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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … · 4. Compreender, analisar e respeitar o ritmo do raciocínio de cada aluno é

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE MÁQUINAS TÉRMICAS

Wilson Rogério Mostacchio1

Prof. Dr. Ricardo Francisco Pereira2

Resumo

O presente trabalho é parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), etem como objetivo produzir uma Sequência didática sobre Máquinas Térmicas usandometodologias diferenciadas. Contrariando um pouco da ordem didática tradicional de algunslivros textos mais conhecidos, iniciamos os conteúdos do 2º ano, propondo aos alunos umquestionário investigativo, com questões sobre máquinas térmicas, leis da termodinâmica eciclo de Carnot. O diagnóstico serviu para verificação dos conhecimentos que os alunosapresentam sobre o assunto e para obter informações que servirão como ponto de partida parauma melhor organização do conteúdo visando uma melhor aprendizagem dos alunos. A partirdesse momento propomos e articulamos metodologias diferenciadas, permitindo aos alunosrelacionar os conteúdos com seu cotidiano, facilitando a interação entre o conhecimento e suasaplicações. Neste sentido, percebeu-se que houve um interesse maior dos alunos peladisciplina de Física por essa metodologia ter apresentado os conteúdos de formacontextualizada, permitindo a participação e o envolvimento dos alunos no processo ensinoaprendizagem, levando-os a entender que a Física está presente no seu cotidiano, além deajudá-los a compreender melhor o mundo em que está inserido.

PALAVRAS-CHAVES: Ensino de Física; Sequência Didática; MáquinasTérmicas.

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi produzido e implementado no período de 2014/2015,

abordando os conteúdos da Termodinâmica, por meio de uma Sequência

Didática, possibilitando aos alunos apropriar-se de recursos de ensino e

metodologias diferenciadas, relacionando os conteúdos ensinados com os

conhecimentos prévios que possuem.

A importância dessa proposta tendo como ponto de partida o

conhecimento prévio do aluno, antes de aprofundar e relacionar o conteúdo

que se pretende abordar, pode gerar benefícios aos alunos, por permitir uma

participação direta na construção do conhecimento. Conforme ressalta Pereira

e Aguiar (2006), não se pretende fazer do aluno um cientista, mas oferece-lhe

condições de aprender, planejar e conduzir suas ações, de modo que ele possa

1 Colégio Estadual IV Centenário2 Departamento de Física. Universidade Estadual de Maringá

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contestar as ideias de senso comum e construir noções de conhecimento

científico.

Concordamos com Cargnin et al (2013), quando diz que diante das

possíveis dificuldades que a realidade educacional possa apresentar, se faz

importante que os professores, discutam, elaborem e desenvolvam atividades

que problematizem os conceitos científicos a partir do conhecimento prévio do

aluno.

Assim, com a perspectiva de atender às expectativas de uma sociedade

em constante transformação e possibilitar que cada aluno torne-se um cidadão

crítico, consciente e atuante, capaz de adquirir conhecimento melhorando a

qualidade do ensino, elaborou-se e aplicou-se esse projeto de intervenção

pedagógica, no qual a Física é um instrumento para atingir tais propósitos.

1) Fundamentação Teórica

Conforme PCN (1999), o aluno em sua caminhada escolar, deve ser

capaz de desenvolver competências e habilidades nas diversas áreas de

ensino. A Física, tratada como Ciências da Natureza, deve proporcionar uma

aprendizagem que possa contribuir para a formação de uma cultura científica

que permita ao aluno interpretar fenômenos, fatos e processos naturais que

seja útil à sua vida e ao trabalho em sociedade.

Sanches e Neves (2011, p.114) destacam que a estrutura atual do

ensino, representada pelos currículos, escolas de formação e livros didáticos,

não permitem aos alunos conhecer novas e velhas tecnologias, uma vez que,

descontextualizam descobertas e construções científicas, tornando-se limitada

a um processo de repetição e treinamento, com pouca informação.

