PARA NÃO REVIVER A GUERRA Um olhar desde o território- Separata em Português

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    A guerra se escreve comsangue, os acordos com tintae a paz com açõesAlejandro ToroDiretor of Funuvida

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    FOTO: Wilson Contre

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    2016 Federação Internacional da Imprensa dosPovos - FIPUEndereço: Calle 47#81-47 Medellín- ColombiaTelefone: (57) 4 – 6033448

    Diretor:

    David Alejandro Toro Ramírez

    Diretor da Pesquisa:

    Juan Carlos Restrepo Vélez

    Coordenadora da Pesquisa:

    Melissa Franco Ossa

    Methodological Consultant:

    Johan Steven Londoño Tamayo

    Pesquisadores:

    Gustavo Enrique Mestre CubillosLady Johana Cubillos SánchezConstanza Melissa Méndez OrtegaJuan Pablo Ramírez ÁlvarezAna Milena Ortíz GonzálezDiomedes Díaz

    Diego Fernando Bonilla OrjuelaVíctor Manuel Gómez MorenoJosé Luis Valencia RamosAndrés Felipe Angarita Meneses

    Foto portada:

    Wilson Contreras, La Chicamocha Films

    Desenho e Diagramação:

    Leonardo Tangarife Aguirre

    Correção de Estilo:

    Alexánder González Toro

    Editorial:

    FIPU Federación Internacional de Prensa de losPueblos.

    Tradução ao Português:

    Elkin Páez Ch. – Opção Talento – Brasília DF

     

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    Sempre, sempre me emociona muito encontrar aos jovens envolvidos em causas sociais, jovens comsonhos de mudança, jovens que querem compreen-der o que ocorre em nosso país e estão ao lado dagente humilde. É o caso de um coletivo encabeça-do por Alejandro Toro, abrigado na Fundação parauma Nova Vida, FUNUVIDA.

    A pesquisa que tem feito de expectativas frente aopós-conflito, com comunidades de 18 municípiosdo país é uma contribuição importante na cons-trução da paz e está na linha de preencher um vazioenorme que existe no país.

    Estamos às portas de assinar um acordo para ter-minar o conflito com as FARC, porém a preparaçãopara o pós-conflito é pouca no Estado, na socieda-de civil e nas próprias FARC.

    Nas conversações que tenho realizado com o gover-no e com as FARC nos últimos meses consegui per-ceber que o Estado conhece pouco da forma comofuncionam as FARC no território, suas relaçõescom a população, o tipo de organizações sociais quetem impulsionado; e a sua vez, as FARC, conhecempouco do Estado por dentro, das capacidades locaispara a paz, da condição dos municípios, das zonasmais comprometidas na guerra. Tampouco se temgrande clareza sobre as expectativas da população.

    Esse vazio se começa a preencher com esforços depesquisa liderados pelo Ministério do Interior epelo Escritório do Alto Comissionado para a Paz,também pelos centros de pensamento independen-te, e é aí onde se inscreve a indagação que tem lide-rado Alejandro Toro.

    O trabalho tem uma perspectiva muito interessan-te. É um grande compendio de entrevistas, onde lhepergunta as pessoas pela confiança nas negociaçõese pelas demandas que tem para o pós-conflito. Seconfere que ainda subsiste uma dúvida muito gran-de na população, que ainda não há uma segurançacompleta sobre como as conversações vão termi-nar, com sucesso ou não.

    Porém, em contraste com essa dúvida, existe intei-ra clareza sobre as mudanças que na vida social epolítica a paz deveria trazer. Ali há uma afirmaçãoprecisa de reivindicações. Nas recomendações quesurgem da pesquisa existe um compendio das de-mandas da população para o Estado Colombiano.São necessidades muito sentidas no emprego, nainfraestrutura, na substituição de cultivos ilícitos,na atenção as vítimas, na titulação da proprieda-de rural, na procura da reconciliação. São coisas

    básicas que muitas pessoas tem dito, porém soamdistinto quando tem saído de um encontro com ascomunidades, de centenas de entrevistas.

