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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1
Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP
Criada pela Lei Estadual Nº 15.300, de 28/09/2006, credenciada pelo Decreto Estadual Nº
3909, de 01/12/2008, publicado no D.O.E Nº 7861, de 01/12/2008.
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA
O ENSINO DA GEOMETRIA E A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS
DE ÁREA E PERIMETRO EM OBJETOS RETANGULARES
CÍCERO ROGÉRIO SANCHES 1
FERNANDO OLIVEIRA DA SILVA 2
RESUMO:
Este artigo relata a implementação do projeto desenvolvido no decorrer do Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Rede Pública Estadual do Paraná, no
Colégio estadual Hermínia Lupion no município de Ribeirão do Pinhal, no primeiro
semestre de 2014. Mostra o percurso da realização do projeto, os desafios
encontrados e resultados obtidos. Apresenta pontos relevantes da Unidade Didática
desenvolvida como apoio pedagógico ao desenvolvimento do projeto na escola.
Aponta as contribuições trazidas pela interação no Grupo de Tutoria em Rede (GTR)
e demais atividades durante o curso do trabalho na expansão do assunto abordado:
área e perímetro. Os resultados desta implementação apontam a importância de se
trabalhar os conceitos de perímetro e área em objetos retangulares e que a forma de
abordagem diferenciada traz maiores benefícios para a aprendizagem.
PALAVRA- CHAVE : Geometria; Área; Perímetro; Retângulo.
1 Cícero Rogério Sanches: Professor de Matemática da SEED-PR , Pós Graduado em Matemática pela Faculdade São Luis de
Jaboticabal-SP e Habilitação em Física pela UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná. 2 Fernando Oliveira da Silva: Especialista em Matemática, docente de Matemática da UENP- Universidade Estadual do Norte
do Paraná – CCHE-CAMPUS JACAREZINHO.
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INTRODUÇÃO
Através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), ofertado pela
Secretaria de Estado da Educação do Paraná pudemos dar início a este trabalho,
que possibilita uma parceria com as universidades do estado e focaliza a atualização
profissional por caminhos que permeiam constantemente teoria e prática.
Este artigo relata a experiência da realização do projeto com a implementação
pedagógica realizada no Colégio Estadual Hermínia em Ribeirão do Pinhal no
estado do Paraná que ocorreu no primeiro semestre do ano letivo de 2014 e contou
com o envolvimento do corpo discente e docente. Este trabalho propõe ser mais um
instrumento de discussão e esclarecimento de dúvidas sobre como trabalhar com
medidas de perímetro e área. Ao incentivar o estudo da geometria é preciso priorizar
a ideia de que utilizamos tais conceitos em vários lugares e situações do cotidiano, é
preciso também conscientizar nossos alunos que a geometria está presente ao seu
redor.
A sociedade precisa estar ativa nas questões escolares e não apenas
esperar que as melhorias aconteçam de uma hora para outra. No âmbito das
melhorias no desempenho da escola todos precisam participar e cabe a escola
capacitar seus profissionais, através de cursos, debates, realizando práticas com
esclarecimentos sobre este conteúdo.
Para Brunner (2004), a educação está inserida na sociedade e como toda
criação humana deve se reinventar. O autor ainda cita que:
“As esperanças se misturam com as frustações; as utopias, com as realidades. Os governos medem seu grau de sintonia com a sociedade da informação baseando-se no número de escolas conectadas e na proporção de computadores por alunos. Os especialistas avaliam e criticam, os professores têm de se adaptar a exigências até ontem desconhecidas, e os empresários oferecem produtos, serviços, marcas, experiências e ilusões em um mercado educacional cada vez mais amplo e dinâmico.” (Brunner, 2004. p.17e18)
Neste trabalho sobre medidas, particularmente sobre as medidas do
retângulo, figura que esta presente na maioria das construções humanas o professor
tem que criar situações para que os jovens despertem para a importância destes
conceitos e lhes permita observar em sua casa ou na rua que a maioria dos objetos
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criados pelo homem a televisão, geladeira, sofás, portas, janelas possuem formas
retangulares.
