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CARLOS ROGÉRIO COSTA PANORAMA DE UM ESTUDO SOBRE RAZÕES E PROPORÇÕES EM TRÊS LIVROS DIDÁTICOS MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA PUC/SP São Paulo 2005

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CARLOS ROGÉRIO COSTA

PANORAMA DE UM ESTUDO SOBRE RAZÕES E PROPORÇÕES

EM TRÊS LIVROS DIDÁTICOS

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA

PUC/SPSão Paulo

2005

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CARLOS ROGÉRIO COSTA

PANORAMA DE UM ESTUDO SOBRE RAZÕES E PROPORÇÕES

EM TRÊS LIVROS DIDÁTICOS

Dissertação apresentada à BancaExaminadora da Pontifícia UniversidadeCatólica de São Paulo, como exigênciaparcial para a obtenção do título deMESTRE PROFISSIONAL EMENSINO DE MATEMÁTICA, soborientação da Profa. Dra. Barbara LutaifBianchini.

PUC/SPSão Paulo

2005

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos, a reprodução total ou parcialdesta dissertação por processos fotocopiadoras ou eletrônicos.Assinatura:________________Local ___________________data:____________

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Banca Examinadora:

________________________________

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me concedido esta oportunidade na vida.

À minha orientadora, professora Doutora Barbara Lutaif Bianchini, pela extrema

competência, paciência e dedicação na orientação desta dissertação.

À minha família pelo apoio e incentivo nas horas que mais precisei.

À professora Doutora Marlene Alves Dias pelas orientações e sugestões dadas na

qualificação e após a qualificação.

À professora Doutora Leila Zardo Puga pelas orientações e sugestões dadas na

qualificação e após a qualificação.

Aos alunos e professoras, membros do grupo de pesquisa G5, pelas observações

feitas na apresentação que fiz dessa dissertação, através de pôster, para o grupo.

À todas as pessoas que de forma direta ou indireta me ajudaram nessa pesquisa,

principalmente na busca dos documentos, em especial as bibliotecárias (Ângela e

Talita) da PUC – SP, Marquês de Paranaguá.

À CAPES por me conceder uma bolsa de estudos.

Ao corpo docente do Programa de Mestrado Profissional no Ensino de

Matemática, pois sem ele eu não teria chegado ao final.

À secretária do Programa de mestrado profissional no ensino de matemática,

senhora Vera, pela paciência, dedicação e preocupação para cada um de nós,

mestrando deste programa.

Em especial, à minha esposa Maria Aparecida Costa pela dedicação constante e

preocupação com minha saúde, principalmente nestes últimos três anos.

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RESUMO

Essa dissertação analisou e comparou os conteúdos Razões e Proporções entre

três livros didáticos, os livros e a proposta curricular correspondente à década de

sua publicação, classificou e comparou os exercícios propostos utilizando os

níveis de conhecimento esperado dos alunos segundo Aline Robert. Inicialmente,

dedicou-se a descrever os tópicos e classificar os exercícios propostos referentes

aos conteúdos Razões e Proporções nos três livros didáticos, para além da

descrição destes conteúdos nos documentos oficiais dos órgãos governamentais,

visto que os mesmos estão presentes no cotidiano dos alunos e o livro didático é

uma das principais fontes de pesquisa do professor. Logo após foi feita a análise

e comparação dessas descrições e análises com objetivo de responder às

seguintes questões: 1) A disponibilização dos conteúdos Razões e Proporções

nos livros didáticos está de acordo com o que é sugerido nos documentos dos

órgãos governamentais? 2) Houve modificações quanto ao modo de disponibilizar

estes conteúdos nos livros didáticos? 3) Os exercícios favorecem o trabalho do

professor quanto aos níveis de conhecimento esperado dos alunos segundo Aline

Robert?

O trabalho encerrou-se sugerindo novas pesquisas com esses conteúdos e/ou

outros conteúdos em outros tipos de documentos, depois de um panorama dos

conteúdos Razões e Proporções nos livros didáticos quanto aos assuntos

abordados nos tópicos supracitados com as seguintes conclusões: os livros

didáticos estão parcialmente agregados às sugestões dos documentos oficiais

dos órgãos governamentais da época foram publicados, houve modificações nos

modos de disponibilizar estes conteúdos, isto é, a parte teórica foi reduzida,

somente o livro dos anos 60/70 disponibiliza demonstrações e preocupação com

a relação entre geometria e álgebra, as listas de exercícios propostos favorecem

parcialmente o trabalho do professor, isto é, não há em todos tópicos exercícios

com os três níveis de conhecimento (técnico, mobilizável e disponível).

PALAVRAS-CHAVE: Razões e Proporções, livros didáticos, níveis de

conhecimento, comparação de conteúdos.

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Abstract

That dissertation analyzed and it compared the contents Reasons and Proportions

among three didatic books, the books and the proposal course corresponding to

the decade of his/her publication, it classified and it compared the proposed

exercises using the levels of the students' expected knowledge according to Aline

Robert. Initially, it was devoted to describe the topics and to classify the proposed

exercises regarding the contents Reasons and Proportions in the three text books,

for besides the description of these contents in the official documents of the

governmental bodies, because the same ones are present in the students daily

students and the text book is one of the main sources of the teacher's research.

Therefore after it was made an analyse and comparison of those descriptions and

analyses with objective of answering to the following subjects: 1) are the

arrangement of the contents Reasons and Proportions in the text books in

agreement with the one what is suggested in the documents of the governmental

bodies? 2) were there modifications in the way of making the arrangement of

these contents in the text books? 3) do the exercises favor the teacher's work as

for the levels of the students' expected knowledge according to Aline Robert?

The work was closed suggesting new researches with those contents and/or other

contents in other types of documents, after a panorama of the contents Reasons

and Proportions in the text books as for the subjects approached in the foregoing

topics with the following conclusions: the didatic books are partially joined to the

suggestions of the official documents of the governmental bodies of the time were

published, there were modifications in the manners of making the arrangement of

these contents, that is, the theoretical part was reduced, only the book of the years

60/70 makes the arrangement of the demonstrations and concern with the

relationship between geometry and algebra, the lists of proposed exercises favor

the teacher's work partially, that is, there aren’t in all topics exercises with the

three knowledge levels (technician, mobilizável and available).

WORD-KEY: Reasons and Proportions, didatic books, knowledge levels,

comparison of contents.

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SUMÁRIO

Introdução ......................................................................................................... 10

Capítulo 1 – Procedimentos metodológicos ...................................................... 1.1 Características gerais dos livros...............................................................

1618

Capítulo 2 – Justificativa ................................................................................... 24

Capítulo 3 – Grade e esquema para análise dos livros.....................................

3.1 Grade de análise.......................................................................................

3.1.1 Exemplo de funcionamento da grade em um exercício......................

3.2 Esquema dos conteúdos Razões e Proporções.......................................

34

35

36

38

Capítulo 4 – Descrição e classificação dos exercícios dos três livros...............

4.1 Do livro dos anos 60/70............................................................................

4.2 Do livro dos anos 80.................................................................................

4.3 Do livro dos anos 2000.............................................................................

39

39

67

90

Capítulo 5 - Documentos Oficiais dos Órgãos Governamentais 119

5.1 Projeto de um Guia Curricular(1972).................................................... 119

5.2 Proposta Curricular (1986)........................................................................ 121

5.3 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1998).................................... 125

Capítulo 6 – Síntese da análise......................................................................... 129

6.1 Tabelas com resumo da classificação dos exercícios propostos............. 129

6.2 Gráficos..................................................................................................... 130

6.2.1 Variável nível de conhecimento exigido no enunciado do exercício... 130

6.2.2 Variável nível de conhecimento necessário para solucionar oexercício em relação às noções utilizadas........................................ 130

6.3 Esquemas dos conteúdos Razões e Proporções dos livros didáticos. 130

6.3.1 Esquema do livro dos anos 60 e 70..................................................... 131

6.3.2 Esquema do livro dos anos 80............................................................. 132

6.3.3 Esquema do livro dos anos 2000......................................................... 133

6.4 Análise e comparações............................................................................. 134

6.4.1 Análise dos esquemas dos livros e esquema padrão.......................... 134

6.4.2.Análise da classificação dos exercícios propostos.............................. 135

6.4.2 1 Análise da variável nível de conhecimento exigido no enunciadodo exercício.................................................................................... 135

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6.4.2.2 Análise da variável nível de conhecimento necessário parasolucionar o exercício em relação às noções utilizadas............... 135

6.4.3 Comparação entre livros didáticos....................................................... 136

6.4.4 Comparação dos livros e respectivas propostas curriculares.............. 138

6.4.4.1 Comparação do esquema do livro dos anos 60 e 70 com oprojeto de um Guia Curricular (1972)............................................ 138

6.4.4.2 Comparação do esquema do livro dos anos 80 com o propostaCurricular (1986)............................................................................ 139

6.4.4.3 Comparação do esquema do livro dos anos 2000 com osParâmetros Curriculares Nacionais, PCN (1997) (1998)............... 140

Considerações finais.......................................................................................... 141

Referências Bibliográficas.................................................................................. 145

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Introdução

Desde a implantação da educação escolar no Brasil, o ensino de

matemática tem passado, ao longo dos anos, por sucessivas reformas Estas

reformas nascem com a finalidade de melhorar a qualidade de ensino na tríade

aluno-professor-saber matemático. Segundo Fiorentini (1995, p.3):

O conceito de qualidade do ensino, na verdade, é relativo e modifica-sehistoricamente sofrendo determinações sócio-culturais e políticas. Emtermos mais específicos, varia de acordo com as concepçõesepistemológicas, axiológico1-teleológicas2 e didático-metodológicas da-queles que tentam produzir as inovações ou as transformações doensino.

A qualidade do ensino pode ser melhorada através dos livros didáticos,

sendo ele uma das principais fontes de pesquisa dos professores. Portanto, cabe

ao livro didático uma grande parcela de contribuição para produzir inovações e ou

transformações do ensino, sobretudo os livros de matemática, pois a matemática

está presente na maioria das atividades sócio-culturais do cidadão.

A história do ensino no Brasil nos mostra que a idéia de um currículo

nacional acompanha a evolução da educação, com maior ênfase na educação

fundamental, tratada como um direito do cidadão e um dever do estado. “Nesse

sentido, currículos nacionais, diretrizes gerais têm muito a ver com a questão

federativa, pois neles estão presentes a idéia e a prática de conteúdos gerais

válidos para toda uma nação” (CURY, 1996, p.2).

Vários documentos oficiais dos governos municipais, estaduais e federal, o

1. axiologia (cs), s. f. Teoria filosófica dos valores. (Do grego axia + logos.).2. teleologia , s. f. Doutrina que trata das causas finais; conjunto das especulações que seaplicam à noção de finalidade. (Do grego telos, teleos + logos).

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projeto de um guia curricular de 1972, a proposta curricular de 1986 e os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 1997 e1998 fundamentaram as três

últimas reformas curriculares no estado de São Paulo, com propósito de

assessorar e servir de apoio para os professores em sua tarefa de elaboração do

plano de ensino de sua disciplina para cada série.

Além dos documentos referentes às reformas curriculares, tem-se o livro

didático. Ao se produzir inovações ou transformações no ensino da matemática, o

livro didático deveria ser inovado, sendo que ele na maioria das vezes é “[...] fonte

de referência com que conta o professor para firmar seus conhecimentos e dosar

a apresentação que fará em classe” (LIMA, 2001, p. 3).

De acordo com Valente “a dependência de um curso de matemática aos

livros didáticos, portanto, é algo que ocorreu desde as primeiras aulas que deram

origem à matemática hoje ensinada na escola básica [...]. Talvez seja possível

dizer que a matemática constitui-se na disciplina que mais tenha sua trajetória

histórica atrelada aos livros didáticos” (VALENTE, 2001, p. 2).

O livro didático nas décadas 60 e 70 foi a principal fonte de referência para

os professores de matemática. Nestas décadas, veiculava o Movimento

Matemática Moderna, “[...] o qual se notabilizou pela publicação de livros didáticos

e pela disseminação do ideário modernista para além das fronteiras norte-

americanas, atingindo o Brasil [...]” (D’AMBROSIO, KLINE, apud FIORENTINI,

1994, p. 13).

Segundo o Movimento de Reorientação Curricular (MRC, 1992, p. 7):

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As mudanças preconizadas pela Matemática Moderna começaram achegar, com discreto apoio do Ministério da Educação e Cultura, quebuscava uma postura progressista. Foram constituídos grupos deestudos das novas propostas, como o Grupo de Estudos Ensino deMatemática (GEEM - São Paulo), Grupo de Estudos Matemática dePorto Alegre (GEMPA - Porto Alegre) e Grupo de Estudos e PesquisasEnsino de Matemática (GEPEM - Rio de Janeiro). Editaram-se traduçõesdos textos didáticos norte-americanos do School Mathematics StudyGroup (SMSG) e surgiram os primeiros livros didáticos brasileiros deMatemática Moderna. Após 1965, com a II Conferência Interamericanade Educação Matemática, realizada no Peru, a Matemática Modernadisseminou-se no Brasil.No entanto, para a maioria de nossos professores a MatemáticaModerna trouxe apenas mudanças superficiais no ensino. Aqui, não seinvestiu na formação de professores; os antigos vícios persistiram, sobum verniz diferente e aos tradicionais carroções algébricosacrescentaram-se operações com conjuntos e toda simbologia inerente.

Nos anos em que lecionei matemática para turmas de 6ª série, em escolas

estaduais, tive a oportunidade de observar as dificuldades dos alunos em

interpretar problemas, principalmente aqueles que envolviam grandezas

inversamente proporcionais.

No plano anual que elaborava no início do ano, eu embasava em conteúdos

e na ordem em que estavam dispostos nos livros didáticos, pois para mim e para

os colegas que faziam parte do corpo docente da mesma escola, o livro didático

era a única fonte de pesquisa.

O fato do conteúdo “equações do primeiro grau”, nestes três livros didáticos,

anteceder os conteúdos “Razões e Proporções”, pode até não ser ideal visto que

muitos problemas que envolvem os conteúdos “Razões e Proporções” nem

sempre envolvem conceitos algébricos. Por exemplo: Ricardo comprou 7 pães e

pagou R$ 1,05. Se comprasse 15 pães, quanto pagaria? Este problema pode ser

resolvido pela redução à unidade ou modelagem fracionária e não

necessariamente pela modelagem algébrica.

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No dia em que esta hipótese foi lançada em uma das reuniões do grupo de

pesquisa “G5” da Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, que realiza

pesquisas sobre ensino de álgebra no ensino fundamental, médio e superior,

grupo que participo desde agosto de 2004, concordei de imediato, pois estes

problemas podem anteceder o conceito de equações do 1º grau e até mesmo

servir de base para introdução do valor desconhecido usando-se incógnitas para

resolução através da redução à unidade, equivalência de frações e outras

técnicas. Foi a partir desta data que surgiu a idéia de realizar uma análise em

livros didáticos e documentos oficiais que orientam os planos de cursos.

Analisar os conteúdos “Razões e Proporções” qualitativamente visando o

ensino fundamental é oportuno, pois segundo Richard Lesh, Merlyn J. Behr e

Thomas R. Post (AS IDÉIAS DA ÁLGEBRA, 1995, p. 90):

O raciocínio com proporções é uma forma de raciocínio matemático. Eleenvolve um senso de covariação, comparações múltiplas e a capacidadede armazenar e processar mentalmente várias informações. O raciocíniocom proporções está muito ligado à inferência e à predição e envolvemétodos de pensamento qualitativos e quantitativos. O fato de muitosaspectos de nosso mundo funcionarem de acordo com regras deproporcionalidade faz com que a faculdade de raciocinar com proporçõesseja extremamente útil na interpretação dos fenômenos do mundo real.

Diante de inúmeras reformas já realizadas com resultados, até então,

insatisfatórios, torna-se necessária uma reflexão sobre o que está obstruindo a

melhoria da qualidade na produção de conhecimentos para que se possa produzir

mais e melhores subsídios aos educadores de matemática, principalmente

através dos livros didáticos, considerando-os “como suporte material de práticas

escolares” (Munakata, 2003, p. 5).

Dentre as várias pesquisas já realizadas sobre os conteúdos “Razões e

Proporções” visando a tríade aluno-professor-saber matemático, ainda não foi

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realizada uma pesquisa documental sobre como estes conteúdos estão

disponibilizados nos documentos oficiais gerados com base nas reformas

curriculares e nos livros didáticos.

Por isso, considerando-se o fato de que o livro didático é uma das principais

fontes de pesquisa para os professores e que o livro didático também deveria

acompanhar as reformas curriculares, fazer uma pesquisa documental, nestes

moldes, é de fundamental importância para a melhoria da qualidade do ensino.

Assim, surgem as questões de pesquisa neste trabalho que são:

1) A disponibilização dos conteúdos Razões e Proporções nos livros

didáticos está de acordo com o que é sugerido nos documentos dos órgãos

governamentais?

2) Houve modificações quanto ao modo de disponibilizar estes conteúdos

nos livros didáticos?

3) Os exercícios favorecem o trabalho do professor quanto aos níveis de

conhecimento esperados dos alunos segundo Aline Robert?

Para realizar esta análise documental dividi o trabalho em seis capítulos. O

capítulo 1 trata dos procedimentos metodológicos adotados. Logo em seguida, o

capítulo 2, justifica as escolhas dos conteúdos “Razões e Proporções” e dos três

livros didáticos. O capítulo 3, elabora uma grade de análise dos exercícios

propostos, que utiliza os três níveis de conhecimento esperados dos alunos que

Aline Robert destaca em seu artigo “Outils D’Analyse des Contenus

Mathématiques à Enseigner Au Lycée et à L’Université: II. Les Quatre Dimensions

D’Analyse dês Contenus à Enseigner. 4) Niveaux de mises em fonctionnement

dês connaissances par les élèves”. Essa grade foi elaborada com a finalidade de

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analisar os exercícios propostos.

O capítulo 4 descreve a introdução dos tópicos, seções ou itens, os

exemplos e ou exercícios resolvidos. Também descreve e classifica alguns

exercícios propostos referentes aos conteúdos “Razões e Proporções”

considerados de maior importância.

O quinto capítulo disponibiliza as sugestões dos documentos oficiais

governamentais adotados no estado de São Paulo pelas escolas públicas, em

vigor, na época em que os livros considerados foram editados.

O sexto capítulo disponibiliza um resumo quantitativo de cada livro

observando a classificação dos exercícios propostos e realiza logo em seguida,

uma síntese da análise qualitativa deste resumo, a comparação dos livros

didáticos entre si e, de cada livro com a proposta curricular referente ao ano de

sua publicação.

Em seguida, concluo o trabalho apresentando comentários sobre a síntese

da análise realizada.

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Capítulo 1 Procedimentos Metodológicos

Neste capítulo, apresento os procedimentos metodológicos utilizados na

análise dos livros didáticos com a finalidade de responder às questões:

1) A disponibilização dos conteúdos Razões e Proporções nos livros

didáticos está de acordo com o que é sugerido nos documentos dos órgãos

governamentais?

2) Houve modificações quanto ao modo de disponibilizar estes conteúdos

nos livros didáticos?

3) Os exercícios favorecem o trabalho do professor quanto aos níveis de

conhecimento esperados dos alunos segundo Aline Robert?

Para tanto, divido os estudos em 3 etapas. A primeira etapa compreende a

seleção de três livros didáticos para serem analisados, a procura dos documentos

curriculares que norteavam o plano de matemática de cada livro e a formulação

das hipóteses.

Em seguida, na 2ª etapa faço a seleção de variáveis por meio da

construção de uma grade que servirá para a investigação quanto aos níveis de

conhecimento exigidos do aluno (técnico, mobilizável e disponível) segundo Aline

Robert Também apresento um esquema para comparar os conteúdos “Razões e

Proporções” entre os livros didáticos e as respectivas propostas curriculares.

Na terceira etapa, apresento uma síntese analítica da classificação dos

exercícios propostos e a comparação entre os livros didáticos, bem como a

comparação dos mesmos com as respectivas propostas curriculares da época de

sua edição.

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Com relação aos livros didáticos, pretendo analisar se os autores

atenderam às sugestões dos documentos norteadores dos planos de ensino.

Para realizar esta tarefa, descrevi os conteúdos Razões e Proporções, de

cada livro, em detalhes. O mesmo será feito em relação às sugestões das

propostas curriculares de cada época referente ao ano de edição dos livros, isto

é, procuraremos investigar nos livros como o assunto é introduzido, como os

exemplos são tratados, em que quantidade e quais as características das listas de

exercícios.

A escolha recaiu em três livros usados em escolas públicas. O primeiro

livro, dos anos 60/70, Matemática para escola Moderna, do autor Scipone Di

Pierro Neto, da editora IBEP, foi escolhido por ser um dos representantes do

Movimento Matemática Moderna no Brasil. Utilizei este livro como aluno, no curso

ginasial (E. E. de 1º grau Dr Carlos de Campos, Santo André, 1970 a 1973).

O segundo livro, dos anos 80, Matemática de Fernando Frotta foi escolhido

por ser um livro editado em 1987, um ano após da 1ª edição da Proposta

Curricular para o ensino de Matemática (1986), Ensino Fundamental, SE/SENP e

também por ter “carimbo” do PNLD, isto é, na capa consta o seguinte texto: “Este

livro foi escolhido pelos professores desta Escola. Foi adquirido pela FAE, em

Convênio com a Secretaria da Educação, para distribuição gratuita, através do

Programa Nacional do Livro Didático, em 1987”. O exemplar aqui utilizado

pertenceu ao Banco do livro da EEPSG Senador João Galeão Carvalhal.

O terceiro livro, Novo Matemática na Medida Certa foi escolhido por ser

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uma edição reformada de um livro editado pela editora Scipione que eu usei

quando trabalhei no SESI (unidade Santo André, 2003, com turmas de 6ª série) e

também pelo fato dos autores Marília Centurión, José Jakubovic e Marcello Lellis

serem professores e assessores de ensino de matemática e autores de várias

obras didáticas e paradidáticas para ensino fundamental e médio.

Para alcançar o objetivo da pesquisa, que é a comparação dos conteúdos

Razões e Proporções nos três livros didáticos e em cada livro com os documentos

oficiais dos órgãos governamentais, inicio o trabalho com uma pré-análise,

apresentando características gerais dos livros e observando como os autores

introduzem o conceito. Verificarei se utilizam ou não exemplos, ilustrações

gráficas, se propõem ou não aplicações, se apresentam ou não exercícios

resolvidos e também que tipo de exercícios são propostos, etc.

Essa pré-análise dará origem à descrição detalhada das seções dos

conteúdos Razões e Proporções de cada livro, o que fornecerá subsídios para

que se proceda a comparação destes conteúdos entre os livros e entre cada livro

com sua respectiva proposta curricular.

Passo, a seguir, a fazer uma descrição dos livros analisados, destacando

as principais características de cada um.

1.1 Características gerais dos livros:

A obra, Matemática para Escola Moderna, curso ginasial é dividida em 4

volumes (1ª série, 2ª série, 3ª série e 4ªsérie), de um único autor, Scipione di

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Pierro Neto e foi editada pelo Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas (IBEP).

Para essa análise escolhi o volume 2, 2ª série. O livro da 2ª série é caracterizado

por conter na folha de rosto (anverso) o nome do autor e suas atividades

profissionais da época. Na página de apresentação do livro que sucede à página

de agradecimentos, lê-se o seguinte texto:

Esta Segunda Série apresenta aos colegas do Magistério, a continuaçãodo nosso trabalho para o Curso Ginasial.Do mesmo modo que no primeiro volume, procuramos reproduzir asexperiências do trabalho de todos os dias no Colégio de Aplicação daFaculdade de Filosofia Ciências e Letras da U.S.P. e no Colégio RioBranco.Preferimos uma seqüência, onde os Números Relativos representam aintrodução para os assuntos seguintes.Neste capítulo - Números Relativos - reproduzimos um trabalho queiniciamos em 1959, onde através da idéia o deslocamento é umaoperação, procuramos simplificar a notação que sempre envolveu umexcesso de parênteses e sinais, a complicar a vida de alunos eprofessores.Introduzimos um capítulo destinado à Geometria, onde a reta, o plano, eos ângulos são tratados elementarmente, respeitadas as necessidadesde rigor, já nesta altura.Todavia, este capítulo é reapresentado totalmente na terceira série;desse modo o critério do professor determinará a sua inclusão, ou não,na atual 2.a série ginasial, embora sejamos nós partidários de seu estudonesta série.O Trabalho Dirigido e o Material Didático encerram o livro, apresentandosugestões para serem ampliadas, e motivarem o ensino da Geometria.Esperamos ainda, que a colaboração dos colegas possa melhorar aspróximas edições.Assim,Benevolência pelos defeitos.Agradecimento antecipado pelas sugestões.

O AUTOR (p. 3)

O índice foi disposto nas últimas páginas, dividindo o livro em 8 capítulos:

Capítulo I – O conjunto dos números relativos; Capítulo II – Radiciação; Capítulo

III – Aplicações do Cálculo Literal; Capítulo IV – Igualdades; Capítulo V – As

Equações do Primeiro Grau; Capítulo VI – Razões e Proporções; Capítulo VII –

Noções Intuitivas de Geometria; Capítulo VIII – O Trabalho Dirigido e o Material

Didático.

Aos conteúdos Razões e Proporções, dividido em subseções, o autor

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dedicou 83 páginas de 14 cm de largura por 21 cm de altura, com poucos

recursos visuais, utilizando somente figuras geométricas.

Algumas subseções são iniciadas por situações-problema para introdução

do conceito.

Definições e propriedades são apresentadas em linguagem escrita (em

caixas de texto) e são apresentados exercícios resolvidos como exemplos. A

propriedade fundamental das proporções é demonstrada. Há uma variedade de

exercícios em cada subseção, num total de 158 exercícios.

