21
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · e Menegassi (1998) fundamentando as operações de revisão e reescrita; e, ainda, nos estudos de Koch (1990, 1995, 2008) e Marcuschi

  • Upload
    dangdan

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

PROCESSOS DA PRODUÇÃO ESCRITA COM O GÊNERO ARTIGO DE OPINIÃO           Autora: Rosângela Fernandes de Oliveira1

                                                             Orientadora: Edcleia Aparecida Basso2

Resumo    O presente artigo objetiva abordar parte do percurso de implementação do processo de intervenção pedagógica com foco nos “Processos da Produção Escrita com o Gênero Artigo de Opinião”, permeado por algumas das práticas de escrita e reescrita resultantes do trabalho mediado pela professora/PDE em uma turma de 3º ano do ensino médio de um colégio da região central de Campo Mourão-Pr. De forma sucinta, apresentaremos os pressupostos teóricos que embasaram tanto o projeto, quanto a Unidade Didática produzida e sua implementação, realizados por meio de uma práxis norteada pela concepção interacionista de linguagem, de ensino produtivo, de escrita como trabalho. Buscamos efetivar o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento da escrita dos alunos de forma processual e dialógica, por meio de um trabalho didático-pedagógico com um gênero textual extraescolar - artigo de opinião - de importante circulação social, atendendo assim, a proposta da DCE de Língua Portuguesa, que preconiza o Discurso como Prática Social, como conteúdo estruturante, manifestado nos gêneros discursivos. O estudo e a produção escrita do gênero selecionado possibilitou, além dos conhecimentos linguísticos, discursivos e textuais, a formação da consciência dos estudantes, por tratar de temas polêmicos diversos, que desafiam e propiciam a pesquisa, os questionamentos sobre a realidade e a si mesmos como agentes no mundo. Palavras-chave: Processo; Escrita; Reescrita; Mediação; Artigo de Opinião.      1 Introdução

A escrita é uma produção cultural sócio-histórica, ideológica e tecnológica

produzida pela e para a humanidade, portanto, fruto do trabalho humano, cujo

domínio possibilita crescimento e desenvolvimento ao sujeito e à sociedade. Cabe à

escola, sobretudo à pública, possibilitar condições para a oferta de um ensino de

qualidade, propiciando a aprendizagem de conhecimentos e de desempenho da e

na escrita, reconhecendo ser esse legado, não apenas propriedade de uma classe

social, mas sim, de todos os homens, por ela mais humanizados (PARANÁ, 2008).

Para isso, se faz necessário que o professor de Língua Portuguesa

                                                                                                               1  Graduada em Letras Pela FAFIJAN, especialista em Lit. Brasileira pela FECILCAM, professora PDE do Quadro Próprio do Magistério de Língua Portuguesa, da rede estadual de ensino do Paraná.

2 Doutora em Linguística Aplicada pela UNICAMP, professora associada da FECILCAM, pesquisa-ensino-extensão na área de formação de professores e avaliadora do MEC.

(doravante LP) aprofunde seus saberes e conhecimentos específicos da sua área e

compreenda que o ensino de sua disciplina, mormente na escola pública, poderá ser

mais produtivo e eficaz, se considerar a língua em seu funcionamento, qual seja, a

língua como discurso e, no caso do presente estudo, resultante das práticas

discursivas escritas da sociedade, historicamente determinadas.  

Apoiadas em pesquisadores como Geraldi (1997), Antunes (2003), Mendonça

(2006) entre outros, entendemos que focar o ensino de LP na produção de textos é

tomar a palavra do aluno como indicadora dos caminhos que deverão ser trilhados

em busca, quer da compreensão dos próprios fatos sobre os quais se fala, quer dos

modos (estratégias) pelos quais se fala. Assim, “conceber o texto como unidade de

ensino/aprendizagem é entendê-lo como um lugar de entrada para este diálogo com

outros textos, que remetem a textos passados e que farão surgir textos

futuros”(GERALDI, 2011, p.22).

Nessa linha de pensamento e fundamentadas nas Diretrizes Curriculares

Estaduais (DCE) que apregoam a importância e necessidade de trazer para o

contexto da sala de aula, gêneros que circulam socialmente, sentimos ser relevante

o trabalho com gêneros da esfera jornalística, principalmente com aqueles que

possibilitam a reflexão, o debate, a construção discursiva, a valoração, a

responsividade e o dialogismo dos interactantes (FARACO, 2009). Nossa opção

recaiu sobre a produção escrita do gênero “Artigo de Opinião”, desenvolvida com

estudantes do Ensino Médio, buscando, simultaneamente, propiciar-lhes os

mecanismos necessários à sua produção e uma formação de leitores mais críticos e

conscientes do papel da linguagem na sociedade.

Cientes disso e da necessidade de uma práxis consistente e transformadora,

que trabalhe com a escrita, tendo como suporte textos que façam sentido para o

estudante e para a sua formação, elaboramos uma unidade didático-pedagógica

intitulada “Processos da Produção Escrita do Gênero Artigo de Opinião no 3º ano do

Ensino Médio”, cujo percurso parcial de implementação, permeado por algumas das

práticas de escrita e de reescrita resultantes do trabalho mediado pela professora, é

objeto central do presente artigo.

2 Metodologia da pesquisa

A concepção de pesquisa que norteou o projeto de intervenção é a pesquisa-

ação, de base qualitativa, fundamentada em Lüdke, Menga e André(1986),

Bradley(1993) e Thiolent(2005). Adotamos a de base qualitativa, por ser uma linha

de investigação, na qual, a Linguística Aplicada se insere e também porque cremos

serem os estudos qualitativos importantes para investigar a real relação entre teoria

e prática, oferecendo ferramentas eficazes para a interpretação da realidade escolar,

uma vez que, nesse posicionamento teórico, a vida humana e social é vista como

uma atividade interativa e interpretativa, realizada pelo contato com as pessoas,

entendendo ser na interação que as pessoas interpretam e constroem sentidos. Para as autoras Lüdke e André (1986), o que vai determinar a escolha da

metodologia é a natureza do problema. Para que a realidade complexa, que

caracteriza a escola, seja estudada com rigor científico, o pesquisador necessita dos

subsídios encontrados na vertente qualitativa de pesquisa que, entre seus principais

atributos, inclui uma atenção com a escolha do objeto, o preparo do planejamento, e

a seleção criteriosa dos instrumentos de coleta de dados.

Seguindo o paradigma da pesquisa qualitativa, vários são os tipos de

pesquisa possíveis e compatíveis no contexto escolar, alvo do nosso estudo.

Optamos pela pesquisa-ação, uma vez que nela o pesquisador deve empenhar-se

em analisar ou solucionar algum problema através de uma ação. Segundo Thiollent

(2005, p.16), trata-se de uma pesquisa social de base empírica concebida em

estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, no

qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do

problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Assim, ao escolhermos os processos de produção escrita dos alunos do

ensino médio, por meio da pesquisa-ação, nós, enquanto pesquisadores, buscamos

desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados, nela

intervindo propositadamente, na tentativa de demonstrar que é possível desenvolver

um trabalho que de fato possibilite o desenvolvimento com mais qualidade, e mais

consciência do ato de escrever, no contexto escolar público.

