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Ano XXIV Nº 289 setembro de 2013 S tella Leonardos é o meu ponto de referência, ela é, na minha opinião, a mais completa poeta viva. Sem arriscar diria que é uma das m aiores poetas de todos os tempos no Brasil. Um a jovem de noventa anos, elegante e bela; dizem até que não entrou para Academia Brasileira de Letras porque era bonita demais. Não concordo, acredito que não tenha entrado porque nunca se candidatou. Não conheço alguém que tenha produzido tanto, são cerca de duzentos títulos e em várias línguas. Tem prêm ios sem conta,sendo que nove da Academia Brasileira de Letras. Uma grande criadora em todas as áreas da literatura. O seu Projeto Brasil , com o m odestamente chama uma obra gigantesca, nos fala de nossas lendas, e dos filhos ilustres de nossa terra, deste Brasil imenso. Nestes tempos de internet, quando através das redes sociais podemos nos comunicar com o mundo todo, costumo postar no meu facebook lançamento de livros e homenagens aos meus amigos. Há pouco tempo postei uma mensagem sobre Stella Leonardos; as respostas começaram a pipocar imediatamente com todos os elogios possíveis, e vinham dos mais divers os pontos do noss o país. Uma delas, de Carlos Emílio C. Lima, poeta cearense me chamou a atenção: “Stella Leonardos é uma das maiores poetas de todos os tempos no Brasil, ela é minha Musa”. Respondi dizendo que iria contar a ela. No dia seguinte mais uma mensagem: OS NOVENTA ANOS DE STELLA LEONARDOS Sonia Sales “Conheci Stella no Rio e ela foi a pessoa mais gentil que encontrei na vida”. Vou me apropriar de suas palavras, pois acho que elas definem bem a nossa maior poeta. Conheci Stella, que para mim já era um mito, numa das sessões da Academ ia Carioca de Letras nos anos noventa; eu já era membro, mas como morava em São Paulo, fui convidada a me sentar junto à mesa da Diretoria perto dela. Foi a minha sorte, pois passamos a conversar e dai surgiu uma grande am izade. Posso garantir que nenhum a pessoa foi mais gentil que ela; a grande dama da nossa poesia, uma estrela fulgurante que naquele momento iluminava toda a sala, me acolheu como se já nos conhecêssemos á muito tempo. Sua carreira literária começou m uito cedo: aos 17 anos teve o seu prim eiro livro de poemas publicado, “Passos na Areia”. Um pouco mais tarde participou de um grupo de teatro amador, escrevendo várias peças, encenadas no Teatro Municipal e no Teatro Experim ental do Negro. Apesar de ser de uma fam ília tradicional de grandes intelectuais, mas, numa época em que as meninas eram apenas sinhazinhas , deve ter lutado para se im por com o profiss ional. Recebeu ao longo de sua carreira, 37 prêmios e inúmeras medalhas, condecorações e outras distinções. Neste ano de 2013, Stella Leonardos ,acaba de s er agraciada e por unanimidade com o “TROFÉU – RIO”. Falar da obra de Stella é tarefa difícil, são tantas etapas vencidas, tantos e tantos livros ... Por is s o vou me reportar aos mais recentes, os quatro títulos que acaba de escrever e publicar pela Editora Kelps de Goiás, mais uma vez traduzindo em poemas, vultos da história e da literatura brasileiras. “Evocação para Antonio Vieira dos Santos ”, “Mem orial de Jorge de Lima”, “Evocação de Joaquim Norberto” e “Mem orial de Luzia” (Do Bequimão). OS DOIS COFRES (Hom enagem ao seu trisavô Joaquim Norberto) Minha avó tinha dois cofres Guardados a sete chaves - uma caixa de cristal E uma arca de pau-rosa No de cristal suas joias. No de m adeira seus livros... Como a meus olhos meninos Aquilo fosse mistério Vovó Marieta m e diss e Que os livros haviam sido Escritos pelo avô dela - O nome dele; qual era? - Guarda bem: Joaquim Norberto. Stella é da terceira geração de modernistas ,sendo contem porânea de Clarice Linspector. Uma estrela de primeira grandeza que brilha em sua total brasilidade com os seus cancioneiros, romanceiros, memoriais, romances, peças de teatro, e livros infantis, além de ser tradutora premiada, escrevendo em castelhano, francês, inglês , italiano, catalão e provençal. Apesar dos seus noventas anos, é difícil acre- ditar que tivess e conseguido tem po para tantas e tão diversas obras. Não posso deixar de registrar também a grande generosidade desta poeta, que sempre abriu ca- minho para os iniciantes nesta car- reira difícil de escritor. Como ami- ga, ela é sem dúvida impar. Nunca a ouvi queixar-se ou fazer a mais leve crítica a alguém; preocupa-se e tem uma palavra de estímulo para com todos. Stella Leonardos é uma estre- la que Deus nos emprestou ou dei- xou cair do céu por descuido. Stella Leonardos e Sonia Sales di vulg aç ão Sonia Sales é membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do PEN Clube do Brasil, da Academia Luso-Brasileira de Letras e da Sociedade Eça de Queiroz.

OS NOVENTA ANOS DE STELLA LEONARDOS · Guardados a sete chaves - uma caixa de cristal E uma arca de pau-rosa No de cristal suas joias. ... Mas as portas do tempo não se abrem somente

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Page 1: OS NOVENTA ANOS DE STELLA LEONARDOS · Guardados a sete chaves - uma caixa de cristal E uma arca de pau-rosa No de cristal suas joias. ... Mas as portas do tempo não se abrem somente

Ano XXIV Nº 289 setembro de 2013

Stella Leonardos é o meuponto de referência, elaé, na minha opinião, a

mais completa poeta viva. Semarriscar diria que é uma das m aiorespoetas de todos os tempos noBrasil. Um a jovem de noventa anos,elegante e bela; dizem até que nãoentrou para Academia Bras ileira deLetras porque era bonita demais.Não concordo, acredito que nãotenha entrado porque nunca secandidatou.

Não conheço alguém que tenhaproduzido tanto, são cerca deduzentos títulos e em várias línguas.Tem prêm ios sem conta, s endo quenove da Academia Brasileira deLetras. Uma grande criadora emtodas as áreas da literatura. O seuProjeto Brasil, com o m odestamentechama uma obra gigantesca, nosfala de nossas lendas, e dos filhosilus tres de nossa terra, des te Brasilimenso.

Nestes tempos de internet,quando através das redes sociaispodemos nos comunicar com omundo todo, costumo postar nomeu facebook lançamento de livrose homenagens aos meus amigos.

Há pouco tempo postei umamensagem sobre Stella Leonardos;as respostas começaram a pipocarim ediatamente com todos oselogios poss íveis, e vinham dosmais divers os pontos do noss o pa ís.Uma delas, de Carlos Em ílio C.Lima, poeta cearense me chamoua atenção:

“Stella Leonardos é uma dasmaiores poetas de todos os temposno Bras il, ela é minha Musa”.

Respondi dizendo que iriacontar a ela.