    O título que tem a apresentação da pesquisa olhapara o futuro e é uma enorme força: PARA NÃOREVIVER A GUERRA! Fala de algo além da mes-ma, de criar condições para que ninguém tenhaa tentação de reiniciar o conflito armado, fala deatacar as causas originais da confrontação, fala da

    esperança.

    Bogotá, fevereiro de 2016

    Preencher um vazioPor: León Valencia

    Diretor da Fundação Paz e Reconci-liação. Colunista da Revista Semana.Membro do grupo de memória histó-rica. Escritor e analista político.

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    Na Colômbia se apresenta a confrontaçãoarmada mais antiga do continente, um con-

    flito armado interno com mais de 7,7 mil-hões de vítimas em todo o território na-cional ; afetando principalmente as zonasrurais, espaço no qual se concentra a popu-lação com os mais altos níveis de pobreza eexclusão do país.Por mais de cinco décadas, grande parte dapopulação na Colômbia se tem encontradono meio do fogo cruzado entre os distintos

    atores armados legais e ilegais, de diversascorrentes ideológicas, desatando uma dascrises humanitárias mais desastrosas do he-misfério ocidental durante as últimas déca-das. Porém, a partir do ano 2012, com o co-meço das negociações de paz desenvolvidasna Habana entre representantes do GovernoNacional e as FARC – EP, se abreu a possi-bilidade a uma saída negociada ao conflito.

    Nos últimos processos de negociação des-te grupo guerrilheiro com o Governo Co-lombiano, não se tinham apresentado osavanços que se tem dado durante os últimosanos, conseguindo acordos parciais em te-mas fundamentais como a posse e a utili-zação da terra, participação política e culti-

     vos ilícitos.O final de um conflito armado com mais de

    50 anos de antiguidade, traz consigo gran-des desafios para a institucionalidade e a so-ciedade colombiana em geral, pois a cons-trução da paz deve ser um exercício desdeos territórios, avançando na superação das

    problemáticas socioeconômicas do país quepermitiram o surgimento e sustentação do

    conflito. Por tal razão é inegável o grandeavanço que significaria para Colômbia aeventual firma de um acordo de paz coma guerrilha das FARC – EP é importanteavançar na identificação daqueles cenários,fatores e atores que poderiam gerar even-tualmente a reativação do conflito, em umcenário pós-acordo.Neste contexto, emerge o projeto “QANTU,

    Plano de Apoio Internacional para Não Re-petição do Conflito Armado em Colômbia”liderado pela Fundação para Uma NovaVida – FUNUVIDA -, que inclui uma apos-ta na pesquisa, a qual tem como propósitose aproximar a alguns dos territórios maisgolpeados pela violência, com o objetivo deindagar e identificar aqueles fatores gerado-res de risco, os quais para os habitantes des-

    tes territórios, sem importar sua condição,poderiam reativar o conflito armado com aguerrilha das FARC – EP.Durante o desenvolvimento deste trabal-ho de pesquisa, FUNUVIDA construiu umdiagnóstico participativo nos 18 municípiosde 11 departamentos (estados) do país, ca-raterizados por uma alta intensidade doconflito armado, os desafios que implicam

    o eventual acordo de paz com a guerrilhadas FARC – EP e as principais problemá-ticas que significaria para eles, o processode naturalização dos ex-combatentes, entreoutros temas.

    INTRODUÇÃO

    1 Dado tomado da Rede Nacional de Informação, com data de 1 de Novembro de 2015.

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    Processos de pazem Colômbia

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    As seis zonas objeto desta pesqui-sa reúnem as seguintes características:

     Além da presença ativa da guerrilha das

    FARC-EP e ELN. Estas 6 zonas de análisecompreendem um total de 10 departamen-tos (estados) e 18 municípios (ver mapa).Todos os municípios escolhidos para o des-envolvimento da presente pesquisa estãoreferidos no mapa elaborado pelo Departa-mento Nacional de Estatística (DANE, 2015),mencionados como municípios de alta inci-dência de pobreza multidimensional, inte-

    grando zonas de alta pobreza concentrada(ver mapa). Estes municípios também foramdeclarados a inicios de 2015 como “municí-pios do pós conflito” pela Organização dasNações Unidas que identificou 125, segun-do o explica Fabrizio Hochschild, coorde-nador do Sistema da ONU na Colômbia.

