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OS EFEITOS DA LRF SOBRE OS RESULTADOS FINANCEIROS DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS - PERÍODO: 1996 A 2007 ADRIANO FERREIRA SILVA (UNIEST) [email protected] Roberta Montello Amaral (UNIFESO) [email protected] Este trabalho estuda o efeito da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) sobre o resultado financeiro dos municípios brasileiros. De modo particular, verifica em que proporção a imposição de uma regra fiscal e orçamentária influencioou, a partir de 2001, a performance financeira dos municípios brasileiros. Na pesquisa são considerados dados obtidos nos demonstrativos contábeis e financeiros da Secretaria do Tesouro Nacional (FINBRA), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da base macroeconômica IPEADATA, compreendendo o período de 1996 a 2007. Para isso estimou-se um modelo econométrico incluindo variaveis dummies para a introdução da LRF e período de eleição, e o PIB como variável explicativa de controle. A análise dos resultados é feita pelo modelo de regressão e os principais resultados do exercício econométrico indicam que a variável dummy do modelo para a aprovação da LRF é significativa, ou seja, o efeito da aplicação da LRF foi a diminuição da relação das despesas sobre as receitas dos municípios brasileiros, que de forma positiva colaborou para o alcance de melhores resultados financeiros. Palavras-chaves: Finanças públicas, Lei de Responsabilidade Fiscal, Resultado Financeiro, Municípios. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

OS EFEITOS DA LRF SOBRE OS RESULTADOS … · O fato é que os números para o déficit público para o período 1985-94 eram imensos e, à primeira vista, consistentes com uma inflação

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OS EFEITOS DA LRF SOBRE OS

RESULTADOS FINANCEIROS DOS

MUNICÍPIOS BRASILEIROS - PERÍODO:

1996 A 2007

ADRIANO FERREIRA SILVA (UNIEST)

[email protected]

Roberta Montello Amaral (UNIFESO)

[email protected]

Este trabalho estuda o efeito da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)

sobre o resultado financeiro dos municípios brasileiros. De

modo particular, verifica em que proporção a imposição de uma regra

fiscal e orçamentária influencioou, a partir de 2001, a performance

financeira dos municípios brasileiros. Na pesquisa são considerados

dados obtidos nos demonstrativos contábeis e financeiros da Secretaria

do Tesouro Nacional (FINBRA), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

e da base macroeconômica IPEADATA, compreendendo o período de

1996 a 2007. Para isso estimou-se um modelo econométrico incluindo

variaveis dummies para a introdução da LRF e período de eleição, e o

PIB como variável explicativa de controle. A análise dos resultados é

feita pelo modelo de regressão e os principais resultados do exercício

econométrico indicam que a variável dummy do modelo para a

aprovação da LRF é significativa, ou seja, o efeito da aplicação da

LRF foi a diminuição da relação das despesas sobre as receitas dos

municípios brasileiros, que de forma positiva colaborou para o alcance

de melhores resultados financeiros.

Palavras-chaves: Finanças públicas, Lei de Responsabilidade Fiscal,

Resultado Financeiro, Municípios.

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com Giuberti (2005), quando no país ocorrem constantes déficits públicos e

acúmulo de dívidas, os efeitos surgem como conseqüências sérias que torna a economia refém

de medidas econômicas que geram um menor crescimento econômico do produto interno

bruto (PIB). Quando os gastos públicos aumentam sem financiamentos adequados, a dívida

cresce e o governo, para honrar seus compromissos, normalmente tem que elevar as taxas de

juros do país, gerando incerteza sobre a capacidade de poder ou não honrar os compromissos

assumidos. Dependendo do grau de endividamento público, a juros mais altos e mediante

certo grau de incerteza, os investidores ficam desestimulados a incrementar os seus negócios

já que os seus custos aumentam (crowding-out). A conseqüência natural de inibir os

investimentos afeta a cadeia de produção, reduzindo emprego e a renda da sociedade. Tudo

isto colabora para a redução do crescimento econômico e o comprometimento do resultado

financeiro dos municípios.

A LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) foi promulgada em maio de 2000, exatamente para

disciplinar e equilibrar os gastos públicos, atentando para o controle do endividamento dos

estados e municípios de forma a reduzir os seus níveis (FIORAVANTE et al, 2006). Na

realidade a LRF surge como uma regra orçamentária para impor limites ao endividamento

público e todos os aspectos de gastos. De acordo com Tabelline & Alesina (apud Giuberti,

2005), uma regra orçamentária que limita os gastos excessivos gerados pelos fatores político-

institucionais é vista como benéfica para a sociedade. Então, os limites impostos serviriam

para proporcionar um ajuste fiscal, com maiores aplicações na melhoria dos serviços públicos,

uma vez que aumentariam as quantidades de recursos para aplicação.

Desta forma, dado que a LRF foi promulgada com a finalidade de disciplinar os gastos

públicos e limitar o endividamento, o que se espera é que, como regra orçamentária, contribua

para um bom desempenho financeiro dos municípios e interfira positivamente nos seus

resultados. Assim o objetivo geral do presente trabalho é verificar o efeito da LRF sobre o

resultado dos municípios, tomando como base um período que compreende desde o ano de

1996 até o ano de 2007.

Para alcançar o objetivo proposto neste trabalho, o artigo será divida em quatro partes além

desta introdução. Na primeira é feito um relato histórico das finanças públicas no Brasil. Na

segunda é feita uma abordagem daquilo que a lei determina e que é relevante para a análise

dos resultados financeiros dos municípios. Na terceira parte apresenta-se a metodologia,

descrições dos dados e o exercício econométrico. Na última são realizadas as considerações

finais da pesquisa, após estimação dos parâmetros e interpretação dos dados.

2. FINANÇAS PÚBLICAS NO BRASIL

O relato histórico das finanças públicas no Brasil traduz uma forte interferência do governo na

atividade econômica do país. Alesina & Perotti (1994), afirmam que os déficits públicos são

explicados pelas ações dos governantes e também pelos aspectos político-institucionais, tais

como a organização do Estado que geram déficits orçamentários. A abordagem dos dados

históricos relatados a seguir corrobora para a explicação da participação do Estado na

economia do nosso país que, sem outra alternativa, precisou assumir setores que não foram

assimilados pela iniciativa privada. A busca para a superação do atraso e da pobreza,

culminou em sucessivos déficits e medidas de ajustes fiscais de curto prazo, que foram causas

eminentes para fazer o governo brasileiro mudar de postura e promulgar a LRF. A lei surge

como regra orçamentária e medida de ajuste fiscal, para disciplinar as gestões públicas nos

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municípios brasileiros, com diretrizes e normas próprias para estabelecer limites ao

endividamento (GIAMBIAGI & ALÉM, 2001).

A existência de uma inter-relação entre o Estado e a economia brasileira é algo inegável. No

texto constitucional estão previstos objetivos que precisam ser preservados e, por isso,

necessita da intervenção estatal nas atividades econômicas, o que confere ao estado brasileiro

o caráter de ser intervencionista. A intervenção do Estado nas atividades econômicas no

Brasil não foi algo presumido nem teve caráter especulativo sobre a atividade privada, muito

pelo contrário, surgiu de uma necessidade de o Estado assumir setores importantes para o

desenvolvimento, que a iniciativa privada não se prontificou em assumir (GIAMBIAGI &

ALÉM , 2001).

Os anos 1950 foram marcados pela tentativa de superação do atraso e pobreza diagnosticados

pela equipe cepalina, prova disto foi a ação do governo para crescer “50 anos em 5”, que

gerou decisões de política econômica onde poderíamos dizer que “a cara do programa” era a

industrialização por substituição das importações. O Brasil que até então produzia

basicamente o café e importava produtos industrializados, mudaria o foco e passaria a investir

no setor de bens duráveis. Este seria o setor líder da economia, e a meta era construir uma

malha de indústrias no país, gerindo recursos que estimulariam a criação de novas indústrias,

promovendo o crescimento da industrialização no país – conforme ocorreu com a indústria

automobilística, cuja expansão provocou o surgimento das indústrias de auto peças, pneus,

vidros e outros (ABREU,1989).

O papel do Estado foi fundamental para a eficácia do desenvolvimento industrial no país. O

governo teve que financiar a infra-estrutura para o processo da industrialização e isso

envolveu aumento considerável do gasto público. Além da abertura para utilização do capital

estrangeiro, integrando o Estado com o capital multinacional, o governo não teve outra saída e

passou a aumentar a emissão de moeda. Com mais dinheiro em circulação e sem aumentar a

produção, a moeda ficou mais barata, diminuindo a taxa de juros, ocorrendo o aumento da

demanda por produtos. A conseqüência imediata foi a elevação dos preços que fez surgir um

processo de inflação alta, que nos acompanharia por muitos anos. A elevação da inflação e a

precariedade da máquina de arrecadação do Estado, resultou em elevados déficits fiscais cuja

principal forma de financiamento era a expansão monetária, que pressionava os preços,

constituindo um círculo vicioso (GIAMBIAGI & ALÉM, 2001).