No dia seguinte mais umamensagem:

OS NOVENTA ANOS DE STELLA LEONARDOSSonia Sales “Conheci Stella no Rio e ela foi

a pessoa mais gentil que encontreina vida”.

Vou me apropriar de suaspalavras, pois acho que elasdefinem bem a nossa m aior poeta.

Conheci Stella, que para mimjá era um mito, numa das sessõesda Academ ia Carioca de Letras nosanos noventa; eu já era membro,mas como morava em São Paulo,fui convidada a me sentar junto àm esa da Diretoria perto dela. Foi aminha sorte, pois passamos aconversar e dai surgiu um a grandeam izade. Poss o garantir quenenhum a pessoa foi mais gentil queela; a grande dam a da nossapoesia, uma es trela fulgurante quenaquele momento iluminava toda asala, me acolheu como se já nosconhecêssemos á muito tempo.

Sua carreira literária começoum uito cedo: aos 17 anos teve o seuprim eiro livro de poemas publicado,“Passos na Areia”. Um pouco m aistarde participou de um grupo deteatro amador, escrevendo váriaspeças , encenadas no TeatroMunicipal e no Teatro Experim entaldo Negro. Apesar de ser de umafam ília tradicional de grandesintelectuais , mas, numa época emque as meninas eram apenassinhazinhas , deve ter lutado para seim por com o profiss ional.

Recebeu ao longo de suacarreira, 37 prêmios e inúmerasmedalhas, condecorações e outrasdistinções.

Neste ano de 2013, Ste llaLeonardos , acaba de ser agraciadae por unanimidade com o “TROFÉU– RIO”.

Falar da obra de Stella é tarefadifícil, são tantas etapas vencidas,tantos e tantos livros ... Por is so voume reportar aos mais recentes, osquatro títulos que acaba de escrevere publicar pela Editora Kelps de

Goiás, mais uma vez traduzindo empoemas, vultos da história e daliteratura brasileiras .

“Evocação para Antonio Vieirados Santos ”, “Mem orial de Jorge deLim a”, “Evocação de JoaquimNorberto” e “Mem orial de Luzia” (DoBequimão).

OS DOIS COFRES

(Hom enagem ao seu trisavôJoaquim Norberto)

Minha avó tinha dois cofresGuardados a sete chaves- um a caixa de cris talE uma arca de pau-rosa

No de cristal suas joias .No de m adeira seus livros ...

Como a meus olhos meninosAquilo fosse mistérioVovó Marieta m e diss eQue os livros haviam s idoEscritos pelo avô dela

- O nom e dele; qual era?- Guarda bem: Joaquim Norberto.

Stella é da terceira geração demodernistas ,sendo contem porâneade Clarice Linspector. Uma es trelade primeira grandeza que brilha emsua total brasilidade com os seuscancionei ros , rom ancei ros ,memoriais, romances, peças deteatro, e livros infantis, além de sertradutora premiada, escrevendo emcastelhano, francês, inglês , italiano,catalão e provençal. Apesar dosseus noventas anos, é difícil acre-ditar que tivesse conseguido tem popara tantas e tão diversas obras .

Não posso deixar de regis trartambém a grande generosidadedesta poeta, que sempre abriu ca-m inho para os iniciantes nes ta car-reira difícil de escritor. Como ami-ga, ela é sem dúvida impar. Nuncaa ouvi queixar-se ou fazer a maisleve crítica a alguém; preocupa-see tem uma palavra de estímulo paracom todos .

Stella Leonardos é uma estre-la que Deus nos emprestou ou dei-xou cair do céu por descuido.

Stella Leonardos e Sonia Sales

di vulgação

Sonia Sales é membro do InstitutoHistórico e Geográfico de São

Paulo, do PEN Clube do Brasil, daAcademia Luso-Brasileira de Letras

e da Sociedade Eça de Queiroz.

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Página 2 - setembro de 2013

Rodolfo Konder

Rodolfo Konder é jornalista, es-critor, Diretor da ABI em São

Paulo e membro do ConselhoMunicipal de Educação .

É hora de relembrar. É horade revisitar os labirintosda memór ia e do

esquecimento – “seu vago porão”,como disse Borges. Os sons , asluzes, os gostos e os perfumes doNatal nos empurram para o lentodeclive.

Nas esquinas mais distantes,as pessoas já não têm rosto,transformadas em sombras fugidias.Há poucos carros nas inofens ivasruas daquele tempo. Ouvimos rádio.Nas madrugadas, jogamos sinuca.Dançamos com as garotas doBolero. Contamos histórias vãs quenos encantam. Chegamos em casacom o sol.

Nas praias de Ipanema e doLeblon, passeio indispensável domineiro Paulo Mendes Campos –sempre com a roupa e os cabelosem desalinho –, “há um tempo parao peixe e um tempo para o pássaro”.E um tempo eterno para cada umde nós , mis tura que somos depássaros e peixes, porquemergulhamos como gaivotas daspedras do Arpoador e nadamoscomo golf inhos entre ar raias ecardumes.

É hora de redescobr ir asamigas que se encontravamconosco na esquina da Montenegrocom Nascimento Silva, quando osnomes de rua ainda eram“esquecidos e ignorados” – segundoa receita ideal de Mário de Andrade.Os pr imeiros amores tinham aingenuidade daquela época, como osenso de humor e os f ilmes de DorisDay, que víamos, fascinados, noscinemas Pirajá e Astória.

As luzes do f inal de ano seestendem como uma trilha que vemda Rua Teixeira de Melo e passa pela

As portas do tempocasa, na Urca, da bisavó Adelaide– que, aos 98 anos, percebendo acada Natal o desaparec imentogradativo dos f ilhos, deitou-se paramorrer de tristeza e desânimo. Elaspercorrem Ipanema, a Praça da Paze a General Osór io, as RuasNasc imento Silva e Jangadeiros.Exilam-se comigo na Cidade doMéxico, iluminando o Zócalo e oPaseo de la Reforma. Visitam oUruguai, na Praia de Carrasco, e aA rgentina, na Calle Maipú,v izinhança mágica de Borges .Depois, acompanham-me na v indapara São Paulo, para a V ila NovaConceição, os Jardins e o Brookline o Morumbi. Vão a Montreal, no“cinturão da neve” , onde brilham demaneira discreta nos generososespaços subter râneos, na Placedes Arts, na Sherbrooke West e naSainte Catherine Street. Explodemno East Side de Nova Yor k, entre asAvenidas Lexington e Park.

Os sons perderam par te damusicalidade, os gostos sobrevivemagora com menos adit ivosquímicos. Os per fumes evoluírammuito, como o des i gn e astelecomunicações . Nas mudanças,tornamo-nos todos maisinformados – e talvez mais tristes.

Na penumbra des te lentodec live, os mor tos e as perdasgretam as paredes da memória ecalçam de chumbo os pés da nossacaminhada. Mas as por tas dotempo não se abrem somente parao desalento. Abrem-se, antes demais anda, para a melhorcompreensão de um presente quenunca nos ofereceu tantaspromessas.