Com esse aporte teórico, elaboramos e implementamos nosso projeto de

intervenção em um colégio da região central de Campo Mourão, em uma turma de

34 alunos do 3º ano do ensino médio, oriundos de famílias, aparentemente, com um

bom poder aquisitivo e com condições de acesso à leitura das mais diversificadas

fontes. De forma intensa, a implementação ocorreu no primeiro semestre de 2014,

extrapolando o limite das 64 aulas previstas, dada a extensão do material didático, a

pouca bagagem de conhecimento linguístico-discursivo trazidos pelos alunos, e

calendário atípico, por ter sido um ano de copa do mundo no Brasil.

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram questionários,

diários, observações, apontamentos orais e escritos e as próprias produções escritas

coletadas ao longo da implementação. Para ilustrar os processos de escrita e

reescrita, utilizaremos, de forma alternada, algumas respostas e textos produzidos

pelos alunos, denominados A,B,C,D,E,F,G que representam o funcionamento

linguístico-discursivo de uma boa parcela dos trinta e quatro alunos da turma. Por

questão de limitação do número de páginas para o artigo, optamos por essa

seleção, ilustrando as dificuldades mais comuns e os avanços obtidos. Para melhor

compreender a mediação no processo de escrita, optamos por organizar quadros

com a escrita inicial do aluno, revisão do professor, com apontamentos, bilhetes-

interativos em vermelho, e a reescrita do aluno (todas em itálico), seguidos por

comentários descritos por PP (professora-pesquisadora).

3 Contribuições teóricas para o ensino da linguagem escrita Para a elaboração do projeto de intervenção, da produção didático-

pedagógica e sua implementação, ancoramo-nos nos pressupostos teóricos do

Círculo de Bakhtin (2003) acerca do funcionamento da linguagem, sobretudo em

conceitos como: dialogia e gêneros do discurso; nos recentes estudos da Linguística

Aplicada acerca da escrita, de autores como Antunes (2003), Fiad e Mayrink-

Sabinson (2004) que tratam da escrita como trabalho, e, portanto, na concepção de

ensino produtivo; em Geraldi (1997, 2002, 2004) que propõe a análise linguística no

processo de reescrita do texto produzido pelo estudante; Ruiz (2010), Serafini (1989)

e Menegassi (1998) fundamentando as operações de revisão e reescrita; e, ainda,

nos estudos de Koch (1990, 1995, 2008) e Marcuschi (2008), representantes da

Linguística Textual, teoria do texto que trabalha com os conceitos de coesão e

coerência textuais.

Sintetizando os pressupostos bakhtinianos, podemos dizer que, de acordo

com o Círculo de Bakhtin, a interação é a própria concepção de linguagem e

constitui a realidade fundamental da língua, pois é por meio do fenômeno social de

interação verbal é que se realiza a enunciação. Bakhtin (2003) afirma que todo

discurso humano é uma rede complexa de inter-relações dialógicas com outros

enunciados. Este mesmo autor (2009) diz que “a relação dialógica pressupõe uma

língua, mas não existe no sistema da língua”. Em Bakhtin (2011), ele diz que, “os

limites dialógicos entrecruzam-se por todo o campo do pensamento vivo do homem”,

pois acredita ser o diálogo uma interação entre indivíduos que se influenciam

mutuamente através da linguagem, partindo do princípio de que o ser humano se

constitui como sujeito histórico e social nas relações com o outro.

A caracterização apresentada por Bakhtin (2003) acerca dos enunciados é a

de gêneros do discurso, que se constituem e refletem as condições específicas e as

finalidades das esferas das atividades humanas por seu conteúdo temático, estilo e

construção composicional, sendo, portanto, formas de mediação entre o enunciador

e o enunciatário que, por sua vez, adota uma atitude responsiva ativa diante da

totalidade do enunciado/gênero. O discurso estabelece intercâmbios socioculturais,

sendo fruto de processos cognitivos e conhecimentos acumulados historicamente

que atendem a essa atitude responsiva.

Para Bakhtin (2003), o enunciado não existe fora de um contexto de produção

específico e, embora ele não tenha tido preocupações de natureza didática, sua

obra permite encontrar algumas categorias fundantes sobre as condições para a

produção de um enunciado. Para o autor, os signos (por natureza, ideológicos) só

emergem nos processos de interação entre uma consciência individual e outra, o

que quer dizer que a formulação do discurso está relacionada às condições de

produção engendradas por determinado contexto dialógico social (dizer algo, a

alguém, em uma situação e com objetivos determinados). Nenhum ato humano pode

ser compreendido, dessa maneira, fora do contexto dialógico de seu tempo e, por

isso, a "interação verbal constitui assim, a realidade fundamental da língua"

(BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2003, p.123).

Assim, pensando em tornar os textos dos nossos estudantes em enunciados,

apoiamo-nos em Geraldi (1997, p.137) que apresenta algumas condições essenciais

para garantir o aluno como autor e sujeito de seu texto: a) ter o que dizer; b) razões

para o dizer; c) o interlocutor para o dizer; d) como realizar o dizer. Segundo o autor,

por mais simples que os itens mencionados possam parecer, eles são válidos para a

produção de texto em qualquer modalidade.

De acordo com Antunes (2006, p. 171), fazer um texto, não é apenas uma

questão de saber a gramática. É uma forma particular de atuação social que inclui o

conhecimento de elementos linguísticos, elementos de textualização, elementos da

situação em que ocorre (ou ‘o estatuto pragmático do texto’), como as finalidades

pretendidas, os interlocutores previstos, o espaço cultural e o suporte em que o texto

vai circular, o gênero em que vai ser formulados, entre outros.

Com base nesses pressupostos teóricos discutidos por Menegassi (2011) e

em autores como Bräkling (2000), Rodrigues (2005), BOFF; KÖCHE; MARINELLO

(2012) e outros que se debruçaram sobre o funcionamento social do gênero Artigo de

Opinião, elencamos didaticamente uma caracterização dos elementos essenciais

para as condições de produção deste gênero, moldura para os processos de escrita

e de reescrita, alvo do material elaborado e implementado durante o PDE, com

alunos do Ensino Médio, foco das discussões da próxima seção deste artigo.