Para que o aluno aproveite as ferramentas que a matemática lhe disponibiliza,
é necessário que ele tenha uma compreensão do significado dos conceitos
estudados e que a sua curiosidade seja aguçada para as possibilidades de utilização
dos mesmos.
“A aprendizagem da matemática na sala de aula é um momento de interação entre a matemática organizada pela comunidade científica, ou seja, a matemática formal e a matemática como ”ferramenta” atividade humana. Em primeiro lugar, não devemos nos esquecer de que o professor‚ uma pessoa, que organiza, ele próprio a sua atividade matemática. Mesmo que uma pessoa seja cientificamente treinada, sua atividade não segue necessariamente as formas dedutivas aprovadas pela comunidade científica. Em segundo lugar, mas não secundariamente, a matemática praticada na sala de aula é uma atividade humana porque o que interessa nessa situação é a aprendizagem do aluno.” (CARRAHER, 1994, p. 12).
DESENVOLVIMENTO
Despertar nos educandos um interesse a aprender matemática, em especial a
geometria embora pareça, aos olhos de alguns professores, tarefa difícil não o é
pelo fato de que a geometria está imersa na realidade que rodeia nossos alunos e
sua importância no cotidiano das pessoas é visível. Segundo Rogenski “Estamos
imersos num mundo de formas. Para onde quer que se direcione o olhar, as idéias
geométricas estão presentes no mundo tridimensional, seja na natureza, nas artes,
na arquitetura ou em outras áreas do conhecimento.” Para a autora a geometria é
um ramo da matemática de extrema importância. A autora ainda cita que:
“...favorece a percepção espacial e a visualização, sendo conhecimento relevante para as diferentes áreas, permitindo que o aluno desenvolva sua percepção, sua linguagem e raciocínio geométrico de forma a construir conceitos.”(Rogenski, p. 02).
Entretanto segundo Pavanello (1989), houve um gradual abandono do ensino
da geometria, principalmente nas escolas públicas iniciado pela promulgação da Lei
5692/71. E o que desde de então tem-se criado uma polêmica ao redor desta
situação e gerado debates entre educadores de matemática, pedagogos e agente
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envolvidos com o ensino esta disciplina acerca da importância do ensino de
geometria.
A Geometria encontra-se nas mais diversas situações cotidianas e o estudo
de seus conceitos contribui para o desenvolvimento das percepções dos seres
humanos. Ainda de acordo com os PCNs:
Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de Matemática no Ensino Fundamental, porque através deles, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive”. (PCN Matemática, 1997, p. 39)
Logo a valorização do ensino da geometria se faz necessária, uma vez que
podemos verificar sua presença nos formatos das construções civis e nos contornos
da natureza, sendo assim vemos a geometria como um segmento matemático de
suma importância para o crescimento e futuro da humanidade.
A pergunta sob o qual este trabalho está envolto é: O aluno está preparado
para trabalhar com a geometria e reconhece-la dentro do seu cotidiano? Os alunos
conseguem perceber a interdisciplinaridade no estudo da geometria e visualizar a
sua presença?
Pretendeu-se, então, com essas questões iniciais, primeiramente entender
este problema na escola e posteriormente dar esclarecimentos e noções para que
os alunos tivessem subsídios para trabalhar este tipo de conteúdo também aplicar
medidas que promovessem a conscientização de toda a comunidade escolar em
relação a esta prática. Os sujeitos da pesquisa foram alunos do 9º ano do do Colégio
Estadual Hermínia Lupion. Os dados utilizados nessa pesquisa foram coletados em
sala de aula durante todo o desenvolvimento do projeto. Por sua vez uma revisão da
literatura auxiliou também na realização da análise sobre o ensino de geometria e a
pergunta geradora.