Profa. Sonia Adal da Costa

Revisão - Aulas Particulares - Digitação

Tel.: (11) 2796-5716 - [email protected]

Rosani Abou Adal

Em setembro LinguagemViva, per iódico mensalf undado em 1989 por

A dr iano Nogueira (1928 – 2004) eRosani Abou Adal, completa 24 anos ese prepara para as comemorações do25 º aniversário de c irculaçãoininterrupta.

Será um marco histórico, poisinúmeros veículos param de c ircularantes de alcançar um ano deex is tência. Quando sobrevivem pormais tempo,não conseguem manter aper iodicidade.

Ao longo des ses anos, LinguagemVi va melhorou o padrão gráf ico eampliou o quadro de colaboradores,compos to de nomes expressivos danossas Letras.

Sem o apoio dos amigos ,colaboradores, leitores, c lientes e daTribuna Piracicabana jamais teríamos conseguido sobreviver por tantotempo.

Também não ser ia possível sem o apoio dos assinantes que nosacompanham, desde a primeira edição, sem falhar um semestre ou ano.Muitos nem precisamos enviar comunicado de vencimento da assinatura,porque renovam-na antes do vencimento. É o elo que nos mantém vivose nos dá forças para não desistir da caminhada.

Os colaboradores nunca nos abandonaram e sempre nosengrandecem com seus textos.

Sem o apoio dos nossos c lientes e d’ A Tribuna Piracicabana, queimpr ime e encarta o jornal, jamais poderíamos manter a per iodicidadenesses 24 anos.

E, assim, continuaremos lutando pela democratização da leitura epela valorização do autor e da Literatura brasileira.

Fica o nosso agradecimento aos assinantes, leitores, colaboradores,ao Evaldo Vicente – proprietário de A Trib una Piracicabana, à LivrariaBrandão, Débora Novaes de Castro e Dr. Genésio Pereira Filho – clientes,que estão conosco desde as primeiras edições, e que foram decisivospara que Linguagem Viva completasse 24 anos de circulação ininterrupta.

Rumo aos 25 anos

Rosani Abou Adal é escritora, jornalista e vice-presidente doSindicato dos Escritores de São Paulo.

Adriano e Rosani - última foto

Wilm

a G

orgu

lho

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Página 3 - setembro de 2013

Necessário falar um pouco sobre o 2º Salão doJornalista Escritor, reali-

zado este mês (setembro) no audi-tório Simon Bolívar, do Memorial daAmérica Latina. Foram três dias dedebates amplos , encaixados natemática do exercício prof issional dojornalista, extensivo a ramif icaçõesdiversas : polí t ica, f icção,historiografia, liv ros-reportagens, achegada das novas tecnologias, oimpacto que elas estão provocandona qualidade dos textose outros temas.

Na abertura, o re-conhecimento: não é fá-cil a montagem de umsalão como este. AudálioDantas , responsávelpela curadoria do even-to, disse que bateu emvárias portas na buscade patrocínio. O retornofoi insatisfatório. E desa-bafou: se a intenção fos-se realizar um desf ile demoda, provavelmenteencontrar ia maiorreceptividade. Como se tratava deum desfile de ideias, da colocaçãoda inteligênc ia na passarela, algu-mas portas, que poderiam f icar aber-tas, se fecharam. De qualquer modo,o salão ocorreu e com resultados im-portantes.

Eu mesmo tive a oportunidade,ao mediar uma mesa da qual partici-param o jornalista e historiador Do-mingos Meirelles, e o escritor CarlosMoraes, de dizer que jornalismo éum aprendizado contínuo. O profis-sional se recicla ao redigir uma le-genda, ao criar um título, ao elabo-rar uma matéria e ao ajustá-la àscondições da realidade em que elaserá publicada. Não por outro moti-

Sobre o 2º Salão do Jornalista/Escritor

Nildo Carlos Oliveira vo, o salão homenageou o escritorGraciliano Ramos – também um tra-balhador de jornal - que estruturouo seu fazer literário levando ao ápi-ce a qualidade dos textos, sem pre-juízo, ao contrário, do rigor no trata-mento do cenário social e humanoem que os seus personagens se mo-vimentam.

Houve, ali, o lugar para o con-traditório. Se, por exemplo, a perso-nalidade de Getúlio Vargas foi anali-sada de uma forma pelo biógrafoLira Neto, encontrou divergência noes tudo que o jornalista DomingosMeirelles fez do mesmo personagem.

Ele entende que Getúlioé uma personalidade his-tórica, uma das maioresdo País, mas vincada poruma postura tradicional-mente ambígua. EFernando Moraes, paramuitos dos jornalistas alipresentes, não conse-guiu conter o exagero,ao tratar um ou dois deseus biografados.

A mesa especial Orepórter na estante, coma part icipação de LuizFernando Emediato (Ge-

ração Editorial) e Carlos Andreazza(Editora Record), mostrou o quantoé limitado o espaço para o autor na-cional que vem bracejando, isolada-mente, para conceber e expor sualiteratura. O lixo predomina, segun-do o reconhec imento dos doisdebatedores.

No f inal, f ica a constatação deque o jornalista, que sente o f luxo eo inf luxo da história passar por eletodos os dias, é o intérprete prefe-rencial dessa realidade. E não temoutra saída, senão resistir e sobre-viver.

Nildo Carlos Oliveira é escritor,crítico literário e jornalista.

Audálio Dantas

di vulgação

Nas asas de Violeta FormigaRicardo Bezerra

Ricardo Bezerra é escritor, poeta,adv ogado, membro do Instituto

Histórico e Geográfico Pa raibano,da Acade mia de Letras e Artes doNordeste -Núcleo da Para íba e daAcademia Paraibana de Poesia.

No início da década de oitentaeu já dava meus primeiros passosno mundo das letras e muito ouviaf alar de uma poetisa chamadaVioleta Formiga.

O mais importante é que ouviafalar de uma pessoa irreverente,alegre, cheia de vida e com umaveia poétic a singular.

Os dias passavam e entre aspessoas que eu ia conhecendo naster tú lias, lançamentos, saraus ,encontros, etc., nunca se faz iapresente à f lor em pessoa. Violetapassara naquela época em minhavida apenas no “ouvi falar”, até quechega a informação triste dasua morte.

Passados todos estesanos , prec isamente tr intaanos, passei a conhecer apoetisa, principalmente pelapoes ia de v ida e pelaliteratura infantil, a esc ritoraNeide Medeiros Santos, queem cada Congresso Literárioem Campina Grande,Paraíba, motivado todos porninguém mais que a primeiramulher a entrar na AcademiaParaibana de Letras, aescritora Elizabeth Marinheiro, queem quase todos os seus colóquios,devidamente inseridos naopor tunidade, f az ia honradascríticas à poetisa Violeta Formiga.

Es te novo v iver, es tacontemporaneidade com osestudos sobre V ioleta Formigaproporcionaram a curiosidade derever, reler e repensar a pessoa, apoetisa e encantadora f lor quetodos gostar iam de ter em seujardim.

A Professora Neide MedeirosSantos ao lançar “Violeta Formiga– 30 anos de encantamento –através de uma boa parceria como livreir o Heriberto Coelho, do SeboCultural, proporcionou-me maisuma aproximação com esta pessoaque V IV E!, independente dacondição f ísica, pois a verdadeiraimortalidade está em ser lembrado,após a morte.

