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OBLATOS DE MARIA IMACULADA - SÃO PAULO - BRASIL por Pe. Rubens Pedro Cabral, Provincial, Março/Abril de 2011 | Edição Nº 134 R ecentemente abrindo uma gaveta qualquer, me deparei com uma matraca*. Imediatamente quantas recordações! Memórias das celebrações religiosas, que povoam a mente da criança que fui. A interminável procissão de Ramos, do Encontro e do Cristo morto; ainda eloquência do Sermão das Sete Palavras, que especialmente os Padres Passionistas pronunciavam tão bem. Lembranças acompanhadas do som de cânticos, lamentos, ladainhas e lágrimas espontâneas, que felizmente revelavam seus objetivos maiores na grande Festa da Ressurreição. Impossível não rememorar tais encontros nesses tempos finais da quaresma e na vivência próxima do tríduo pascal, tudo o que se encontra no passado a respeito da valorização e compreensão ingênua ou mais profunda dos eventos de então... Sombras de quaresmas passadas com seus jejuns, nem sempre bem aceitos ou compreendidos, dos temores e trevas da Sexta Santa o martírio salvador encaminhado inexoravelmente para o Grande Aleluia de alegrias e luzes na celebração de Páscoa, cultivada no contexto familiar ou eclesial. Experiências únicas, hoje na memória, rituais encantadores ou enigmáticos que auxiliavam e mantinham nossos passos entre dois mundos: o da terra e o dos céus. Recordações novamente valorizadas, que foram e ainda estão sendo atualizadas, em mais essa vivência comemorativa para o ano litúrgico de 2011. Em contextos similares e desafios semelhantes, somos convidados ao grandioso reencontro com as raízes mais profundas da experiência particular, própria, do Deus trino, que permanece como fundamento da espiritualidade e dos compromissos cultivados no presente em favor do Reino. Reviver tais experiências, encaminhá-las para o futuro, ressignificando-as no rico contexto da Igreja de hoje, supõe também a compreensão mais profunda da pequena oração proposta pela Campanha da Fraternidade 2011: Senhor Deus, nosso Pai e Criador. A beleza do universo revela a vossa grandeza; A sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tendes por todos nós. Pecadores que somos, não respeitamos a vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em devastação, e a morte mostra a sua presença no nosso planeta. Que nesta quaresma nos convertamos! E vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa renascer segundo o vosso plano de amor, por meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes. E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia vida, também nós, movidos pelos princípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor, o ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo. Amém (*) Pequeno instrumento feito com taboinha que produz som repetitivo, usado para acompanhar procissões. RECORDAR, REVIVER, E ATUALIZAR NESTA EDIÇÃO Recordar, Reviver, e Atualizar 1 Saudações Leitores de Nossas Notícias 8 50 Anos Já! Deus seja Louvado! 2 Humor 9 Uma Reflexão Sobre 50 Anos de Sacerdócio 4 Datas Celebrativas 10 Comunidades Eclesiais de Base 6 Agradecimentos, Lembretes 10

RECORDAR, REVIVER, E ATUALIZAR

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Março/Abril de 2011 | Edição Nº 134

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O B L A T O S D E M A R I A I M A C U L A D A - S Ã O P A U L O - B R A S I L

por Pe. Rubens Pedro Cabral, Provincial,

Março/Abril de 2011 | Edição Nº 134

R ecentemente abrindo uma gaveta qualquer, me deparei com uma matraca*. Imediatamente quantas recordações! Memórias das celebrações religiosas, que

povoam a mente da criança que fui. A interminável procissão de Ramos, do Encontro e do Cristo morto; ainda eloquência do Sermão das Sete Palavras, que especialmente os Padres Passionistas pronunciavam tão bem.

Lembranças acompanhadas do som de cânticos, lamentos, ladainhas e lágrimas espontâneas, que felizmente revelavam seus objetivos maiores na grande Festa da Ressurreição. Impossível não rememorar tais encontros nesses tempos finais da quaresma e na vivência próxima do tríduo pascal, tudo o que se encontra no passado a respeito da valorização e compreensão ingênua ou mais profunda dos eventos de então... Sombras de quaresmas passadas com seus jejuns, nem sempre bem aceitos ou compreendidos, dos temores e trevas da Sexta Santa o martírio salvador encaminhado inexoravelmente para o Grande Aleluia de alegrias e luzes na celebração de Páscoa, cultivada no contexto familiar ou eclesial. Experiências únicas,

hoje na memória, rituais encantadores ou enigmáticos que auxiliavam e mantinham nossos passos entre dois mundos: o da terra e o dos céus.

