma nitratos tá liberado.” “Viva a liberda-de!” – vibrou a pequena plateia.

Entre as boas histórias com viagra, lembro a do casal de velhinhos pre-so num aeroporto americano vindo de Londres, com não sei quantos mil comprimidos de ecstasy. O velhinho disse ao policial da alfândega, com ares de marido traído: “Eu sabia que ela estava contrabandeando compri-midos. Só não sabia que eram ecstasy. Pensei que fossem viagra.” (A apre-sentadora Lillian Witte Fibe teve um ataque de riso no ar, enquanto lia a notícia no Jornal Nacional).

Na minha época de rapazinho (era assim que se dizia, nada a ver com “coisa de veado”), havia a pomada japonesa. Nós éramos abordados pe-los vendedores nos bares que tinham mesas nas calçadas, como Savoy e Mustang, e nos bares da Zona. Todos. O camarada chegava à mesa da gente com uma pasta de executivo (chama-

da de 007) fechada. Se tivesse mulher na mesa, ele tinha um cuidado: abrir a pasta de um jeito que só os homens vissem o seu conteúdo. Cortadores de unha, baralhos de plás-tico e de mulheres peladas, relógios falsificados de mar-cas famosas, óculos escuros, isqueiros (a gás, inclusive), piteiras, chaveiros, lanternas, lupas e as tão famosas quanto secretas (razão do pudor do vendedor) minilatinhas ver-melhas: pomadas japonesas.

No Bar Mustang, cer-ta vez, o vendedor errou no volume da voz e uma me-nina que estava na mesa, feminista de carteirinha, protestou alto e bom som: “Como é que é a história? Que danado tem aí, qu’esse vendedor cretino disse que

ia levar as mulheres ao delírio?” E puxou a pasta 007 pra ela. “Pomada japonesa? Não tá com nada! Nem se compara ao vick vaporub!” O ven-dedor murchou na hora e nunca mais baixou em nossa mesa.

E não é qu’eu já ia me esquecendo do amigo que ganhou o viagra de ani-versário? “E aí?” – perguntei no dia seguinte. “E aí o quê?” – respondeu ele, bancando o desentendido.

– O viagra, pô!– Como a moça que eu esperava não veio ontem à noite, tomei-o sozinho mesmo, quando acordei. Só pra testar. – ??? – Tomei o café da manhã como está-tua do Marechal Deodoro: espada em riste.

* Joca Souza Leão é cronista

[email protected]

Dese

nho:

Rica

rdo M

elo

CAFÉ COM LEITE E VIAGRA

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45Algomais • Junho/2016

O Shopping Patteo Olinda está no foco principal

da cidade, ao lado de um hipermercado consolidado

e movimentado, cercado por empresas, escolas

e hospitais. Uma região madura estruturalmente

e com economia circulante já existente.

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46 Algomais • Junho/2016

João Alberto [email protected]

berenice anDraDe lima

governaDor Paulo câmara, ministro henriQue alves eos secretÁrios FeliPe carreras e camilo simões

brilho Feminino 

Berenice Andrade Lima é uma das figuras mais queridas do Recife, sempre destaque nos eventos a que compare-ce. Engenheira química de formação, com especialização em gerenciamento de projetos e gestão ambiental, já ocupou importantes cargos, como diretora da Agência Estadual de Meio Ambiente, secretária de Meio Ambiente de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho. Ela foi nomeada pelo prefeito Geraldo Julio para comandar a Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo do Recife. Casa-da com o deputado Cadoca Pereira, está sempre presente nas suas atividades políticas.

o terreno

O então governador João Lyra Neto teve o bom senso de não assinar a doação a Odebrecht do terreno de 240 hectares onde seria construída a Cidade da Copa, ao lado da Arena Pernambuco. Agora o terreno, que continua pertencendo ao governo do Estado, deve ter nova destinação.

em suaPe

No projeto de Michel Temer está à venda de 49% do contro-le da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco, comple-xo industrial químico-têxtil de Suape, que é estatal.

