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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
USO PEDAGÓGICO DO CELULAR EM SALA DE APOIO E SALA DE RECURSO
MULTIFUNCIONAL
Jocimey do Rocio Foggeatto Ribeiro 1
Maria Silvia Bacila Winkeler 2
RESUMO
Este artigo discute ações que auxiliem professores de sala de recursos multifuncional e sala de apoio à aprendizagem, para que possam fazer uso das novas tecnologias na prática docente e em sua formação, sobretudo pelo fato dos estudantes estarem à frente no uso de equipamentos moveis. Intencionou-se descrever a utilização que os professores têm realizado do celular como recurso didático, tratando-se da apresentação do sistema Android além de mostrar sua importância. Realizou-se um levantamento de experiências bem sucedidas com o uso do celular como recurso didático para estabelecer relação entre o uso do celular como recurso didático e o progresso dos alunos, e foram pesquisados aplicativos para tentar sanar dúvidas e ou melhorar a relação do professor com o estudante da sala de recurso multifuncional e sala de apoio à aprendizagem para apoiar suas aulas e oportunizar o dinamismo. Os autores de referência desta pesquisa são, Brito (2008), Kenski (1997 e 2003), Libâneo (1992), Winkeler (2013) e Zabala (1998). A metodologia que sustentou essa pesquisa é de abordagem qualitativa, tendo como procedimento a pesquisa participante. Esperou-se atingir com esse artigo, a necessidade de melhorar o processo de ensino, visando propiciar a aprendizagem dos alunos com recursos tecnológicos.
Palavras–chave: Tecnologia educacional. Processo ensino-aprendizagem. Recurso didático.
INTRODUÇÃO
Este artigo objetiva refletir e aprofundar no tema da mobilidade para trazer
instrumentos que possam auxiliar os professores da sala de recurso multifuncional
e sala de apoio à aprendizagem na utilização do celular como recurso didático no
processo ensino aprendizagem dos estudantes, além de trabalhar definições e
conceitos com os professores para melhor compreensão do estudante com
dificuldades de aprendizagens.
Partindo do pressuposto de que vivemos numa sociedade globalizada, onde
1 Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Paraná e professora de Sala de Apoio e de Sala de
Recursos Multifuncional. 2 Professora Doutora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
as informações são cada vez mais instantâneas, além de nos possibilitar uma
diversão nos traz informação. Aliado a isso, os recursos tecnológicos retratam
exatamente o que busca uma sociedade, ou seja, uma informação pela informação
e, talvez o mais grave, sem questionamentos. É este paradigma que precisamos
entender.
Conforme o Projeto Político Pedagógico, do Colégio Estadual Professor
Daniel Rocha.
A escola surgiu para estabelecer e fixar conhecimentos culturais e sociais no decorrer do processo evolutivo da sociedade, sendo um dos espaços privilegiados, que muito contribui para uma nova sociedade (PPP. 2012, p.71).
O homem primitivo contava com seu caráter natural de agregação social,
porém, através dos tempos, esses seres foram evoluindo e aperfeiçoando seus
instrumentos e ferramentas, dessa forma, consolidando costumes, crenças e
hábitos sociais. Assim, “a evolução social do homem, confunde-se com as
tecnologias desenvolvidas e empregadas em cada época” (KENSKI, 2003, p.20).
Diante dessas constatações, percebe-se que a escola sempre procurou
incorporar as tecnologias do seu tempo: o lápis, o caderno, os livros ou o quadro de
giz, se fizeram presentes, e hoje, as novas tecnologias da informação ou políticas
pedagógicas, se fazem presentes na escola, mesmo que lentamente (BRITO,
2008).
Como educadores, não se pode desmerecer o uso das Tecnologias da
Informação e Comunicação – TIC, enquanto ferramenta no processo ensino-
aprendizagem, porém, cabe a nós interagir para que o uso de tais artifícios seja
adequado ao que é exigido.
Tem-se que permitir aos alunos um maior contato com as tecnologias,
descobrindo as etapas evolutivas e como diferentes fases de geração de notícias
e/ou programas atuam na vivência social, mesmo que de forma imperceptível. De
acordo com Zabala (1998, p. 186) “[…] aos saberes exclusivamente informativos e
às habilidades convencionais, os meios tecnológicos podem oferecer uma
informação mais completa e atualizada”.