Recordações novamente valorizadas, que foram e ainda estão sendo atualizadas, em mais essa vivência comemorativa para o ano litúrgico de 2011. Em contextos similares e desafios semelhantes, somos convidados ao grandioso reencontro com as raízes mais profundas da experiência particular, própria, do Deus trino, que permanece como fundamento da espiritualidade e dos compromissos cultivados no presente em favor do Reino. Reviver tais experiências, encaminhá-las para o futuro, ressignificando-as no rico contexto da Igreja de hoje, supõe também a compreensão mais profunda da pequena oração proposta pela Campanha da Fraternidade 2011:

Senhor Deus, nosso Pai e Criador.

A beleza do universo revela a vossa grandeza; A sabedoria e o amor com que

fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tendes por todos nós. Pecadores que somos, não respeitamos a

vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em

devastação, e a morte mostra a sua presença no nosso planeta.

Que nesta quaresma nos convertamos!

E vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa renascer segundo o vosso plano de amor, por

meio da nossa mudança de mentalidade e de atitudes. E, assim, como Maria, que meditava a vossa Palavra e a fazia

vida, também nós, movidos pelos princípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso

Senhor, o ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo.

Amém

(*) Pequeno instrumento feito com taboinha que produz som repetitivo, usado para acompanhar procissões.

RECORDAR, REVIVER, E ATUALIZAR

NESTA EDIÇÃO

Recordar, Reviver, e Atualizar 1 Saudações Leitores de Nossas Notícias 8

50 Anos Já! Deus seja Louvado! 2 Humor 9

Uma Reflexão Sobre 50 Anos de Sacerdócio 4 Datas Celebrativas 10

Comunidades Eclesiais de Base 6 Agradecimentos, Lembretes 10

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2 Nossas Notícias

S olignac, na França, na grande abadia

que começou a ser construída no século

sexto, é dia de festa: Monsenhor Plumey, Bispo

Missionário Oblato de Maria Imaculada, do

Cameroun/África, esta celebrando a ordenação

sacerdotal de alguns jovens oblatos que

terminaram seus estudos de teologia. Quando

tive que benzer meu pai e minha mãe, fiquei

muito emocionado. É o dia 2 de julho de 1961.

Fiz o meu pedido de obediência ao Superior

Geral: a Ásia ou a América Latina. Precisa uma

terceira opção, então vamos colocar a França.

Precisa de você em Bobigny, na periferia de

Paris”. Decepção! Mas Deus faz bem as coisas.

Encontrei nessa paróquia oblata grandes

missionários que me mostraram o caminho da

missão no meio dos pobres. 1962-1965: o

Concílio Vaticano II. Nós bebemos dessa rica

fonte. Foram seis anos de muita experiência

missionaria. ACO, JOC, ACE. Penetrou em mim

a mística da militância.

Precisa de gente para Belém/Brasil. “Sou

voluntário”. Vou me juntar a João Hebette,

José Le Bihan, Afonso Flohic e Francisco

Rubeaux. Três anos na paróquia São Jorge da

Marambaia. 1968: Medellin, a teologia da

libertação, as CEBs. Tem que dominar a língua

portuguesa: nada fácil!

Humberto Rialland se acha sozinho em

Marabá, no sudeste do Pará. “Eu vou”. Dez

anos na Transamazônica. Depois vão se juntar

a nós outros oblatos, Geraldo Levron,

Emmanuel Wambergue... Formamos

50 ANOS JÁ!

Deus seja louvado!

por Pe. Roberto Valicourt, O.M.I.

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Nossas Notícias 3

comunidade com as Irmãs Dominicanas. Anos de luta pela terra. Anos da Guerrilha do Araguaia. Preso,

torturado...uma rica experiência de um sacerdócio solidário com as vítimas da violência de uma ditadura militar sem

coração. O diaconato é servir. O sacerdócio é se doar.