Em razão desses fatores e de uma vasta concorrência tecnológica, vem

se tornando cada vez mais difícil para o professor ministrar suas aulas. Diante

de situações como essas e também da falta de interesse dos alunos, observa-

se a necessidade de demonstrar aos alunos que a Física está presente em sua

vida.

É natural que a Física esteja relacionada ao nosso cotidiano porque ela

se desenvolveu com o propósito de explicar os fenômenos naturais, no entanto,

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é muito comum encontrarmos situações onde essa relação não se aplica tão

facilmente. A falta de adequação na linguagem científica dificulta esse

entendimento. Na linguagem popular dizemos que estamos com calor, e não

sofrendo com os efeitos de uma alta na temperatura. Cientificamente sabemos,

que calor é a energia em trânsito, impossibilitando alguém de estar com ele.

É papel do professor saber convencionar esse linguajar popular, com o

técnico, para que os alunos relacionem os fenômenos naturais desde os mais

comuns até os mais complexos, e percebam a aplicação útil do que se estuda

na escola com seu cotidiano.

Freire (1996, p.25) lembra que “Ensinar não é transmitir conhecimentos,

mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. O

professor tem que trabalhar com a vivência, trazendo para a sala de aula

problemas do cotidiano dos alunos, mas que estejam relacionados com as

informações que o mundo lhe apresenta diariamente.

Acredita-se que um caminho eficiente para resgatar a objetividade e o

interesse dos alunos pela Física é o professor conseguir reconhecer as

concepções prévias ou alternativas dos estudantes. Segundo Coll et al. (1997),

os conhecimentos que os alunos possuem não são obstáculos para a

aprendizagem, mas são requisitos indispensáveis para ela, para o autor,

[...] determinar se existem ou não conhecimentos prévios sobre umnovo conteúdo de aprendizagem é uma questão difícil ou pelo menosdiscutível, pois dependerá de quem decide o que constitui oconhecimento prévio sobre tal conteúdo. Mas, de qualquer forma, senos colocamos na perspectiva do aluno, na lógica da concepçãoconstrutivista, é possível afirmar que sempre podem existirconhecimentos prévios a respeito do novo conteúdo a ser aprendido,pois, de outro modo, não seria possível atribuir um significado inicialao novo conhecimento [...] (Coll et al.1997, p.62).

Esse novo conhecimento dependerá tanto da qualidade, como da

quantidade de instrumentos de apoio e suporte que ele venha receber.

Na atualidade, o ensino de Física nas escolas não se aproxima do

desejado, nem na maneira de ensinar nem tão pouco nos conteúdos. A forma

de ensinar estabelece um conhecimento absoluto e eterno, não enfatiza a

relação dos fatos e a correlação entre eles. O conteúdo é inadequado, porque

se gasta muito tempo com assuntos de pouco interesse, não incentivando a

capacidade criativa e o espírito crítico (NASCIMENTO, 2010, p.5).

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Nascimento (2010), ainda destaca dentre outros problemas, a ênfase

exagerada dada à memorização de símbolos, fórmulas, teorias, a total

desvinculação entre o conhecimento físico e a vida cotidiana (fazendo com que

os alunos não consigam perceber as relações entre a Física, a natureza e o

seu cotidiano), a ausência de atividades experimentais planejadas (que

poderiam facilitar a compreensão e a produção do conhecimento) e o currículo

extenso, dentre outros.

O conhecimento é proposto aos alunos sem suas origens, sem

desenvolvimento, como algo absoluto, sem contradições e sem promover

desafios para a sua construção. Cada aluno é um ser com características

próprias, tem sua personalidade, necessidades, logo a maneira com aprende

um conteúdo também é específica. Para que o aluno aprenda, não depende

exclusivamente do professor dominar o conteúdo, mas em apresentar

metodologias e recursos capazes de envolver os alunos com suas

especificidades no processo de ensino aprendizagem.

Outra questão importante nesse fundamento, é que os professores

incentivem seus alunos a falarem, expor suas ideias e o que sabem, quando só

professor participa a aula ser torna um monólogo, e é necessário que exista

dialogo para aquisição do conhecimento.

