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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPARFACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS
DE PARANAGUÁ - FAFIPARSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCACAO DO PARANA - SEED
SUPERINTENDENCIA DE ESTADO DE EDUCACAODIRETORIA DE POLITICAS PUBLICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ler e representar é só começar: Vamos dramatizar
PARANAGUÁ - PR
2013
SUMÁRIO
1. FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA---03
2. APRESENTAÇÃO--------------------------------------------------------------------------------04
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA----------------------------------------------------------------05
3.1 CONCEITO DE LEITURA----------------------------------------------------------------------05
3.2 LEITORES: O ATO DE LER-------------------------------------------------------------------09
3.3 O TEATRO COMO AGENTE EFICAZ DE LEITURA------------------------------------14
3.4 LENDAS NEGRAS: CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DA HISTÓRIA AFRO-
BRASILEIRA – Lei 10.639/20039 CRONOGRAMA DAS AÇÕES------------------------20
3.5 LETRAMENTO LITERÁRIO: SUA IMPORTÂNCIA NA PRÁTICA DE LEITURA.22
4. MATERIAIS DIDÁTICOS------------------------------------------------------------------------24
5. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS--------------------------------------------------------24
5.1 DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE XPECTATIVAS------------------------------24
5.2 ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS------------------------------28
5.3 RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS--------------------------------------30
5.4 QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS------------------------35
5.5 AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS-----------------------------------40
6. SUGESTÃO FINAL DE ENCERRAMENTO DO PROJETO----------------------------45
7. SUGESTÕES DE LEITURA---------------------------------------------------------------------45
8. REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------------46
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1. FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: Ler e representar é só começar: Vamos dramatizarAutor Adriani Felizardo VelesDisciplina/ Área PDE Língua PortuguesaEscola de implementação do Projeto e Localização
C.E.Profª Renée de Carvalho Amorim-E. F.M/ Rua Javari, s/n, Balneário Ipanema
Município da escola Pontal do Paraná/PrNúcleo Regional de Educação
Paranaguá
Professor orientador Cátia Toledo MendonçaInstituição de Ensino Superior
FAFIPAR
Relação interdisciplinarResumo Ler e representar é só começar: Vamos dramatizar
é um projeto que se preocupa com o ato de ler e na formação de leitores críticos. Com tudo que se vê, nas séries iniciais de ensino fundamental, em torno do hábito de leitura. É sabido que a leitura é fundamental no processo de ensino assegurando a continuidade nos anos seqüenciais. O papel do professor é muito importante para que construa este saber elaborado. Foi pensando na capacitação desse leitor e nas dificuldades que ano a ano processa é que se pensou num projeto que desenvolvesse o gosto pela leitura. O Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado tem como foco a leitura de textos de gêneros diversos dando maior enfoque na lenda e no teatro que trabalham como eixo temático o medo. Propõe-se através da lenda chegar a adaptação de teatro utilizando no seu desenvolvimento atividades dentro do Método Recepcional de Bordini & Aguiar (1993) e Cosson (2006) a partir da sequência básica, proposta de leitura agradável que tende desenvolver o gosto pelo prazer da leitura. A obra envolvida é Lendas Negras de Júlio Emílio que no final do trabalho será adptado a lenda A menina e o barril para o gênero teatro.
Palavras-chave Leitura. Lenda. Teatro. Adaptação Formato do material didático
Unidade Didático Pedagógica
Público Alvo 6º ano/ Ensino Fundamental
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2. APRESENTAÇÃO
A Unidade Didático Pedagógica aqui proposta tem por finalidade dar suporte
e nortear o trabalho do professor PDE, no Programa de Desenvolvimento
Educacional do Paraná- PDE, na implementação da Proposta de Intervenção
Pedagógica para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, que acontecerá no
terceiro período deste Programa, no Colégio Estadual Profª Renné de Carvalho
Amorim.
Como vemos que a escola está preocupada com a leitura do sujeito no
sentido de ler mais e de maneira eficiente, uma vez que a cada dia este sujeito não
demonstra interesse pelo ato de ler, é que propomos ações por meio de leituras
diversas que provoquem o seu “querer saber” na construção de seu conhecimento.
As atividades que serão desenvolvidas, nesta unidade pedagógica, têm como
base o Método Recepcional das autoras Bordini & Aguiar (1993) que será aplicado
sob a prática da Estética da Recepção através de textos que irão ampliar o
repertório do leitor, capacitando-o na descoberta de um mundo real e/ou imaginário,
onde através da leitura perceberá que pode romper seus horizontes de expectativas
e ter consciência mais crítica em relação ao mundo que vive.
As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa e Literatura, nesta unidade
pedagógica, estão sendo atendidas através do Método Recepcional, apresentadas
por Bordini & Aguiar (1993). Para o sucesso desta proposta teremos como ponto de
partida o leitor interagindo com o texto de diversos gêneros onde possam relacioná-
los à sua vivência. Acredita-se, que apresentando textos que o aproximem de sua
vida diária possa tornar a leitura mais prazerosa. Desta maneira este leitor pode ser
mais crítico em seu posicionamento frente ao real, por fazer parte de sua vivencia.
Sobretudo, terá mais confiança, autonomia e comprometimento ao realizar a leitura.
A unidade didático-pedagógica tem por finalidade tornar a leitura mais
prazerosa a partir de texto de obra infantojuvenil, os quais irão explorar o gênero
lenda e teatro que trazem em sua temática o medo. Através destes textos os alunos
desenvolverão habilidades básicas de leitura que poderão o auxiliar na interpretação
e no diálogo, ampliando o que já conhecem. Contempla nesta proposta, além de
leituras que o capacitam para o hábito de ler, a produção textual do gênero
dramático que os alunos realizarão no final desta unidade a partir da Lenda Negra A
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menina e o Barril, do livro Lendas Negras de Julio Emilio Braz, a qual irá servirá
como base na adaptação.
O objetivo é desenvolver ações a partir de adaptação do gênero dramático
que estimulem o gosto pela leitura e contribuam para a formação de leitores com
criticidade. Além de propiciar o aprendizado da leitura e da produção do texto
dramático. Ao realizar tal atividade o aluno poderá perceber que ele também é
produtor de conhecimentos.
A temática o medo foi escolhida por sabermos que é um problema que atinge
a todos e que pode ser evitado. O medo está presente em todos os seres humanos
e podemos lidar com ele a partir do momento em que estamos preparados. Para
isso é que propomos aqui uma discussão mais ampla com o aluno, a partir de textos
que o faça pensar sobre esta temática, uma vez que na lenda A menina e o barril
que irão adaptar tenha esse sentimento explicito na obra.
Desta maneira estamos propondo um estudo de acordo com as Diretrizes
Curriculares onde o professor deve priorizar a oralidade, a leitura e a escrita de
textos que explorem os mais variados gêneros e permitam ao leitor a descobrir
maneiras de agir na sociedade e dar opiniões. Contextualizando o que lê ajuda-o a
ampliar seu horizonte e produzir novos saberes tornando-o sujeito co-autor da
sociedade na qual está integrado.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 CONCEITO DE LEITURA
[…] a leitura associa-se desde seu aparecimento à difusão da escrita, à fixação do texto na matéria livro (ou numa forma similar a essa), à alfabetização do indivíduo, de preferência na fase infantil ou juvenil da sua vida, e à adoção de um comportamento mais pessoal e menos dependente dos valores tradicionais e coletivos, veiculados por meio oral através da religião e dos mitos. (ZILBEMAN E SILVA, 2004, p.12)
6
Para Ezequiel Theodoro da Silva (2005), em seu livro O ato de ler:
fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura, a leitura não pode
ser confundida com decodificação de sinais, com reprodução mecânica de
informações ou com respostas convergentes a estímulos pré-elaborados. Neste
sentido, ele argumenta que esta confusão pode matar um leitor, se utilizada, ainda,
transforma-o em consumidor passivo da mensagem que nenhum significado atribui a
mensagem se tornando irrelevante a este.
A intencionalidade do autor sempre explicitará naquilo que escreve. Então,
compreender um texto linearmente, palavra por palavra, nada acrescentará ao
término desta leitura, pois se há intenção de transmitir uma ideia não basta apenas
decodificar signos. Este tipo de leitura dificulta o sentido na compreensão e nada
ajuda na reflexão e formação de opinião sobre o que se leu.
Neste sentido, o aluno não pode se prender ao vocábulo e esquecer a
linguagem significativa contida na mensagem. O ato de ler deve ser realizado linear
e paradigmaticamente. Nem sempre os textos são compreendidos através de leitura
sigmáticas, mas interpretativas.
Em se tratando de leitura oral, esta segue uma linearidade para que seja
compreendida na sua totalidade a mensagem contida no texto. Embora todos
estejam, em dado momento, fazendo uso do mesmo texto, este não poderá ser lido
da mesma forma. O ato de ler é individual, cada um foca em pontos que fazem parte
do seu domínio. Cada leitor trás o conhecimento acumulado pelo tempo e ao
decodificar todas as intenções do texto terá interpretação quase que pessoal.
Dependendo do seu grau de aquisição de conhecimento, de acordo com as leituras
que fez terá sucesso para sua criticidade e assim acrescentará novos conceitos aos
já obtidos. Sobre esse acumulo podemos destacar a definição dada por Richard
Bamberger (1977, p.12):
Esse treinamento cognitivo consiste em trazer à mente alguma coisa anteriormente percebida, e em antecipar com base na compreensão do texto precedente; a repetição aumenta e assegura o esforço intelectual. Por todas essas
7
razões, a leitura é uma forma exemplar de aprendizagem […] A boa leitura é uma confrontação crítica com o material e as ideias do autor.