Todas as ferramentas disponíveis em sala de aula necessitam ser
exploradas da melhor maneira possível para que sejam os conteúdos enriquecidos
e contextualizados de forma clara e objetiva para a melhor compreensão dos
estudantes, sejam eles da sala de recurso multifuncional ou da sala de apoio à
aprendizagem.
Neste ponto, se faz necessário ressaltar a diferença entre a Sala de
Recursos Multifuncional (S.R.M) e Sala de Apoio à Aprendizagem (S.A.A).
A S.R.M3, constitui-se num conjunto de procedimentos específicos,
desenvolvendo o processo cognitivo, motor, sócio afetivo, emocional, necessários
para apropriação e produção de conhecimentos. O Atendimento Educacional
Especializado deve ser oferecido no turno inverso ao do ensino regular para que o
estudante não tenha dificuldade ou impedido seu acesso ao ensino comum. Para
tal, o planejamento pedagógico individual é organizado pelo professor de sala de
recursos, utilizando de metodologia e estratégias diferenciadas, organizando-o de
forma a atender as intervenções pedagógicas sugeridas na avaliação de ingresso
e/ou relatório semestral. O assunto adquire maior densidade à medida que a ideia
de inclusão pode implicar na exclusão de pessoas com necessidades especiais
inseridas em um determinado processo de escolarização.
Já a sala de apoio4, é uma continuidade da sala de aula e servirá como o
próprio nome diz, como um apoio ao estudante, assim, ele terá atividades em
contra turno para que sejam sanadas suas dificuldades na aprendizagem com
conteúdos do primeiro ao quinto ano.
Segundo Libâneo (1992), o incentivo para a aprendizagem é o conjunto de
estímulos que despertam nos alunos a sua motivação para aprender, de forma que
as suas necessidades e desejos sejam canalizados para as tarefas de estudo que
se tornam pertinentes de acordo com o artigo 1° da resolução 208/04 que
menciona a implementação de uma ação pedagógica para enfrentamento dos
problemas relacionados ao ensino da Língua Portuguesa e Matemática e às
dificuldades de aprendizagem, identificadas nos alunos matriculados no 6º ano do
ensino fundamental, no que se refere aos conteúdos de leitura, escritura e cálculo.
Sugere-se que o professor esteja sincronizado ao aluno para que esse sane
suas dificuldades e progrida no desenvolvimento.
3 BRASIL. Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o Atendimento Educacional
Especializado. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Educação Básica. Brasília, MEC/SEESP, 2008. 4 INSTRUÇÃO N° 004/2011 – SUED/SEED. Publicado no Diário Oficial nº. 8472 de 24 de Maio de
2011 . Súmula: Institui a partir de 2011, em caráter permanente, o Programa de Atividades
Complementares Curriculares em Contraturno na Educação Básica na Rede Estadual de Ensino.
Para melhor aproveitamento na sala de apoio à aprendizagem alguns pontos
devem ser observados: a quantidade de alunos não pode exceder a 20(vinte); é
importante definir um cronograma dos alunos que frequentarão a sala de apoio e
qual disciplina; já que a carga horária semanal é de 4 horas/aula, sendo 2
(geminadas) ao dia, sugere-se cada 3 turmas uma sala de contra turno, onde o
professor regente deverá, após avaliação diagnóstica e descritiva, encaminhar o
estudante para a sala de apoio na disciplina de língua portuguesa ou matemática -
o professor da sala de apoio é quem planeja as atividades e desenvolve em sala,
consultando quando necessário os professores regentes e equipe pedagógica
finalizando, a equipe pedagógica é quem dá suporte e orientação a este professor,
motivando o trabalho das dificuldades de cada estudante.
Neste contexto a escola pode se organizar quanto à formação continuada na
perspectiva do desenvolvimento profissional docente, conseguindo diagnosticar,
e/ou perceber os problemas assim como estruturar a escola para esta inclusão:
rede de apoio, material e profissional capacitado, mudança e melhoria da estrutura
física da escola.
Dessa forma, o professor consegue captar e relacionar os conhecimentos
prévios do estudante nos conteúdos para o processo de ensino/aprendizagem, de
uma maneira que possibilite ao mesmo, uma participação maior em suas aulas
para o seu avanço.
