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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
TEATRO E ESCOLA - Oralidade, leitura e escrita como prática social.
Silvana Marcia Schilive 1
Adriana Dalla Vecchia 2
Resumo
O presente artigo refere-se aos resultados do trabalho realizado através do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional, em uma Escola Pública do Estado do Paraná, denominada Escola Estadual do Campo de Guaraí - Ensino Fundamental, sobre o tema Teatro e Escola - Oralidade, leitura e escrita como prática social. A pesquisa surgiu do contexto escolar, onde diariamente os alunos enfrentam problemas e conflitos que fazem parte do convívio educacional. Baseada na afirmação de Bakhtin, afirmar-se que o gênero teatro pode ser utilizado como prática pedagógica a qual, além de contribuir para o convívio entre os indivíduos, transforma-se em um aporte ao desenvolvimento da imaginação. Este trabalho propôs-se a interpretar, criar e representar os conflitos que fazem parte do cotidiano escolar, oportunizando aos educandos o desenvolvimento de uma cultura de paz no ambiente escolar e social e com aprimoramento da comunicação. Buscou-se a história e o conceito do gênero teatro e sua classificação. Para tanto, foram analisadas as discussões de Olga Reverbel ao afirmar a importância do teatro no âmbito escolar por meio dos jogos teatrais. Palavras-chave: Teatro, escola, oralidade, leitura e escrita.
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa surgiu do contexto escolar, onde diariamente os alunos enfrentam
problemas e conflitos que fazem parte do convívio educacional. Geralmente essas
questões estão além do ensinar e aprender, pois nos deparamos com sujeitos que trazem 1 Professora da Rede Estadual do Paraná. Graduada em Letras - Português/Inglês pela Universidade do
Centro Oeste de São Paulo (2001). Especialista em Língua Portuguesa-Teoria e Prática e Educação Especial. 2 Professora Orientadora do PDE/UNICENTRO - Docente da UNICENTRO/Guarapuava. Graduada Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá.
em suas historicidades condutas diferentes, o que é gerador de conflitos comportamentais
como agressões verbais, violência e fofocas, geradas por conta de conceitos adquiridos
no âmbito social em que estão inseridos e repetido no seio escolar por meio da oralidade.
Segundo Milanez, “[...] quando a criança, chega à escola embora já tenha
habilidades orais básicas para se comunicar, está ainda longe de ter o domínio efetivo do
idioma em suas diferentes manifestações sociais". (MILANEZ, 1993, p.22).
Baseada na afirmação de que a escola enquanto instituição de ensino não é a
única responsável pelo desenvolvimento intelectual dos indivíduos que compõem a
sociedade, mas cabe a ela administrar as diversas relações que ali se estabelecem,
sejam elas no campo pedagógico, político, administrativo, econômico e ou social.
Nesse sentido, a oralidade deve ocupar espaço importante dentro dessas
atividades pedagógicas, uma vez que, para ser um cidadão atuante na sociedade, deve-
se ter a capacidade de intervir e defender suas ideias. Sendo assim, o principal objetivo
com o trabalho desenvolvido dentro do PDE foi articular condições para que os
educandos, por meio do gênero teatro, pudessem se apropriar dos conteúdos propostos,
com o intuito de proporcionar-lhes desenvolvimento referente à leitura, à oralidade e à
escrita.
Segundo Bakhtin e Volochinov, “a língua constitui um processo de evolução
ininterrupto, que se realiza através da interação verbal social dos locutores”. (BAKHTIN e
VOLOCHINOV, 2009, p.132). Sendo assim, todo indivíduo interioriza a linguagem, nos
mais diversos contextos cotidianos, por meio de suas relações sociais. Sabemos que a
leitura, a oralidade e a escrita se completam, pois estão entrelaçadas. O mundo
contemporâneo tornou-se uma grande rede social, onde a comunicação oral, a leitura e a
escrita são inevitáveis.
Para apresentar a experiência com o projeto Teatro e Escola, inicialmente, neste
artigo, apresenta-se o referencial teórico como base para as leituras e aprofundamento de
estudos, depois enfatiza-se a metodologia utilizada que foi a produção do caderno
pedagógico, contendo todas as atividades que foram desenvolvidas no decorrer do
projeto destacando as ações que foram realizadas e as reflexões a respeito dos pontos
positivos e negativos.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Referencial teórico
Linguagem é a capacidade que os seres possuem de expressar os pensamentos,
as ideias, os sentimentos e é considerada um fenômeno. Podemos usar inúmeros tipos
de linguagens para estabelecermos atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos,
sons, gestos e regras com sinais convencionais.
