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PARTIDOS E ELEIÇÕES NO PARANÁ · 2012-07-18 · Política no Brasil é o surgimento de um corpus cada vez mais amplo e consistente de ... diversidade dos vários “subsistemas”

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PARTIDOS E ELEIÇÕES NO PARANÁ:UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

Adriano Nervo CodatoFernando José dos Santos

(orgs.)

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ- 60 ANOS -

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Os conceitos e interpretações contidos nos trabalhos assinados são de exclusivaresponsabilidade de seus autores.

TTTTTribunal Regional Eleitoral do Paranáribunal Regional Eleitoral do Paranáribunal Regional Eleitoral do Paranáribunal Regional Eleitoral do Paranáribunal Regional Eleitoral do Paraná

DireçãoDireçãoDireçãoDireçãoDireção: Ivan GradowskiCoordenaçãoCoordenaçãoCoordenaçãoCoordenaçãoCoordenação: Ana Flora França e SilvaCapa e projeto gráfico: Capa e projeto gráfico: Capa e projeto gráfico: Capa e projeto gráfico: Capa e projeto gráfico: Milena Nervo Codato e Daniel Amaral VilelaRevisão técnicaRevisão técnicaRevisão técnicaRevisão técnicaRevisão técnica: Gustavo Biscaia de Lacerda

Fábia Berlatto

Partidos e eleições no Paraná: uma abordagem históricaSuplemento: PARANÁ ELEITORAL

Edição Comemorativa:60 anos - Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

ISBN 85-60558-00-4

Tiragem: 1.500 exemplares

Ciência Política. Direito Eleitoral. Direito Político. Direito Partidário. Eleições. PartidosPolíticos. Sociologia Política.

CDD 341.2805

© Copyright dos autores

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Quem não se preocupa com osfatos não pode entender a política.

Robert DahlRobert DahlRobert DahlRobert DahlRobert DahlAnálise política moderna, 1976.Análise política moderna, 1976.Análise política moderna, 1976.Análise política moderna, 1976.Análise política moderna, 1976.

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Prefácio Prefácio Prefácio Prefácio Prefácio (Sérgio Soares Braga) ....................................................................................9Sobre os autores Sobre os autores Sobre os autores Sobre os autores Sobre os autores ........................................................................................................13Apresentação: Apresentação: Apresentação: Apresentação: Apresentação: Des. Clotário de Macedo Portugal Neto...............................................15Introdução: Introdução: Introdução: Introdução: Introdução: Novos horizontes para o estudo da políticainstitucional no Paraná (Adriano Nervo Codato) ..........................................................17Lista de siglas Lista de siglas Lista de siglas Lista de siglas Lista de siglas .............................................................................................................23

Anos 1940Anos 1940Anos 1940Anos 1940Anos 19401. A SEMILEGALIDADE CONSENTIDA:1. A SEMILEGALIDADE CONSENTIDA:1. A SEMILEGALIDADE CONSENTIDA:1. A SEMILEGALIDADE CONSENTIDA:1. A SEMILEGALIDADE CONSENTIDA:O desempenho eleitoral do Partido Comunista no Paranáem meados do século XXMárcio Kieller .............................................................................................................25

Anos 1950Anos 1950Anos 1950Anos 1950Anos 19502. O VOTO INTEGRALIST2. O VOTO INTEGRALIST2. O VOTO INTEGRALIST2. O VOTO INTEGRALIST2. O VOTO INTEGRALISTA NO PA NO PA NO PA NO PA NO PARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:Uma análise das eleições presidenciais de 1955Amanda Litzinger Gomes ..............................................................................................45

Anos 1960 e 1970Anos 1960 e 1970Anos 1960 e 1970Anos 1960 e 1970Anos 1960 e 19703. A VOT3. A VOT3. A VOT3. A VOT3. A VOTAÇÃO DO MDB DO PAÇÃO DO MDB DO PAÇÃO DO MDB DO PAÇÃO DO MDB DO PAÇÃO DO MDB DO PARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:Uma análise histórica (1966 e 1978)Moacir Ribeiro de Carvalho Júnior ..............................................................................69

4. A VOT4. A VOT4. A VOT4. A VOT4. A VOTAÇÃO DA ARENA NO PAÇÃO DA ARENA NO PAÇÃO DA ARENA NO PAÇÃO DA ARENA NO PAÇÃO DA ARENA NO PARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:Uma análise histórica (1966 e 1978)Jorge Eduardo França Mosquera ..................................................................................95