Diante do exposto é bom aqui frisar que ler faz parte de um mundo letrado
que quanto maior for sua prática melhor será a compreensão do que se leu e,
consequentemente, de experiências.
Ezequiel Theodoro da Silva (2005, p.45), afirma: “ler é, em última instância
não só uma ponte para a tomada de consciência, mas também um modo de
existir...” Entende-se então que a leitura transforma àquele que a prática fazendo
que este venha compreender e interpretar o registro da escrita e assim melhor
compreender o mundo que está vivendo se colocando como protagonista.
Por ser a leitura um ponto crucial de acesso à cultura e de aquisição de
conhecimento que a escola deve se preocupar, Silva (2005, p. 31), destaca esse
papel da escola:
[…] seria difícil conceber uma escola onde o ato de ler não estivesse presente – isto ocorre porque o patrimônio histórico, cultural e científico da humanidade se encontra fixado em diferentes tipos de livros. Assim, o acesso aos bens culturais, proporcionado por uma educação democrática, pode muitas vezes significar o acesso aos veículos onde esses bens se encontram registrados – entre eles, o livro. (SILVA, 2005, p.31)
A importância que deveremos dar a esta função da escola é que o homem
enquanto ser se relaciona através desta leitura. Todo texto faz a mediação deste
relacionamento. É a partir desta leitura, seja ela em livros, jornal, revista, ou outros,
que os tornam seres sociáveis diante de uma realidade sociocultura em formação de
processos históricos.
Silva (2005) ainda evidencia que a escola deve implementar e disponibilizar e
leitura crítica, a qual é condição para a educação libertadora. É neste ambiente que
não mecanizam a leitura, mas trazem ao entendimento de leitor crítico que passa a
8
constatar, comparar e transformar significados do documento escrito que até dado
instante não compreendia.
À medida que esta leitura vai sendo compreendida o leitor crítico constata que
não somente o significado do escritor (autor/emissor) tem importância, este agora
passa a questionar e problematizar se posicionando diante desta leitura.
Comparando e transformando esta leitura em novos conceitos, isso seria fácil
compreender em construção de conhecimento científico produzido na escola.
O leitor ao chegar neste nível de compreensão da mensagem manifesta o
caráter libertador do ato de ler. Agora consegue verificar que o ato de ler não se faz
de forma mecânica, mas deve formalizar uma compreensão crítica no ato de sua
leitura. Eis a importância de saber ler.
Ainda segundo Silva (2005, p.81) declara que: “a leitura sempre leva à
produção ou construção de outro texto: o texto do próprio leitor.” É evidente que isso
ocorre devido a esta leitura crítica que o remeteu a posicionar-se com um ser-no-
mundo.
Richard Bamberger (1977), em seu livro, revela que o treinamento cognitivo
pode colaborar na compreensão do texto precedente, cada vez que se lê algo,
segundo ele, aumenta o esforço intelectual. Constata na leitura uma forma exemplar
de aprendizagens, pois esta aprimora a capacidade genérica de aprender indo muito
além da mera recepção. É através dela que o leitor confronta criticamente as ideias
do autor (emissor). Dessa forma, Bamberger (1977), afirma que: “a leitura crítica
tenderá a evoluir para a leitura criativa, uma síntese conduzirá a resultados
completamente novos”
Segundo Ezequiel T. da Silva (2005), em seu livro O ato de ler: fundamentos
psicológicos para uma nova pedagogia da leitura, o ato de ler deve ser visto como
parte integrante e fundamental da vida humana. O homem comunica com o mundo
mediante as mais variadas situações de linguagens. Esta comunicação linguística
em seus aspectos denotativos e conotativos que permitem a este homem chegar ao
significado das coisas do mundo. Então para Silva (2005, p.63) ler é: “ter acesso a
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um mundo distinto daquele em que a oralidade se instala e se organiza”. Logo, o ser
humano, a partir do seu contexto social aprende a ler e este necessariamente deve
ser valorizado.
Desta maneira devemos considerar que, se o texto é uma visão sobre a
experiência concreta ao que se escreve (emissor/autor), para o que se lê
(intérprete), o texto passa a ser uma nova visão concretizada diante de sua posição
de mundo. Esse leitor, agora, transformará na medida em que for se incorporando
às suas necessidades reflexivas, que é autônoma e dinâmica, ao passo que
descobre outros significados. Portanto, ao se posicionar interpreta o ponto de vista
do autor, mas é, também, capaz de fazer uma nova construção, produzir novos
conhecimentos, entendendo que essa construção é coletiva. A partir de um texto
pode criar outros.
O texto literário para desenvolver a leitura é de grande interesse, sobretudo
em se tratando de diálogo, troca e criatividade. Os alunos são levados por esta
leitura a construir, junto com o autor, outro significado, não acreditando na existência
de uma interpretação unívoca. O autor dos textos literários, desta forma, se torna
mediador e o seu produto um instrumento eficaz para prática de novos
conhecimentos. O processo de recomposição e reconstrução, pela reflexão ativa e
crítica, levado o aluno a cada leitura, faz que este explore outros sentidos, junto com
o autor, e através de diferentes aspectos lúdicos obtenha relevantes aprendizados,
sobretudo o perturbando para essa nova prática de releitura.
3.2 LEITORES: O ATO DE LER
Através da história da humanidade entendemos o quão importante se revela o
ato de ler. Embora nos tempos antigos pouquíssimos fossem os privilegiados, ou
seja, acessível a uma elite culta; com o desenvolvimento tecnológico nos últimos
decênios poderemos percebê-la como “direito” a todos. Acredita Bamberger (1977,
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p.11) que esse direito seja social e assim o descreve: “O “direito de ler” significa
igualmente o direito de desenvolver as capacidades intelectuais e espirituais da
pessoa, o direito de aprender e progredir.”
Este “direito” está relacionado então ao crescimento do homem que se
comunica e desenvolve várias linguagens. Daí a importância de obter este direito
para assim poder atribuir nova experiência e proporcionar a troca o qualificando
como ser humano.
Essa comunicação na forma de linguagem verbal o texto é uma experiência
de grande valia. Ao descrever a linguagem verbal Aguiar e Bordini (1993, p.9) assim
se posicionaram:
A linguagem verbal é, dentre as formas de expressão e comunicação, a mais utilizada pelo homem […] Registrando a linguagem verbal, através do código escrito, o livro é o documento que conserva a expressão do conteúdo de consciência humana individual e social de modo cumulativo. Ao decifrar-lhe o texto o leitor estabelece elos com as manifestações sócio-culturais que lhes são distantes no tempo e no espaço. (BORDINI & AGUIAR,1993,p.9)
É sob esta luz de manifestações sócio-culturais que o leitor se percebe como
parte de uma sociedade organizada. Neste sentido, a linguagem literária é
fundamental para estabelecer esta relação e dar sentido. É a partir dela que o leitor
se transporta no tempo e no espaço entendendo o seu papel dentro de fatos
transcritos na obra. Aguiar e Bordini (1993, p.16) afirmam que: ”para aprender a ler o
texto verbal escrito, não basta conhecer as letras que assimilam os fonemas, nem
adianta saber que os fonemas só fazem sentido quando reunidos em palavras ou
frases.”
Para outros autores a importância de entendimento de leitura são postos
dessa maneira:
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A leitura também pode se apresentar na condição de um instrumento de conscientização, quando diz respeito aos modos como a sociedade, em conjunto, repartida em segmentos diferentes ou compostas de indivíduos singulares, se relaciona ativamente com a população cultural, isto é, com os objetos e atitudes em que se depositam as manifestações da linguagem, sejam estas gestuais, visuais ou verbais (oral, escrita, mista, audiovisual). (SILVA e ZILBERMAN 2004, p.112)
Os textos literários se apresentam com riquezas de linguagens e desta
maneira com função humanizadora. Ele é capaz de educar seres humanos sedentos
de saberes oportunizando a estes significados para todos os fatores históricos e
permitindo que a partir deles relacionem com o mundo que os cercam.
Cada vez que se oportuniza a leitura estamos somando a construção do
significado a partir do que se lê, seja este qual quer que seja o gênero textual
proposto. Os elementos textuais que os compõe se junta ao conhecimento trazido
pelo leitor e essa construção é possível concretizar significativamente. Ocasionando
o que podemos denominar de êxito na leitura estabelecida. Quanto maior for à
variedade de gêneros apresentados a este leitor, com práticas de leitura, escrita e
oralidade, mais crítico e com poder de transformação este leitor ficará.
Consideremos aqui a função da escola como papel fundamental enquanto
espaço que promove a leitura e investe na formação desse leitor. Veja o que propõe
para a formação de leitores os autores Aguiar e Bordini (1993, p.18):
O primeiro passo para a formação do hábito de leitura é a oferta de livros próximos à realidade do leitor, que levantem questões significativas para ele. A literatura brasileira e infantojuvenil nacionais vêm preencher estes quesitos ao fornecerem textos diante dos quais o aluno facilmente se situa, pela linguagem, pelo ambiente, pelos caracteres das personagens, pelos problemas colocados. A familiaridade do leitor com a obra gera predisposição para a leitura e o consequente desencadeamento do ato de ler. (AGUIAR &BORDINI, 1993,p.18)
Diante do exposto a escola deve propor um projeto que fundamenta e objetive
suprir as deficiências na formação deste leitor, espera-se, no mínimo que este se
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mostre criativo perante o mundo que o cerca. É evidente que não resolverá o caos
que se encontra a educação perante este hábito de ler, no entanto, aqui está o seu
desafio mesmo porque esse se apresenta não pelo fato de não se ter acesso aos
materiais de leitura e sim pelo fato de ser uma questão cultural.
