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Os direitos humanos e o capitalismo selvagem

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Page 1: Os direitos humanos e o capitalismo selvagem

Escola Cooperativa de Vale S.Cosme

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

Nuno Ribeiro - Economia C 12º ano

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“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.”

Luís Vaz de Camões

“Insanidade é continuar fazendo

Sempre a mesma coisa e esperar

Resultados diferentes.”

Albert Einstein

“O mundo é um lugar perigoso de se viver,

Não por causa daqueles que fazem o mal,

Mas sim por causa daqueles que observam

E deixam o mal acontecer.”

Albert Einstein

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Índice

Introdução ............................................................................................................................... 4

Direitos Humanos ................................................................................................................ 6

Capitalismo Selvagem ........................................................................................................ 9

Liberdade, pós-capitalismo e Direitos Humanos ................................................. 11

Criminalidade e Capitalismo ........................................................................................ 13

Ética e Capitalismo ............................................................................................................ 16

A influência das NTIC ..................................................................................................... 18

Conclusão ................................................................................................................................ 21

Webgrafia .............................................................................................................................. 23

Bibliografia ........................................................................................................................... 23

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

Nuno Ribeiro - Economia C 12º ano

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Introdução

Evolução é o processo constante de mudança que tem vindo a transformar a

vida na Terra, desde o seu princípio mais simples até à sua diversidade existente.

Ao longo dos

tempos se tem

verificado um aumento

da população mundial,

todavia, a partir da 1ª

Revolução Industrial, a

taxa de crescimento

populacional tem

aumentado

exponencialmente,

verificando-se um aumento astronómico, nesta altura, que, em apenas dois séculos, se

registou um décuplo do número de habitantes terrestres. Porém, também se verificou

uma exploração enorme, na época, pela parte dos novos patrões, ao submeterem

camponeses a uma carga horária igual ao dobro, ou mais, da que hoje se pratica,

apenas com o intuito de obter uma maior margem lucro.

A “luta” constante ao longo do último século deu aos trabalhadores direitos,

benefícios e regalias que ajudam o trabalhador a melhorar a sua condição social.

Atualmente, a OIT (Organização

Internacional do Trabalho) é a grande

responsável pelas questões do

trabalho. Criada pela Conferência de

Paz após a Primeira Guerra Mundial, a

sua Constituição converteu-se na

Parte XIII do Tratado de Versalhes,

tendo, como ideia, uma legislação trabalhista internacional. A OIT surgiu como

Fig. 1 – Exploração no trabalho – 1ª Revolução Industrial

Fig. 2 – Símbolo da OIT

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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resultado das reflexões éticas e económicas sobre o custo humano da revolução

industrial.

Realmente, os Direitos Humanos interferem com a componente económica e,

evidentemente, que estabelecem quase que uma relação de simbiose. Atualmente,

tem-se verificado um “puxar de corda” constante para o lado do capitalismo dito puro.

Com crise ou sem crise tem-se verificado uma diminuição dos direitos laborais, nos

países desenvolvidos, e um aumento da exploração de trabalho, nos países em

desenvolvimento, levando a uma situação que, necessariamente, deve ser combatida.

Neste dossier temático, irá ser efetuada uma abordagem séria e equilibrada aos

riscos que o capitalismo selvagem aparentemente vigente representa para a correta

aplicação dos Direitos Humanos, passando por conceitos como direitos humanos,

capitalismo selvagem, liberdade, criminalidade, ética e até as novas tecnologias.

Espero, também, dissertar de uma forma assertiva e concisa, de forma a

conseguir tratar bem este tema tão vasto.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.3 – Cilindro de Ciro

Direitos Humanos

Os Direitos Humanos são o resultado de uma longa história. Um passado

marcado pela luta do lógico, um passado marcado por aqueles que quiseram ir mais

além. Os Direitos Humanos são os direitos e liberdades básicos de todos os seres

humanos. Geralmente, o conceito de direitos humanos tem também, ligado a si, a

ideia de liberdade de pensamento e de expressão e a igualdade perante a lei. Assim

como diz o primeiro artigo da “Declaração Universal dos Direitos Humanos” da ONU:

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão

e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.