Anos 1980Anos 1980Anos 1980Anos 1980Anos 19805. OPÇÃO PELO POPULISMO:5. OPÇÃO PELO POPULISMO:5. OPÇÃO PELO POPULISMO:5. OPÇÃO PELO POPULISMO:5. OPÇÃO PELO POPULISMO:Dissidência política e renovação eleitoral no município de Ponta GrossaEmerson Urizzi Cervi .................................................................................................125

Anos 1990Anos 1990Anos 1990Anos 1990Anos 19906. CLIENTELISMO ELEITORAL E CORONELISMO POLÍTICO:6. CLIENTELISMO ELEITORAL E CORONELISMO POLÍTICO:6. CLIENTELISMO ELEITORAL E CORONELISMO POLÍTICO:6. CLIENTELISMO ELEITORAL E CORONELISMO POLÍTICO:6. CLIENTELISMO ELEITORAL E CORONELISMO POLÍTICO:Estudo de um pequeno município paranaenseAlessandro Cavassin Alves .........................................................................................147

SUMÁRIO

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7. GEOGRAFIA DO VOTO DE ESQUERDA NO P7. GEOGRAFIA DO VOTO DE ESQUERDA NO P7. GEOGRAFIA DO VOTO DE ESQUERDA NO P7. GEOGRAFIA DO VOTO DE ESQUERDA NO P7. GEOGRAFIA DO VOTO DE ESQUERDA NO PARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:Uma análise do desempenho eleitoral do PT nas eleições presidenciais(1989-2002)Luzia Maristela Cabreira Bonette ...............................................................................171

8. CORRUPÇÃO ELEITORAL NO P8. CORRUPÇÃO ELEITORAL NO P8. CORRUPÇÃO ELEITORAL NO P8. CORRUPÇÃO ELEITORAL NO P8. CORRUPÇÃO ELEITORAL NO PARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:ARANÁ:Um estudo de caso das eleições municipais de 1996Fernando José dos Santos .........................................................................................187

9. POLÍTICA LOCAL E A OCUP9. POLÍTICA LOCAL E A OCUP9. POLÍTICA LOCAL E A OCUP9. POLÍTICA LOCAL E A OCUP9. POLÍTICA LOCAL E A OCUPAÇÃO DE CARGOS ELETIVOSAÇÃO DE CARGOS ELETIVOSAÇÃO DE CARGOS ELETIVOSAÇÃO DE CARGOS ELETIVOSAÇÃO DE CARGOS ELETIVOSEM CURITIBA (1985-2000)EM CURITIBA (1985-2000)EM CURITIBA (1985-2000)EM CURITIBA (1985-2000)EM CURITIBA (1985-2000)Louise Ronconi de Nazareno ......................................................................................219

Anos 2000Anos 2000Anos 2000Anos 2000Anos 200010. INSTITUCIONALIZAÇÃO P10. INSTITUCIONALIZAÇÃO P10. INSTITUCIONALIZAÇÃO P10. INSTITUCIONALIZAÇÃO P10. INSTITUCIONALIZAÇÃO PARTIDÁRIA:ARTIDÁRIA:ARTIDÁRIA:ARTIDÁRIA:ARTIDÁRIA:Uma discussão empírica a partir do caso do PFL do ParanáEmerson Urizzi Cervi & Adriano Nervo Codato .........................................................245

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Um sintoma da crescente institucionalização e profissionalização da CiênciaPolítica no Brasil é o surgimento de um corpus cada vez mais amplo e consistente deestudos que tomam como objeto de análise atores, instituições e processos políticos nasesferas subnacionais de governo. É cada vez maior e, mais importante, de maior qualidadeo número de trabalhos que buscam analisar processos políticos nos estados e municípiosbrasileiros, investigando de maneira mais sistemática e profunda as características e adiversidade dos vários “subsistemas” políticos que coexistem em nosso espaço territorial,para empregar uma expressão de uso consagrado por este tipo de literatura.

O presente livro, organizado por Adriano Nervo Codato e Fernando José dosSantos, se insere dentro desse contexto de aumento do interesse da corrente dominante daCiência Política brasileira pelas unidades político-administrativas subnacionais. Entretantoos textos contidos nessa coletânea apresentam algumas características específicas equalidades que não são comuns de serem encontradas nesses tipos de estudos e para asquais gostaríamos de chamar a atenção do leitor deste prefácio com vistas a estimulá-lodesde logo a consultar da maneira mais atenta possível, uma a uma, as importantescontribuições incluídas nesta obra coletiva.