Bamberger (1977, p.74) sugere, em seu livro Como incentivar o hábito da
leitura, possibilidades para desenvolver interesses e hábitos de leitura para todos os
níveis de idade, colocando que:
Os livros não devem ser considerados como “trabalhos escolares”, mas como companheiros. Não se deve fazer tentativa alguma para “esgotar” um livro ao discutí-lo. Os próprios estudantes precisam descobrir o que um livro tem para dizer-lhes a respeito de sua vida, de seus problemas e de suas perguntas. As discussões, acerca dos livros devem conduzir também ao auto-conhecimento e o papel do professor aqui não é o do instrutor nem o do examinador, mas o de uma pessoa para a qual os livros são importantes, que não somente quer que os alunos lhe falem sobre suas experiências com livros, mas também relata, de vez em quando, o que os livros lhe deram.(BAMBERGER, 1977, p.74)
O hábito de leitura pode ser desenvolvido nas aulas de literatura quando
apresentados textos literários ou não literários. O professor tem papel importante
desde o seu planejamento quando deverá levar em conta o que seu público-alvo
domina de conteúdo prévio e a partir deste preparar o que poderá atingir num grau
de eficiência de sucesso para este público. O professor deve estar comprometido
com o sucesso deste público, tendo atitude desafiadora com textos que podem
contribuir com a formação do hábito de leitura. Ao propor textos deve levar em
consideração a proximidade do leitor com o conhecimento textual para que este
obtenha êxito na construção do seu conhecimento. Lembrando sempre que quanto
maior a familiaridade do leitor com o que se lê (o texto) mediante tipologia, gênero e
estrutura textual, mais compreensão terá do que se propos. O aluno deve entender
que ler e interpretar o material literário ou não-literário não se efetiva numa prática
isolada, são práticas inter-relacionadas e não se dá independentemente. Muitas
vezes se percebe uma falta de interesse pelas obras literárias clássicas por parte
dos alunos que alegam não ser agradáveis e, segundo eles, não as entendem.
13
De acordo com Aguiar e Bordini (1993, p.23), a preparação do ato de ler deve
ter o preparo no meio cultural e escolar que o leitor está convivendo. O seu
relacionamento é de fundamental importância nesta composição para o
entendimento diante do que leu. Segundo os mesmos autores, vejamos como se
comportam, em especial, alunos de 6º ano em se tratando de leitura literária:
Na 6ª série, os alunos não se mostram particularmente interessados em gênero literário em especial. Os assuntos literários são o humor, o horror, o amor e as aventuras. As narrativas podem acontecer no futuro, ou então no presente ou no passado remoto. O espaço pode ser o mar, o campo, o espaço sideral, a terra firme, a selva, a cidade; em locais variados, portanto, existentes, mas distantes. A faixa etária predileta quanto às personagens é a juventude, dando-se ênfase a pessoas comuns, robôs e pessoas, fantasmas e heróis.[...] e a narrativa, com assuntos de teor emotivo, informativo e, por último, reflexivo. (AGUIAR E BORDINI, 1993,p.23)
Pode-se perceber que estão na fase de transição entre o “conto de fada” e a
aventura é de extrema importância o estimulo à leitura para assim desenvolver o seu
hábito. Se nesta fase do “encantamento” não desenvolver interesse pela leitura,
torna-se mais difícil isso acontecer mais tarde.
O professor ao trabalhar com o aluno desta fase deve estar preparado para
as variações de talentos e interesses que muitas das crianças apresentam, algumas
são verdadeiras “crianças de contos de fadas”, outras já alcançam a “idade das
aventuras”; umas ainda preferem histórias mais reais é o que relata Bamberger
(1977).
Entender como tudo isso transita na prática é uma excelente forma de
entender como o significado da leitura se dá a cada leitor, seja ele aluno ou
professor. Com isso se entende a prática de sala de aula e a partir dela reflete-se a
concepção de linguagem e consequentemente a de leitura. Assim, pode-se moldar
as metodologias de acordo com o público-alvo que se pretende envolver no
descobrimento pelo hábito de leitura.
14
A escola por sua vez deve estar também engajada neste trabalho e
possibilitando recursos que facilitem a integração desta proposta metodológica
inovadora de ensino/aprendizagem.
A biblioteca deve dispor de acervos interessantes a cada fase sendo esta o
elo entre o trabalho pedagógico do aluno e seu professor. É neste local que deve
acontecer a promoção de leitura e pesquisa pedagógica e cultural, por isso se torna
instrumento indispensável neste processo de aprendizagem.
As mídias devem também ser utilizadas como suporte a estas ações de
formação de leitores, este é outro desafio. Cabe ao professor ser agente no uso
dessas ferramentas e torná-las mais atrativas buscando interagir, dialogar,
transgredir e transformar o conhecimento, mesmo que para isso deva ser mais
trabalhoso seu papel de educador no processo de mediar o conhecimento.
3.3 O TEATRO COMO AGENTE EFICAZ DE LEITURA
Se compreendida a leitura como fenômeno cultural, histórico e social que
revela as contradições e conflitos do mundo, podemos destacar uma definição
importante deste processo citada por Moisés (1967, p.22) em sua obra A criação
literária: “Literatura é a expressão dos conteúdos da ficção, ou da imaginação, por
meio de palavras de sentido múltiplos e pessoal. A respeito de Teatro, Moisés,
acrescenta em sua obra como sendo este apenas a parte escrita considerada obra
literária, embora no papel seja manifestado atributos específicos de teatro. Portanto
ao ser representado, no palco, deixa de importar à Literatura.
Nesta visão o Teatro só é obra literária enquanto texto escrito. Se o texto
então é base do ensino-aprendizagem de língua portuguesa, focaremos apenas na
estrutura que o compõe destacando o gênero oral e escrito para melhor envolver o
aluno no aprendizado científico e passamos para o teatro o prazer desta leitura.
15
Para Schneuwly e Dolz (2004,p.27) como se dá esta importância na escolha:
“A escolha do gênero se faz em função da definição dos parâmetros da situação que
guiam a ação. Há, pois, aqui uma relação entre meio-fim, que é a estrutura de base
da atividade mediada. Portanto, gênero é um instrumento...”
Nessa perspectiva deve-se escolher o melhor instrumento, pois é este que irá
ser o mediador entre a atividade e o sujeito. Para ser transformado necessita que o
sujeito se aproprie dele e este permita conhecimentos particulares do mundo,
provocando novos saberes, possibilitando a quem pratica agir, transformar e ser
transformado pelo instrumento.
Propor uma experiência pedagógica a partir do Teatro, então, é utilizar o
gênero oral e escrito de maneira ousada. Trata-se de um instrumento que há muito
tempo percorre caminhos que tenta colocar a arte a serviço da educação.
Pode-se perceber esta história marcada no livro de Olga Reverbel (2007,
p.12-14), Um caminho do teatro na escola, numa rápida revisão da arte e da história
do pensamento educacional:
A educação grega valorizara o teatro, a música, a dança e a literatura. Platão considerava o jogo fundamental na educação. Dizia que mesmo as crianças de tenra idade deveriam participar de todas as formas de jogo adequadas ao se nível de desenvolvimento, pois sem essa atmosfera lúdica, elas jamais seriam adultos educados e bons cidadãos. [...] Aristóteles, assim como Platão, deu grande destaque ao jogo na educação [...] acreditava que educar era preparar para a vida [...] (REVERBEL, 2007)
Ainda para a autora:
Para os romanos, o teatro era uma imitação que teria um propósito educacional se pudesse ensinar lições morais. [...] Na Idade Média, durante um longo período, os senhores da igreja condenaram severamente o teatro, fundamentando-se em três fatores: o mimo romano satirizava a igreja; os costumes pagãs continham um elemento mimético e dramático; o pensamento neoplatônico estabelecia um conflito entre o mundo e o espírito. Havia, portanto, três fortes objeções: uma emocional, uma religiosa e uma filosófica. Carlos Magno, coroado rei do Sacro Império Romano-Germânico, por volta do século IX, fundou escolas e monastérios
16
por toda a Europa, a partir dos quais ocorreram mudanças gradativas. (REVERBEL, 2007)
A autora acrescenta quanto a estes trabalhos:
Os trabalhos de Aristóteles foram novamente estudados e o teatro foi reavaliado [...] O ensino do teatro propagou-se pelas escolas. Por cinco séculos, as encenações dos mistérios e das moralidades propiciaram às massas sua educação. Na Renascença, surgiram numerosas academias, onde os estudiosos das obras clássicas encenavam peças latinas. Os membros dessas academias tornaram-se professores, e o teatro na escola começou a florescer. Cultivava-se a arte de falar, prática essa realizada através de diálogos. (REVERBEL, 2007)
Quanto a estas técnicas a autora ainda coloca:
Em função desse tipo de ensino, os espetáculos escolares eram muito valorizados. [...] Da metade do século XVI à metade do século XVII, o teatro, atacado pelos puritanos, era apenas tolerado nas escolas, e ainda assim com a imposição de ser moralmente sadio e apresentado somente em latim. N última metade do século XVI, com a expulsão dos puritanos, a educação tornou-se mais liberal, incluindo-se nas escolas inglesas, a exemplo da França, teatro e dança para as meninas. [...] E assim novos caminhos continuaram a abrir-se, novos rumos foram apontados e trilhados, somando-se às ideias dos grandes pensadores e cientistas e às constantes experiências de professores, em sala de aula, no mundo todo, numa tentativa de conferir às artes seu verdadeiro papel na educação, como já tinham feito até os gregos. Com a teoria evolucionista de Darvin, acrescentou-se uma base científica às observações de Rosseau e Frobel. Sabe-se, hoje, que a criança é um ser em desenvolvimento, e que cada fase de seu crescimento deve ser estimulada pelo jogo, que é para a criança prazer, trabalho, dever e essência da vida. (REVERBEL, 2007)
Pode-se entender que através dos tempos o teatro soma-se ao aprendizado
da linguagem, positivamente. Esta prática além do prazer, prepara para a vida. Há
muito tempo educadores e pensadores, como visto por Reverbel (2007), em sua
obra, vem tentando projetar a arte como ação pedagógica que contribui na formação
da personalidade do aluno.