a nova marca 

O turismo de Pernambuco ganhou nova logomarca, cria-da pela agência BG9, que fez uma bonita adaptação para acrescentar um coração, justificando o novo slogan “Per-nambuco Coração do Nordeste”. A peça foi lançada duran-te a Destination Brazil, em Porto de Galinhas e a primeira peça entregue ao ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pelo governador Paulo Câmara e os secretários Feli-pe Carreras e Camilo Simões.

sem interessaDos

A crise do País tem trazido problemas em todas as áreas. Até agora não apareceu um só interessado nas obras em Pernambuco incluídas no pacote de concessões do gover-no federal: a duplicação da BR-232, a reforma da BR-101 no trecho urbano e o Arco Metropolitano.

Pernambucano

O Marcos Frota Circo Show breve ganha cidadania per-nambucana. Passou seis meses no Memorial Arcoverde. três na Mascarenhas de Moraes e agora faz temporada jun-to do Paulista North Way Shopping.

PresiDente

Marta Freire foi eleita presidente da Comissão do Conse-lho Nacional de Conciliação e Mediação das Defensorias Públicas brasileiras.

aPoio

O Recife Convention Bureau está dando total apoio à implanta-ção da União Brasileira dos Promotores de Feiras do Nordeste, que será comandada pela pernambucana Tatiana Menezes.

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47Algomais • Junho/2016

João Alberto

gustavo e Priscila krause

O que secomenta...

... por aí

QUE a TAM deve transfe-rir para o próximo ano seu projeto de implantar hub no Nordeste. QUE Paulo Câmara ainda não definiu a data da viagem que fará à China, como convidado do governo daquele país.

QUE A rede Ramada de Hotéis planeja construir hotel con-ceito no Recife Antigo. QUE a frequência no Compaz do Alto Santa Terezinha tem superado a todas as expecta-tivas. QUE o Paço Alfândega faz ações para receber novas lojas no próximo semestre.

joaQuim Francisco

sucesso De Priscila   

Priscila Krause é uma das grandes revelações da política pernambucana. Bri-lhou como vereadora do Recife e agora como deputada estadual, sempre man-tendo uma posição de independência. Ela segue os passos do pai, o ex-minis-tro, ex-governador, ex-prefeito, ex-deputado e ex-vereador Gustavo Krause, que deve ser uma peça importante na formulação do seu plano de governo como candidata a prefeita do Recife.

eleição

A advogada Diana Câmara elaborou um manual sobre as eleições 2016,que alerta sobre novas regras de prazos, financiamento de campanha, pres-tação de contas. Virou leitura obriga-tória dos que vão disputar as eleições municipais de outubro.

boa iDeia

Projeto de lei de Augusto Coutinho obriga que a data de validade dos produtos seja impresso em negrito sobre uma tarjeta branca, permi-tindo fácil visualização. Em alguns atualmente é tarefa quase impossível conseguir vê-la.

telinha

Hermila Guedes e Jesuíta Barbosa vão estrelar série ambientada em Triun-fo, que será exibida no Canal Brasil. O roteiro é de Hilton Lacerda e os cin-co capítulos são adaptações de con-tos dos escritores nordestinos Sidney Rocha, Ronaldo Correia de Brito, Hermilo Borba Filho e José Carlos Viana.

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48 Algomais • Junho/2016

memória pernambucana

O homem que mudou PernambucoCid Sampaio marcou época como governador e senador, ao criar inovações como a Cilpe, a Coperbo e o bandepe

Marcelo Alcoforado

Se você revisitar a história per-nambucana, vai encontrar a economia da cana-de-açúcar como causa da elevação de Per-

nambuco ao patamar de a mais próspe-ra capitania da colônia. A monocultura canavieira, no entanto, a par de produ-zir riquezas, inibiu nosso espírito em-preendedor. Indústrias, cingidas pra-ticamente a tecidos e fumo, quase não existiam, exceto duas usinas de açúcar. O mais era insignificante, do ponto de vista econômico, e empresarialmen-te amadorístico. Mesmo assim, com os pés fincados no solo árido do atraso, Pernambuco tinha a visão focada no desenvolvimento.