Em primeiro lugar, devemos destacar o fato de o presente livro ser um ótimoexemplo do tipo de intercâmbio que pode e deve haver entre a pesquisa acadêmica, que serealiza na universidade (no caso, os pesquisadores integrantes do Núcleo de Pesquisa emSociologia Política Brasileira, da UFPR), e o importante trabalho de preservação,sistematização e organização de informações realizado por instituições da idoneidade edo porte do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Nesse sentido, as pesquisas compiladasneste livro são uma excelente amostra do tipo de resultados que pode produzir talcooperação, se conduzidas por profissionais dedicados e efetivamente comprometidoscom a divulgação dos dados contidos nos acervos desses órgãos públicos para setoresmais amplos da população. Dados e informações estes aqui postos à disposição dopúblico especializado e do leitor comum no seu grau mais elevado de tratamento analítico,ou seja, na forma de exposição dos resultados de pesquisas científicas.

Outra característica importante do livro, para a qual o leitor deve estar desdelogo atento, é a de que, embora “empiricamente orientados”, os textos constantes destetrabalho fogem do empirismo de cunho descritivo presente em boa parte dos estudossobre as unidades subnacionais brasileiras, especialmente os produzidos sob o influxoteórico-metodológico de certos modismos acadêmicos que, de tempos em tempos, assolama politologia nacional.

PREFÁCIO

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Ao contrário, embora amplamente ilustrados por evidências empíricas, cadaum dos textos contidos na coletânea traz, subjacente ao processo de exposição dosresultados das pesquisas, a “problematização” de determinados conceitos ou hipótesesteóricas que dão sentido e consistência analítica ao processo de coleta e sistematizaçãode tais evidências.

Assim sendo, um amplo leque de problemas de cunho propriamente teórico éexaminado no conjunto dos artigos, tais como: a participação eleitoral de partidos deesquerda num contexto de “democracia restringida”; as várias hipóteses explicativas paraas causas do pitoresco voto paranaense num candidato conservador nas eleiçõespresidenciais de 1955 (o ex-integralista Plínio Salgado); o comportamento eleitoral e ainstitucionalização política dos dois grandes partidos durante a vigência do bipartidarismoautoritário no País (Arena e MDB); as causas da reemergência do populismo num pequenomunicípio do interior do estado; a sobrevivência de uma espécie de “neocoronelismo”,em plena entrada do século XXI, em um pequeno município da região metropolitana deCuritiba; a distribuição espacial dos sufrágios nas últimas eleições majoritárias parapresidente da República nos principais colégios eleitorais do estado; o padrão de corrupçãoeleitoral observado nas eleições municipais no Paraná em 1996, através dos julgados deum tribunal; as relações entre o Executivo e o Legislativo e o padrão de recrutamento dascoalizões e de comportamento dos vereadores nas últimas gestões da prefeitura de Curitiba;e, para coroar o processo expositivo, a proposição de um modelo de análise que possibilitea verificação empírica do “grau de institucionalização” das agremiações partidárias,procedimento analítico corajoso e ambicioso no bom sentido do termo, que nos permiterefletir de maneira mais fundamentada sobre um dos mais controversos conceitos daCiência Política (o de “grau de institucionalização”).

Basta a mera enumeração desses significativos problemas de análise políticapara verificarmos a riqueza e abrangência dos textos contidos nesta compilação. Por suavez, essa variedade temática é complementada por uma amplitude cronológica que possibilitaao leitor uma visualização abrangente da evolução do “subsistema político” paranaense,desde os primórdios de criação das primeiras instituições democráticas no pós-II GuerraMundial, quando os partidos semiclandestinos de esquerda ainda necessitavam utilizarsubterfúgios para apresentar em outras legendas seus candidatos aos pleitos eleitorais,até os tempos presentes, quando uma outra esquerda, agora no poder, enfrenta os desafiose os dilemas da institucionalização partidária e do “ser governo”, ou seja, do estar navanguarda do próprio processo de elaboração e de implementação de políticasgovernamentais, podendo, portanto, ser responsabilizada por seus acertos e desacertos.

Por fim, gostaríamos de chamar a atenção para uma derradeira qualidade dotrabalho que, nem por ser a última, deixa de ser da maior relevância. É que, emboracentrados na análise de processos políticos ocorridos numa unidade subnacional específicada região Sul do País, nada mais estranho aos vários textos contidos nessa coletânea doque o provincianismo empolado que consiste em afirmar, a priori e sem o cotejo sistemáticocom estudos de cunho comparativo, a “singularidade” ou a “diferença” específica dosprocessos políticos ocorridos no estado do Paraná vis-à-vis outras unidades da federação.