Lopes (2004, p.95) ressalta que “é necessário que o ensino de Física

mobilize todo o tipo de saberes de que os alunos são portadores para que a

aprendizagem da Física possa ter lugar a partir das aulas”. No ensino de Física

atual, devemos buscar métodos e recursos que facilitem o processo de ensino

aprendizagem, pois ele depende muito da interação entre teoria e prática, e

essa integração deve acontecer através de meios diferenciados, utilizados

dentro ou fora da sala de aula, que comtemplem a maneira que cada aluno tem

de aprender. A experimentação não é um recurso inédito, mas quando utilizado

torna a aula diferenciada, inovando, e podendo facilitar a assimilação de

conteúdos no aprendizado de Física, por meio de pesquisa, ações em conjunto

e a busca pelo resultado, o mesmo ocorre para vários outros recursos de

ensino. Nessa construção certamente surgirão dúvidas, que podem ser um

novo recurso, se devidamente aproveitado para uma reflexão sobre a questão

a ser analisada.

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Compreender, analisar e respeitar o ritmo do raciocínio de cada aluno é

importante para o professor melhorar suas reflexões e avançar na construção

do saber. A falta ou baixa relação dos conteúdos de Física com a realidade do

aluno é um dos principais obstáculos para a sua aprendizagem.

O Ensino da Termodinâmica

A Termodinâmica é um dos conteúdos estruturantes do Ensino Médio

(PARANÁ, 2008 p.57), sendo estes, os conhecimentos e teorias que hoje

fazem parte da Física e servem de referência para a disciplina, além de ser a

ciência que trata das transformações de energia.

Não dá para estudar esse conteúdo, sem citar a descoberta do fogo e o

quanto ele significou para a evolução da humanidade. O professor deve

enfatizar os tópicos mais importantes que fundamentam a existência das

transformações e aplicabilidade do calor como forma de energia.

O conceito de calor e temperatura é fundamental no contexto de sala de

aula, já que essas palavras fazem parte do vocabulário cotidiano. Para o

entendimento das Máquinas Térmicas, também são necessários os conceitos

das Leis da Termodinâmica, o Estudo dos Gases, entre outros.

O ensino da Termodinâmica não ocorre como contempla a LDB, e acaba

sendo prejudicado por fatores como: falta de conhecimento do professor,

currículo extenso, ausência de instrumentos que instigue e facilite a

aprendizagem do conteúdo e relacione-o com o cotidiano, de modo que os

alunos possam por meio do raciocínio e da reflexão, construir o seu próprio

conhecimento.

Júnior (1981), nos diz que, a Termodinâmica é o conjunto de princípios

que regem a absorção e as transformações de energia e, segundo o autor,

quase tudo o que acontece envolve de alguma forma algum tipo de energia.

Percebe-se então, a importância do estudo da Termodinâmica para

compreensão das transformações que ocorrem no planeta,

[...] Em particular, duas leis da termodinâmica regulam, sem exceçãoconhecida, todos os fenômenos que envolvem transformações outransferências de energia (JÚNIOR, p.29).

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Concordamos com os pensamentos de Carvalho (2010), quando diz que

a escola precisa ensinar aos alunos os fenômenos da natureza que os

rodeiam, levando em consideração o que eles conhecem a respeito dos temas

abordados, possibilitando aos mesmos a oportunidade de examiná-los na

busca por explicações. A disciplina de Física pode contribuir muito para esse

aprendizado, compartilhando significados, informações e mostrando para o

aluno que o conhecimento não está pronto nem acabado, e o que ele tem

como verdade absoluta pode ser superado. Nos dias atuais não se pode

trabalhar meramente com conceitos e idéias científicas, e o aluno deve ser

capaz de construir suas hipóteses de modo a levá-lo a construção do seu

próprio conhecimento.