Elementos característicos do contexto de produção do gênero discursivo Artigo de Opinião Finalidade: provocar a discussão de um assunto atual, de diversas ordens, com temas gerais que refletem na vida da maioria dos leitores. Para tanto, o autor argumenta, expõe suas ideias e opiniões, justifica, exemplifica sustentando com provas, dados, evidências e outros fatores que darão suporte ao seu posicionamento, tendo em mente os seus interlocutores/destinatários, com o propósito de persuadi-los e convencê-los, almejando uma atitude responsiva ativa diante da lógica da leitura, interpretação e análise da realidade dialogada por meio do texto escrito. Interlocutor/destinatário: a quem o produtor do texto se orienta e se direciona; com quem dialoga pela escrita sobre o tema eleito, com quem argumenta, comenta, critica sobre os pontos defendidos e que apresenta no texto. Coerente aos pressupostos do Círculo de Bakhtin, compreende-se o “outro” interlocutor sob três dimensões: real (imagem física presente, no caso da escola: o próprio aluno autor, o seu colega é o professor), ideal/virtual (imagem que o autor constrói e direciona a sua escrita) supraindividual/superior (representante oficial, que estabelece padrões a serem respeitados pelo grupo social, ao qual o produtor convive e se dirige). Conteúdo Temático: questões polêmicas que podem incidir sobre variados temas: sociais, políticos, científicos e culturais, de interesse geral e atual, que afetam direta ou indiretamente um grande número de pessoas, a partir de um fato ocorrido e noticiado. Articulista: produtor com sua posição social de sujeito autor, (profissional ou especialista que escreve matérias assinadas (autorais) sobre assuntos polêmicos em discussão na mídia impressa, internet ou televisão. A autoria não se refere à pessoa física (empírica), mas a uma posição de autoria inscrita no próprio gênero; a uma “postura de autor”, com sua responsabilidade discursiva. Vozes que circulam no artigo de opinião: são outras “vozes” que não as do autor, mas que “falam” pelo autor, sustentando seu posicionamento, além de evidenciar o fato de que a comunicação humana é marcada pelo dialogismo. Suporte: espaços sociais em que os textos do gênero discursivo artigo de opinião são publicados, quais sejam: em jornais, revistas, internet e comentados em jornais televisivos e, ou radiofônicos. Circulação social: espaço social de circulação do gênero artigo de opinião, lugar social determinado para sua circulação, assim, meios para chegar ao seu interlocutor, isto é, o portador e o suporte do texto no qual o gênero circulará e a forma como chegará ao seu interlocutor.

Em relação à escrita, Antunes (2006, p.166) esclarece que trata-se de uma

atividade processual, durativa que se vai fazendo pouco a pouco, ao longo de

nossas leituras, de nossas reflexões, de nosso repertório de conhecimentos e, por

isso mesmo, não pode ser improvisada, não pode nascer inteiramente na hora do

ato de escrever.

Segundo Fiad & Mayrink-Sabison (2004, p. 55), a modalidade escrita da

linguagem envolve processos, ou seja, a produção escrita de um gênero envolve

diferentes momentos: o planejamento, a própria escrita, a leitura avaliativa do

próprio autor, as modificações feitas nesse texto a partir dessas leituras. Para essas

linguistas, a escrita é uma constituição que se processa na interação e que a revisão

é um momento que demonstra a vitalidade desse processo construtivo, concebendo,

portanto, a escrita como trabalho, propondo o seu ensino como uma aprendizagem

do trabalho de reescritas. Consideram um texto como um momento no percurso

desse trabalho, sempre possível de ser continuado, processo e não produto, e que o

texto original e os textos dele decorrentes podem demonstrar uma dimensão do que

é a linguagem e suas possibilidades.

Para Sercundes (2011, p. 99), a escrita como trabalho parte do saber oral,

sendo reconhecido e trabalhado pelo professor, já que a produção escrita é tida

como interação entre professor/aluno porque cada trabalho escrito serve de ponto

de partida para novas produções, que sempre adquirem a possibilidade de serem

rescritas, de apresentarem “uma terceira margem”.

Quanto à correção textual, Serafini(1989) propõe e sistematiza três

alternativas: indicativa, resolutiva e classificatória. Com o intuito de aprimorar

essa etapa da revisão e correção do texto do aluno, Ruiz(2010) propõe mais um

modo de correção que pode contribuir para o processo de reescrita. A correção

textual-interativa: na qual, o professor utiliza bilhetes-interativos que deve vir no

final do texto para explicar a categoria de erros e fazer as orientações de como

corrigi-los. Compreendendo que o modo como o professor corrige o texto do aluno

pode determinar aspectos relevantes em sua reescrita. Para a autora, o professor

tem grande responsabilidade como professor-corretor, pois a reescrita do aluno está

intrinsecamente ligada à interpretação que ele faz da correção do professor. Deste

modo, “toda e qualquer consideração que se faça a respeito do maior ou menor

sucesso do aluno na tarefa de revisão (retextualização) deve, inalienavelmente,

levar em conta a participação efetiva do mediador (o professor) no processo como

um todo.” (RUIZ, 2010, p. 26). Nesta mesma perspectiva de correção e reescrita, Menegassi (1998, p. 32)

destaca que a revisão “é um produto que dá origem a um novo tipo de processo,

permitindo uma nova fase na construção do texto”, pois é a partir de revisões

efetuadas no texto que surge a reescrita, colocando, portanto, a revisão como uma

condição para a reescrita. Este pressuposto é básico à instauração do diálogo entre

professor e aluno via texto produzido.

A seguir passaremos a analisar partes da implementação da unidade didático-

pedagógica (UD), trazendo alguns dados dos alunos para ilustrar os processos

mobilizados na produção textual escrita do gênero "artigo de opinião".

4 Contextualização e apresentação parcial do processo de implementação

Ao elaborarmos o material, procuramos observar as diferentes fases que a

produção escrita exige: o planejamento, a escrita, a revisão e a reescrita. Para

desenvolver tal propósito, organizamos e executamos um conjunto de atividades

subdividido em cinco partes, objetivando propiciar ao estudante uma prática de

escrita congruente com o uso real da língua. Na primeira parte, tratamos do estudo

do gênero “artigo de opinião”: seus condicionantes externos (funcionamento

discursivo – as condições de produção) e sua textualidade (funcionamento

linguístico); na segunda, a primeira produção escrita de um Artigo de Opinião; na 3a,

encaminhamentos de estudos com outros Artigos; na 4a, treinamento de produção

da escrita argumentativa por meio da leitura de uma coletânea de texto de gêneros e

temas diversos; e na 5a parte, do planejamento à escrita do segundo Artigo.

Para o estudo, reconhecimento do gênero artigo de opinião e análise dos

aspectos discursivos, linguísticos e textuais, selecionamos quatro artigos,

desses, iniciamos com dois: “A Formação de um povo”, da escritora e colunista, Lya

Luft, publicado em 10 de abril de 2013, disponível no acervo digital de Veja

(doravante A1) e “A educação roubada”, da colunista Ruth de Aquino, publicado na

revista Época, em 15 de agosto de 2013 (A2). Os dois artigos abordam a temática

referente à situação atual da educação no Brasil, que vem ao encontro dos

interesses dos estudantes, sujeitos participantes da pesquisa.