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Ao contrário, são problemas e preocupações universais da Ciência e da Teoria Políticasque fazem parte do foco de interesses dos artigos e de seus autores, destituídos dequalquer intencionalidade apologética em relação aos atores participantes de tais processos,ou da preocupação algo provinciana com a “singularidade” dos fenômenos observadosou com a “identidade” sociológica e cultural de uma determinada região, um tipo depreocupação ainda presente em certa categoria de estudos históricos e sociológicos arespeito das unidades subnacionais brasileiras, e que nem sempre produz resultadosanalíticos fecundos.

Essa amplitude de vistas e densidade teórica, cujo sintoma mais patente é o bomnível do diálogo empreendido com a literatura contemporânea produzida em vários ramosdas ciências sociais, faz com que Partidos e eleições no Paraná possa ser consultado comproveito não apenas pelos leitores interessados nos problemas referentes à história e àpolítica paranaenses, mas também por pesquisadores e analistas de outros estados quebuscam inspiração e parâmetros analíticos comparativos para a realização de pesquisasnoutras esferas subnacionais.

Todas estas características e qualidades dos artigos contidos nessa coletânea –dentre outras que o leitor atento perceberá ao percorrer os textos _ estão presentes deforma concentrada neste livro, certamente devido à capacidade aglutinadora de seusorganizadores e sua dedicação ao trabalho coletivo de pesquisa. Sendo assim, resta aoprefaciador parabenizar os autores e as instituições envolvidos na elaboração deste trabalhoque _ sem favor algum e para usar uma expressão que nem por ser um clichê deixa de serverdadeira _ constitui-se numa referência obrigatória para os estudos sobre “partidos eeleições” nas unidades subnacionais brasileiras, e não apenas no estado do Paraná.

Como corolário dessas já longas considerações, resta-nos apenas fazer votospara que a publicação deste livro inspire e estimule pesquisadores de outros estados emunicípios brasileiros a interagir da mesma forma com as respectivas instituições públicas,para produzirem estudos da mesma qualidade e relevância que os contidos nesta importanteobra.

Sérgio Soares BragaCuritiba, maio de 2006.

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ADRIANO NERVO CODATOAdriano Nervo Codato é professor de Ciência Política na Universidade Federal

do Paraná (UFPR) e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira.É autor de Sistema estatal e política econômica no Brasil pós-64. Sao Paulo: Hucitec/ANPOCS/Ed. da UFPR, 1997; e Political Transition and Democratic Consolidation: Studieson Contemporary Brazil. New York; Nova Science, 2006. É editor da Revista de Sociologiae Política.

ALESSANDRO CAVASSIN ALVESAlessandro Cavassin Alves é mestre em Sociologia pela Universidade Federal do

Paraná (UFPR) e Bacharel em Ciências Sociais também pela UFPR.

AMANDA LITZINGER GOMESAmanda Litzinger Gomes é Bacharel em Ciências Socias pela Universidade Federal

do Paraná (UFPR), e Especialista em Gestão de Políticas, Programas e Projetos Sociais,pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

EMERSON URIZZI CERVIEmerson Urizzi Cervi é graduado em Comunicação Social pela Universidade

Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e concluiu o mestrado em Sociologia na UniversidadeFederal do Paraná (UFPR) em 2002. Cursa o doutorado em Ciência Política no InstitutoUniversitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Atualmente é professor dasFaculdades Integradas do Brasil (UniBrasil) e Professor do Curso de Especialização emSociologia Política da Universidade Federal do Paraná. Atua na área de Ciência Política,com ênfase em comunicação política, opinião pública e comportamento eleitoral.

FERNANDO JOSÉ DOS SANTOSFernando José dos Santos é Assessor Técnico de Sessões e editor da revista

Paraná Eleitoral no TRE/PR, Professor de Direito Eleitoral nas Faculdades Integradas doBrasil, co-autor de Crimes Eleitorais e Outras Infringências, Juruá Editora, 2ª Edição,1996.

JORGE EDUARDO FRANÇA MOSQUERAJorge Eduardo França Mosquera é jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná(UFPR). Foi repórter e editor em jornais de Curitiba, correspondente de esportes de OGlobo, correspondente de Veja e chefe da sucursal de O Estado de S. Paulo. Atualmente, écoordenador de conteúdo do site da Prefeitura de Curitiba. Especializou- se em SociologiaPolítica pela UFPR e cursa Direito nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).

SOBRE OS AUTORES

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LOUISE RONCONI DE NAZARENOLouise Ronconi de Nazareno é graduada em Ciências Sociais pela Universidade

Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo(USP). Socióloga do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social(IPARDES), é também professora do curso de graduação em Ciência Política da FaculdadeInternacional de Curitiba (FACINTER).