Os Direitos Humanos apresentam as seguintes características:

- Interdependência: Todos os direitos humanos estão inter-

relacionados, isto porque a ausência ou a violação de um direito põe em causa a

realização de outros direitos.

- Universalidade: Os direitos humanos pertencem a todas as pessoas

sem exceção, e todas possuem o mesmo estatuto relativamente a esses direitos,

independentemente do género, da nacionalidade, da etnia ou da religião.

- Inalienabilidade: Os direitos humanos não podem ser retirados ou

cedidos por ninguém.

- Indivisibilidade: Não há hierarquia entre direitos, todos eles são

igualmente importantes e necessários para garantir uma vida digna.

Um dos documentos mais antigos que vinculou

os direitos humanos é o Cilindro de Ciro, oriundo do

império persa. Mas estes direitos foram reivindicados

também pela Magna Carta, em 1215, passando

igualmente pela primeira compilação ocidental da

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.4 – Declaração dos direitos do

Homem e do Cidadão

Declaração dos Direitos do Homem em 1789, altura da Revolução Francesa, até aos

dias de hoje. De facto tem-se revelado uma constante preocupação pela aplicação dos

Direitos Humanos, contudo, essa preocupação está a ser posta em causa devido à

situação económica atual.

Ao longo da história, os direitos

humanos foram sofrendo uma evolução,

passando por diferentes gerações de direitos. A

Revolução Francesa constitui um marco

importante na luta pelos direitos humanos, pois

aqui nascem os direitos humanos de primeira

geração, ou seja, os direitos individuais, civis e

políticos, como o direito de voto, de reunião e

manifestação, estando presentes na Declaração

dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada

em 1789.

Os direitos humanos de segunda geração, que representam os direitos

económicos, sociais e culturais, surgiram durante o desenvolvimento do processo de

industrialização, no século XX, devido ao facto de a enorme massa de trabalhadores,

que vivia em condições miseráveis, protestar. Assim, as greves, como forma de

expressão contra a exploração desenfreada, acabam por levar à afirmação dos direitos

humanos de segunda geração.

Por fim, os direitos humanos de terceira geração, ou direitos coletivos, nascem,

realmente, em 1986, quando as Nações Unidas acrescentam uma nova perspetiva aos

direitos humanos com o direito ao desenvolvimento, à paz e à qualidade do ambiente.

No tocante a uma quarta geração de direitos, está tudo ainda adiado. Como se viu

anteriormente, todas as gerações de direitos humanos sucederam a um evento

marcante na história humana.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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O direito laboral é o direito que irá ser abordado com maior profundidade. Este

direito é o conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre empregados e

empregadores, são os direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores.

O direito laboral constitui uma atitude de intervenção jurídica em busca de um

melhor relacionamento entre o homem que trabalha e aqueles para os quais o

trabalho se destina. Visa também estabelecer uma plataforma de direitos básicos.

Portanto, a definição de Direito do Trabalho é o conjunto de normas e princípios que

regulamentam o relacionamento entre empregado e empregadores, tendo como

função “a melhoria das condições de união da força de trabalho na ordem

socioeconómica; modernização da legislação de forma progressista; e tem caráter

civilizador e democrático.”

Este direito é muito importante na luta pelo respeito dos direitos humanos,

assim como todos. Porém, a liberdade de expressão também será analisada em países

onde o capitalismo e as ideias ditas “ocidentais” não estejam a ser aplicadas, como por

exemplo a China. O direito à privacidade também está envolvido nas NTIC e surge no

seguimento dos direitos anteriores.