Como a linguagem utilizada pelos indivíduos pressupõem a interação social e
conhecimento, o papel da escola é fundamental neste desenvolvimento dos educandos.
Segundo as DCEs:
A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejada que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. (PARANÁ, 2008, p. 55).
Considerando esse conceito, em que o trabalho pedagógico deve priorizar as
práticas sociais em atividades planejadas, as ações pedagógicas dentro da sala de aula
devem pautar-se no desenvolvimento da compreensão e do uso da linguagem como
veículo de comunicação e expressão social. Em Bakhtin, expressão define-se da seguinte
maneira: "[sua] mais simples e grosseira definição é: tudo aquilo que, tendo se formado e
determinado de alguma maneira no psiquismo do indivíduo, exterioriza-se objetivamente
para outrem com a ajuda de signos exteriores".(BAKHTIN, 2009, p. 115).
Podemos ainda considerar como expressão, o uso da linguagem verbal e não-
verbal. A linguagem verbal integra a fala e a escrita como: diálogo, informações no rádio,
televisão ou imprensa, etc. Já a linguagem não-verbal reúne outros recursos de
comunicação tais como: tom de voz, expressões faciais, gestual, corporal, imagens,
desenhos, símbolos, músicas, etc.
Todo tipo de linguagem tem seus fundamentos, desse modo, o desenvolvimento da
linguagem é essencial para uma correta forma de expressão e comunicação. O indivíduo
que entende com clareza o que ouve, o que vê e o que lê, é capaz de transformar esta
compreensão em ação, tornando-se um indivíduo atuante em todas as esferas da
sociedade. E é na escola que o educando deve encontrar o espaço para as práticas de
linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias
de uso da língua, em instâncias públicas e privadas.
Para Bakhtin, "todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao
uso da linguagem". (BAKHTIN, 2011, p. 261). Tendo em vista essa afirmação, as práticas
pedagógicas voltadas para o ensino de Língua Portuguesa ganham força no momento em
que se planejam atividades educativas sistematizadas com o uso da linguagem,
especificamente neste caso, o gênero teatro.
Segundo as DCEs,
As Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa requerem, neste momento histórico, novos posicionamentos em relação às práticas de ensino; seja pela discussão crítica dessas práticas, seja pelo envolvimento direto dos professores na construção de alternativas. (PARANÁ, 2008, p.47 e 48).
Diante disso, cabe ao professor determinar sua prática pedagógica dentro de sala
de aula, proporcionando e aprimorando o desenvolvimento do educando. Logo os
gêneros se apresentam como esquema de compreensão e facilitação da ação
comunicativa interpessoal, compreende-se que é impossível se comunicar verbalmente a
não ser por algum gênero. Para Bakhtin, “a riqueza e a diversidade dos gêneros do
discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade
humana. (BAKHTIN, 2011, p. 262).
Pensar o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa tendo como foco essa
concepção de linguagem, significa que a escola seja um espaço capaz de promover, por
meio de uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do educando,
para que ele se envolva nas práticas de uso da língua, desenvolvendo a leitura, a
oralidade e a escrita. Em cumprimento a função, o gênero teatro permite ao educando
desenvolver na prática da leitura, o conhecimento do gênero, em suas propriedades
discursiva, linguístico-textuais, aspectos gráficos, estético e temáticos. O gênero permite
ainda que o aluno se desenvolva na prática da oralidade quanto ao uso de seus recursos
expressivos, tais como: entonação, velocidade, ritmo e volume. Desenvolver-se na
prática, ao escrever pequenas cenas, utilizando recursos próprios do texto teatral.
A partir dessas constatações, é de se considerar a importância do teatro para
educação em todos o campos de atuação. Os seres humanos são seres teatrais, pois são
capazes de aliar a sua capacidade de simbolização e a de jogo. É inerente ao ser
humano, a dramatização, pois desde a infância traduzimos os mundos internos e
externos. Com o movimento de objetividade e subjetividade, do real com a fantasia, que
permite a ligação com o dentro e fora, tornando o processo em resultado de consciência.