LUZIA MARISTELA CABREIRA BONETTELuzia Maristela Cabreira Bonette é Graduada em Ciências Sociais pela

Universidade Federal do Paraná (UFPR), Especialista em Sociologia Política, também pelaUFPR, fez pós-graduação em Formação Pedagógica do Professor Universitário e é mestrandaem Educação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

MÁRCIO KIELLERMárcio Kieller é Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do

Paraná (UFPR), Mestre em Sociologia também pela UFPR e foi professor de Ciência Políticada Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER). É autor do livro: PCB/PCdoB: aunidade comunista no Brasil (Ibert, 2002).

MOACIR RIBEIRO DE CARVALHO JÚNIORMoacir Ribeiro de Carvalho Júnior é graduado em Direito pela Pontifícia

Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), advogado em Curitiba, tem Especialização emSociologia Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é mestrando em GestãoUrbana na PUC-PR.

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Logo após a minha posse na presidência do Tribunal Regional Eleitoral doParaná chegou-me a solicitação para minutar a apresentação de um livro organizado peloservidor Fernando José dos Santos, responsável pela já reconhecida revista “ParanáEleitoral”, e pelo professor Adriano Nervo Codato.

O livro intitulado Partidos e eleições no Paraná: uma abordagem histórica foilevado a efeito pela parceria inédita e importantíssima, digo desde já, com o Núcleo dePesquisa em Sociologia Política Brasileira, vinculado ao Departamento de Ciências Sociaisda Universidade Federal do Paraná, sob o patrocínio do Tribunal Eleitoral do Paraná.

Despido de qualquer sentimento de vaidade, mas tomado completamente peloorgulho, não posso deixar de registrar um fato histórico curioso, máxime em consideraçãoa abordagem histórica da publicação.

Clotário de Macedo Portugal, meu avô, há sessenta anos, foi o primeiro presidentedeste Tribunal. Agora, passados todos esses anos, como o fecho de um percurso, o fim deuma caminhada, sou levado ao encargo de fazer a ligação dessas linhas históricas iniciadasna conformidade daquela época.

Digo isso porque tenho certeza que seus atos, a seu modo, em muito contribuírampara encaminhar esta então incipiente Justiça especializada.

Faço essa menção histórica com o único objetivo de trazer à reflexão o fato datransitoriedade dos homens, administradores públicos.

Nesses 60 anos que intermediaram nossos mandatos, dezenas dedesembargadores, alguns melhores administradores, outros mais eloqüentes julgadores,passaram pela cadeira da presidência desta Casa.

Uma passagem de olhos pela Galeria de ex-presidentes, que fica anexa à nossaSala de Sessões, nos remete a uma sensação de transitoriedade e eu diria até fungibilidade.Pois bem, faço toda essa digressão para dizer-lhes, sem adjetivos inúteis, da verdadeiraimportância da palavra escrita.

A contribuição do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira, comquem temos trocado valiosas informações, é de importância sem precedentes.

As observações sociológicas, políticas, os estudos doutrinários e todas essascontribuições permanecerão para sempre.

Os escritores se tornam eternos por intermédio dos seus textos e as idéias, umavez publicadas, retratam toda uma época.

De algum modo, todos nós que integramos o Tribunal, magistrados e servidores,temos o poder da representação pessoal e até de dizer em nome do Tribunal.

APRESENTAÇÃO

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Todavia, são aqueles que ousam escrever sobre política, sobre direito e sobresociologia que, justamente, se eternizaram no poder da sabedoria.

Em nome do meu avô, que iniciou esta caminhada, agradeço a vocês peloempenho e pela direção a que empreenderam seus esforços.

Esta parceria inédita deve prosseguir.Meus agradecimentos e estímulos aos coordenadores desta obra, professor

Adriano Nervo Codato, da área de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná, aoservidor Fernando José dos Santos, deste Tribunal, e a todos que contribuíram para estaedição histórica, nomino-os individualmente para que, como ocorre com galeria dos ex-presidentes, tenham sempre seus nomes lembrados: Márcio Kieller, Amanda LitzingerGomes, Moacir Ribeiro de Carvalho Júnior, Jorge Eduardo França Mosquera, AlessandroCavassin Alves, Luzia Maristela Cabreira Bonette, Louise Ronconi de Nazareno e EmersonUrizzi Cervi.

