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    ARQUITETURA DE MUSEUS:

    RELAÇÕES ENTRE EXPOSIÇÃO E PATRIMÔNIO

    Paulo Roberto Sabino

    Graduação em Publicidade e Propaganda pela Universidade Santa Cecilia.Especialização em Publicidade e Mercado pela ECA/USP e emMuseologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia MAE/USP.

    Mestrando em Design pelo Centro Universitário SENAC.

    Resumo

    Este artigo é parte da pesquisa de mestrado sobre Design de exposições e

    arquitetura de museus e apresenta uma proposta para classificação de museus

    brasileiros por meio de sua arquitetura. Assim, ao entender o museu como

    patrimônio e sua arquitetura como característica intrínseca nas relações com oobjeto, esta pesquisa analisa vinte instituições museológicas localizadas na

    cidade de São Paulo.

    Palavras-Chaves: Arquitetura de Museus; Museologia; Design; Patrimônio

    Cultural.

    Abstract

    This article is part of a master thesis on Architecture and Design exhibitions in

    museums, presenting a proposal of classification for brazilian institutions. Thus, to

    understand the museum as a heritage and its architecture as a intrinsic

    characteristic in object relations, this research examines twenty museological

    institutions located in São Paulo.

    Keywords: Architecture Museums, Museology, Design, Cutural Heritage.

    Introdução

     A relação entre arquitetura e museu existe há tempos, motivados por diversos

    fatores como movimentos artísticos, sociais, políticos ou econômicos. Relações

    de poder em que o museu foi usado como símbolo ou referência a um

    determinado pensamento ou ideologia.

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     Assim, podemos citar a criação do Museu do Louvre, em Paris, como símbolo de

    uma revolução que extinguia os privilégios da monarquia e disponibilizava seus

    tesouros ao público. O Altes Museum, em Berlim, de Karl Friedrich Schinkel,inaugurado em 1824 como modelo do museu neoclássico posteriormente atacado

    pelas vanguardas artísticas como “mausoléu” academicista (GRANDE, 2009, p.

    7). Em 1939 a criação do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, MoMA,

    apresentou ao mundo suas grandes galerias brancas e funcionais, no projeto

    modernista de Goodwin e Stone, inserindo o modelo do “Cubo Branco” nos

    projetos museológicos. (O’DOHERTY, 2002, p. 4).

    No auge das agitações políticas, da guerra fria e da cultura de massa, surge emParis um novo modelo: o Centro Cultural Georges Pompidou, de 1977, projetado

    por Rogers & Piano em um edifício envidraçado que expõe sua estrutura e

    concentra sua programação na interdisciplinaridade e interação entre a cultura e o

    público No final do século XX, o museu assume uma dimensão espetacular e

    midiática, o museu pós-moderno tem então seu ícone no projeto de Frank Gehry

    para o Guggenheim de Bilbao, de 1997. (MONTANER, 2003, p. 18).

    Esses são alguns exemplos de como a arquitetura e os museus andaram juntas,interpretando as transformações da sociedade. Para uma melhor compreensão

    alguns autores identificaram modelos desta relação e propuseram uma

    classificação entre espaço arquitetônico e pensamento museológico.

    Este artigo apresenta dois destes autores e os utiliza para propor uma

    classificação e uma relação entre a arquitetura e os espaços de exposições para

    os museus brasileiros, mais especificamente àqueles situados na cidade de São

    Paulo.

     Assim, esta análise utilizará as propostas do arquiteto português Nuno Grande

    (2009), que apresenta uma classificação cuja orientação opera entre paradigmas

    modernistas e pós-modernos, traçando um “panorama da arquitectura (no sentido

    espacial) de alguns dos mais recentes museus e centros de arte contemporânea

    à luz das diferentes arquitecturas institucionais” (GRANDE, 2009, p. 6). O

    arquiteto organiza as instituições museológicas em: ícone, reduto, paisagem,

    squatter , laboratório, acervo e cluster.

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    O segundo autor é o arquiteto espanhol Josep Maria Montaner (2003), cujo

    trabalho expõe o “panorama e a condição contemporânea da arquitetura de

    museus” (MONTANER, 2003, p. 8), destacando modelos importantes comoreferências para o século XXI. Seu trabalho classifica oito tipologias

    preponderantes na arquitetura do museu contemporâneo: organismos

    extraordinários, evolução da caixa, objeto minimalista, museu-museu, museu

    voltado para si mesmo, museu colagem, antimuseu e as formas de

    desmaterialização.