Em uma noite f ria e chuvosaque marcara o início do inverno nomês de junho em nossa geografianordestina, marcado de f estejosjuninos, fogos, fumaça, fogueira,pamonha e canjica, a leitura erauma verdadeira explosão de alegriaque não tinha rojão que tomassede conta.

O corpo foi tomado pela emoçãode ler Violeta Formiga, mais uma vez,sendo que agora com uma maturidadeque só o tempo nos é capaz deproporcionar, fazendo com que aleitura fosse um misto de literatura einvestigação policial, para entender “ovôo do pássaro” na poesia de NeideMedeiros Santos.

Busquei na explosão de alegriaque transborda na capa do livro,através do sorriso de Violeta Formiga,a razão de tantos enigmas em seuspoemas e assim os entendi porque asua matér ia era tão ir radiante,iluminando a todos, através dos seuspoemas que de f orma “Inteira” sóbuscava a “liberdade”, tendo ela no

“Tempo” esta mesmavisão que tenho dases tações, “passado-presente”, onde nosperdemos nas “linhasinf initas do momento”.

V ioleta Formigasabia da sua trajetóriade vida, do seus imbolismo, da suaimpor tância à vida,bradando sem limites,horários ou locais a suaexistênc ia que f icariamarcada sem rugas,mas pela plás tica da

juventude irretocável pelo temposombrio que seria o seu desfecho.

Ao lê-la, pode-se dizer que eralouca. Porém, a loucura que elacarregava era da cura da liberdade,da expressão, do sentido de vivercomo um pássaro.

Os pássaros não podem f icar emgaiolas. Como as f lores – violeta – quepreferem os jardins a os vasos. Mas,este pássaro f icou preso na gaiola davida moderna – apartamento – semterra aos seus pés para ciscar ou tervioletas brotando; f icou abraçada pelainveja e o ódio de um caçador decorações na selva, para satisfazer oego da morte.

V ioleta não deixou que seusonho de “ser pássaro” morresse,porque mesmo sem a vida mater ialconseguiu transpor a imortalidade e“voar o inf inito”, sendo este o seu“ultimo castigo” que foi traz er para osmortais a essência do vôo da vida, quenas escolhas feitas na vida, pode nostirar a vida.

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Página 4 - setembro de 2013

Arquitetura da solidão

Lutos diários, terceiro livro nacarreira do paraibano Leo Barbosa,que estreou aos dezoito anos comLembrança perseverante (Ed. Sal daTerra, 2008) , seguido de Versosversáteis (Ed. Ideia, 2010), conf irmaa inf lexão lír ica do poeta nummeticuloso mapeamento das dorese potencial exorcismo dos lutos, emque se nota uma pluralidade deevocações, além de uma provocantemeditação a partir dos pass ivospsicológicos e afetivos de um serdilacerado.

A invocação das perdas, queculminam num sofrimento apriorísticoque enluta e forja atávicas batalhas,não é novo na literatura, mas nesseconjunto de poemas Leo Barbosatrabalha com uma margem elásticade percepções, em que o recurso deum único poema, não seccionadopor títulos, é utilizado para percorreras diversas estações de um calvário,tutelado por um olhar detido, queexpõe e nomeia seus dilemas eangús tias com uma propensãocatártica.

A inda que homogênea aconstrução poética, como um longonovelo do qual vai sendo desfiado –qual A riadne no labirinto doMinotauro – o f io condutor de ummergulho profundo nos desconfortosinteriores para dali escapar, cadapágina subs is te autônoma, seminterdição da temática predominante.

A exploração metafór ica emetafísica dos vazios existenciais deum “eu” acuado em sua realidadepretér ita; a necessidade deempreender uma travessia – aindaque traumát ica – pelas lacunasamorosas , pelos silênc ios (oupr isões) das , às vezes abjetas ,re(l)ações f amiliares, sof re umaabordagem sem qualquer afetaçãoconfess ional, sem aquele espír itorequentado de revanche ou acertode contas, muitas vezesencontradiço em algumas poéticasdo desabaf o. Ao deparar-se comesses versos candentes epungentes, o leitor perceberá oes tranhamento logo de saída,quando a própr ia linguagem,despojada de qualquer artif icialismoou apelação, se impõe justamente

pela contenção, falando mais peloque oculta do que pelo que expõeou revela. Aí a habilidade do autorque, apesar do ac ento pessoal, nãof az concessões ao mínimoder ramamento nem à verborragia,conduz seu projeto na busca de umconceito para seus lutos, esses quesão tão antigos e universais, masque a cada vivênc ia suscita outrasmaneiras de (de)cantá- los ,atualizando as questões abissaisque tanto atormentam edesestabilizam.

Sintomaticamente dividido emduas partes, “Luto” e “Luta”, que emsua diár ia configuração não secontrapõem nem s e excluem, antesse relacionam simbioticamente, olivro de Leo Barbosa é um (in)tensodiá logo com a escuridão que noshabita, com a solidão intransponível,com os fossos da alma, com odegredo da utopia, com amiserabilidade íntima que não émedida em c if ras , mas emsof rênc ias. Nessa peregrinaçãoíntima, dolorida e desconcertante, oautor penetra os escaninhos de umdesespero ancestral, uterino e delenão se ex ime, mas avulta emindignação, porque imper iosa anecess idade de desvelar aspequenas (mas avassaladoras )mortes quotidianas : do afeto, dosonho, do amor, da esperança, daconsaguinidade, enfim, de todos osmitos que, pouco a pouco, vão sendoderrubados pela força demolidora deseu punhal crítico.

Vale ressaltar a unidade daobra, permeada por um constanteequilíbrio e por uma bem cuidadasimplicidade no tr atamento de temastão agudos, quando se percebe queo poeta não lança mão de nenhumapirueta de linguagem para falar dedramas e atropelos, manejando umcomedido jogo de palavras que nãoé br incadeira gratuita deemparelhamento de expressões ourimas soantes e toantes. A ntes ,c ircunscreve-se como opçãoconsciente por uma atitude estéticaque revela uma ét ica do sujeitopreocupado com suas dicotomias eas do mundo, além de uma singularpropensão de unir os extremos, emmeio à ac idez dos universos eatmos f eras revelados . Essacarac terística foi ressaltada peloprofessor, crítico e ensaísta ChicoV iana, que antev iu no uso doshomônimos e aliterações recursoque impõe “um ritmo espasmódico aof luxo verbal”. Tais reiterações

f ônicas, sem dúv ida, mais queimpac to melódico ou harmônico,conferem ao texto outra plasticidade.Exemplos abundantes peculiarizamessa liberalidade do autor, além deoutras tantas aprox imaçõesfonéticas: “Resido sem lar/ Resíduode crescimento...”. “Agora sou eu/Eu sou só/ Só sou eu.”. “Sou eu semti, senti/ Não senti/ Sem ti” /, “O ditopelo adito/ Que não é o des dito/ Quenão é a desdita/ Esse silêncio é umgrito”, “Como ser sem teu ser?/Como ser sem teu seio?/ Sei-o comreceio/ Mas não ceio sem tê-la/ Atrelao mofo desse amor amorfo/ Na telado teu esgoto”/, “Um útero oco./ Umabraço-soco./ Um beijo-neutro.”/ , “Agente se adota/ E sente dotado/ Deforça”, “Tenho sedes e sedes/ Cedona estrada,/ Cedo nos atalhos.”/, “Oque em mim me moldura?/ O que emmim dura?/ O que em mim urra?/ Oque em mim?”/ etc.