A obra, “Matemática”, curso de 1º grau, é dividida em 4 volumes (5ª série,

6ª série, 7ª série, 8ª série), tem um único autor, Fernando Frotta, 5ª edição,

editora Scipione. O livro escolhido para minha análise foi o da 6ª série. Este livro é

caracterizado por conter na folha de rosto (anverso) o nome do autor, título, série,

edição e editora.

A apresentação do livro está na página que sucede a página que identifica

os profissionais que participaram na elaboração da obra e tem o seguinte texto:

Escrevi esta coleção de livros de Matemática procurando, antes de maisnada, respeitar a inteligência dos leitores alunos.Em cada item dos capítulos, a teoria é apresentada de forma sucinta,evitando prolongamentos desnecessários. No entanto, essa teoriaprocura fugir de receitas prontas, fazendo com que, aos poucos, o alunochegue às conclusões mais importantes. Os exemplos apresentados nateoria servem apenas como apoio para as "descobertas" que fará nomomento em que estiver resolvendo os exercícios.Com os exercícios complementares, terá oportunidade, não só de fixaras idéias já vistas anteriormente, como também de efetuar novas"descobertas". Algumas vezes eles constituirão verdadeiro desafio parao aluno.Os exercícios comuns e complementares aparecem em grande número.Acredito que, com a resolução de muitos, o aluno conseguirá fixarconceitos, elaborar idéias novas e desenvolver técnicas importantes paraa Matemática.

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Os testes, que aparecem ao fim de cada capítulo, são, em geral, bemdiferentes dos demais exercícios. Esses testes pretendem averiguar atéque ponto o aluno é capaz de generalizar e relacionar idéias.A linguagem adotada nos textos dos livros procura ser comunicativa eclara, evitando formalismos desnecessários.Sempre que possível, procuro ilustrar os conceitos com fatos ligados aocotidiano do aluno, evitando as abstrações pouco motivadoras.A apresentação dos capítulos obedece à ordem que me pareceu melhor,dentro das limitações que o programa do 1º grau impõe.Para finalizar, espero que esta coleção propicie o desenvolvimento dacriatividade dos alunos da forma mais agradável possível, contando,para isto, com a imprescindível colaboração dos professores.

O Autor. (p. 03)

O livro é composto de 7 capítulos: Capítulo 1 – Números inteiros; Capítulo

2 – Números Racionais; Capítulo 3 – Equações e Problemas do 1º grau; Capítulo

4 – Inequações do 1º grau; Capítulo 5 – Sistemas de Equações do 1º grau a duas

Incógnitas; Capítulo 6 – Razões e Proporções; Capítulo 7 – Geometria.

Do mesmo modo dos outros conteúdos, Razões e Proporções são

divididos em subseções. O autor dedicou 27 páginas tamanho A4 (numeradas de

159 a 186), sem recursos visuais ou figuras geométricas.

Algumas subseções são introduzidas por meio de situações problemas

para apresentar o conceito. As propriedades e definições são descritas de forma

algébrica e transcritas na linguagem escrita por meio de caixas de texto.

Em todos tópicos o autor disponibiliza duas listas de exercícios, com os

títulos “Exercícios” e “Exercícios Complementares” num total de 165 exercícios.

Na página 215, o autor apresenta as respostas para os exercícios

complementares. Os números e destaques principais nos textos são feitos na cor

vermelha.

A obra “Novo Matemática na Medida Certa”, ensino fundamental, está

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dividida em 4 volumes (5ª série, 6ª série, 7ª série, 8ªsérie), tem como autores:

Marília Centurión, José Jakubovic e Marcello Lellis, 8ª edição, editora Scipione. O

livro da 6ª série contém na folha de rosto (anverso) os nomes dos autores e suas

atividades profissionais.

A apresentação do livro sucede a página de identidade do livro e

agradecimentos, e tem os seguintes dizeres:

Você conhece gente que joga vôlei muito bem ou toca guitarraespetacularmente. Como é que esse pessoal se torna tão bom?Em geral, é porque gosta do que faz e se dedica a isso.O gosto lembra prazer e alegria. A dedicação sugere treino epersistência.Essas duas qualidades se complementam: o gosto leva à dedicação e adedicação aprimora o gosto.Pois bem, com gosto e dedicação, você será bom também emmatemática.Por isso, escrevemos um livro que mistura atração e repetição, novidadee rotina, invenção e imitação, brincadeira e obrigação. Um livro paraadoçar o gosto e orientar a dedicação.Se você não tiver o gosto, tente se dedicar mesmo assim, pois amatemática é muito importante na vida e no trabalho de todo mundo.O ideal, contudo, é que haja gosto e dedicação. Assim, com a ajuda deseu professor, você será competente e feliz com a matemática.

Os autores. (p. 03)

A página que antecede ao sumário foi destinada para instruções de como

usar o livro e esclarece que o mesmo é dividido em capítulos e estes são

divididos nos seguintes tópicos: Teoria; Atividades; Pensando em casa; Desafios

e Surpresas; Ação.

No sumário a divisão do livro é feita em 7 capítulos: Capítulo 1 – Números

Inteiros; Capítulo 2 – Números Racionais; Capítulo 3 – Equações; Capítulo 4 –

Razões, proporções e porcentagens; Capítulo 5 – Geometria; Capítulo 6 –

Medidas; Capítulo 7 – Gráficos e estatística.

Aos conteúdos Razões, proporções e porcentagens, os autores reservaram

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40 páginas tamanho A4 (numeradas de 152 a 192), com muitas fotografias e

desenhos em cada seção.

Os conteúdos referentes aos itens acima são introduzidos por meio de

situações-problema para se apresentar o conceito. Exemplos são dados com

nome de Aplicação e a propriedade fundamental das proporções é apresentada e

demonstrada na forma algébrica.

Na seção “Ação” de cada tópico, atividades em grupos são propostas,

sempre de forma contextualizada e/ou sugerindo que os alunos façam trabalhos

de aplicação do conceito estudado.

As seções “Atividades” e “Pensando em casa” são compostas de 126

exercícios. Destes, 110 são em forma de situações-problema envolvendo textos

tais como: “Uma locomotiva de 15 m de comprimento foi desenhada com 50 cm.

Qual é a escala do desenho?” (p. 159), os quais serão analisados quanto ao nível

de conhecimento exigido do aluno (segundo Aline Robert).

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Capítulo 2 Justificativa

Nos anos em que trabalhei com turmas de sexta série do ensino

fundamental observei que o aluno apresentava muita dificuldade em compreender

alguns conceitos referentes ao estudo de Razões e Proporções. A principal

dificuldade estava na interpretação e resolução de problemas que envolviam

grandezas inversamente proporcionais. Esta dificuldade talvez se deva à maneira

pela qual estes conceitos são disponibilizados ao aluno, pois a dificuldade diminui

quando o mesmo é solicitado a resolver problemas que envolvem grandezas

diretamente proporcionais.

Recentemente, no grupo de pesquisa (G5) de “Educação Algébrica” do

programa de estudos pós graduados da Pontifícia Universidade Católica PUC-

SP, cujo projeto desenvolvido neste grupo tem por objetivo responder à questão:

“Qual a álgebra a ser ensinada na formação do professor de matemática?”. Eu

como membro do subgrupo que estuda “números e operações”, tive o prazer de

ler e concordar com Richard Lesh, Merlyn J. Behr e Thomas R. Post, no livro, “As

Idéias da Álgebra” (1995, p.90), quando afirmam que “o fato de muitos aspectos

de nosso mundo funcionarem de acordo com regras de proporcionalidade faz com

que a faculdade de racionar com proporções seja extremamente útil na

interpretação dos fenômenos do mundo real”.

Um fato observado por (CARRAHER, apud FIORENTINI, 1995, p. 24) e

que concordo plenamente é que crianças que vivem situações de compra-venda,

“[...] organizam sua atividade de resolução de problemas em situações

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extraclasse de acordo com os mesmos princípios lógico-matemáticos em que

precisam apoiar sua aprendizagem de matemática na sala de aula [...]”. Este fato

pode ser observado no dia-a-dia do professor e dos alunos, pois qual aluno, seja

ele de qualquer classe social, não vivenciou uma situação de compra na qual

precisa-se comprar mais que uma unidade de um determinado objeto?

Segundo Lins e Gimenes (1997, p. 52-54):

As situações de proporcionalidade como esquema instrumental utilizamquatro tipos de técnicas fundamentais: redução à unidade, modelagemproporcional, modelagem fracionária e modelagem algébrica. Podemosver os três primeiros no seguinte problema: "Se 6 balas custam 15moedas, quanto custam 10 balas?" A redução à unidade justifica queuma bala custa 2,5 moedas, e 10 custam 25. Num raciocínioproporcional, usa-se a teoria de proporções para identificar que 6 estápara 10 assim como 15 está para o desconhecido. Assim, sabe-se queisso é equivalente a 3 está para 5 como 15 está para o desconhecido, e1 está para 5, assim como 5 está para o desconhecido. A partir disso,vê-se que o desconhecido é 25. Mediante frações reduz-se o problemaanterior a uma equivalência na qual há um "termo desconhecido", quedeve ser 25.

Há ainda o fato que os conteúdos Razões e Proporções são conceitos que

estão estritamente relacionados a diversas representações fundamentais em

nosso sistema numérico (valor de lugar, frações, números decimais, logaritmos) e

que, gradualmente, tornaram-se parte da matemática tal como é ensinada hoje

nas escolas. “Eles ocupam lugar de destaque em discussões sobre cálculo

(razões de magnitudes infinitesimais, taxas de mudança de variáveis, derivadas),

teoria de probabilidades e estatística, análise combinatória e teoria dos números”

(CARRAHER, 2003, p. 76).

O conceito de proporcionalidade com o cotidiano, numa análise do ponto

de vista matemático é, segundo Barreto (2001, p. 11) um conceito:

muito importante por se constituir em pré-requisito para o entendimento

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de outros conceitos, mesmo que implicitamente em alguns domínios.Essa forma de raciocinar em matemática, por meio de um pensamentoproporcional, é fundamental quando se compara duas razões, sendobem aplicada a situações de variação entre duas dimensões ou decomparações múltiplas.

Analisar tais conteúdos nos livros didáticos é uma forma de verificar se o

que foi exposto nas citações anteriores estão disponíveis nos livros didáticos, pois

o livro “é o elemento transversal no processo educacional e na realidade vivida

pelo profissional da educação, constituindo o principal recurso didático; é o

instrumento fundamental no processo da educação e na difusão da riqueza social

dos povos, e veículo de excelência da livre circulação de idéias” (BARBOSA,

2003, p. 61-62).

Sabemos também que as discussões relacionadas com a Educação

Matemática que acontecem no Brasil e em outros países indicam a necessidade

de adequar o trabalho escolar visando atender uma nova realidade, marcada pela

crescente presença da Matemática em diversos campos da atividade humana,

tais como: trabalho, habitat, a política etc. Essas discussões têm influenciado

análises e revisões nos currículos de Matemática no ensino fundamental.

Para compreender os rumos dessas novas propostas é importante estudar

a trajetória das reformas curriculares ocorridas nas últimas décadas e analisar,

mesmo que brevemente, o quadro atual do ensino de Matemática no Brasil.

Tais reformas iniciam-se na década em que o ensino de Matemática no

Brasil, assim como em outros países, foi influenciado por um movimento de

“renovação” que ficou conhecido como Matemática Moderna.

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Esse movimento educacional nasceu inscrito numa política de

modernização econômica e foi posto na linha de frente do ensino por se

considerar que, juntamente com a área de Ciências, estabelecia uma via de

acesso privilegiada para o pensamento científico e tecnológico. Para tanto,

procurou-se aproximar a Matemática desenvolvida na escola da Matemática como

é vista pelos estudiosos e pesquisadores.

O ensino proposto fundamentava-se em grandes estruturas que organizam

o conhecimento matemático contemporâneo e enfatizava a teoria dos conjuntos,

as estruturas algébricas, a topologia etc. Esse movimento provocou, aqui no

Brasil e em outros países, amplas reformas no currículo de matemática.

“No Brasil, o Movimento Matemática Moderna, veiculado principalmente

pelos livros didáticos, teve grande influência, durante longo período [...].”

(BRASIL, 1998, p. 20)

No entanto Kazumi Munakata (2003, pp.1-2), faz o seguinte comentário

sobre os livros didáticos dessa época:

No Brasil o desprestígio dos livros didáticos foi sobre determinado pelaconjuntura do período militar, iniciado em 1964. Em meio à imposição dereformas educacionais, os livros didáticos foram identificados comosuporte da ideologia oficial. Do mesmo modo, as renovações editoriaisque então começaram a ser implementadas novas concepções dediagramação, de disposição dos textos, de utilização dos elementosgráficos e das ilustrações, introdução de várias modalidades deatividades etc. eram objetos de suspeição e houve quem denunciasse a"Disneylândia pedagógica" em que os livros didáticos haviam se tornado.Ilustrações, o uso das cores ou o emprego de linguagens alternativas,como história em quadrinhos seriam artifícios da indústria cultural paraatrair a nova clientela de uma rede escolar bruscamente expandida peladitadura, mas nesses livros, de acordo com um severo diagnóstico "emnome da 'modernidade' o conteúdo é restrito e empobrecido.

No ano 1980, o National Council of Teachers of Mathematics - NCTM, dos

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Estados Unidos, disponibilizou sugestões para o ensino de Matemática no

documento "Agenda para Ação". Nesse documento a resolução de problemas foi

considerada como o item principal no ensino da Matemática nos anos 80. Além

disso, a compreensão da relevância de aspectos sociais, antropológicos,

lingüísticos, além dos cognitivos, na aprendizagem da Matemática, imprimiu

novos rumos às discussões curriculares.

Uma análise das propostas curriculares oficiais, realizada em 1995 pela

fundação Carlos Chagas, mostrou a marca dessa influência em algumas das

propostas curriculares estaduais e municipais, mesmo as que foram elaboradas

recentemente: “[...], os currículos dividem-se em duas grandes famílias: os que

estão impregnados pela teoria dos conjuntos e os que a eliminaram ou reduziram

ao mínimo” (BRASIL, 1998, p. 21).

Contudo, um aspecto não mudou, pois as propostas curriculares mais

recentes são ainda bastante desconhecidas por parte considerável dos

professores que, por sua vez, não têm uma clara visão dos problemas que

motivaram as reformas. O que se observa é que idéias ricas e inovadoras,

veiculadas por essas propostas, não chegam a eles ou são incorporadas

superficialmente ou, ainda, recebem interpretações inadequadas, sem provocar

mudanças desejáveis, principalmente nos livros didáticos.

Assim, por exemplo, a abordagem de conceitos, idéias e métodos sob aperspectiva de resolução de problemas ainda bastante desconhecida dagrande maioria quando é incorporada, aparece como um item isolado,desenvolvido paralelamente como aplicação da aprendizagem, a partirde listagens de problemas cuja resolução depende basicamente daescolha de técnicas ou formas de resolução memorizadas pelos alunos.(BRASIL, 1998, p. 22).

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Do mesmo modo, nem sempre são observadas com maior freqüência

sugestões para que os conteúdos sejam veículos para a aprendizagem de idéias

fundamentais tais como as de proporcionalidade, equivalência, etc. e que devam

ser selecionados levando em conta sua importância e potencialidade, quer para

instrumentação para a vida, em particular para o trabalho, quer para o

desenvolvimento da forma de pensar.

Quanto à organização dos conteúdos, de modo geral, observa-se uma

forma excessiva de preocupação com a idéia de pré-requisito, cujo único critério é

a estrutura lógica da Matemática. “Nessa visão, a aprendizagem ocorre como se

os conteúdos se articulassem na forma de uma corrente, cada conteúdo sendo

um pré-requisito para o que vai sucedê-lo” (BRASIL, 1998, p. 22).

Outra observação pertinente refere-se aos termos escolares, isto é, muitas

vezes os conteúdos matemáticos são tratados isoladamente e são apresentados

e/ou exauridos num único momento. Quando acontece de serem retomados

geralmente num mesmo nível de aprofundamento e apoiando-se nos mesmos

recursos, assumem apenas a perspectiva de serem utilizados como ferramentas

para a aprendizagem de novas noções. “De modo geral, parece não se levar em

conta que, para o aluno consolidar e ampliar um conceito, é fundamental que ele

o veja em novas extensões, representações ou conexões com outros conceitos”

(BRASIL, 1998, p. 23). O livro didático é um documento que pode contemplar esta

tarefa.

Assim sendo, concluímos que em relação ao ensino de matemática há

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problemas antigos e novos a serem enfrentados e resolvidos. Um deles refere-se

ao livro didático, com uma “tarefa que requer operacionalização efetiva das

intenções anunciadas nas diretrizes curriculares dos anos 80 e inicio dos anos 90,

e a inclusão de novos elementos na pauta de discussões e que este documento

procura contemplar” (BRASIL, 1998, p. 24).

Segundo Pires (2004, p. 25), “é possível verificar, através da história, que

os conteúdos sofrem modificações, explicáveis pela transformação social e

cultural dos públicos escolares motivadora de uma adaptação da disciplina que

seja possível o ensino”.

Ao realizar a análise dos processos de ensino e de aprendizagem da

realidade escolar e das mudanças ocorridas, o historiador depara-se com

componentes da disciplina que a caracterizam como tal. Dentre esses diversos

componentes, Chervel (1990) coloca o conteúdo de conhecimento como sendo

um dos mais importantes. A partir de seu estudo, pode-se descrever o conjunto

de conhecimentos trabalhados, os temas específicos e qual a lógica interna de

cada disciplina. Esse componente tem como fonte uma vasta documentação à

base de cursos manuscritos, manuais e periódicos pedagógicos. Este conjunto de

materiais, que compõe a fonte para a pesquisa dos conteúdos de conhecimento,

tem características próprias. Uma dessas características é que essa

documentação atende a uma determinada época, é voltada para uma disciplina

específica e indica os conteúdos e sua organização didático-pedagógica. Dentre

esses materiais, estão os livros didáticos, destacados por Chervel (1990) como

fonte de pesquisa de extrema importância.

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Esses livros didáticos, numa determinada época, têm estruturas

semelhantes, utilizam uma mesma linha de conteúdos e de abordagens. A esse

conjunto de manuais pedagógicos, que tem em comum a terminologia adotada,

os conceitos ensinados e os tipos de exercícios, Chervel nomeia de "vulgata". Diz

o autor:

Todos os manuais ou quase todos dizem então a mesma coisa, ouquase isso. Os conceitos ensinados, a terminologia adotada, a coleçãode rubricas e capítulos, a organização do corpus de conhecimentos,mesmo os exemplos utilizados ou os tipos de exercícios praticados sãoidênticos, com variações aproximadas. São apenas essas variações,aliás, que podem justificar a publicação de novos manuais e, de qualquermodo, não apresentam mais do que desvios mínimos: o problema doplágio é uma das constantes da edição escolar. (CHERVEL, 1990,p.203).

O conjunto de livros didáticos que caracteriza uma vulgata sofre

alterações, principalmente, após um período em que a disciplina passa por

modificações na estrutura de ensino, na abordagem ou nos conteúdos. Nesse

período, existem manuais que se estruturam de acordo com o antigo sistema e

outros que aderem ao mais moderno. Durante o período de modificações, no qual

coabitam diferentes manuais didáticos, cabe ao historiador verificar se algum

desses manuais foi capaz de inspirar novas produções didáticas, a ponto de gerar

uma nova vulgata. O manual que a inspirar e que for apropriado por outros livros

didáticos será o inovador.

Podemos, então, dizer que os livros que fazem parte da vulgata seguem as

idéias deste manual inovador, que se sobressaiu em relação a outros manuais

num período de transição. Isso fica claro no texto de Chervel (1990, p. 204):

Mas pouco a pouco, um manual mais audacioso, ou mais sistemático, oumais simples que os outros, destaca-se do conjunto, fixa os "novosmétodos", ganha gradualmente os setores mais recuados do território, ese impõe. É a ele que doravante se imita, é ao redor dele que seconstitui a nova vulgata.

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Ainda tratando sobre a vulgata, temos:

A vulgata é característica de um período de calmaria numa disciplina.Nesse determinado momento, os exercícios propostos, as abordagensfeitas pelos autores, as provas e a seqüência de conteúdos ensinadosestão estabilizados, compondo todos os livros. (PIRES, 2004. p. 13).

Por isso a escolha dos livros aqui analisados fundamentou-se na escolha

de um livro das décadas de 60/70, 80/90 e no ano 2000. Para as décadas de

60/70 tomamos como referência o livro de Scipione di Pierro Neto, Matemática

para escola Moderna, pelo fato de ser um dos representantes da concepção

tecnicista1 do Movimento Matemática Moderna no Brasil, sendo este livro utilizado

por mim, como aluno no curso ginasial (Escola Estadual de 1º grau Dr Carlos de

Campos, Santo André, 1970 a 1973).

O livro, Matemática, de Fernando Frotta foi escolhido por ser um livro

editado em 1987, um ano após 1ª edição da Proposta Curricular para o ensino de

Matemática, Ensino fundamental, SE/SENP. A escolha também se apoiou no fato

de ter “carimbo” do PNLD, isto é, na capa consta o seguinte texto: “Este livro foi

escolhido pelos professores desta Escola. Foi adquirido pela FAE, em Convênio

com a Secretaria da Educação, para distribuição gratuita, através do Programa

Nacional do Livro Didático, em 1987”. O exemplar aqui utilizado no presente

trabalho pertenceu ao Banco do livro da EEPSG Senador João Galeão Carvalhal.

O livro Novo Matemática na Medida Certa foi escolhido por ser uma edição

reformada de um livro editado pela editora Scipione. Livro este adotado por

1 Concepção tecnicista: [...] prioriza objetivos que se restringem ao treino/desenvolvimento dehabilidades estritamente técnicas; os conteúdos, sob esse enfoque, aparecem dispostos empassos seqüenciais em forma de instrução programada onde o aluno deve realizar uma série deexercícios do tipo: ‘resolva os exercícios abaixo, seguindo o seguinte modelo...’(FIORENTINI,1995, p. 16).

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muitas escolas nos anos 90, utilizado por mim em aulas ministradas para o ensino

fundamental (5ª à 8ª séries). Além disso, levamos em conta o fato de os autores

Marília Centurión, José Jakubovic e Marcello Lellis serem professores e

assessores de ensino de matemática, bem como autores de várias obras

didáticas e paradidáticas para os ensinos fundamental e médio.

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Capítulo 3 Grade e esquema para análise dos livros

Neste capítulo defino a grade para realizar a análise dos exercícios

propostos nos três livros didáticos referentes aos conteúdos “Razões e

Proporções”. Também disponibilizo um esquema dos tópicos, seções e itens que

compõem os conteúdos Razões e Proporções para servir de base na comparação

dos livros com os documentos oficiais dos órgãos governamentais. O esquema de

cada livro será elaborado no próximo capítulo, “Descrição dos tópicos dos

conteúdos Razões e Proporções e análise dos exercícios propostos nos três livros

didáticos”.

Para realizar esta tarefa, elaborei uma grade de análise em função dos três

níveis de conhecimento esperados dos alunos segundo Aline Robert, pesquisado

por mim no artigo da própria autora e na monografia de Kelly Mitie Kamiya

(UNIFEO). São eles: nível técnico, nível mobilizável e nível disponível.

No nível técnico o aluno aplica de forma direta: teoremas, propriedades,

definições, fórmulas, etc.

No nível mobilizável o aluno conta com a indicação explícita do que fazer

para resolvê-los (neste nível, antes de aplicar o nível técnico, o aluno terá que

mobilizar seus conhecimentos já adquiridos até o momento).

No nível disponível o aluno não conta com indicação explícita do que fazer

para resolver o exercício, ele deverá disponibilizar seus conhecimentos,

planejando sua solução, fazendo relações e podendo aplicar até métodos não

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previstos, isto é, o aluno vai procurar em sua bagagem de conhecimentos

anteriores aquele que melhor se aplica à situação. Espera-se que neste nível, o

aluno disponibilize organizações associadas ao desenvolvimento de um exercício,

isto é, planejar sua solução, aplicar as técnicas adequadas e voltar aos conceitos

utilizados para controlar o resultado encontrado.

3.1 Grade de análise

A finalidade desta grade é facilitar a análise dos exercícios propostos nos

três livros escolhidos para o estudo do tratamento dos conteúdos “Razões e

Proporções”. Esta análise será feita considerando os níveis de conhecimento

esperados dos alunos no ensino fundamental (6ª série). Para tanto, propõe-se a

estrutura abaixo para organizar a análise:

• Em função das tarefas usuais encontradas nos livros didáticos;

• Em função das variáveis destas tarefas, para as quais darei ênfase ao

nível de conhecimento pedido no enunciado e os diferentes níveis de

conhecimento de outras noções que devem ser utilizadas para a solução

dos exercícios propostos (KAMIYA, p. 80).

Para analisar os exercícios propostos consideram-se os diferentes níveis

de conhecimento esperados dos alunos, conforme as variáveis definidas abaixo:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício;

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas.

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3.1.1. Exemplo de funcionamento da grade em um exercício

Divisão direta e inversamente proporcional

Modelo: Dividir N em partes diretamente proporcionais aos valores a, b, c, etc.

Deve-se, pois, encontrar x, y, z, ... tais que:

I) x y z e

II) a b c sejam diretamente proporcionais ou cz

by

ax == , donde

cbaN

cbazyx

cz

by

ax

++=

++++=== , donde

cbaa.Nx

cbaN

ax

++=⇒

++=

cbab.Ny

cbaN

by

++=⇒

++=

cbac.Nz

cbaN

cz

++=⇒

++=

Dois sócios compraram um automóvel, um entrou com R$ 12.000,00 e o

outro com R$ 8.000,00. Conseguiram vendê-lo com R$ 2.400,00 de lucro. Quanto

deve receber cada sócio de lucro?