    Classificação dos museus e instituições paulistanas

     As propostas apresentadas pelos dois autores, embora partindo de premissas

    diferentes, assemelham-se no que diz respeito aos modelos arquitetônicos de

    museus e de instituições, compartilhando inclusive alguns exemplos de museus

    para justificar suas posições, embora partindo de premissas diferentes.

    Como podemos observar, também as classificações não são rígidas, elas se

    interligam, perpassam e fluem entre os diversos modelos apresentados,

    apropriando-se de um ou outro conceito. Nesse sentido o Museu de Arte

    Contemporânea de Niterói pode ser classificado como museu paisagem e

    organismo extraordinário.

    Para a análise desta pesquisa utilizaremos os museus e centros culturais da

    cidade de São Paulo. Para tanto, consideramos as instituições dessa cidade

    relacionados no Cadastro Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus –

    IBRAM, listadas abaixo:

    1. Centro Cultural Banco do Brasil2. Centro da Cultura Judaica

    3. Centro Cultural São Paulo

    4. Galeria de Arte do SESI

    5. Instituto de Arte Contemporânea

    6. Instituto Itaú Cultural

    7. Instituto Tomie Ohtake

    8. Memorial da Resistência

    9. Museu Afro Brasil

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    10. Museu de Arte Contemporânea

    11. Museu de Arte Moderna

    12. Museu de Arte de São Paulo13. Museu Brasileiro da Escultura

    14. Museu da Casa Brasileira

    15. Museu do Futebol

    16. Museu da Imagem e do Som

    17. Museu da Língua Portuguesa

    18. Paço das Artes

    19. Pinacoteca do Estado de São Paulo

    20. SESC Pompeia

     Ao aplicar as propostas citadas anteriormente nas instituições selecionadas

    construímos uma base inicial para entendermos os museus da cidade de São

    Paulo, por meio de suas características arquitetônicas. Assim, podemos visualizar

    no gráfico (fig. 1) uma distribuição das instituições em relação às propostas dos

    autores.

    Devido à relação intrínseca das propostas dos dois autores, optamos por um

    gráfico sobreposto, no qual podemos obter uma melhor visualização das

    instituições para análise. O desenho procura respeitar a forma do pensamento de

    cada autor.

    Desta forma, o trabalho de Nuno Grande (2009) que é apresentado como

    percurso, tem seu início no “museu ícone” até o “museu cluster”, e está

    representado nas faixas que partem do centro à borda do gráfico. O trabalho de

    Montaner (2003) tem início na contraposição de duas posições tipológicas

    distintas, “o museu como organismo

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    extraordinário” e “a evolução da caixa”. Na construção do esquema, procuramos

    respeitar as relações de aproximação e antagonismo entre as tipologias.

     Analisando o gráfico, notamos uma grande concentração de instituiçõespertencentes a uma determinada área. Pela classificação do arquiteto espanhol,

    que toma como premissa as referências arquitetônicas marcantes no século XX e

    representativas no XXI, não há em São Paulo um museu de características

    radicais ou experimentais que se encaixasse nas posições tipológicas de “museus

    como organismos extraordinários”, “antimuseus” ou “formas de

    desmaterialização”.

     A maioria das instituições está localizada em posições que podemos entender

    como tradicionais, marcadas pela influência da arquitetura moderna ou de

    restauração de prédios antigos para abrigar novos espaços.

    O número de instituições localizadas no modelo de “museus voltados para si

    mesmo” indica, como citado anteriormente, a forte tendência pela arquitetura

    moderna e por museus com acervos, em relação a centros e institutos culturais.

    Na posição “evolução da caixa”, em que os museus modificaram a caixa

    modernista e, ao mesmo tempo, mantiveram fortes ligações com suas ideias,

    temos seis instituições.

    Como “museu-museu”, situam-se dois edifícios: o Centro Cultural Banco do Brasil

    (fig. 2), que manteve as características originais da arquitetura do prédio, e o

    Centro da Cultura Judaica, de 2003, projeto de Roberto Loeb, com seu formato

    que representa sua própria vocação. Observamos que os demais modelos de

    instituições que utilizam prédios antigos alteraram, de alguma maneira, sua

    estrutura arquitetônica, certamente para uma adequação às necessidades

    museológicas ou institucionais.

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    Fig. 2 – Vista interna do edifício do Centro Cultural Banco do Brasil.