Sobre isso, Reverbel afirma que “o ensino de teatro é fundamental, pois, através dos
jogos de imitação e criação, a criança é estimulada a descobrir gradualmente a si própria,
ao outro e ao mundo que a rodeia. (REVERBEL, 1989, p.25).
Por meio da teatralização, permite-se gerar situações reflexivas coletivas mediante
questões cotidianas, abordadas naturalmente durante a apresentação oral. Algumas
dessa situações referem-se ao convívio escolar como: as relações de professor/aluno,
aluno/aluno, funcionário/aluno, instituição/aluno, e equipe pedagógica/aluno.
De acordo com o pensamento de Boal, "[o] teatro deve modificar o espectador,
dando-lhe consciência do mundo em que vive e do movimento desse mundo. O teatro dá
ao espectador a consciência da realidade; é ao espectador que cabe modificá-la." (BOAL,
1991, p.22). Assim, ao se trabalhar com teatro na escola, deve-se ter como objetivo de
levar os alunos a desenvolverem características fundamentais para o melhor desempenho
escolar e social como: capacidade de expressão, autoconhecimento, socialização,
autoestima, raciocínio lógico, senso crítico, espontaneidade, intuição, criatividade e
cidadania.
Deve-se entender que existe dificuldade para trabalhar o teatro, pois lida-se com
aptidão humana, porém, para alcançar tais objetivos, o educador deve estabelecer formas
de motivação com efeitos positivos, para que os educandos sintam segurança no
desenvolvimento das atividades.
2.2 Metodologia de trabalho
Buscou-se através da proposta de pesquisa a realização da intervenção
pedagógica na Escola Estadual do Campo de Guaraí - Ensino Fundamental, visando
trabalhar conceitos, questionamentos e práticas pedagógicas referente ao gênero teatro.
O público-alvo deste trabalho foram alunos matriculados e frequentadores do 9º ano
regular do Ensino Fundamental do período vespertino da referida Instituição de Ensino, objetivando as várias possibilidades de leitura, oralidade e escrita englobadas no gênero
teatral.
A produção didático-pedagógica escolhida foi o caderno pedagógico, construído
com base no conceito do gênero teatro, seu histórico, características e classificações,
trabalhou-se técnicas de leitura, técnicas do teatro de improviso, destacando os temas:
preconceito e bullying, proporcionando condições para que os alunos pudessem produzir
pequenos roteiros teatrais com base nas cenas de improviso, bem como apresentá-las
para a comunidade escolar. Assim, destacamos a afirmação de Lopes: "Através do jogo
dramático espontâneo o atuante liga a dimensão estética das outras que definem seu
papel e função social". (LOPES, 1989, p.62).
A intervenção pedagógica se deu de forma interativa e dialógica durante as aulas,
no primeiro semestre de 2015, em período que os alunos frequentam a sala regular, pré-
determinado em cronograma e acompanhado pela equipe pedagógica e pela direção da
Instituição de Ensino. Os resultados obtidos, independentes de serem positivos e/ou
negativos, serviram de base para a produção deste artigo.
Iniciamos nossa prática discutindo com os alunos sobre a história do teatro, a
compreensão do conceito e destacando a diferença entre tragédia, comédia e farsa. É
importante estudar a história do teatro porque o conhecimento histórico é fundamental
para a compreensão do que os homens foram e fizeram, ou seja, para compreendermos o
que somos e o que fazemos. Ao estudar a história do teatro, nos deparamos com o ser
primitivo e o desenvolvimento da interação social e da comunicação.
Considera-se, então, que, diante de uma plateia, nossos educandos podem
denunciar suas insatisfações, temores, mágoas, angústias, dores, elaborar sua críticas
diante de conflitos sociais, comemorar fatos importantes, como também manifestar aos
espectadores a realidade decorrente com a intenção de transformá-la. Podemos destacar
que a função do teatro, de maneira geral, é de causar a reflexão e transformar por meio
da emoção, o espírito do ser humano. Sua importância é declarada quando acontece
aprofundamento reflexivo do ser social. Os vários significados do termo mostram que a
palavra teatro nos apresenta três significados: o lugar onde acontece as apresentações, o
espetáculo e o texto escrito. Com este estudo, o principal objetivo foi identificar a
diversidade do gênero teatro, compreendendo as características desse texto, por meio de
leituras de peças e, posteriormente, da escrita baseando-se em situações de conflitos que
enfrentamos no contexto escolar. Observamos que a leitura oral está intimamente ligada à
postura de voz, a entonação e a desenvoltura da fala.
