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GÊNEROS TEXTUAIS: DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE Luís Antônio Marcuschi

Generos textuais luís antônio marcuschi - Unidade 5

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GÊNEROS TEXTUAIS: DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE

Luís Antônio Marcuschi

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1. Gêneros textuais como práticas sócio-históricas

• Contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia;

• São entidades sócio discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa;

• Os gêneros textuais surgem situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem e caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais

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2. Novos gêneros e velhas bases

• As novas tecnologias, ou seja, a intensidade do uso das tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais, formas inovadoras. Fato já notado por Bakhtin(1997) quando falava na transmutação dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos.

Exemplos: a) conversa -> telefonemab) bilhete -> carta -> e-mail

• Os limites entre a oralidade e a escrita tornam-se menos visíveis, a isto chama-se hibridismo que desafia as relações entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a visão dicotômica.

• Os gêneros híbridos permitem observar melhor a integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas em movimento.

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Definição de tipo e gênero textual

• É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto.

• Esta visão segue a noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva, privilegia a natureza funcional e interativa. A língua é tida como uma forma de ação social e histórica e que, ao dizer, também constitui a realidade sem contudo cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo. Neste contexto os gêneros textuais se constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo.

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Texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual.

Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva. O discurso se realiza nos textos.

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Domínio Discursivo

• Uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana. Não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso, discurso político, etc.

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TIPOS TEXTUAIS

definição

Espécie de seqüência teoricamente definida pela

natureza lingüística de sua composição(aspectos

lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)

abrangem

• narração• argumentação• exposição• descrição• injunção

são

Constructos

teóricos por

propriedades

lingüísticas

intrínsecas

constituem

Seqüências

lingüísticas

ou de

enunciados

no interior

dos gêneros

e não são

textos

empíricos

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Tipos Textuais – Classificação segundo

Werlich(1973)

DescritivaEstrutura simples com um verbo estático no presente ou imperfeito, um complemento e uma indicação circunstancial de lugar. Ex.: Sobre a mesa havia milhares de vidros.

Expositiva

Exposição sintética pelo processo de composição. Um sujeito e um predicado(no presente) e um complemento com um grupo nominal. Enunciado de identificação de fenômenos. Ex.: Uma parte do cérebro é o córtex.

Exposição analítica pelo processo de decomposição. Um sujeito, um verbo da família do verbo ter(ou verbos como contém, consiste, compreende) e um complemento que estabelece com o sujeito uma relação parte-todo.Enunciado de ligação de fenômenos.Ex.: O cérebro tem dez milhões de neurônios.

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Tipos Textuais – Classificação segundo

Werlich(1973)

Narrativa

Verbo de mudança no passado, um circunstancial de tempo e lugar. Enunciado indicativo de ação. Ex.: Os passageiros aterrissaram em Nova York no meio da noite.

Argumentativa

Uma forma verbal com o verbo ser no presente e um complemento. Enunciado de qualidade. Ex.: A obsessão com a durabilidade nas Artes não é permanente.

Injuntiva

Um verbo no imperativo. Enunciados incitadores à ação. Podem assumir configuração mais longe onde o imperativo é substituído por “deve”. Ex.: Pare! Seja razoável. Todos brasileiros acima de 18 anos do sexo masculino devem comparecer ao exército para alistarem-se.

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Gêneros textuais

Realizações lingüísticas concretas definidas

por propriedades sócio-

comunicativas.

Textos

empiricame

nte realizados

cumprindo

funções em

situações

comunicativ

as

Abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de

designações concretas determinadas pelo canal,

estilo, conteúdo, composição e função.

Exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta

pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio,

horóscopo, receita culinária, lista de

compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, resenha, inquérito policial,

conferência, bate-papo virtual, etc

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Observações sobre Gêneros Textuais

• Quando dominamos um gênero textual, dominamos uma forma de realizar lingüisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares.”A apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas” -> Bronckart(1999) Os gêneros operam, em certos contextos, como formas de legitimação discursiva, já que se situam numa relação sócio-histórica com fontes de produção que lhes dão sustentação muito além da justificativa individual.

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Observações sobre Gêneros Textuais

• Intertextualidade inter-gêneros = um gênero com função de outro

• Intertextualidade tipológica = um gênero com a presença de vários tipos

• A possibilidade de operação e maleabilidade dá aos gêneros enorme capacidade de adaptação e ausência de rigidez. Miller(1984) considera o gênero como “ação social” e diz: “uma definição de gênero não deve centrar-se na substância nem na forma do discurso, mas na ação em que ele aparece para realizar-se.”

• Bakhtin(1997) indicava a “construção composicional”, ao lado do “conteúdo temático” e do “estilo” como as três características dos gêneros.

• Os gêneros são, em última análise, o reflexo das estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura.

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Gêneros textuais e ensino

• Ter em mente a questão da relação oralidade e escrita no contexto dos gêneros textuais, desde os mais informais até os mais formais e em todos os contextos e situações de vida cotidiana.

• Os gêneros são modelos comunicativos e servem, muitas vezes para criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para determinada reação. Operam prospectivamente, abrindo o caminho da compreensão, como frisou Bakhtin(1997).

• Os interlocutores seguem em geral três critérios para designarem seus textos: [Elizabeth Gulich(1986)]– Canal/ meio de comunicação(telefonema, carta,

telegrama)– Critérios formais(discussão, conto, debate, contrato, ata,

poema)– Natureza do conteúdo(piada, prefácio de livro, receita

culinária, bula de remédio)

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Gêneros textuais e ensino

• Para Douglas Bilber(1988), os gêneros são geralmente determinados com base nos objetivos dos falantes e na natureza do tópico tratado.

• Os gêneros textuais se fundem em critérios externos(sócio-comunicativos e discursivos) e os tipos textuais fundam-se em critérios internos(lingüísticos e formais).

• Adequação tipológica que diz respeito à relação que deveria haver, na produção de cada gênero textual, entre os seguintes aspectos:– Natureza da informação ou do conteúdo veiculado;– Nível de linguagem(formal, informal, dialetal, culta, etc)– Tipo de situação em que o gênero se situa(pública,

privada, corriqueira, solene, etc)– Relação entre os participantes(conhecidos,

desconhecidos, nível social, formação, etc)– Natureza dos objetivos das atividades desenvolvidas.

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Observações Finais

• O trabalho com gêneros será uma forma de dar conta do ensino dentro de um dos vetores da proposta oficial dos PCNs.