    No percurso de Grande (2009), o gráfico apresenta uma distribuição mais

    abrangente, com instituições ocupando todas as faixas, mas com maior

    concentração no museu squatter  – oito no total –, reforçando a constatação sobre

    a utilização de edifícios antigos ou abandonados para instalação de museus. O“museu laboratório”, com quatro instituições, evidencia uma proposta

    programática diferenciada de locais ligados à tecnologia e à ação multimídia na

    cidade, como o Instituto Itaú Cultural, de 1995, projeto inicial do arquiteto Ernest

    Robert de Carvalho Mange, e o Museu da Imagem e do Som. Há ainda os

    espaços polivalentes como o Centro Cultural São Paulo (fig. 3) e o Paço das Artes

    que abrigam vários formatos de exposições: da fotografia às instalações

    multimídia.

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    Fig. 3 – Vista interna do edifício do Centro Cultural São Paulo.

    Escala de influências: exposição x arquitetura

     Após a seleção das instituições foram realizadas visitas as exposições durante o

    primeiro semestre de 2010. Essas visitas tiveram como objetivo observar e

    documentar os diversos projetos expográficos e as relações com a arquitetura dos

    espaços museológicos que os abriga.

     Assim, podemos dizer que tais relações ocorrem entre três elementos: a) o

    projeto arquitetônico dos museus e centros culturais; b) a tipologia da exposição;

    e c) as estratégias e a proposição expositiva, envolvendo questões socioculturais,

    simbólicas e comunicacionais. Desta forma o projeto arquitetônico das instituições

    pode estar intrinsecamente relacionado ao objeto a ser exposto, ou seja, àtipologia da exposição: artística, histórica, temática, entre outras.

     A partir dessas relações, representada no gráfico abaixo (fig. 4), foi elaborada

    uma escala considerando diferentes graus de influência da arquitetura no projeto

    expográfico das exposições visitadas. Para esta pesquisa utilizamos uma

    gradação simplificada com três níveis: alto, médio e baixo.

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    Pelo gráfico, notamos que a maioria das instituições analisadas apresenta uma

    alta influência identificada na expografia, totalizando 15 das 20 instituições

    analisadas. Complementando com três graus médio e dois baixo.Cruzando as informações do diagrama, temos que a maior incidência de baixo e

    médio grau de relacionamento ocorre com museus squatter   (Pinacoteca do

    Estado, Centro Cultural Banco do Brasil e Museu da Língua Portuguesa),

    demonstrando que as intervenções ou adaptações de edifícios antigos ou

    abandonados nem sempre têm suas características históricas consideradas nos

    programas expositivos. Necessidades de adaptações museológicas que

    encobrem o edifício original ou a diversidade do programa de exposições podemser causas desta situação.

    Os “museus voltados para si mesmo” agrupam o maior número de alto grau de

    influência, seis instituições, o que reflete a forte relação destes com seus acervos

    e conceitos arquitetônicos, geralmente localizados em prédios que possuem

    relação direta com suas propostas como o Memorial da Resistência (fig. 5) no

    prédio do antigo DEOPS/SP ou o Museu do Futebol (fig. 6) no interior do estádio

    do Pacaembu.

    Fig. 5 – Espaço do Memorial da Resistência, no antigo edifício do DOPS.

    Todos os quatro “museus laboratórios” (Centro Cultural São Paulo, Museu da

    Imagem e do Som, Paço das Artes e Instituto Itaú Cultural) possuem alto grau de

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    influência, o que pode representar uma programação de exposições que pensa a

    utilização do espaço em toda potencialidade para o qual foi projetado.

    Fig. 6 – Sala Anjos Barrocos, Museu do Futebol, interior do estádio do Pacaembu.

    O modelo “objeto minimalista” foi o que apresentou maior diversidade de graus,

    com instituições nas três gradações, embora com maior presença do grau alto,

    correspondendo a maioria global das instituições.

    Esses modelos são caracterizados por uma influência do espaço modernista,

    grandes galerias, com espaços amplos, sem grandes interferências

    arquitetônicas, como as galerias do Museu de Arte Contemporânea (fig. 7), do

    Instituto Tomie Ohtake e do Instituto de Arte Contemporânea (fig. 8), mas também

    com espaços em que tal característica não é aproveitada ou considerada, como

    no Museu da Escultura Brasileira.

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    Fig. 7 – Galeria do Museu de Arte Contemporânea da USP.

    Fig. 8 – Galeria do Instituto de Arte Contemporânea.