No estudo dos direitos humanos, é-se levado a acreditar que os direitos

humanos representam um marco importante na história da Humanidade, revelando

interesse pela justiça e igualdade de tratamento pelo próximo. A criação dos direitos

humanos é, sem margem para dúvidas, um orgulho.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.5 – Cartoon alusivo ao capitalismo selvagem

Capitalismo Selvagem

A expressão capitalismo selvagem é um termo que se refere à fase do

capitalismo, na época da Primeira Revolução Industrial (cerca de fins do século XVIII).

Naquela época, especialmente na Grã-Bretanha, muitos camponeses empobrecidos

deslocavam-se de um meio rural superpovoado e estagnado, pois não tinham outra

alternativa senão trabalhar nas indústrias emergentes da época, devido ao

aparecimento das inovações tecnológicas que surgiram, como por exemplo, e em

especial, a máquina a vapor.

Obviamente, neste

cenário cheio de inovações, não

havia nenhum regulamento que

previa como se dariam as

relações entre patrões e

empregados. Assim, as condições

de trabalho desses primeiros

empregados eram as mais

desumanas, geralmente com um

dia de trabalho de dezesseis horas ou mais; emprego de menores de idade, até mesmo

crianças em ambientes insalubres, fechados e de risco de mutilações e doenças. Isto

dava-se não por falta ou pelo excesso de humanidade de qualquer um dos patrões, o

que acontecia é que esta realidade de trabalho dava o máximo de retorno financeiro

ao dono do empreendimento. Muitas vezes, os trabalhos nas fábricas não paravam,

havendo turnos diurnos e noturnos, numa rotina de trabalho de 24 horas, com um

trabalho específico e rotineiro, que supria não só a Europa como boa parte do mundo

com os novos produtos industrializados.

Este sistema não trazia vantagem nenhuma ao trabalhador. Este sistema deu

origem ao termo capitalismo selvagem, onde a exploração ferrenha do rico empresário

oprimia os pequenos trabalhadores, assim como na selva, os animais grandes impõem

sua vontade aos pequenos.

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Hoje, a locução “capitalismo selvagem” é utilizada para indicar um sistema

capitalista de dimensões globais, onde ocorre concorrência ferrenha entre as

multinacionais dominadoras de vários mercados ou até mesmo países, com o apoio de

vários governos corruptos, fruto da ausência de sustentabilidade do modelo capitalista

dos dias de hoje. Exemplo perfeito deste conceito é o domínio que a Firestone,

empresa do ramo da borracha industrial, exerceu desde 1926 até bem recentemente

dentro do território da Libéria, país africano, onde esta empresa praticamente

controlava o país.

A grande preocupação, nos dias de hoje, talvez se prenda pelo regresso deste

“capitalismo selvagem” numa força massiva, devido à situação económica atual, e em

especial atenção nos países onde decorrem os programas de ajuste financeiro, como

Portugal e a Grécia. Os direitos dos trabalhadores, em especial nestes estados, pelo

menos os mínimos, devem ser preservados. É evidente que os cortes têm de ser

efetuados, compreendidos e necessários para corrigir o que de mal foi feito, mas que

não leve à exploração da grande maioria dos contribuintes.

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Fig.6 – Falta de água em África

Liberdade, pós-capitalismo e Direitos Humanos

A crítica ao capitalismo começou a apropriar-se de conceitos (e bandeiras) que,

em décadas passadas, fizeram parte do arsenal de armas ideológicas usadas contra o

“socialismo” soviético.

“Liberdade” é uma dessas armas. Foi fartamente usada pelo capitalismo para

um contraponto muito eficaz ao totalitarismo da União Soviética. Mas o surgimento de

uma cultura emancipatória nova, que rejeita a uniformidade, permite mostrar como,

nas sociedades de mercado, as margens de opção são estreitas — e como “liberdade”

pode significar abertura para outros modos de convívio.

Com os direitos humanos dá-se o mesmo. Há algum tempo, “The Economist”

(uma revista excelente, mas de horizonte ideológico limitado) publicou um longo

estudo alertando para o risco de que o termo ganhasse novas dimensões, deixando de

significar apenas direitos civis.