O início da década de 70 foi, no Brasil, um período onde a economia apresentava altas taxas

de crescimento, enquanto o resto do mundo passava pela crise gerada pelo retorno das ações

do câmbio flutuante (PEREIRA, 1987). O surpreendente aumento do preço do petróleo que

fez o mundo viver em grande turbulência, deixou o Brasil em situação preocupante uma vez

que o país importava dois terços do combustível consumido, o que correspondia quase à

metade do total da energia utilizada. Giambiagi et al (2005) relata o fato de que havia setores

da economia que não conseguiam acompanhar o crescimento, cujas ofertas eram inelásticas,

onde a capacidade de produção interna não atendia a demanda. Estes setores precisavam ser

resolvidos e eram exatamente os setores de bens de capital e de insumos básicos.

Como não houve interesse por parte da iniciativa privada em assumir tais setores, a equipe

econômica acentuou investimentos nas indústrias de base, em especial siderurgia e

petroquímica, buscando para o país uma autonomia em insumos básicos, num momento onde

o mundo vivia uma grande crise energética. A transformação foi estrutural e grande parte dos

financiamentos para os empreendimentos vieram de fontes externas, com a criação de

empresas estatais que iriam dirigir os investimentos. O que foi o caso da Eletrobrás, Petrobrás,

Siderbrás, Embratel, que foram sustentáculos de todo o programa.

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O fato é que os números para o déficit público para o período 1985-94 eram imensos e, à

primeira vista, consistentes com uma inflação em aceleração. Franco (2004) argumenta que

esses números não deviam ser usados como indicadores da política fiscal, pois as despesas

referentes à correção monetária da dívida pública eram resultantes da própria inflação, de

modo que era possível dizer que o déficit, em alguma medida, fosse resultado da inflação, e

não causa.

Após conviver muito tempo com a inflação crônica, a economia estava contaminada com o

fenômeno conhecido como inflação inercial e conforme relato Franco (2004), os planos

heterodoxos nasceram extremamente vulneráveis ao oportunismo político e tinham como base

os congelamentos de preços, os quais ele considera “pateticamente ineficazes”: na média,

começavam quando a inflação chegava a 28,8%, duravam 5 meses, acumulavam 44,4% de

inflação durante a sua vigência, e seis meses depois de seu fim a inflação já tinha retornado a

21,6%. Como não se conseguia controlar a inflação, a tentativa frustrada de vários planos

econômicos e os efeitos de cada maxi-desvalorização enfraqueceu a moeda doméstica, e

também o processo de formação de preços relativos. A moeda estava contaminada e era

urgentemente necessário recompor o padrão monetário e tentar organizar a oferta e a

demanda.

No Brasil dos anos 90 havia um problema sério de expectativas por parte dos agentes

econômicos, que sempre inseguros e desconfiados, intencionados em defender a sua parte no

bolo da renda, induziam a um mecanismo automático de inércia inflacionária (GIAMBIAGI

et al, 2005). O instrumento de política monetária utilizado foi à criação da URV – Unidade

Real de Valor. Em busca de levar a economia à ordenação dos preços relativos, a URV seria o

instrumento de condução para que todos utilizassem os mesmos critérios de precificação

colocando fim à inércia inflacionária. A política fiscal tinha que crescer para controlar gastos

e iniciar um processo acelerado de privatizações. O indicado era cortar gastos e fazer

privatizações para dar suporte e credibilidade à política monetária.

O Brasil viveu um período de estabilização monetária a partir de 1994, e com o fim da

inflação se fez emergir a precária situação fiscal dos estados e municípios. Giambiagi & Além

(2001) apresentam um momento onde os administradores públicos estavam acostumados a

conviver em cenário altamente inflacionário, artifício que usavam para atrasarem o

pagamento das despesas que realizavam e depois pagá-las com os valores corroídos pelos

efeitos da inflação. Os administradores sustentavam, assim, a ilusão de que as contas públicas

estavam equilibradas e não faziam nenhuma restrição para demandar bens e serviços da

população. Com a estabilização da moeda, a situação ficou difícil, pois não podiam mais

contar com este artifício para financiarem os seus orçamentos.