Isso ocorre porque numa obra dramática (Teatro), o jogo lúdico provoca à
criança ao prazer de novas descobertas. Este jogo às vezes, ocorre
17
espontaneamente e outra é com a orientação do professor. A criança brinca
livremente, neste jogo lúdico educacional, sem sofrer constrangimento durante o seu
caminho de descobertas para assim poder assimilar e transformar seu aprendizado.
O professor antes mesmo de propor esta prática de jogo teatral deve conhecer o seu
aluno para não originar, através desta, um bloqueio que resulte na introspecção da
criança. A arte dessa forma utilizada tem um significado extremamente vital à
criança. Ainda acrescenta Reverbel (2007) que uma criança quando dramatiza ela
pode nos mostrar como ela se sente, como pensa e como se vê.
Ao almejarmos ter nas salas de aula “bom leitor”, deve-se colocá-los diante de
atividades de expressão que os levem a desenvolver sua capacidade de
observação, percepção e aptidão. Num clima de muita liberdade e espontaneidade
que tudo isso é possível. Não necessariamente que para isso tenhamos o objetivo
de transformá-los num aluno-ator, um aluno-pintor ou um aluno-compositor, como
bem afirma Reverbel (2007, p. 22): “mas sim dar oportunidade a cada um de
descobrir o mundo, a si próprio e a importância da arte na vida humana.”
Toda atividade de arte deve ser cultivada de maneira atrativa, o professor
deve planejá-la e envolver o seu aluno neste mundo de prazer, como bem colocou
Zilberman (2005, p.146) em seu livro Como e por que ler a literatura infantil
brasileira: “Fazer teatro para criança pode ser fácil e, ao mesmo tempo difícil.”
O que se espera com a prática de atividades de representação é que o aluno
desenvolva sua criatividade para suas práticas educacionais e principalmente para a
vida.
Segundo Reverbel (2007, p.30) com tais práticas como vai moldando este
aluno:
[…] inicialmente suas opiniões críticas baseiam-se apenas no gosto. Mais tarde, gradualmente, os observadores vão adquirindo conhecimento técnico e ampliando seu vocabulário. Pouco a pouco, as expressões limitadas, como “gosto” e “não gosto”, isto é, os julgamentos sumários, perdem o sentido; os alunos analisam os trabalhos dos companheiros com maior propriedade, explicando os “porquês”. Na
18
medida em que se cria o hábito de criticar, os alunos se exprimem cada vez mais espontaneamente. (REVERBEL, 2007, p.30)
A partir das atividades de leitura o professor cria na sala de aula um clima
para debate o que poderá desenvolver ainda mais a fluência verbal e a linguagem,
além de torná-lo crítico o prepara para representar. Para Reverbel (2007, p.31)
significa que: “Atuar, observar e criticar são ações fundamentais para a formação da
personalidade do aluno, o qual adquire ao mesmo tempo domínio da linguagem
verbal.”
Dentro desse contexto de ações o professor deve ter um planejamento de
vasto repertório de atividades que atendam a faixa etária de seus alunos, no caso
específico aqui tratado 6º ano. Deve entender que se trata de conhecimento
aplicável na vida. Para Silva (2005, p. 96): “O ato de ler”, sempre envolve
apreensão, apropriação e transformação de significados a partir do conhecimento
escrito. ”Tudo que se quer ensinar terá um novo significado. Não basta então
ensinar por mero e simples pretexto de conclusão de séries escolares. O que
evidencia um novo olhar à educação de hoje e que aponta para o futuro, ou seja,
uma educação que acompanhe o progresso da ciência e tecnologia, que de conta do
desenvolvimento intelectual e da criticidade de seus autores.
Como vimos métodos novos podemos utilizar, não são inexistentes,
didaticamente existem mil maneiras de ensinar brincando de forma prazerosa, como
o Teatro. A este respeito, vejamos o que nos observa o autor do livro Crítica da
estrutura da escola:
Minha hipótese é que não utilizam nem vão à procura dos métodos novos, que levam em conta a subjetividade do educando, porque trabalham numa escola estruturada por uma visão tradicional de educação que não reconhece o educando como sujeito. Esses professores, quando crianças, tiveram suas personalidades formadas por essa mesma escola. Ouso dizer que seu modo de ensinar não consiste sequer numa aplicação do que lhe foi ensinado nos cursos de formação docente, mas sim na concretização dos mesmos princípios e ideais da escola que frequentaram quando crianças e que agora eles reproduzem para seus alunos. (PARO, 2011, p.88)
19
A partir de ações que envolvem a aluno e o professor, como o teatro, não
poderá este reproduzir algo de seu passado que não deu certo. Este envolvimento
acontece, pelo jogo dramático, espontaneamente e envolve os que nele fazem parte.
Por isso a importância de se propor algo inovador e ao mesmo tempo instigante aos
olhos de quem o pratica. Esse é o encantamento que oferece o teatro. Ainda,
acredita-se que o teatro nas séries iniciais, do ensino fundamental, a partir de textos
da literatura infantojuvenil, capacite-os na produção de cultura, coopere na inter-
relação e interação social do meio que este leitor faz parte.
Através do teatro será proposto o uso do Método Recepcional, sugerido pelas
professoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar, que na DCE de
Língua Portuguesa do Paraná assim o trata:
Essa proposta de trabalho, de acordo com Bordini e Aguiar (1993), tem como objetivos: efetuar leituras compreensivas e críticas; ser receptivo a novos textos e a leitura de outrem; questionar as leituras efetuadas em relação ao seu próprio horizonte cultural; transformar os próprios horizontes de expectativas, bem como os do professor, da escola, da comunidade familiar e social. Alcançar esses objetivos é essencial para o sucesso das atividades. Esse trabalho divide-se em cinco etapas e cabe ao professor delimitar o tempo de aplicação de cada uma delas de acordo com o seu plano de trabalho docente e com a sua turma. A primeira etapa é o momento de determinação do horizonte de expectativas do aluno/leitor. [...] Na segunda, ocorre o atendimento ao horizonte de expectativas […] terceira, acontece a ruptura do horizonte de expectativas [...]. Após essa ruptura, o sujeito é direcionado a um questionamento do horizonte de expectativas [...]. A quinta e última etapa do método recepcional é a ampliação do horizonte de expectativas. As leituras oferecidas ao aluno e o trabalho efetuado [...] possibilitam uma reflexão a uma tomada de consciência das mudanças e das aquisições, levando-o a uma ampliação de seus conhecimentos. (PARANÁ, DCE, 2008, p.74-75)
Diante do que foi exposto se conclui que o trabalho de leitura é bastante vasto
e o professor necessita estar consciente de que a literatura e a escola devem ser
harmônicas sabendo explorar, neste universo, a formação integral do ser humano.
Para o sucesso deste trabalho o professor precisa fazer a escolha de bons textos
que se adéquem ao leitor que deles fará uso.
20
3.4 LENDAS NEGRAS: CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DA HISTÓRIA AFRO-
BRASILEIRA – Lei 10.639/2003
A Lei 10.639/2003 torna obrigatório o ensino da História Afro-Brasileira no
Ensino Fundamental e médio nas disciplinas de História, Literatura e Artes, mas isso
nada diz a respeito de não ter envolvimento em outras áreas do conhecimento. Com
base em reflexões chegasse à conclusão de que ensinar a História da cultura
africana é uma maneira de romper com certos preconceitos até então existentes em
nossa sociedade.
A presente Proposta de Intervenção Pedagógica, dentro da área de Literatura,
deverá contribuir para destacar a cultura do povo negro a partir do estudo que será
possibilitado por meio do Método Recepcional de Bordini & Aguiar (1993), aonde
chegaremos à leitura da obra Lendas Negras de Julio Emilio Braz, ilustrado por
Salmo Dansa.
Em seu artigo, Jocéli Domanski Gomes dos Santos acrescenta uma posição
de grande valia aos nossos estudos da importância de se estudar o povo africano ao
citar, como exemplo, Alberto da Costa Silva que disse: “a história da África é
importante para nós, brasileiros, porque ajuda a explicar- nos. Mas é importante
também por seu valor próprio e porque nos faz melhor compreender o grande
continente que fica em nossa fronteira leste e de onde proveio quase metade de
nossos antepassados”. Face a isso que vemos a importância de viabilizar atividades
que incrementem esta temática nas aulas de Língua Portuguesa, para que nossos
alunos tenham contato com lendas da africanas percebendo que a cultura do povo
africano é tão importante quanto a nossa.O que nos faz cumprir apenas o exposto
na Lei, segundo os dois Artigos acrescidos às Diretrizes e Bases da Educação
Nacional ( Lei nº 9.394/96):
21
Art.26-A - Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre história e Cultura Afrobrasileira.
Parágrafo Primeiro – O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do poço negro nas áreas social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil.
Parágrafo segundo – Os conteúdos referentes à História e Cultura Afrobrasileira serão ministrados no âmbito de todo currículo escolar em especial, nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Histórias Brasileiras.