    Os critérios para esta priorização se fizerampartindo de: “uma análise de municípios demaior prioridade segundo a presença dasFARC–EP, as ações armadas com maiorparticipação das FARC-EP, desenvolvimen-to e pobreza, necessidades humanitárias ecapacidades locais” (Reconciliação Colôm-bia, 2015). Ademais, os mesmos municí-pios fazem parte de uma priorização de

    281 “municípios do pós conflito”, elaboradapela Fundação Paz e Reconciliação consi-derando indicadores de presença de econo-mias ilegais, pobreza, ausência do Estadoe limitações em suas vias de comunicação.

    A priorização teve como meta identificarquantos e quais municípios apresentam umrisco extremo, ou um alto risco, ou um ris-

    co meio de cair em novas violências depoisda desmobilização e desarme destas guerril-has (Fundação Paz e Reconciliação, 2015).

    Onde foi realizadaa pesquisa?

    Escasso controle

    territorial  Vitimização

    Exclusão social

    e pobreza

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    10/20Para no volver a la guerra, una mirada desde el territorio10Mapa dos municípios priorizados nesta pesquisa.

    (Os nomes dos departamentos e municípios se deixam igual que em Espanhol por serem nomes própri

    METATOLIMA-Chaparral

    -Planadas

    HUILA-Colombia

    GUAVIARE-San José

    del Guaviare

    - Calamar CAQUETÁ-San Vicente

    del Caguán

    PUTUMAYO-La Hormiga

    -Orito

    NARIÑO-Tumaco

    CAUCA-Argelia

    ANTIOQUIA-Ituango

    -Briceño

    BOLÍVAR-Cantagallo

    -Morales

    -La Macarena

    NORTE DESANTANDER-Convencion

    -El Carmen

    -El tarra

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      O Projeto Qantu, Plano de Apoio Internacio-nal para não Repetição do Conflito Armado emColômbia, é um esforço de pesquisa, lideradopela Fundação para uma Nova Vida – FUNUVI-DA, com o objetivo de reconhecer os distintos fa-tores que poderiam desencadear um novo confli-to armado na Colômbia, posterior a assinatura deum acordo de paz entre as FARC-EP e o Governocolombiano, na Habana (Cuba).

      A pesquisa compreendeu os seguintes momen-tos:

      Procura bibliográfica: para obter umfundamento acadêmico e teórico acerca do con-flito armado na Colômbia, e suas causas estrutu-rais.

      Trabalho de campo: para conhecer asdinâmicas e particularidades de cada território,

    condições institucionais e de infraestrutura em18 municípios mais afetados pelo conflito ar-mado no país; ademais, conhecer os pontos, asopiniões e percepções da população através dosencontros participativos e enquetes nos mesmosmunicípios.

      Sistematização e análise: a informaçãorecopilada no trabalho de campo foi estudada deacordo com umas variáveis de análise, e desen-

     volvida no informe da pesquisa.

    Neste sentido, como todo processo de pesquisa,o Projeto Qantu tem um importante fundamentoteórico e conceitual, o qual permitiu avançar noreconhecimento das distintas particularidadesdo conflito.

    O primeiro momento bibliográfico contou comduas etapas distintas: Antecedentes históricos ereferentes conceituais. A etapa de construção dosantecedentes históricos da origem e consolidaçãodo conflito armado na Colômbia requereu umimportante esforço de indagação bibliográficasobre a documentação da imprensa e daquelaspublicações científicas que serviram de estado daarte sobre os acontecimentos mais importantesda confrontação armada na Colômbia desde os

    anos 60 até a atualidades. A construção dos re-ferentes conceituais compreendeu o processo deconstrução de um marco conceitual, no qual seindagaram sobre as distintas categorias, concei-tos e definições que desde uma perspectiva teó-rica permitiram avançar no reconhecimento dasprincipais particularidades do fenômeno pesqui-sado.