Os mesmos autores também comentam que, a partir de 1995, o déficit do setor público se

tornou cada vez maior, os meios de financiamento dos gastos já haviam se esgotado e o

financiamento do déficit passou a se dar por meio do aumento do endividamento. Além disso,

os estados e municípios registraram um grande aumento das despesas com funcionários, pela

necessidade de reajustes salariais concedidos e também com o aumento dos gastos com os

aposentados. Esses fatores, aliados à situação deficitária já existente, contribuíram para a

piora fiscal do setor público.

A Lei nº 9496/97 veio para regulamentar a Federalização das dívidas dos estados e

municípios, que dada à realidade da crise financeira dos estados e municípios com déficits

fiscais sucessivos, estabeleceu critérios para se consolidar o refinanciamento, pela União, de

diversas dívidas financeiras de responsabilidade de Estados e do Distrito Federal, inclusive

dívida mobiliária. Conforme relata Castro (2006), a partir de 1995 os estados e municípios

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tiveram suas dívidas que antes eram colocadas no mercado, recompradas pelo Tesouro

Nacional, ou seja, “federalizadas”. Através de assinatura de contratos, corrigidos pelo IGPM

mais juros, somados ainda a outras regras e garantias complementares, os estados passaram a

ser financiados pela União. Em caso de inadimplência os estados colocariam parte da suas

receitas fiscais à disposição do governo, através do Fundo de Participação dos Estados nos

impostos federais.

Werneck (1999) argumenta a questão dos gestores dos estados que antes mesmo de se

completar o longo processo de renegociação das dívidas, já se articulavam para obter novas

rodadas de negociações com o governo federal. O objetivo era conseguir condições de

pagamento ainda mais favoráveis e possibilidade para ultrapassar o limite de endividamento

que os estados se comprometeram a respeitar nos contratos financiados. O que se constatava é

que independentemente da dívida ser contraída pelo governo estadual ou municipal, ou por

quaisquer entidades a eles ligadas, tudo se tornava dívida pública federal. Na realidade todo

excesso de endividamento do setor público dos estados e municípios era transferida para o

Tesouro Nacional.

Com as crises internacionais dos Tigres Asiáticos e da Rússia em 1998, o crédito internacional

diminuiu fortemente e os investidores buscaram mercados mais seguros. Um pacote contendo

várias medidas de ajustes macroeconômicos foi aplicado, porém a ênfase maior ficou por

parte das medidas que previam elevação da receita, deixando de lado aquelas que previam a

contenção dos gastos ou quaisquer tipos de controle fiscal.

De acordo com Giambiagi et al (2005), o padrão global exigia que as economias

apresentassem bons resultados fiscais com redução do déficit público e níveis de reservas

compatíveis. O Brasil, por seus resultados fiscais ruins, ficou fora do alvo dos investidores

externos, não atingiu o padrão global, o que resultou em fuga de capitais e redução do nível de

reservas, gerando desequilíbrio externo e saldo negativo do balanço de pagamento. A solução

irremediável foi novamente recorrer aos préstimos do FMI. Esgotada a possibilidade do

crédito externo, o Governo Central adotou uma estratégia de substituição da dívida externa

pelo endividamento interno, que ocorria por meio de emissão de títulos ou contratos firmados

com instituições financeiras.

Resumindo, com a estabilização monetária ocorrida em 1994, ficou difícil para os governos

sub-nacionais fazer frente às despesas. Já não podiam disfarçar a situação das finanças

públicas que, com a inflação, produzia um equilíbrio fictício, onde as receitas apontavam um

crescimento irreal da arrecadação via indexação e as despesas tinham seus valores corroídos

pela inflação na defasagem do tempo. Inspirado na legislação neozelandesa (fiscal

responsibility act) que estabelecia critérios de transparência e responsabilidade na

administração das finanças públicas, e se tornou referência no debate internacional sobre

política fiscal, o governo brasileiro para disciplinar as gestões públicas, muda sua postura e

promulga em 2000 a LRF, que entra em vigor a partir de 2001 (GIAMBIAGI & ALÉM,

2001).

3. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

De acordo com Fioravante et al (2006), a LRF (Lei Complementar 101/2000) surge num

momento onde se tornou necessário impor limites e estabelecer metas aos gestores da política

fiscal, para que se reduzissem os déficits fiscais e acúmulo de dívida pública. A busca era para

alcançar uma atitude fiscal séria e responsável e torná-la num instrumento importante para o

sistema de finanças públicas, pois sua aplicação, enquanto regra orçamentária, implicaria no

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controle da dívida pública e consequente melhora no desempenho fiscal dos variados níveis

de governo (PELICIOLI, 2000).

O conceito mais importante para a operacionalização da LRF é a Receita Corrente Líquida –

RCL, sob a qual são calculados os percentuais para os limites de gastos e endividamentos. A

LRF estabelece limites e restrições em relação aos gastos de pessoal e endividamentos, entre

outros. Para os gastos com pessoal, a LRF estabelece o limite como percentual da RCL para a

União, Estados, Distrito Federal e Municípios, por poder (GIAMBIAGI & ALÉM, 2001).

Esses limites são repartidos pelos poderes públicos presentes em cada ente da Federação.

A LRF determinou que o presidente da República deveria submeter ao Senado Federal

proposta de limites globais para o montante da dívida pública consolidada, tanto da União

como dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, apesar dela não explicitar os limites

máximos de endividamento dos entes federativos.

Outra observação é que a LRF estabelece prazos, condições e punições fiscais para os entes

que ultrapassarem os limites de endividamento. O seu descumprimento gera sanções

institucionais ou fiscais para o ente público, e pessoais (penais e administrativas) para o gestor

público. As sanções institucionais, ou fiscais, correspondem à interrupção de transferências

voluntárias ou a sua contratação, realizadas pelo Governo Federal; ao impedimento de

contratação de operações de crédito; e à impossibilidade de obtenção de garantias da União

para a contratação de operações de crédito externo.

Toda a abordagem mencionada envolvendo as necessidades do governo e os aparatos da lei,

nos levou a crer que exista uma relação teórica entre a LRF e o resultado financeiro dos

municípios, principalmente pelo fato de a lei ter a finalidade de disciplinar os gastos públicos

e limitar o endividamento. O que esperamos é que como regra orçamentária, a LRF contribua

no futuro ou tenha contribuído até agora, para um bom desempenho financeiro dos municípios

e interfira nos seus resultados. Tal fato será verificado nos e nos motivou a desenvolver a

metodologia e realizar o exercício econométrico que apresentamos a seguir.

4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

A metodologia aplicada tem caráter bibliográfico, explicativo e quantitativo para obter

respostas ao problema de pesquisa. A abrangência do estudo engloba dados anuais dos

municípios brasileiros, cuja receita arrecadada foi igual ou superior a R$ 100 milhões, no ano

base de 2007.

Os dados contábeis dos municípios foram extraídos das Finanças Públicas do Brasil

(FINBRA), fornecidos pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), no período de 1996 a

2007, os dados do PIB foram coletados da base de dados macroeconômicos IPEADATA e do

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os dados considerados são corrigidos pelo

Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), a preços de dezembro de 2007.

Embora no Brasil existam 5564 municípios, somente 5235 deles enviaram os dados

necessários para compor o bando de dados FINBRA/2007. Muitos municípios estão em

situação irregular na Secretaria do Tesouro Nacional pelo fato de não entregarem seus

relatórios ou entregá-los fora da data prevista.

Do total de municípios que em 2007 enviaram os dados, 278 estão enquadrados dentro do

critério da amostra. Estes municípios foram considerados como base para o período analisado

de 1996 a 2007, entretanto, na preparação dos dados, verificou-se que alguns municípios não

haviam informado dados contábeis em determinados períodos. Foram observados 70

municípios que não apresentaram dados apenas em um ano da série, neste caso foi realizada

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uma interpolação de dados, através da média aritmética dos valores apresentado no ano

anterior e no ano posterior. Outros 46 municípios que não apresentaram dados contábeis em

mais de um ano da série, foram eliminados da amostra.

Desta forma ficou a amostra final definida com 232 municípios, com dados contábeis

apurados em todos os anos da série e corrigidos pelo IPCA a preços de dezembro/2007.

Mesmo representando apenas 5,31% dos municípios do país, em relação à receita total, a

amostra corresponde a 60,81% dos valores.