Sabendo que alguns estudantes já trazem consigo informação e, porque não
dizer, algum domínio, sobre aspectos relacionados à tecnologia, como por
exemplo, uso de celulares, videogames, internet etc. e que também, outros
estudantes sabem usufruir das tecnologias, mas não sabem as ferramentas,
caberia aos professores reconhecer o quanto às informações trazidas pelos alunos,
contribui e enriquece o trabalho em sala de aula, e produzir outros
encaminhamentos para as aulas. Assim, por exemplo, os professores poderão se
utilizar do celular através do sistema Android, que é um sistema operacional que
define visualmente os recursos e funcionalidades do aparelho e, com ele, é
possível acessar vídeos, sites, jogos, e-mails, semelhante a um computador e
adaptá-los metodologicamente as suas respectivas disciplinas e conteúdos;
também poderiam se utilizar de outras tecnologias, no entanto, as indicadas seriam
o sistema Android em seus diversos aplicativos, bem como Bluetooth - que é uma
tecnologia de comunicação sem fio – e o sistema Dosvox - um programa de apoio
gratuito que serve de apoio ao deficiente visual através do uso de voz.
Estes são só alguns dos artifícios tecnológicos que poderiam ser utilizados
pelo professor na tentativa tanto de realizar uma aprendizagem mais significativa
quanto para ter acesso aos conhecimentos prévios dos estudantes e usá-los como
ponto de partida metodológico.
Foram utilizados, para os encontros, as horas atividades/permanência e as
reuniões pedagógicas prevista em calendário oficial escolar, sábados letivos, visto
que fundamentado em Bueno (2008) cita:
A reunião pedagógica é a cara que a escola resolveu mostrar aos professores. Nela, devem ser discutidas questões que reflitam os conteúdos e papel que a mesma desempenha para as famílias que atende. A reunião é espaço de encontro, de escuta, de trocas e de transformação. Informações que viram conhecimentos, palavras que viram documento, vivências que viram experiências, e planos que se concretizam.
O apoio especializado e atendimentos específicos fazem parte do processo
desenvolvido para a efetivação da função social da escola, e no caso da educação
realizada com os estudantes de inclusão o seu envolvimento será ainda maior, pois
se trata de garantir o direito a uma boa educação para quem tem mais dificuldade
de fazer valer o seu direito.
DESENVOLVIMENTO
Esta pesquisa é de método pesquisa-ação, pois possibilita a participação
dos membros da comunidade docente, de modo que os resultados possam
influenciar na interpretação dos dados e nas análises. É de natureza qualitativa, por
estimular o pesquisador a pensar livremente, pois toda informação advém do
processo que é o mais importante que o resultado final devido à análise da
pesquisa, onde o pesquisador desenvolve conceitos dos dados levantados, ou
seja, por meio de um levantamento de dados, chega-se a conclusão das
premissas. A pesquisa é de caráter participante, demandando a participação de
onde está sendo realizada a mesma, uma necessidade do indivíduo, da
comunidade, do grupo, enfim, para sua melhoria. Assim que se identifica o
problema, traça-se um objetivo e começa a investigação, construção da pesquisa
(WINKELER, 2013).
As estratégias de ações foram realizadas com os professores da sala de
recurso multifuncional e sala de apoio à aprendizagem em sua hora atividade,
conforme estabelece a Lei 103/2004 e Instrução 02/2004-SUED: “A hora atividade
é o tempo reservado ao Professor em exercício de docência, para estudos,
avaliação e planejamento” (PARANÁ, 2004, p.1), não existindo uma limitação em
vista do que define o tempo da equipe pedagógica com o professor, e sim pela
necessidade de melhorar o processo de ensino visando propiciar a aprendizagem
do estudante, é e essa postura que temos que começar a mudar, afinal, a gestão
tem que estar junto com o coletivo dos profissionais da educação em todos os
momentos. Eles fazem parte do processo desenvolvido para a efetivação da função
social da escola, e no caso da educação realizada com os alunos de inclusão o seu
envolvimento será ainda maior, pois se trata de garantir o direito a uma boa
educação para quem tem mais dificuldade de fazer valer o seu direito.
Também em reuniões pedagógicas prevista em calendário oficial escolar,
sábados letivos, enfim. Dessa forma, as reuniões auxiliam na formação do
professor, é um espaço de articulação, debates, trocas, discussões sobre questões
pedagógicas e administrativas, curricular, enfim, percebendo isso, são tantas
responsabilidades que compete aos professores que, para conseguir atingir os
objetivos e ter retorno produtivo (BUENO, 2008).