O ponto é: Os direitos humanos não devem

ser mais encarados como forma de exercício do

individualismo, mas expressão de uma lógica

oposta à do lucro - Por exemplo, o direito à água,

em África, deve prevalecer sobre o cálculo

económico/ lucro, isto porque as populações ficam

desabastecidas, pois o seu consumo não oferece

retorno financeiro, ou seja, lucro.

O direito à comunicação deve, entre outras conquistas, assegurar o acesso de

todos à internet, inclusive com gratuidade para os que não podem pagar.

Afinal, a relação é infinita. Uma vez firmada a possibilidade de uma lógica social

alternativa à do capitalismo, abrem-se múltiplas janelas. Uma delas, aliás, no terreno

dos projetos emancipatórios. Começamos a compreender que superar o sistema não

equivale a tomar o poder do Estado — seja pelas eleições ou pela revolução. Os

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governos são importantíssimos, mas apenas quando temos um projeto de dinâmicas

sociais colaborativas, des-hierarquizantes, distributivistas. É a aventura, prática, mas

também intelectual, que se está a começar a viver, agora que o capitalismo está em

crise e que já não há, felizmente, na minha opinião, como alternativa a ele, a tentação

do “socialismo” de homogeneização.

Neste tópico, foi possível verificar que os direitos humanos apresentam uma

importância tremenda e que a sua aplicabilidade deve ser imarcescivelmente

trabalhada, pois os direitos humanos estão acima de tudo, inclusive do lucro.

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Fig.7 – Cartoon alusivo à exploração

do trabalho infantil

Criminalidade e Capitalismo

A aplicabilidade dos direitos humanos não é, de maneira alguma, tão

abrangente quanto a sua característica de universalidade. A constante violação dos

direitos humanos, não só de patrões que exploram os seus operários, mas também de

governos corruptos, geralmente de países em desenvolvimento, dirige a Humanidade

para uma enorme diferença de continente para continente, de país para país, que nem

sempre é dada a conhecer aos cidadãos do mundo ocidental, por estes estarem

ocupados com atividades que, em comparação à grande maioria da população

mundial, não só é um luxo, como inexistentes. Por isto e muito mais, na minha opinião,

a violação dos direitos humanos é um crime passível de algum tipo de punição.

O capitalismo trouxe benefícios para a

sociedade ocidental, devido à sua abertura,

porém nem tudo é tão linear. A grande empresa

“Nike”, oriunda do país capitalista, tem grande

parte da sua linha de produção em países

asiáticos e árabes, por estes terem mão-de-obra

barata e uma carga horária elevada, devido ao

facto de esses países em desenvolvimento não

possuírem legislação contra esta violação dos

direitos humanos. Muitas das vezes até porque

estes fatores de mão-de-obra barata e carga

horária elevada constituem um

apelo/”chamamento” ao investimento direto

estrangeiro, que visa um único e tão só objetivo:

o lucro.

Neste caso, em particular, verifica-se,

essencialmente, a exploração do trabalho

infantil, o que faz denegrir, na minha opinião, a

imagem desta tão conceituada marca desportiva.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.8 – Empresas multinacionais

Estas atitudes governamentais de não defenderem os seus cidadãos perante

atitudes de puro capitalismo selvagem, é uma realidade dura que convive muito pouco

com o mundo ocidental. Aqui, do lado dos ricos, um trabalhador tem direitos como

férias, subsídios, uma carga horária que não pode exceder, em média, as oito horas de

trabalho diário, e, no lado dos pobres, estes direitos são um luxo alcançado apenas por

ricos.

Em torno do tema da criminalidade gira uma verdadeira mobilização

internacional, que considera o enfrentamento da violência um tema prioritário no

catálogo dos chamados “Direitos Humanos”. Neste sentido, novas saídas são criadas a

todo o momento com o intuito de garantir esses direitos, mas, contrariamente, eles

são cada vez mais desrespeitados.