Fonte: Banco de dados FINBRA/2007 - Elaboração do autor

Tabela 1 – Receita Orçamentária dos Municípios Brasileiros 2007

Para verificar o efeito das variáveis independentes ou explicativas sobre a variável dependente

DPO/RCO, os dados apurados foram consolidados formando uma base com as principais

variáveis explicativas. A LRF representada na fórmula por variável dummy de características

1 (um) para os anos posteriores à implantação da lei e 0 (zero) para os anos anteriores à

implantação da lei. O período de eleição representado na fórmula por “ELE”, e seus efeitos

captados pela variável dummy com o valor 1(um) para ano que houve eleição e 0 (zero) para

ano que não houve eleição. O PIB per capita está representado na fórmula por PPC e utilizado

como variável de controle, a fim de evitar distorção do resultado, dado que o crescimento do

PIB municipal influencia no crescimento das receitas dos estados e municípios.

As eleições foram consideradas pois, quando acontecem, os gastos do governo aumentam por

um motivo ou outro que terminam por influenciar no resultado financeiro dos municípios

(GIAMBIAGI & ALÉM, 2001). As variáveis dummies ELE e LRF, estão inseridas no modelo

como aditivas de acordo com Gujarati (2000) que enfatiza o fato das dummies aditivas

alterarem o intercepto da regressão e não a inclinação relativa de nenhuma das variáveis

independentes.

RECEITA (mil) QUANTIDA

DE DE

MUNICÍPIO

S

%

PARTICIPAÇÃO

NO TOTAL DE

MUNICÍPIOS

%

PARTICIPAÇÃ

O NA RECEITA

TOTAL

1.000 a

24.999

3990 76,22% 20,56%

25.000 a

49.999

694 13,26% 9,69%

50.000 a

99.999

273 5,21% 8,94%

100.000 a

199.999

137 2,62% 9,03%

200.000 acima 141 2,69% 51,78%

Total de

Municípios

5235 100,00% 100,00%

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Definidas as variáveis dependente e explicativas, observado o período compreendido na

amostra, o modelo econométrico utilizado para análise da variável dependente verifica as

relações estruturais de causa e efeito entre as variáveis e evidencia a dimensão do impacto

sobre a variável dependente.

Para obtenção dos parâmetros do modelo foi utilizado o programa EXCELL e como método

para obter os coeficientes do modelo de regressão foi utilizado o método dos Mínimos

Quadrados Ordinários (MQO), cuja aplicação, minimiza os erros ou desvios entre os valores

observados e aqueles que foram projetados a partir do modelo estimado (GUJARATI, 2000).

O modelo aplicado neste estudo foi construído considerando as variáveis capturadas da base

de dados e descritas na metodologia da pesquisa como variáveis dependente e explicativas,

que foram inseridas no modelo clássico de regressão linear múltipla, como segue:

DPO/RCO i,t = β0 i,t + β1 LRF i,t + β2 ELE i,t + β3 PPC i,t + ε i,t

Onde:

- β0 – representa o intercepto da regressão; indica parte do resultado que independe das

variáveis explicativas utilizadas;

- β1 , β2 , β3 – são os parâmetros da regressão;

- DPO/RCO – Indicador que mede a relação entre a Despesa Operacional e a Receita

Operacional dos municípios;

- LRF – variável dummy para período de aplicação da LRF;

- ELE – variável dummy para período de ocorrência de eleições;

- PPC – variável de controle quantitativa referente ao PIB PER CAPITA;

- ε i,t – é o erro (termo aleatório).

Após a especificação do modelo econométrico elaborado para apurar se o efeito da aplicação

da LRF foi positivo para o resultado financeiro dos municípios brasileiros, iniciou-se o

processo do exercício econométrico pela execução dos dados coletados, com o objetivo de

obter os parâmetros para análise do evento.

Inicialmente apurou-se as medidas estatísticas mais conhecidas de cada variável incluídas no

modelo, através da determinação da estatística descritiva dos dados, conforme apresentada na

tabela 2.

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Fonte: Elaboração do autor

Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis do modelo

A Figura 1 que visualiza o comportamento da DPO/RCO em relação à amostra, mostra que os

índices obtidos da relação DPO / RCO estão concentrados em torno de 0,8 e 1,2 , intervalo

confirmado pela estatística descritiva que aponta a média de 1,0 e desvio-padrão de 0,1: se

considerarmos o valor da média, mais ou menos, duas vezes o desvio-padrão, obtemos uma

concentração de 95% dos elementos da série que compõem a amostra (GUJARATI, 2000).