Neste exercício em particular, as variáveis são as seguintes:

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. Para utilizar o modelo acima tratado o

aluno deve dispor de situações de referencia a ele associadas. O próprio

aluno deve buscar no seu corpo de conhecimentos o modelo adequado

para aplicar ao problema. Pode ainda esperar que o aluno que disponha

de conhecimento de sociedade e seja capaz de aplicar um método

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associado a esse conhecimento para resolver o problema. Em ambos os

casos, o trabalho a ser explicitado fica totalmente a cargo do aluno.

Considerações: Por que não classificar o enunciado como mobilizável ou

técnico? E quanto ao nível necessário para a solução do exercício?

A resposta desta questão está na definição dos níveis de conhecimento,

isto é: não é mobilizável, pois a ferramenta em questão não está explicitamente

solicitada; também não é nível técnico, pois o enunciado exige que o aluno

identifique o modelo aqui enunciado para aplicar as técnicas correspondentes.

Quanto ao nível conhecimento esperado na resolução, pode-se resolver este

problema de várias formas sem utilizar o modelo, pois não há indicação de todas

as noções a serem utilizadas o que deixa evidente tratar-se de uma tarefa em que

o nível esperado para sua solução é o disponível.

No item seguinte, temos o esquema de análise das seções e ou itens

usualmente encontrados em livros didáticos da 6ª série do ensino fundamental

(ver p. 39). Os esquemas dos tópicos dos conteúdos “Razões e Proporções” de

cada um dos livros didáticos, objetos de nosso trabalho disponibilizo no capítulo 6.

3.2 Esquema dos conteúdos Razões e Proporções

Considerações iniciais: Na seção “Grandezas” usualmente encontram-se as

grandezas do SI (sistema internacional de Unidades) padronizadas pela ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas). Quanto ao item “Razões cons-

tantes”, eu me refiro, por exemplo, à razão entre o comprimento de uma

circunferência e a medida do seu diâmetro, que é representada pelo número

conhecido pelo nome de pi, que é uma constante dentre outras constantes. No

item “Densidade Demog.”, Demog. é a abreviação de demográfica.

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ESQUEMA DOS CONTEÚDOS RAZÕES E PROPORÇÕES

Grandezas

Quantidades Contínuas Unid. medidas Discretas

Razões

Proporções

ConceitoPropriedade fundamental

Especiais

Fraçãocentesimal

Definição

TaxaPorcentual

Porcentagem

Constantes

DivisãoProporcional

Números Grandezas

DiretamenteInversamenteProporcionais

Regra de Três

Simples Composta

JurosSimples

Definição CapitalTaxa

Tempo

OutrasPropriedades

Escala Médiaaritmética

Simples Ponderada

Densidade

Demog. CorpoQuarta

Proporc.

TerceiraProporc.

Termodesconhecido

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Capítulo 4 Descrição e classificação nos três livros

Nesse capítulo, descreverei a introdução, exemplos, exercícios resolvidos e

escreverei/analisarei cada um dos exercícios propostos por mim selecionados dos

três livros. Para a análise destes exercícios propostos aplicaremos a grade de

análise definida no capítulo 3.

4.1 Livro das décadas 60/70

No livro da 2ª série ginasial, da coleção Matemática para escola Moderna,

editora IBEP, 1967, Scipione di Pierro Neto destinou o capítulo VI para os

conteúdos Razões e Proporções. O livro é composto de oito capítulos. O oitavo

capítulo, “O Trabalho Dirigido”, traz sugestões, para o aluno e para o professor,

assim descritas:

Apresentamos, a seguir, alguns modelos de Estudo Dirigido, ou TrabalhoDirigido. Servirão como exemplos para serem aplicados nas classes emque o professor disponha de horas suficientes e outros elementos paraprepará-los (Datilografia, mimeografia, etc.). São especialmenteadequados para desenvolver método ativo e possibilitam:a) Ao aluno:I) Participar ativamente de todas as etapas do aprendizado,experimentando e manipulando os entes que são os objetos daassimilação.II) Ativar e desenvolver grande potencial que representa a capacidadecriadora e descobridora do adolescente, formulando conclusões,inferindo leis, descobrindo propriedades.III) Interiorizar o conhecimento por ações efetivas – O aprendizado semação não é autêntico.b) Ao professor:1) Verificar e avaliar individualmente as etapas da assimilação.II) Atender às diferenças individuais.III) Dirigir o aprendizado antes e principalmente como mestre de umaequipe de trabalho.A aplicação do T.D. (trabalho dirigido) ou E.D. (estudo dirigido) como sequeira chamar, alcança resultados muito mais satisfatórios quando sepuder observar os seguintes requisitos:1º) Agrupar a classe em equipes de cinco ou seis alunos cada etrabalhar com três ou quatro equipes cada vez.

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2º) Estabelecer um processo para determinar uma liderança em cadaequipe, fixando as responsabilidades.3º) Usar a correção do T.D. para encaminhar a lição do erro e àsconclusões que se pretende obter.Por outro lado, o T.D. pode ser preparado também para ser feito emcasa ou individualmente e, neste caso, deve conter instruções precisas etanto quanto possível suscintas para encaminhar a leitura do trabalho,A bem da verdade, deve-se dizer que em ambos os casos, a aplicaçãodo T.D. requer do professor o dispêndio de um tempo que ele ainda nãotem - salvo exceções raras - dentro das condições de trabalho que lhesão exigidas.Ainda assim, entendemos que devemos apresentar alguns exemplos deTrabalhos Dirigidos que, certamente, poderão ser muito aperfeiçoados eadequados às condições de trabalho de cada um.Insistimos que não são lições de Trabalho Dirigido o que apresentamos,mas simplesmente uma colaboração para ser ampliada.

(SCIPIONE, p.255-6).

O capítulo V, “As Equações do Primeiro Grau”, antecede ao capítulo objeto

do nosso estudo, e esse, por sua vez é sucedido pelo capítulo VII, “Noções

Intuitivas de Geometria”.

O desenvolvimento do conteúdo Razão inicia-se na página 149, tópico um,

e foi dividido em quatro partes, são elas: Razões entre grandezas; Termos de

uma Razão; Propriedade Fundamental das Razões e Exercícios.

Na primeira parte, “Razões entre grandezas”, ou seja, na introdução (item

93.), tem-se o seguinte problema introdutório: “Na sala de aula, consideremos a

medida da largura da porta (1m), a medida do comprimento da parede onde a

porta está (6m); a medida o comprimento do quadro negro (3m)”. O texto é

ilustrado com a figura abaixo:

(p.149)

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A seguir, relaciona razão entre comprimentos seguido da mesma razão

igualada a uma outra razão estabelecida entre as letras a e b ou c e d. Na

seqüência apresenta outros exemplos envolvendo, além do comprimento, a área

e o volume, sem misturá-las no mesmo exemplo e faz as seguintes observações:

Observa-se facilmente que:1 - Comparamos grandezas da mesma espécie ou natureza.(comprimentos com comprimentos)(área com área)(volumes com volumes)2 - Essas grandezas estão sempre medidas numa mesma unidade.

(p.151)

Considerações: O autor utilizou um recurso gráfico e uma linguagem próxima do

cotidiano do aluno, ou seja, medir comprimentos.

Com base no que foi feito anteriormente, no item 94, “Definição”, tem-se

em uma caixa de texto, a seguinte definição: “Chama-se de razão de duas

grandezas da mesma espécie ao quociente indicado dos números que medem

essas grandezas numa mesma unidade” (p.151). Logo abaixo ele denomina a e b

como antecedente e conseqüente respectivamente e usando um outro retângulo

como caixa de texto ele disponibiliza o seguinte: “Duas razões são inversas

quando o antecedente de uma é igual ao conseqüente da outra”(p. 151).

No item 95, o autor introduz a “Propriedade fundamental das razões”

usando dois segmentos, a e b, desenhados paralelamente e divididos pela

mesma unidade. Neste momento o autor tem a preocupação de relacionar o novo

conhecimento com o cotidiano do aluno utilizando noção geométrica de segmento

associada a noção de medida. A seguir, os mesmos segmentos são divididos por

uma outra unidade menor, mas múltipla da anterior e, finalizando o item, antes de

descrever a propriedade algebricamente, uma igualdade relacionando as duas

razões é destacada em uma caixa de texto.

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Considerações: Verifica-se a preocupação do autor em trabalhar conhecimentos

geométricos esperados dos alunos antes de introduzir a noção algebricamente,

isto é, nota-se aqui uma real articulação entre geometria e álgebra fazendo apelo

aos conhecimentos disponíveis da geometria para introduzir algebricamente a

propriedade fundamental das razões.

Por fim, em uma outra caixa de texto, tem-se a propriedade fundamental:

“Propriedade fundamental – Multiplicando-se ou dividindo-se os termos de uma

razão por um mesmo número, diferente de zero, obtém-se uma razão equivalente

à razão dada” (p.152).

No item 96, “Exemplos”, o autor apresenta alguns exemplos de como obter

razões equivalentes a uma outra dada, como obter razão na forma irredutível,

razão entre um número relativo e seu simétrico, de como obter uma incógnita

(antecedente ou conseqüente) tendo somente a razão (quociente). Todos os

exemplos estão demonstrados em detalhes.

No item 97, “Exercícios”, são propostos 22 exercícios semelhantes aos

exemplos. Os exercícios 24, 25 e 26 envolvem problemas geométricos, como por

exemplo, o de número 26, que tem o seguinte texto: “Um segmento de 21 cm de

comprimento é dividido em duas partes tais que estão na razão 3:4. Qual o

comprimento de cada parte?” (p. 156).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno necessita mobilizar a noção de

segmento e articular com a propriedade de duas razões. Além disso, o

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aluno deverá dispor de conhecimentos sobre equações para encontrar a

solução.

O exercício 23 envolve uma situação próxima do cotidiano do aluno. “Se

Olavo ganha NCr$ 0,80 por hora e seu pai ganha NCr$ 16,00 por jornada de 10

horas, então, qual a razão entre o que ganha Olavo e seu pai?”(p.156).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa mobilizar seu

conhecimento de redução a unidade para depois aplicar a definição de

razão.

Além dos exercícios que envolvem situações-problema em geral,

associadas ao cotidiano, existem outros exercícios propostos, como por exemplo:

Determinar os valores das seguintes razões:

1) b) 0,4311 ÷

+ ;

Determinar o antecedente das seguintes razões, sabendo que:

11) o conseqüente é 23xx − e a razão é

313 + ;

Determinar o conseqüente das seguintes razões, sabendo que:15) o antecedente é (x + 1)2 e a razão é (x + 1);

16)o antecedente é 2xx + e a razão é

32 ;

Escrever razões equivalentes:

17) a 31

cuja soma dos termos seja 20.

(p. 155-156)

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado nos enunciados dos exercícios: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar os exercícios em

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relação às noções utilizadas: mobilizável. O aluno tem que mobilizar

operações com números racionais nas formas decimal e fracionária, os

conhecimentos com operações algébricas e aplicar a definição de razão.

Considerações: observo que o autor dedica o capítulo anterior a este ao estudo

das equações. Sendo assim, podemos supor que a noção de equações é

disponível para os alunos que seguem esse curso.

O 2º tópico “Proporções” é dividido em: Proporções, Propriedade

Fundamental, A Recíproca da Propriedade Fundamental, Termo Desconhecido,

Proporções Contínuas, Média Proporcional ou Geométrica, Quarta e Terceira

Proporcional e Exercícios.

O item 98, “Definição”, inicia com a seguinte definição “Chama-se

proporção à expressão de igualdade de duas razões” (p.158). Com base nesta

definição, uma proporção numérica é apresentada e, em seguida, os termos são

identificados, assim como os extremos e meios. No final deste item, tem-se a

seguinte afirmativa: “o produto dos meios é igual ao produto dos extremos”, com a

devida resolução numérica.

No item 99, “Propriedade fundamental das proporções”, o autor demonstra

a veracidade da afirmativa anterior com uso das letras a, b, c, d e a propriedade

das igualdades, assim como a lei do cancelamento da multiplicação. A seguir, em

destaque, numa caixa de texto, a propriedade fundamental das proporções é

apresentada em forma de texto: “Em toda proporção, o produto dos meios é igual

ao produto dos extremos” (p.159).

Considerações: É importante observar a preocupação do autor em passar da

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linguagem natural para a resposta numérica que permite ao estudante criar as

imagens mentais antes de passar para a representação algébrica. Neste caso,

mesmo não sendo explicito o autor vislumbra a importância do trabalho sobre

representação.

Considerações sobre a prova da propriedade fundamental das proporções

estão num item especial, o item 100. Toda explicação da demonstração é feita de

modo detalhado como descrevo no que se segue: partiu da proporção: dc

ba =

com b ≠ 0 e d ≠ 0, aplicou a propriedade das igualdades, isto é, a.d = b.c,

observou que: “Dizemos que fizemos uma demonstração, onde o ponto de partida

(verdade inicial) é a HIPÓTESE e o que queremos é a TESE da propriedade” e

indicou em símbolos numa caixa de texto, igual a apresentada a seguir

b.ca.ddc

ba =⇒= , finalizando a demonstração. A última frase deste item tem

como objetivo apresentar uma introdução para a recíproca da propriedade

fundamental, descrita no próximo item, o 101.

O item 101, “Recíproca da propriedade fundamental”, apresenta de início o

seguinte enunciado em uma caixa de texto e sua demonstração no desfecho do

mesmo: “Se o produto, não nulo, de dois números for igual ao produto de outros

dois, então esses quatro números formam uma proporção, onde os fatores de um

produto são os meios (extremos) e os fatores do outro produto são os extremos

(meios)” (p.160). Ao final deste item, em outra caixa de texto, a propriedade está

também destacada em símbolos.

Considerações: Aqui, também é importante ressaltar a preocupação do autor em

escrever em matemática antes de apresentar uma fórmula correspondente. Essa

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atividade tem sido cada vez mais salientada por pesquisadores, pois trata-se de

uma atividade importante e que conduz o aluno às práticas de produção, tão

necessária para seu desenvolvimento cientifico e cultural.

As formas de se representar uma proporção foram enunciadas e

demonstradas sob o item 102. “Aplicações da propriedade fundamental das

proporções e sua recíproca”, assim como os devidos exemplos das oito formas

diferentes de escrever uma proporção.

No item 103, “Termo desconhecido numa proporção”, em uma caixa de

texto tem-se: “Um extremo desconhecido é igual ao quociente entre o produto dos

meios e o extremo conhecido”. Em outra caixa de texto, tem-se: “Um meio

desconhecido é igual ao quociente entre os produtos dos extremos e o meio

conhecido” (p.163), as demonstrações foram apresentadas e um exemplo foi

colocado ao lado de cada demonstração.

A seguinte conclusão: “Quando os meios de uma proporção contínua são

desconhecidos, o seu valor comum é igual à raiz quadrada do produto da

proporção” (p. 164), foi declarada no item 104.

“Proporções contínuas”. Este item apresenta um exercício numérico como

introdução e logo a seguir, tem-se em uma caixa de texto, dentro dela em forma

de símbolos, a seguinte igualdade: a.bx = , onde x recebe o nome “média

proporcional”. Ao final deste item, em outra caixa de texto, tem-se: “Quando os

meios de uma proporção contínua são desconhecidos, o seu valor comum é igual

à raiz quadrada do produto dos extremos da proporção” (p. 164).

Do mesmo modo que nos itens anteriores, o item 105, “Média geométrica

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ou proporcional de dois números”, teve seu desenrolar iniciando-se neste caso,

com uma sentença algébrica, um exemplo e a conclusão, também destacada em

uma caixa de texto, com os seguintes dizeres: “Numa proporção contínua, se o

termo repetido é desconhecido, ele é igual a um dos valores da média geométrica

proporcional dos extremos da proporção” (p.165). Na seqüência, o autor

apresenta dois exemplos. O segundo exemplo recai em raiz quadrada de número

negativo. A conclusão deste exemplo gerou a seguinte frase: “Não existe valor de

y no campo real” (p.166).

No item 106, “Quarta proporcional e terceira proporcional”, as letras x e y

são usadas como valores desconhecidos (incógnitas), nesta mesma ordem

respectivamente, uma para a quarta proporcional (x) e a outra para terceira

proporcional (y), assim descritas em símbolos:

a:b = c:x ou xc

ba = e a:b= b:y ou y

bba = . Para cada conceito, um

exemplo foi proposto e desenvolvido.

O item 107, “Exercícios”, compõe-se de 25 exercícios propostos, como porexemplo:

Verifique se as igualdades, escritas sob a forma de proporções, sãoverdadeiras ou falsas,

43

203

51

465

61

21

52

4155)

−÷=

−÷ ;

Calcule o valor de x nas seguintes proporções:

x213

413

831 9) ÷

−=

−÷ .

(p.167)

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

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às noções utilizadas: mobilizável, o aluno aplicará o conceito de proporção

escrita na forma de igualdade entre razões e mobilizará seus

conhecimentos sobre operações com números racionais na forma

fracionária e noções de equação do 1º grau.

O 3º tópico, “Propriedades Gerais das Proporções” foi dividido em oito

itens, sendo eles: Da Soma dos Termos, Da Diferença dos Termos, Da Soma dos

Antecedentes e Conseqüentes, Da Diferença dos Antecedentes e Conseqüentes,

Do produto dos Antecedentes e Conseqüentes, Do Quadrado dos Antecedentes e

Conseqüentes, Do Quociente – Das Raízes, Exercícios.

O item 108, 1ª Propriedade – “Da Soma dos Termos”, na introdução há

uma caixa de texto com a seguinte definição: “Em toda proporção, a soma dos

dois primeiros termos está para o primeiro ou segundo termo, assim como a soma

dos dois últimos termos está para o terceiro ou quarto termo” (p.172).

A seguir, usando letras como símbolos algébricos, ele escreve a

propriedade acima em forma de proporção, descrevendo a hipótese, a tese e

também as devidas provas.

Os mesmos procedimentos foram aplicados para os itens: 109, 2ª

Propriedade – “Da diferença dos termos”, 110, 3ª Propriedade – “Da soma dos

antecedentes e conseqüentes”, 111, 4ª Propriedade – “Da diferença dos

antecedentes e conseqüentes”, 112, 5ª Propriedade – “Do produto dos

antecedentes e conseqüentes”, 113, 6ª Propriedade – “Dos quadrados dos

antecedentes e conseqüentes” e 114, 7ª Propriedade e 8ª Propriedade (estas

duas propriedades não tiveram nenhuma denominação especial). O autor as

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apresentou conforme exemplo a seguir (cópia parcial da página do livro):

(p.176)

No item 115, “Exercícios Resolvidos”, três problemas foram resolvidos

como exemplos, sendo o primeiro com o seguinte enunciado: “A soma de dois

números é 84 e a razão entre eles é 43 . Determiná-los” (p.176). Na resolução

deste exercício, o autor denomina os números desconhecidos de x e y, escreve

um sistema de duas equações à duas incógnitas, aplica a propriedade da soma

dos termos e calcula o valor das incógnitas. Faz ainda a verificação; isto é

substitui os valores encontrados para as incógnitas x e y no sistema de equações

inicialmente obtido.

No item 116, “Exercícios”, trinta exercícios foram propostos. Os seis

primeiros tem o seguinte enunciado: “Dada a proporção dc

ba = , mostrar que

valem as relações seguintes, justificando cada uma das passagens efetuadas”

(p.179), como exemplo: o de número 6 é: 5d3b5d3b

5c3a5c3a

++=

−+ .

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno aplica a propriedade funda-

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mental das proporções e mobiliza seus conhecimentos sobre algébricos.

Do exercício sete ao dezoito, o enunciado é o seguinte: “Determinar os

valores de x e y em cada uma das questões seguintes, utilizando na solução as

propriedades das proporções e a teoria das equações” (p.179).

Por exemplo, o de número 18 tem o seguinte sistema de duas equações

com duas incógnitas:

=

=

610

2y5x

94

3y2x

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. É necessário que o aluno aplique a

propriedade fundamental das proporções, depois mobilize seus

conhecimentos das operações algébricas e resolva o sistema de duas

equações com duas incógnitas.

Para os demais exercícios exemplifico com o exercício 30, cópia abaixo:

(p.183)

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Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno aplica seu conhecimento sobre o

cálculo de volume do cubo e a definição de razão.

No exercício 19, o autor descreve a medida de dois retângulos e pede para

calcular a razão entre as áreas deles. A estrutura dos exercícios 20, 21, 22, 23,

24, 25, 26, 27, 28 e 29, é praticamente a mesma da figura 39 acima.

Na maioria destes exercícios são dadas as razões, a diferença entre suas

medidas e pede-se para encontrar o tamanho destas medidas. Por exemplo, o

exercício 22: “A razão entre as diagonais de um losango é 4/7 e a diferença das

diagonais é 15 dm. Determine as diagonais”.

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno necessita disponibilizar o

conhecimento de alguns elementos da geometria como diagonal e

reconhecer a figura geométrica losango, a seguir escrever um sistema

formado por duas equações à duas incógnitas e tendo antes que aplicar a

propriedade fundamental das proporções.

O quarto tópico – “Sucessões de Números Proporcionais” foi dividido em:

Diretamente proporcionais e Inversamente proporcionais. No item 117,

“Sucessões de números diretamente proporcionais”, o autor define o conjunto dos

números naturais sem o zero e um outro conjunto, conjunto m = 3n, escrevendo

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logo a seguir uma relação de implicação, conforme tabela abaixo:

para:n = 1 ⇒ m = 3n = 2 ⇒ m = 6n = 3 ⇒ m = 9n = 4 ⇒ m = 12..................................................(p.185)

A partir daí, estabelece a razão entre cada elemento das duas sucessões e define

como coeficiente de proporcionalidade a constante 1/3. Agora, escreve a relação

tomando como primeiro elemento, os elementos da segunda sucessão, a

sucessão m, tomando o 3 como coeficiente de proporcionalidade. Por último, tem-

se um quadro de texto com a seguinte definição: “Duas sucessões a, b, c, d, ... e

a’, b’, c’, d’, ... são diretamente proporcionais quando a razão entre qualquer

elemento da primeira sucessão e o seu correspondente na segunda é uma

constante”. A constante k é denominada de coeficiente de proporcionalidade.

No item 118, “Exemplos”, tem-se dois exemplos. O primeiro é composto de

duas sucessões que após serem escritas na forma de razão e proporção são

igualadas à constante k, tem-se a conclusão de que elas são sucessões

diretamente proporcionais e o coeficiente k é definido. Já no segundo exemplo,

duas sucessões são dadas, sendo que dois dos termos da primeira sucessão são

letras x e y e têm a função de incógnita de sucessões diretamente proporcionais.

No item 119, “Sucessões de números inversamente proporcionais”, o autor

sintetizou a introdução escrevendo duas sucessões, a I e a II, mostrou a

proporcionalidade entre os números da primeira sucessão pelo inverso dos

números da segunda sucessão evidenciando que o produto dos termos da

primeira sucessão com os respectivos termos da outra sucessão é sempre o

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mesmo, ou seja, o resultado do produto é o coeficiente de proporcionalidade. Na

caixa de texto deste item tem-se a seguinte generalização:

Duas sucessões a, b, c, d, ... e a’, b’, c’, d’, ... são inversamenteproporcionais, quando o produto entre qualquer elemento da primeirasucessão e o seu correspondente na segunda é sempre uma constantek. A constante k é o coeficiente de proporcionalidade inversa entre assucessões dadas. (p.187).

O item 120, “Exemplos” é composto de 2 deles. O primeiro exemplo

compõe-se de duas sucessões, na primeira sucessão um dos termos é a letra x e

outro a letra z, na segunda sucessão, também um dos termos é representado por

uma letra, o y. As letras nas sucessões têm o papel de incógnita, por isso elas

foram alternadas em cada sucessão com o propósito de formar a igualdade entre

o produto dos termos da primeira sucessão com seu respectivo par da outra

sucessão, para com isso poder determinar os valores de cada incógnita (x, y e z).

O exemplo dois é composto da generalização de dois conjuntos numéricos com o

valor do coeficiente k pré-definido. Os conjuntos são de valores para o par (x,y),

com cada valor de xi correspondendo com o respectivo yi de cada conjunto.

Para generalizar, o autor descreve um exemplo numérico fixando k = 1 e

para finalizar, o autor faz a seguinte observação: “Neste exemplo, escolhemos a

constante k = 1. Todavia, qualquer que seja o valor de k, existe um conjunto de

pares de valores (x, y) que obedece às condições do problema anterior” (p.189).

Considerações: Este tópico não tem a seção “Exercícios” (propostos).

O 5° tópico, “Divisão Em Partes Proporcionais”, é composto pelos

seguintes itens: Diretamente Proporcionais, Inversamente Proporcionais,

Diretamente e Inversamente Proporcionais e Exercícios.

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O item 121, “Divisão em partes diretamente proporcionais”, tem como

ponto de partida o seguinte problema:

Um pai divide mensalmente a importância de NCr$ 36,00 entre seus trêsfilhos: Antônio, Berenice e Carlos, em partes diretamente proporcionaisàs notas que eles tiram em matemática naquele mês. Quanto deve cabera cada um no mês em que Antônio teve nota 5, Berenice teve nota 6 eCarlos teve nota 7?(p.121).