Que todos façam parte do que temos que ensinar na escola não se deduz tanto de uma exigência burocrática da administração educacional, mas da necessidade de educar de modo íntegro as pessoas (ZABALA.1998, p. 108)
Partindo do pressuposto da participação efetiva de todos na educação,
principalmente os alunos que, num primeiro momento, foi apresentado o celular, ou
o tablet para a apreciação do trabalho com os alunos.
Nesse contexto, entendeu-se que o celular é uma tecnologia que passou por
vários estágios evolutivos, possibilitando uma comunicação mais rápida a qualquer
lugar e em qualquer momento. A mobilidade como uma tendência para o futuro, é a
aceleração da informação, e a necessidade de atualização no que se refere aos
novos recursos tecnológicos, se mostra como essencial, principalmente àqueles
voltados ao trabalho em sala de aula.
O celular tem sido uma constante em sala de aula, e para o processo
educacional faz-se necessário à interação dos alunos com o professor na
disponibilidade e possibilidade desse recurso para a socialização do conhecimento.
Como cita Zabala (1998, p. 94),
[…] para seguir que os alunos se interessem é preciso que os objetivos de saber, realizar, informar-se e aprofundar sejam uma consequência dos interesses detectados; que eles possam saber sempre o que se pretende nas atividades que realizaram e que sintam que o que fazem satisfaz alguma necessidade.
Para identificar algumas informações prévias, foi realizada a investigação
através de questionário e conversa, na hora atividade do professor, sobre qual é a
dificuldade encontrada na sala de recurso multifuncional e na sala de apoio à
aprendizagem, o que é o Sistema Android, utilizando-se do mecanismo de
investigar, perceber os saberes e as dificuldades encontradas.
Percebe-se que os professores carecem de formação contínua e, esta
formação necessita estar apoiada na sua ação, ou seja, à medida que eles se
propõem a integrar as tecnologias em suas práticas pedagógicas em sala de aula,
eles precisam refletir também sobre as possibilidades da utilização destas mídias e
quais objetivos desejam alcançar por meio destas, e por fim, temos como
contribuição ações concretas de enfrentamento em relação à inclusão.
Dessa forma, em cada reunião, tivemos as seguintes estratégias: estudos de
alguns textos sobre o tema; reconhecimento do Sistema Android - onde os
professores utilizaram esse recurso em suas aulas, dinamizá-las e observar os
estudantes tanto da sala de recurso quanto na sala de apoio à aprendizagem. Com
todo este avanço nas tecnologias, o professor das diversas disciplinas planejou
suas aulas de maneira diferenciada e formulou até jogos por meio do celular ou
tablet, com o intuito de auxiliar na dificuldade de alguns estudantes encontradas em
suas aulas ou não. Também puderam planejar suas aulas utilizando o Bluetooth -
que é uma tecnologia de comunicação sem fio que permite que computadores,
smartphones, tablets e afins troquem dados entre si e se conectem a mouses,
teclados, fones de ouvido, impressoras e outros acessórios a partir de ondas de
rádio - ou o sistema Dosvox - um programa de apoio gratuito que serve de apoio
ao deficiente visual através do uso de voz, tendo acesso às tecnologias,
possibilitando por meio deste, uma conversa com muitas facilidades para seu
entendimento
A maior parte dos jogos do DOSVOX tem uma interface alfanumérica, mas são povoados de efeitos sonoros. Desta forma, eles podem ser usados com prazer mesmo por pessoas que não são deficientes visuais. Mesmo nos jogos que possuem interface gráfica, o comando é feito unicamente pelo teclado, e a informação visual é útil para favorecer o compartilhamento do jogo entre pessoas que enxergam com as invisuais
5.
Ressalta-se, que este sistema, possui calculadora, ampliação de tela para
pessoas com visão reduzida, multimídia, internet, leitura, enfim, e jogos para
facilitar o aprendizado do deficiente visual, não só o entretenimento. Possibilita
assim a organização, independência e principalmente motivação ao deficiente
visual.
Foram trabalhados, também, alguns textos sobre a diferença da Sala de
Apoio à Aprendizagem e Sala de Recurso Multifuncional e como era o ensino em
diferentes momentos focando na sua evolução, pois com o decorrer do tempo,
percebe-se que a escola assumiu outros papéis que envolvem além do estudante,
a família, e seu aspecto comportamental abrangente em toda sua complexidade
existencial (família, classe social, etnia). O que se percebeu é que, infelizmente,
devido a essa mesma complexidade, não existe escola para todos ou ela não é de
qualidade para todos.