As estrofes de “Lutos diários”,como reverberação de umaconsc iência conges tionada pormúltiplas inquirições, seguem numcrescendo, como rio f luindo num leitoacidentado, corrente torrencial quevai se nutrindo da seiva de umainquietação super lativa, porém nãose exaure no ponto f inal, porquedeixa ao leitor outras camadas noseu rol de ressonânc ias , no seuinventár io de abismos, nessear rolamento de melancoliaspregressas e nostalgias futuras, nasreticências que falam. É um exercíciode leitura comovente, porqueestamos diante de palimpses tospoéticos, porque quanto mais se(es )cava, mais de descobre, umaf olha abre-se à outra, um gomodesvela o conteúdo do fruto amargode uma experiência individual que,entre “tumulto e solidão” s inaliza oum panorama tão “profundo” , tão“imundo”, tão “mudo”, tão “indigente”,mas que apesar de toda a solidez(ou sordidez?) da realidade vivida,

guarda a única e possível dimensão,a humanizadora, que é da própriavida e seu entorno. E se aos olhosdo poeta “esse rio de ódio/ corre pordentro”, porém essas águas não irãoder rotá-lo, porque nessa batalha,ainda que insana, para sobreviverao exílio psicológico ou vencer asmesquinhas contingências de seusdesertos e a condição insular de umdester ro quase ir remov ível eleresgata o grito submerso e acenacom a poss ibilidade deapaz iguamento (ou redenção) ,cerrando as cor tinas com senhaprofética: “Meu nocaute/ Não será of im/ O f im será o nocaute”.

Mais que um percurso pelababel de sentimentos revisitados,Lutos diários consiste na tentativa doescr itor de saltar pelos própriosescombros ou renascer das cinzas,de inverter a lógica de Sísif o oumitigar o destino de um Prometeuacorrentado. No mesmo diapasão deMario Andrade, par a quem “a arte sefaz com carne, sangue, espírito etumulto de amor”, Leo não usa a suac riação para dourar a pílula ouminimizar seus tormentos, mas paradissecá-los . Na tr incheira dosdesesperos ou no campo das feridasexpostas, o soldado aguerrido foi àluta para, hermeneuticamente,escreviver um sincero testemunhonesses versos de inesgotávelhumanidade. E é com eles quedesfere o golpe de misericórdia, oulança a derradeira pá de cal nos lutosacumulados.

Indicador Profissional

Livro: Lutos diáriosAutor: Leo Barbosa

Editora Patuá, SP, 2013Pgs. 100 – R$ 30

Ronaldo Cagiano

Ronaldo Cagiano é escritor,ensaísta, crítco literário

e advogado.

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Comprou o jornal nabanca, como f az iatodas as manhãs, e

resolveu estender o passeio poroutras quadras, além das habituaisque percorria. Entrou numa rua deedif ícios altos , silenciosa, poucospassantes . Descobriu,no alto da janela de umvelho prédio, umamulher olhandoindif erente a rua,penteando lentamenteos cabelos . Ficouolhando-a curioso e atésorr indo. Chegou àesquina e de lá f icouobservando-a. Elacontinuava, ar dedevaneio, a pentear-se,em ritmo lento. Balançou a cabeça,sorriu, e tomou o caminho de casa.

No dia seguinte, ao comprar ojornal, lembrou-se dela e resolveupassar novamente em frente aovelho edif íc io. Entrou na rua,silenciosa e tranquila, e tomou umsusto. Lá estava ela, encostada àjanela, penteando os cabelos, comose não t ivesse parado de fazê-lodesde o dia anterior. Demorou-seno f im do quarteirão, olhando-a eolhando-a, e ela não alterava oritmo, sem sair do ar de devaneio.

Conheço pouco a obra doMoacyr Scliar, mas umdia li num jornal um pe-

queno conto dele que me marcou.Era sobre como uma moça reagiaquando os homens se aproximavam.

Guardei a folha dobrada no fun-do de uma caixa junto com pedaçosde passado. Quase uma canastrinhada Emília. Meia pulseira de mosaicosde Florença, um marcador de livros,postais, santinhos de primeira comu-nhão, enfeites preciosos e mil outraslembranças.

Quando ele morreu, procureisaber se havia alguma matéria dis-cutindo o assunto, porque o jogo, ainversão que ele fazia do enigma daesfinge era muito interessante. Im-portante.

Publicado no Folhetim, em julhode 1984, o conto é uma pequena jóia,talvez pouco conhecido. Mantive-ocomo um tesouro que eu não queriadividir à toa. Escondi para preservá-lo. Reler vez ou outra. Ele mostravacomo uma mulher se sentia naiminência de um relacionamentoamoroso.

Falava da necessidade que te-mos de saber quem o outro é e a quevem.

Da ansiedade em decodif icá-lo,o mais rápido poss ível e daimprescindibilidade de obter o discur-so que assegura e satisfaz. A atitudeesperada. Pisar em território conhe-cido.

Explique-se, a moça ordenava.Que mistério ou miséria o fez assim?

Revele-se ou me consumo. Des-cubra-se e aí, sim, venha a mim.

Finalmente alguém tinha enten-dido. O Scliar nos conhecia !

Mas a maioria não se importa.Bárbaros. Devastadores.

Quem sabe neste terreno o cor-reto seria seguirmos, mesmo que aostrancos e barrancos, envoltas emvéus de sutilezas e incertezas. Umquê de segredo e desinteresse e tal-vez só mais tarde, quando já presasem desamor, invocarmos Têmis, cla-mando justiça ou abrirmos as portaspara sua irmã Nêmesis, a deusa davingança, que pune até os deuses.

Ou soltarmos as Erínias, deu-sas dos tormentos, dos rancores edos castigos, que surgem desenfre-adas do fundo do nosso ser e per-seguem os humanos pecadores mo-rais, gritando, sem com isso aplacarseus eventuais crimes.

A mitologia inteira arras tadapara o Hades.

Forças pr imit ivas , somenteapaziguadas por Athena, a deusa darazão, mas que acaba surgindo sóno f inal da histór ia, quando nosquedamos, exaustas.

A moça sensível, ferida, se ras-gava antes de mais nada.

O conto ajudou a fundamentarminhas exigências quanto à alma fe-minina. Redimia. Abrandava o sofri-mento e a aparente loucura. Das quese dilaceram diante do desconheci-do e do incontrolável. Como um cúm-plice para uma saída mais digna.