Segundo as DCEs:
A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejada que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. (PARANÁ, 2008, p. 55).
Considerando esse conceito, a partir do qual trabalho pedagógico deve priorizar as
práticas sociais em atividades planejadas, as ações pedagógicas dentro da sala de aula
devem pautar-se no desenvolvimento da compreensão e do uso da linguagem como
veículo de comunicação e expressão social. Tanto a linguagem oral como a corporal
devem ser treinadas. Tratando-se de comunicação o corpo também fala, a face transmite
mensagens positivas (simpatia, alegria, tranquilidade e interesse) e negativas (raiva,
indiferença, cinismo e tristeza). O tratamento da leitura oral em sala de aula, proporcionou
aos educandos a reflexão, a interação e o desenvolvimento da leitura oral para si mesmo
e para um público, não só desenvolvê-la como também interpretá-la. Ler é uma atividade
complexa que requer domínio, praticá-la é fundamental.
Uma técnica para pôr em prática esta técnica são os jogos teatrais que
proporcionam o desenvolvimento da oralidade e da civilidade por meio da improvisação a
partir de um tema ou de uma situação geradora. Dessa maneira desenvolvemos no
educando o pensamento reflexivo quanto às atitudes que tomamos. Nessa pesquisa, foi
tratada a questão do preconceito e do bullying dentro do ambiente escolar. No jogo
teatral, o papel do professor(a) é sempre fundamental, pois ele(a) é o orientador e o
mediador em todos os exercícios propostos. As atividades que foram selecionadas,
seguiram cinco etapas. Jogos de relacionamento grupal, de espontaneidade, de
imaginação, de observação e de percepção.
O principal objetivo do trabalho é responder a problematização inicial do projeto de
intervenção pedagógica, entendendo de que forma o gênero teatro pode contribuir como
ferramenta para o desenvolvimento da leitura, da oralidade, da escrita no âmbito escolar e
social.
2.3 Ações
Nesta parte do artigo, apresenta-se metodologicamente como se realizou a
abordagem do projeto, desenvolvido em um total 32 horas, distribuídas em três meses no
segundo semestre do ano letivo de 2015. As aulas ocorreram nas dependências da
Escola citada, em horários de matrículas regulares dos alunos do 9º ano, com a devida
autorização da direção e Equipe Pedagógica.
Destaca-se também que em paralelo aos trabalhos realizados durante a
implementação, também se levou em consideração a análise e opinião emitidas pelos
professores de diversos Municípios do Estado do Paraná, que participaram do grupo de
trabalho em rede - GTR. Ressalta-se que o Grupo de Trabalho em Rede é um curso em
ambiente on-line, cujo objetivo é a socialização da pesquisa em todas as etapas, com a
discussão dos fundamentos teóricos e resultados da prática, visando ao enriquecimento
do trabalho. O curso teve início em setembro e térmico em dezembro de 2015, ou seja, no
período de aplicação do Projeto de Intervenção na Instituição, houve o estudo e a
contribuição dos professores da rede, por meio de fóruns, diários, tarefas e interações
com as diversas realidades.
Pensando em atividades atrativas no cotidiano escolar, o material didático
pedagógico foi dividido em cinco unidades com objetivos específicos. A unidade I trata-se
da história do teatro conceituando e classificando-o. A unidade II aborda a variedade de
significados do termo teatro e aprofunda-se no texto teatral. A unidade III desenvolve a
leitura oral baseada em técnicas de exercícios de leitura. A unidade IV é a parte prática do
caderno pedagógico, nela consta os jogos teatrais que objetivam o desenvolvimento da
expressão do educando. A unidade V encerra o caderno pedagógico, com atividades de
escrita, a partir da qual os alunos serão levados a produz pequenas peças de teatro
baseados nos exercícios e jogos desenvolvidos durante o desenvolvimento do projeto.
Quanto a unidade IV, visando a estimular o desenvolvimento dos educandos
quanto ao relacionamento social escolar, a oralidade, a leitura e a escrita, adaptamos
alguns jogos elaborados pela autora Olga Garcia Rebervel, com o tema preconceito e
bullying.
Na apresentação sobre o desenvolvimento do projeto com a turma, foi entregue um
caderno brochura, capa dura de 50 folhas para cada aluno, explicamos que utilizaríamos
esse material para a construção do diário de bordo, que é um instrumento pedagógico no
qual o aluno registra as atividades desenvolvidas, cola textos, figuras, e desenha durante
as aulas. Este registro acontecia no término de cada aula, após a roda de conversa, ou
seja, onde os alunos participavam verbalizando suas experiências e opiniões sobre o
assunto em questão.