Pois, conforme Zabala (1998.p.216) “O aluno necessita de incentivos e
estímulos. É necessário que conheça sua situação, em primeiro lugar, em relação a
si mesmo, e em segundo lugar, em relação aos demais” e, caberia ao educador, ao
longo do processo, compor novas estratégias para superação das dificuldades
encontradas no processo de ensino e na aprendizagem.
Além disso, os profissionais necessitam estar atualizados com tudo que os
cerca: noticiários, leitura de bons livros e, principalmente, comprometidos com os
projetos e com a realidade econômica, social e educacional da escola onde atua,
não esquecendo de adaptar esses aspectos às necessidades do aluno e às suas
características e necessidades de aprendizagem.
Nesse intervalo de tempo, foram pesquisados aplicativos para tentar sanar
dúvidas e ou melhorar a relação do professor com o estudante da sala de recurso
multifuncional e sala de apoio à aprendizagem. Quando novo encontro, esses
materiais sugeridos foram apresentados ao professor: como utilizar, suas
5 Informações retiradas do site http://portal.estacio.br/media/1868428/manual_dos_vox.pdf- acesso
em 07 Nov 2015
vantagens, materiais que a escola dispõe. O atendimento foi individualizado a partir
da observação de cada professor.
A intenção deste projeto no ano de 2014 era desenvolver com todos os
professores da Sala de Recursos Multifuncional e Sala de Apoio à Aprendizagem,
mas em 2015, deparou-se com outra realidade política que não proporcionou para
o quadro de salas que havia previsto para a coleta dos dados.
Com isso posto os sujeitos da pesquisa, que antes eram de oito professores,
ficou em dois, sendo uma professora de Sala de Apoio à Aprendizagem na
Disciplina de Matemática e uma da Sala de Recursos Multifuncional. Mesmo assim,
o projeto continuou com esses professores.
Na primeira parte da implementação do projeto, os professores foram
receptivos. Tanto que preencheram o questionário de investigação sobre o uso do
aparelho celular e se identificaram com algumas questões, descrevendo a
utilização do celular como recurso didático.
Na segunda etapa do projeto, referente ao conhecimento docente, foram
colocados textos para o estudo do material proposto como: “Como era o ensino na
era primitiva e sua evolução, Diferença entre a Sala de Recursos Multifuncional e
Sala de Apoio à Aprendizagem, Sistema Andróid, Dosvox e Bluetooth”. Houve
dúvidas quanto às diferenças das Salas de Recurso e Apoio somente, mas os
professores esclareceram e responderam em seguida o breve questionário de
reflexão sobre os materiais propostos. Ficaram especialmente interessados pela lei
que proíbe o uso do celular não pedagógico em atividades escolares.
Uma dificuldade encontrada foi na participação dos funcionários devido,
sobretudo, aos mesmos terem que cumprir com suas obrigações na escola, ficando
um pequeno grupo na sala, enquanto alguns entravam e saiam para, por exemplo,
terminar de organizar as salas, preparar café, limpeza do Estabelecimento de
Ensino, enfim.
Quanto à apresentação dos aplicativos para os participantes da pesquisa,
não houve tanto progresso, pois daqueles apresentados, já conheciam alguns e
nem todos foram utilizados em sala com seus alunos. A professora da Sala de
Recursos Multifuncional sugeriu jogos e mostrou como utiliza.
Percebeu-se no processo educativo, que os aplicativos sugeridos foram de
agrado tanto das professoras quanto dos alunos. Analisando esse contexto,
observou-se que os alunos dominam o que é colocado a eles em forma dos jogos
educativos, mas os mesmos não sabem utilizar as ferramentas adequadas para
tais fins. Com o auxílio das professoras, o recurso foi disponibilizado de duas a três
vezes na semana para o processo educativo, mas ambas relataram que a
empolgação dos alunos foi mais receptiva do que a apresentação dos aplicativos.
Na Sala de Apoio à Aprendizagem, a professora relatou que o complicado foi
à organização dos estudantes e pouco recurso para atender a demanda de doze
alunos, pois nem todos possuem celular e nem todos os computadores da sala de
informática funcionaram, sendo que o técnico foi solicitado para auxiliar nas aulas,
e mesmo assim a internet não funcionava, e por fim, a questão do mouse que dos
dezoito existentes, somente três estavam em perfeitas condições. Assim, a
professora conseguiu aplicar.