    Durante esta etapa, se recorreu a importante

    fontes de informação como a Rede de Bibliote-cas Públicas de Medellín, os catálogos virtuaisdas bibliotecas das universidades de Antioquia,de Medellín, Nacional, EAFIT, UPB e San Bue-naventura, procurando conceitos centrais como:Violência Política, Conflito Interno Armado,Guerrilha na Colômbia, Processos e Negociaçõesde Paz.

    Com a informaçãoconseguida duran-te este rastreiobibliográfico,se conseguiuidentificar au-tores como:María TeresaUribe, Daniel

    Como foi feitaesta pesquisa?

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    Pecaut, Alfredo Molano e María e Wills, entreoutros importantes pesquisadores que centraramgrande parte da sua produção acadêmica aoestudo do fenômeno do conflito armado naColômbia, desde seus distintas perspec-tivas e variáveis. Um dos elementos

    de maior interesse foi o conceitode “fatores desencadeantes doconflito”, o qual indaga so-bre aquelas situações ouproblemáticas instaladasno território que permi-tiram a aparição e consoli-dação do mesmo.

      O conceito de “fatores desencadean-

    te do conflito” permitiu a construção de variáveis analíticas para a compreensão dasdistintas características que terminariam fa-

     vorecendo a aparição e consolidação do confli-to armado nos territórios. As três variáveis ana-líticas utilizadas na fase da pesquisa do ProjetoQantu fazem referência a: Condições Sociais eCapacidade Instalada, Potencialidades e SituaçãoEconômica e Ordem Público.

      O segundo momento da pesquisa faz referên-cia ao trabalho de campo e recopilação da infor-mação empírica durante os meses de novembro edezembro de 2015, na qual as comunidades dosmunicípios abordados foram atores fundamen-tais. Este momento compreendeu duas etapasdistintas: a eleição dos municípios priorizados e

    a visita aos territórios.

      A primeira eta-pa, identificação e

    eleição dos muni-cípios, foi o re-sultado de umprocesso deanálise no qualse contempla-ram as seguin-

    tes variáveis:

    o escasso controle terri-torial por parte do Estado, a

     vitimização da qual tem sido objeto apopulação pelas ações violentas derivadas

    do conflito armado, a exclusão social e a pobrezae a importância geoestratégica dos territórios.Em total, foram 18 municípios contemplados re-unidos em 6 zonas, as quais se encontram situa-das nas distintas regiões do país e reunidos emdepartamentos. As zonas de análise e os municí-pios que os formam são: Antioquia e Bolívar: Bri-ceño, Ituango, Cantagallo e Morales; Cauca e Na-riño: Argelia e Tumaco; Norte do Huila e sul doTolima: Colombia, Chaparral e Planadas; Meta eGuaviare: La Macarena, San José del Guaviare eCalamar; Caquetá e Putumayo: San Vicente delCaguán, Orito e a Hormiga; e Norte de Santan-der: Convención, El Tarra e El Carmen.

    Com a eleição dos municípios priorizados, seavançou na formação de um grupo de pesqui-sadores de campo, composto de forma interdis-ciplinar por profissionais da Ciência Política, o

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    Direito, a Sociologia, a Comunicação Social, en-tre outros. Este grupo de pesquisadores foi o en-carregado de desenvolver o trabalho de campo,realizando distintas atividades nas zonas, entre asquais se destaca: recopilação de informação so-bre as condições e caraterísticas dos municípios;

    implementação das ferramentas metodológicaselaboradas para a pesquisa, como foram os En-contros Territoriais para a Construção da Paz,as enquetes; desenvolvimento de uma matriz deidentificação dos atores para cada um dos muni-cípios.