Na Unidade I intitulada, iniciamos com um questionamento a respeito do
conhecimento individual de cada aluno sobre teatro, com essas informações montamos
um mural. Assistimos a um pequeno vídeo1 ressaltando a história do teatro e os
elementos que o compõem. Baseado nas leituras, montamos um jogral com os textos
sobre o teatro na Pré-história, na Antiguidade e o Teatro Grego. Depois disso, os alunos
retornaram ao mural e acrescentaram informações novas. Então, realizamos a roda de
conversa e os alunos registraram no diário de bordo o conteúdo com que tiveram contato
naquele encontro. Destacamos aqui o registro de três alunos. Aluno 1: Eu pensava que
teatro era apenas para nos divertirmos e para contar uma história. Aluno 2: Eu aprendi
que teatro não é só apresentar uma peça, é sim bem mais que isso, é uma arte
maravilhosa e interessante que nos faz pensar. Aluno 3: Gosto de teatro porque eu me
inspiro, baseando-se na vida real além de transmitir novidade aos outros.
Nas aulas seguintes, pesquisamos no dicionário os vários significados da palavra
teatro. Eles fizeram a leitura de imagem da obra O bumba meu boi de Candido Portinari, e
de uma fotografia do Teatro Iguassu de Laranjeiras do Sul. No diário de bordo desse dia
os alunos registraram os seguintes questionamentos: Você gosta de Teatro? Justifique o
motivo.
No desenvolvimento desta unidade, os alunos não apresentaram resistência
quanto à leitura do jogral, já em relação à participação na roda de conversa eles
demonstraram uma certa insegurança na exposição de suas ideias, temendo serem
ridicularizados pelos colegas. Nesta etapa, a participação e Ponto negativo: Insegurança.
Na Unidade II intitulada, iniciamos, iniciamos a aula expondo a diversidade do
gênero teatro, assistimos um pequeno vídeo2 sobre o Teatro de Epidauro: Uma
construção Magnífica! Os alunos receberam material impresso com texto a respeito dos 1 Novo Telecurso-Médio-Teatro.[Filme-vídeo]. Fundação Roberto Marinho. São Paulo, 2011. 0,59 segundos. Disponível em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=6410. Acesso em 4 de setembro de 2014. 2 Teatro de Epidauro. [Filme-vídeo]. Direção: Chris Lethbridge. Grécia, 2005. 5min16s. Disponível em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=6571. Acesso em 4 de setembro de 2014.
Gêneros Teatrais (Tragédia, Comédia e Farsa), após a leitura silenciosa e oral assistimos
três pequenos vídeos exemplificando cada uma delas. A roda de conversa foi aberta com
o questionamento: Qual gênero teatral é o mais apreciado? Em sua vida você já
participou ou presenciou uma tragédia ou uma comédia?
Após explicar para os alunos que leitura dramatizada é uma prática pedagógica
excelente para o desenvolvimento da oralidade, propomos a leitura dramatizada da peça:
O cocô também é seu!1 Também com o propósito de reconhecimento das características
do texto teatral.
No desenvolvimento dessa unidade, os alunos não apresentaram dificuldades.
Todos participaram ativamente das leituras, revezando os personagem. Observamos que
eles mesmos se classificavam quanto ao personagem, mais familiarizados com a leitura
em grupo observamos que os alunos demonstravam entrosamento.
Na Unidade III intitulada, iniciamos com o questionamento sobre o que é leitura
para você? Em seguida os alunos pesquisaram no dicionário e registraram no diário de
bordo, o significado da palavra leitura. Destacamos aqui o registro de três alunos.
Aluno 1: Leitura é algo que fazemos todos os dias, é a ação de ler ou interpretar textos ou livros. Aluno 2: Leitura para mim é a arte de ler, e podemos ler tudo o que vemos. Aluno 3: Leitura é uma maneira expressiva de compreender um texto ou uma mensagem.
Os alunos receberam textos informativos sobre conceitos e técnicas de leituras.
Após a leitura silenciosa e oral dos mesmos assistimos o vídeo2 Jovens leitores: Uma
paixão se inicia! Em seguida, cada aluno expôs oralmente a história de um livro que leu.