É necessário que os alunos entendam que a Termodinâmica é capaz de

lhe proporcionar uma compreensão além dos conceitos de calor e temperatura,

permitindo um conhecimento desde o desabrochar de uma flor, até a utilização

de um refrigerador para armazenar alimentos, colaborando para sua

alfabetização científica, estabelecendo assim a relação entre a ciência e mundo

cotidiano, permitindo que o aluno vá além da memorização de conceitos e leis

que regem esse conteúdo.

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná da Disciplina de Física

(2008), enfatiza a Termodinâmica a partir de suas Leis, trabalhando conceitos e

relacionando-os a conservação da Energia, a entropia e a trabalhos de

estudiosos como Boltzmann, que ajudam no fortalecimento de sua terceira lei.

No âmbito pedagógico, esses conteúdos podem estar ligados desde a

desordem de simples objetos, até à expansão do Universo. Diante disso,

verifica-se quão importante se faz o estudo da Termodinâmica no ensino de

Física, devendo ser levado além da memorização mecânica, que costuma

gerar uma reprodução sem mudanças daquilo que foi aprendido. Cabe ao

professor a função de estabelecer a relação entre essa ciência e o

conhecimento que faz parte do cotidiano do aluno.

A dificuldade em se ensinar a Física está pautada em conseguir levar os

alunos a despertarem interesse pelo que se ensina, já que existem tantos

outros atrativos que chamam a sua atenção. Para isso, o professor precisa

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utilizar recursos diversificados, fornecer materiais (como os que estamos

propondo nesse trabalho) e tirar o foco da matematização da Física, para que

os alunos se apropriem do conhecimento físico, estabeleça relação entre os

conteúdos e conceitos e que por meio do raciocínio e da reflexão construa seu

próprio conhecimento.

2) Procedimentos Metodológicos

Diante do contexto do que ensinar e de como ensinar a Física aos

nossos alunos, identificamos na metodologia de Sequências Didáticas uma

possibilidade de facilitar esse caminho e de promover ao professor a

oportunidade de verificar se os alunos estão compreendendo os conteúdos, e

os objetivos educacionais alcançados.

Na elaboração de uma Sequência Didática, o professor deve ter bem

definido seus objetivos, o que se pretende explorar, qual seu público alvo, quais

instrumentos e métodos serão abordados, o tempo que será destinado à

atividade, enfim, tudo o que for necessário para que se estabeleça uma relação

de diálogo entre professor e alunos com a efetiva participação de todos

(RESQUETTI, 2012).

A partir do momento em que o professor tiver planejado as etapas que

trabalhará com os alunos levando em conta os conhecimentos prévios, o

professor poderá promover um debate dando espaço e liberdade intelectual a

cada um, de forma a contextualizar as atividades e promover a construção do

conhecimento (RESQUETTI, 2012). A participação e envolvimento dos alunos

nesse tipo de proposta de ensino, é fundamental e o professor deve ser capaz

de motivá-los gerando curiosidade, o gosto pela ciência e a busca pela

investigação, levando o aluno a entender que a Física está presente no seu

cotidiano e que essa pode ajudá-lo a compreender melhor o mundo em que

está inserido e suas modernidades.

A Sequência Didática que propomos tenta estabelecer uma relação de

diálogo entre professor e alunos com a efetiva participação de todos. Para isso,

serão ofertadas atividades que relacionem e contemplem os conteúdos de

maneira que o aluno compreenda para além dos conceitos e leis físicas, ou

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seja, que ele consiga estabelecer a relação entre a Ciência e o mundo

cotidiano.

A estrutura da Sequência Didática compõe no total de 16 atividades com

o uso de variados recursos e materiais, dentre o uso de um questionário

investigativo para identificar os conhecimentos prévios, ao uso de vídeos,

discussão, pesquisas em grupos, animação em computador, análise de livro

didático, experimentos, debates, palestras, visitas, exposição em mural e

resolução de exercícios.