Art. 79-B – O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.
Ainda, nos permite contribuir com ações que objetivam colaborar
positivamente na divulgação da cultura africana, conforme relata Petronilha Beatriz
Gonçalves e Silva:
Pedagogias de combate ao racismo e a discriminações elaboradas com o objetivo de educação étnico-raciais positivas têm como objetivo fortalecer entre os negros e despertar entre os brancos a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulhare-se de sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver se relacionar com outras pessoas, notadamente as negras. (Parecer CNE/CP 3/2004, p.16)
Dessa forma divulgamos outras culturas em nosso meio e deixamos a sua
evidencia, que, assim como nós, outros povos também trazem suas marcas. O
próprio autor que tem como base este trabalho, Julio Emilio Braz, traz na introdução
de seu livro Lendas Negras colocações a este respeito: “Sempre me ressenti como
afro-descendente da existência de livros que falassem sobre a África ou que
contassem suas histórias”. Como de fato, embora seja vasto, ainda possuímos no
âmbito escolar pouquíssima obras literárias que contem histórias desse povo. Ainda
este autor nos acrescenta: “Sem procurar muito, até hoje é bem mais fácil encontrar
livros com lendas européias, vikings, celtas, russas, japonesas. Nada contra. O
22
homem é a somatória de suas experiências e de tudo o que lê. Quanto maior e mais
diversificada sua leitura melhor.” Aqui ele fecha o nosso pensamento da importância
do ato de ler e ler de tudo, é claro, pois através desse ato que maior será o nosso
conceito frente ao exposto em nosso dia a dia.
A Proposta de Intervenção Pedagógica enfoca nesta unidade pedagógica o
medo que é fato histórico nas aldeias africanas. E como material de apoio busca
mostrar através das lendas as incontáveis riquezas e tradições culturais deste povo.
Através dessas poucas lendas contidas no livro em estudo, Lendas Negras,
pretende-se resgatar histórias de várias partes do continente africano e quem sabe
despertar o interesse em contar a outros suas próprias histórias ou escrever mais
sobre eles e a sua cultura.
3.5 LETRAMENTO LITERÁRIO: SUA IMPORTÂNCIA NA PRÁTICA DE LEITURA
O que podemos notar que é comum em nossa sala de aula os alunos terem
verdadeiro pavor ao que se refere a prática de leitura. Variam os questionamentos
realizados pelos profissionais da área de Língua Portuguesa, a respeito desta
problemática. Além desta prática de leitura disputar com meios tecnológicos e
midiáticos muito mais eficazes que as desenvolvidas em sala de aula. Rildo Cosson
no seu livro Letramento literário: teoria e prática (2006), tenta responder ou amenizar
estas questões ao professor.
Rildo Cosson defende o letramento literário diferenciando de o simples fazer
uma leitura e realizar avaliações, como costumeiramente se vê praticar nas escolas:
“[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola..., como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização.” (COSSON, 2006, p.23)
Diante do exposto a leitura não é apenas o ato de ler, mas tornar quem lê
capaz de construir um sentido para esse texto. Ainda para Cosson:
“[...] no ato da leitura está envolvido bem mais do que o movimento individual dos olhos. Ler implica troca de sentimentos não só entre o escritor e o leitor, mas também com a sociedade onde ambos estão localizados,
23
pois os sentidos são resultados de compartilhamentos de visões do mundo entre os homens no tempo e no espaço [...] É preciso estar aberto à multiplicidade do mundo e à capacidade da palavra de dizê-lo para que a atividade da leitura seja significativa. (COSSON, 2006, p.27)
Pensando em ir além da simples leitura que Cosson justifica o letramento
literário como sendo fundamental no processo educativo, é a partir dessa visão que
se sugere, nesta Intervenção Pedagógica, destacar o posicionamento deste autor.
Utilizando-se dentro do Método Recepcional a sequência básica que passará pelas
quatro etapas que este autor sugere: a primeira que chamada de motivação, será o
primeiro contato com o texto a ser apresentado ao aluno de forma lúdica para
prepará-lo para a leitura. Como sugere Cosson (2006, p.55): “A construção de uma
situação em que os alunos devem responder a uma questão ou posicionar-se diante
de um tema é uma das maneiras usuais de construção...”.
Na segunda etapa dar-se-á a introdução que será apresentada a obra,
neste caso a lenda no final do projeto, para o aluno-leitor explorar as características
da obra e do autor, além de incentivá-lo a questionar outros aspectos presentes até
esta fase.
Na terceira etapa é realizada a leitura de várias obras, que será feita pelo
professor e acompanhada pelo aluno para que este não perca o interesse. Nesse
momento o professor fará comentários referenciando o que lê, e na última etapa a
interpretação, quando será apresentada a obra na qual todas as etapas apontaram
para sua leitura, o livro Lendas Negras. Todas as etapas da sequência básica estão
sendo contempladas no decorrer do desenvolvimento do Método Recepcional
sugerido por Bordini & Aguiar.
O que queremos defender nesta proposta de intervenção pedagógica é que o
nosso aluno seja crítico e atuante, para isso deve ser estimulado a construir seus
saberes na escola. Com práticas que o façam decodificar, interpretar e questionar a
sua leitura. Assim como Cosson, defendemos:
Na escola, entretanto, é preciso compartilhar a interpretação e ampliar os sentidos construídos individualmente. A razão disso é que, por meio do compartilhamento de suas interpretações, os leitores ganham consciência de que são membros de uma coletividade e de que essa coletividade fortalece e amplia seus horizontes de leitura. (COSSON, 2006, p.66)
24
Como vemos, devemos sempre defender outras maneiras de se ensinar
literatura na escola, com maneiras simples de se entender a partir de textos literários
que sejam utilizados como incentivo para desenvolver leitores competentes e
fruidores. Desta maneira a adoção de uma metodologia não se restringirá ao
trabalho do professor, mas norteará todo o processo de aprendizado de leitura.
4. MATERIAIS DIDÁTICOS
O professor fará uso dos seguintes materiais:
- Textos do gênero dramático;
- Textos do gênero Lenda;
- Trechos de filme;
- Documentário;
- Livro literário infantojuvenil;
- TV pendrive e laboratório de informática.
5. ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA
Esta Proposta de Intervenção Pedagógica foi organizada para ser implantado
a alunos do 6º ano, Ensino Fundamental, no período de um semestre, com a carga
horária de 32 h/a. Será desenvolvida em cinco etapas:
1ª Etapa- Determinação do horizonte de expectativas;
2ª Etapa- Atendimento do horizonte de expectativas;
3ª Etapa- Ruptura do horizonte de expectativas;
4ª Etapa- Questionamento do horizonte de expectativas;
5ª Etapa- Ampliação do horizonte de expectativas.
5.1 DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
1ª ETAPA – Durante a 1ª Etapa, conforme sugerem Bordini & Aguiar (1993) no
Método Recepcional, será proposta uma investigação, junto aos alunos, através de
questionamentos que detectarão o saber que os alunos trazem referente a temática
sugerida na Proposta Didático Pedagógica: medo, utilizando o gênero lenda. O
25
professor irá, nesta fase, determinar o horizonte de expectativas prevendo ações
que rompam e transformem estes horizontes.
Filme: Lenda africana: Kiriku e a feiticeira, Roteiro e direção: Michel Ocelot- 1998
Documentário: Medo do escuro- dublado ( publicado em 10/04/2013 por Alexei
Kamus)
ENCAMINHAMENTO:
• Professor (a): Os alunos serão convidados a assistirem trechos do
documentário Medo do escuro e realizarem uma roda de conversa expondo
tudo que sabem e sente referente a temática, onde irão abordar assuntos que
conhecem e os fazem sentirem seguros quanto o tema. O professor (a) está
neste momento preparando o aluno para estudar lendas negras e os levando
a descobrir a relação que nela há com o tema: medo. Para isso será
mostrado a eles o documentário e sugerido para o momento de discussão, na
roda de conversa, questionamentos como:
• Que tipo de medo você sente ou já sentiu?
• O que o escuro pode trazer na sua memória?
• Existe alguma aparição que você lembre ter visto no escuro ou alguém lhe
contado?
• Por que as pessoas sentem medo do escuro?
• Por que não é seguro andar no escuro?
• O documentário trata do povo africano, você conhece alguma lenda dessa
região?
• A lenda sempre trata de algum mistério que provoca o medo. Você lembra-se
de alguma história que traz a temática medo?
• Você sabe o que é lenda? (Momento que deverá ser apresentado o quadro
Saiba um pouco mais)
Após este primeiro contato com o tema medo, chama-se a atenção da turma para as
diversidades da cultura africana apresentadas no documentário e mostra uma lenda
26
deste povo, utilizando o filme Lenda africana: Kiriku e a feiticeira para que a turma
possa fazer a apreciação. Dando inicio ao gênero estudado nesta unidade
pedagógica: gênero lenda.
Figura 1 Fonte: <http://geografianohorizonte.wordpress.com/2012/06/08/lenda-africana-kiriku-e-a-feiticeira/imagescae6br3g/> acesso em 15/112013
SAIBA UM POUCO MAIS:
Lendas são narrativas acerca de seres maravilhosos e encantatórios, passadas em
certo tempo e lugar, com pessoas, animais ou seres sobrenaturais. São crendices
que fazem parte do imaginário popular, frequentemente explicando fenômenos da
natureza. Muita gente diz que lendas são frutos da imaginação popular. Em muitos
povos, porém, são os livros na memória dos mais sábios.