A leitura oral é um exercício vocal que necessita de treinamento. Após uma leitura
informativa a respeito desse assunto, iniciamos o treinamento oral com trava línguas e
pequenos textos. Esses exercícios visaram o desenvolvimento da capacidade de
oralidade. O tom de voz, a entonação, a expressão facial, gestual e corporal, bem como a
pontuação presente no texto.
1 Autoria própria. 2 Desfolhando Jovens Leitores: Uma Paixão se inicia. [Filme-vídeo]. Coordenação Feral: Aldemara P. de Melo. Acervo: Marcia Feskiu. Direção Geral: Rogério Bufrem Riva. Realização: TV Paulo Freire. Curitiba, 2011.13min26s. Disponível em: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=8669 Acesso em 4 de setembro de 2014.
No desenvolvimento dessa unidade, os alunos não apresentaram dificuldades.
Todos participaram ativamente das leituras. Quanto aos trava línguas, quando alguém
errava todos queriam opinar e ajudar. Observamos que eles mesmos se auto avaliavam,
neste sentido, solicitavam para repetir a frase, pois acreditavam que podiam melhorar.
Na Unidade IV, intitulada, iniciamos as aulas explicando para os alunos que o jogo
teatral é uma improvisação a partir de um tema ou de uma situação geradora. Nesse
caso, tratamos a questão do preconceito e do bullying dentro do ambiente escolar.
Os jogos teatrais selecionados levaram os alunos a se desenvolverem não só
como educando, mas também a refletirem sobre suas atitudes enquanto indivíduos
pertencentes à sociedade.
Esse conteúdo proposto, segue cinco conjuntos de atividades. Jogos de
relacionamento grupal, de espontaneidade, de Imaginação, de observação e de
percepção. Todas elas estão no livro de Olga Garcia Reverbel, Jogos teatrais na escola.
Atividades globais de expressão.
Após o desenvolvimento de cada jogo proposto, abríamos a roda de conversa e os
alunos relatavam suas experiências e opiniões. Algumas foram relatadas no diário de
bordo. No desenvolvimento dessa unidade, os alunos não apresentaram dificuldades,
embora no princípio se envergonharam, nos últimos jogos já estavam familiarizados com
a metodologia. Todos participaram ativamente dos mesmos e se divertiram muito.
Destacamos aqui o registro de três alunos.
Aluno 1: Eu aprendi a me desenvolver em várias coisas, pois tinha vergonha até de ler, mas com esse projeto que estamos fazendo, eu leio em voz alta quantas vezes for preciso. Aluno 2: O teatro é importante para todos nós em todos os sentidos, as vezes rimos, as vezes choramos, entre outras coisas ele também nos faz pensar. Aluno 3: Eu nunca vou esquecer os jogos e os teatros serei muito grata por isso, o teatro foi a melhor coisa em que eu participei na escola.
Na Unidade V intitulada, iniciamos com um pequeno vídeo1: Recreio com história,
no vídeo um aluno relata como fez o roteiro de uma peça.
1 Recreio com história. [Filme-vídeo]. Direção: Anaí Bagnolin. Produção: Silvia C. Tafarelo e Viviane B. Botton. Realização: TV Paulo Freire. Curitiba, 2009. 02min31s. Disponível em: http://www.educacao.video.pr.gov.br/?video=17631 Acesso em 4 de setembro de 2014.
Foi revista a peça: "O cocô também é seu!" para o reconhecimento das
características do texto teatral. Em seguida foi lido um texto poético "O que somos" e na
sequência assistimos ao filme: Vista minha pele! Abrimos a roda de conversa com a
música Cidadão (Zé Ramalho). Relacionando o poema, a música e o filme, os alunos
listaram os preconceitos existente em seus diários de bordo. Foi entregue para a turma
um texto informativo sobre Bullying: Afinal, o que é bullying? (Agressor, vítima e
testemunha)
Após a leitura silenciosa e oral do texto citado, a turma assistiu um vídeo com
depoimentos de alunos que sofreram bullying na escola. Abrimos a roda de conversa com
o seguinte questionamento: O que você faria? Em seguida os alunos relataram em seus
diários o assunto estudado. A turma foi dividida em três grupos, foram sorteados dois
textos com cenas de preconceito e bullying para cada grupo. Os grupos leram os textos e
apresentaram as cenas no improviso. Após as apresentações eles escreveram uma peça
baseado no tema, com argumentação, organização do cenário, vestuários e objetos
necessários. Utilizando os conhecimentos adquiridos com os jogos teatrais, os alunos
fizeram uma apresentação dos teatros elaborados por eles, para a comunidade escolar,
filmamos e fotografamos as apresentações.