Após leitura dos artigos e ensejando verificar o conhecimento prévio dos

participantes sobre o gênero em foco, aplicamos um teste-diagnóstico, que nos

forneceu subsídios para o início dos trabalhos. Em seguida, passamos ao estudo

das condições de produção de textos escritos, fundamentado pelos pressupostos

teóricos do Círculo de Bakhtin. O diário da PP, as produções dos alunos e o tempo

tomado nesta fase, revelam que a parte teórica deveria ser diminuída, com

consequente aumento de leituras e práticas de escrita. Confira Aluno B, no quadro 1.

Com base nos conceitos bakhtinianos, explicitamos os principais elementos

do contexto de produção do gênero discursivo Artigo de Opinião (cf na seção 3).

Em seguida, os alunos procuraram por artigos com temáticas diversificadas, em

diferentes suportes para a leitura, discussão do conteúdo e o reconhecimento dos

elementos característicos do gênero. Nessa atividade, demonstraram dificuldades

para encontrar o tema, precisando da mediação sígnica da professora, que lhes

ofereceu esclarecimentos de como chegar à compreensão da temática, consonante

ao proposto por Vygotsky(2008) acerca da mediação. Assim, responderam questões

sobre a temática abordada, com esclarecimentos textuais necessários; estudaram a

argumentatividade presente no texto, evidenciando os tipos de argumentos e

questões relacionadas aos aspectos discursivos e linguísticos do artigo em foco.

Como sabemos, o conteúdo linguístico e o textual dão sustentação e

solidificação para os aspectos discursivos de um texto. Segundo Antunes (2012), as

escolhas lexicais, o vocabulário, além de possibilitar a arquitetura textual por meio

da coesão e da coerência, constituem uma das pistas para compreender a unidade

semântica. A propósito, ilustramos uma dessas questões e as respectivas respostas

revisadas pela professora-mediadora e reescritas pelos alunos. Quadro 1 Quais são as escolhas lexicais (palavras) que dão pistas para a compreensão da temática abordada no artigo em estudo? Produção Inicial Reescrita

Aluno A: Educação, alfabetização, formação, estudantes, escolas públicas, etc... (acrescentar)

Aluno A: Educação, alfabetização, formação, má formação, povo, estudantes, cursos, escolas públicas, alunos, profissão.(Ok)

Aluno B: Educação, ensino, escola, alfabetização (E o que mais?)

Aluno B (*Taxonomia da área de gêneros e não do tema do artigo.)(*Estilo, construção composicional.) Educação, ensino, escola, alfabetização. (E o que mais? Ainda continua com as mesmas palavras.)

Aluno C: educação, alfabetização, escolaridade, cotas, professores, formação, qualificação, ensino (procure mais)

Aluno C: (Iniciar resposta com letra maiúscula.) *educação, alfabetização, escolaridade, cotas, professores, formação, qualificação, ensino* (Colocar pontuação no final.)

O quadro 1 indica que na primeira revisão houve um incentivo de PP para que

a escrita revelasse a importância das escolhas lexicais para abordagem do tema. Já

na segunda revisão, as observações feitas por PP apontam para diferentes

aspectos, pautados pelas reescritas dos alunos. B, na tentativa de atender ao

solicitado por PP, cita termos específicos da teoria de gênero, sem alterar o seu

texto. Esse dado é um indício de que houve mais ênfase e, portanto, mais retenção,

da teoria estudada do que do uso na prática discursiva escrita. C, mantem sua

resposta com as mesmas inadequações ortográficas, alvo dos comentários de PP.

Já o quadro 2 revela as dificuldades para encontrar a tese defendida pela

articulista no artigo e o papel da professora como mediadora. Quadro 2 Qual e a tese (ponto de vista/opinião) defendida pela autora sobre o assunto?

Produção inicial Reescrita

Aluno A: A péssima educação no Brasil, que ao invés de melhorar, a cada dia piora. (De acordo com articulista, quem deve investir para melhorar a educação?)

Aluno A: A tese defendida pela autora é sobre a péssima formação da população brasileira na qual deveria ser interesse primordial dos nossos (políticos). ((?) Governos, representantes públicos, sejam eles quais forem.)

Aluno B: Ensino médio deveria melhorar (O que a articulista defende? Quem deve investir na educação?)

Aluno B: Que a educação no ensino público é precária, que o ensino médio deveria melhorar. Que deveria ser melhor investido a área da educação. (E, a quem cabe proporcionar esse investimento?)

Aluno C: Ela defende uma educação de maior qualidade, um país melhor, onde (a) valorização da educação e profissionais de qualidade. ((haja), Por parte de quem?)

Aluno C: Ela defende uma educação de maior qualidade, um governo que valorize a educação e se preocupe com o profissionalismo do país, ela se preocupa com o povo e “acha” a educação primordial. (“ “considere)

Aluno D: A opinião defendida pela autora é que a educação brasileira é desestruturada e está em um ciclo vicioso onde o ensino é ruim desde a base (escola primária) até o ensino superior. (Cabe a quem o investimento na educação pública?)

Aluno D: A opinião defendida pela autora é que a educação brasileira é desestruturada e está em um ciclo viciosos onde o ensino é ruim desde a base (escola primária) até o ensino superior e cabe aos nossos governantes o investimento na educação.(Ok)

Algumas das respostas mostram que os alunos apenas tangenciaram o ponto

principal em suas respostas. No sentido de alcançarem a compreensão em sua

totalidade, PP continua incentivando-os a complementarem as ideias. A reescrita

mostra suas tentativas, seguidas de novas revisões pela PP.

Quanto aos argumentos usados pela articulista, vejamos a questão abaixo. Quadro 3 Que argumentos a autora utiliza como estratégia para defender o seu ponto de vista?

Produção inicial Reescrita

Aluno A: Ela não elogia a educação em nosso país tentando mostrar e deixar claro a situação que está se tornando precária. (Por meio de quais argumentos do artigo e possível essa leitura?)

Aluno A: A autora utiliza dados que comprovam seu ponto de vista e mostra como a situação da educação está precária em nosso país. (Quais? Como?)

Aluno B: Relatos de como é a educação em nosso país. (Como?, Quais argumentos ela usa?)

Aluno B: Relatos de como é a educação em nosso país, aborda a situação atual, de como os políticos agem em relação a educação.(Quais relatos?) ((à) Ou de como deveriam agir?)

Aluno C: Utiliza dados que comprovam o baixo nível da educação. (Ela exemplifica? Demonstra ao leitor as causas e consequências?)

Aluno C: O Aluno C não fez a reescrita dessa resposta.

Nesse quadro, verifica-se pelos textos iniciais dos alunos, que estes fizeram

apenas uma leitura superficial do artigo, não atendendo ao solicitado. No intuito de

suscitar empenho para tal atividade, PP reforça incentivando-os por meio de

questionamentos. Na reescrita, A e B, apenas resumem alguns dos argumentos

encontrados no A1, ao que a PP retoma com novas indagações. Quanto a isso,

Menegassi (2001, p. 54) apoiado em Cohen(1987), reforça o cuidado que se deve

ter em relação à revisão para que não assemelhem apenas à anotações mentais

colocadas no papel do que observações que auxiliem na construção do texto.