DES. CLOTÁRIO DE MACEDO PORTUGAL NETOPresidente

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I. Dimensões de análiseSe no Brasil a Ciência Política custou a firmar-se como uma área de estudos de

direito próprio, com teorias, materiais e métodos que não fossem emprestados da Sociologiaou do Direito Constitucional, no Paraná análises sistemáticas e regulares sobre a políticalocal só começaram a aparecer muito recentemente. Descontados três ensaios sobre“partidos e eleições” na década de 19601, o tema só receberia um tratamento mais objetivona segunda metade dos anos 19902. Olhando a evolução do material publicado, o que seconstata é um campo inédito e imenso de questões, casos e problemas a explorar3.

Este livro retoma o caminho aberto pelos precursores, mas aproveitando-se dosignificativo incremento (teórico e empírico) e da indispensável institucionalização danossa disciplina nos últimos vinte anos. São três os temas tratados: o desempenho políticodos partidos (à direita, ao centro e à esquerda); o estudo de determinadas eleições aolongo do desenvolvimento político do estado; e as relações executivo-legislativo em nívelmunicipal. A variedade do material aqui impresso admite que se avalie (assim espero) adinâmica da política paranaense dos últimos cinqüenta anos nessas áreas específicas.Trabalho indispensável que autoriza comparações históricas e geográficas que permitamsuperar, de uma vez por todas, a mitologia “sociológica” da peculiaridade estadual,construída e difundida com base em impressões muito circunstanciais e evidências, namaioria das vezes, folclóricas. Assim, o decantado conservantismo “do Paraná” e “dosparanaenses” (expresso dessa maneira e nesse grau de generalidade) adquire aqui uma

Novos horizontes para o estudoda política institucional no Paraná

INTRODUÇÃO

1 Ver: Wilson Martins, O Paraná é uma incógnita. Revista Brasileira de Estudos Políticos, n. 8, abr. 1960, p. 229-254; José N. dos Santos, Comportamento eleitoral do Paraná nas eleições de 1962. Revista Brasileira de EstudosPolíticos, n. 16, jan. 1964, p. 227-250; e Altiva P. Balhana, Eleições em Santa Felicidade, 1945-1965. RevistaBrasileira de Estudos Políticos, n. 27, jul. 1969, p. 203-260.2 V. Luzia Helena Herrmann de Oliveira, Democratização e institucionalização partidária: o processopolíticopartidário no Paraná (1979-1990). Londrina: Editora da UEL, 1998; e Mário Sérgio Lepre, Caos partidárioparanaense. Londrina: Editora da UEL, 2000.3 Falo aqui, evidentemente, da Ciência Política, meu ofício. Sociólogos, economistas e historiadores escreverambons ensaios sobre “a política paranaense”. V., por exemplo, Francisco Paz, Cenários de economia e política doParaná. Curitiba: Prephácio, 1991.

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base objetiva e empírica, que o conecta com a dinâmica mais geral do sistema partidárioe com a evolução do comportamento eleitoral no Brasil na segunda metade do século XX.O proveito em adotar essa perspectiva – historicamente mais ampla e cujo foco é ajustadoa partir do sistema político federal – é confrontar idéias persistentes, como a do “Brasildiferente”, e repor a exceção paranaense nos seus devidos termos: como um caso entreoutros, ou como um caso que, afinal de contas, não está tão afastado assim das circunstânciaspolíticas nacionais.

Daí que a originalidade desses dez estudos se situe menos no ineditismo dosobjetos que trata – o populismo, o clientelismo, a institucionalização partidária e a corrupçãopolítica, e sua relação com a política local – , e mais na maneira em pensá-los: já que nãohaveria tanto mérito em se declarar explorador de um território inexplorado. Nessecontexto, como se sabe, a cada enxadada, uma minhoca.

II. Problemas de política regionalEste livro foi também elaborado a partir de uma perspectiva histórica. Desde a

redemocratização, que pôs fim ao Estado Novo, até o regime brasileiro atual, os estudosreunidos aqui procuram dar uma visão menos generalizante e mais circunstanciada dasforças políticas que atuaram no estado da Segunda Guerra em diante. O volume que oleitor tem em mãos acompanha a evolução do sistema político estadual, examinando adinâmica partidária e eleitoral do Paraná a cada década, de 1940 aos anos 2000.