Posseiros, colonos do INCRA, êxodo rural. Meu povo se muda aos poucos para Marabá. Eu vou à Marabá. Deixo

Jorge Schweden. Meu companheiro sofre malária e hepatite e vem a falecer dia 24 de abril de 1981. Morando na

Folha 28 da Nova Marabá tenho que dar assistência as comunidades da Transamazônica até um outro padre chegar.

Alguns jovens querem conhecer os

oblatos: vou abrir uma casa

vocacional. Muitos jovens passaram,

alguns poucos ficaram: Gilson

Sobreiro, Lindomar, Genivaldo, José

Roberto, Arlindo, José de Paulo,

Joaquim...A formação é outra maneira

de viver o sacerdócio. Roberto Heit

toma conta da paróquia. Tem que

assumir a coordenação da pastoral da

Diocese, a Administração Apostólica

da mesma durante alguns meses, a

coordenação do MEB...

2000, vou a Belém assumir a Casa da

Missão.

2007, vou a Sumaré assumir a casa de

filosofia com Irmão Geraldo.

Dezembro de 2009, vou à Manaus,

começar tudo de novo com os Índios

da cidade. Outra maneira de viver o

sacerdócio missionário.

Tem sempre que recomeçar até o dia

que...

Neste ano de 2011 queremos celebrar

dois importantes jubileus de ouro .

O primeiro do Pe. Roberto Valicourt

e o segundo do Pe. Guilherme Reinhard

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Foi pedido a mim uma pequena reflexão sobre estes anos de padre e missionario Oblato. Minha primeira reação foi: o que eu sou ou o que fiz que merece ser partilhado com os outros? E mais importante quais as lições que aprendi de tantas experiências durante estes anos? Vou tentar responder objetivamente.

Depois da minha ordenação (31/05/61) em

Washington. DC., continuei os meus estudos na

faculdade de Missiologia na Universidade

Gregoriana em Roma. Foi durante o Concílio

Vaticano II, tempo de profundo estímulo

intelectual e de

esperança, uma

oportunidade

única. Convivendo

e refletindo com

mais de vinte

jovens

missionaríos

Oblatos, vindos de

todos os

continentes,

fomos cutucados

a repensar nossas

seguranças sobre a Igreja e a sua missão no mundo. O

velho papa, João XXIII, tinha conseguido abrir muitas

janelas no Vaticano, levantando muita poeira no

processo, e inspirando uma nova esperança em nossos

corações e mentes.

Cheguei em São Paulo em julho de 1969 e logo foi

enviado a uma paróquia grande na Zona Sul da cidade.

Foi em Cidade Dutra, onde uma equipe de Oblatos

junto com três irmãs de Santa Cruz já estava

trabalhando, que eu iniciei a minha experiência

concreta de evangelização no Brasil, Cidade Dutra era

um bairro “dormitório’’, distante do centro, muito

populoso e pobre, mas cheio de vitalidade devido às

CEBs que estavam nascendo naquele tempo. Junto com

estas pequenas comunidades

de fé também nasceram varios

movimentos populares que

lutavam por melhores

condições de vida e trabalho,

apesar da vigilância constante

da polícia política que

ameaçava, prendia e torturava

várias lideranças da paróquia.

Foi uma experiência muito

rica, uma bela iniciação à Igreja do Brasil.

Alguns anos depois foi transferido para uma outra

paróquia na Zona Sul, num bairro chamado Vila Remo.

Lá dentro das mesmas condições sociais, continuei

acompanhando as CEBs, aprofundando a Palavra de

Deus com o povo através dos diversos tipos de cursos e

círculos Biblicos, sempre trabalhando em equipe com

religiosas, leigos e leigas. Todo este esforço deu fruto

em termos de uma visão mais ampla da sociedade,

visto a luz de uma fé encarnada na realidade. Um

exemplo disso foi o nosso grande amigo, o operário

Santo Dias da Silva. Ele que foi fruto dos cursos bíblicos

e da experiência da luta sindical, foi morto pela Policia

4 Nossas Notícias

Uma Reflexão Sobre

50 Anos de Sacerdócio

por Pe. Guilherme Reinhard, O.M.I.

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Militar em outubro de 1979, mártir da classe operária.