Em relação aos aspectos discursivos, entre várias questões, perguntamos: Quadro 4 No quarto período do 2º parágrafo do texto, a articulista faz uma ressalva quanto à qualidade da formação que ainda há nos cursos de medicina e o cuidado com essa área porque afinal “vão cuidar do nosso corpo, da vida”. a) Por que razões sociopolíticas a formação dos médicos é respeitada e reconhecida?

Produção inicial Reescrita Aluno A: Pelo ótimo salário que é dado aos médicos e pela grande prestígio de salvar vidas, pois todos nós precisamos de um médico. (E o que mais?)

Aluno A: Uma das razões sociopolíticas pela qual esta profissão é respeitada é pelo fato de ser considerada a faculdade mais difícil tanto para entrar quanto para ser concluída e pelo seu maior tempo de duração. Além do ótimo salário que é dado aos médicos e pelo grande prestígio de salvar vidas, afinal todos nós precisamos de um médico. (Existem outros fatores sociais e econômicos que interferem?)

Aluno C: Porque são eles que tratam de coisas importantes, é uma área de extremo cuidado. (E qualquer brasileiro independente da classe social tem feito esse curso?)

Aluno C: Porque são eles que tratam de coisas importantes, é uma área de extremo cuidado e também uma área de alta classe, pois o curso é caro e não tem muitas oportunidades. (Isso é justo?)

Aluno D: A profissão dos médicos é respeitada e reconhecida por se tratar de uma área interessada a qualquer pessoa da sociedade, todos precisamos de cuidados e por vezes de “reparos” em nosso corpo. (E todos de qualquer classe social pode ser médico, nesse país?)

Aluno D: A profissão dos médicos é respeitada e reconhecida por se tratar de uma área interessada a qualquer pessoas da sociedade por se tratar de saúde. A medicina hoje é um curso muito desejado, porém boa parte dos estudantes do curso são da classe alta por ser um curso integral e caro, o que impossibilita muitas pessoas da classe média e baixa de cursarem.(Ok)

Aluno E: (onde: pronome relativo, refere-se a lugar, opte para “o qual”, cuja função é retomar o termo “curso”, dito anteriormente) A formação dos médicos é reconhecida porque torna-se um curso caro, (onde) tem que haver grande dedicação, porém nos dias de hoje há muitos comprando entrada em vestibulares e comprando diplomas. (medicina é um curso que se popularizou? Qualquer pessoa pode cursá-lo?)

Aluno E: ...medicina não é um curso popular em que todos têm condições de “bancar”. A maioria das pessoas que cursam são de classes mais altas, não que não seja impossível uma pessoa mais pobre cursar, mas exige dessa pessoa uma dedicação extra, em que o aluno distingue certo tempo para os estudos. E as escolas privadas têm maior número de aprovação em medicina. (“Em que: pr. relativo: lugar, retire-o e use a conjunção ‘que’, porque possui função linguística adequada para a construção textual, neste caso).

Os textos produzidos, após o processo de reescrita dessa questão, de um

modo geral, demonstram a importância da mediação do professor de língua

portuguesa para que os alunos tenham o domínio dos mecanismos próprios do

discurso escrito (AL), com consequente melhoria para sua escrita. Quanto à compreensão dos alunos sobre o estilo geralmente empregado no

gênero artigo de opinião, os dados revelam que foi razoável – ainda no nível teórico

– incluindo o tipo de linguagem, a sequência textual, os tempos verbais e outros

aspectos linguístico-gramaticais predominantes. Vale o registro de que, além da

ajuda sígnica da PP, havia quadros e notas de apoio na UD. As dificuldades reais

apareceram no momento do uso, da prática que envolviam a análise dos textos e a

produção escrita deles como autores.

Para a abordagem da arquitetura textual do gênero artigo de opinião,

analisamos a estrutura dos artigos em estudo, fazendo o reconhecimento e a

identificação da estrutura composicional, apontando para o fato de não haver uma

ordem específica para os elementos e nem a obrigatoriedade de aparecem todos em

um mesmo artigo de opinião, uma vez que dependem da escolha das estratégias

que melhor evidenciem a abordagem das questões polêmicas do conteúdo temático.

Em relação a argumentação, explicamos que, além das estratégias

argumentativas utilizadas para envolver o interlocutor para impressioná-lo, para

convencê-lo, para persuadi-lo mais facilmente e para gerar credibilidade, os

operadores argumentativos são fundamentais, pois estabelecem relações entre os

seguimentos do texto: orações de um mesmo período, períodos, sequências

textuais, parágrafos ou partes de um texto. Segundo Koch (2011, p.101-102), os

operadores argumentativos servem para orientar a sequência do discurso, ou seja,

para determinar os encadeamentos possíveis com outros enunciados capazes de

continuá-lo.

Além desses estudos, executamos um outro gênero linguístico/discursivo, na

modalidade oral, com participação exitosa dos alunos em todas as etapas do debate

sobre a educação. De igual forma, treinaram a escrita argumentativa, posicionando-

se favorável ou desfavoravelmente em relação à leitura de outros artigos.

Posteriormente, passamos para as etapas da produção a escrita no gênero

Artigo de Opinião, cuja temática focasse em assuntos relacionados à educação.

Pela ordem das etapas, estabelecemos, em primeiro, a organização de um

planejamento textual; em segundo, a escrita propriamente dita; em terceiro, as

revisões pelo próprio aluno/autor, pelo interlocutor/colega e pelo

interlocutor/professor corretor e mediador de todo o processo; e em quarto, a

reescrita, que, conforme as necessidades, variou entre duas, três e até mais vezes.

Teríamos muitas atividades para ilustrar a práxis pedagógica nesse artigo,

mas o espaço não nos permite. Passamos agora, a expor alguns dos textos dos

alunos em atividades iniciais do processo de escrita no gênero Artigo de Opinião.

Produção textual escrita do Aluno A

ESCRITA INICIAL 1A REESCRITA

E para onde foi a educação de qualidade?