Esse problema foi resolvido e na solução o autor denominou x, y e z como

uma sucessão e a compôs com a outra sucessão, isto é, 5, 6 e 7. Logo a seguir,

as igualdades entre os termos das sucessões foram estabelecidas e com este

procedimento, sucessões diretamente proporcionais. Para calcular o valor das

incógnitas, o autor utilizou a propriedade da soma dos antecedentes e

conseqüentes de uma proporção, tomando o total de NCr$2 36,00 dividido pela

soma dos termos da segunda sucessão, que é 18, chegando na constante

k = NCr$ 2,00, donde este valor igualado a cada uma das razões

correspondentes, determina o valor que cada filho recebe, e são eles: NCr$

10,00, NCr$ 12,00 e NCr$ 14,00 respectivamente.

No item 122, “Caso geral”, o autor usou o mesmo procedimento do

exemplo do item 121 e utilizou letras do alfabeto como símbolos conforme

podemos observar na seguinte caixa texto:

cbac.Nz ;cba

b.N y;cbaa.Nx

++=

++=

++=

O item 123, “Divisão em partes inversamente proporcionais”, foi

desenvolvido com base no seguinte problema:

Durante o primeiro semestre do ano letivo, Alice faltou duas vezes àsaulas; Benedito e Clóvis, que são seus irmãos, faltaram 4 e 6 vezes,respectivamente. Seu pai resolveu distribuir a importância de NCr$ 88,00em partes inversamente proporcionais às faltas que eles tiveram, pois

2 NCr$: lê-se cruzeiro novo (valor monetário utilizado no Brasil de 1965 até 1968).

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eles não ficaram doentes e julgou, então, que as faltas não foram justas.Quanto deu a cada filho? (p.191).

Para solucionar este problema o autor usou as letras x, y e z,

respectivamente como incógnitas do problema, formando uma sucessão e logo a

seguir, uma outra sucessão com o número de faltas dos personagens do

problema, sendo disposta de acordo com a ordem do enunciado. Na continuidade

da resolução, tem-se a igualdade das razões formadas com as incógnitas e as

respectivas frações inversas do número de faltas de cada filho, no semestre. No

desenvolvimento do cálculo, os denominadores destas frações foram reduzidos

ao mínimo múltiplo comum entre eles e foi aplicado o conceito de divisão de

frações. Logo a seguir, foram divididas pelo múltiplo comum (no caso, o número

12) e a simplificação originou a seguinte igualdade: 2z

3y

6x == . A partir desta

igualdade, a propriedade da soma dos antecedentes e conseqüentes das

proporções foi aplicada e os valores calculados são respectivamente:

x = NCr$ 48,00, y = NCr$ 24,00 e z = NCr$ 16,00. Assim finalizou-se a resolução

deste problema. Uma observação sobre a simplificação do procedimento no

cálculo foi esclarecida e assim descrita: “Na prática, quando o problema atinge a

fase

122z

123y

126x == basta escrever:

2z

3y

6x == , o que equivale a dividir todos os

membros da igualdade por 12” (p.193).

O item 124, “Divisão direta e inversamente proporcionais”, do mesmo modo

que os itens anteriores, é iniciado com um problema. Este foi resolvido, passo a

passo, com os devidos procedimentos de cada etapa. Na solução o autor

descreveu as razões que são diretamente e inversamente proporcionais e

disponibilizou as sucessões formadas com os dados do problema. Resumiu as

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razões aplicando os devidos conceitos de divisão em partes diretamente e

inversamente proporcionais, aplicou a propriedade da soma dos antecedentes e

conseqüentes, aplicou a propriedade fundamental das proporções e calculou os

valores das incógnitas na resolução do problema.

O item 125, “Exercícios”, é composto de vinte exercícios com as respostas

logo a seguir. Destes, apenas três envolvem situações-problema e os demais são

de aplicação direta da definição e propriedades. Por exemplo, o exercício 10

propõe: “Dividir o número 234 em partes inversamente proporcionais aos seus

algarismos 2, 3 e 4 (resposta: [108, 72, 54])” (p.194).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá aplicar a definição de

sucessões e mobilizar seus conhecimentos de operações com racionais na

forma fracionária ou resolver uma equação.

Os exercícios que envolvem situações-problema são os de números: 16,

17 e 20. O de número 16 tem o texto que envolve a compra e a venda com lucro

de um automóvel por duas pessoas uma participou do negócio com valor

diferente da outra. Assim sendo, pede-se calcular o lucro de cada uma das

pessoas. O de número 17 tem enunciado semelhante ao de número 16. O de

número 20 tem o seguinte enunciado:

Um pai resolve dividir um pacote com 2620 gramas de balas, aos seusfilhos Frederico, Marcelo e Luis, em partes diretamente proporcionais àsnotas que tiraram este mês em Matemática e em partes inversamenteproporcionais às idades. (O menor chupa mais balas). Quantos gramasde bala deve receber cada um, sabendo que: Frederico tem 8 anos etirou nota 6; Marcelo tem 10 anos e tirou nota 6; Luis tem 12 anos e tirounota 10. [Frederico: 900, Marcelo: 720 e Luis: 1000] (p.196).

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Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. É necessário aplicar o conceito da

divisão em partes direta e inversamente proporcionais e mobilizar as

noções com operações (números racionais) ou resolver uma equação.

No 6º tópico, “Grandezas Proporcionais”, os seguintes itens foram

desenvolvidos nessa ordem: Diretamente Proporcionais; Inversamente

Proporcionais; Regra de Três Simples; Regra de Três Composta e Exercícios.

No item 126, “Grandezas diretamente proporcionais”, como nos itens

anteriores, o autor introduziu o conceito por intermédio de um problema que

estava diretamente ligado às grandezas, comprimento e valor. Após a resolução

detalhada deste problema, uma caixa de texto foi disposta com a seguinte

definição: “Duas grandezas são diretamente proporcionais quando, aumentando-

se uma delas, a outra aumenta na mesma razão da primeira” (p.199). A seguir um

exemplo referindo-se à velocidade média foi exposto juntamente com sua

solução.

O item 127, “Grandezas inversamente proporcionais”, tem como introdução

o seguinte problema:

De São Paulo a Campinas são 90 km (aproximadamente). Suponhamostrês veículos percorrendo essa distância.1°) Um ciclista, com 30 km/h de velocidade média;2°) Um caminhão, com 45 km/h de velocidade média;3°) Um ônibus, com 90 km/h de velocidade média. (p.199).

Esse problema serviu de base para o conceito envolvido neste item. Depois

de sua resolução, o autor apresentou a seguinte definição: “Duas grandezas são

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inversamente proporcionais quando, aumentando-se uma delas a outra diminui na

mesma razão da primeira” (p.200).

No item 128, “Regra de três simples”, o conceito foi trabalhado a partir de

problemas envolvendo grandezas como: comprimento e valor; área e tempo;

velocidade e tempo. Por envolver razão, proporção e grandezas, o autor, além de

dispor grandezas de mesma espécie em colunas próprias, usou o esquema de

flechas como ferramenta na identificação das razões (grandezas), que são

diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais sempre em relação à

razão que contém a incógnita. Palavras do autor: “Solução pelo método das

proporções: Esquematizamos o problema, colocando numa mesma coluna as

grandezas de mesma espécie e numa mesma linha grandezas de espécies

diferentes, que se correspondem do problema” (p.200). Veja no quadro abaixo,

como ele representa a estrutura de todos os exemplos colocados neste item. No

exemplo: Luís Fernando comprou 50 m de arame e pagou NCr$ 2,50. Se

comprasse 120, quanto pagaria?

(p.200)

Uma lista de quinze problemas faz parte do item 129. “Exercícios”. Os

problemas propostos envolvem diversas grandezas e unidades de medidas, tais

como: comprimento, velocidade média, dias, perímetro, dinheiro, litros,

quilograma, metros, centímetros dentre outras. Os problemas 14 e 15 merecem

destaque, pois têm os seguintes enunciados e respectivas respostas:

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14) A freqüência média diária dos alunos do colégio é 95:100, isto é, decada 100 alunos, comparecem diariamente 95. Nossa classe tem 40alunos. Qual a freqüência média diária da classe? (Admite-se que afreqüência da classe é a mesma que a freqüência média da escola).Resposta [38].

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno deverá interpretar o enunciado do

problema, seus conhecimentos sobre razão e proporção e resolver a

proporção.

15) Na composição volumétrica de uma ração animal entra farelo narazão 60:100, milho na razão 25:100, farinha de ossos na razão 15:1000;o restante são outras substâncias. Em 1 m3 de ração estão contidos:I) X dm3 de farelo;II) Y dm3 de milho;III) Z dm3 de farinha de ossos;IV) W dm3 de outras substâncias.Determine X, Y, Z e W.Resp.: [X = 600 dm3, Y = 250 dm3; Z = 15 dm3; W = 135 dm3] (p.203).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisará interpretar

adequadamente o enunciado do problema empregar seus conhecimentos

sobre equações, números racionais fracionários, ou seja, a forma de

resolver não se restringe aos conhecimentos de proporção.

O item 130, “Regra de três composta”, foi apresentado de modo análogo ao

de regra de três simples. O autor restringiu os problemas introdutórios ao conceito

em apenas três grandezas de espécies diferentes. Num dos exemplos, as

grandezas envolvidas são: volume, velocidade e tempo, isto é, “18 teares tecem

360 metros de pano em 10 dias. Quantos dias serão necessários para se tecer

480 m de pano, usando 30 teares?”.

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Na resolução deste problema, o autor descreveu os dados em duas linhas.

Na primeira linha os dados iniciais, na segunda linha os outros dados, colocando

ao dado desconhecido a letra x como incógnita, tendo o cuidado de colocar em

cada coluna as medidas de grandezas de mesma espécie.

Para solucionar o problema o autor disponibilizou a relação entre a

incógnita e as grandezas, de forma escrita e pelo método da proporção com o

auxílio de fechas, para indicar se as razões formam proporções direta ou

inversamente proporcionais. Logo a seguir, reescreveu as razões e calculou o

valor da incógnita. Por final, uma justificativa para o uso das flechas foi

apresentada. Outro exemplo pode-se observar na cópia abaixo:

(p.205)

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Com uma lista com doze problemas, semelhantes aos exemplos dados no

texto, o autor compôs o item 131, “Exercícios”. O problema de número 1 envolve

as grandezas tempo, e as unidades de medidas: número de dias e número de

horas. O problema 2 tem o seguinte enunciado:

Os 2/3 de uma encomenda de pano foram tecidos em 12 dias por 18teares que funcionaram 6 horas por dia. Quantos dias e fração de 8horas por dia de trabalho, ocupando-se 16 teares, seriam necessáriospara completar a encomenda? Resposta [5d e 30 min] (p.206).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá basear-se no modelo feito

na página 61 sobre regra de três composta. A seguir esquematizar o

problema organizando as diferentes grandezas (3) e calcular a resposta.

O 7º tópico. “Porcentagem”, é composto dos itens: Porcentagem e Juros

Simples. O item 132, “Taxas Centesimal e Milesimal”, foi descrito com exemplos

introdutórios deste tipo: “Um vendedor ganha 5 cruzeiros novos em cada 100

cruzeiros novos vendidos” (p.209). A partir daí, o autor descreve as razões

centesimais e apresenta mais exemplos incluindo também razões milesimais, tais

como: “Na minha cidade, em cada 1000 habitantes, 25 são estrangeiros” (p.209).

No item 133, “Principal e Porcentagem”, o autor descreve Principal e

Porcentagem usando a resolução de uma regra de três composta de um

problema introdutório com os seguintes dizeres: “Que comissão cabe ao vendedor

que vende NCr$ 1.200,00, sabendo-se que a taxa de comissão é 5%?”

Primeiro uma análise do problema foi feita, a seguir as variáveis foram

definidas conforme segue: Taxa centesimal: i %; Principal: C; Porcentagem; P. A

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partir deste ponto, o autor esquematizou em sucessões formando proporções com

os dados do problema e demonstrou a fórmula: 100C.ip = . No final, após ter

disponibilizado a respostas, um comentário com um esquema de como resolver

sem o uso da fórmula foi descrito. Veja no quadro a seguir:

(p.212)

O item 134, “Taxa milesimal”, foi abordado do mesmo modo do item

anterior, só que aqui o denominador na fórmula é 1000, isto é, p = C.i/1000. No

item 135, “Exercícios”, quinze exercícios são propostos, sendo doze em forma de

problemas. Dentre os problemas, o de número 8, tem o seguinte texto:

Uma firma requer concordata e promete pagar suas dívidas em doisanos com 30% de desconto. Um credor deve receber NCr$2.400,00.Pergunta-se:I) Quanto receberá?Il) Quanto representará realmente o que receberá, sabendo-se que amoeda desvaloriza 10% cada 6 meses? Resp. [ (I) NCr$1.680,00; ( II)NCr$ 1.008,00] (p.214).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisará interpretar o enunciado

para deduzir que precisará encontrar 30% de desconto de NCz$ 2.400,00,

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e relacionar a resposta encontrada com a questão do exercício, ou seja,

subtrair o valor encontrado do principal. O aluno necessita conhecer o

significado de desvalorização de moeda (inflação) e a seguir, aplicar a

fórmula do valor atual. Não existe somente este método para solucionar

este exercício.

Considerações: o contexto deste problema não é familiar, isto é, a expressão

“firma em concordata” não costuma fazer parte do repertório dos educandos.

O item 136, “Juros Simples” é iniciado com a seguinte frase: “O problema

do cálculo de juros simples é novamente uma questão de regra de três composta”

(p.216). Logo a seguir, propõe um problema envolvendo juros simples que

permitiu chegar à fórmula 100tiCj ××= . No item 137, “Juros simples”, o subitem

montante, foi assim definido: “Montante é o total produzido por um capital mais o

juro que esse capital rendeu ao fim de um certo tempo” (p.217). Uma observação

logo a seguir tem os seguintes dizeres: “Quando o juro é calculado sobre um

montante então chama-se juro composto, ou juro sobre juro, que não será objeto

de nosso estudo” (p.217).

No item 138, “Juros simples”, tempo em meses e dias tem seu desfecho

com a fórmula de juros modificada, isto é, para o tempo em meses, o

denominador foi modificado de 100 para 1200, para o tempo em dias o

denominador foi modificado, de 100 para 36000. Isto quer dizer que:

1200 = 12 x100 (12 meses no ano); 36000 = 360 x 100 (360 dias no ano).

No item 139, “Fórmulas derivadas”, o autor partiu da fórmula fundamental,

isto é, a fórmula de juros, e para cada variável (capital, taxa e tempo)

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disponibilizou a fórmula correspondente a cada uma delas. No item 140, “Resumo

de Formulário”, todas as fórmulas foram tabeladas em um quadro apresentado a

seguir (cópia parcial e reduzida):

(p.219)

No item 140/1, “Exemplos”, cinco exemplos foram detalhadamente

resolvidos. O primeiro exemplo tem o seguinte enunciado: “Calcular qual o tempo

necessário para que NCr$ 180,00 aplicado a 10% ao ano produza NCr$ 14,40 de

juros” (p. 220). Antes de resolvê-lo, o autor relacionou cada variável com os

valores disponíveis no problema. Depois, usando a fórmula para a incógnita

tempo, os valores foram distribuídos de acordo com as devidas variáveis e a

incógnita tempo (t), foi calculada de dois modos: o primeiro, usando tempo em

anos e segundo modo, em dias.

Os resultados são: 4/5 de anos e 288 dias. No entanto, nas duas soluções,

a resposta foi transformada para: 9 meses e 18 dias. Para os outros exemplos, as

incógnitas são: capital, tempo, comparação de melhor aplicação e montante, nos

problemas 2, 3, 4 e 5 respectivamente.

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Obs: nomeio este item de 140/1 porque no livro há dois itens 141, portanto, deixo

esta numeração para o “juros simples pelos divisores fixos” devido a

disponibilização da cópia reduzida da página.

O item 141 foi abaixo reproduzido (cópia reduzida) para melhor

entendimento do mesmo.

(p. 224-225)

O item 142, “Exemplos”, é composto de três exemplos.

1º Que juros de mora deve-se cobrar de um título de NCr$ 1.200,00 quefoi pago com 20 dias de atraso?2º Que juro cabe a um cliente de um Banco que deixou depositadosNCr$ 360,00 durante 5 meses e 10 dias numa Conta Corrente popular(i = 6% a/a).3º Meu dinheiro esteve no Banco durante 4 meses e 15 dias e rendeuNCr$ 45,00 nesse tempo, numa Conta Corrente Comum (5% a/a).Quanto eu tinha depositado?(p. 225-226).

Todos eles têm solução esquematizada. Primeiro o autor relaciona cada

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variável com o valor declarado no contexto, substitui os valores na fórmula

adequada e destaca em caixa de texto a resposta. As respostas destes exemplos

são: j = NCr$ 8,00 , j = NCr$ 9,60 e C = NCr$ 2.400,00 respectivamente.

O item 143, “Exercícios”, finaliza este item e também o capítulo, com 15

exercícios propostos. Deste total, os quatros primeiros são compostos de 5

subitens solicitando o cálculo da mesma variável. No primeiro, a incógnita é o

juro, no segundo, a taxa, no terceiro, o tempo de aplicação e no quarto, o valor do

capital. Do quinto ao décimo quinto, o exercício é descrito em forma de problema.

Por exemplo, o exercício 5: “Comprei ações de uma firma e ao fim de 15 meses

obtive com a venda das mesmas 9/6 do meu capital. Qual foi a taxa dos juros que

recebi?” (p.227). Todos os exercícios têm resposta.

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. Antes de aplicar a fórmula, o aluno

precisa dispor do conhecimento de taxas e prazo, isto é, verificar se os

valores estão expressos na mesma unidade além de relacionar 9/6 como

coeficiente do capital.

Análise parcial: Neste livro o autor disponibiliza a teoria dos tópicos referentes

aos conteúdos Razões e Proporções iniciando-as por intermédio de situações-

problema com texto próximo do cotidiano do aluno, às vezes utilizando a

geometria como ponto de apoio para introduzir as técnicas algébricas de

resolução em alguns deles, assim como os conceitos de física. Nos exemplos e

exercícios resolvidos de cada tópico, o autor utilizou os três níveis de

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conhecimento, segundo Aline Robert. Utilizou com maior freqüência o nível

técnico. Na resolução destes exemplos e ou exercícios resolvidos, ele utilizou

muito a modelagem proporcional e a modelagem algébrica (segundo Lins e

Gimenes). Quanto à redução a unidade, não registramos nenhuma vez o uso

desta técnica. A modelagem fracionária foi utilizada em alguns exemplos de nível

técnico, por exemplo, quando o enunciado do exercício pede para escrever razão

na forma irredutível. Em minha análise dos exercícios propostos, observei uma

freqüência expressiva do nível disponível seguida do nível mobilizável em relação

ao nível técnico na variável “Nível de conhecimento esperado no enunciado do

exercício”. Estes níveis também figuraram na variável “Nível de conhecimento

necessário para solucionar o exercício em relação às noções utilizadas” na

maioria dos exercícios selecionados, isto é, nesta variável o nível técnico não

figurou. Os textos das situações-problema envolvem na maioria deles, situações

próximas do conhecimento dos alunos, salvo algumas exceções já comentadas

anteriormente, por exemplo, o uso da expressão “firma em concordata”. Por ser

um livro escrito na década em que o tecnicismo predominava era esperado textos

não próximos do conhecimento dos alunos e o nível técnico nos exercícios

propostos com maior expressividade em relação aos outros dois, no entanto, esta

hipótese não foi confirmada.

4.2 Livro dos anos 80

No livro da 6ª série, da coleção Matemática, edição não consumível, 5ª

edição, editora Scipione, 1987, Fernando Frotta destinou o capítulo 6, para os

conteúdos “Razões e Proporções”. O livro é composto de sete capítulos. O

capítulo 5, que antecede ao capítulo 6, objeto de nosso estudo, traz o conteúdo

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referente a “Sistemas de Equações do 1º grau a duas Incógnitas” e o capítulo que

o sucede é o de número 7 com conteúdos de geometria (ângulo, medida de

ângulo, operações com medidas de mistas, ângulos adjacentes, retas

perpendiculares, ângulos complementares, e ângulos suplementares).

O conteúdo “Razão” inicia-se na página 160, com o item 1, Razão entre

dois números. O autor introduz o conceito com o seguinte problema: “Numa

escola, estudam 180 alunos pela manhã, 60 alunos à tarde e 120 alunos à noite.

Logo, o total de alunos, que estudam na escola, é: 180 + 60 + 120 = 360” (p.160).

A partir daí, define razão estabelecendo as razões entre os alunos de cada

período e o total de alunos da escola.

Com outro subtítulo, que o autor denomina “Razões inversas”, faz analogia

usando as razões entre o número de alunos: da manhã pelo da noite e vice-versa.

Com isso conclui que o produto das duas razões encontradas é igual a 1, por isso

elas são inversas entre si.

Na seção Exercícios, 5 deles são propostos, o primeiro está em forma de

problema e os demais pedem que determine, calcule, etc. Por exemplo:

“2. Determine a razão entre os seguintes números: a) 80 e 48 ....” (p. 161)

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deve aplicar a definição de

razão e mobilizar seu conhecimento de redução de fração para a forma

irredutível.

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3. Dada a razão 5/6, calcule a soma do triplo do seu conseqüente com o dobro do

seu antecedente”.

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa conhecer o conceito de

múltiplos, distinguir o antecedente e conseqüente, somar os valores

encontrados para o antecedente e o conseqüente.

A seguir, do mesmo modo, ele disponibiliza mais 6 exercícios

complementares, sendo o primeiro também em forma de problema e tem o

seguinte texto:

6. Aurélio tem 144 bolinhas verdes, 120 bolinhas azuis e 96 bolinhasvermelhas. Determine as seguintes razões: a) entre o número debolinhas verdes e o número total de bolinhas; b) entre o número total debolinhas e o número de bolinhas vermelhas; c) entre o número debolinhas vermelhas e o número de bolinhas azuis

(p.161).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deverá escrever a razão, depois

de adicionar o número de bolinhas verdes, azuis e vermelhas.

O 2º tópico, “Razão entre duas grandezas”, está divido em duas partes. A

primeira parte, “Razão entre duas grandezas de mesma espécie” é descrita do

seguinte modo:

Considere uma quadra de basquete, cujo comprimento é 28m e cujalargura é 14m. A razão entre o comprimento da quadra e a largura damesma é dada pelo quociente:

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70

21428

14m28m

quadra da larguraquadra da ocompriment ===

Observe então que a razão entre duas grandezas da mesma espécie é oquociente dos números que medem essas grandezas, quando essasgrandezas são grandezas medidas com uma mesma unidade (p.162).

A segunda parte, “Razão entre duas grandezas de espécie diferentes”, é

descrita do mesmo modo que a primeira parte, dispondo o seguinte problema:

Considere que um automóvel, ao realizar uma viagem, percorre 195 kmem 3 horas. A razão entre o espaço percorrido pelo automóvel e o tempogasto no percurso, que é chamada de velocidade média do automóvel, édada pelo quociente:

65km/hh

km3

1953h

195kmpercurso no gasto tempo

percorrido espaço===

Observe então que a razão entre duas grandezas de espécies diferentesé formada pelo quociente dos números que medem essas grandezas,acompanhado do quociente das unidades em que as grandezas sãomedidas (p.162).

A seguir, na seção exercícios, 9 problemas são propostos, sendo que 6 são

exercícios complementares. Os problemas propõem nos enunciados que se

estabeleça razão entre: alturas de pessoas, uso de escalas, velocidade média,

razão entre salários de duas pessoas e densidade média. Por exemplo, o de

número 12: “A altura de Sr. Alcides é 1,80 m e a altura do seu filho é 1,20 m. Qual

é a razão entre a altura do Sr Alcides e a do filho?” (p. 162).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: técnico. Aplicar a definição de razão.

O conteúdo “Proporções” está disponível no 3º tópico, página 163,

iniciando com um problema que envolve a comparação da velocidade média de

dois automóveis, escritas na forma de razão (espaço percorrido/tempo gasto no

percurso). Após descrever as igualdades entre as duas razões com os devidos

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números representativos do quociente entre o espaço percorrido e o tempo gasto

no percurso, o autor generaliza a igualdade usando as letras a,b,c,d no lugar dos

números anteriores, e antes de estabelecer a igualdade, descrevendo com

palavras, numa caixa de texto, os seguintes dizeres: “Se a, b, c e d são números

racionais não nulos, dizemos que eles formam, nessa ordem, uma proporção

quando a razão entre a e b é igual entre c e d” (p.164).

Num item, não numerado, denominado pelo autor de “Extremos e meios de

uma proporção”, ele descreve a igualdade entre as duas razões, denominando a

e d de extremos e b e c de meios.

Na seção “Exercícios”, o autor disponibiliza algumas razões, duas em cada

item, e solicita a verificação se as mesmas formam ou não formam uma

proporção. Em um outro, solicita para escrever como se lê e o último é para

indicar os meios e extremos de cada proporção. Na seção, “Exercícios

complementares”, exercícios com as mesmas características do propostos são

disponibilizados. Por exemplo: 26 “Indique os meios e os extremos de cada

proporção seguinte:

a) 1 : 9 = 9 : 81 b) 1210

65 = c) 7 : 8 = 21 : 24”.

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: técnico. Requer que o aluno simplesmente reconheça

quem são os meios e os extremos de uma proporção.

O 4º tópico, “Propriedade fundamental das proporções”, depois de mostrar

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a igualdade ad = cb , a partir de dc

ba = , o autor expressa a igualdade com as

seguintes palavras em destaque (negrito) dentro de uma caixa de texto: “Em toda

proporção o produto dos extremos é igual ao produto dos meios”, em

seguida, fornece alguns exemplos numéricos, tais como: 4.52.10 pois 104

52 == .