Durante estes anos tambem tive a oportunidade de dar

aulas de teologia pastoral na faculdade Nossa Senhora

da Assunção, onde tentei integrar as intuições de

Vaticano II, Medellin e Puebla com as ricas experiências

pastorais que estava acumulando na periferia.

Mais tarde trabalhei numa paróquia na Vila Brasilândia,

Zona Norte de São Paulo, em condições sociais seme-

lhantes as outras duas paróquias — muita injustiça e

miséria nas favelas e com índices altíssimos de violên-

cia. Também nestes anos (1985-1991) servi a Vice-

Provincia de São Paulo como coordena-

dor (Provincial), responsabilidade esta

que muitas vezes me levou fora da me-

trópole até recintos distantes no Norte

(Belém e Marabá) e Nordeste (Recife.

Salvador e o sertão da Bahia), regiões

que nem conhecia. Estas experiências

valiosas também abriram a minha cabeça

para a pobreza, sofrimento e fé profunda

do povo nordestino como para as lutas

do povo amazônico.

Nos anos 90 houve mais duas

experiências importantes: a primeira no

centro de São Paulo onde assumi a

coordenaçao da Pastoral da Moradia da Arquidiocese,

acompanhando as lutas por moradia decente dos

favelados e encortiçados. A segunda foi na cidade de

Sumaré, no interior do Estado de São Paulo, onde

assumi a responsabilidade de acompanhar os noviços

Oblatos no seu processo de discernimento vocacional.

Foram anos de experiências diversificadas e

desafiantes, que exigiam de mim um aprofundamento

espiritual e psicológico. Outros dois processos de

aprendizagem!

Finalmente, em 2005 fui enviado para Manaus junto

com mais três Oblatos, para iniciar a nossa primeira

missão no Estado do Amazonas. Outro desafio grande,

esta vez para me adaptar (agora com setenta anos) a

uma cultura bem diferente da qual a gente conhecia no

sul do país. Aqui, onde estou hoje na periferia leste da

capital, tudo anda mais devagar. O povo foi

praticamente abandonado pelas autoridades civis e

muitas vezes esquecido pela própria igreja durante

séculos. Aos poucos estou descobrindo que a cabeça de

muitos, incluindo as nossas lideranças, era uma mistura

de atitudes, idéias e crenças de diversas culturas e

religiões, um universo espiritual muito complexo e

quase impenetrável. Tudo isso exige do missionário

bastante humildade e paciência!

Estamos, eu e os meus irmãos Oblatos da comunidade,

tentando acompanhar este povo, motivando as

comunidades a sair do templo de tijolos em busca da

igreja-povo que luta para sobreviver, mas que raras

vezes chega as nossas capelas. Nossas prioridades são:

1) uma formação bíblica cada vez mais aprofundada na

linha de uma leitura orante: 2) motivar a organização

do povo para pressionar as autoridades municipais e

estaduais por políticas públicas voltadas especialmente

para os adolescentes e jovens em risco; e 3) no espírito

da CF-2011, estimular pequenos projetos de reciclagem

de lixo e artesanato, assim promovendo a criatividade

principalmente das mulheres e jovens.

No meio de tudo isso estou muito feliz. Sinto que estou

sempre começando! Mas tenho a confiança que ao

longo de todas estes anos sempre tive a companhia

misteriosa de Jesus de Nazaré, o mesmo Vitorioso que

caminhou com os discipulos rumo a Emaús - hoje posso

dizer “rumo a Manaus! ” Só falta louvar e agradecer o

Deus da Vida que me deu de presente estes 50 anos de

sacerdócio na missão, com bastante saude e muita

alegria, à serviço do povo pobre e abandonado do

Brasil. E termino com o Salmista pedindo “Que Deus

confirme a obra de nossas mãos! “

(SI. 90.10)

Manaus, 26 de fevereiro de 2011

Pe. Guilherme Reinhard, O.M.I.