É assim:

“Anti-esfingeDescendia, dizia-se, da estranha

linhagem resultante do encontro deÉdipo com a esf inge: uma moça bo-nita, mas de olhar desvairado e apa-rência selvagem. A qualquer homemque dela se aproximasse, bradava:decifra-te ou me devoro! E ato con-tínuo punha-se a morder as mãos,os pulsos, os braços , arrancandonacos de carne e pele. Estava cheiade cicatrizes. Fugiam dela, os pre-tendentes. Não temiam que ela sedevorasse; sabiam que pelo menosos belos dentes sobrariam. Mas de-cifrar-se, desvendar-se, lhes era im-possível. Preferiam uma existênciatranqüila, em que apenas nos pesa-delos os atormentassem seus própri-os fantasmas ou os espectros damitologia.” Moacyr Scliar

Pelo amor à vida, enfrente.Decifra-te ou me devoro. Ou te

devoro.

OS ENIGMAS DA ESFINGENancy Potter

Nancy Potter é escritora,advogada e cie ntista social.

Moacyr Scliardi vulg

ação

Retornou no outro dia. Mesmamulher, mesmos gestos . Entãoestranhou. Mudou seu passeio dehorário. Lá estava ela. Indagou nabanca de jornais quem seria. Nãosabiam e nunca a viram. Indagoude passantes do quar teirão. Nãolhe davam atenção. Resolveu

dirigir-se ao porteiro dovelho edif íc io. O sustoaumentou. Ninguématendeu, tudo fechado.E ela lá em c imapermanecia penteandoos cabelos. Dirigiu-sea um carro de políc iaque passava. Nenhumpolicial que ia nele viujanela aberta. Palpitou,desorientado.

Voltou para casa às pressas.O que lhe es tava acontecendo?Teria que tomar prov idência.Entrou, sentou-se lív ido epalpitando, gr itou pela mulher. Ospassos dela vieram lentos pelocorredor. Quando a v iu em suafrente, a perplexidade tomou-lheconta de vez: ela, ar de devaneio,penteava lentamente os cabelos.

O Pentear de Cabelos

Caio Porfírio Carneiro é escritor,crítico literário e membro do

Instituto Histórico e Geográficode São Paulo.

Caio Porfírio Carneiro

Xavie

r

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Todo criador literário que sepreze deve cultivar seusapontamentos íntimos ,

monó logo inter ior que nãonecessariamente se destina a vir apúblico com o passar do tempo.

Fábio Lucas , o acatadointérprete do acontec imentoliterário, do alto da magistratura dasua militância crí tica, com mais de40 t ítulos publicados, também nãose f urtou a manter seu canhenhoíntimo. Trata-se de flashes, insights,v inhetas, nótulas de leitura comf eição de c rônica, pílulas deinterpretação do cotidiano, ref lexõese indagações sobre o signif icado davida e dos seres e até desenhos.

Indiscretamente, enfeixo aquiessas iluminuras recônditas deFábio Lucas, recortadas quase queao acaso. Seria um contrabando daminha par te, se o autor das linhasque seguem não t ivesse moautor izado a f azê- lo. De cer taforma, faço-me dele confidente...

***25 de junho de 1995Encontro no verso de um

bilhete de voo de Philadelf ia aChicago, de 26/12/1971, estesversos que terei copiado em inglês:

“A fallen flowerReturning to the branch?It was a b utterfly.”Moritake (1472-1549)***19961º de fevereiro – O tempo voa.

Resumo: em dezembro L. se foi devez para Recife. Fui para BH e vivientre chuvas e exames médicos.

Problemas do coração.A prof undei conhecimento de N.Fiquei com a Glaura. Dispus decarro, pois v iajei no meu.

Regressei a S. Paulo complano de volta a BH, pelo aniversáriode Cota.

A inda em dezembro:Congresso de Esc r itores doMercosul. Ida a Goiânia paraexaminar concurso de t itular deLiteratura Portuguesa.

Em novembro falei em S. Joãoda Boa Vista. Antes, tinha estado emFlor ianópolis : conf erênc ia eorganização da UBE de Sta.Catarina.

Também es tive em Juiz deFora, para fazer conferência.Janeiro se foi num sopro. Entreihoje em f evereiro.

Num boletim da PensãoJundiaí: [21-11-95] encontro es tafrase de Carlito Maia: “A verdadedeve ter escravos, não donos.”

***

Palavras aladas

“Os dias são pássaros velozesque escondem na mata próximaseu grito incerto.Fluem dos dedosas palavrasecos do Santo Of íciosobre o pasto em chamasO que f ica é poucoo tempo embrulhae atira no ar.Dor que os f ilhosentendem.Dividir o sonhoem pequenos pedaçosde doçura.”

***23.X.98O tempo levou-me até o relógio

que marcava o meu tempo.***6.XII.96“Planos de governo são

sonhos com data marcada.”James Buchanan (em epígrafe

de artigo de Roberto Campos).***12 de março. (1995)Copiei, no ano passado, o

trecho seguinte, de um liv roemprestado pela Rosana: de Te-Shan, mestre zen chinês:

“ ’No mind in w ork in mind. ’Which direeks the zennist to be freeof all

self consciousness, to be buji,completely free of anxiety. While

w orking, w ork; w hile resting,rest.”

(Matsuo Bashô, Narrow road toInteri or , translet by Sam Hamill,Shambala, Boston London, 1991, p.XXII).

***22.XI.94Glaura me conta que, saindo

com A nderson e A ndré, es teinterrompeu-os para perguntar:

- O que veio pr imeiro, ouniverso ou o futuro.

Como os pais hesitassem naresposta, André resolveu pôr ordemno mundo e, então, enumerou o queveio primeiro:

1º O Universo;2º O inf inito;3º O futuro.

Glaura arrematou dizendo queia guardar as questões f ilosóf icaspara que eu e Rosanadiscutíssemos.

***Onde houver amor, ponha

amor, pois daí somente poderánascer mais amor. (26-7-94).

***31/X (1996)As bruxas andam soltas. Após

eu saber da mor te de UilconPereira, veio-me a notícia de queDeonísio da Silva sofrera acidenteautomobilís tico.

Hoje, desde cedo, a notícia daqueda de um avião da TAM sobre obairro de Jabaquara. Consternaçãonac ional.

Ligo o rádio à tarde, de volta domeu almoço. Fico sabendo queJoão A ntônio foi encontrado mortono seu apartamento no Rio.

Outro amigo perdido. Bomf icc ionis ta, af inava o seuinstrumento verbal entre LimaBarreto e Machado de A ssis .Sóbrio, enxuto, expressivo.

Miss iv ista af etuoso,manif es tava grande es tima pormim. Vai-me fazer falta.

***4 de novembro

A not íc ia da mor te de JoãoAntônio, observa A ntonio ArnoniPrado, quase se deu no dia damor te de Lima Bar reto, seu ídolo,falecido a 1º de novembro de 1922.

***27.4.98ComentárioCortas o prazerao meioenquanto a morteagita a cort ina branca.

***8.7.99Frequentei o teu corpo como

um f oras teiro, sem direito apous ada.