A péssima educação pública se tornou um assunto com alta discussão entre toda a população brasileira. A má formação dos professores, estrutura precária nas escolas, desinteresse por parte dos alunos, despreocupação do governo são fatores que estão nos levando ao abismo da educação e deixando cada vez mais nossos alunos despreparados para o futuro. A situação atual da educação brasileira está cada vez pior, e isto é causado por um conjunto de fatores, que dependem tanto do governo, pais, professores, e principalmente dos alunos. É muito difícil dizer o porquê ? nossa educação chegou nesse ponto deplorável, mas só vendo pesquisas, entendemos o drama,. Cerca de 55 bilhões que deveriam ser destinados a educação, apenas 33 bilhões chegam a este fim. Tudo isso fica claro que, apenas com o incentivo do governo, este quadro poderia começar a mudar, mas não dependendo único e exclusivamente dele, mas também, do esforço dos alunos, do incentivo dos pais, melhor qualificação dos professores, ou seja, de um todo. (Concluímos que) a cada tempo que passa nossa educação vai de mal a pior e para haver mudança, precisamos da ajuda de todos. Não adianta sempre deixarmos nas mãos dos políticos, pois se não lutarmos pelos nossos direitos não será eles que faram isso. Enfim, para tudo isso mudar, precisamos pensar melhor em nossa escolhas em relação aos políticos e elegermos alguém que nos represente e lute por nós. Aluno A, o seu texto apresenta posicionamento e argumentação, entretanto, ainda está preso em uma estrutura de dissertação-argumentativa. Lembre-se que no gênero Artigo de Opinião há mais liberdade de interação e condições para ampliar e demonstrar o seu discurso. Observe, também, as questões linguísticas: ortografia proveniente da compreensão do tempo verbal, verifique que as formas no futuro do presente se escreve com “ão”, (farão, serão) na 3a pessoa do plural (único tempo verbal que se que escreve dessa forma). Existem também palavras que

E para onde foi a educação de qualidade? A péssima educação pública se tornou um

assunto com alta discussão entre toda a

população brasileira. A má formação dos

professores, estrutura precária nas escolas,

desinteresse por parte dos alunos,

despreocupação do governo são fatores que

estão nos levando ao abismo da educação e

deixando cada vez mais nossos alunos

despreparados para o futuro.

A situação atual da educação brasileira

está cada vez pior, e isto é causado por um

conjunto de fatores, que dependem tanto do

governo, pais, professores, e principalmente

dos alunos. É muito difícil dizer o porquê de

nossa educação chegar nesse ponto

deplorável, mas só vendo pesquisas,

entendemos o drama. Cerca de 55 bilhões que

deveriam ser destinados à educação, apenas

33 bilhões chegam a este fim. Tudo isso fica

claro que, apenas com o incentivo do governo,

este quadro poderia começar a mudar, mas não

dependendo único e exclusivamente dele, mas

também, do esforço dos alunos, do incentivo

dos pais, melhor qualificação dos professores,

ou seja, de um todo.

Com isso, a cada tempo que passa nossa

educação vai de mal a pior e para haver

mudança, precisamos da ajuda de todos. Não

adianta sempre deixarmos nas mãos dos

políticos, pois se não lutarmos pelos nossos

exigem preposição e no caso de a prep. a + a: craseia-se: à. Outra situação e a pontuação, o uso da vírgula é uma questão de sintaxe, que propicia a compreensão textual, portanto revise a leitura de seu texto; e o ponto final deve ser usado para concluir uma ideia apresentada. Veja as alterações apontadas em seu texto e reescreva-o. Cuide com os elementos coesivos, principalmente para a conclusão, pois não basta colocar “Concluímos”, até mesmo porque dificilmente se conclui um enunciado discursivo, porque dele surge outros, portanto, opte por outros elementos coesivos: Com isso, Dessa forma, Dessa maneira, Por essas razões...

direito não serão eles que farão isso. Enfim,

para tudo isso mudar, precisamos pensar

melhor em nossa escolhas em relação as

políticos e elegermos alguém que nos

represente e lute por nós.

                                                                                         

             Produção textual escrita do Aluno B

ESCRITA INICIAL 1A REESCRITA

Ensino falho, até quando?

A educação no Brasil está se tornando cada vez pior, há falta de interesse de todas as partes, alunos, professores, políticos, até a própria escola. Governo que “rouba” a verba das escolas, professores com má formação, alunos desinteressados e escolas com péssimas estruturas. Muitas vezes não há apoio da própria família e o aluno não tem incentivo de nenhuma parte. Diferente das escolas privadas, onde os alunos pagam do seu próprio bolso, têm ótimos professores, estruturas e “não dependem do governo,”(será?) enquanto outras famílias não podem “bancar” uma boa educação. Com isso, o governo tenta corrigir essa falha na edução durante o ensino fundamental e médio, implementando as cotas sociais, onde quem estudou em escola pública não concorrem com quem estudou em escolas particular, o que é extremamente errado, porque os níveis de ensino entre as escolas deveriam ser iguais e os alunos deveriam ser capazes de concorrer com todos igualmente. [?] É claro que isso seria possível, se os alunos estudassem em casa, já que a escola pública não proporciona uma boa educação. Podia melhorar ainda mais, se o governo acordasse para essa falha na educação brasileira e melhorasse as estruturas nas escolas, formação dos professores, e as famílias apoiassem mais seus filhos, e os incentivassem mais a estudar. Assim a educação melhoraria consideravelmente, e melhoraria o conceito de nosso país. Aluno B, o seu texto ficou bom, há um posicionamento sobre a educação em nosso país, sustentado por argumentos de

Ensino falho, até quando?

A educação no Brasil está se tornando

cada vez pior, há falta de interesse de todas as

partes, alunos, professores, políticos, até a

própria escola. Governo que “rouba” a verba das

escolas, professores com má formação, alunos

desinteressados e escolas com péssimas

estruturas. Muitas vezes não há apoio da própria

família e o aluno não tem incentivo de nenhuma

parte.

Diferente das escolas privadas, que os

alunos pagam do seu próprio bolso, têm ótimos

professores, estruturas e “não dependem do

governo,” enquanto outras famílias não podem

“bancar” uma boa educação.

Com isso, o governo tenta corrigir essa

falha na educação durante o ensino fundamental

e médio, implementando as cotas sociais, de

forma que, quem estudou em escola pública não

concorre com quem estudou em escolas

particular. O que é extremamente errado, porque

os níveis de ensino entre as escolas deveriam

ser iguais e os alunos deveriam ser capazes de

concorrer com todos igualmente. É claro que isso

seria possível, se os alunos estudassem em

casa, já que a escola pública não proporciona

constatações, de exemplificações, seguidos de explicações e comparativos (público x privado). Contudo, poderia ter ampliado, apresentando e desenvolvendo outros argumentos. Procure informar-se mais sobre a educação e o funcionamento do ensino privado para não ficar apenas no senso comum. Cuide também, da pontuação e da escrita correta das palavras e das questões linguísticas de modo geral. ( podia: pret. Imp, do indi., usar poderia: fut. do pret. do indic. que denota possibilidade, sugestão para o problema da educação.)

uma boa educação. Poderia melhorar ainda mais,

se o governo acordasse para essa falha na

educação brasileira e melhorasse as estruturas

nas escolas, formação dos professores, e as

famílias apoiassem mais seus filhos, e os

incentivassem mais a estudar. Assim a educação

melhoraria consideravelmente, e melhoraria o

conceito de nosso país.