Nossas Notícias 5

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6 Nossas Notícias

A Paróquia, as CEBs e toda Igreja existem para pro-pagar o Reino de Deus, não para si próprias. As

CEBs são um dos modelos humanos que subsiste na Igreja não um movimento como o carismático, uma associação como os Vicentinos e nem uma espiritualidade como a ignaciana ou a franciscana. É a Igreja e se forma em pequenas unidades para viver em comunhão com outras como família de Deus. Uma nova maneira hoje de ser, igual à Igreja primitiva. Os documentos dos Bispos Latino-Americanos falam que elas são “as células iniciais da estrutura eclesial e foco de evangelização. São comunidades católicas que são o fator primordial da promoção humana e desenvolvimento da sociedade. Os membros dessas comunidades vivem conforme a sua vocação a que foram chamados, e exercem as funções que Deus lhes confiou: sacerdotal, profética e real a serviço dos outros. Elas fazem da sua Comunidade um sinal da presença de Deus no mundo” Medelin (1968). Em Puebla (1970) o texto mostra como os membros vivem sua fé. “Nas CEBs crescem a experiência de novas relações interpessoais na fé. O aprofundamento da Palavra de Deus, a participação na Eucaristia, a comunhão com seus pastores e um maior compromisso com a justiça social dos ambientes em que vivem são elementos essenciais da sua natureza. (Puebla, nº 616) Nelas criam-se uma reflexão bíblica sobre a realidade, à luz do Evangelho e acentua-se o compromisso com a família, com o trabalho, o bairro e a comunidade local. “São a esperança da nossa Igreja” (Puebla nº 629). “Como Comunidades integram todos os seus fiéis numa íntima relação interpessoal de fé. São eclesiais porque a pessoa central da comunidade é Jesus Cristo e não o padre. Celebram a Palavra de Deus, se nutrem na Euca-ristia, ponto culminante de todos os sacramentos e rea-lizam a tal Palavra na vida, através da solidariedade e do compromisso com o novo mandamento do Senhor (Puebla nº 641) “Os cristãos nas CEBs fomentam sua adesão a Cristo procurando viver uma vida mais evangélica no seio do povo celebrando para questionar as raízes egoístas do consumismo da sociedade e explicitando a vocação para a comunhão com Deus e com os irmãos e oferecendo um valioso ponto de partida para a construção duma nova civilização do amor” (Puebla 642)

“Elas são a expressão de amor preferencial da Igreja pelo povo simples (os pobres). Nelas se expressa, valoriza e purifica sua religiosidade e se lhe oferece a possibilidade concreta e a participação na tarefa eclesial e no compromisso de transformar o mundo” (Puebla 643). No documento de Santo Domingo (1992) os textos nos avisam que “a paróquia, comunhão orgânica e mis-sionária, é uma rede de comunidades. E a família de Deus como uma fraternidade animada pelo Espírito de unidade. (Sto. Domingo nº 58). “Os pastores que permitem setorizar a pastoral em pe-quenas comunidades eclesiais fazem aparecer o valor da responsabilidade dos fieis leigos que é promovida. Qua-lificar a formação e participação dos leigos, capacitando-os para encarnar o Evangelho nas situações específicas onde vivem e atuam e uma das grandes linhas a ser co-locado em prática (Sto. Domingo nº 60). Descentralizar a paróquia e formar ministros para as tarefas da Comuni-dade não são trabalhos pastorais acolhidos pelos padres porque implica muito trabalho. Normalmente são ani-

Comunidades Eclesiais de Base

Pe. Paulo Medeiros uniformizado em sua participação do 11º Intereclesial das CEBs

por Pe. Paulo Medeiros, O.M.I.

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Nossas Notícias 7

madas por leigos, homens e mulheres preparados no processo comunitário. “Devem se caracterizar por uma projeção universalista e missionária que lhe infundirá um dinamismo apostólico. E um sinal de vitalidade da Igreja, instrumento de forma-ção e evangelização, um ponto de partida válido para uma nova sociedade fundada sobre a civilização do a-mor” (Sto. Domingo n0 61) O documento da CNBB nº 25 intitulado “Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil” (1982) inclui cita-ções fundamentais: “De forma privilegiada as CEBs re-descobrem na leitura bíblica o aspecto libertador da história da Salvação. Veem sua própria caminhada prefi-gurada no Êxodo do Povo de Israel e atualizada na vivên-cia do mistério Pascal de Jesus Cristo. Assumem sua luta pela justiça como realização do profetismo na sociedade hoje. Elas redescobrem também a vivência das Comuni-dades primitivas que se encontravam sempre na fração do pão partilhando seus bens e vivendo unidos numa só oração e “uma só alma” (CNBB nº 12). “Faz-se urgente suscitar e dinamizar, dentro do território paroquial as CEBs, onde os cristãos não sejam pessoas anônimas, mas se sintam acolhidas e responsáveis e delas façam parte integrante em comunhão de vida com Cristo e com todos. Os seus irmãos. Aparecem duas idéias que vão ser tomar os eixos da ação pastoral no Brasil e no continente latino-americano: comunhão e participa-ção” (CNBB no 14-15)