Na seção, “Exercícios”, o autor sugere que seja usada a propriedade

fundamental e que verifique se a proporção é verdadeira ou falsa; que calcule o

valor do termo desconhecido e que resolva dois problemas. O de número 29 é:

“Um terreno de 8 m de frente por 25 m de fundo é representado num desenho

com 16 cm de frente. Com que medida o fundo do terreno é representado no

referido desenho?” (p.166).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: técnico. Basta o aluno aplicar a definição de

proporções e a propriedade fundamental.

O de número 30 é assim descrito: “Um automóvel realiza um percurso de

325 km em 5 horas. Que percurso realizará em 7 horas, mantendo a mesma

velocidade média do primeiro percurso?” (p.166).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisará saber o conceito de

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73

velocidade média, escrever a proporção e aplicar a propriedade

fundamental para calcular o valor desconhecido.

Na seção, “Exercícios Complementares”, exercícios semelhantes são

solicitados, por exemplo, o de número 31 cujo enunciado tem o seguinte texto:

“Usando a propriedade fundamental, verifique se cada proporção seguinte é

verdadeira ou falsa: 1000125

8-1 c) 3

1:421:6 b) 8

9910a)

−==

−=− ” (p.166).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: técnico. Aplicação da propriedade fundamental das

proporções e depois decidir se a sentença é falsa ou verdadeira.

Já o de número 32, solicita que se calcule o termo desconhecido (x) nas

proporções. Dos problemas, o de número 36 tem o seguinte enunciado: “Um

trabalhador recebeu Cz$ 19.000,00 em 5 meses de trabalho. Quanto deverá

receber em 1 ano de trabalho, se mantiver o mesmo salário?” (p.166).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisa saber o que significa

salário médio e depois poderá resolver pela propriedade fundamental das

proporções.

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No 5º tópico, “Quarta proporcional e terceira proporcional”, o autor

conceitua quarta e terceira proporcional, nesta ordem e exemplifica: “Na

proporção 32

64 = , o quarto termo, 3 , é quarta proporcional dos três primeiros, 4, 6

e 2” (p.167). Nas seções Exercícios e Exercícios complementares, propõe

exercícios com os seguintes enunciados: “Calcule a quarta proporcional dos

números .... e calcule a terceira proporcional dos números.... Por exemplo:

“39. Calcule a quarta proporcional dos números –16, –36 e –12” (p.167).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: técnico. O aluno precisa escrever a proporção e

aplicar a propriedade fundamental das proporções.

No 6º tópico, “Outras propriedades das proporções”, as propriedades de

soma ou diferença dos termos comparadas com eles mesmos são descritas

literalmente e exemplificadas. São elas:

1ª propriedadeEm toda proporção, a soma dos dois primeiros termos está para oprimeiro (ou para o segundo) assim como a soma dos dois últimostermos está para o terceiro (ou para o quarto).Utilizando símbolos matemáticos, temos:

ddc

bba

cdc

aba

dc

ba

+=+

+=+

⇒=

2ª propriedadeEm toda proporção, a diferença dos dois primeiros termos está para oprimeiro (ou para o segundo) assim como a diferença dos dois últimostermos está para o terceiro (ou para o quarto).Utilizando símbolos matemáticos, temos:

ddc

bba

cdc

aba

dc

ba

−=−

−=−

⇒=

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3ª propriedadeEm toda proporção, a soma dos antecedentes está para a soma dosconseqüentes assim como cada antecedente está para o seuconseqüente.Utilizando símbolos matemáticos, temos:

dc

dbca

ba

dbca

dc

ba

=++

=++

⇒=

4ª propriedadeEm toda proporção, em que os conseqüentes são diferentes entre si, adiferença dos antecedentes está para a diferença dos conseqüentesassim como cada antecedente está para o seu. conseqüenteUtilizando símbolos matemáticos, temos:

dc

dbca

ba

dbca

dc

ba

=−−

=−−

⇒=

(p. 168-170)

Um dos exemplos é: “Observe o seguinte: da proporção 46

23 = decorre

23

4263 =

−− , ou seja,

23

23 =

−− , ou ainda,

46

4263 =

−− , ou seja,

46

23 =

−− ” (p.170).

Logo em seguida, nas seções “Exercícios” e “Exercícios Complementares”,

exercícios tal como:

“55. Determine m e n na proporção 24n

72m = , sabendo que m – n = 6” (p.170).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá resolver aplicando a

propriedade adequada ou de outra forma sem ser esta.

Alguns problemas fazem parte dos 15 exercícios disponibilizados, como

por exemplo: “O sr. Osório é 45 cm mais alto do que seu filho e a razão entre

suas alturas é 4/3. Qual é a altura de cada um?” (p.171).

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Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa relacionar as alturas,

identificando que uma delas é 45 cm maior, em seguida escrever uma

proporção entre as alturas e a razão dada 4/3 e finalmente aplicar a

propriedade fundamental das proporções.

No 7º tópico, “Grandezas e números diretamente proporcionais”, encontra-

se na introdução ao conceito, uma consideração sobre a razão entre o espaço

percorrido e o tempo gasto no percurso Com esta razão, o autor estabelece

igualdade entre ela e seu dobro, triplo etc. Logo a seguir, generaliza o conceito de

grandezas diretamente proporcionais numa caixa de texto com as seguintes

frases: “Duas grandezas são diretamente proporcionais quando, aumentando-se

uma delas, a outra aumenta na mesma razão da primeira” (p.172).

Usando os mesmos valores, o autor, após escrever novamente as razões,

coloca-as em forma de sucessão, partindo logo a seguir para uma forma geral

literalmente. Em uma caixa texto escreve: “a, b, c, d, e, ... são números

diretamente proporcionais a a’, b’, c’, d’, e’, ... quando:

......e'e

d'd

c'c

b'b

a'a ===== ” (p.172).

Conservando o mesmo critério empregado nos itens anteriores, nas seções

Exercícios e Exercícios complementares, ele disponibiliza uma série de 12

problemas, sendo um deles com o seguinte enunciado: “74. Reparta 240 em

partes diretamente proporcionais a 2, 3, 5 e 10” (p.173).

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Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno aplica a definição de sucessões

mobilizando seus conhecimentos de incógnitas e das propriedades das

proporções.

Para o 8º tópico, “Grandezas e números inversamente proporcionais”, o

autor descreve o conceito do mesmo modo que no item anterior e o introduz com

o seguinte texto:

Quando um automóvel percorre um certo espaço num determinadotempo, definimos velocidade média da seguinte forma:

média velocidadepercurso no gasto tempo

percorrido espaço= , ou seja:

espaço percorrido = velocidade média X tempo gasto no percurso.(p.173)

Logo em seguida, um exemplo com números é disposto do mesmo modo.

Na caixa de texto, para conceituar este item, disponibilizou o seguinte

texto: “Duas grandezas são inversamente proporcionais quando, aumentando-se

uma delas, a outra diminui na mesma razão da primeira” (p.174).

Quanto à caixa de texto da sucessão numérica, esta tem os seguintes

dizeres: “a, b, c, d, e, .... são números inversamente proporcionais a a’, b’, c’, d’,

e’, .... quando axa’= bxb’= cxc’= dxd’= exe’= ..., ou seja,

....

e'1e

d'1d

c'1c

b'1b

a'1a ===== .(p.174).

Na seção “Exercícios” e “Exercícios Complementares”, 11 problemas são

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propostos. Os de números 77 e 81 envolvem velocidade média e tempo. Os

demais exercícios destas seções têm enunciados tais como: “79. Divida o número

81 em partes inversamente proporcionais a 4 e 5” (p.174).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa aplicar a definição de

divisão de grandezas inversamente proporcionais e mobilizar seus

conhecimentos sobre operações com números racionais escritos na forma

de fracionária.

O problema 87 tem o seguinte enunciado:

A Federação de Futebol resolveu distribuir um total de Cz$ 44 000,00para premiar os 3 jogadores mais disciplinados do campeonato. Oprêmio para cada jogador foi inversamente proporcional ao número deexpulsões que ele teve no campeonato. Foram premiados os jogadores:Djalma, com uma única expulsão, Ademir com duas expulsões e Cláudiocom três expulsões. Qual o prêmio que cada jogador recebeu?

(p.175).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá escrever os dados

conforme modelo anterior, mobilizar seus conhecimentos com operações

de números racionais fracionários e resolver o solicitado.

O 9º tópico, “Regra de três simples”, foi introduzido com o seguinte

problema: “Um automóvel percorre 160 km em 2 horas. Mantendo a mesma

velocidade média, quantos quilômetros percorrerá em 5 horas?” (p.175).

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Um outro problema é resolvido como exemplo, e também envolve

velocidade média, para exemplificar as grandezas inversamente proporcionais. O

enunciado do problema tem em seu enredo: velocidade média e o tempo gasto

para um certo percurso. A pergunta é a seguinte: se aumentar a velocidade

média, quantas horas serão gastas para percorrer o mesma distância?

Continuando neste item, o autor descreve a resolução dos dois problemas

anteriores em uma seção que denominou “regra prática”. Nela, ele mostra o uso

de flechas como artifício para a interpretação de problemas em geral, usando os

dois exemplos dados. Um é da forma de problema que envolve grandezas

inversamente proporcionais. Para resolvê-lo, o autor usou fechas como um

recurso para comparar as grandezas, comentando que as flechas são

discordantes e logo a seguir, inverteu a razão que tem como conseqüente a

incógnita x, aplicou a propriedade fundamental das proporções e calculou a

resposta.

Nas seções “Exercícios” e “Exercícios Complementares”, quinze problemas

são propostos, os de números 88 à 102. Nos exercícios de números: 88, 89, 94,

95 e 102, velocidade média e tempo são comuns em seus textos.

Nos problemas 90 e 96, o autor usou um texto sobre pontos feitos por um

jogador e número de partidas de basquete. Os problemas de números 91 e 98

envolvem como variáveis, o número de homens e dias trabalhados. Os problemas

de números 92 e 100 envolvem número de torneiras e tempo em minutos. “Se 12

bastões de cola custam Cz$ 102,00, quanto custarão 31 bastões?” (p.177), assim

configura-se o texto do problema 93.

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Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa mobilizar o conceito de

regra de três com grandezas diretamente proporcionais e resolver uma

equação.

O problema 97 compõe-se das medidas dimensões de um terreno em

metros sendo comparadas com as dimensões no desenho (em centímetros). O

problema 99 tem o seguinte texto: “Um relógio adianta 40 segundos em 3 dias.

Quantos minutos adiantará em 27 dias?” (p.178).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. Depois do aluno aplicar o conceito de

regra de três simples com grandezas diretamente proporcionais e precisará

disponibilizar seu conhecimento de converter segundos em minutos para

resolver o exercício.

O problema 101 tem o enunciado seguinte:

“Um jornaleiro pagou Cz$ 225,00 por 50 exemplares de determinado jornal. Com

Cz$ 382,50, quantos exemplares o jornaleiro poderia comprar?” (p.178).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisará aplicar o conceito de

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regra de três simples para grandezas diretamente proporcionais e resolver

uma equação. Este problema pode ser resolvido reduzindo-se o número de

jornais a uma unidade.

O 10º tópico, “Proporção com mais de duas razões”, foi introduzido por

meio de um problema, cuja solução foi feita em etapas e com representação

geométrica. O enunciado e solução do exemplo podem ser observados a seguir:

Um terreno de 8 m de frente por 30m de fundo custa Cz$ 12000,00. Nomesmo loteamento, quanto custará um terreno de 16m de frente por 90m de fundo?Vamos representar o terreno menor através do seguinte desenho:

Resolvemos o nosso problema em duas etapas.1ª etapa: Mantendo a medida 30m de fundo, vejamos quanto custará umterreno intermediário de 16 m de frente. É fácil ver que este terreno éformado por dois terrenos de 8m por 30m. Então o preço do terreno é odobro do preço do terreno menor, ou seja, 2 . Cz$ 12 000,00 = Cz$24 000,00.Observe que, mantendo a medida de fundo constante, os preços são

diretamente proporcionais às medidas de frente: 882

12000120002 ⋅=⋅

2ª etapa: mantendo agora a medida 2 8m = 16 m de frente, vejamosquanto custará o terreno maior, de 90m de fundo. É fácil ver que estenovo terreno é formado por três terrenos de 16m por 30m. Então o preçodo terreno maior é o triplo do preço do terreno intermediário, ou seja, 3.2.Cz$ 12 000,00 = 6.Cz$ 12 000,00 = Cz$ 72 000,00.Observe que, mantendo a medida de frente constante, os preços são

diretamente proporcionais às medidas de fundo: 30303

1200021200023 ⋅=

⋅⋅⋅ .

Veja agora o esquema que relaciona os terrenos maior e menor:

30303

fundo

8

82frente

12000

120006preço

menor terrenomaior terreno ⋅⋅⋅=

Observe que neste último caso, em nenhuma das três grandezas foimantida constante, temos as seguintes conclusões: - Os preços não são diretamente proporcionais às medidas de frente; - Os preços não são diretamente proporcionais às medidas de fundo; - Os preços são diretamente proporcionais aos produtos das medidas

de frente pelas medidas de fundo: 308

3038212000120006

⋅⋅⋅⋅=⋅ .

(p.178-180)

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Após estas conclusões, a seguinte propriedade foi então enunciada: “Se, fixando

C, A é diretamente proporcional a B e se fixando B, A é diretamente proporcional

a C, então A é diretamente proporcional ao produto de B por C” (p.180).

Nas seções “Exercícios” e “Exercícios Complementares”, têm-se os

problemas de números 103 ao 111. Os problemas 103, 107 e 108 têm enunciados

semelhantes ao do exemplo dado na introdução do tópico. Os problemas 104 e

109 envolvem as variáveis dimensões e valor de um tecido. Os problemas 105,

106, 110 e 111 têm enunciados semelhantes. O enunciado do problema 110 é o

seguinte:

“Um automóvel percorre um espaço de 750 km. Quanto percorrerá, se dobrarmos

a sua velocidade média e reduzirmos à terça parte o tempo de percurso?” (p.181).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá utilizar seu

conhecimentos sobre espaço, velocidade média, múltiplos e submúltiplos e

de grandezas inversamente proporcionais.

No tópico 11, “Regra de três composta”, o autor complementa a introdução

feita no tópico anterior, “Proporção com mais de duas razões”, descrevendo uma

regra prática para facilitar a resolução de problemas. Por exemplo:

1º problema:Um operário ganha Cz$ 600,00 trabalhando 10 h por dia durante 15 dias.Quanto ganharia, se trabalhasse 8 h por dia durante 20 dias?Vamos chamar de x o valor desconhecido.De maneira semelhante à usada na regra de três simples, temos: quantia horas por dia dias1ª situação 600,00 10 152ª situação x 8 20

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Agora colocamos uma flecha em qualquer sentido (por exemplo, parabaixo), ao lado da coluna que contém o x.Mantendo o número de dias fixo, a quantia recebida pelo operário serádiretamente proporcional ao número de horas, que ele trabalha por dia;colocamos então, na 2ª coluna, uma flecha concordante com a primeira.Mantendo o número de horas por dia fixo, a quantia recebida pelooperário será diretamente proporcional ao número de dias trabalhados;colocamos então, na 3ª coluna, uma flecha concordante com a primeira.Teremos então:

Quantia horas por dia dias1ª situação 600,00 10 152ª situação X 8 20

Em seguida, montamos uma produção igualando a razão, que contém x,com o produto das outras razões, mantendo a disposição dos números;teremos:

2015

810

x600,00 ⋅=

E, finalmente, resolvendo a proporção, encontramos:

22015

810

x600,00 ⋅=

15x = 600,00.8.215x = 9600,00

159600,00x =

x = 640,00Logo, se trabalhasse 8 h por dia, durante 20 dias, o operário ganhariaCz$ 640,00 (p. 182).

O segundo exemplo foi resolvido usando-se a mesma regra, no entanto

houve a necessidade de inverter uma das razões, pois a flecha correspondente a

esta razão é discordante daquela que contém a incógnita.

Nas seções “Exercícios” e “Exercícios Complementares”, 9 exercícios em

forma de problema foram propostos. Os de números 112, 113, 116 e 120 têm

como variáveis: operários, horas trabalhadas por dia e número de dias.

Os problemas de números 115 e 119 envolvem as mesmas variáveis, gato

e rato, isto é, o enunciado do 115 é: “Um gato e meio come um rato e meio em

um minuto e meio. Em quanto tempo um gato come dois ratos?” (p.183).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

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• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisa dispor de seu

conhecimento de abstração para poder organizar os dados do problema e

aplicar o conceito de proporções com mais de duas razões.

considerações: O enunciado com texto fora da realidade, ou seja, “um gato e

meio”, “um rato e meio” não correspondem a situações possíveis de serem

vivenciadas.

O problema 114 tem os seguintes dizeres: “Para revestir um muro de 16 m

de comprimento e 2,5 m de altura, usamos 84 kg de reboco. Quantos quilos de

reboco devemos usar para revestir um outro muro de 25 m de comprimento e 2 m

de altura? (p.183).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deverá resolver este exercício

aplicando conceito de regra de três composta e resolver uma equação.

O tópico 12, “Porcentagem”, inicia-se com a seguinte definição: “Uma

fração em que o denominador é 100 chama-se porcentagem” (p.184). Um

exemplo é dado na forma de fração centesimal, na forma de taxa porcentual, na

forma de número decimal e como se lê o número escrito na forma de taxa

porcentual. O exemplo é:

Uma fração em que o denominador é 100 chama-se porcentagem. Umafração. Por exemplo, como 100

37 , é uma porcentagem e pode também

ser indicada por 37%, que se lê trinta e sete por cento

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Observe que:

0,3737%10037 ==

A forma de representação 10037 chama-se fração decimal.

A forma de representação 37% chama-se taxa porcentual.A forma de representação 0,37 chama-se numeral decimal (p.184).

Nas seções “Exercícios” e “Exercícios Complementares”, 30 exercícios são

propostos, sendo que 16 deles envolvem situações-problema. Por exemplo, o de

número 134, enuncia-se: “Em março, João pagou 40% de uma dívida, em abril

pagou 25% da mesma dívida e ainda ficou devendo Cz$ 280,00. Qual era o valor

total da dívida de João?” (p.185).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá resolver este problema

por métodos não previstos, por exemplo, subtrair de 100% a soma das

porcentagens já pagas, dividir 280 por esta porcentagem e o resultado

multiplicar por 100, obtendo com estas operações a solução esperada e

sempre aplicando o conceito de porcentagem.

Os enunciados dos exercícios de números 121, 122, 123, 124, 125, 135,

136, 137, 138 e 139 solicitam a transformação em taxa porcentual ou fração

centesimal ou numeral decimal. Os demais são semelhantes ao problema de

número 134, anteriormente descrito.

O autor encera este capítulo com o tópico 13, “Juros Simples”, iniciando-o

com o problema abaixo, que foi resolvido detalhadamente, com objetivo de

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deduzir a fórmula do juros simples j = c.i.t.

Quando pedimos emprestado a um banco a quantia de Cz$ 50.000,00 àtaxa de 9% ao mês, depois de 1 mês, devemos devolver ao banco osCz$ 50.000,00 acrescidos de um “aluguel”, que pagamos ao banco pornos ter emprestado o dinheiro. Este “aluguel” é calculado pela taxa de9% de Cz$ 50.000,00, ou seja:

1009

.50000,00 = 4500,00

Portanto, devemos pagar de “aluguel” ao banco Cz$ 4500,00.A quantia solicitada ao banco, Cz$ 50000,00 no nosso caso, é chamadade capital, e representada pela letra c.A taxa que o banco cobra, 9% ao mês no nosso caso, é representadapela letra i.E o “aluguel” pago ao banco, Cz$ 4.500,00 no nosso caso, é chamadode juros simples, e representado pela letra j.Então, como você pode observar, depois de 1 mês, o juro simples écalculados através da fórmula:

j = i . cou, usando a propriedade comutativa da multiplicação, j = c . i.Observe agora que se mantivermos o capital de Cz$ 50.000,00 à taxa de9% ao mês, mas dobrarmos o tempo de “aluguel” para 2 meses,evidentemente os juros simples dobrarão: j = c . i . 2.Da mesma maneira, se mantivermos o capital de Cz$ 50.000,00 à taxade 9% ao mês, mas triplicarmos o tempo inicial de “aluguel” para 3meses, evidentemente os juros simples iniciais triplicarão: j = c . i . 3.E ainda, se mantivermos o capital de Cz$ 50.000,00 à taxa de 9% aomês, mas estendermos o tempo de “aluguel” para 1 ano (ou seja, 12meses), evidentemente os juros simples iniciais ficarão multiplicados por12: j = c . i . 12.De uma maneira geral, um certo capital c, emprestado á taxa i, duranteum tempo t, acarreta juros simples j, assim: j = c . i . t .Observação: Na fórmula anterior, i é uma taxa porcentual que se refere aum período de tempo, que deve estar na mesma unidade que t. Noúltimo exemplo, em que i = 9% ao mês, usamos na fórmula t = 12 mesese não t = 1 ano (p.186).

Os exercícios propostos têm enunciados semelhantes ao do exemplo

acima. No entanto, o que muda em cada um deles é a incógnita, isto é, nos de

números 151, 152, 153, 157, 158, 159, 160 e 161, é o valor do juro simples a

incógnita, já nos de números 154 e 163, a incógnita é o prazo. Nos de números

155 e 164, a incógnita é a taxa porcentual e, os de números 156 e 165, a

incógnita é o capital. O problema 162 tem o seguinte enunciado:

“Pedi emprestado Cz$ 80.000,00 a um banco, à taxa de 7,5% ao mês. Ao

fim de 15 meses, quanto devolvi ao banco?” (p.187).

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Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa verificar se a taxa e o

tempo estão expressos na mesma unidade de medida, decidir se usará a

taxa de juros na forma decimal ou fracionária, substituir os valores na

fórmula e calcular o resultado dos juros para, logo em seguida, somar este

valor ao capital inicial e obter o valor a ser devolvido ao banco.

Na seção “Revisão”, 18 exercícios envolvendo todos os itens sobre os

conteúdos razão e proporção são propostos. O enunciado do exercício 166

apresenta uma escala, a medida de um segmento e pede o tamanho real. O de

número 167 fornece o tamanho de um segmento, a escala e pede o tamanho no

desenho. Os exercícios 168 e 169 têm a velocidade média, tempo e espaço em

seus textos. Os exercícios 170 e 171 pedem para determinar o valor de x numa

proporção.

O exercício 172 apresenta 4 proporções e pede para dizer qual delas é

contínua.

O exercício 173 tem como objetivo indicar qual afirmativa é falsa, dada a

proporção dc

ba = , com b ≠ 0 e d ≠ 0. Os exercícios 174, 175, 176 envolvem o

conceito de sucessões direta ou inversamente proporcionais. Disponibilizamos

cópia da página do livro que contém os exercícios de número 178 ao 183 na

página a seguir:

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(p.189)

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício 178:

disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. Ao interpretar o problema, o aluno

disponibilizará o conceito de grandezas inversamente proporcionais. Daí

então, ele poderá resolver o problema de várias formas, ou seja, aplicar

métodos não previstos, como por exemplo, multiplicar 3h por 60 km/h

encontrando com esta operação a distância da viagem, logo a seguir dividir

este valor por 80 km/h obtendo o tempo gasto na viagem e por fim calcular

a diferença deste valor com as 3 horas previstas inicialmente para então

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finalmente responder as duas perguntas.

Analisando:• Nível de conhecimento esperado nos enunciados dos exercícios 179, 180

e 183: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar os exercícios em

relação às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deverá escrever a razão

correspondente à figura e mobilizar seu conhecimento do conceito de

porcentagem para encontrar a resposta dos exercícios.

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício 181 e 182:

técnico.

• Níveis de conhecimento necessários para solucionar o exercício em

relação às noções utilizadas: técnico. O aluno aplica diretamente o

conceito de porcentagem.

Análise Parcial: Este livro apresenta pouquíssimos exemplos e nenhum exercício

resolvido. A teoria dos assuntos referentes aos conteúdos Razões e Proporções é

feita, na maioria das vezes, por intermédio de situações-problema que são

resolvidas em detalhes servindo de modelo para a seção “Exercícios”. Esta seção

acredito ser reservada para o trabalho do professor em sala de aula, pois não há

respostas para os exercícios que apresenta. Já a seção “Exercícios

Complementares” parece reservada para a tarefa de casa, isto é, exercícios

propostos para o aluno, pois as respostas estão nas páginas 215-216. Não há

demonstrações de propriedades e nem pede que se faça demonstrações nos

exercícios. Quanto à variável “Nível de conhecimento esperado no enunciado do

exercício”, o nível disponível foi o mais freqüente, seguido pelo nível técnico. O

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nível mobilizável e técnico tem igual figuração, já o nível disponível tem uma

expressiva figuração. Na variável “Nível de conhecimento necessário para

solucionar o exercício em relação às noções utilizadas”, o mobilizável aparece

com freqüência superior aos outros níveis, havendo equilíbrio entre os níveis

técnico e disponível.

4.3 Livro dos anos 2000

No livro da 6ª série, da coleção Matemática na Medida Certa, editora

Scipione, 8ª edição, 2003, os autores Marília Centurión, José Jakubovic e Marcelo

Lellis sistematizam o livro em sete capítulos. O capítulo 3, “Equações”, antecede e

o capítulo 5, “Geometria”, sucede o capítulo 4, “Razões, proporções e

porcentagens”.

O conteúdo “Razões” inicia-se na página 152, parágrafo 1, com o seguinte

texto: “Vamos estudar uma maneira de comparar quantidades. Logo você verá

que esse é um dos assuntos da matemática mais utilizados na vida diária”. Para

desenvolver o conceito, eles criaram a seguinte situação-problema: “Imagine esta

situação: você tem R$ 18,00 e eu tenho R$ 6,00. Podemos comparar essas

quantias com uma divisão: 18:6 = 3”. A partir daí, fazem comentários sobre essas

quantidades sempre usando o conceito de razão como fator de interpretação.