Para aplicação dessa Sequência Didática, foram escolhidos os alunos

do 2° ano do Ensino Médio, sendo que a mesma está prevista para ter uma

duração de 34 aulas de 50 minutos cada. O professor deverá promover e

mediar às atividades de maneira organizada, dando espaço e liberdade

intelectual a cada aluno, para que dentro das regras pré-estabelecidas, os

objetivos de ensino sejam alcançados.

A avaliação proposta é contínua, que diz respeito à observação direta

realizada pelo professor durante as atividades desenvolvidas, de forma

cumulativa a fim de analisar o progresso e crescimento intelectual do aluno,

tendo em vista a preocupação de formar alunos que pensem, participem,

argumentem e compreendam melhor o mundo em que está inserido.

Na atividade 1, elaboramos um questionário sobre: Leis da

Termodinâmica, Máquinas Térmicas, potência, gases, rendimento, ciclo de

Carnot, que será aplicado aos alunos para verificação dos conhecimentos

prévios sobre os temas, onde esses dados servirão para dar margem ao

processo seguinte, auxiliando o professor na articulação dos conteúdos com o

conhecimento dos alunos. Algumas questões são de múltipla escolha

apresentado alternativas para auxiliar o aluno na escolha da resposta que ele

julgar ser correta. Apresentamos também questões abertas, para dar liberdade

ao aluno de se expressar.

Na atividade 2, os alunos serão orientados sobre como devem agir para

a realização de uma pesquisa na internet, de modo que consigam informações

que forneçam esclarecimentos sobre o que foram indagados pelo questionário

investigativo, ou seja, que eles se apropriem de alguns conceitos sobre a

Termodinâmica, além de mostrar-lhes que a pesquisa é parte fundamental no

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processo de aprendizagem. Os alunos serão distribuídos em grupos de 5 ou 6

participantes (mantendo-os durante o trabalho).

A orientação é importante, uma vez que os alunos em sua maioria

dominam as tecnologias, mas desconhecem os riscos de obter informações

ruins e/ou distorcidas, pois nesse espaço virtual, toda pessoa pode publicar

informações sobre qualquer assunto que lhe convier, portanto o aluno deve ser

orientado a buscar informações em sites elaborados por instituições ou

pessoas responsáveis, cujo conteúdo publicado pode ser considerado de

confiança.

Na atividade 3, serão apresentados os resultados obtidos na pesquisa,

com um seminário envolvendo todos os alunos em seus respectivos grupos.

Também se fará uma comparação das informações obtidas com as

apresentadas no livro didático, discutindo com os alunos as ideias centrais,

instigando-os a formarem sua opinião a respeito.

Na atividade 4, utilizaremos diversos vídeos para relacionar o conteúdo

de Máquinas Térmicas, com situações cotidianas dos alunos. Após a

apresentação dos vídeos, aproveita-se para discuti-los com os alunos,

sugerindo a seguinte questão: Qual a condição fundamental para o

funcionamento de uma Máquina Térmica? Os alunos serão orientados a

registrarem em seus cadernos, o que mais lhe chamou a atenção durante a

aula.

Na atividade 5, será realizado uma leitura de textos sobre o conteúdo de

gases, para posterior discussão sobre o assunto.

Na atividade 6, propomos a realização de um experimento simples sobre

a expansão e contração dos gases. Nesse momento aproveita-se para discutir

com os alunos o que entenderam com a prática, que conceitos físicos foram

envolvidos no experimento, além de aproveitar para realizar uma analogia com

o interior de um motor a combustão, onde o rendimento desse tipo de máquina

está ligado as variações que ocorrem na pressão e volume dos gases

produzidos em seu interior. Lembramos que todas as abordagens e

discussões, assim como resultados serão anotadas pelos alunos, além de

providenciar os materiais necessários para a atividade.

Na atividade 7, será realizado a leitura e debate de um texto de apoio

sobre o funcionamento do motor de um automóvel e de uma geladeira. A

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discussão do material poderá acontecer a qualquer momento, não se fazendo

necessário o término da leitura. O objetivo das discussões é apresentar a

relação entre calor e trabalho e os pontos de destaque dos alunos serão

anotados no quadro para organizar a discussão.