Das páginas do diário de bordo de Fábio LucasGabriel Kwak

Gabriel Kwak é jornalista,escritor, revisor e membroda Academia de Letras deCampos do Jordão (SP).

di vulgação

Fábio Lucas

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Lançamentos e Livros Concursos

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra: Livraria virtual TodaCultura: www.todacultura.com.brvia telefax: (11)5031-5463 - E-mail:[email protected] - Correio:

Rua Ática, 119 - ap. 122 - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Antologias:

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Notícias de Piracicaba

O II I Prêmio de Poe sia Portal Am igos do Livr o, promovidopelo Portal Amigos do Livro, com apoio do Por tal Concursos e PrêmiosLiterários e da Scortecci Editora, está com inscrições abertas até 31 dedezembro de 2013. Os interessados poderão inscrever uma poesia inédita.É obr igatór io o uso de pseudônimo. Premiação: Os 50 trabalhosselecionados serão publicados em antologia pela Scortecc i Editora. A títulode Direito Autoral, cada autor receberá 5 exemplares da obra. Informações:w w w.amigosdolivro.com.br. Inscrições: w w w.concursosliterarios.com.br/formulario.php?id=428

31º Concur so Lite rár io Yos hio Take moto , promov ido pelaAssociação Cultural e Literária Nikkei Bungaku, está com inscriçõesabertas até o dia 15 de outubro, para haicai, poesia, conto e tradução dojaponês para o por tuguês, e mais sete modalidades em japonês: shôsetsu(conto), zui-hitsu (ensaio), tanka (poes ia lírica), haiku (haicai) , shi (poesialivre), senryû (poesia satírica) e hon-yaku (tradução do português para ojaponês). Os interessados poderão inscrever trabalhos inéditos, em trêsvias, sob o uso de pseudônimo. Premiação: Conto, R$ 700,00, e demaismodalidades R$ 500,00. Menção Honrosa na modalidade Conto: R$300,00; Menção Honrosa nas demais modalidades: R$ 200,00.Informações: http://w w w.nikkeibungaku.org.br/index .htm

Intorno alle ore, de Maria de Lourdes Alba,Palma Mazzone Produzioni, Renzo e Rean Mazzoneedit iori, Uliano Greca coeditore, Italo-Latino-ameri-cano Palma,Collana diretta da Salvator d ’A nna,Palermo, Itália, 96 páginas.

A autora é escritora, poeta e jornalista.O obra reúne poemas trauzidos para o italiano

por Renzo Mazone, dos livros Ao Redor das Ho-ras, Gotas na Face, Sentimentos Peregrinos e Ex-pressão de Vida de Maria de Lourdes Alba. O prefá-cio é de Elio Giunta e a nota crítica de Caio Porf írioCarneiro.

Maria de Lourdes Alba: [email protected] Mazzone Produzioni: w w w.ilapalmaproduzioni.com

Revolução em Campina Brava, de Wal-dir de Luna Carneiro, teatro, Scortecci Editora,128 páginas, São Paulo, SP.

O autor é esc ritor, contista, dramaturgo ejornalis ta.

Segundo Elésio Paulo, Doutor em Letraspela Unicamp, “Uma análise possível desentra-nharia o parentesco de Waldir de Luna Carneirocom Martins Pena, patriarca da comédia nacio-nal, mas mostraria um dramaturgo que estudoudetidamente a paisagem regional para criar seuspersonagens , e começar pelo impagável Coro-nel Bezerra. Um autor que tem um senso apu-rado da vida inteiorana e uma saborosa críticados fatos, reproduzindo os tiques de linguagem

dos viventes do interior.Scortecci Editora: w w w.scortecci.com.br

Desafios da Memória II - 1973 - 2005, deRodolfo Konder, RG Editores, São Paulo, 112 pági-nas.

O autor é escritor, jornalista, diretor da repre-sentação São Paulo da A ssociação Brasileira deImprensa e membro do Conselho Municipal de Edu-cação. Foi agraciado com o Prêmio Jabuti, PrêmioVladimir Herzog e com o Prêmio Monteiro Lobato.

A obra reúne 37 crônicas que foram publicadasentre 1973 e 2005 em jornais de grande circulaçãodo País e no Linguagem Viva.

RG Editores: w w w.rgeditores.com.br

Um Poema em cada Árvore, evento realizado simultaneamente em84 cidades no dia 21 de setembro com o objetivo incentivar a leitura e levara poesia até onde o povo está, é comemorado no Dia da Árvore por poetas,educadores, agentes culturais, clubes, escolas e redes sociais. A AcademiaPiracicabana de Letras, o Grupo Oficina Literária de Piracicaba, o CentroLiterário de Piracicaba, Poesia ao Vento, o Sarau Literár io Piracicabano e oClube dos Escritores de Piracicaba também se mobilizaram e promoveramuma grande festa.

O  40º Salão Internacional de Humor de Pir acicaba divulgou ovencedor do Grande Prêmio – Troféu Zélio de Ouro que foi destinado aocartunista sérvio Goran Divac, primeiro colocado na categoria Cartum, queserá laureado com a impor tância de R$ 10 mil. A ref erida categoria éescolhida entre os vencedores do Cartum, Caricatura, Charge e Tiras/HQ.

O Salão de Humor, que reúne 442 obras de 64 países, poderá servisitado até 20 de outubro, com entrada gratuita, no Engenho Central dePiracicaba. w w w.salaodehumor.piracicaba.sp.gov.br

O Ce ntro L iterário de Piracicaba realizará reunião no dia 26 deoutubro, sábado, às 15 horas, na Biblioteca Municipal. Madalena Tricânicofalará sobre a vida e obra de Marina Tricânico.

O Grupo Oficina Lite rária de Piracicaba realizará reunião no dia 2de outubro, quar ta, às 19h30, na Biblioteca Pública Municipal.

João Baptista e Souza Negreiros Athayde apresentará o poeta Elide Campos Melges no próx imo Poesia ao Vento, no dia 18 de outubro,sexta, às 19 horas.

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Linguagem Viva

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Prof. Sonia

Notícias

O Prêmio Fundação Bungelaureou Ley la Beatr iz Per roneMoisés, da Universidade de São Pau-lo, na área de Crítica Literária, cate-goria Vida e Obra, por sua trajetóriade pesquis a em literatura brasileira,francesa e portuguesa. AlexandreAndré Nodari, da Universidade Fe-deral de Santa Catarina, foi agraci-ado na categoria Juventude. A ceri-mônia de premiação está marcadapara o dia 1 de outubro, no Paláciodos Bandeirantes , em São Paulo.

A Bibliote ca M ár io deAndrade  será responsável pela par-ticipação de São Paulo, como cida-de homenageada, na Feira do Livrode Buenos Aires, que será realizadaem abril de 2014.

O Sem inário Inter nacionalsobre Violência contra Jornalis-tas,  que celebrará os 35 anos doPrêmio Vladimir Herzog de Anistia eDireitos Humanos, será realizado nodia 21 de Outubro, segunda, das8h30 às 18 horas, no Itaú Cultural,Av. Paulista, 140, em São Paulo. w w w.premiovladimirherzog.org.br.

O Gr upo Literár io JardimAlheio, encerrou, no dia 16 de se-tembro, o ciclo de crí tica sobre aobra de Raquel Naveira, realizado naLivraria Mar tins Fontes.