Notou-se que os estudantes não têm paciência em ouvir o que é solicitado e
muito menos com a lentidão da internet para abaixar os aplicativos, mas foram
persistentes. Alguns faziam o download em casa e vinham contando em que fases
estavam e mostravam empolgação, principalmente no aplicativo o “Rei da
Matemática”, sendo que a maioria mostrou certa facilidade com o jogo. Diante da
aceitação dos alunos desse aplicativo especifico, a professora regente o colocou
como parte de suas aulas.
Os estudantes comentaram, também, que a tecnologia Touch screen (toque
na tela) era mais fácil de ser utilizada nos jogos do que o uso do mouse, até porque
relataram que o mouse está ultrapassado.
Já na Sala de Recursos Multifuncional, foi muito diferente: os estudantes
possuem um notebook, dois tablet (sendo que somente um funciona) e dois
computadores de mesa, sendo que o notebook é utilizado para outros fins e os dois
computadores possuem vírus devido ao corpo docente utilizar para outros fins
também, e não possuir internet para abaixar os aplicativos, pois o alcance do wi-fi
não chega até a Sala. Dessa forma, para utilizar os aplicativos propostos a
professora leva seu computador para os alunos e a mesma trabalha com eles com
um tablet.
Verificou-se que os estudantes que possuem alguma dificuldade motora não
conseguem desenvolver as atividades propostas, sendo que são mais atrativas e
assim, os mesmos necessitam dos materiais manipuláveis e solicitam à professora.
A professora relatou que os estudantes perdem a paciência, não conseguem
acompanhar e acabam desistindo do processo do recurso digital. Para a professora
“tentar” cumprir com o objetivo educacional, levou cerca de quatro dias para os
alunos realizarem uma atividade, ou seja, levou mais tempo para ter o retorno do
resultado (tratando-se dos “jogos da velha” e da “forca”), mesmo com o auxílio da
professora.
A inserção da tecnologia remete a esse dinamismo e contribui para o
aprimoramento das práticas, fazendo parte do cotidiano dos estudantes de inclusão
ou não, portanto, podem tornar-se aliados, compreendendo mais uma ferramenta
no processo ensino aprendizagem.
As professoras relatam através dos questionários que foi muito produtivo,
porém, dependendo das dificuldades específicas de cada estudante, se faz
necessária a utilização de materiais concretos e não somente da tecnologia, mas
que o celular pode funcionar como uma ferramenta para a melhoria das práticas,
desde que bem orientada e supervisionada. Seria necessário, também, a
possibilidade do empréstimo do material para o estudante, para que o mesmo
desenvolva, ou melhor, “faça em casa”, não ocorrendo pela questão destes
aparelhos terem risco de avaria.
Os aplicativos trabalhados requerem rapidez do raciocínio, sendo que o
nosso estudante de Sala de Recursos Multifuncional, por vezes, não as
demostrava, devido em alguns casos, à dificuldade motora.
Uma das participantes da pesquisa mostrou alguns aplicativos que jogava
com eles: HQ – que possibilita montar histórias em quadrinhos - mas a professora
comenta que foi demorado até eles aprenderem a mexer no sistema e devido aos
espasmos na mão eles não aceitam e ficavam envergonhados. Outro jogo foi o G
compris - aprendendo a mexer no computador, treina localização - e o Smat Panda
- (jogo matemático), desenvolve rapidez e agilidade - ambos os jogos os
estudantes não manipulavam e quase danificaram a tela do tablet e mouse, ficando
impacientes batiam no recurso didático.
O aplicativo que trouxe maior retorno foi o Attack free (tabuada), no entanto
por também requerer movimentação e por ser lento, os estudantes jogavam no
máximo duas vezes e já solicitava o material manipulável a professora.