A origem de uma lenda pode ser um fato acontecido que se transforma pela
imaginação popular. Muitas vezes, com o passar do tempo, a narrativa verdadeira
vai sendo deixada de lado e fica apenas a história imaginada.
As lendas fazem parte de nossa vida, pois desde cedo estamos acostumados a ouvir,
ler e contar histórias que vêm desde muito cedo povoando a imaginação de nossos
pais, avós, bisavós e outros antepassados muito antes deles. Essas histórias vão se
modificando de uma região para outra, mas permanece a mistura do real e o
fantástico.
27
Como outros textos de base narrativa, a lenda apresenta alguns elementos
característicos: enredo (sequência de acontecimentos colocados em ordem);
personagens (representados por pessoas, animais, coisas); narrador (quem conta a
história); espaço e tempo (a ação se passa em determinado lugar e em um período
de tempo).Fonte:<https://docs.google.com/document/d/1cRxUgFxJGlJGhP1RQC1lWIRrbVArU7-
Wgq307Wm3uY/preview?pli=1> acesso em 17/11/2013
• Professor (a): Ainda reunidos, após assistirem ao filme, a turma irá contar as
lendas que eles conhecem, compartilhar seus saberes. Este é o momento em
que todos podem contar o que sabem e o professor instigar a respeito do que
conhecem sobre lendas.
ATIVIDADE
1. Solicitar aos alunos que façam um relato de alguma história fantástica e
misteriosa que aconteceu em sua cidade e que poderia se tornar uma lenda.
2. O aluno que quiser poderá ler para turma e em seguida fazer um varal de
todos os relatos da turma.
3. Solicitar que tragam outras histórias contadas pelos familiares ou pessoas da
comunidade que poderiam se tornar uma lenda, apresentada em texto no
formato de relato e se possível ilustrada. Ou ainda, no formato de uma
gravação apresentar à turma todas as lendas de sua região.
4. Os alunos deverão apresentar a Lenda africana: Kiriku e a feiticeira na forma
de esquete. Depois de o professor fazê-los compreender o que é esquete.
(Momento que deverá ser apresentado o quadro Saiba um pouco mais)
SAIBA UM POUCO MAIS:
Esquete é uma peça de curta duração, geralmente de caráter cômico,
produzida para teatro, cinema, rádio ou televisão. O termo em Inglês com o
mesmo significado é “sketch”.
28
Cada esquete tem cerca de 10 minutos de duração. Os atores ou
comediantes possuem forte capacidade de improvisação. Os temas para os
esquetes são variados, mas geralmente incluem paródias sobre política,
cultura e sociedade.
(Fonte:< http://www.significados.com.br/esquete/> acessado em 13/11/2013)
5.2 ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
2ª ETAPA: Após ser feita a sondagem nos alunos referente ao medo e apresentado
o gênero lenda para seu conhecimento e familiarização, é nesta Etapa II, do Método
Recepcional, segundo Bordini & Aguiar (1993) que serão detectadas as aspirações,
valores e familiaridade em relação à leitura nos alunos. Deverá nesta fase então
apresentar textos de fácil entendimento e do agrado dos alunos para eles se
familiarizar com a leitura.
Textos Gênero Lenda:
- A loira do banheiro
- Lendas não tão urbanas , Tânia Souza
- A lenda urbana do opala, Bruno Paes Manso - O Estado de S. Paulo
-A boneca de porcelana: lenda urbana ou fato real?
- A Kombi dos palhaços
ENCAMINHAMENTOS:
• Após o professor (a) ter investigado o tema medo, junto aos alunos, passará
envolvê-los com esta temática indicando as várias leituras do gênero textual
lendas urbanas, sugerida para este momento, uma vez que estes textos
abordam a temática proposta. A escolha desses textos se deve ao fato de
trazerem uma linguagem fácil e linear de entendimento não complexo para a
turma. O professor (a) apresentará neste momento o quadro “Saiba um pouco
29
mais” que traz uma definição para Lendas Urbanas, afim de que a turma se
familiarize ainda mais com o gênero em estudo.
SAIBA UM POUCO MAIS:
Lendas urbanas, mitos urbanos ou lendas contemporâneas são
pequenas histórias de caráter fabuloso ou sensacionalista, amplamente
divulgadas de forma oral, por e-mails ou pela imprensa e que constituem um
tipo de folclore moderno. São frequentemente narradas como sendo fatos
acontecidos a um "amigo de um amigo" ou de conhecimento público.
Muitas delas já são bastante antigas, tendo sofrido apenas pequenas
alterações ao longo dos anos. Muitas foram mesmo traduzidas e
incorporadas a outras culturas. É o caso, por exemplo, da história da loira do
banheiro, lenda urbana brasileira que fala sobre o fantasma de uma garota
jovem de pele muito branca e cabelos loiros que costuma ser avistada
em banheiros, local onde teria se suicidado ou, em outras versões, sido
assassinada.
Outras dessas histórias têm origem mais recente, como as que dão conta de
homens seduzidos e drogados em espaços de diversão noturna que, ao
acordarem no dia seguinte, descobrem que tiveram um de
seus rins cirurgicamente extraído por uma quadrilha especializada na venda
de órgãos humanos para transplante.
Muitas das lendas urbanas são, em sua origem, baseadas em fatos reais (ou
preocupações legítimas), mas geralmente acabam distorcidas ao longo do
tempo. Com o advento da Internet, muitas lendas passaram a ecoar de
maneira tão intensa que se tornaram praticamente universais.
(Fonte:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda_urbana> acessado em 18/11/2013
30
• Dando sequência, o professor (a) fará a leitura de cada texto acompanhado
pelo aluno que no final de cada obra poderá partilhar suas opiniões em
relação à sua vivência. Logo, a partir da leitura, vão descobrindo como estes
fatos não reais estão próximos de sua realidade, permitindo fazer analogias
de tudo que foi apresentado.
• Com base no que foi lido o professor (a) deve elaborar com os alunos as
características que levam uma pessoa ao medo e a problemática que pode
acarretar quando não se conhecesse um estranho com quem se relaciona.
Oralmente, vão construindo razões que devem evitar para não sentir medo e
os cuidados que devem ter ao se aproximar de pessoas estranhas.
ATIVIDADE:
1- Solicitar aos alunos que descrevam, no formato de texto, alguns fatos que
foram levantados na conversa, após a leitura dos textos.
2- Os textos deverão ser entregues para o professor fazer as correções, no
formato rascunho.
3- Depois de feito a correção, o professor (a) devolverá, aleatoriamente, os
textos aos alunos que farão as ilustrações no texto de seu amigo para que
este seja exposto no varal da turma.
4- Dividir a turma em grupo e distribuir uma lenda para cada grupo, o qual
deverá elaborar diálogos sobre a lenda estudada por ele e na sequência cada
grupo apresentar seu diálogo à turma. Explorando a oralidade e entonação no
diálogo que poderá ser dramatizado pelo grupo.
5.3 RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
3ª ETAPA: Nesta etapa o aluno-leitor é levado a uma reflexão mais elaborada em
face da temática apresentada na unidade didático- pedagógica. O leitor deverá
relacionar a obra literária ao seu horizonte de valores, porém esta reflexão, segundo
Bordini & Aguiar (1993, p.87) poderá: “confirmar ou perturbar esse horizonte, em
31
termos das expectativas do leitor, que o recebe e julga por tudo o que já conhece e
aceita”.
É nesta fase que se rompem as expectativas do leitor na introdução de textos
e outras leituras que abalam as certezas ( Bordini& Aguiar, 1993,p.89).
Neste momento a ruptura ocorre com a proposta de apreciação por meio de
outro gênero textual: o teatro, o conto e outros textos da literatura infantil, diferente
da tipologia vistam até então.
TEXTOS:
- Gênero Conto:
- Medo do escuro! – Minéia Pacheco
- Medo do escuro, Antônio Carlos Pacheco, Adaptada para fins didáticos
- Gênero literatura infantil:
- A Vida íntima de Laura, Clarice Lispector
- Gênero teatro:
- O Médico - adaptação da peça de Moliere
ENCAMINHAMENTOS
• O professor (a) apresentará uma definição do gênero conto para que os
alunos diferencem de lenda. Utilização do quadro “Saiba um pouco mais”.
SAIBA UM POUCO MAIS:
O conto é uma obra de ficção que cria um universo de seres e
acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção,
32
o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo. Em
Angola e Moçambique é comum o termo estória para se referir a conto.
Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais
curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada,
desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama
desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O
conto é conciso.
(Fonte:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto> acessado em 18/11/2013
• Levar os alunos para o laboratório de informática para que possam fazer uma
leitura individual dos textos sugeridos, nesta fase, e fazer com que percebam
a estrutura que se difere dos demais textos até aqui lidos.
• Logo após a leitura, o professo r(a) fará uma análise na estrutura que
compõe o livro A Vida íntima de Laura, juntamente com a turma, que deverá ir
anotando em folha a parte:
• Quem são os personagens da história;
• protagonista e antagonista;
• local das ações;
• como se apresenta inicialmente a história;
• como se desenvolvem as ações;
• como se dá o desfecho;
• Podemos realizar os mesmos questionamentos nos demais textos do Gênero
conto?
E Oralmente vai sendo analisado os demais textos pela turma. O Objetivo é que os
alunos tenham noção de composição textual de texto narrativo e todos contribuam
nesta análise propiciando a oralidade.
Atividade 1:
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• Propor ao aluno que escolha um dos textos lido e analisado por eles, nesta
etapa, e em folha a parte modificar o final da história. Reescrever e entregar
para a professora fazer correção.