      De acordo ao anterior, em primeiro lugar, oprocesso de recopilação da informação sobres ascondições e caraterísticas dos municípios, con-

    sistiu em indagar acerca das particularidadesdemográficas, a capacidade instalada e coleta dedocumentos públicos sobre o Ordenamento Te-rritorial, o Plano de Desenvolvimento e o Progra-ma de Governo do Prefeito eleito. A informaçãoutilizada na pesquisa provêm dos documentosoficiais das diferentes entidades públicas enca-rregadas de cada um dos temas. Esta atividadepermitiu coletar a informação própria dosmunicípios, para identificar não somente ascaraterísticas próprias do território, mastambém os problemas que se encon-tram manifestos na agenda públicamunicipal.

      Em segundo lugar, os pesquisa-dores de campo se encarregaramde implementar as ferramentasde coleta de informação, realizan-do em cada um dos municípiosos Encontros Territoriais para a

    Construção da Paz que constituemum instrumento metodológico par-ticipativo, onde se convida à comu-nidade para a construção de um diag-nóstico do território, o reconhecimentodas principais dificuldades e problemasinseridos em sua cotidianidade. De igual

    forma, estes encontros permitiram aos partici-pantes identificar e propor aquelas soluções ouações que permitiriam melhorar as condições doseu município; ademais, serviram na construçãode um mapa de atores (instituições públicas, or-ganizações sociais, organizações religiosas, ins-

    tituições privadas, organizações sem fins lucra-tivos e outros atores como os grupos armadosilegais que fazem presença nos territórios), coma finalidade de indagar acerca das suas posiçõesa respeito dos diálogos de paz e o pós acordo, e anível de poder que ostentam para se mobilizar afavor ou em contra destes dois assuntos.

      Outro dos instrumentos de coleta de infor-mação foram as enquetes que permitiram abor-

    dar distintas temáticas, entre as que se destacam:descrição pessoal, problemáticas instaladas nomunicípio, percepções frente ao processo de na-turalização de ex-combatentes, principais fatoresde risco frente à implementação dos acordos depaz e

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    desafios no cenário dopós-acordo. As respostas dacomunidade nas enquetesforam fundamentos para odesenvolvimento da presen-te pesquisa.

    Nesta ordem de ideias, coma informação obtida se pro-cedeu a realizar a sistemati-zação e analise da mesma oque permitiu estabelecer osseguintes componentes: ca-raterização de cada um dosmunicípios de acordo a suascondições geográficas e demográficas; e em re-lação à presença de atores armados ilegais no te-

    rritório e o risco de vitimização que se apresentapara os habitantes.

    Logo se desenvolveu uma análise sobre a capaci-dade instalada e os fatores de risco, uma referên-cia aos atores que fazem presença no território esuas posições frente aos diálogos de paz, pelo qualse plasmou em um mapa para cada município. Epor último se mencionaram alguns programas eprojetos municipais que desde os planos de des-

    envolvimento 2012-2015 e os planos de Governo dos prefeitos elei-tos para o período2016-2019 se apre-sentam como açõesencaminhadas àconstrução da paz.

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    O favorável e desfavorável dossistemas nos municípios

    A respeito do que os entrevistados iden-tificam como favorável ou desfavorávelfrente a capacidade instalada no seuterritório, é evidente um importantedescontento, especialmente nos siste-mas de Saúde e Vias de acesso. Em re-lação ao último item, é generalizadaa solicitação dos habitantes que recla-mam pelo melhoramento das vias deacesso e conexão com as zonas rurais,requisito fundamental para dinamizara economia dos territórios. Por outro

    lado, só o sistema de lazer e esportesapresenta um nível favorável maior.

    Favorável

    Unfavorable

    Saúde

    Vias de acesso

    Aqueduto

    Administração da justiça

    Educativo

    Lazer e Esportes

    35%27%

    36%3 0%

    16%

    13%   57%

    63%

    65%

    11%

    11%

    52%

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    Na identificação dos problemas nos te-rritórios, se evidencia como as variáveisconsideradas pelo Projeto Qantu sãode suma importância na cotidianida-de dos entrevistados, onde o problemacom o maior percentual é o AbandonoEstatal com o 80%, porém o problemacom mais baixa importância é o da In-segurança com 62%, o que em qualquercaso representa um alto percentual.