Depois da exploração numérica, tem-se a seguinte definição: “Dados dois

números, a e b, com b diferente de zero, a razão de a para b é o quociente da

divisão a:b”(p.152). Tem-se a seguir as três maneiras de se escrever a razão

entre dois números.

Em destaque numa caixa de texto, vem a seção “Você sabia?” com o

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seguinte texto: “A palavra razão vem de ratio, que em latim significa divisão. Daí

vêm, por exemplo, as palavras rateio (de um prêmio) e racional. Número racional

é o que se pode representar por uma divisão de inteiros” (p.152).

Com o subtítulo, “Razões Inversas”, outro texto é apresentado: “Ao

escrevermos uma razão, devemos prestar atenção na ordem em que a

comparação é feita. Por exemplo: Tio Patinhas tem 4,5 milhões de dólares e seu

principal concorrente só tem 3 milhões de dólares” (p.153) originam duas razões,

uma usando o valor da fortuna do tio Patinhas como antecedente e o valor da

fortuna do seu concorrente como conseqüente, a outra usando o valor da fortuna

do concorrente como antecedente e o valor da fortuna do tio Patinhas como

conseqüente.

A solução é então disponibilizada, as razões são comparadas e definidas

como razões inversas. Logo a seguir, o seguinte texto encerra este item: “Uma

razão é a razão inversa de outra quando o produto das duas dá 1” (p.153).

Outro item, com o título: “Aplicação das razões” é desenvolvido utilizando-

se situações-problema como exemplo:Márcia decidiu: a razão entre suas horas de estudos e as de descansoserá de 2/5! Aí, ela estudou 3 horas sem parar. Quantas horas poderá,então, descansar?Vamos chamar de x essas horas de descanso. Sabemos que a razãoentre o tempo de estudo e o de descanso é de 2/5. Isso significa que:

5

2

x

3 : Assim

5

2

descanso de tempo

estudo de tempo==

Agora, temos uma equação na incógnita x. Para resolve-la, vamos usara multiplicação em cruz:

532x52

x3

⋅=⇒= Portanto, 2x = 15 Então, x = 7,5

Então, Márcia poderá descansar 7 horas e meia (p.153).

Na página seguinte tem-se cópia da seção “Atividades”:

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(p.154-155)

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado nos enunciados dos exercícios 1, 2, 7 e

9: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar os exercícios em

relação às noções utilizadas: mobilizável. O aluno aplica o conceito de

razão e mobiliza seus conhecimentos de simplificar e converter números

racionais (fração para decimal). No 9, descobrindo a razão entre as

massas e os valores, uma subtração define o sabão mais barato.

Analisando:• Nível de conhecimento esperado nos enunciados dos exercícios 3, 4, 6 e

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8: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar os exercícios em

relação às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deve aplicar a definição

de razão e mobilizar seus conhecimentos de acordo com o exemplo dado

anteriormente.

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício 5: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá aplicar o conceito de

igualdade entre razões, pois existem outras formas de resolve-lo.

Na seção “Pensando em casa”, tem-se 7 problemas contextualizados, por

exemplo o de número 16, (cópia disponível a seguir):

(p. 156)

Analisando:

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• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Para a solução deste exercício o aluno

deverá mobilizar seu conhecimento do conceito de taxa e aplicar a

definição de razão.

Na seção “Desafios e surpresas”, o seguinte desafio foi lançado: “A razão

entre os números a e b é 1,6. Também na forma decimal, escreva a razão entre b

e a” (p.156).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno escreve a igualdade entre a

razão de a para b e iguala ao número 1,6, a seguir mobiliza seus

conhecimentos de números racionais e equações e resolve o desafio.

No 2º tópico, com o título “Escalas”, os autores disponibilizaram uma

gravura com a figura de um desenhista debruçado em sua prancha de desenho e

ao lado uma planta de um escritório. Logo abaixo o texto: “Para retratar o

escritório sem distorções, a planta é feita cuidadosamente. Nesse caso, todos os

comprimentos reais foram divididos por 400” (p.157). Depois, o desenho foi feito

com as medidas obtidas nessas divisões que serviram de argumentos para a

definição de escala. Na generalização do conceito, o texto teve os seguintes

dizeres: “Na escala 1:n, tem-se: n1

real .compdesenho no rimentocomp = ” (p.157). A seguir

dois exemplos com resolução nos quais estão indicados com os produtos dos

meios e dos extremos Por exemplo: “ n1

real comp.desenho no ocompriment =

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n1

2004:então = . Portanto, n = 50. A escala é 1:50” (p.158).

Na seção de Atividades, seis problemas são propostos com soluções

semelhantes aos exemplos dados. O problema 17 tem o seguinte texto: “A planta

de uma casa está na escala 1 : 50. Um comprimento de 8 cm na planta

corresponde a quantos metros na realidade?” (p.158). O desenho da planta da

casa vem logo após o texto.

(p. 158)

No problema 18, são fornecidos o comprimento de um terreno e o

comprimento correspondente na planta e pede-se para calcular a escala. No

problema 19, é apresentada a escala do desenho e pede-se para identificar se é

um gato ou uma onça e o comprimento do animal. No problema 20, são

disponibilizados o comprimento de uma sala, a escala do desenho e pede-se para

calcular a medida da sala no desenho. O problema 21 tem o seguinte enunciado:

“Um menino tem 1,60 m de altura. Vou desenhá-lo na escala 1:10. No desenho, a

altura dele terá quantos centímetros” (p. 158).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. A aluno precisa mobilizar seu

conhecimento de igualdade entre razões aplicar o conceito de escala.

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Na seção “Pensando em casa”, mais seis problemas são propostos. Por

exemplo, o problema 27 está assim enunciado:

A frente de uma casa tem 10 m de comprimento e 3 m de altura. Voudesenha-la em uma folha do mesmo tamanho que a folha deste livro.a) Se eu usar a escala 1 : 20, o desenho caberá na folha?b) E se eu usar a escala 1 : 10?

(p.159)

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deve medir os comprimentos da

folha e daí decidir como fazer os cálculos para obter a resposta. Por

exemplo, ele pode medir a largura da folha do livro e multiplicar este valor

por 20 e 10, converter para metros. Com esta atitude, ele terá a resposta

para os dois itens.

O 3º tópico, “Proporções”, foi assim introduzido (figuras abaixo):

(p.160)

Relacionando as duas razões entre o comprimento e a altura do cavalo, é

determinada a diferença entre o quociente das duas razões e concluem que

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fazendo assim provoca-se uma desproporção. A seguir, propõe como deveriam

ter sido feitos os cálculos. A conclusão “quando os desenhos são proporcionais,

as razões são iguais” é disponibilizada e a definição de proporção é dada na

seqüência com o seguinte texto: “Proporção é uma igualdade entre duas razões.

Lê-se a proporção dc

ba = deste modo: a está para b assim como c está para, ou

então, a e b são proporcionais a c e d ” (p.161).

Na página seguinte, dois exemplos numéricos antecedem à propriedade

fundamental das proporções, assim descrita:

Considere a proporção: dc

ba =

Nela, podemos usar a multiplicação em cruz:

dc

ba

= Assim: ad = bc

Como essa propriedade é uma característica de qualquer proporção,podemos utilizá-la para verificar se certos números formam ou não umaproporção (p.162).

Dois exemplos numéricos são dados precedendo a seção “Aplicação das

proporções”. Nesta seção, um problema utilizando litros de álcool e litros de

gasolina é resolvido como exemplo. O texto é assim descrito: “Uma indústria

prepara combustível, utilizando álcool e gasolina em quantidades proporcionais a

3 e 7. Com 3600 litros de álcool, quantos litros de gasolina devem ser

misturados?” (p.162).

Nas seções “Atividades” e “Pensando em casa”, dezessete exercícios são

propostos, sendo 8 deles em forma de problema envolvendo geometria e contexto

do cotidiano. Por exemplo, o de número 33, tem o seguinte enunciado: “Para

fazer um refresco de caju, misturamos suco concentrado e água, na proporção de

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2 para 5. Então, com quantos copos de água devem ser misturados em 3 copos

de suco concentrado?” (p.163).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deve aplicar a definição de

proporção. Mobilizar a propriedade fundamental das proporções e

adicionar a quantidade de concentrado para obter o novo denominador.

Na seção “Desafios e surpresas”, um problema do livro de Malba Tahan é

proposto. Malba Tahan é o pseudônimo de um professor de matemática

brasileiro, autor de livros interessantes, cheios de problemas surpreendentes. A

idéia deste problema vem de um de seus livros:

No deserto, um matemático e seu amigo socorrem um viajante quemorria de fome. O matemático tem 5 pães e o amigo tem 3. Eles juntamos pães, dividem em três partes iguais e cada um come 8/3 atéchegarem em uma cidade.O viajante era, na verdade, um rico príncipe. Para recompensar seussalvadores, deu 5 barras de ouro ao matemático e 3 barras de ouro aoamigo do matemático, dizendo:- Essas recompensas são proporcionais ao que vocês me deram.- Então, o senhor se enganou, disse o matemático. Essas recompensassão proporcionais ao que tínhamos, e não ao que lhe demos.O matemático tem razão. O amigo dele tinha 3 pães e comeu 8/3, e issoé quase 3. Ou seja, ele não deu quase nada ao príncipe! Se asrecompensas fossem proporcionais ao que o matemático e o amigoderam ao príncipe, quanto cada um deles receberia? (p.165).

Na página seguinte (do livro), na seção “Ação sobre Razões e Proporções”,

uma atividade em dupla é solicitada. Esta atividade envolve recortes de revistas

ou fotos, com os quais os alunos terão, depois de colar num papel quadriculado,

reproduzí-las em tamanho maior.

No tópico 4, “Grandezas direta e inversamente proporcionais”, figuras

geométricas, isto é, cubos representando reservatórios de água, complementam a

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figura de um menino manipulado uma torneira e o seguinte texto descreve a

situação: “Abre-se uma torneira e ela começa a encher o reservatório mostrado

nas figuras. De tempos em tempos, mede-se a altura da água” (p.167). Os dados

são colocados em uma tabela e usados como exemplo numérico para o

desenvolvimento do conceito de grandezas diretamente proporcionais. Já para as

grandezas inversamente proporcionais, foi usado “prêmio da loteria esportiva”

como variável e o problema tem o seguinte texto: “Dessa vez, o prêmio da loteria

esportiva será de R$ 1.200.000,00. Ele será dividido pelo número de acertadores”

(p.168).

No exemplo 1, as grandezas tempo e comprimento fizeram parte do

problema. Nele, um reservatório está sendo abastecido por uma torneira e a

altura da água é medida a cada 15 minutos. Portanto as razões entre os tempos

são igualadas às razões entre as alturas, respectivamente, dos cubos

representativos do reservatório depois de cada intervalo de 15 minutos de modo

que a simplificação das duas razões gerem uma mesma razão.

A solução do problema foi descrita de forma detalhada e, ao final, há a

seguinte consideração: “Há situações em que grandezas variam sempre na

mesma razão. Neste caso, as grandezas são diretamente proporcionais” (p.167).

No exemplo 2, números de ganhadores e rateio de loteria esportiva são

relacionados em uma tabela formando sucessões inversamente proporcionais,

pois a razão entre os números de ganhadores e o rateio da loteria esportiva indica

que aumentando o número de ganhadores, diminui o valor que cada um receberá.

Esta situação foi pormenorizada em detalhes e, ao final, há a seguinte

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consideração: “Há situações em que duas grandezas variam sempre uma na

razão inversa da outra. Neste caso, as grandezas são inversamente

proporcionais” (p.169).

Nas seções “Atividades” e “Pensando em casa”, 13 problemas são

propostos. Por exemplo: no problema 47, há o seguinte texto: “O tempo

necessário para encher um tanque de água é direta ou inversamente proporcional

à vazão da torneira?” (p.170).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: técnico. O aluno só precisa saber o conceito de

grandezas inversamente proporcionais.

O problema 48 apresenta uma tabela com número de pintores e tempo em

dias e três perguntas dissertativas são solicitadas em relação às razões que são

formadas com o dados disponíveis. (p.170). No problema de número 49, o

contexto relaciona duas grandezas, A e B, uma tabela com os valores 12 e 300,

36 e 100, 48 e 75, respectivamente, e a pergunta é: “As grandezas A e B são

direta ou inversamente proporcionais? Justifique sua resposta” (p.170).

O problema 50 tem o seguinte enunciado:

Suponha que todas pessoas tenham apenas notas de R$ 10,00.a) Alice tem o dobro de notas de Bruna. Terá também o dobro dodinheiro?b) Bruna tem o triplo de notas de Carla. Terá também o triplo dodinheiro?c) Nessa situação, a quantia que cada pessoa tem é direta ouinversamente proporcional ao número de notas (p.171).

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Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Basta o aluno mobilizar seu conheci-

mento de múltiplos e o conceito de grandezas diretamente proporcionais.

Ainda neste item, na seção “Pensando em casa”, tem-se o problema 53

(cópia reduzida a seguir):

(p.171)

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisará ler os dados do

problema, mobilizar seus conhecimentos e aplicar o conceito de grandezas

diretamente proporcionais, pois a tabela dá indicação da resposta.

O 5º tópico, “Regra de três simples”, tem como introdução a seguinte

situação-problema para “grandezas diretamente proporcionais”:

Imaginando uma máquina que produz parafusos, podemos supor que,duplicando-se o tempo de funcionamento da máquina, duplicará aprodução de parafusos; triplicando-se o tempo, triplicará a produção, etc.Portanto, a produção da máquina é diretamente proporcional ao tempodo seu funcionamento (p.173).

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A seguir, uma tabela com as variáveis tempo (horas) e produção (peças) é

fornecida. Ao lado, a seguinte igualdade é estabelecida: 10060

53 = . Estes dados

estão dispostos na tabela, sendo a primeira razão referente às horas e a segunda,

referente à produção das peças.

Para as “grandezas inversamente proporcionais”, a situação-problema é a

seguinte:

Imagine agora que a fábrica deva produzir uma certa quantidade deparafusos. Podemos supor que, duplicando o número de máquinas, afábrica produzirá a quantidade desejada na metade do tempo; triplicandoo número de máquinas, isso será em um terço do tempo. Portanto, otempo de produção é inversamente proporcional ao número demáquinas (p.173).

A seguir, uma tabela com as variáveis, número de máquinas e tempo em

horas é fornecida. A primeira linha indica o par 2 e 180 e a segunda, o par 4 e 90.

Logo abaixo, um comentário é feito sobre o motivo de não se pode formar uma

proporção do modo como os valores estão expostos. A partir daí, após a

justificativa, os valores da segunda coluna foram invertidos e a proporção foi

assim descrita: 18090

42 = .

Dando continuidade ao desenvolvimento desse parágrafo, os autores

inseriram o item “Problemas de regra de três” e nele dispuseram dois exemplos.

O primeiro exemplo exibe uma foto de uma empresa eletrometalúrgica em junho

de 2001 mostrando trabalhadores exercendo suas funções.

Outro problema é assim composto: “Em 5 horas, uma máquina produz 120

peças. Quantas peças ela produzirá em 8 horas?” (p.174). A solução é indicada

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na seqüência. Nela, os autores organizaram uma tabela contendo três linhas e

duas colunas. A primeira coluna foi reservada para a grandeza tempo (horas) e a

segunda para produção (peças) Os dados do problema foram distribuídos de

forma adequada e a letra x foi usada como incógnita. Antes de formar a proporção

entre as razões das duas variáveis, o seguinte comentário foi feito: “Nesse caso,

se duplicarmos o tempo, a produção duplicará; se triplicarmos o tempo, a

produção triplicará. As duas grandezas são diretamente proporcionais” (p.174). A

seguir, a proporção foi descrita de forma detalhada, foi resolvida e a resposta “em

8 horas, a máquina produzirá 192 peças”, finalizou este exemplo.

O exemplo 2 tem como variáveis velocidade (km/h) e tempo (horas) no

seguinte texto “Numa velocidade média de 80 km/h, fiz uma viagem em 14 horas.

Se a velocidade fosse de 70 km/h, em quanto tempo eu faria essa viagem?”

(p.175) Há uma foto de um automóvel na rodovia Régis Bittencourt, em janeiro de

1993 acompanhando o problema. Os autores organizaram uma tabela com os

dados do problema e o comentário “Nesse caso, se duplicarmos a velocidade, o

tempo cairá para a metade. Se triplicarmos a velocidade, o tempo cairá para a

terça parte. As duas grandezas são inversamente proporcionais” (p.175). Com

este comentário, conclui-se que uma das colunas deveria ser invertida.

O problema foi solucionado em detalhes com relação às operações

realizadas e a resposta apresentada foi: “A viagem seria feita em 16 horas”. As

seguintes frases: “Nos problemas com grandezas proporcionais, organizamos os

dados numa tabela. Nessa tabela, geralmente conhecemos três valores, e

procuramos descobrir o quarto. Por isso, esse tipo de problema é conhecido como

problema de regra de três” (p.175) e finalizam a parte teórica desta unidade.

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Nas seções “Atividades” e “Pensando em casa”, os autores

disponibilizaram 21 problemas com uma foto ou figura ilustrando cada um deles.

Na seção “Atividades”, o problema 58 solicita o cálculo mental da distância que

uma pessoa percorreu, sendo que esta pessoa usou o dobro da velocidade em

seu carro que uma outra pessoa usou em outro veiculo (p.176).

O problema 61 tem o seguinte texto:

Responda:a) Usando ladrilhos de mesmo tamanho, vou ladrilhar uma parede. O

número de ladrilhos necessários é direta ou inversamenteproporcional à área da parede?

b) Vou percorrer uma distância dando passos de mesmo tamanho. Onúmero de passos que darei é direta ou inversamente proporcionalao comprimento dos meus passos?

c) Alguns pedreiros vão construir um muro. O tempo da construção édireta ou inversamente proporcionar ao número de pedreiros?(p.176).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Basta o aluno mobilizar seu

conhecimento de superfície, para imaginar a quantidade de ladrilhos e

aplicar o conceito de grandezas direta ou inversamente proporcionais.

O problema 63 tem o seguinte texto: “Meu relógio está maluco: em 3 minutos

reais ele marca 5 minutos. Eu disse a minha mãe que, pelo meu relógio, estudei

45 minutos. Na verdade, quanto tempo estudei?” (p.176).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Basta o aluno aplicar a definição de

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proporção e mobilizar seu conhecimento de grandezas diretamente

proporcionais.

O problema 64 foi elaborado com o seguinte texto: “A carga máxima de um

elevador é esta: 7 adultos de 80 kg cada um. Essa carga máxima é de quantos

adolescentes de 56 kg cada?” (p.177).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Basta o aluno aplicar a definição de

proporção e mobilizar seu conhecimento de grandezas diretamente

proporcionais.

No problema 65, os autores disponibilizam uma foto da linha de produção

robotizada em São Bernardo do Campo, SP (1996), logo abaixo o texto: “Em uma

fábrica de automóveis, 8 robôs idênticos fazem um certo serviço em 24 horas. Em

quanto tempo 6 desses mesmos robôs fariam o mesmo serviço?” (p.177).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Basta o aluno aplicar a definição de

proporção e mobilizar seu conhecimento de grandezas inversamente

proporcionais.

O problema 66 é composto das seguintes perguntas: “a) Tirei 6,0 em uma

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prova que valia 8 pontos. Qual seria minha nota se a prova valesse 10?; b) Uma

prova, de nota máxima, tinha 15 questões de igual valor. Eu acertei só 9

questões. Que nota tirei?” (p.177).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Basta o aluno aplicar a definição de

proporção e mobilizar seu conhecimento de grandezas diretamente

proporcionais.

Problema 71 “Com 100 kg de trigo, fabricam-se 65 kg de farinha. Com

quantos quilogramas de trigo são fabricados 260 kg de farinha?” (p.178).

Classificando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno pode aplicar a definição de

proporção, disponibilizar seu conhecimento de grandezas diretamente

proporcionais ou reduzir à unidade para solucionar este problema.

Na lista dos problemas da seção “Pensando em casa”, há problemas (do

73 ao 78) com textos semelhantes aos da seção atividades. Por exemplo: “75. Fiz

uma viagem a uma velocidade média de 80 km/h, em 4 dias. Em quanto tempo

(dado em dias, horas e minutos) eu faria essa viagem se minha velocidade média

fosse de 100 km/h?” (p.179).

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Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deverá mobilizar seu

conhecimento de grandezas inversamente proporcionais e a seguir dispor

os dados do problema na forma de proporção invertendo uma das razões e

depois calcular o valor que torna a proporção verdadeira.

O 6º tópico, “Regra de três composta”, inicia-se com o seguinte exemplo:

“Quarenta operários, em 6 dias, trabalhando 4 horas por dia, conseguem terminar

um serviço. Quantos operários farão o mesmo serviço em 12 dias, se eles

trabalharem 8 horas por dia?” (p.180). A solução deste problema foi descrita

abaixo. Esta descrição faz parte da seção “Recapitulando” do livro:

Veja o que fizemos nesse exemplo. Duas mudanças eram conhecidas: ado número de dias, que passou de 6 para 12, e a do número de horaspor dia de trabalho, que passou de 4 para 8. Elas provocam umaalteração no número de operários necessários para fazer o serviço, quepassa de 40 para y. Na primeira parte, não levamos em conta amudança do número de dias. Assim, temos uma regra de três simples,escrevemos a proporção e calculamos o novo número x de operários.Então, chegamos a uma situação intermediária.Na segunda parte, bastou considerar a mudança que faltava. Assim,obtemos novamente uma regra de três simples, escrevemos a proporçãoe calculamos y, obtendo a resposta do problema. (p. 181-182).

O exemplo 2 foi solucionado com os mesmos procedimentos do exemplo 1.

Seu texto tem os seguintes dizeres: “Em 3 horas, 2 torneiras despejam 2100 litros

de água. Então, em quantas horas 5 dessas torneiras despejam 7000 litros de

água?” (p.182). A resposta é: 5 torneiras despejam 7000 litros em 4 horas.

Na seção “Atividades”, seis problemas são propostos, por exemplo o de

número 79 o seguinte texto e figura:

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Considere a seguinte situação inicial: certo número de robôs, traba-lhando determinado número de horas por dia, faz um serviço em 60 dias.Responda mentalmente:a) O dobro do número de robôs (da situação inicial), trabalhando omesmo número de horas por dia (da situação inicial), faria o serviço emquantos dias?b) O mesmo número de robôs (da situação inicial), trabalhando o triplodo número de horas por dia (da situação inicial), faria o serviço emquantos dias?c) O dobro do número de robôs (da situação inicial), trabalhando o triplodo número de horas por dia (da situação inicial), faria o serviço emquanto tempo?

(p. 183).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. A aluno precisará mobilizar seus conhe-

cimentos de múltiplos, interpretar o exercício e aplicar o conceito de gran-

dezas direta ou inversamente proporcionais e seguir encontrar a resposta.

O problema 80 tem como grandezas velocidade, distância e tempo e as

perguntas são semelhantes às do problema anterior. No problema 81 número de

dias, número de horas por dia e número de peças fazem parte do texto. O

problema 82 envolve números de banhos, tempo no chuveiro e litros de água

gastos por dois irmãos, um deles com apelido de Cascão. O problema 83 tem o

seguinte texto:

Dois carregadores levam caixas de um armazém para outro. Um delesleva 3 caixas por vez e demora 2 minutos em cada viagem. O outro,mais forte e mais vagaroso, leva 7 caixas por vez e demora 5 minutospor viagem. Enquanto o mais fraco leva 180 caixas, quantas leva ooutro? (p.183).

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Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá encontrar a resposta

aplicando métodos não previstos, pois não há indicação das noções que

serão utilizadas. O aluno pode, por exemplo, resolver assim: dividir 3 por 2

e 7 por 5. Com este procedimento, encontra-se o número de caixa por

minuto que cada um carrega. Em seguida, encontra-se o quociente entre o

primeiro e o segundo quocientes das divisões anteriores, multiplica-se este

quociente por 180 e obtém-se a resposta esperada.

O problema 84 propõe:

No parque de diversões, os alunos de minha escola formaram fila parasubir a montanha russa. Em cada carrinho iam 5 alunos e as partidasocorriam de 40 em 40 segundos. A fila acabou em 12 minutos. Calculeem quanto tempo a fila acabaria se em cada carrinho fossem 6 alunos eas partidas ocorressem de 28 em 28 segundos (p.184).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno ao ler o problema poderá colocar

os dados em três colunas aplicando a definição de regra de três composta,

a seguir disponibilizar o conhecimento de grandezas direta ou

inversamente proporcionais, estabelecer a proporção entre as razões e

resolver o problema.

Na seção “Pensando em casa”, mais cinco problemas com textos

semelhantes aos da seção “Atividades” são propostos.

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Na seção “Desafios e surpresas”, dois problemas foram disponibilizados

um deles tem o seguinte enunciado:

D&S3 [...] uma engrenagem tem 28 dentes e a outra, 22. Quando aengrenagem maior dá x voltas, ela faz a menor girar y voltas, no sentidocontrário.a) Calcule x, quando y = 7.b) Os números de voltas x e y das engrenagens maior e menor são

diretamente proporcionais? São inversamente proporcionais a 28 e12? Justifique a sua resposta. (p.184).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisará disponibilizar seus

conhecimentos de sobre incógnitas e grandezas direta ou inversamente

proporcionais, aplicar a definição de proporção e fazer os cálculos para

responder a questão b.