O comercio, por seu turno, não dife-ria do cenário industrial. O significativo era controlado pelos estrangeiros, o irre-levante, pelos brasileiros. Isso, contudo, não se esgotaria aí.

Os dourados anos 1950 assistiram ao nascimento de importantes iniciativas brotadas do clima desenvolvimentista da época, como a Sudene, embora ainda mais importante haja sido a concerta-ção política que resultou no movimento Frente do Recife.

O sonho de modernidade acalentado pelos pernambucanos estava ao alcance da mão, e teria como instrumento a po-lítica, chegando-se à chapa encabeça-da por Cid Sampaio, que derrotou João Cleofas de Oliveira.

Além de eloquência e da inteligência fulgurante, Cid Sampaio era apoiado por uma das maiores campanhas políticas de Pernambuco, a primeira do gênero pro-duzida por uma agência de publicidade, que se fez procedimento hoje tão corri-queiro. Como hoje, faziam-se, inclusive, as pesquisas de opinião, tão fundamen-tais para o êxito da candidatura. Slogans, textos para jornais e rádios (os principais meios de comunicação da época), eram discutidos amplamente.

Ancorava tudo, a Vicar, agência de Vicente Silva, realizador, depois, da Fe-cin, famosa feira recifense. Atenta às oportunidades, a agência funcionou bem. Tanto que pouco antes da votação, diante da greve dos produtores, publicou anúncio no Diario de Pernambuco, com o título “um líder para o Estado líder do Nordeste”. Salientava ser Pernambuco o Estado que liderava o Nordeste, mas que, para corresponder à realidade, precisava

ter o que há muito não tinha, um líder. Alguém como Cid Sampaio, que nunca falhara nos momentos decisivos da vida pernambucana, como o movimento do Código Tributário, que deixou de ser rei-vindicação de uma classe, tornando-se repúdio do povo à prepotência, ao des-mando, à má-fé.

Eleito em 3 de outubro de 1958 go-vernador de Pernambuco, ele tomou posse em 31 de janeiro do ano seguinte, inaugurando novos tempos para o Es-tado. No seu governo foi construída a Companhia Pernambucana de Borracha Sintética (Coperbo), voltada para pro-duzir a borracha a partir do álcool da cana-de-açúcar. Isso sem tomar em-préstimo, mas com o dinheiro do ICM, que tivera a arrecadação aumentada com a emissão dos Bônus BS, selos entregues ao comprador por ocasião da compra de mercadorias.

Não foi só isso. Criou o Banco de De-senvolvimento do Estado de Pernambu-co (Bandepe) e instalou na capital per-nambucana a Cilpe, fábrica de laticínios e de beneficiamento de leite, com unida-des receptoras do produto nas principais bacias leiteiras do Estado.

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49Algomais • Junho/2016

Politicamente, ele se caracterizou pelo pragmatismo com que defendeu os interesses pernambucanos. Opôs-se ao Movimento Militar de 1964, porém filiou-se à Arena, partido situacionista, e por ele foi eleito, em 1966, deputado fe-deral. Em 1978, candidatou-se a senador em uma sublegenda da Arena, enfren-tando como adversários Jarbas Vascon-celos do Movimento Democrático Brasi-leiro, o famoso MDB, e Nilo Coelho, este também da Arena, contudo apoiado pelo governador Moura Cavalcanti. Graças à soma dos votos das duas sublegendas da Arena, Nilo Coelho sagrou-se vencedor, e Cid Sampaio, segundo votado, como seu suplente. Quando Nilo Coelho fale-ceu, em 1983, Cid passou a ocupar, em caráter permanente, o cargo de senador, até o fim do mandato, em 1987.

Mas sua dinâmica não se limitou à política. Também esteve à frente das cau-sas classistas, tanto que ocupou vários e destacados cargos, como presidente da Federação das Indústrias e primeiro pre-sidente eleito do Centro das Indústrias, criado para realizar estudos econômicos comparativos entre as diferentes regiões brasileiras, assumindo também a presi-dência da Cooperativa dos Usineiros.