Dessa forma, ao invés de jogos, a professora desenvolveu com os alunos,
cartazes, maquetes, massinhas, pinturas, ou seja, devido às limitações, observou-
se que teve um melhor retorno outros materiais, sendo propostos outros recursos
didáticos complementares de maneira a favorecer a aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi relevante quanto ao conhecimento obtido de cada
estudante incluindo suas dificuldades na aprendizagem e suas limitações,
percebendo-se que realmente alguns necessitam de materiais de apoio, ou seja,
materiais manipuláveis. Causa certa estranheza o novo. Aprender de outro “jeito”,
com novos materiais, didáticos e tecnológicos, se apresenta como um desafio tanto
para o estudante quanto para o professor. Ao mesmo tempo possibilita a interação
e sociabilização, embora necessitem dos materiais concretos a que estão
habituados para se sentirem seguros. São essas situações, dentre outras, que
levam o educador a ir compondo novas estratégias para superação das
dificuldades encontradas no processo de ensino e na aprendizagem.
Neste contexto a escola poderá se organizar quanto à formação continuada
na perspectiva do desenvolvimento profissional docente, conseguindo diagnosticar,
e/ou perceber os problemas assim como estruturar a escola para esta inclusão:
rede de apoio, material e profissional capacitado, mudança e melhoria da estrutura
física da escola.
Quando desenvolvemos as ações juntamente com os professores de sala de
recurso multifuncional e sala de apoio à aprendizagem quanto à utilização do
celular para o processo ensino aprendizagem, não houve espanto, pois os mesmos
já utilizavam essa mobilidade para auxiliar nas aulas, mesmo assim, percebeu-se
que os novos aplicativos apresentados foram significantes para as aulas.
Observou-se que os professores carecem de formação contínua e que esta
formação necessita estar apoiada na sua ação, ou seja, à medida que eles se
propõem a integrar as tecnologias em suas práticas pedagógicas em sala de aula,
eles precisam refletir também sobre as possibilidades da utilização destas mídias e
quais objetivos desejam alcançar por meio destas, e por fim, temos como
enfrentamento ações concretas em relação à inclusão. Esta afirmação vem ao
encontro do que foi coletado para os aspectos da Implementação do Projeto.
Como observamos, tivemos alguns avanços com a utilização dos
aplicativos visto que antes o único recurso eram as TV’s Pendrive, e atualmente
pelo computador e demais dispositivos móveis, os educandos possuem outras
ferramentas para auxiliar a desenvolver a capacidade de pensar, ler, interpretar
e reinventar por meio da atividade reflexiva, que permita assimilar esses
conhecimentos como instrumentos de transformação da nossa realidade social.
Para além dos resultados aqui relatados, há ainda uma importante questão
para uma próxima investigação: como conscientizar o estudante para a utilização
do aparelho celular em aula para fins pedagógicos, sem que esse seja visto como
entretenimento e passatempo, e sim envolvendo essa mobilidade nas aulas e
conteúdos transformando-o em um grande aliado e não um obstáculo, utilizando-o
na realização de tarefas para casa, acessando a internet como fonte de
conhecimento? Sabemos que é possível fazermos uso do celular como ferramenta
pedagógica e também de interação social, sendo que o professor deve intervir
quanto ao uso do celular dentro da sala de aula, para que possa ter êxito na sua
prática pedagógica.
Fazer uma análise sobre a utilização do Celular como processo ensino
aprendizagem nas escolas que trabalhamos - pontos positivos de sua
utilização, principais dificuldades - e não somente o uso deste recurso pelos
professores é um importante ponto de partida para encarar essa tecnologia
como aliada. A proposta é de continuar explorando cada vez mais essa mídia
que tanto auxilia o professor no seu dia-a-dia, e trabalhar ainda mais com
novos projetos, buscando entender conhecer as experiências produzidas pelos
professores e estudantes nos mais variados níveis.
No entanto, nem tudo pode ser considerado positivo, pois os princípios da
inclusão aplicam-se a todos e não apenas aos estudantes com deficiência e/ou em
situação de desvantagem cognitiva ou motora. O que se quer é uma sociedade
justa, com igualdades sociais, que as ações dos cidadãos sejam baseadas em
valores morais, uma sociedade participativa e consciente de seus direitos e
deveres. Para tal devemos estimular a aprendizagem permanente com reflexão
crítica e agindo com responsabilidade individual e coletiva, como por exemplo:
comportar-se de forma solidária, acompanhar a dinamicidade das mudanças,
enfrentar problemas construindo soluções fundamentadas em conhecimentos
científicos, tecnológicos e sócio-históricos são objetivos também presentes
nesta prática. Por essas ultimas palavras, percebe-se que a mobilidade poderia
ajudar não só no processo cognitivo da educação formal, mas ir além e auxiliar
nos aspectos que se referem a mundo que se quer viver.
REFERÊNCIAS
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