A atividade 8 consiste de uma apresentação de um vídeo que mostra as

etapas de funcionamento do motor de carro, de modo que os alunos consigam

perceber e compreender quando está ocorrendo cada uma das etapas do

motor, desde o início até o final do ciclo e novamente ser reiniciado,

complementando a leitura do texto sobre o motor de carro lido na atividade

anterior. Após a exibição do vídeo, discutir com os alunos o funcionamento do

motor dos carros e outros tipos de motores, como o motor diesel.

Na atividade 9, os alunos farão uma visita em uma oficina mecânica,

para uma visualização melhor entre teoria e prática. Os alunos ficarão à

vontade para fazer quaisquer questionamentos sobre o funcionamento dos

motores a combustão interna, sejam eles movidos a gasolina, etanol ou diesel

e devem registrar as informações que julgarem importante sobre a visita para

posteriormente serem analisadas e debatidas em sala de aula e servirem de

referência para o relatório que eles produzirão como forma de avaliação da

aprendizagem. Após a visita será passado aos alunos um questionário

referente ao funcionamento de um motor a combustão interna.

Na atividade 10, será realizado um experimento para verificar o

funcionamento de uma usina térmica. Com esse experimento aproveitaremos

para discutir com os alunos e associar algumas formas de energia e suas

transformações, bem como, abordar o conceito de calor.

Na atividade 11, realizaremos um debate sobre a utilização de máquinas

térmicas no cotidiano, iniciando com uma investigação, pedindo para os alunos

indicarem onde em seu cotidiano eles verificam a ocorrência da utilização da

Máquinas Térmicas. Discute-se com a classe e na sequência apresenta-se

imagens de Máquinas Térmicas, desde as primeiras até as atuais, destacando

sua importância para a época e para o momento. As consequências do uso em

grande escala dessas máquinas também devem ser discutidas. Os pontos mais

relevantes apresentados na discussão, serão anotados no quadro e no caderno

do aluno para servir de subsídio no estudo das Máquinas Térmicas.

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Na atividade 12, um ex-aluno da escola que está fazendo o curso de

engenharia mecânica irá ministrar uma palestra sobre o funcionamento dos

motores a combustão, além de demonstrar para os alunos componentes

desses tipos de motores que eles produzem na faculdade.

Na atividade 13, deverá ser abordado a teoria do calórico, bem como

essa foi aceita por determinado tempo, e a sua substituição por outra na qual o

calor é considerado uma forma de energia (para os alunos já irem se

familiarizando com a unidade de medida Joule). O professor deverá fazer a sua

abordagem tradicional sobre o estudo e os conceitos de Termodinâmica para

que os alunos possam resolver os exercícios do livro didático sobre as

máquinas térmicas.

Para a atividade 14 será reaplicado o questionário investigativo que os

alunos responderam na atividade 1, para verificar o quanto os alunos

aprenderam sobre o conteúdo ao compará-lo com as respostas obtidas na

atividade 1.

Na atividade 15 o professor fará uma retomada dos conteúdos, fazendo

um apontamento de cada tópico discutido, registrando-os no quadro e

relacionando-os com o tema principal a Termodinâmica. Após esse momento,

os alunos são orientados a individualmente elaborarem um texto sobre os

temas abordados neste projeto. Depois de realizada essas produções e

devidamente corrigidas, cada aluno apresentará em sala o seu trabalho aos

demais colegas, para posteriormente serem socializadas junto à comunidade

escolar.

Na atividade 16, após as apresentações e correções dos textos da

atividade 15, os alunos devem produzir um mural na escola com os textos

produzidos que ficará exposto para que todos os alunos e professores possam

ler o material produzido.

3) Análises e Resultados

A partir da aplicação da Sequência didática, notamos que ela

proporcionou um resultado satisfatório, tendo em vista que a grande maioria

dos alunos participantes se dedicaram com empenho, envolvendo-se nas

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atividades, mesmo quando não lhes havia sido apresentado nenhum conceito

físico. A construção do conhecimento ocorreu passo a passo e a relação de

diálogo entre professor e aluno, junto com a metodologia empregada, embasou

essa construção.