Os textos dos alunos A e B acima ilustrados, demonstram que eles apenas se

aproximaram do gênero solicitado. Faltou informatividade sobre o conteúdo temático

abordado, bem como apresentar e desenvolver mais argumentos e ou contra-

argumentos, sustentando-os e, assim, ampliando a construção composicional do

texto e o desenvolvimento do estilo do gênero, fazendo uso adequado dos

operadores argumentativos, domínio da estruturas sintáticas e dos aspectos

linguístico-gramaticais como um todo. Em um primeiro momento PP chama atenção

para esses aspectos nos bilhete-interativos (Ruiz, 2010), parte das solicitações são

contempladas na reescrita, no entanto, mediações individuais e outras reescritas

foram necessárias para atenderem à constituição do gênero solicitado.

Produção textual escrita do Aluno D

ESCRITA INICIAL 1A REESCRITA

A estruturação de uma sociedade, em qualquer lugar do mundo, se dá através da educação, seja em sociedades como a nossa, seja em tribos indígenas, de alguma forma o conhecimento deve ser passado adiante de modo eficiente pois será colocado em prática para suprir as necessidades inerentes a cada sociedade. Pronto! Chegamos à raiz do problema da sociedade brasileira, que em pleno século XXI ainda sofre índices alarmantes nas áreas da saúde, transporte, sofre com a falta de ética, mas tudo isso é resultado de um problema principal: Falta da Educação. Nem falo aqui da falta de escolas (realidade de parte do Nordeste), mas falo principalmente das escolas que existem e nada mudam na vida dos alunos. O conhecimento é transformador, crianças, adolescentes e jovens não podem sair de uma instituição de ensino sem nada acrescido de conhecimento.

Carência Educacional A estruturação de uma sociedade, em qualquer

lugar do mundo, se dá através da educação, seja em

sociedades como a nossa, seja em tribos indígenas, de

alguma forma o conhecimento deve ser passado adiante

de modo eficiente pois será colocado em prática para

suprir as necessidades inerentes a cada sociedade.

Pronto! Chegamos à raiz do problema da

sociedade brasileira, que em pleno século XXI ainda

sofre índices alarmantes nas áreas da saúde, transporte,

sofre com a falta de ética, mas tudo isso é resultado de

um problema principal: Falta da Educação.

Nem falo aqui da falta de escolas (realidade de

parte do Nordeste), mas falo principalmente das escolas

que existem e nada mudam na vida dos alunos. O

O nosso problema é crer que o importante é só a formação específica, que somente fará com que a sociedade evolua e tenha serviços de qualidade e estrutura. Porém, do que adianta toda a qualidade do ensino superior, se os alunos não o alcançam com a educação básica oferecida? Com tantas defasagens existem meios de ajudar, meios para dar um empurrãozinho” até lá, mas e como acompanhar o ritmo? Como superar aquelas carências que ali sim, farão falta? A educação básica é primordial! Sendo necessária, deve ser prioridade. Ou num país, onde o governo alega total atenção à educação, ainda teremos de fazer a moda antiga: sair às ruas pedindo educação? Meio incoerente com um país que se diz em desenvolvimento, pois quem busca desenvolvimento, busca primeiro, educação. Parabéns! Aluno D! O seu texto foi bem elaborado. Apenas, lembre-se de colocar o título para o seu artigo de opinião.

conhecimento é transformador, crianças, adolescentes e

jovens não podem sair de uma instituição de ensino sem

nada acrescido de conhecimento.

O nosso problema é crer que o importante é só a

formação específica, que somente fará com que a

sociedade evolua e tenha serviços de qualidade e

estrutura. Porém, do que adianta toda a qualidade do

ensino superior, se os alunos não o alcançam com a

educação básica oferecida? Com tantas defasagens

existem meios de ajudar, meios para dar um

empurrãozinho” até lá, mas e como acompanhar o ritmo?

Como superar aquelas carências que ali sim, farão falta?

A educação básica é primordial! Sendo necessária,

deve ser prioridade, principalmente para um país que diz

em desenvolvimento, pois para quem busca

desenvolvimento, busca primeiro educação.

Produção textual escrita do Aluno G

ESCRITA INICIAL 1A REESCRITA

O bolo da educação brasileira “Estudantes brasileiros atingem as melhores notas nos exames internacionais”, “Brasil é considerado o país número 1 em educação.” Essas são as manchetes que gostaríamos que estampassem nossos jornais. Gostaríamos que o mundo e até mesmo os brasileiros vissem como orgulho nosso sistema educacional. Porém, esse sonho parece se distanciar cada vez que consultamos as estatísticas “Brasil, penúltimo país no ranking de educação” Não é de desanimar qualquer um? A educação tem que melhorar , esse é um fato que já está consumado, e é um discurso que está presente na boca de muitos políticos e cidadãos. Mas, o que fazer para melhorar? Ficar apenas repetindo belas explanações e belos conceitos não irá mudar a nossa realidade, que é um bolo recheado de corrupção e desvios de verbas, e para enfeitar(,) a cereja do bolo: O desinteresse da população. É preciso ter atitude, é preciso mudar a concepção das pessoas que pensam que a responsabilidade de um mundo diferente, não está em suas mãos. Tenho certeza de que se

O bolo da educação brasileira

“Estudantes brasileiros atingem as melhores

notas nos exames internacionais”, “Brasil é

considerado o país número 1 em educação.” Essas

são as manchetes que gostaríamos que

estampassem nossos jornais. Gostaríamos que o

mundo, e até mesmo os brasileiros vissem como

orgulho nosso sistema educacional. Porém, esse

sonho parece se distanciar cada vez que

consultamos as estatísticas “Brasil, penúltimo país

no ranking de educação” Não é de desanimar

qualquer um?

A educação tem que melhorar, esse é um fato

que já está consumado, e é um discurso que está

presente na boca de muitos políticos e cidadãos.

Mas, o que fazer para melhorar? Ficar apenas

repetindo belas explanações e belos conceitos não

irá mudar a nossa realidade, que é um bolo

as crianças brasileiras tivessem o incentivo de aprenderem a ler, argumentar, discernir, e pensar, nossa realidade seria diferente. É com muito pesar que informo que não podemos mudar nosso passado obscuro. Contudo, podemos iluminar o caminho para o futuro, a mudança, lenta e tardia, ocorrerá através das novas gerações de crianças e jovens mais conscientes, questionadores, revolucionários. Eles serão os novos confeiteiros da história da educação brasileira, resta, portanto por a mão na massa.” G, o seu texto ficou muito bom, bem criativo e reflexivo. Parabéns! Apenas observe a questão da regência nominal, pois algumas palavras, assim como alguns verbos, exigem preposição como e o caso de “certeza”, quem a tem, tem sobre algo ou alguém, portanto, necessita da preposição “de”. Cuide também, de quando é onde usar a vírgula no texto, pois a pontuação é um recurso linguístico que interfere na sintaxe e sentido de um enunciado.

recheado de corrupção e desvios de verbas, e para

enfeitar a cereja do bolo: O desinteresse da

população.