O capítulo 1, A semilegalidade consentida, de Márcio Kieller, cobre odesempenho eleitoral do Partido Comunista no Paraná logo depois do reconhecimentooficial da agremiação, em 1945, fazendo um relato minucioso da participação dos seusdirigentes nas eleições majoritárias e proporcionais até a década de 1960. O estudomobilizou um conjunto muito variado de fontes históricas. No Arquivo Público doParaná foi consultado o Fundo da Delegacia de Ordem Política e Social – Dops. NoTribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) foram examinados o Livro-ata da fundaçãoe registro do Partido Comunista no estado em 1945; o Livro-ata da composição daprimeira direção estadual e municipal do PCB-PR; e o Livro-ata com os resultados daseleições gerais e proporcionais de 1945 e 1947. Além disso, foram realizadas umasérie de entrevistas com dirigentes do Partido. Kieller sustenta que, mesmo com umaparticipação muito pequena na vida legal dos estados (pouco mais de dois anos), oPCB-PR atuou com força nos pleitos eleitorais que antecederam à cassação do seuregistro em 1947, elegendo quatro vereadores (dois em Curitiba, um em Antonina e umem Londrina) e um deputado estadual (José Rodrigues Vieira Netto). Depois disso,banidos do sistema político-eleitoral, os comunistas atuaram como força auxiliar departidos e frentes partidárias e dirigiram lutas sociais importantes no estado, como aCampanha dos Comunistas pela Paz e o Levante de Porecatu, cumprindo assim um papelfundamental na organização da esquerda no Paraná até o golpe de 1964.

A pesquisa de Amanda Litzinger Gomes, O voto integralista no Paraná (capítulo2), é uma análise das eleições presidenciais de 1955 no estado a partir de duas interrogações:por que o líder integralista Plinio Salgado, do minúsculo Partido de Representação Popular

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(PRP), obteve um apoio político tão significativo? E por que o Paraná, onde Juscelino nãovenceu, seguiu um padrão de votação diferente dos demais estados brasileiros? Nessepleito, Plinio alcançou a terceira maior votação (com 103 337 votos, conquistando porisso 23% do eleitorado paranaense), batendo assim seus principais concorrentes (JuscelinoKubitschek (da aliança PSD-PTB), Adhemar de Barros (do PSP) e Juarez Távora (da UDN-PDC)) em vários colégios eleitorais importantes, dentre eles Curitiba, onde fez 40% dosvotos. Para responder a essas questões Amanda estudou o sistema político-partidáriobrasileiro entre 1945-1964 e as principais linhas de força da política paranaense nos anos1950. Concentrando sua atenção na campanha presidencial no Paraná, o exame dos dadoseleitorais em Curitiba destaca a coincidência da votação obtida por Plinio Salgado e aobtida por Moysés Lupion, candidato a governador pela coligação PSD-PDC-PTN, emtodas as zonas eleitorais da cidade, com percentuais quase idênticos. Esse fato poderiasugerir, segundo a autora, um processo maciço de transferência de votos (e prestígiopolítico) de Lupion a Plinio. Contudo, como não houve coligação formal entre os partidos,nem campanha em comum entre os candidatos, sustenta-se que foi o eleitorado quemproduziu essa “aliança” informal. Essa conclusão, fundamentada empiricamente, contribuipara suspeitar das opiniões correntes que afirmam o conservadorismo atávico dosparanaenses.

Os capítulos 3 e 4 merecem ser lidos juntos. Eles reproduzem, a partir dosdados do TRE-PR, os resultados eleitorais obtidos pelo Movimento Democrático Brasileiro(MDB) e pela Aliança Renovadora Nacional (Arena) na primeira e na última eleição sob obipartidarismo, durante a ditadura militar, em 1966 e 1978. O primeiro estudo – Avotação do MDB do Paraná: uma análise histórica – de Moacir Ribeiro de Carvalho Júniorinvestiga o desempenho da sigla nas cinco maiores cidades do estado, ressaltando comoo processo de desenvolvimento urbano contribuiu para a polarização do voto. Procura-se demonstrar que o processo de urbanização do Paraná, ao longo das décadas de 1960e 1970, contribuiu, em certa medida, para a formação de um “espírito crítico” do eleitordiante do regime, levando-o a optar pelo partido de oposição à ditadura. Jorge EduardoFrança Mosquera, autor do segundo estudo – A votação da Arena no Paraná: uma análisehistórica – , pôs à prova a tese conhecida segundo a qual o partido do governo erainvariavelmente bem sucedido no interior, econômica e culturalmente menos desenvolvido,mas derrotado nas capitais. Os resultados obtidos pela Arena em Curitiba e nas outrasquatro principais cidades do estado (Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel) revelamque, se em 1966 a Aliança Renovadora Nacional foi a força política hegemônica no Paraná(inclusive na capital), em 1978 o partido da ditadura perdeu força também no interior,vencendo apenas na conservadora Ponta Grossa.