Hegel & a Educação, de AndréGustavo Ferreira, livro que interpre-ta a obra do pensador GeorgWilhelm Friedrich Hegel, foi lançadopela Autêntica Editora, Coleção Pen-sadores & Educação.

O Fe s t ival Inte r nacionalTarrafa L iterária será realizado de26 a 29 de setembro, no TeatroGuarany, Praça dos Andradas, 10,Centro, em Santos, com a realizaçãoda Realejo Liv ros & Edições .  w ww.tarrafaliteraria.com.br

Rosani Abou Adal representoua Associação Brasileira de Imprensano júri final do Prêmio Líbero Badaró,realizado pela rev ista e portal IM-PRENSA, com patrocínio da SouzaCruz e apoio institucional da Associ-ação Brasileira de Imprensa, Institu-to Internacional de Ciências Sociais,Instituto Palavra Aberta e A rtigo 19.

Leo Barbosa, lançou Lutos di-ários, pela Editora Patuá, no dia 13de setembro,  na Casa das Rosas,em São Paulo.

Stella Leonardos , poeta e es-critora, foi agraciada com o PrêmioTroféu Rio  de Personalidade Cultu-ral 2013, promov ido pelaUnião Brasileira de Escritores do Riode Janeiro.

Cyro de Mat tos lançará, emPortugal, Vinte e um poemas deamor, pela Editora Palimage, no dia30 setembro, segunda, às 18 horas,na Casa da Esc rita, em Coimbra,Rua João Jacintho, 8, em Portugal.

O Prêmio Portugal Telecom  divulgou os f inalis tas das categoriaspoesia, romance, conto/crônica anoe do Grande Prêmi o Por tugalTelecom, que serão agraciados coma impor tânc ia de R$ 50 mil, emw w w.premioportugaltelecom.com.br/

Paulo We rneck  foi eleito onovo curador da Festa Literária In-ternacional de Paraty e substituiráMiguel Conde, que foi o curador dasduas últimas edições.

Thais Matarazzo, jornalista,pesquisadora musical e escritora,lançará Fado no Brasi l: Artistas &Memórias no dia 18 de outubro, sex-ta, das 15 às 18 horas, no Auditórioda Ordem dos Músicos do Brasil/SP,Avenida Ip iranga, 318, 6º andar, blo-co A, em São Paulo.

A VI Bienal Internacional doLivro de Alagoas, que será realiza-da de 25 de outubro a 3 de novem-bro, em Maceió, homenageará osescritores alagoanos e terá Portugalcomo país homenageado.

Gianni Carta lançou Garibaldina América do Sul : o mito do gaú-cho, pela Boitempo Editorial.

A União Baiana deEscritores, presidida por RobertoLeal, fundada em agosto, empossaráa nova diretoria no III Encontro deEscritores Baianos Independentes,que será realizado de 10 a 11 deoutubro, em Salvador, na BibliotecaPública Thales de A zevedo, RuaAdelaide Fernandes da Costa, s/n. [email protected]

Flora Figueiredo lançou Dom ,com ilustrações de Psonha (PriscilaCamacho) e Maria Pi rulito, com ilus-trações de Chris tiano Menezes eBeto Campos , livros inf antis, pelaNovo Século Criança.

Ziraldo, autor homenageadoda 16ª Bienal do Livro do Rio de Ja-neiro, realizada de 29 de agosto a 8de setembro, lançou Maluqui nho defamília durante a feira.

Cecy Barbos a Campos lan-çou, pela Editora Aldrava, o livro dealdravias Crepusculares que reú-ne poemas sintét icos, capazes deinverter ideias correntes de que apoesia está “num beco sem saída”.A nova forma poét ica foi criada emdezembro de 2010.

Da Inte rpr etação , obra deAristóteles, traduzida e comentadapor José Veríssimo Teixeira daMata,     foi lançada pela EditoraUnesp, em grego e português.

Ana Maria Machado, com oromance  Infâmi a, edi tado pel aAlfaguara, foi a vencedora da 8ª edi-ção do Prêmio Passo Fundo Zaffari& Bourbon de Literatura. Ela foi agra-ciada com a impor tância de R$ 150mil durante a cerimônia de aberturada 15ª Jornada Nacional de Litera-tura de Passo Fundo, realizada emagosto. 

A Instrução Normativa nº 02estabelece normas e procedimentospara a gestão do Vale-Cultura, cria-do pelo Programa de Cultura do Tra-balhador, que entrou em vigor no dia6 de setembro. As empresas interes-sadas em f ornecer o Vale-Culturaaos funcionários poderão se inscre-ver junto à SEFIC a partir de 7 deoutubro. w w w.cultura.gov.br 

di vulgação

 João Carlos Canossa, novopresidente da Associação Brasileiradas Editoras Univers itár ias , foiempossado no dia 30 de agosto, naBienal Internacional  do Liv ro do Riode Janeiro, para subs tituir JoséCastilho Marques Neto.

A Associação Brasileira deEncadernação e Restauro realiza-rá o 1º Simpósio Inovação, Desen-volvimento e Tecnologia na Preser-vação de Acervos ABER/SENAI, de9 a 10 de outubro, no Museu de Artede São Paulo, Av. Paulista, 1578, emSão Paulo. A taxa é de R$ 150,00,para o público em geral, e R$ 135,00para associados ABER e estudantes.ww w.aber.org.br

Silvio Fiorani lançou o Para-doxo da Serpente, pela EditoraRecord.

Olavo Amaral f oi o pr imeirocolocado do 13º Concurso Nacionalde Contos Josué Gui marães e,Mar iana Salomão Carrara, em se-gundo lugar.

Sonia Coutinho , esc r itorabaiana, jornalista e tradutora, fale-ceu aos 74 anos, no dia 24 de agos-to, no Rio de Janeiro. Foi agraciadacom o Prêmio Jabuti, em 1979, comOs venenos de Lucrécia, e, em 1999,com Os seios de Pandora; e com oPrêmio Clarice Lispector, da Biblio-teca Nacional, com Ovelha negra eamiga loura.

Capas de artistas: 50 anos dehistória, mostra que reúne capas deliv ros do acervo de Guilherme deAlmeida, f icará em cartaz até 20 deoutubro, de terça a domingo, das 10às 18 horas, na Casa Guilherme deAlmeida, Rua Mac apá, 187, em SãoPaulo. Des taque para a capa ea quarta-capa de Nós (1917), primei-ro liv ro do poeta, c r iadas porFernando Cor reia Dias .w ww.casaguilhermedealmeida.org.br

Leyla Beatriz Perrone Moisés

CEHC/Grupo de Debates NOÉTICAwww.noetica.com.br

Saiu o Volume nº 9 da coleção PALAVRASESSENCIAIS que trata do tema ÁTRIO DOSGENTIOS.

Com coordenação de João Barcellos e seloda Edicon, com apoio do Centro de Estudos doHumanismo Crítico (Portugal) e do Grupo deEstudos Noé tica, vá r ios inte lectuaislatinoam ericanos  discutem os dogm as místicos esua relação social.

João Barcellos coordena,  tam bém, a coleçãoDEBATES PARALELOS, hoje com 8 volum es .

EDICON: Te l.: (11) 3255-1002.