A CNBB cita todos os documentos do CELAM a seu res-peito e termina dizendo: “A vitalidade das CEBs será tanto maior quanto mais intensa for a eclesialidade vivida na prática comunitária do Povo de Deus sobre tudo dos mais pobres e humildes (CNBB nº 31) Chegamos finalmente ao documento de Aparecida. Os textos das CEBs sofreram algumas correções em Roma mas ainda são vivos e atuais. (Nº 178-179). Anunciam todos seus frutos positivos, reconhecendo que elas são e sempre foram sinal da opção preferencial pelos pobres. Tem sido escolas que ajudam a formar cristãos compro-metidos com sua fé, discípulos(as) missionário(as) do Senhor como testemunhas a entrega generosa, até a derramar o sangue de muitos de seus membros como Santo Dias da Silva. Mantendo-se em comunhão com seu Bispo e inserindo-se no projeto de pastoral diocesana, as CEBs se convertam em sinais de vitalidade na Igreja particular. Atuando dessa forma podem contribuir para revitalizar as paróquias fazendo dela uma comunidade de comunidades. Darão frutos na medida em que a Eucaristia for o centro de sua vida, e a Palavra de Deus for o farol do seu caminho e de sua atuação na única Igreja de Cristo”. (Aparecida nº 178-179). Até agora, no Brasil, teve 12 Encontros Intereclesiais de Base, o último em Porto Velho, RO ano passado. O próximo será realizado em Crato. CE, em 2013.

ESTAMOS NA INTERNET

www.omi.org.br

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8 Nossas Notícias

SAUDAÇÕES LEITORES DE

C om grande alegria que quero partilhar esse inicio de missão em Belém, aqui na Paróquia São Francisco de

Assis no bairro do Tapanã.

Cheguei dia 17 de janeiro com grande expectativa de como seria a área a ser trabalhada. Fui recebido no aeroporto

pelo Pe. Sérgio, outro Senhor da comunidade.

Os primeiros dias foram para conhecer algumas pessoas que trabalham nas comunidades, ouvir suas histórias, suas

experiências na atividade pastoral. Esse tem sido um momento de grande riqueza. A medida que partilham sua

experiência comigo, me possibilita entrar em sua vida aumentando esse laço de comunhão. Tomo como exemplo o

apóstolo Paulo que quando chegou a Filipos, foi para além das portas da cidade, junto do rio onde havia mulheres

reunidas. A partir daí se expande sua missao. Desta forma inicio os trabalhos por aqui com as conversas com o povo.

A região que compõe a paróquia é bem grande, são sete comunidades e uma área de condomínio residencial que

está se preparando para se tomar uma comunidade. Também há muitas pastorais que necessitam de um apoio para

aumentar o número de participantes e de formação específica para a pastoral.

Assim nesta realidade que o Espírito Santo por meio do conselho provincial me enviou para esta missão como

diácono, a fim de poder servir a Deus nas pessoas da comunidade. Este serviço que vim aprendendo desde o tempo

da formação primeira, agora vivenciarei intensamente junto ao povo de Deus.

O atual Diácono Ricardo em momento de descontração na casa de Sumaré ao lado do Pe. Paulo Joanil.

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Nossas Notícias 9

Nestes quatro meses que venho exercendo minha diaconia tenho aprendido muito com o povo. Por onde passo,

desde a paróquia Santo Eugênio de Mazenod, na diocese de Campo Limpo onde fui ordenado diácono e comecei a

exercer meu ministério a esta paróquia onde estou agora. As pessoas relembram de outros padres que passaram e

nunca deixaram de serem diáconos, no sentido do serviço. A forma como esses religiosos serviam as marcaram de

tal forma que ficaram imortalizados e sempre são lembrados. Desta forma procuro observar as pessoas contando

essa experiência para poder servi-los.