• Depois de feito a correção da reescrita, devolver ao aluno que apresenta à
turma, oralmente, numa roda de leitura. Em seguida colocar no varal da
turma, juntamente com as demais produções da turma já realizadas
anteriormente.
Atividade 2:
• O professor (a) apresentará um texto de teatro para os alunos realizarem apenas leitura silenciosa e apreciarem o gênero teatro com olhar de leitores, neste momento.
34
O MédicoFarsa de Luce Hinter, tirada de uma commédia de Molière , traduzida da
“Collection Feu et Flamme”, Éditions Fleuries, Paris.Personagens: Pedro, lenhador; Maria, sua mulher; O mensageiro do rei; O rei; A
filha do rei1o Ato
Cenário: Um jardim.Pedro, armado de um pau, chama por Maria.
Pedro ― Maria! Maria! Você vem ou não vem? (Anda pelo palco, furioso) Maria! Ó Maria!...
[Chega Maria, sua mulher, tremendo de medo.]
Maria ― Pronto. Aqui estou... aqui estou...
Pedro ― Onde é que você andava, mulher? Na certa, tagarelando com as comadres faladeiras como você. Venha aqui que eu lhe mostro o que é desobedecer ao marido.
[Com um pau, Pedro bate em Maria.]
Maria ― Ui... Ui... Ui.... Deixe estar, malvado, que eu me vingo. Hoje mesmo eu me vingarei.
[Sai resmungando queixas.]
Pedro ― E agora irei à floresta arranjar um pau mais forte. Este aqui está ficando muito usado.
[Sai.][Entra o mensageiro do rei procurando alguém.]
Mensageiro ― Ó de casa! Não há ninguém aqui?
[Maria arrisca a cabeça.]
Maria ― O que o senhor deseja?
Mensageiro ― Saber se este caminho vai até a cidade.
Maria ― Bem... É sim. É o caminho. Mas por que o senhor quer ir até a cidade? Fazer o quê?
Mensageiro ― Você quer mesmo saber? (Confidencial) Pois vou arranjar um médico para a filha do rei.
Maria ― Um médico para a filha do rei! Coitada... Ela está doente?
Mensageiro ― Muito doente. Está com uma espinha de peixe atravessada no gogó. Não pode nem beber nem comer!
Maria (À parte) ― Está na hora de eu me vingar de meu marido. (Alto) Senhor mensageiro, não é preciso ir à cidade. Meu marido é um ótimo médico.
Mensageiro ― É médico?
35
(Fonte:< http://juarezfrmno2008sp.blogspot.com.br/2010/05/texto-para-teatro-escolar.html> 18/11/2013)
• Feita leitura o professor deverá apresentar aos alunos as características do
gênero dramático utilizando o recurso quadro e giz, utilizando os seguintes
passos:
1º) Escreva no quadro a palavra TEATRO e explore os significados que a turma
trouxer para o questionamento. O professor poderá orientar o debate utilizando
perguntas chaves como:
• Ao ler a palavra TEATRO o que vem a sua cabeça?
• O que você vê neste texto que é preciso ter para ser uma estrutura para
teatro?
• Olhando a estrutura da peça “O médico” percebe como ela é montada e qual
diferença encontramos dos demais textos lidos até aqui?
• Como os atores conseguem conversar entre eles sem um atrapalhar o outro?
• Que marcas existem no texto que vocês percebem esta atuação de cada
personagem?
• No momento da discussão o professor deverá fazer os apontamentos no
quadro. Agora, será realizada a leitura, pelo professor, da peça de teatro
(adaptada) O médico, de Moliere, para que os alunos tenham contato com a
estrutura textual do gênero dramático;
• E para finalizar esta etapa sugerir aos alunos que encenem a peça a fim de
explorar a oralidade.
5.4 QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
4ª ETAPA: Nesta etapa a turma irá fazer uma análise crítica de tudo o que viu até
esta fase, apontando quais textos tiveram mais dificuldade de entender e quais
foram mais gostosos de realizar as reflexões, ressaltando os que eles mais se
identificaram. Esta análise será feita oralmente. Detectarão os desafios enfrentados,
36
bem como os processos de superação diante de possíveis obstáculos na leitura.
(Bordini & Aguiar, 1993, p.90).
A esta etapa destina-se o momento de reflexão sobre o tema estudado na
unidade pedagógica. A partir de outras fontes apresentadas pelo professor será
possível entender a temática através de abordagem diferenciada, como as aqui
sugeridas através da HQ e Charge que levam o leitor a supostos questionamentos
referente ao tema.
TEXTOS:
- HQs : Medo de escuro- Roteiro: Claudio Marcos Figueiredo
- Charge: Medo de Prova
ENCAMINHAMENTOS
• O Professor (a) apresentará na TV Pendrive a HQ Medo de Escuro, da Turma
do Smilinguido, para realização de leitura, e a CHARGE - Medo de prova.
• Em folha separada o professor (a) solicitará que a turma responda os
questionamentos, para analisar a estrutura do gênero HQ e CHARGE.
• Reproduzir as atividades e entregar a turma antes de iniciar a leitura,
explicando que eles devem estar atentos para esses questionamentos. Fazer
leitura previa, com a turma, da atividade que devem realizar e entregar após a
leitura na TV Pendrive.
ATIVIDADE PARA ANÁLISE DE ESTRUTURA HQ E CHARGE
• Quem são os personagens da Turma do Smilinguido desta HQ?
• Em qual local se passa essa história da HQ e CHARGE?
• O que você percebe que o gênero história em quadrinho tem que diferencia
dos demais gêneros?
• Com relação ao título da HQ como você vê a reação dos personagens
levando em consideração as suas expressões? E na CHARGE?
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• Que tipos de balões existem nesta HQ? Você conhece outros? Pesquise-os e
defina sua importância para este gênero.
• O medo expressado pelos personagens da HQ e CHARGE pode acontecer
na nossa vida? Relate como isso acontece, pode utilizar um exemplo.
• Que informações podem ser levantadas a partir do último quadrinho?
• Qual relação pode ser feita entre a CHARGE e a HQ e os demais textos lidos
por você neste projeto?
• Qual dos gêneros demonstra, no seu entendimento, se aproximar mais de
um fato real? Por quê?
• O que difere a CHARGE da HQ? Descreva essa diferença. ( Momento que
poderá ser apreciado pela turma o quadro: Saiba um pouco mais)
• A finalidade dos textos apresentados na HQ e na CHARGE são as mesmas?
Se não, relate a finalidade de cada gênero.
• Qual é o suporte onde o texto (HQ e CHARGE) é vinculado?
• Além dessa atividade escrita, o professor deve esclarecer que as
diferentes estruturas textuais, da Língua Portuguesa, podem ser
exploradas levando-os ao mundo do encantamento. E que esses
mistérios só poderão ser desvendados a partir das várias leituras onde
podem soltar sua imaginação e se divertir. Aguçando sua vontade pela
leitura da diversidade de gêneros.
SAIBA UM POUCO MAIS:
Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio
de uma caricatura, algum acontecimento atual com um ou mais personagens
envolvidos [...]
(Fonte:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Charge> acesso em 18/11/2013)
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As histórias em quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por
meio de desenhos e textos que utilizam o discurso direto, característico da
língua falada. Assim, justifica-se a pesquisa pelo interesse de demonstrar
como as estratégias de organização de um texto falado são utilizadas na
construção da história em quadrinhos, que possui em seu texto escrito,
características próximas a uma conversação face a face, além de apresentar
elementos visuais complementadores à compreensão, tornando este estudo
bastante prazeroso, pois a leitura de uma HQ causa no leitor um
determinado fascínio devido à combinação de todos esses elementos [...](Fonte:< http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno12-11.html > acesso em 18/11/2013)
39
(Fonte:< http://www.gibismilinguido.com.br/conteudo/quadrinhos/9/index.php?pag=1> acessado em 14/11/20130(Fonte:< http://www.gibismilinguido.com.br/conteudo/quadrinhos/9/index.php?pag=2> acessado em 14/11/2013(Fonte:< http://www.gibismilinguido.com.br/conteudo/quadrinhos/9/index.php?pag=3> acessado em 14/11/2013)
CHARGE: Medo de prova
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Fonte: Multimeios/SEED/ <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=328&evento=10> acesso em 18/11/2013
5.5 AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
5ª ETAPA: Nesta fase o aluno perceberá que ler não diz respeito apenas a tarefas
de sala de aula, mas está diretamente relacionado a vida. Eles agora irão perceber
que tudo o que lêem tem influencia no seu modo de pensar e agir, modificando a
sua maneira de ver a vida. Conforme afirmam Bordini & Aguiar a relação entre a
leitura e a vida é o resultado desta última etapa. Através da leitura vão ampliando
seu modo de refletir e modificando seu modo de ser e agir.
O trabalho de leitura chega a seu ponto máximo, nesta etapa. Rompeu-se o
horizonte de expectativas é o momento de fazer com que os alunos ampliem sua
visão e conhecimento sobre o gênero lenda e teatro dentro da temática “medo”, aqui
desenvolvida.
TEXTO: Lendas Negras, Julio Emilio Braz
Para esta etapa será apresentada, para leitura dos alunos, a obra infanto
juvenil Lendas Negras, Julio Emilio Braz e Salmo Dansa. Explicando que das lendas
contidas na obra, será feita a adaptação para o gênero teatro: A menina e o barril.
Por conter nesta lenda o tema trabalhado na unidade didática pedagógica: Medo,
que os alunos irão perceber e explorar ao realizar a leitura.