Foram incontáveis as homena-gens recebidas por ele. Entre as tantas que lhe foram outorgadas: a Medalha de Mérito Tamandaré; a Medalha do Mérito Industrial; a Grã-Cruz da Ar-gentina; a Grã-Cruz da Itália; a Gran-de Oficial da Ordem do Congresso Nacional; a Medalha do Clube de En-genharia de Pernambuco e, em 2002, o título Expoente de Pernambuco, concedido pela Assembleia Legislati-va do Estado.

Cid Feijó Sampaio, usineiro e indus-trial, quinto filho do agricultor e industrial Mendo de Sá Barreto Sampaio e de Sofia Feijó Sampaio, formou-se em química, no Recife, e em química Industrial, no Rio de Janeiro. Estudou ainda mais, engenha-ria civil, seguido por engenharia indus-trial, sociologia e biologia, formando-se em todos. Como se viu, foi um homem versátil, vasto, intelectualmente inquieto, instrumentado para discutir os problemas não só de Pernambuco, mas do Brasil.

Nascido e morrido no Recife, o ho-mem que mudou Pernambuco veio ao mundo em 7 de dezembro de 1910 e dele se foi em 30 de setembro de 2010, às vés-peras de completar 100 anos.

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Com a divulgação dos números do IBGE para o primeiro trimestre do ano, uma esperança se acendeu no painel da crise: a queda do PIB pa-rece ter batido no fundo do poço no

quarto trimestre de 2015 (-5,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior) e a recupera-ção parece ter-se iniciado no primeiro trimestre de 2016 (-5,4%). É pouca coisa, mas é a primei-ra vez que há uma redução da queda em relação ao trimestre anterior desde o final de 2014.

Se essa tendência vier mesmo a se confir-mar no segundo trimestre de 2016, será uma evidência de que a recessão purgativa que ti-vemos que sofrer por conta do descontrole da inflação terá surtido seu efeito (a taxa que em 2016 superou os dois dígitos, já começou a re-cuar em direção ao teto da meta que é 6,5% ao ano). Isso, acrescido da sinalização dada pelo novo governo de início do controle do desar-ranjo fiscal de curto prazo, pode ser a senha do retorno da confiança dos agentes econômicos (que consomem e que investem), sem a qual nenhuma recuperação econômica é possível. A esse respeito, o ICC (índice de Confiança do Consumidor) da FGV parece também já ter saí-do do fundo do poço em maio passado (subiu de 64,4 em abril – o menor da série histórica cujo máximo foi 127,8 em abril/2012 – para 67,9 em maio).

O sentimento de uma boa parcela dos ana-listas econômicos é o de que, se essa tendência de recuperação se firma, teremos um segundo semestre melhor e um final do ano superior ao

Início do fim da crise

Consultore arquiteto

fio é superar a crise e conseguir sair no fim do túnel em melhor estado geral do que quando entramos...

No médio prazo, todavia, uma questão avulta como crucial para o futuro do País: a reforma política. Segundo o cientista político Murillo de Aragão, “a Lava-Jato tem o condão de simplesmente destroçar o sistema político brasileiro”. Ela veio deixar meridianamente claro que o sistema político-partidário-elei-toral do País está falido. Se não conseguirmos reformá-lo a tempo, a crise conjuntural pode até ser ultrapassada, mas a estrutural, não. Mais cedo do que tarde vamos nos ver às voltas com novos dissabores...

[email protected]

No médio prazo, todavia, uma questão avulta como crucial para o futuro do País: a reforma política

do ano passado. Vamos torcer, então, por este cenário econômico de curto prazo e, do ponto de vista empresarial, continuar aguentando o tranco desta recessão que já se configura como a pior desde 1930. Uma coisa é certa: quando essa crise, de fato, passar, do ponto de vis-ta econômico, teremos tanto um País quanto empresas melhores e mais eficientes. O desa-

Francisco cunhaúltima página

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