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IV Seminário Nacional de Política Urbana e Ambiental: desafios do projeto de cidade – CAU/BR Brasília – 4 e 5 de abril de 2017

Panorama da questão urbana no Brasil e

desafios para a implementação da Nova

Agenda Urbana

João Sette Whitaker Ferreira

Prof. Livre Docente FAUUSP

Pesquisador-sênior do LabHab/FAUUSP – Laboratório de Habitação e

Assentamentos Humanos


Nova Agenda Urbana

Habitat III – Quito, 2016

- A questão da pobreza urbana e da desigualdade economica e social colocada

oficialmente como o grande desafio das cidades e dos governos para o século

XXI, por cerca de 150 países no mundo.

- Assume-se a importância que a informalidade e a precariedade urbanas

tomaram “Planeta Favela” (Mike Davis) > a precariedade é regra, não mais

exceção.

- Volta-se a enfatizar o papel do Estado no enfrentamento desse desafio.

- A Nova Agenda é clara no apontamento dos desafios e da necessidade de

enfrentá-los. Porém, não avança em sugestões concretas sobre COMO fazê-lo






• Avanços da Constituição de 1988: artigos sobre a reforma urbana

• Porém, 16 anos para regulamentá-los: Estatuto da Cidade de 2001

• Outros 16 anos depois, quantos municípios aplicaram o Estatuto

de maneira sistêmica e efetiva para promover a Reforma Urbana?

• 29 anos depois da Constituição> déficit habitacional não mudou

significativamente;

Cerca de 40% da população das grandes cidades ainda vive na

informalidade

• Qual é o problema?

O Brasil é um dos países que mais avançou na Nova Agenda Urbana


Cidade como valor de USO Cidade como

valor de TROCA

INFRAESTRUTURA URBANA SOCIALMENTE PRODUZIDA


Natureza do Estado

Estado do Bem Estar Social(Walter Gropius e a cidade eficiente)

X

Estado (e sociedade) Patrimonialista(Raymundo Faoro, Sérgio Buarque de Hollanda)


Chicago



Rio de Janeiro: Plano 1875


“Navio parado”, Rua Japurá, SP 1920 Cortiços para aluguel Fonte: Bonduki


MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA

e

INDUSTRIALIZAÇÃO COM BAIXOS SALÁRIOS



BRASIL - Distribuição da renda (aprox. média histórica)

01% mais ricos 15% riquezas



40% mais ricos (60 Mi) 90% riquezas

60% mais pobres (120 mi) 10% riquezas


Matriz da formação nacional:

Industrialização com baixos salários

- Exército industrial de reserva: mão-de-obra barata garante competitividade

econômica

- Modernização conservadora: o “moderno” se alimenta do atraso

Evolução do salário mínimo e do PIB per capita

Brasil 1940-1999 Fonte:DIEESE;IBGE/ Elaboração: DIEESE


Consequência para o urbano: urbanização desigual

Baixos salários alimentam a urbanização acelerada

Estado Patrimonialista não é Estado Interventor/regulador

ESTADO A REBOQUE DOS INTERESSES PRIVADOS (Villaça)













Fonte: Flávio Villaça e Silvana Zioni






Csaba Deák - Infurb/FAUUSP

São Paulo - Sistema viário e de transportes principal:

Concentração da infra-estrutura em apenas parte da cidade



% de Po b res

0.13 - 9 .6 9

9.69 - 1 9 .8 1

19 .8 1 - 3 0.88

30 .8 8 - 5 8.63

Proporção de pessoas negras, pobres e indigentes por área de ponderação –

São Paulo, 2000 / áreas exclusivamente residenciais São Paulo 2000

Mapas 1 e 2: Eduardo Rios e Juliana Riani: “Desigualdades Raciais nas Condições Habitacionais da População

Urbana” , cedido por Renato Emerson (IPPUR e UERJ). Mapa 3: Ferreira, 2003.



Foto: Gal Oppido – Acervo LabHab FAUUSP




Acervo LabHab FAUUSP


Foto: Gal Oppido – Acervo LabHab FAUUSP


Represa Billings, Região Metropolitana de São Paulo – Braço do Capivari

(cedido por Erminia Maricato)


Represa Billings, Região Metropolitana de São Paulo – Braço do Cocaia –

(cedido por Erminia Maricato)


O país das “duas” leis


Pequenas e médias cidades (as que mais crescem no Brasil(ver T. Bacelar e IPEA )

REPRODUZEM esse modelo:

-Prioridade ao carro

-Transporte público ineficiente e controlado por carteis empresariais

-Coleta de lixo sob controle de carteis

-Planos Diretores subordinados à logica do capital

-Desrespeito absoluto ao meio ambiente

-Pobres longe da cidade

-Vazios urbanos nos centros

-Em vez de parques e praças públicos, condomínios fechados

-Em vez de reflorestar, se desmata (dentro dos condomínios

inclusive)

EMPREENDIMENTOS IGUAIS POR TODO O BRASIL












Belo Horizonte

Felipe Anitelli [Re}Produção ? Tese de Doutoramento – IAU/USP 2011


Felipe Anitelli [Re}Produção ? Tese de Doutoramento – IAU/USP 2011

Goiania


São Paulo - Foto João SWF - FAUUSP


Campinas - Foto LabQuapá - FAUUSP


Campinas - Foto LabQuapá - FAUUSP


Santa Etelvina – COHAB-SPAcervo LabHab FAUUSP

IV Seminário Nacional de Política Urbana e Ambiental: desafios do projeto de cidade – CAU/BR Brasília – 4 e 5 de abril de 2017São Paulo/2005:

Cidade

Tiradentes


Acervo LabHab FAUUSP





A democratização das cidades brasilerias é antes de tudo uma

questão política.

Deve corresponder à um novo patamar de solidariedade e

vontade coletiva de superação das desigualdades e injustiças

sociais.

..inversão RADICAL das prioridades de investimentos

das políticas públicas: ARQUITETURA PÚBLICA!

Re-ocupação dos centros

Melhoria urbana das áreas periféricas

- Provisão habitacional incluída na cidade

- Saneamento

- Transporte público de massa e formas sustentáveis

- saúde educação e lazer para todos


Principais obstáculos para a implementação da Nova

Agenda Urbana

- Políticas urbanas e habitacionais exigem um tempo de realização (10 a 12

anos) que ultrapassa o tempo político (4 anos) – A política habitacional e

urbana não é prioridade política;

- Interrupção ou mesmo destruição sistmatica das políticas a cada 4 anos;

- Impossibilidade de planejamento a longo prazo:

Problemas emergenciais do passivo acumulado

Impossibilidade de construir políticas de Estado

- Mais Estado e não o contrário: necessidade de regulação da produção

habitacional e urbana e implementação da Nova Agenda (Estatuto da

Cidade)

- Enfrentamento dos poderers paralelos que atuam sobre o território


Revistas PROJETO e AU

Fevereiro a agosto 2012 - 6 edições: 69 projetos no Brasil e 9 no exterior

Residência de alto padrão 1663%

Estabelecimentos comerciais 28

Edifícios públicos 28

Textos ou projetos urbanos 4

Habitação “econômica” 1 0,1%

Habitação social (abaixo de 3 SM) 0

Projetos PAC assentamentos precários 0

Projeto Minha casa Minha Vida 0

Projetos de assessorias de mutirões 0


- Arquitetura / desafios específicos:

- A produção não é a única solução: urbanização da precariedade

com direito à consolidação e não alternativa da substituição

(favela-bairro não produzia)

- Enfrentamento da reocupação das áreas centrais

- Equação:

Sintonia fina entre:

celeridade x custos x BDI x qualidade x localização (gentrificação)


É possível enfrentar?

Experiência em São Paulo: implementação de um plano diretor e um

plano de habitação para um horizonte de 30 e de 16 anos


Plano Diretor:

- Adensamento populacional associado à mobilidade e fora dos eixos de

investimentos tradicionais dos bairros de alta renda;

- Reserva fundiária bemlocalizada para HIS > ZEIS

- Outorga Onerosa em toda a cidade e Fundurb;

- Destinação obrigatória de 30% do fundo de urbanização para mobilidade e 30%

para desapropriações para HIS;

- Destinação de 25% das Operações Urbanas para HIS;

- Cota de Solidariedade;

- Notificação de 2 mil imóveis pelo PEUC

Plano Municipal de Habitação:

- Serviço de moradia social > enfrentamento das emergencias

- Sistema de locação social com ênfase na recuperação do centro (retrofit,

PEUC)

- Programa de intervenção em áreas precárias com ênfase na fixação da pop.

- Produção de moradias bem localizadas.


Assimilaçáo da Nova Agenda Urbana como prioridade da atividade

profissional:

- CAU e IAB ainda acanhados nas discussões da agenda política urbana

- Este seminario e atuação do CAU nas discussões sobre a MP 759 de

regularização fundiária.

“A cidade ideal dum cachorro

Tem um poste por metro quadrado”

Cidades são vistas como a somatória de interesses individuais

Sociedade “não vê” para além do seu poste: problema urbano e

habitacional é um “não problema”

A Nova Agenda Urbana depende damudança desse paradigma

Cidades para todosr e de cada um

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