Logo no início os alunos mostraram grande interesse na participação do

projeto, porém, quando lhes foi solicitado que respondessem a um

questionário, sobre conteúdos ainda não abordados, houve inicialmente várias

reclamações, mesmo assim dedicaram-se em responder o questionário da

melhor forma possível.

Durante a atividade no laboratório de informática, percebemos que os

alunos não sabem realizar de forma adequada uma pesquisa na web. A

orientação do professor pela busca de sites confiáveis foi muito importante, o

que ajudou na qualidade do conteúdo pesquisado, além de proporcionar o

comprometimento dos grupos na atividade, que se deu com sucesso.

As apresentações da pesquisa no espaço da sala de aula foram muito

importantes, por permitir que todos os grupos se interassem dos conteúdos

selecionados para essa atividade. Os alunos demonstram interesse pela

atividade, mesmo com alguns inicialmente possuir dificuldades em se

apresentar perante seus colegas, contudo, menos da metade dos alunos

demonstraram ter formado sua opinião. Apesar disso, todos participaram

ativamente das discussões e enxergando na pesquisa e nos recursos

tecnológicos uma alternativa de aprendizagem.

Nas atividades que envolviam vídeos, percebemos uma maior

concentração e interesse, pois o uso desse recurso chama a atenção do aluno,

principalmente por se tratar de um material sofisticado, com efeitos visuais

agradáveis, permitindo que o aluno seja crítico, com perguntas que vão além

do que as imagens mostram. Essas atividades apresentam excelente

resultados principalmente quando o professor apresenta certo conhecimento

sobre o funcionamento das máquinas térmicas.

Para as atividades cujo propósito era leitura em texto de apoio e debate,

foram alcançadas novas dimensões, porque cada conteúdo com seu conceito,

foi pensado para trazer para a sala de aula e para os alunos uma

contextualização com os temas abordados durante o trabalho, produzindo uma

relação simplificada com o cotidiano. O conhecimento vai se formando e

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ganhando importância com a participação do aluno, e o prazer em participar, de

descobrir algo novo, possibilita aos alunos enxergarem a Física que os

rodeiam.

Nas atividades experimentais o destaque foi a empolgação dos alunos e

a ansiedade por construir algo, um novo comportamento que os alunos

demonstraram neste trabalho, mas que normalmente não demonstram nas

aulas “normais”. Quando esse tipo de recurso é utilizado pelo professor, os

alunos se tornam mais interessados e participativos. O uso de recursos e

metodologias diferenciadas pode ser uma possibilidade de ensino capaz de

atrair o aluno, refletindo numa maneira eficaz o ensino de Física.

Na atividade de produção de textos pelos alunos, notamos uma

aprendizagem significativa do conteúdo abordado em relação com o cotidiano

dos alunos. Em situações anteriores, quando esse conteúdo era apresentado

de maneira tradicional, nunca houve grande envolvimento dos alunos como o

obtido agora. Entendemos que isso ocorre porque os alunos não conseguiam

relacionar os conteúdos vistos em sala de aula com o dia-a-dia deles fora da

escola.

Temos plena consciência que essa metodologia da Seqüência Didática

requer do professor um excelente planejamento em suas ações, porém, é

preciso que esses tenham ousadia, discutam, elaborem e desenvolvam

atividades que problematizem os conceitos científicos a partir do conhecimento

prévio do aluno. Acreditamos que para ocorrer mudanças nas metodologias de

ensino, se faz necessário o envolvimento e a participação de todos, para que

se superem obstáculos e o mesmo se concretize. Ressaltamos então que,

buscar novas estratégias de ensino fazendo uso de metodologias

diferenciadas, contribui de forma significativa para o aprendizado dos alunos,

possibilitando a construção do conhecimento. Esse encaminhamento pode

contribuir para que o aluno perceba na Física uma grande aliada, permitindo

que ele tenha um maior envolvimento com a disciplina e, por consequência

obtenha uma aprendizagem mais significativa, para além da mera resolução de

exercícios que muitas vezes se dá com uma simples substituição de valores.