Com o pensamento de Algusto Boal,
A arte modifica os modificadores da sociedade, transforma os transformadores. A sua ação é indireta, exerce-se sobre a consciência dos que vão atuar na vida real. (200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do teatro. 10ª edição, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
Afirmo que atingimos nossos objetivos, pois no desenvolvimento dessa unidade os
alunos, embora no princípio se envergonharam, nos últimos jogos já estavam
familiarizados com a metodologia. Todos participaram ativamente dos jogos e se
divertiram muito, além de aprimorarem seu conhecimento.
Após as apresentações realizadas para a escola, os funcionários ficaram
admirados com a performance dos alunos, pois até os alunos mais tímidos se
encorajaram a participar. Destacamos aqui o registro do aluno 4.
Eu aprendi com o projeto a perder a vergonha de me apresentar e fazer as atividades. Eu desenvolvi a leitura e a ter mais respeito com os colegas. A parte do projeto que eu mais gostei foram os jogos, porque foram muito legais, os jogos
eram de aprendizagem e de raciocínio, cada jogo despertava o interesse de continuar. Eu nunca mais vou esquecer das brincadeiras e apresentações que fizemos, porque foi muito legal e divertido.
3 CONCLUSÃO
Os trabalhos realizados com os alunos 9º ano do Ensino Fundamental
possibilitaram uma compreensão mais abrangente sobre a inquietação que os mesmos
têm em relação a realizarem uma leitura mais dinâmica no cotidiano escolar e social. Faz-
se necessário que tenha um olhar diferenciado em relação à fragilidade da participação
dos alunos em eventos escolares e ou sociais, fato este, que dificulta a participação dos
mesmos.
Observa-se que existe uma resistência muito forte entre todos os envolvidos no
processo educativo, ou seja, a comunidade escolar formada por professores, alunos,
funcionários e pais, por não estarem habituados com uma cultura teatral, pois a
participação não faz parte do cotidiano. Constata-se também que a falta de conhecimento
com relação ao teatro como ferramenta pedagógica aumenta o desinteresse e a
hostilidade em desenvolvê-lo, pois o mesmo é acima de tudo um valioso instrumento de
aprendizagem.
Não nos ativemos a técnicas teatrais para formação de profissionais, nem tão
pouco com objetivos de produções de espetáculos, este trabalho teve como objetivo levar
o educando a refletir e resolver conflitos relacionados ao ambiente escolar e
consecutivamente social.
Acreditamos que o educando envolvido pelo teatro se transforma. O teatro adéqua
o desenvolvimento de atitudes comportamentais, relacionamento em grupos, autoestima,
autoconfiança, aguça observação, aprimora a criação, amplia a leitura, estabelece uma
consciência vocal, facial e corporal.
Nesse sentido, o gênero teatro relevou muito mais do que um estudo de gênero
propriamente dito, ele demonstrou as habilidades de falar, ler e escrever como
fundamentais para o desenvolvimento harmonioso de um cidadão participante, dotado de
senso critico capaz de intervir e defender seus ideais.
Para minha carreira profissional foi de suma importância participar do Projeto de
Desenvolvimento Educacional - PDE, pois essa experiência docente veio me responder a
vários questionamento reflexivos. Para que nós professores possamos alcançar a
condição de autores de nossas práticas pedagógicas, alguns fatores precedem a esse
momento. O tempo para a pesquisa e a produção do material didático tem valor
inestimável. A aprendizagem proporcionada durante todo esse processo me
acompanhará permanentemente nos anos futuros.
4 REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Michael. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2011. ______. (Volochínovi). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi. São Paulo: Editora Hucitec, 2009. BOAL, Augusto. 200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do teatro. 10ª edição, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. LOPES, Joana. Pega Teatro. Campinas, SP: Papirus, 1989. MILANEZ, Wânia. Pedagogia do Oral: Condições e Perspectiva par sua aplicação no português. Campinas, SP: Sama Editora, 1993. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. 2008. REVERBEL, Olga. Jogos teatrais na escola. Atividades Globais de Expressão. 1ª edição. São Paulo. Editora Scipione, 2011.