Outra fonte de inspiração para o exercício da diaconia é a palavra de Deus e a oração. Pela oração peço sempre a

graça de Deus para que a tentação do querer ser servido e não servir não me domine, para que a exemplo de Jesus

Cristo possa servir e não ser servido. Medito a vida do apóstolo Paulo que se apresentava como servo de Cristo Jesus

(Fl 1,1). Servir a Deus é tomá-lo protagonista da missão, é fazer o que Ele quer e não o que queremos.

Assim sigo o trabalho por aqui animado e perseverante. As comunidades estão se preparando para a quaresma, com

os encontros da campanha da fraternidade que serão realizadas nas casas. Este ano é especial para a diocese de

Belém com o projeto “Belém em missão”, na qual estão sendo preparados vários grupos em todas as paróquias da

diocese, que realizarão um trabalho missionário intenso. Os grupos se encontram periodicamente a nível diocesano

para a formação desse projeto. O último encontro será um grande retiro, que marcará o inicio das atividades.

Nesse espírito de missão que a arquidiocese está vivendo rogo a Deus que envie seu espírito para que sejamos

perseverantes ao chamado de Deus, segundo sua especificidade e que o nome de Jesus seja anunciado.

Diácono Ricardo de Almeida, O.M.I.

HUMOR Aquele cientista famoso estava a caminho de uma importante conferência quando seu motorista comentou:

- Patrão, já ouvir tantas vezes seu discurso que tenho certeza de que poderia fazê-lo no seu lugar, se por acaso o senhor ficasse doente.” - Isso é impossível... - Quer apostar?

E fizeram aposta. Trocaram de roupa e quando chegaram no local da conferência, o motorista foi para a tribuna enquanto o cientista ficou sentado na última fila. Depois da palestra, começou uma batelada de perguntas, que ele respondeu com precisão. No entanto, em certo momento, levantou-se um sujeito com uma questão difícil. Longe de entrar em pânico, ele saiu com essa:

-Meu jovem essa pergunta é tão fácil, mas tão fácil, que eu vou até pedir ao meu motorista para responder!

Um caipira fala para o outro:

Oi cumpade teu cavalo fuma?

O outro caipira responde:

Não por quê?

E o outro caipira fala:

Porque o teu estábulo ta pegando fogo.

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NOSSAS NOTÍCIAS

OBLATOS DE MARIA IMACULADA ORGÃO INFORMATIVO DE CIRCULAÇÃO INTERNA

[email protected] Rua Padre Marchetti, 596—Ipiranga

04266-000 São Paulo—SP Fone: (11) 2063-3955

Supervisão Conselho da Província do Brasil

10 Nossas Notícias

DATAS CELEBRATIVAS

MARÇO/2011

ANIVERSÁRIOS

04 Irmão José D. de M. Gomes (1986)

10 Pe. Luis de Melo (1952)

12 Diácono Wesley S. de Araújo (1979)

16 Pe. José Valter F. da Luz (1959)

16 Pe. Thomas Delaney (1933)

22 Pe. Cléber William L. Pompal

27 Pe. Paulo Cordeiro de O. Filho

VOTOS PERPÉTUOS

18 Irmão José de Jesus Filho (2007)

FALECIMENTO

15 Cleto Cox (1967)

ABRIL/2011

DATAS OBLATAS

11 Primeiros Votos de Santo Eugênio e Pe. Tempier

(1816)

ANIVERSÁRIOS

03 Diácono Ricardo de Almeida (1980)

09 Irmão Geraldo Groenen (1956)

18 Pe. Paulo Ehle (1940)

20 Pe. Eduardo Figueroa (1933)

PRIMEIROS VOTOS

30 Pe. José Ronácio (1994)

FALECIMENTO

24 Pe. Jorge Schwenden (1981)

21/maio:

Celebração da Ordenação do Diácono Francisco de Assis em Areia Branca, RN

ANOTEM EM SUAS AGENDAS ESTAS DATAS IMPORTANTES

11/junho:

Ordenação do Diácono Wesley S. de Araujo em Bonfim, BA

Nossos cumprimentos pela delegação oficial do Pe. José Roberto, O.M.I. e do Irmão Geraldo, O.M.I., como formadores do Escolasticado Oblato do Brasil.