    No gráfico (fig. 1) podemos observar como as instituições museológicas estão

    agrupadas por suas diversas características e influências arquitetônicas. Esse

    quadro é a fotografia de um momento. Uma relação de uma exposição específica

    a determinado espaço. As relações podem ser alteradas de acordo com o tipo de

    exposição, pois alguns espaços têm propostas expositivas bem determinadas,

    outros já têm a diversidade como característica. Uma mesma exposição em outro

    local poderia apresentar diferentes graus de relação.

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    O autor René Vinçon (1999) escreve sobre a impossibilidade de um “grau zero”

    na montagem de exposições de arte, já que essa possuí um sentido estético e é

    pensada como tal. “Toda exposição é uma apresentação que implica artifícios”(VINÇON, 1999 apud GONÇALVES, 2004, p.40)

    Considerações Finais

    O museu já atravessou diversas fases em nossa história, de monumentos que

    exaltavam os discursos nacionais a locais de coisas velhas, depósito de coisas do

    passado. No entanto, o museu contemporâneo volta a ocupar lugar de destaque

    como novo templo cultural da atualidade.

    Se por um lado o status  museu contemporâneo surge espetacular em sua

    arquitetura arrojada e futurista, ele também serviu para elevar os museus a

    categoria de patrimônio cultural a ser preservado. Símbolo identitário de grandes

    cidades e comunidades periféricas.

    Como exemplo em nosso país podemos citar que, em menos de um ano, foi

    anunciada construção de três novos museus na cidade do Rio de Janeiro: O

    Museu da Imagem e do Som – MIS, com projeto do escritório de Nova Iorque

    Diller Scofidio+Renfro; o Museu de Artes do Rio – MAR dos arquitetos Thiago

    Bernardes e Paulo Jacobsen e o Museu do Amanhã, com projeto de Santiago

    Calatrava. Todos possuem realização da Fundação Roberto Marinho e

    inaugurações previstas para 2012. Os dois últimos fazem parte do projeto de

    revitalização turística da zona portuária (ANTUNES, 2010, p. 4). A considerar que

    a cidade do Rio de Janeiro deve receber dois importantes eventos mundiais: a

    final da Copa do Mundo da FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

    E não é só a construção ou restauração de um edifício, que abrigará um novo

    museu, é comemorado, mas também seu conteúdo. O Brasil presenciou a

    construção de dois museus singulares no mundo, que utilizam tecnologias

    interativas e audiovisuais para a exposição e preservação de patrimônio imaterial,

    o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol, ambos na cidade de São

    Paulo.

    Mas e a arquitetura dos museus brasileiros até agora? Quem são seusidealizadores e quais foram suas propostas? Como classificar as tipologias

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    arquitetônicas dos museus brasileiros, quais suas relações internacionais ou

    referências históricas? Comunicar o patrimônio é também estudar e entender o

    seu significado e historicidade.Esta pesquisa revelou também que, das 20 instituições analisadas, encontramos

    15 arquitetos diferentes entre projetos novos e intervenções – considerando um

    escritório de arquitetura como uma unidade –, destes destacam-se Paulo Mendes

    da Rocha com quatro projetos: Galeria da FIESP, Museu Brasileiro da Escultura,

    Museu da Língua Portuguesa e Pinacoteca do Estado; Lina Bo Bardi com três:

    MASP, SESC Pompeia e o MAM.

    Mas o que chama a atenção é a presença de outros dois arquitetos que, de certa

    forma, influenciaram os espaços que acolhem este tipo de instituição, por terem

    sido inicialmente projetados por eles. São eles, Oscar Niemeyer, com os

    pavilhões que abrigam o Museu Afro Brasil, o MAM e o MAC/USP, e Ramos de

     Azevedo, com os edifícios da Pinacoteca do Estado, Memorial da Resistência e o

    estádio municipal que abriga o Museu do Futebol, o que coincide com a alta

    incidência de museus squatter  na cidade de São Paulo, uma tendência ou simples

    coincidência?

    Percebemos que a expografia e a arquitetura estão intimamente relacionadas, o

    que se percebe desde a inclusão das características arquitetônicas no espaço

    expositivo a sua total omissão. Identifica e classificar as tipologias arquitetônicas

    dos museus brasileiros é uma forma de adicionar mais um elemento nessa

    relação. Elemento este que visa contribuir para que o design da exposição seja o

    mais efetivo possível em sua comunicação com o público. Desta forma, este

    artigo tem como proposição contribuir para a pesquisa sobre arquitetura demuseus, com um aprofundamento nas questões que envolvem a historicidade e

    as características da arquitetura no Brasil, bem como as dos museus brasileiros

    na construção de uma classificação arquitetônica.

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