    Importância dosproblemas no território

    Percentual de participantes

    79,63%

    76,49%

    74,50%

    74,10%

    71,18%

    64,91%

    68,01%

    61,59%

    Abandono do Estado

    Extrema pobreza

    Emprego

    Projetos Produtivos

    Poucos Ingressos

    Actores armados

    Comércio

    Insegurança

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    Finalmente os entrevistados prioriza-ram os temas onde o Governo deve-ria aumentar o apoio para minimizar apossibilidade de gerar um novo conflitoarmado, indicado que se bem é impor-tante realizar um investimento integral,onde se abordem ou fortaleza a capaci-dade instalada e a institucionalidade, énecessário realizar uma maior ênfase nomelhoramento do sistema educativo e ageração de processos de formação e ca-pacitação para o mercado de trabalho,melhorando a capacidade de geração doingresso dos ex-combatentes e vítimas.

    Ações para evitar umnovo conflito armado

    Percentual de participantes

    91,40%

    91,11%

    91,00%

    90,48%

    90%

    91,99%

    Capacitação e Formação Laboral

    Projetos Educativos

    Abrangência em Saúde

    Criação de Projetos Produtivos

    Jornadas de Prevenção

    Processo de Reconciliação

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     Como resultado final do trabalho com os entre-

     vistados e os grupos focais nos encontros territo-riais para a construção da paz, se visibilizaram asseguintes propostas para diminuir os fatores de ris-co que podem desencadear em um novo conflitoarmado::

      Infraestrutura para a paz:  Énecessário um maior investimento na transfor-mação das vias de acesso aos municípios e suas ve-redas, com o qual se aproveitarão as potencialida-des agrícolas e turísticas das regiões, convertendoa estas em territórios competitivos. De igual for-ma, se requere a construção de hospitais equipadoscom um sistema eficiente de atenção à população,melhorando não só as condições em infraestruturamas também contratando profissionais, asseguran-do o direito dos cidadãos ao acesso à saúde.

      Oferta acadêmica inclusiva ecompetitiva:  Melhorar a infraestrutura dasinstituições educativas rurais, de ensino básico,

    fundamental e médio existentes nos territórios. Deigual forma, ampliar a oferta nacional em educaçãosuperior, criando facilidades para o acesso a eladesde os territórios, incluindo as pessoas de maisbaixos recursos, melhorando assim a competitivi-dade do município e sua população.

    Substituição de cultivos ilíci-tos: Construir um programa nacional que vincu-le aos camponeses em um processo de substituição

    dos cultivos de uso ilícito, oferecendo-lhes as con-dições de segurança necessária para sua partici-pação. Este programa deve assegurar a sustentabi-lidade econômica das famílias que abandonem oscultivos de uso ilícito, não só financiando os pro- jetos produtivos que os substituirão, mas tambémbrindando um apoio econômico até que os mes-mas sejam sustentáveis, gerando ademais canais de

    comercialização que assegurem a compra justa dos

    produtos legais.

    Emprego para a paz:  Se deveavançar no melhoramento da indústria local, ou-torgando benefícios fiscais ás empresas que con-tratem a vítimas e ex-combatentes, incentivando oemprego nesta população. É importante que como apoio do Estado e a cooperação internacional sepossam construir novas empresas de caráter sociale comunitário nas zonas mais golpeadas pelo con-flito, nas quais as vítimas e ex-combatentes sejamos proprietários e recebam a capacitação suficientepara garantir a sustentabilidade desta atividade.

      Empreendimento e unidadesprodutivas familiares: O baixo nível deingresso das comunidade é um dos principais pro-blemas dos municípios mais afetados pelo conflito.É importante desenvolver um esforço interinsti-tucional para criação de um programa de capaci-

    tação e criação de unidades produtivas familiaresque permitam assegurar um ingresso à população,estabelecendo o financiamento que viabilize os em-preendimentos e canais de comercialização que as-segurem a venda da produção.