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ENCAMINHAMENTOS
• O professor(a) irá explorar o primeiro contato com o livro, levantando
questões, juntamente com a turma, referentes a: autor Júlio Emílio Braz, ano,
editora, ilustração Salmo Dansa, os textos que contemplam a obra;
• Os alunos farão a leitura, acompanhado pelo professor, para conhecerem a
obra completa que será explorada na linguagem oral;
• No término da leitura o professor irá explorar aspectos da estrutura narrativa
da lenda A menina e o barril: personagens, local, tempo, narrador, desfecho
(começo, meio, fim).
ATIVIDADE
• A turma poderá expor na forma de HQ, ou sinopse com ilustração de cada
lenda contida no livro Lendas Negra, em seu varal de exposição que foi
organizado na sala no inicio do projeto.
• Terminada a exploração da estrutura narrativa da lenda A menina e o barril,
os alunos, com base no que sabem referente a estrutura de texto para teatro,
adaptarão a lenda para o gênero dramático. Devendo seguir, como base, o
passo a passo de adaptação:
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Leitura oral da lenda (trecho)
Fonte:<http://www.nre.seed.pr.gov.br/irati/arquivos/File/LUZIA/Arte_africana_ou_Artes_Africanas.pdf> acesso em 13/11/2013
A MENINA E O BARRIL
Ninguém sabe mais há quanto tempo aconteceu, mas conta-se na aldeia
que numa certa ocasião havia entre nós uma jovem muito bonita. Ele e as amigas
costumavam brincar na praia e por vezes lá passavam grande parte do dia. Numa
dessas manhãs, no vaivém das ondas, encontraram uma bonita concha.
Imaginando que poderiam encontrar outras tão ou mais bonitas do que aquela,
passaram um bom tempo procurando-as. Da tal maneira entregaram-se àquela
tarefa que quando perceberam já se fazia noite e as primeiras estrelas brilhavam
no céu.
Preocupadas, todas partiram de volta para a aldeia. No entanto, no meio do
caminho, a jovem lembrou-se da concha que deixara sobre algumas pedras e
pediu às amigas que voltassem à praia com ela. Temendo os espíritos que
costumavam vagar pela floresta com a chegada da noite, todas se recusaram.
Teimosa e encantada com a beleza da concha, a jovem resolveu ir sozinha. Tinha
medo da escuridão, era bem verdade, e, para afugentar seus temores, passou a
cantar. Ao ver a praia, caminhou depressa para as pedras onde, segundo se
lembrava bem, deixara a concha. No entanto, qual não foi a sua surpresa ao
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encontrar no lugar não a concha desejada, mas um duende, uma criatura pequena
e de sorriso manhoso, que, ao vê-la, apressou-se em dizer:
- Você tem uma voz linda, menina... Cante pra mim!
- Minha concha... - A jovem, com medo, quis correr.
- Cante pra mim e eu lhe digo onde está a sua concha.
Ainda assustada, mas igualmente interessada em reaver a bela concha, ela o
atendeu.
- Chegue mais perto para que eu possa ouvir melhor- pediu o duende.
A jovem se aproximou e foi só aproximar que ele, muito agilmente, agarrou-
a e meteu-a dentro de um barril. Em vão, ela gritou, suplicou e chorou, pedindo
que ele a soltasse. Presa estava e presa continuou.
Mais que depressa, o duende colocou o barril nas costas e pô-se a vagar de
aldeia em aldeia, trocando uma refeição por um bocado de boa música. Era
sempre assim: ele chegava à aldeia, fazia a sua proposta e, aceita a proposta, batia
no barril. Imediatamente, mesmo sem saber o que estava acontecendo, mas com
medo do que o duende poderia fazer-lhe de ruim, a jovem punha-se a cantar.
Todos ficavam encantados com aquela voz melodiosa, mas triste que
emergia do barril. Aliás, o encantamento era tamanho que as pessoas ofereciam
mais e mais comida para que ele não se fosse com o barril. O duende se enchia de
comida até não poder mais e apenas as sobras ficavam para a jovem, isto é,
quando havia sobras.
O duende continuou indo de um canto para o outro durante certo tempo.
Sempre com o barril nas costas e sempre tirando dele aquela música que
encantava a todos e o empanturrava de comida. Certo dia, os dois, duende e barril,
acabaram chegando à aldeia onde nascera e vivera a jovem prisioneira. [...]
Fonte: BRAZ, Júlio Emílio; Dansa, Salmo. Lendas Negras. São Paulo: FTD, 2001
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PASSO A PASSO PARA ADAPTAÇÃO DO TEXTO PARA O GÊNERO TEATRO
(Fonte:< http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=178> acesso em 18/11/2013)
1- O professor, no quadro, escreve o passo a passo da construção do texto para ser
representado, coletivamente. Contendo os personagens, o local e a síntese da
lenda. Aos poucos a turma irá desconstruindo o texto original, passando a construir
uma nova estrutura textual, agora, para a literatura do teatro. Como vista no exemplo
do texto para teatro “O médico”, o que tomarão como base estrutural para compor os
personagens e os atos nas cenas previstas. Durante esta construção coletiva
analisarão criticamente as ações e irão compondo cada ato de cena da sua peça
(teatro).
2- Organizar os ensaios, após o texto pronto. Realize uma eleição na turma para
eleger dois alunos que junto com a professora anotarão tudo o que acontecer
durante os ensaios para que possa ser modificado o que não está dando certo e
aperfeiçoar o espetáculo, se necessário. Este serão os diretores da turma de teatro.
Juntos, fazendo os ajustes, a turma pode perceber os erros e sugerir com
criticidade. A turma poderá definir o tempo de ensaio com a sua diretoria. E marcar a
apresentação assim que tudo esteja preparado.
3- Organização do local e data da apresentação do espetáculo. A turma deverá:
agendar com o responsável (equipe diretiva da escola) local e data, confeccionar os
convites para a platéia que determinarem, compor o cenário (objetos, posições,
decoração), propor figurino de personagens, sonoplastia, iluminação, maquiagem e
cabelo, enfim aquilo que julgar necessário para a programação do espetáculo final.
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A Turma poderá, nesta fase, contar com ajuda de professores de arte e história na
construção de seu material.
6.SUGESTÃO FINAL DE ENCERRAMENTO DO PROJETO
Organizar com a turma um passeio no teatro para assistir a apresentação de
um espetáculo no palco, onde perceberão como se processa as obras literárias,
enquanto entretenimento (o teatro). Preferencialmente, assistir a um espetáculo que
possa ler a sua obra, em outro momento na sala de aula, enquanto texto literário do
gênero dramático para poder perceber como esta pode ser colocada na
representação. Esta sugestão será para futuras propostas que darão sequência ao
projeto.
7. SUGESTÕES DE LEITURA
LIVRO AUTORQuem tem medo de Bruxa? Fanny JolyQuem tem medo de dentista? Fanny JolyQuem tem medo de dragão? Fanny JolyQuem tem medo do escuro? Fanny JolyQuem tem medo de extraterrestres? Fanny JolyQuem tem medo de fantasma? Fanny JolyQuem tem medo de lobo? Fanny Joly e Jean-Noël RochutQuem tem medo de mar? Fanny JolyQuem tem medo de tempestade? Fanny JolyQuem tem medo de monstro? Fanny Joly e Jean-Noël RochutQuem tem medo do novo? Ruthe RochaO Sapo e o Poço (lenda) Júlio Emílio BrazMoçambique (contos e lendas africanas) Júlio Emílio BrazA serpente cintilante (lenda) Júlio Emílio BrazSikulume e outros contos africanos Júlio Emílio BrazSaguairu Júlio Emílio BrazLendas Africanas Júlio Emílio BrazO livro dos medos (vários autores) Org. Heloisa Prieto
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8. REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do
Leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Alberto, 1993.
BAMBERGER, Richard. Como Incentivar o Hábito de Leitura. 1. ed. São Paulo:
Cultrix, 1977.
Biografia. Salmo Dansa. Disponível em:< http://camaradolivro.com.br
/autores_det.php?id=232> acesso em 04/12/2013.
Biografia. Julio Emilio Braz. Disponível em < http://julioemiliobraz.com/bio.html>
acesso em 04/12/2013.
BRASIL, Lei nº 10639 de janeiro de 2003. Ministério da Educação. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicos Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. MEC/SECAD.2005.
BRAZ, Júlio Emílio. Lendas negras. Il. Salmo Dansa. São Paulo: FTD, 2001.
COSSON, Rildo. Letramento literário: Teoria e prática. São Paulo: Contexto,
2006.
Documentário. Medo do Escuro. Disponível em< http://www.videos.etc.br/video-
documentario-completo-medo-do-escuro-dublao.html> acesso em 14/11/2013.
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Benedito. Gêneros Orais e escritos na escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
Livro eletrônico. Lendas Negras, Júlio Emílio Braz. Disponível em< http://www.
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Livro eletrônico. A vida íntima de Laura. Disponível em< http://www.
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conteudo=1244&query=http%3A%2F%2Fwww.portugues.seed.pr.gov.br
%2Farquivos%2FFile%2FClariceLispector(1).pdf> acesso em 10/11/2013.
47
MOISÉS, Massaud. A criação literária: Introdução à problemática da Literatura.
São Paulo: Melhoramentos,1967.
MEC. Cadernos Temáticos – Educando para as relações étnicas-raciais.
Diretrizes Curriculares do Ensino de História. Curso: Educação, Africanidades:
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PARANÁ, Secretaria de Educação do. Diretrizes Curriculares de Português para
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PARO, Vitor Henrique. Crítica da Estrutura da Escola. São Paulo: Cortez, 2011.
REVERBEL, Olga. Um caminho do teatro na escola. 2. ed. São Paulo: Scipione,
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