Um recurso comum é a tentativa de que os países adotem tratados e

convenções que os comprometam na busca da paz. A edição de novas leis, o

tratamento e a assistência adequada aos sujeitos do crime, políticas voltadas tanto

para a punição severa daqueles que infringem a lei quanto para aqueles que sofrem as

consequências do ato criminoso, parecem ser o caminho para uma sociedade com

menos crime.

No entanto, é justamente nos dias

de hoje que presenciamos as violações

mais brutais e atentatórias à vida humana,

quando os próprios Estados que se

comprometem na busca pela paz são os

primeiros a abandonar os princípios dos

direitos fundamentais em prol do

atendimento de interesses particulares, o

que acontece com frequência, nos acordos comerciais assinados por estas mesmas

nações.

Apesar da constante evocação dos Direitos Humanos no cenário internacional,

grande parte da população mundial vive na ausência de direitos e de dignidade

humana.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.9 – Contra a criminalidade

No contexto da ampla violência gerada pelo capitalismo, pelo egoísmo de

consumo, pela exploração do homem pelo homem, os detentores do poder deixam à

margem a origem da verdadeira violência e apontam a criminalidade como causa

principal de todos os problemas sociais.

A classe dominante reconhece que o grande problema social e político do mundo

moderno é a violência, entretanto, como sinónimo de criminalidade. Todas as

atenções estão voltadas para o crime visível,

estampado na imprensa diariamente como fator

de garantia de audiência, desviando-se da

violência contida da dinâmica capitalista, a

verdadeira causa do fosso social.

Deste modo, a violência que parece ser

combatida, inclusive pelos movimentos de

Direitos Humanos é a criminalidade comum.

Mas não é só!

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.10 – Exemplar da Constituição política

da República Portuguesa

Ética e Capitalismo

A ética entra em todas as ações humanas. A simples comparação entre o bem e

o mal está sempre presente. Isto claro, teoricamente, como os direitos humanos, a

aplicabilidade destes direitos interferem e muito com esta comparação. No caso dos

direitos humanos, a sua prática aplica-se, por exemplo, nas constituições dos estados.

E, então, os direitos humanos passam do papel para a prática, quando os estados

instituem regras a seguir.

Porém, nem todos os países vivem

num regime democrático. Uns vivem em

ditaduras, monarquias, que, embora

apresentem alguns direitos, há sempre a

falta importante de outros, no referido

documento. Daí a importância de uma

constituição que tenha todos os direitos

presentes e que estejam protegidos.

A constituição perfeita, que seja

capaz de eliminar as injustiças do mundo,

não existe. Entretanto, a melhor constituição

pode existir. A melhor constituição será

aquela que melhor representar o compromisso público do direito com a justiça; que

não admita que os direitos fundamentais sejam objeto de negociação, e que, embora

pautada na regra democrática da maioria, resguarde a existência das minorias e o

direito à diferença.

Mas será uma constituição suficiente? - Um belo e perfeito texto constitucional

adianta muito pouco frente a práticas políticas perversas. O exemplo da constituição

alemã de Weimar, considerada até então um paradigma de como deveria ser uma

constituição de uma nação democrática, no início do século XX. Não obstante a sua

perfeição formal, Hitler não precisou sequer de lhe fazer uma revisão, para a

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implementar, naquele país, tradicionalmente considerado exemplo de cultura e

civilização, uma das mais atrozes políticas de opressão, de destruição, ou seja, de

violação de direitos humanos de que se tem registo.