Na seção denominada “Ação sobre regra de três”, tem-se as seguintes

experiências:

Experiências com a bicicleta1 ª parteInicialmente, formam-se grupos de 3 alunos.Cada grupo faz um canudo de papel e, nele, prende um pedaço de linhade 50 cm. A linha é totalmente enrolada no canudo e, em seguida, épuxada da forma que você vê na figura.

O grupo anota a medida de voltas que ele dá enquanto a linha sedesenrola.Repete-se a operação com canudos de outros diâmetros. Por exemplo,com o dobro da medida inicial, um terço dela, etc. Que relação existeentre o diâmetro e o número de voltas que o canudo dá?

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O diâmetro e o número de voltas são diretamente proporcionais?Inversamente? Nada disso? Cada grupo deve se pronunciar sobre aquestão...2ª parteOs grupos desfazem-se e a ação passa a ser feita pela classe, comorientação do professor.Será necessária uma bicicleta de 10 marchas ou mais.Com a corrente assentada no maior dos pinhões da roda traseira, osalunos devem medir (e anotar) a distância que a bicicleta percorredurante uma volta completa do pedal.A seguir, mexendo apenas no comando de ajuste dos pinhões traseiros,assenta-se a corrente no segundo maior pinhão. Novamente, os alunosmedem quanto a bicicleta anda com uma pedalada completa.

Repetem-se as experiências com os outros pinhões traseiros, exceto omenor.Será que a classe descobre uma relação entre as distâncias percorridase os números de dentes dos pinhões traseiros? Calcule que distância abicicleta percorrerá quando a corrente estiver assentada no menorpinhão traseiro.Depois, faça a experiência para confirmar a distância encontrada.E agora, mudando o ajuste dianteiro da corrente, que distância abicicleta percorrerá? A classe deve tentar responder a todas essasperguntas. (p.186-7)

O tópico 7, “Porcentagem”, inicia-se com a seguinte estorinha:

Vou contar como comecei a gostar de matemática. Foi quando ossorvetes aumentaram de R$ 2,00 para R$ 2,70 e meu pai aumentouminha mesada de R$ 25,00 para R$ 32,00.

Eu não fiquei satisfeito com o aumento da mesada. Achei que,relativamente à minha mesada, o sorvete tinha aumentado mais! Masnão tinha muita certeza disso.

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Foi aí que minha irmã me ajudou. Ela me explicou que, para compararaumentos em preços diferentes, as pessoas costumam transformartodos os preços para 100, usando as proporções.Se o preço de um sorvete passou de 2 para 2,70, o preço de cinqüentasorvetes passou de 100 para 50.2,70 = 135. No preço do sorvete houveum aumento de 35 em cada 100.Minha irmã explicou que esse aumento de 35 em 100 é chamado detrinta e cinco por cento (35%), e que isso era uma porcentagem.Aí eu fui pensar no aumento da mesada. Se ela passou de 25 para 32,quatro mesadas passaram de 100 para 4. 32 = 128. Na mesada, houveaumento de 28 em 100, isto é, um aumento de vinte e oito por cento.Então, eu tinha razão. O sorvete tinha aumentado 0,70 em 2, o quecorresponde a 35 em 100, ou seja, 35%.A mesada tinha aumentado 7 em 25, o que corresponde a 28 em 100, ouseja, 28%.O sorvete tinha aumentado mais que a mesada.Quando entendi isso, expliquei a meu pai. Acho que ele gostou daexplicação, porque aumentou minha mesada na hora para R$ 37,50! (Eisso representa 50% de aumento).Eu passei a gostar de matemática porque ela me foi útil e tambémporque percebi que ela explica muitas coisas.” (p.188)

Concluindo este raciocínio, os autores definem porcentagem como sendo

qualquer razão a/b, na qual o número b é igual a 100. Um exemplo é dado, 27% =

27/100.

Na seção, “Primeiros cálculos com porcentagem”, as formas de escrever

porcentagem são expostas e o cálculo é demonstrado.

Nas seções “Atividades” e “Pensando em casa”, 16 exercícios são

propostos. Exponho 3 exemplos que representam os níveis de conhecimentos

exigidos em todos exercícios destas seções. O de número 91 tem o seguinte

enunciado:

Eis algumas porcentagens escritas com números decimais:2% = 0,02 20% = 0,20 = 0,2Escreva com números decimais:a) 3% b) 30% c) 99% d) 100% (p. 190)

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

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às noções utilizadas: técnico. É necessário só seguir os exemplos.

O exercício 94 tem o seguinte texto: “O bar ‘Não Existe’ deu um lucro de

R$ 8.400,00. Eu sou um dos donos do bar e recebo 35% dos lucros. Quanto vou

receber?” (p. 191).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Níveis de conhecimento necessários para solucionar o exercício em

relação às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa ter conhecimento

do que é lucro e aplicar a definição de porcentagem sobre o valor

R$ 8.400,00 para encontrar a resposta esperada.

O exemplo a seguir é da seção “Pensando em casa” “104. A papelaria

‘Bom e Barato’ está fazendo uma promoção. O apontador, que antes custava

R$ 0,15, passou a custar R$ 0,12, De quantos por cento foi o desconto?” (p.191).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno poderá calcular a diferença entre

os dois preços para depois calcular a razão entre esta diferença e o valor

inicial, depois multiplicar por 100 para encontrar o percentual esperado.

Não é o único modo de resolver.

Encerrando o capítulo, os autores incluíram o 8º tópico, “Cálculos com

porcentagens”. A introdução é formada por dois exemplos. O primeiro, tem o

seguinte enunciado: “42% de um valor é 3045. Qual é o valor?” (p.192). Para

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solucionar este problema foram usadas três formas “diferentes”. Na primeira

forma, o exercício foi resolvido empregando regra de três simples. Na segunda

forma, o valor percentual foi escrito na forma de fração e na terceira, usou-se o

percentual na forma decimal. Enfim, o valor é 7250.

O segundo exemplo tem o seguinte enunciado: “2125 é quanto por cento

de 2500?” (p.193). A resolução deste exemplo também se deu de três formas: na

primeira forma usou-se uma regra de três, na segunda escreveu-se x% na forma

fracionária e na terceira dividiu-se 2125 por 2500. A resposta obtida foi 85%.

Nas seções “Atividades” e “Pensando em casa”, 21 exercícios são

propostos, 16 deles são em forma de problemas. Disponibilizaremos 3 exemplos

para representar todos os exercícios destas seções.

O exercício 107 tem o seguinte enunciado:

“Em cada caso, são dados dois números. O primeiro é uma certa porcentagem do

segundo. Calcule essa porcentagem a) 4200 e 7000 b) 340 e 1000 c) 78 e

2600 d) 3240 e 4500” (p. 193).

Analisando:

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: técnico.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno precisa mobilizar seu

conhecimento de razão e aplicar o cálculo de porcentagem.

O exercício 115 tem o seguinte enunciado: “Pelo regulamento da escola,

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eu serei reprovado se faltar em mais de 25% das aulas de educação física.

Haverá 96 aulas de educação física durante o ano. Qual é o número máximo de

faltas que posso ter?” (p.194).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Neste problema o aluno necessita da

noção de porcentagem e relacionar a porcentagem de presenças com o

total de aulas dadas no ano.

Da seção “Pensando em casa”, escolhemos o seguinte problema:

122. Em razão do excesso de tráfego e da poluição do ar causada porautomóveis, a prefeitura de São Paulo tem promovido um rodízio. Nassegundas-feiras não circulam carros com placas de final 1 e 2; nasterças-feiras, não circulam carros com placas de final 3 e 4 e assim pordiante, até sexta-feira. Supondo que a cidade tenha 5 milhões deautomóveis e que 90% dos proprietários respeitem o rodízio, quantosveículos, no máximo, espera-se que circulem em cada dia útil? (Atenção:é preciso ler com cuidado e decidir sobre alguns fatos que o enunciadonão explica) (p.195).

Analisando:• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno, ao interpretar o problema, poderá

decidir resolvê-lo por métodos não previstos, pois não há indicação de

todas as noções a serem utilizadas. Por exemplo, se a cidade tem 5

milhões de automóveis e a cada dia dois finais de placa não circulam,

então 80% poderiam circular, ou seja, 4 milhões circulariam e 1 milhão não

circulariam. No entanto, só 90% respeitam, então 10% não respeitam o

rodízio, sendo assim, 10% de 1 milhão é 100 mil, então os 4 milhões

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liberados com os 100 mil não liberados, espera-se que circulem 4,1

milhões de automóveis. Resposta do livro: circulam 3,6 milhões de carros.

A seção “Pensando em casa” contém os exercícios 125 e 126 (abaixo,

cópia em tamanho reduzido).

(p.196)

Analisando: nº 125

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: disponível. O aluno precisa disponibilizar sua

capacidade de interpretação, seus conhecimentos sobre parte e todo, etc.

Portanto não há indicação de todas as noções que serão utilizadas para

solucionar o problema.

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Analisando: nº 126

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Para o aluno calcular o percentual, antes

deverá efetuar a diferença entre os valores.

Na seção “Desafios e surpresas” que finaliza os conteúdos “Razões e

Proporções”, dois problemas foram propostos. São eles:

D&S5. Tenho R$ 40,00 e 35% do que tenho correspondem a 20% doque tem meu irmão. Quanto ele tem?D&S6. Você tem 12 anos e eu tenho 16.a) A sua idade é quanto por cento da minha?b) Daqui a 4 anos, qual será a resposta da pergunta anterior?c) Há 11 anos, qual era a resposta?d) Daqui a quantos anos a resposta será 90%?

Analisando: D&S5

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: disponível.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. O aluno deverá aplicar o conceito de

porcentagem, mobilizar seus conhecimentos de igualdades para resolver

este problema.

Analisando: D&S6

• Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício: mobilizável.

• Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em relação

às noções utilizadas: mobilizável. Antes de calcular o percentual o aluno

deverá: no item b, adicionar em cada uma das idades o número 4; no item

c, subtrair de cada idade o número 11, no item d ele deverá mobilizar seus

conhecimentos sobre equações do 1º grau. No item a, o nível exigido é

somente o mobilizável.

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Análise Parcial: Neste livro os autores disponibilizaram muitas situações-

problema para introduzir a parte teórica dos assuntos referentes aos conteúdos

Razões e Proporções, isto é, em muitos deles, o texto vincula o leitor como sujeito

da situação envolvida. O uso de recursos visuais tais como fotos, gravuras,

gráficos, dentre outros, fazem com que o livro seja mais apresentável. Além deste

fato, os autores disponibilizaram também os significado de algumas palavras

raízes de alguns conceitos, por exemplo: “A palavra razão vem de ratio, que em

latim significa divisão. Daí vêm, por exemplo, as palavras rateio (de um prêmio) e

racional. Número racional é o que se pode representar por uma divisão de

inteiros” (p. 152). Nas seções que comportam os exercícios propostos há sempre,

pelo menos, um exercício, que antecede a teoria do próximo assunto a ser

trabalhado. Além dos exercícios propostos, os autores incluíram experiências

para serem realizadas em grupo.

Quanto aos níveis de conhecimento envolvidos nas variáveis da análise

dos exercícios propostos temos o nível disponível para a variável “Nível de

conhecimento esperado no enunciado do exercício” na maioria dos exercícios. Já

para a variável “Nível de conhecimento necessário para solucionar o exercício em

relação às noções utilizadas”, o nível mobilizável figurou na maioria dos

exercícios.

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Capítulo 5 Sugestões dos Documentos Oficias dos Orgãos Governamentais

Neste item descrevo as sugestões quanto aos conteúdos “Razões e

Proporções” propostas nos documentos oficiais dos órgãos governamentais,

sendo eles: projeto de um Guia Curricular (1972); Proposta Curricular (1986) e

Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 e 1998).

5.1 Projeto de um Guia Curricular (1972)

Este documento representa o guia curricular de 1975. Vamos somente

descrever e dar destaque a trechos que julgamos relevantes para nosso trabalho.

A introdução começa com o seguinte parágrafo:

Ao tentar empreender a árdua tarefa de organizar um programapara determinada matéria, uma questão inicial deve ser colocada:“Quais as diretrizes que devem nortear a sua elaboração?” Comrelação à matemática o problema se torna um pouco maiscomplexo. Outras questões devem ser respondidas. Entre elasduas se destacam:1ª ) Qual o método a ser utilizado? Axiomático ou intuitivo?2ª ) Qual a orientação a ser dada? Clássica ou moderna? (p. 5)

No desfecho do texto, os autores deixam claro que parte desta tarefa é de

responsabilidade do professor na realização do seu plano de curso. No entanto,

aconselham que o tratamento axiomático não é de bom tom e comentam que “[...]

devemos procurar obter os conceitos com base na ação do aluno, na

manipulação de instrumentos e materiais didáticos adequados, em situações tão

próximas do concreto e da experiência do aluno, quanto seja possível” (p. 5).

Antes de responder a segunda pergunta, os autores fazem um comentário

sobre o movimento da matemática moderna e parecem certos de que “[...] o

movimento que levou a uma orientação moderna no ensino da matemática é

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irreversível, no sentido de um maior dinamismo na aprendizagem da mesma, em

contraste com a maneira estática com ela era apresentada” (p. 5-6).

Na página 17, sob o item de número 4, tem-se o esquema de conteúdo,

assim descrito:

4. Esquema de Conteúdo

Gráfico de distribuição pelas 8 séries, por unidades.

4.1. Esquemas de conteúdo por temas e por séries.

4.1.2 – Tema II: Campos numéricos

Conteúdo 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª Observações

3. Números racionais (Q) [...] passamos dos inteiros para osracionais, [...]

a. Números racionaisabsolutos X X X

b. Números racionais.Estrutura de Q X

Na página 55, encontramos no item “Estrutura de Q”, dentre outros

conteúdos, os conteúdos “Razões e Proporções”, assim descritos na tabela

abaixo:

Conteúdo Objetivos ObservaçõesRazão eproporçãoGrandezasproporcionais

. Relacionar uma razão entre a e b (b≠0) comoquociente entre esses dois números racionais.. Saber o que é uma proporção.. Aplicar a propriedade fundamental das proporçõespara calcular o termo desconhecido de umaproporção.. Saber resolver grandezas direta ou inversamenteproporcionais.. Saber resolver problemas que envolvem grande-zas proporcionais, aplicando os conhecimentosanteriormente adquiridos (juros, porcentagem etc.)

Relacionar proporção comigualdades de númerosracionais

5.2 Proposta Curricular (1986)

Vamos nos limitar tão somente a apresentar e transcrever alguns trechos

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que julgamos relevantes. No capítulo 6, faremos as devidas análises

comparativas com o livro didático referente a essa proposta.

O item “Os conteúdos e Abordagem” inicia-se com o seguinte parágrafo:

Uma lista de conteúdos não é suficiente para caracterizar uma propostacurricular. No caso da Matemática, ao longo de diversas reformas, tallista tem variado relativamente pouco. Considerando apenas os grandestemas geradores, os assuntos tratados são, essencialmente, dois:Números e Geometria. Tais assuntos, no entanto, podem serdesenvolvidos de modos significativamente em diferentes propostas e éatravés dessas abordagens que se pode caracterizá-las. (p. 4)

No quarto parágrafo tem-se um “resumo” de como tratar esses grandes

temas geradores. Transcrevo-o a seguir:

De modo geral, em Matemática, o conteúdo a ser ensinado é um veículopara o desenvolvimento de uma série de idéias fundamentais,convenientemente articuladas, tendo em vista as grandes metas que sãoa instrumentação para a vida e o desenvolvimento do raciocínio. Taisidéias fundamentais, como são, por exemplo, as de proporcionalidade,equivalência e semelhança, têm como suporte, muitas vezes, mais deum assunto da lista de conteúdos. Elas, no entanto, é que sãofundamentais e não os assuntos em si. Esta distinção é essencial, sendoum fato patente a possibilidade de constituição de propostassignificativamente distintas a partir da mesma lista de conteúdos. (p. 4)

Na estruturação desta indicação, há três quadros que resumem as

sugestões em cada ciclo, sendo que:

- Quadro 1 – Destaque, em cada ciclo, de tópicos relevantes dos grandestemas: Número, Geometria e Medidas;- Quadro 2 – Sugestão de integração desses tópicos revelando diferentesníveis de abordagem de um mesmo tema;- Quadro 3 – Indicação pormenorizada dos mesmos conteúdos comcomentários técnicos e algumas sugestões de natureza metodológica,em que um tema é apresentado inicialmente em seus aspectos básicos eretomado posteriormente em um ou mais momentos.No seu conjunto, estes três quadros procuram configurar o tratamentodinâmico que se deseja imprimir ao ensino de matemática.(p. 6)

Descrevo somente os tópicos referentes aos conteúdos “Razões e

Proporções” de cada quadro.

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QUADRO 1NÚMEROS GEOMETRIA MEDIDAS- Números inteiros - Áreas e perímetros - Medidas de ângulos- Números racionais - Congruência - Áreas e perímetros- Cálculo literal - Semelhança- Equações e Inequações - Proporcionalidade- Números irracionais/reais

CICLOFINAL(6ª, 7ª e 8ªSÉRIES)

- Proporcionalidade

QUADRO 2NÚMEROS GEOMETRIA MEDIDAS

Números inteiros Noções decircunferência e ângulo

Medidas de ângulos

Números racionais: Extensão esistematizaçãoCálculo literalEquações e Inequações do 1ºgrau com duas incógnitasSistemas de duas equações do1º grau com duas incógnitas- Proporcionalidade Aplicação de áreas e

perímetros em figurasplanas

Relação entre asmedidas de áreas eperímetros

Noções de Estatística A noção de congruênciaCongruência detriângulosA noção de semelhança

Números irracionais Semelhança detriângulos

Medida de distanciasinacessíveis

Números Reais Segmentosincomensuráveis

Sistemas dos campos numéricos

CICLOFINAL(6ª, 7ª e8ªSÉRIES)

Equações e problemas do 2ºgrau

QUADRO 3PROPORCIONALIDADE

- A noção de proporcionalidade é uma idéia defundamental importância do conteúdo matemáticoque se ensina no 1º grau. Ela é de larga aplicaçãonão só em outros temas do conteúdo matemáticode 1º grau, como, por exemplo, a semelhança,mas também em outras áreas do conhecimento:Geografia, Química, Física, Economia, MatemáticaFinanceira, Estatística, etc. Muitos tópicos quedeveriam ser tratados de forma vinculada àProporcionalidade, têm sido trabalhados de formaisolada uns dos outros, dificultando suaaprendizagem e síntese por parte dos alunos.Além disso, tantos outros tópicos irrelevantesassociados a uma terminologia desnecessária eque por razões históricas se tornou habitual, têmsido desnecessariamente enfatizados no trabalhocom esse tema.Ao introduzir este tema, fala-se, por exemplo emrazões ao invés de frações em proporções, ao

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invés de equivalência de frações em antecedentee conseqüente, meios e extremos, ao invés denumerador e denominador; usa-se a notaçãoa: b : : c: d ao invés de

dc

ba = . Na verdade, é muito

mais significativo começar a tratar de tais assuntosa partir do que já foi trabalhado com o alunoassegurando as idéias que ele vem elaborando aodo 1º grau.

A noção de interdependência entre duas oumais grandezas e a noção de variável.Grandezas direta ou inversamenteproporcionais: representação gráfica eanalítica desse tipo de interdependência.

Observações iniciais devem ser efetuadas peloestudante com o objetivo de verificar o aspectoqualitativo da variação de duas grandezas: ambascrescem? decrescem? ou não? Numa segundafase, deve-se enfatizar o aspecto quantitativodessa variação; é quando o aluno deve ser levadoa estabelecer relações entre os valores dasgrandezas em jogo.Este trabalho deve caminhar para as relações queexprimem quociente ou produto constantes.Estabelece assim uma lei para cada situaçãoobservada. Por exemplo:(preço total de certo número de objetos) ÷(númerode objetos) = 25Um trabalho de aperfeiçoamento dessa língua-gem vai sendo feito aos poucos, motivado porquestões de comunicação e economia na escrita,chegando a exprimir aquela lei por: y = 25x, ondey representa o preço dos objetos e x a quantidadedeles (deve ser adotado o mesmo procedimentopara grandezas inversamente proporcionais).Outro aspecto a ser trabalhado é o darepresentação gráfica da variação de duasgrandezas (gráfico cartesiano), com o objetivo devisualizar o comportamento dessa, variação. Astabelas também são ferramentas úteis tanto para“arrumar" os dados obtidos com a variação degrandezas quanto para garantir uma melhorvisualização do comportamento de uma emrelação a outra.

Grandezas não proporcionais- o objetivo desse estudo é simplesmente fazer ocontraponto com grandezas que variamdiretamente (ou inversamente) umas em funçãodas outras. Por exemplo: propor aos alunos quediscutam a variação que sofre a área de umquadrado, quando seu lado varia.Ao discutir uma questão desse tipo, o alunodeverá ser incentivado a perceber que:- a área do quadrado não é diretamenteproporcional à medida de seu lado, neminversamente.- a área do quadrado é diretamente proporcionalao quadrado da medida do lado do mesmo.A etapa seguinte deverá levar o aluno a observargrandezas que variam segundo leis do tipo

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y = kx + b.Outro exemplo: o taxímetro que determina o valorde uma corrida de táxi, pela cidade, funciona deacordo com as seguintes regras: 1ª) a bandeirada vale Cz$ 6,00 (inicio decorrida); 2ª) o quilômetro rodado vale Cz$ 2,40; 3ª) o "minuto parado" vale, Cz$ 0,20.a) Calcular o valor da corrida quando o táxi roda10 km, sem parar:b) Calcular o valor da corrida para 0,1,2,3,4 e 5quilômetros rodados, sem parar " e, monte atabela:

c) Faça um gráfico cartesiano com esses dados.d) Chamando de “x" a quilometragem rodada e “y”o valor da corrida, escreva uma fórmula paracalcular y em função da quilometragem rodada,quando o táxi roda sem parar.Após os alunos terem respondido a pergunta b,deve-se fazer um levantamento dos processosque usaram para fazer o cálculo do custo dacorrida, em cada caso, a fim de evidenciar que ototal a ser pago é composto de duas parcelas: ada bandeirada (que e fixa para qualquer corrida) ea do preço dos quilômetros rodados (que variaproporcionalmente à quilometragem).Tal discus-são vai subsidiar: a solução dá pergunta d.A discussão e resolução desse problema deverãolevar o aluno a perceber que a 3ª regra doproblema não foi utilizada, visto que o táxi semprefaz corridas sem paradas.E se o táxi fizesse paradas durante as corridas?

Grandezas que variam proporcionalmenteao quadrado de outras: representaçãográfica e analítica deste tipo deinterdependência

- Retomando o problema “Como é que a área doquadrado varia com a medida de seu lado?”.Trabalhar essa questão, inicialmente, com variasaplicações numéricas, para só depois levar oaluno a inferir que se área de y e a medida do ladode x, a lei que mostra a dependência entre elas éy = x2. O gráfico e sua interpretação sãoelementos úteis para a análise de tal variação.

Razões e proporções: aplicações emproblemas que envolvem a noção deproporcionalidade.

- Após todo o trabalho feito com a variação degrandezas, esse é um momento propício paraexplicitar o conceito de razão, já explorado ante-riormente, sem a nomenclatura pertinente em:

km Cz$

012345

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- Matemática: conceito de número racional,medidas, variação de duas grandezas,porcentagem;- Geografia: escalas, densidade demográfica;- Ciências: densidade volumétrica, velocidademédia.O estudo das proporções toma, neste momento,um caráter autônomo, uma vez que ele jáapareceu diluído em equivalência de frações e emgrandezas direta e inversamente proporcionais.A partir da justificação da propriedade funda-mental das proporções, as outras propriedadespoderão ser tratadas como uma decorrência danecessidade de resolver problemas.Ao encararmos a regra de três como uma técnicapara resolução de problemas, não podemos deixarde lado seu processo de construção. É por esteprocesso que fica justificada a propriedade: seuma grandeza é proporcional a várias outras,então ela é proporcional ao produto dessas outras.Os problemas que envolvem juros simples sãoaplicações bastante significativas nesse momento.

(p. 99-100)

5.3 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1997) (1998)

Vamos nos limitar tão somente a apresentar e transcrever alguns trechos

que julgamos relevantes. No capítulo 6, faremos as devidas análises

comparativas entre o livro do ano 2000 e os PCN.

No livro PCN (1997), na seção “seleção de conteúdos”, os autores chamam

a atenção do professor quanto à inclusão de idéias ou procedimentos

matemáticos, como proporcionalidade, pois o conceito de proporcionalidade está

presente na resolução de problemas multiplicativos, nos estudos de porcentagem,

de semelhança de figuras, na matemática financeira, na análise de tabelas,

gráficos e funções desde ciclos iniciais. Finalizam esta seção com o seguinte

parágrafo:

Embora nas séries iniciais já se possa desenvolver uma pré-álgebra, éespecialmente nas séries finais de ensino fundamental que os trabalhosalgébricos serão ampliados; trabalhando com situações-problema, oaluno reconhecerá diferentes funções da álgebra (como modelizar,resolver problemas aritmeticamente insolúveis, demonstrar),

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representando problemas por meio de equações (identificandoparâmetros, variáveis e incógnitas) e conhecendo a ‘sintaxe’ (regras pararesolução) de uma equação. (BRASIL, 1997, p. 55)

A “seleção de conteúdos” do PCN (1998) inicia com o seguinte parágrafo:

Atualmente, há consenso a fim de que os currículos de Matemática parao ensino fundamental devam contemplar o estudo dos números e dasoperações (no campo da Aritmética e da Álgebra), o estudo do espaço edas formas (no campo da Geometria) e o estudo das grandezas e dasmedidas (que permite interligações entre os campos da Aritmética, daÁlgebra, e da Geometria e de outros campos do conhecimento). Umolhar mais atento para nossa sociedade mostra a necessidade deacrescentar a esses conteúdos aqueles que permitam ao cidadão "tratar"as informações que recebe cotidianamente, aprendendo a lidar comdados estatísticos, tabelas e gráficos, a raciocinar utilizando idéiasrelativas à probabilidade e à combinatória. (BRASIL, 1998, p. 49).