As atividades desenvolvidas neste trabalho pretenderam estimular o potencial
de cada aluno, bem como o bom relacionamento em grupo. Foi pensado na
perspectiva de integração entre alunos e professores, por isso a geometria foi
escolhida como forma de possibilitar um maior desenvolvimento de educando,
buscando fazer com que o mesmo assimile os conceitos relacionados com o tema.
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A UNIDADE DIDÁTICA E SUAS CONTRIBUIÇÕES
Na elaboração desta produção, houve toda uma fundamentação com
objetivos a serem atingidos, focando sempre melhorias para o ensino e a
aprendizagem na escola pública. A produção pedagógica escolhida foi a Sequência
Didática.
Esta Sequência Didática priorizou ao estudo da Geometria, levando ao
conhecimento de professores, alunos, pais, enfim, a toda a comunidade escolar,
destacando o conhecimento, sua importância e sua presença no cotidiano de todos.
A Unidade Didática contribuiu de maneira positiva para elaboração desse
projeto, através da utilização dela os alunos puderam observar a importância do
tema e sua aplicação no dia a dia. O professor para conseguir a adesão dos alunos
iniciou as atividades apresentando um vídeo de rock “para quebrar o gelo” e se
aproximar dos alunos, mostrando que a geometria não é apenas aplicada dentro da
sala.
As atividades em sala foram sempre desenvolvidas na perspectiva de tentar
diferenciar área de perímetro, e diversas atividades foram realizadas para que os
alunos fossem capazes de compreender essa diferença. As atividades
desenvolvidas estavam de acordo com o Projeto de Implementação Pedagógica e
sua avaliação foi realizada durante o processo de realização do mesmo.
Antes de chegar a prática propriamente dita, foi introduzida a teoria em
cima do tema proposto “perímetro e área” para fundamentar a realização do projeto.
E para que o objetivo fosse alcançado foi necessária a adesão dos alunos e da
escola.
A Unidade Didática priorizou o estudo da Geometria, levando ao
conhecimento de professores, alunos, pais, enfim, a toda a comunidade escolar,
destacando o conhecimento, sua importância e sua presença no cotidiano de todos.
O material foi disponibilizado aos professores e alunos para que trabalhos
educativos fossem desenvolvidos a partir do mesmo e o também servisse de fonte
de apoio constante para a atuação pedagógica do professor.
Visando explorar as dificuldades encontradas pelos alunos sobre os
conteúdos abordados e procurar melhorar as deficiências existentes, todo material
utilizado em sala de aula pelos professores, serviram de suporte, para a produção
de trabalhos, exposições. Trouxemos para a sala de aula: dúvidas, polêmicas e
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discussões; que enriqueceram a aprendizagem. Por parte dos alunos houve
desconhecimento do material inicialmente, mas que posteriormente serviu de
estímulo de assimilação de conteúdos.
DISCUSSÃO DOS DADOS
Uma atividade foi realizada antes da implementação em sala de aula do
projeto sobre “Área e Perímetro”, com o objetivo de análise sobre os conhecimentos
prévios que os alunos tinham sobre o tema.
Aplicamos em sala de aula perguntas básicas para que fosse auferido o
nível de conhecimento dos alunos e também para que fosse observado o método de
resolução das atividades.
Ao todo foram aplicadas 10 (dez) perguntas de nível básico, como: Você já
calculou a área e o perímetro de retângulos?; Desenhe 5 (cinco) retângulos
encontrados dentro da sala de aula e calcule sua área e perímetro; Qual a diferença
entre área e perímetro?.
Tabulando os dados verificamos os seguintes resultados: 73,5% dos alunos
acertaram 05 (cinco) questões, 64,7% acertaram 06 (seis) questões, 52,9%
obtiveram 07 (sete) acertos, 35,2 % acertaram 08 (oito) questões e 23,5% acertaram
09 (nove) das questões apresentadas, mostrando o nível de conhecimento dos
alunos sobre o tema. Esta atividade foi satisfatória pois atingiu seu foco o qual era
verificar o nível de conhecimento dos alunos e despertar o interesse destes sobre o
tema apresentado.