Não basta, então, que tudo isso esteja escrito num texto. É preciso que esses

princípios sejam vivenciados, que sejam postos à prova, que a sociedade tenha tempo

para exercê-los e se apropriar dos direitos fundamentais como conquista sua e não

como concessão de governantes, juízes ou legisladores. Desses segundos requisitos,

uma constituição só pode tê-los se for mantida e sentida nas efetivas práticas sociais. A

ética e a prática da moral têm de estar, sobretudo, presentes na formação dos

cidadão. E o Capitalismo trouxe, neste campo, essencialmente, para os países

ocidentais, uma bagagem relativamente boa, que deveria ser posta em prática, tendo

em conta os modos de vida e de pensar, em países que não possuem os direitos

fundamentais na constituição, como por exemplo, os do Médio Oriente

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A influência das NTIC

As novas tecnologias de informação e comunicação resultaram da abertura

científica, sendo que esta última resultou do capitalismo em grande parte. As NTIC

representam também o encurtamento de distâncias no processo de Globalização.

O século XX e XXI, sem dúvida, estão fortemente marcados pela tecnologia,

acarretando transformações em diversos campos, tais como, educação, indústria,

comunicação, saúde, economia. O aparato tecnológico possibilita o desenvolvimento

de habilidades, comunicação, agilidade. Alia-se, portanto, a todo este sistema

capitalista, dando-lhe um maior parecer. Mas também trouxe a fragilidade como

bagagem. Essa é discrepante aos avanços e questionável.

Envolve segurança pessoal ou coletiva. Pode trazer transtornos ao indivíduo

que tenha sua privacidade invadida. Abarca a segurança de empresas e de nações.

Cabe salientar que a fragilidade desse sistema também pode ser benéfica, trazendo

informações úteis à sociedade, como documentos de violação de direitos humanos,

mas é dos poucos casos em que é benéfico.

Portanto, temos duas faces da tecnologia, por um lado o avanço crescente e

ininterrupto na área, por outro, a sensibilidade da tecnologia, revelando uma lacuna

que deve ser resolvida, criando-se um grande desafio para a sociedade.

Embora o avanço tecnológico seja uma realidade, também pode-se afirmar que

as relações humanas continuarão determinantes neste processo. Então, como o

homem entende essa relação e conduz o uso da tecnologia, será sempre relevante

para o caminho que se possa traçar, criando possíveis consequências para a sociedade.

As NTIC oferecem múltiplas oportunidades para a defesa dos direitos humanos,

mas também colocam poderosos instrumentos de censura nas mãos de regimes

fechados. Numa audição pública organizada pela subcomissão parlamentar dos

direitos humanos, eurodeputados, representantes da indústria e académicos

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Fig.11 – Exemplo dos principais

browsers

analisaram formas de garantir a liberdade de expressão em linha. As atenções

centraram-se nos principais países de censura da Internet: China, Irão e Birmânia.

A realidade é que Internet oferece novas

possibilidades de expressão e democratizou a

liberdade de expressão, que deixou de ser uma

prorrogativa das elites para se alargar a toda a

população. No entanto, a censura sofisticada e, por vezes,

escondida, é exercida por alguns estados demonstra a sua

falta de vontade de respeitar os direitos humanos.

Quanto à liberdade de expressão na Internet, esta é muito violada por vários

países, porém, os seguintes tópicos irão demonstrar o quão a liberdade de expressão

neste meio de comunicação é violada. Eis os factos:

- Um em cada quatro utilizadores da Internet não tem liberdade em linha;

- Cerca de 60 países censuram a Internet;

- A China é o maior mercado em linha – 338 milhões de utilizadores activos e 70

milhões de blogues – mas também o principal país que censura: 18 mil sítios

permanentemente bloqueados;

- Os principais violadores da liberdade de expressão na Internet são a Arábia

Saudita, a Birmânia, a China, a Coreia do Norte, a Cuba, o Egipto, o Irão, o Uzbequistão,

a Síria, a Tunísia, o Turquemenistão e o Vietname.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Fig.12 – Tensões entre a China e o Google

China Vs. Google, dois gigantes face a face

O exemplo da China é

ilustrativo do debate em curso.

Após semanas de braço-de-ferro

com o governo chinês, a Google

acabou por abandonar a China

continental, numa reacção à

política de censura exigida pelo

governo chinês, que acusou a

empresa norte-americana de

atividades pornográficas.