Nas recomendações dos PCN, os conteúdos estão dimensionados não só

em conceitos, mas também em procedimentos e atitudes.

Conceitos permitem interpretar fatos e dados e são generalizações úteisque permitem organizar a realidade, interpretá-la e predizê-la. Suaaprendizagem desenvolve-se de forma gradual e em diferentes níveis esupõe o estabelecimento de relações com conceitos anteriores. Nosterceiro e quarto ciclos alguns conceitos serão consolidados, uma vezque eles já vêm sendo trabalhados desde os ciclos anteriores, como oconceito de número racional. (BRASIL, 1998, p. 49).

No 1º ciclo, não há proposta para o trabalho usando o conceito de

proporcionalidade, no entanto, quando se sugere “Cálculos de multiplicação e

divisão por meio de estratégias pessoais” (BRASIL, 1997, p. 72), cabe ao

professor explorar este conceito nos problemas por ele selecionado. Já para o 2º

ciclo, por exemplo, na seção “Conteúdos Conceituais e Procedimentais”, tem-se:

“Exploração dos diferentes significados das frações em situações-problema:

parte-todo, quociente e razão; Reconhecimento do uso da porcentagem no

contexto diário” (BRASIL, 1997, p. 86).

Há a seguinte orientação didática no2º ciclo: “[...] uma terceira situação,

diferente das anteriores é aquela em que a fração é usada como uma espécie de

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índice comparativo entre duas quantidades de uma grandeza, ou seja, quando é

interpretada como razão” (BRASIL, 1997, p.103).

No 2º ciclo é o inicio deste estudo, de números racionais, que será

consolidado nos dois ciclos finais.

Os procedimentos por sua vez estão direcionados à consecução de umameta e desempenham um papel importante, pois grande parte do que seaprende em Matemática são conteúdos relacionados a procedimentos.Os procedimentos não devem ser encarados apenas como aproximaçãometodológica para aquisição de um dado conceito, mas como conteúdosque possibilitem o desenvolvimento de capacidades relacionadas com osaber fazer, aplicáveis a distintas situações. Esse "saber fazer" implicaconstruir as estratégias e os procedimentos, compreendendo osconceitos e processos neles envolvidos. Nesse sentido, osprocedimentos não são esquecidos tão facilmente. Exemplos deprocedimentos: resolução de uma equação, traçar a mediatriz de umsegmento com régua e compasso, cálculo de porcentagens etc.As atitudes envolvem o componente afetivo - predisposição, interesse,motivação - que é fundamental no processo de ensino e aprendizagem.As atitudes têm a mesma importância que os conceitos e procedimentos,pois, de certa forma, funcionam como condições para que eles sedesenvolvam. Exemplos de atitudes: perseverança na busca de soluçõese valorização do trabalho coletivo, colaborando na interpretação desituações-problema, na elaboração de estratégias de resolução e na suavalidação. (BRASIL, 1998, p.49-50).

No item “Multiplicação e divisão: significados” da seção “Operações com

Números Naturais” tem-se as seguintes orientações:

Dentre as situações relacionadas à multiplicação e à divisão, a seremexploradas nestes dois ciclos, podem-se destacar, para efeito de análisee sem qualquer hierarquização, quatro grupos:[...]Num segundo grupo, estão as situações associadas à comparaçãoentre razões, que, portanto, envolvem a idéia de proporcionalidade.Os problemas que envolvem essa idéia são muito freqüentes nassituações cotidianas e, por isso, são mais bem compreendidos pelosalunos.Exemplos:- Marta vai comprar três pacotes de chocolate. Cada pacote custaR$ 8,00. Quanto ela vai pagar pelos três pacotes? (A idéia deproporcional idade está presente: 1 está para 8, assim como 3 está para24.)- Dois abacaxis custam R$ 2,50. Quanto pagarei por 4 desses abacaxis?(Situação em que o aluno deve perceber que comprará o dobro deabacaxis e deverá pagar se não houver desconto o dobro, R$ 5,00, nãosendo necessário achar o preço de um abacaxi para depois calcular o de4.)A partir dessas situações de proporcionalidade, é possível formularoutras que vão conferir significados à divisão, associadas às ações"repartir (igualmente)" e "determinar quanto cabe".Exemplos associados ao primeiro problema:

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- Marta pagou R$ 24,00 por 3 pacotes de chocolate. Quanto custou cadapacote? (A quantia em dinheiro será repartida igualmente em 3 partes eo que se procura é o valor de uma parte.)- Marta gastou R$ 24,00 na compra de pacotes de chocolate quecustavam R$ 3,00 cada um. Quantos pacotes de chocolate elacomprou?(Procura-se verificar quantas vezes 3 cabe em 24, ou seja, identifica-sea quantidade de partes.) (BRASIL, 1997, p.110).

Pressupõe que para o aluno resolver um problema é necessário que ele

elabore um ou vários procedimentos de resolução tais como: realizar simulações,

fazer tentativas, formular hipóteses, comparar seus resultados com os de outros

alunos, validar seus procedimentos.

Os conteúdos selecionados aparecem organizados em blocos e por ciclos.

No entanto, relaciono somente os conceitos referentes a “Razões e Proporções”.

No item “Conteúdos propostos para o ensino de Matemática no terceiro

ciclo (5ª e 6ª séries)”, o nono parágrafo tem os seguintes dizeres:

O fato de que muitas situações da vida cotidiana funcionam de acordocom leis de proporcionalidade evidencia que o desenvolvimento doraciocínio proporcional é útil na interpretação de fenômenos do mundoreal. Assim, é desejável explorar no terceiro ciclo problemas que levemos alunos a fazer predições por meio de questões que envolvamaspectos qualitativos e quantitativos (O número encontrado deveria sermaior ou menor? Quanto maior? Essa resposta faz sentido?). Pararesolver esses problemas os alunos poderão construir procedimentosnão-convencionais, deixando para o quarto ciclo o estudo dosprocedimentos convencionais. (BRASIL, 1998, p. 67)

Portanto, no item “Conceitos e procedimentos”, no bloco “Números e

Operações”, tem-se os seguintes tópicos:

Reconhecimento de números racionais em diferentes contextos –cotidianos e históricos – e explorações de situações-problema em queindicam relação parte/todo, quociente, razão ou funcionam comooperador.Resolução de situações-problema que envolvam a idéia de propor-cionalidade, incluindo os cálculos com porcentagens, pelo uso deestratégias não convencionais. (BRASIL, 1998, p. 71).

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Capítulo 6 Síntese da análise

Nesse capítulo, farei a análise dos conteúdos Razões e Proporções nos

três livros didáticos comparando os livros entre si e comparando-os com as

respectivas propostas curriculares. Para estruturar essa análise, elaborei uma

tabela e gráficos com o resumo da análise realizada no capítulo 4 (em percentual)

dos exercícios propostos quanto aos níveis de conhecimento esperado do aluno,

segundo os critérios de Aline Robert, assim como o esquema dos conteúdos

Razões e Proporções de cada um dos três livros didáticos com o propósito de

compará-los com o esquema disponível no capítulo 3 (p. 38). Também utilizarei

os comentários feitos ao final da descrição dos tópicos e as análises dos

exercícios propostos de cada livro.

6.1 Tabela resumo da classificação dos exercícios propostos

Nível de conhecimento

Variável Técnico Mobilizável Disponível

Época de

edição

do livro

7% 53% 40% 60/70

24% 24% 52% 80Nível de conhecimentoesperado no enunciadodo exercício 13% 21% 66% 2000

0% 47% 53% 60/70

24% 44% 32% 80

Nível de conhecimentonecessário para soluci-onar o exercício em re-lação as noçõesutilizadas 9% 60% 31% 2000

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6.2 Gráficos

6.2.1 Variável – Nível de conhecimento esperado no enunciado do exercício

Nível de conhecimento esperado

24%13%

21%

40%

52%

66%

7%

24%

53%

0%10%20%30%40%50%60%70%

60/70 80 2000 Anos dos livros

técnicomobilizáveldisponível

6.2.2 Variável – Nível de conhecimento necessário para solucionar o

exercício em relação às noções utilizadas

Nível de conhecimento necessário

24%

9%

60%53%

32% 31%

0%

44%47%

0%10%20%30%40%50%60%70%

60/70 80 2000 Anos dos livros

técnicomobilizáveldisponível

6.3 Esquemas dos conteúdos Razões e Proporções dos livros didáticos

Nas próximas três páginas, disponibilizarei os esquemas dos tópicos dos

conteúdos Razões e Proporções de cada um dos três livros. Estes esquemas

serão comparados com o esquema disponível na página 38 deste trabalho.

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6.3.1 Esquema do livro dos anos 60/70:

ESQUEMA DOS CONTEÚDOS RAZÕES E PROPORÇÕES

LIVRO DOS ANOS 60/70

Razões

Introduçãodefinição

Propriedadefundamental

Proporções

Aplicações

Recíprocada propriedade

fundamental

Termodesconhecido

numa proporção

ProporçõesContínuas

Médiageométrica Quarta e

terceiraproporc.

PropriedadesGerais dasProporções

Sucessõesde

númerosDivisões

em partes

DiretamenteInversamenteProporcionais

Grandezas

Regra de três

Simples

Composta Juros simples

DefiniçãoCapital,

Taxa e tempo

Porcentagem

Taxas

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6.3.2 Esquema do livro dos anos 80:

ESQUEMA DOS CONTEÚDOS RAZÕES E PROPORÇÕES NO LIVRO

DOS ANOS 80

Razões

Entre doisnúmeros Entre duas

grandezas

Proporções

Quarta eterceira

proporcional.

OutrasPropriedades

das Proporções

Grandezase números

DiretamenteInversamenteProporcionais

Porcentagem

JurosSimples

Inversas

Da mesmaespécie

De espéciesdiferentes

Propriedadefundamental

Regra detrês

simples

Proporção commais de duas

razõesPropriedade

Regra de trêsComposta

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6.3.3 Esquema do livro dos anos 2000:

ESQUEMA DOS CONTEÚDOS RAZÕES E PROPORÇÕES NO LIVRO

DOS ANOS 2000

Razões

Introduçãodefinição

Propriedadefundamental

Proporções

Aplicação

Aplicação

DiretamenteInversamenteProporcionais

Grandezas

Inversas Escalas

Regra de três

Simples Composta

PorcentagemCálculo

comPorcentagem

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6.4 Análise e comparações

Essa análise qualitativa será feita embasada na tabela e nos gráficos (p.

129-130), nos esquemas dos conteúdos Razões e Proporções de cada livro

didático com o esquema inicialmente elaborado no terceiro capítulo (p. 38, 131, e

133), nas análises parciais de cada livro (p. 66, 89 e 118) e no capítulo 5,

“Sugestões dos documentos oficiais dos órgãos governamentais”.

Começo esta tarefa fazendo a análise dos livros. Numa segunda etapa,

farei a comparação entre os livros didáticos e, por último, farei a comparação dos

livros com as propostas curriculares vigentes na época de publicação de cada um

deles.

6.4.1 Análise dos esquemas dos livros e esquema padrão

Nessa seção, farei a análise comparativa entre os esquemas dos três livros

didáticos com o esquema padrão encontrado na maioria dos livros (p. 38).

Analisando os esquemas, pude observar que em nenhum dos três livros há

um tópico reservado para o estudo de “Grandezas”. Numa análise à parte, só

encontrei este tópico no livro de 5ª série da coleção dos livros dos anos 2000.

Quanto à divisão do conteúdo “Razões” não encontramos tópicos para

cada particularidade deste conteúdo, isto é, tópico para razões constantes,

especiais como: média aritmética, densidade, escala (sobre este item foi

encontrado um tópico exclusivo somente no livro dos anos 2000). No entanto, nos

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exemplos e exercícios propostos eles estão presentes.

No conteúdo “Proporções”, há uma regularidade entre esquemas dos livros

e o esquema padrão, a não ser pelo fato do tópico “Juro Simples” não fazer parte

deste conteúdo no livro dos anos 2000.

Considerações: Observando o esquema padrão e os esquemas dos livros, notei

uma redução de tópicos entre os três livros.

6.4.2 Análise da classificação dos exercícios propostos

6.4.2.1 Análise da variável: Nível de conhecimento esperado no enunciado

do exercício

Analisando esta variável na tabela e nos gráficos, observei nos enunciados

dos exercícios propostos do livro dos anos 60/70 que o nível técnico apresenta

percentual inferior em relação aos outros níveis. O nível mobilizável é superior ao

disponível em 13%. Já no livro dos anos 80 há um empate entre os níveis técnico

e mobilizável e estes dois são 28% inferiores ao nível disponível. No livro dos

anos 2000, o nível disponível supera em 45% o nível mobilizável e este por sua

vez supera o nível técnico em 8%. Portanto nesta variável, o nível disponível

predominou nos livros dos anos 80 e no livro dos nos 2000, já no livro dos anos

60/70 quem predominou foi o nível mobilizável.

6.4.2.2 Analise da variável: Nível de conhecimento necessário para

solucionar o exercício em relação às noções utilizadas

Nesta variável, o nível técnico não figurou em nossa análise do livro dos

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anos 60/70. Neste livro o nível disponível foi 6% superior ao nível mobilizável, ou

seja, uma pequena variação. No livro dos anos 80, o nível técnico foi inferior ao

nível disponível em 8%, este por sua vez foi 12% inferior ao nível mobilizável. No

livro dos anos 2000, o nível técnico foi 22% inferior ao nível disponível, este por

sua vez foi 29% inferior ao nível mobilizável. Portanto no livro dos anos 60/70, o

nível disponível predominou, no livro dos anos 80 o nível mobilizável foi o que

apresentou número maior em percentual, já no livro dos anos 2000, o nível

mobilizável teve expressiva predominância.

Considerações: Para mim o ideal seria que este percentual fosse o mesmo nos

três níveis das duas variáveis, isto é, que os exercícios fossem dosados de forma

a obter melhores resultados na relação aluno-saber.

6.4.3 Comparação entre livros didáticos

Passo agora a comparação dos livros didáticos com base nas análises e

comentários realizados.

Inicio a comparação pelas regularidades encontradas nos três livros:

• A maioria dos tópicos dos conteúdos Razões e Proporções nos três livros

didáticos iniciam por situações-problema.

• As seções “exercícios” dos três livros têm praticamente a mesma

quantidade de exercícios propostos.

• Os textos dos exercícios propostos estão próximos do conhecimento dos

alunos, salvo algumas exceções já mencionadas.

Apontando algumas irregularidades:

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• Quanto aos textos das teorias dos tópicos, apesar dos três livros iniciá-las

por intermédio de situações-problema, no livro dos anos 2000 os autores

colocam o leitor como sujeito da problemática.

• Os recursos visuais foram utilizados com maior freqüência no livro dos

anos 2000, tais como: fotos, gráficos, gravuras, figuras geométricas e

outras figuras. No livro dos anos 60/70, as figuras geométricas foram bem

explorados. O livro dos anos 80 não apresenta nenhum destes recursos

visuais.

• Quanto à aplicação dos conceitos (habilidades de manuseio, por exemplo,

atividade solicitando a ampliação de figuras, dentre outras atividades), o

livro dos anos 2000 é o único que traz uma seção com essa preocupação,

a seção “Ação”. Os outros dois livros não apresentam nada semelhante.

• Considerando demonstrações, o livro dos anos 60/70 é mais se ocupou

deste quesito. Já os livros dos anos 2000 e dos anos 80, não

demonstraram a mesma preocupação.

Considerações: nestas comparações levei em consideração o ano de edição dos

livros. A tecnologia das décadas 60/70, por exemplo, era muito inferior em relação

à tecnologia atual (livro ano 2000), o que se reflete na qualidade dos recursos

gráficos das obras dos dois períodos, já na obra dos anos 80, a tecnologia dava

subsídios aos editores, no entanto não houve preocupação. A maior preocupação

com demonstrações, observado na obra dos anos 60/70 é devido ao tecnicismo

que vigorava nesta época.

Com relação aos esquemas, nenhum dos três livros tem um tópico

específico para o conteúdo “grandezas”.

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Quanto à subdivisão do tema “Razões”, encontrei itens com nomes

diferentes, mas relativamente semelhantes quanto ao conteúdo. No entanto

nenhum deles traz subdivisões para os seguintes itens: razões constantes e

média aritmética (simples e ponderada).

Nos tópicos referentes ao conteúdo “Proporções” os nomes não são os

mesmos, mas trazem conceitos iguais, com a diferença no tratamento de cada

item. No livro dos anos 60/70, algumas propriedades são demonstradas. Outro

fato observável é a falta do item “Juros simples” no livro dos anos 2000.

As técnicas fundamentais utilizadas nas resoluções dos exemplos e ou

exercícios resolvidos (segundo Lins e Gimenes) nos três livros foram a

modelagem fracionária, a modelagem proporcional e a modelagem algébrica. A

redução à unidade não foi utilizada em nenhum dos livros.

6.4.4 Comparação dos livros didáticos e as respectivas propostas

curriculares

6.4.4.1 Comparação do esquema do livro dos anos 60/70 com o projeto de

um guia curricular (1972)

O projeto não especifica os tópicos necessários para os conteúdos Razões

e Proporções. No entanto, comparando o esquema do livro com a forma implícita

do projeto verifica-se uma coerência entre os dois documentos.

Considerações: este documento foi elaborado depois da publicação do livro, ou

seja, o livro já estava nas salas de aula.

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6.4.4.2 Comparação do esquema do livro dos anos 80 com a proposta

curricular (1986)

Ao iniciar a comparação entre o livro dos anos 80 e a proposta curricular de

1986, tomarei com apoio a seguinte frase da proposta curricular: “Uma lista de

conteúdos não é suficiente para caracterizar uma proposta curricular” (p. 4).

Tendo como ponto de partida esta frase, a proposta curricular de 1986, a exemplo

do projeto do guia curricular de 1972 serve somente como ponto de apoio para o

professor. Portanto, não traz os tópicos referentes aos conteúdos Razões e

Proporções de forma explícita em itens próprios, cabe ao professor explicitá-los

nos planos disciplinares. No entanto, nas observações, tais assuntos são tratados

como sugestão de trabalho para o professor.

Quanto aos pontos de divergência entre esses dois documentos, encontrei

na proposta o tema “Grandezas não proporcionais”, por exemplo, com o cálculo

da área de um quadrado em relação ao aumento ou diminuição do tamanho do

lado. Esse assunto não consta no livro.

Outro ponto de divergência está na interdisciplinaridade com a geografia e

ciências, isto é, na geografia, a proposta sugere o desenvolvimento dos temas

escalas e densidade demográfica, já em ciências, sugere o trabalho coma

densidade volumétrica.

Também não encontramos no livro as sugestões da proposta quanto ao

uso das representações gráficas e tabelas, assim como a resolução de problemas

envolvendo o cálculo de uma corrida de táxi utilizando a variável y (valor da

corrida), em função de x (quilometro rodado), y = f(x) + b, por exemplo.

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6.4.4.3 Comparação do esquema do livro dos anos 2000 com os Parâmetros

Curriculares Nacionais, PCN (1997)(1998)

Comparar o livro dos anos 2000 com os Parâmetros Curriculares Nacionais

PCN (1998) em relação aos parágrafos dos conteúdos Razões e Proporções não

é possível em termos explícitos, pois nos PCN, a exemplo dos dois outros

documentos, os conteúdos também não são divididos em tópicos. A preocupação

maior contida nos PCN está relacionada aos conceitos e procedimentos. A

principal preocupação é com as estratégias não convencionais para solucionar

situações-problema, propiciando ao aluno a construção de seu saber,

propriamente dito. e de seu “saber fazer”, validando as respostas encontradas.

Com isso, não encontramos muitas divergências no livro em relação aos PCN a

não ser na recomendação do uso da redução à unidade como técnica

fundamental na resolução dos conteúdos Razões e Proporções e a não inclusão

do tópico “Juros Simples” no livro.

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Considerações Finais

Concluindo esse trabalho, apresento as respostas referentes às perguntas

iniciais desse trabalho embasado nas análises e comparações realizadas no

capítulo anterior.

Para apresentar a resposta da 3ª questão, este trabalho fundamentou-se

no critério de Aline Robert quanto aos níveis de conhecimento esperado dos

alunos nos exercícios propostos escolhidos dos três livros didáticos, analisando o

enunciado e as prováveis noções utilizadas pelo aluno na resolução destes.

Quando analisei os livros didáticos entre si e os livros com as respectivas

propostas curriculares da época em que foram publicados, verifiquei regula-

ridades na introdução dos tópicos, isto é, todos eles iniciam os tópicos com

situações-problema e os textos têm enunciados próximos dos alunos, salvo

algumas exceções. Este fato está relacionado com a preocupação em atender a

sugestão de trabalhar com situações-problema sugeridas nas propostas

curriculares.

Quanto às técnicas utilizadas nas resoluções dos exemplos e exercícios

resolvidos, verificamos que os três livros só apresentam a modelagem fracionária,

a modelagem proporcional e a modelagem algébrica. Em nenhum deles foi

observada a redução à unidade, item sugerido nas propostas.

Portanto, respondendo nossas questões iniciais, o livro dos anos 60/70,

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visto como ferramenta de trabalho para o professor traz demonstrações de forma

a auxiliá-lo nas aulas, enquanto que os outros dois não têm esta função. O livro

dos anos 2000, seguindo as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais,

utilizou-se de situações-problema para introduzir os assuntos dos conteúdos

Razões e Proporções, colocando o aluno como sujeito da ação.

Com o exposto anteriormente, verifica-se que os três livros didáticos dão

subsídio parcial aos professores, pois não estão plenamente elaborados com os

documentos oficiais dos órgãos governamentais, sendo estes documentos

apenas ponto de apoio, isto é, nestes documentos, tanto os livros quanto as

propostas, os autores deixam claro a responsabilidade do professor. Os livros

didáticos são apresentados em uma seqüência lógica, para o autor, cabe ao

professor efetuar análises finais como a proposta desse trabalho, quando

desejarem fazer mudanças ou desconsiderar uma noção ou outra. Na verdade,

seria interessante que o professor constituísse seu próprio curso e que os livros

didáticos servissem apenas como apoio para o aluno.

Observa-se que houve modificações quanto a disponibilização dos

conteúdos Razões e Proporções nos livros didáticos, isto é, no livro dos anos

60/70, as demonstrações são claramente estimuladas e é importante ressaltar a

preocupação do autor em escrever em matemática antes de apresentar uma

fórmula correspondente.

Essa atividade tem sido cada vez mais salientada por pesquisadores, pois

se trata de uma atividade importante e que conduz o aluno às práticas de

produção, tão necessária para seu desenvolvimento científico e cultural.

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Também é importante observar a preocupação do autor em passar da

linguagem natural para a resposta numérica que permite ao estudante criar as

imagens mentais antes de passar para a representação algébrica. Neste caso,

mesmo não sendo explícito o autor vislumbra a importância do trabalho sobre

representação.

No entanto, a dificuldade apresentada pelos alunos dessa época pode

estar associada ao fato dos autores articularem constantemente geometria e

álgebra e utilizarem situações cotidianas nos exemplos e exercícios propostos.

Devemos observar que essas articulações assim como o trabalho com situações

cotidianas na maioria dos casos necessitam ser tratados em nível disponível.

Nos livros, dos anos 80 e dos anos 2000, as preocupações acima

mencionadas para o livro dos anos 60/70, foram substituídas pelas

recomendações da proposta de 1986 e dos PCN, respectivamente, quando

sugerem que o professor trabalhe mais com os alunos, incentivando-os a

construírem suas próprias estruturas para resolução de problemas. Portanto a

preocupação com demonstrações não faz parte destes livros

Há, no entanto, uma convergência entre os três livros, isto é, nas listas dos

exercícios propostos, os três níveis de conhecimento figuram, mas não de modo

necessário e suficiente em minha opinião. Portanto, os livros didáticos não devem

ser a única fonte de pesquisa para os professores de Matemática.

Cabe aos professores que ensinam matemática buscar subsídios que

levem ao desenvolvimento dos alunos, principalmente no campo de

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conhecimento, utilizando teorias e/ou critérios, como o critério da Aline Robert

explorado por este trabalho, na análise dos exercícios propostos escolhidos de

cada um dos três livros, objetos deste trabalho, pois os alunos não passam pelas

etapas de planejamento e controle que em geral não são trabalhados e

explicitados no contrato didático. Cabe ao aluno encontrar seus próprios

planejamento e controle.

Portanto, para melhorar a qualidade de ensino, pesquisas com estes

conteúdos ou com outros conteúdos podem ser realizadas, não somente em livros

didáticos, mas também em outros referentes bibliográficos, como Internet,

revistas, disquetes, CD Rom, etc.

Termino esta dissertação desejando que o espírito de pesquisa tome conta

de todos os professores para que busquem sempre o seu crescimento intelectual.

Para mim, a educação traz a conscientização e, esta por sua vez, permite o

desenvolvimento pessoal e comunitário, pois ao realizar este trabalho muitas

coisas mudaram no meu modo de agir. Ao preparar minhas aulas, depois desta

pesquisa, tenho a preocupação em incluir nos exemplos e exercícios propostos,

os três níveis de conhecimento segundo Aline Robert.

Este mestrado para mim teve a mesma função de um fortificante para uma

pessoa debilitada. Cresci muito, mas muito mesmo, no meu conceito para comigo

mesmo. Faltou alguma coisa? Acho que sim, mas foi de minha parte, porque a

parte que cabia aos meus mestres foi muito maior do que eu esperava.

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