É preciso ter atitude, é preciso mudar a

concepção das pessoas que pensam que a

responsabilidade de um mundo diferente, não está

em suas mãos. Tenho certeza de que, se as

crianças brasileiras tiverem o incentivo de

aprenderem a ler, argumentar, discernir, e pensar,

nossa realidade seria diferente.

É com muito pesar que informo que não

podemos mudar nosso passado obscuro. Contudo,

podemos iluminar o caminho para o futuro, a

mudança lenta e tardia, ocorrerá através das novas

gerações de crianças e jovens mais conscientes,

questionadores, revolucionários. Eles serão os

novos confeiteiros da história da educação

brasileira, resta, portanto, “por a mão na massa.”

 

  Já no textos de D e G, verifica-se uma correspondência maior com o gênero

trabalhado. Apesar de G ainda apresentar inadequações linguístico-gramaticais, em

ambos, os textos são trabalhados de forma criativa e coerente ao gênero, tanto o

estilo, como a construção composicional na abordagem do conteúdo temático.

  De um modo geral, PP observa que os alunos carecem de acesso ao

letramento sociopolítico, ideológico e cultural, além do linguístico, pois demonstram

falta de leitura e compreensão de temas atuais e polêmicos, além de apresentarem

dificuldades também nos aspectos discursivos, linguísticos e textuais, evidenciados

no momento de suas produções escritas. Contudo, ficou evidente também, que é a

possível a efetivação de um trabalho pedagógico eficiente com os alunos em relação

à produção escrita, desenvolvendo-a de forma processual e dialógica, desde que

haja a mediação de um professor bem preparado, em contínua formação e com

condições objetivas e subjetivas propícias.

5 Considerações finais

Nossa vivência no PDE, por meio da implementação do projeto de

intervenção pedagógica e pela análise dos dados ora realizada, nos permite afirmar

ser possível, viável e produtiva a realização de uma práxis com os processos da

escrita e de reescrita de textos, com base no gênero artigo de opinião, com alunos

de ensino médio de escolas públicas, pois, além dos conhecimentos linguísticos,

discursivos e textuais, este gênero fomenta a formação da consciência, por tratar de

temas polêmicos diversos que desafiam os estudantes a pesquisar e a questionar a

realidade da sociedade e a si mesmo como agente de interação social. Durante a

implementação da Unidade didática, efetivamos leituras, pesquisas,

questionamentos, análises e reflexões linguístico-discursivas-textuais, debates e a

tomada de posicionamento e argumentação considerando as condições de produção

do estudante produtor/autor.

Coerente com os autores que embasaram este estudo, podemos dizer que as

novas propostas teórico-metodológicas, centradas nas funções sociodiscursivas da

escrita e nas condições de produção das diferentes interações verbais,

redimensionam o processo de ensino e aprendizagem da produção escrita no

contexto escolar, tornando o texto a unidade de ensino e, o gênero, o objeto de

ensino. Ressaltamos que a desenvoltura da prática social escrita do discurso se faz

aos poucos, carecendo da mediação dialógica, firmemente instaurada na figura do

professor, da leitura de outros textos e de um tempo maior para que a apropriação

do conhecimento internalize e sedimente, tornando as palavras alheias em palavras

do aluno/produtor.

  Finalmente, considerando a formação continuada propiciada pelo PDE,

podemos concluir que este programa  possibilita tornar o professor, protagonista do

seu ensinar na área de Língua Portuguesa. Isto implica dizer que agora temos

conhecimento e autonomia para continuar na caminhada, em busca da melhoria do

ensino público, pois, sob a orientação dos professores da IES, tivemos a

oportunidade e a responsabilidade de construímos a nossa práxis alicerçada em

fontes teórico-metodológicas que melhor embasam, encaminham e direcionam a

nossa prática em conformidade e coerência com a realidade e necessidade de

nossos estudantes.

Referências ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.

______. Avaliação da produção textual no ensino médio. In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 ______. Território das palavras: estudo do léxico em sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. S. P.: Martins Fontes, 2003, [2011]. ______. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas Fundamentais do método sociológico da linguagem. 13. Ed., São Paulo: Hucitec, 2003, [2009]. BRADLEY, Jana. Methodological issues and practices in qualitative research. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p. 431-449, Oct. 1993. BRÄKLING, K.L. Trabalhando com o artigo de opinião: revisitando o eu no exercício da palavra do outro. In: ROJO, R. (Org.). A prática da linguagem na sala de aula: praticando os PCNs. São Paulo: Educ; Campinas: Mercado de Letras, 2000. p. 221-247. BUZEN, Clécio e MENDONÇA, Márcia (orgs.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. FARACO, C. A. Linguagem & Diálogo: as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola, 2009. FIAD, R.S.; MAYRINK-SABINSON, M. L. T. A escrita como trabalho. In: MARTINS, M. H. (Ed.). Questões de linguagem. São Paulo: Contexto, 2001. p. 54-63. GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4 ed., São Paulo: Martins Fontes, 1997. ______. Da redação à produção de textos. In: CHIAPPINI, L. (Coord.). Aprender e ensinar com textos – v.1. São Paulo: Cortez, 2011. p. 17-25. KOCH, Ingedore G. V. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2011. KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. 3. Ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MENEGASSI, R. J. Da revisão à reescrita: operações e níveis linguísticos na construção do texto. (Tese) (Doutorado em Letras), Faculdade de Ciências e letras de Assis, Universidade Estadual Paulista, 1998. ______. Da revisão à reescrita: operações linguísticas sugeridas e atendidas na construção do texto. Mimesis, Bauru, v. 22, n. 1, p. 49-68, 2001. ______. Conceitos Bakhtinianos na prova de redação. In Revista Línguas & Letras, Número Especial – XIX CELLIP – 1º Semestre de 2011.

PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008. RODRIGUES, R. H. O artigo jornalístico e o ensino da produção escrita. In: ROJO, R. H. R. (Org.). A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. São Paulo: EDUC; Campinas: Mercado de Letras, 2000. p. 207- 220. ______. R. H. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: a abordagem de Bakhtin. In: MEURER, J. L.; BONINI, A.; MOTTA- ROTH, D. (Org.). Gêneros: teorias, métodos e debates. São Paulo: Parábola, 2005. p. 152-183. RUIZ, E. D. Como corrigir redações na escola. São Paulo: Contexto, 2010. SERCUNDES, M. M. I. Ensinando a escrever. In: GERALDI, J. W.; CITELLI, B. (Org.). Aprender e ensinar com textos dos alunos – v.1. São Paulo: Cortez, 2011. SERAFINI, M. T. Como escrever textos. Tradução de Maria Augusta Bastos de Matos. São Paulo: Globo, 1989. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação.14ª edição. SP: Cortez, 2005. VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. SP: Martins Fontes, 2008.