Realmente, e na minha opinião, foi uma atitude corajosa, a verdade é que não

se pode acabar com a liberdade de expressão na Internet nem as inovações que

incomodam estes governos ditatoriais. Não nos esqueçamos que as principais

motivações do governo chinês são económicas, sendo esta a razão pela qual discrimina

os sítios estrangeiros.

As NTIC podem de facto ajudar a construir um futuro melhor, ao denunciar

estas atividades de censura pela parte de estados, maioritariamente, ditatoriais.

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Conclusão

Com a realização do tema “Os direitos humanos e o capitalismo selvagem” foi

possível criar bases mais fundamentadas acerca da ligação que os direitos humanos

estabelecem com o capitalismo e os efeitos negativos deste sistema económico. O

Capitalismo, ideologia económica, comummente conhecida como a ideologia do

progresso, apresenta também várias lacunas, como qualquer outra ideologia. E este

trabalho serviu para mostrar que nem tudo no capitalismo é bom e que até os direitos

humanos mais fundamentais são violados. Portanto, acredito que o caminho para a

perfeição seja sempre escolhido, mas, como demonstrado anteriormente, deve

começar por todos os cidadãos a uma só voz.

O Capitalismo selvagem, ou desenfreado, surge neste trabalho como uma

ideologia a travar, não por obter lucro, mas sim por ser desenfreado e não olhar a

direitos e apenas a obrigações. Como já referido, esta ideologia levou a crimes contra a

humanidade, que ainda continuam a ser praticados, sendo a exploração do trabalho

infantil a que mais se destaca e o exemplo da “Nike”, o mais alusivo e berrante.

O apelo à luta pelos direitos humanos está também evidenciado no trabalho.

Atualmente a luta não deve ser apenas incentivada por estados, governantes ou

legisladores, mas sim pelas próprias pessoas com mais força para que a justiça seja

realmente feita.

Quanto às novas tecnologias, esta pode e deve ser utilizada no conhecimento e

expansão de violações dos direitos humanos. O que acontece em países como a China

é que certas páginas da internet são permanentemente bloqueadas, para que a

população não consiga divulgar ao mundo a realidade que se passa nestes países. A

liberdade de expressão é, portanto, essencial para que se cumpram todos os deveres,

mostrando-se uma das características dos direitos humanos, a interdependência.

Também através deste trabalho consegui ver de uma forma mais aprofundada

a realidade que as várias situações, mencionadas ao longo do trabalho, que

variadíssimas vezes fogem ao quotidiano de um cidadão ocidental. Este trabalho faz

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perceber a importância de se lutar pelos direitos humanos, acima de qualquer

interesse pelo poder. A luta pelos direitos humanos simboliza a luta pela justiça, pela

igualdade e pela fraternidade. Mas, afinal, qual a solução? – Para que não haja

realmente qualquer violação, seria todos viverem na mesma situação económica,

acesso aos mesmos bens, mas isso não passa de uma utopia, talvez impossível de ser

resolvida. Todavia, pode haver sempre um caminho por onde começar,

independentemente se seja tarde ou não, interessa, sim, começar. A nossa condição

humana coloca-nos no mesmo patamar, tornando-se difícil, por vezes, entender tanta

ambição, ganância e sede de superioridade.

A luta pelos direitos humanos vale e deve sempre valer realmente a pena!

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“Dossier Temático – Direitos Humanos e o Capitalismo Selvagem”

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Webgrafia

www.wikipedia.org

www.worldbank.org

www.undp.org

www.unrisd.org

www.forumsocialmundial.org

www.oxfam.org

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Bibliografia

“Economia C 12º ano”, Plátano Editora

“Direitos Humanos e seus Mecanismos de Proteção”, Almedina – escrito por: Marcolino Moco

“Direitos Humanos”, Quid Juris – escrito por: Alberto Soares Carneiro e Luís Barbosa Rodrigues