Considerações Finais

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Com essa Sequência Didática voltada para o ensino de Máquinas

Térmicas, esperávamos auxiliar os alunos na superação de algumas

dificuldades sobre o ensino da Termodinâmica que constatamos durante sua

abordagem, como compreender o funcionamento de uma Máquina Térmica, e

a relação que ela apresenta com seu cotidiano. Devido aos recursos e

metodologias empregados, podemos concluir que os resultados foram

positivos, pois os alunos demonstraram prazer e interesse nas atividades,

refletindo e interagindo como sujeitos participantes do processo ensino

aprendizagem.

Após a execução desse projeto, percebemos que o uso de recursos e

metodologias diferenciadas, proporcionou resultados que se mostraram

valiosos para o ensino de Física quando implementamos de modo articulado

uma proposta para abordar os conteúdos de Termodinâmica, mais

especificamente sobre as Máquinas Térmicas. Foi evidente o interesse dos

alunos pelo conteúdo e pelas atividades

Abordar o conteúdo partindo da realidade dos alunos, desperta e

aumenta de forma expressiva a participação dele em sua própria

aprendizagem. A aproximação da Física com o cotidiano, é uma estratégia que

favorece e melhora a compreensão dos fenômenos físicos presentes em

situações concretas.

As animações como recurso didático, além de apresentar o conteúdo de

maneira dinâmica e atrativa, permitem uma gama de detalhes que dificilmente

seria alcançada na abordagem tradicional. Entendemos que, tanto as

animações como experimentos e visitas relacionadas com os conteúdos que

serão ministrados, apresentaram impactos extremamente positivos que

auxiliam na aquisição do conteúdo e na compreensão dos conceitos, por levar

o conhecimento de diversas maneiras, alcançando os diferentes formatos de

aprendizagem que o aluno possa apresentar.

A partir de nossa vivência durante o período que estivemos envolvidos

no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), podemos concluir que

se trata de um programa de caráter prático e transformador, pois possibilita a

troca de experiência entre profissionais da mesma área, induz o professor a

rever sua prática de sala de aula, cria novas expectativas, e oferece meios que

facilita um enfrentamento dos desafios da educação, que está em constante

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modificação, principalmente por causa das tecnologias presentes cada vez

mais nas vidas de nossos alunos.

Com a elaboração e implementação desse projeto, esperava oferecer

aos alunos a possibilidade de relacionar os conteúdos da Física, com ênfase

na Termodinâmica, com os conhecimentos de seu cotidiano, usando uma

metodologia diferenciada, promovendo assim um maior interesse pela

disciplina. De maneira geral, acreditamos ter atingido o propósito, seja pelo

envolvimento dos alunos nas atividades propostas, ou pela dedicação na

realização dos textos produzidos e socializados perante a comunidade escolar.

Como professor, essa forma de trabalhar foi instigadora e desafiadora.

Instigadora por nos levar a reflexão da maneira sobre como trabalhávamos

esses conteúdos tradicionalmente e desafiadora por oportunizar o

desenvolvimento de uma metodologia diferenciada, que nos permitiu alcançar

resultados surpreendentes e que agora passarão a acompanhar nossa forma

de ensinar.

Referências

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Cengage Learning, 2010. (Coleção Ideias em Ação)

COLL, César. [et al.]. O Construtivismo na Sala de Aula. 3. ed. São Paulo:Ática, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à práticaeducativa. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

JÚNIOR, Antônio de Souza Teixeira. Leis da Termodinâmica. FUNBEC –Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências. IBECC –Instituto Brasileiro de Educação Ciência e Cultura – São Paulo, 1981.Disponívelem:<http://www.cienciaamao.usp.br/dados/rec/_leisdatermodinamicaantoniodesouzateixeirajrrevist.arquivo.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2014.

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