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

1 191 381 571 761 951 1141 1331 1521 1711 1901 2091 2281 2471 2661

TOTAL DA AMOSTRA

DP

O / R

CO

Fonte: Elaboração do autor

Figura 1 – Comportamento da DPO / RCO em relação à AMOSTRA

A Figura 2 informa o comportamento do PIB per capta, considerado como variável de

controle, em relação ao total da amostra. A visualização gráfica confirma a média apurada na

estatística descritiva que, considerado com o valor do desvio-padrão, justifica a grande

concentração dos valores da série referente ao PIB per capta, inferiores a R$ 50.000,00.

ESTATÍSTICA

DESCRITIVA

DPO/RCO LRF ELE PPC

Média 1,005637516 0,583333333 0,25 12988,68309

Erro padrão 0,001788295 0,009345363 0,008208126 293,2504492

Mediana 0,995864543 1 0 10151,59653

Desvio padrão 0,094356915 0,493095215 0,433090491 15472,95639

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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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0,00

50.000,00

100.000,00

150.000,00

200.000,00

250.000,00

300.000,00

350.000,00

1 255 509 763 1017 1271 1525 1779 2033 2287 2541

TOTAL DA AMOSTRA

PIB

per

cap

ta

Fonte: Elaboração do autor

Figura 2 – Comportamento do PIB per capta em relação à AMOSTRA

Observados os gráficos e as estatísticas descritivas dos dados apurados, a expectativa é que o

coeficiente resultante da análise da regressão para verificar a aplicação da LRF em relação à

variação relativa das despesas operacionais sobre as receitas operacionais, apresente sinal

negativo, uma relação inversamente proporcional, em consonância com o objetivo proposto

nesta pesquisa. A relação inversa da aplicação da LRF com a variação relativa das despesas

sobre receitas, indica um efeito positivo da aplicação da LRF sobre os resultados financeiros

dos municípios. Ao contrário, em relação ao coeficiente das eleições, o que se espera é que

seja positivo, de acordo com a teoria abordada, indicando uma relação diretamente

proporcional: o fator eleições corrobora para o aumento de despesas operacionais e da

variação relativa entre despesas e receitas dos municípios.

Com o auxílio da planilha eletrônica do EXCELL, os dados foram modelados e rodada a

regressão informando os resultados disposto na tabela 3.

Fonte: Elaboração do autor

Tabela 3 - Estatística da regressão

Variável Coeficiente Erro padrão Stat t Valor P

Intersecção 1,042081 0,003468 300,4745 0

LRF -0,06178 0,003577 -17,2723 1,41E-63

ELE 0,012971 0,004058 3,196323 0,001408

PPC -2,8E-07 1,09E-07 -2,57551 0,01006

R – quadrado = 0,118618

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Aplicando os coeficientes apurados, o modelo ficou especificado da seguinte forma:

Y (estimado) = 1,0421 - 0,0617 LRF + 0,0129 ELE – 0,0001 PPC

O coeficiente de determinação encontrado foi 0,1186 (R²), o que mostra que proporção a

variação da variável dependente é explicada pela variação da variável independente: em torno

de 11,86%. Gujarati (2000) enfatiza que na análise de regressão, o objetivo não é

propriamente se obter um R² alto, mas sim obter coeficientes de regressão que sejam frutos de

estimativas confiáveis, sobre os quais podemos fazer inferências estatísticas, ou seja: “o

melhor é se preocupar mais com a relevância lógica ou teórica das variáveis explicativas para

a variável dependente e com seu significado estatístico”. Corroborando, Fortes (2006) discute

que a eficiência do modelo não se pode atrelar ao fato de se obter um coeficiente (R²)

expressivo, não é a maximização de uma questão, o mais importante é que o modelo seja

viável a aplicação do estudo e faça sentido economicamente.

De acordo com Gujarati (2000), uma propriedade importante do R² é que ele é uma função

não decrescente do número de variáveis explicativas presentes no modelo, e que quase

invariavelmente ele aumenta, e nunca diminui, quando o número de variáveis explicativas

incluídas no modelo aumenta. Muito embora o R² apurado na regressão esteja baixo, para o

objetivo do trabalho que é verificar o efeito da LRF em períodos já realizados, sem quaisquer

tipo de previsão, o modelo proposto se torna aplicável ao estudo.