Ainda uma segunda atividade foi aplicada após o desenvolvimento do
trabalho. Ao fazemos avaliações antes e depois da implementação do projeto
pudemos criar um comparativo de acertos dos alunos. Observando que os mesmos
tinham certas dificuldades na resolução de problemas com o conteúdo proposto por
este trabalho, podemos verificar a partir do gráfico a seguir que houve um maior
número de acertos após o desenvolvimento do trabalho.
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Constatou-se que as atividades sobre área foram as que obtiveram mais
dificuldades pelos educandos. A tabela mostra a porcentagem de acertos de cada
exercício por parte dos alunos após a implementação do projeto, onde foram
evidenciadas melhorias na aprendizagem de área e perímetro nas figuras
retangulares.
O gráfico acima revela que foram realizados 11 exercícios com vários níveis
de dificuldades, em que foram feitos questionamentos com desenhos de retângulos,
com desenhos de caixas de embalagens, figuras de plantas de apartamentos que
apresentam todas as suas repartições com formatos retangulares.
O exercício 1 foi o que apresentou maior aproveitamento, já que era sobre o
conceito de perímetro, a qual todos assimilaram durante as aulas e, também por ser
somente a soma dos lados.
No exercício 5, verificou-se que as dificuldades encontradas foram maiores,
já que se tratava de um exercício de área, em que os educandos não conseguem
abstrair o cálculo do exercício, pois necessitam vivenciá-lo na prática.
Pudemos verificar também que as maiores dificuldades foram nas atividades
que envolviam o conceito de área notamos, através do relato de alguns alunos, que
eles não tinham estudado esse tema nas séries anteriores.
De maneira geral por meio do gráfico acima inferimos que houve melhoras
na aprendizagem de área e perímetro nas figuras retangulares.
0
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 EXERCÍCIOS
TOTAL DE
ACERTOS
ALUNOS - ANTES ALUNOS - DEPOIS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Incentivar a melhoria do ensino da matemática nas escolas públicas a partir
de nossas experiências de implementação é o que pretendíamos. Esse trabalho
possibilitou que os alunos pudessem compreender melhor o conceito de área e
perímetro e as atividades propostas auxiliaram para isso.
Podendo até ser vista com repulso por parte do alunado a Matemática tem
papel fundamental na vida do ser humano. Mas só com práticas diferentes que saem
da mesmice do dia a dia, os alunos puderam aprender os conceitos propostos por
este trabalho. Utilizar materiais pedagógicos nos formatos geométricos desperta
interesse e vontade de aprender por parte dos alunos. E os faz lembrar de situações
vividas por eles no dia a dia .
Cabe a nós professores de matemática utilizarmos ferramentas que
estimulem a motivação e a inovação sempre buscando o diferencial nas aulas de
matemática e estimulando o ensino da Geometria.
Ao final deste trabalho pude perceber o quanto ele pode ajudar tanto aluno
com o professor uma vez que a integração entre ambos foi muito valiosa para a
construção de um conhecimento. Os alunos tiveram a oportunidade de observar a
matemática por outro ângulo. Diferente da forma que eram acostumados a vivenciar
durante anos de sua vida escola. Para o professor serviu como um incentivo para
que mesmo após o final do programa devemos continuar a programando nossas
aulas e pensando em sua aplicabilidade no cotidiano e com isso aproximando o
ensino da matemática com a realidade dos alunos.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais. MEC, 1997.
BRUNNER. José Joaquim: Educação e Novas Tecnologias: esperança ou incerteza? Brasília: Unesco, 2004.
CARRAHER, Terezinha, et al. Na vida dez, na escola zero. São Paulo: Cortez, 1994. PAVANELLO, Regina Maria. O abandono de ensino de geometria: uma visão histórica. 1989. ROGENSKI, Maria Lucia Cordeiro; PEDROSO, Sandra Mara Dias. O ensino da geometria na educaçao básica: realidade e possibilidades. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/44-4.pdf Último acesso em: 05 jan 2015