      Fortalecimento da Força Públi-ca e o trabalho com as comunidade:A Força Pública deve garantir o completo desmon-te das estruturas armadas ilegais nos municípios,

    evitando que tomem controle do território e dasatividades ilegais. Por essa razão, se deve fortalecerem quantidade e qualidade a Força Pública paraque tenham presença onde hoje influem ou per-manecem os frentes desmobilizados, assim mesmoresolver os problemas de corrupção e conivênciacom grupos ilegais e trabalhar com as comunida-des para que tenham maior confiança.

    CONCLUSÕES ERECOMENDAÇÕES

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      Atenção a vítimas e construçãoda paz:  É fundamental avançar na construçãode rotas de atenção e prevenção das violações dosDireitos Humanos nos territórios, dinamizar pro-postas focadas aos processos de reconciliação, econstruir e implementar uma cátedra de paz nas

    escolas e colégios, baixo os princípios de partici-pação e diálogo.

      Desmobilização e reinserçãode ex-combatentes:  Conseguir o desmon-te completo das organizações ilegais, avançar nosprocessos de juízo e naturalização de ex-comba-tentes assegurando-lhes seu direito a saúde, a edu-cação, a moradia e ao trabalho.

    Construção de processos de re-conciliação: A complexa relação existente noterritório entre todos os atores armados e a socie-dade civil, requerem a construção de processos dereconhecimento, verdade e reconciliação que per-mitam uma melhor convivência entre estes atores.Neste sentido, é importante avançar na construçãode cenários participativos de construção da memó-ria histórica.

      Descentralização e titulaçãoda propriedade na zona rural:T A formalização de posse de terra na zona rural énecessária para fortalecer o desenvolvimento des-tas regiões. A maioria dos municípios priorizadosna pesquisa se caracterizam por ter grandes zonasque fazem parte de áreas de proteção denomina-das como Parques Nacionais Naturais (Catatumbo,Barí, Las Hermosas, Nudo de Paramillo, Páramosde Sumapaz, entre outros), e zonas de reserva flo-restal declaradas legalmente, pelo qual demandainiciar um processo de subtração de algumas áreasque hoje não se podem adjudicar, gerando umequilíbrio entre os pequenos produtores e a pro-teção destas zonas de importância ambiental parao país.Se devem concentrar esforços na titulação de pré-dios para reduzir o desequilíbrio entre grandes e

    pequenos produtores agropecuários, para o acessoa recursos de programas de apoio do Governo emzonas de reserva campesina, áreas de desenvolvi-mento rural e áreas tituladas coletivamente a co-munidades afro colombianas. Ademais, é neces-sário proteger aos ocupantes dos território baldios

    da expulsão que sofrem produto da violência nes-tas zonas.

    Finalmente, se recomenda aos atores institucionaisque representam ao Estado a nível nacional, regio-nal e local, especialmente a entidades de fomento,governações e prefeituras (no que respeita à estru-turação e desenvolvimento dos seus programas degoverno: planos de desenvolvimento), e às organi-zação sociais e empresas (no desenvolvimento doseu modelo de sustentabilidade ou de responsabili-

    dade social), ter em conta as conclusões desta pes-quisa para delimitar o foco estratégico da sua gestãona fase de implementação dos acordos e no proces-so de construção da paz nos territórios. Cada umadas problemática a abordar deve ter um modelo deintervenção específico e não deve se generalizar emtodos os territórios, pois deve obedecer às particu-laridades aqui referidas e às características sociais,econômicas, culturais e políticas em cada caso.

    As definições devem se construir sob uma filosofiade participação interinstitucional, na que cada atorfaça o que lhe corresponde, sem usurpar o papeldos demais, porém garantindo coerência e linea-

    mento, consequentemente, um impacto real naconstrução da paz e contribuição para conquistados objetivos estratégicos de cada ator.

    FUNUVIDA pode acompanhar as instituições,

    organizações sociais e empresas na definição dosseus focos estratégicos particulares, de acordocom sua missão e direcionamento estratégico, eno desenho dos modelos de intervenção respec-tivos.

  • 8/17/2019 PARA NÃO REVIVER A GUERRA Um olhar desde o território- Separata em Português

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