Os coeficientes apurados, tanto dos parâmetros como do teste indicam uma ação positiva da

aplicação do modelo para responder a proposta do trabalho. Os testes mostram que os

coeficientes referentes aos parâmetros são estatisticamente significativos, permitindo para

cada um deles as seguintes interpretações: com 99% de certeza a LRF faz com que a relação

entre a despesa e a receita diminua, numa média nacional de 6,2 % ( valor P = 0,001 ) - isto

quer dizer que para o resultado financeiro dos municípios brasileiros a LRF influencia

positivamente, aumentando os resultados; com 99 % de certeza a Eleição faz com que a

relação entre a despesa e a receita aumente, numa média nacional de 1,3 % (valor P = 0,0015)

- se aumenta a relação despesa/receita, isto implica em reduzir o resultado financeiro dos

municípios.

Quando se compara o sentido da reta com o coeficiente de regressão pode-se concluir se

existe correlação entre as variáveis e qual é o sentido da correlação. Desta forma, quando elas

têm o mesmo sentido de variação, está ocorrendo uma correlação positiva entre as variáveis.

Ao contrário, quando os sentidos são diferentes está ocorrendo uma correlação negativa. No

resultado obtido, evidenciamos uma correlação positiva da variável ELE e a ocorrência de

correlação negativa para as variáveis LRF e PPC.

Assim, considerando tudo o mais constante, em média, a relação despesa/receita apurada no

período foi de 104,2 % (intercepto = 1,042), sendo que com a eleição ela tenderia a subir para

105,7% (1,042 + 0,013) e com a LRF tenderia a se reduzir para 98 % (1,042 - 0,062).

5. CONCLUSÕES

O estudo teve por objetivo avaliar e mensurar os efeitos da vigência da Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF sobre o resultado financeiro dos municípios brasileiros, por

meio de variáveis explicativas envolvendo aspectos financeiros e políticos.

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Os resultados apurados no modelo econométrico, tanto dos parâmetros como do teste, estão

de acordo com os coeficientes esperados e mostram que os regressores são estatisticamente

significativos e indicam uma ação positiva da aplicação do modelo para responder a proposta

do trabalho. O sinal negativo do coeficiente referente à aplicação da LRF confirma a

existência da relação inversa com a variação relativa entre despesa e receita. Verificou-se que

com 99% de certeza a LRF faz com que a relação entre a despesa e a receita diminua, numa

média nacional de 6,2 %, isto quer dizer que para o resultado financeiro dos municípios

brasileiros a LRF influencia positivamente, aumentando os resultados, a um nível de

confiança de 95%.

A outra observação verificada foi que em anos eleitorais os resultados financeiros dos

municípios são afetados pelo excesso de gastos dos gestores públicos. O sinal positivo do

coeficiente apurado confirma a teoria e mostra uma relação diretamente proporcional entre as

variáveis. A interpretação do coeficiente indica que com 99 % de certeza, o fato de ocorrer

eleições faz a relação entre despesa e receita aumentar, numa média nacional de 1,3 %,

reduzindo o resultado financeiro dos municípios.

Este estudo fornece um forte argumento como incentivo para aqueles que se manifestam a

favor da LRF como regra orçamentária e instrumento eficaz para a gestão pública. Estudos

empíricos têm comprovado a eficácia da LRF em promover um ajuste orçamentário,

evidenciando a diminuição das despesas orçamentárias em função da aplicação da lei

(MENEZES,2006); bem como a questão da LRF ser um instrumento eficaz para diminuir o

endividamento dos estados da União (BARROSO & ROCHA,2006).

Ressalte-se ainda que os resultados encontrados por esta pesquisa estão limitados à exatidão

das variáveis financeiras selecionadas das informações disponibilizadas no banco de dados

FINBRA, da base macroeconômica de dados do IPEADATA e do IBGE.

Como sugestão para outros tipos de pesquisas, recomendamos a elaboração de modelos mais

ajustados, com outras variáveis não incluídas neste estudo e que reflitam R² mais expressivos.

Outra proposição é verificar se os resultados apurados neste estudo se sustentam para períodos

diferentes dos que foram considerados, ou mesmo, se através da utilização de novos recursos

ocorra um avanço nos resultados obtidos.

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