O ensaio de Emerson Urizzi Cervi – Opção pelo populismo: dissidência políticae renovação eleitoral no município de Ponta Grossa – busca uma explicação para asrelações entre a elite política e o eleitorado em disputas municipais, enfocando o processode substituição de grupos hegemônicos pela oposição legal. No caso em análise (aseleições municipais de 1996 em Ponta Grossa), a troca de um grupo político por outro

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(cujo perfil era completamente diferente) se deu graças ao surgimento de uma liderança“carismática e populista”, o radialista Jocelito Canto (do PSDB-PR). Sua eleição terminoucom um ciclo de treze anos em que uma mesma aliança política (conservadora) semanteve à frente da prefeitura. A vitória de Jocelito não se deveu à pretensa manipulaçãoideológica das necessidades das classes mais baixas, já que o candidato conseguiu maioriade votos em todas as regiões da cidade, em todas as faixas etárias e em todas as camadassociais. Na verdade, a elite no poder entrou em crise interna, em especial no período quevai de 1993 a 1996, aumentando assim a capacidade da dissidência política e a força daoposição.

Sobre a década de 1990 o livro traz quatro estudos. Clientelismo eleitoral ecoronelismo político, de Alessandro Cavassin Alves (cap. 6), trata da política em pequenosmunicípios. Segundo o IBGE, há no Paraná 323 cidades com menos de 20 mil habitantes.Tomando o caso de Itaperuçu (na região Metropolitana de Curitiba) como exemplo, vê-seque as estratégias das lideranças locais para vencerem as eleições, tanto para prefeitocomo para vereador, ou as redes de apoio mútuo formadas por políticos estaduais efederais com políticos e lideranças municipais, denunciam a permanência de práticaspouco “modernas”. A análise da série de eleições majoritárias e proporcionais na cidade,de 1992 até 2002 (para os três níveis: municipal, estadual e federal), indica que o“coronelismo” e o “clientelismo” condicionam o funcionamento desse micro-sistemapolítico. Vigora em Itaperuçu, conforme mostra Alessandro, uma forma atualizada de“compromisso coronelista”. As elites políticas locais – versões contemporâneas e maiseficientes dos “coronéis” do interior – controlam, através do clientelismo, os votos domunicípio destinados a deputados estaduais e federais em troca de recursos orçamentáriospara obras públicas na cidade, conservando, por essa via, seu prestígio e sua posiçãopolítica. O chefe municipal torna-se assim responsável (“padrinho”) pelas vitórias eleitoraisdos candidatos por ele apoiados, instaurando um intercâmbio de proveitos entre o poderpúblico estadual e federal com os governos municipais. Mas não só o processo eleitoralfirma esse “compromisso coronelista”. Há também aqui grande semelhança com a vidapolítica nos pequenos municípios brasileiros durante a República Velha (1889-1930), talcomo descrita por Victor Nunes Leal.

O capítulo 7 – Geografia do voto de esquerda no Paraná – de Luzia MaristelaCabreira Bonette analisa o desempenho do Partido dos Trabalhadores no estado nasquatro eleições presidenciais de 1989 a 2002. Iluminando o processo político dos últimosanos, Luzia revisa a série quase infinita de condicionantes do voto “petista”, examinandoo comportamento dos eleitores em função da mudança de perfil/discurso do candidato;das propostas do partido (ora à esquerda, ora ao centro); das sucessivas configuraçõesdo meio político regional e nacional (o que envolve as diferentes coligações partidárias ea adesão ou não das oligarquias locais à candidatura de Lula); do grau de informação esofisticação política dos votantes; da avaliação do candidato em função de característicase aspectos ligados a valores e símbolos de tipo moral (aparência, honestidade, credibilidade)etc. Sua interpretação sustenta que os fatores explicativos variaram de eleição para eleição,

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4 Como se sabe, o PFL é um partido coeso, disciplinado e, durante os mandatos de Fernando Henrique (1995-2002), com grande capacidade de influência junto ao executivo.

dependendo do contexto político, econômico e social em cada momento e em cada cidade,o que impede a proposição de uma tese geral sobre as razões do voto na esquerda noParaná.

O capítulo 8 – Corrupção eleitoral no Paraná – é um estudo de caso daseleições municipais de 1996 no estado e pretende entender e explicar o funcionamento dajustiça eleitoral e da estrutura legal frente às práticas de corrupção. Assim, Fernando Josédos Santos, através de uma criteriosa sistematização dos delitos registrados nos livros deacórdãos do TRE-PR, oferece uma série de elementos que atestam a baixa eficiência daestrutura jurídica existente, que não consegue tipificar os crimes mais lesivos para aordem democrática, principalmente o “abuso do poder econômico”.

Louise Ronconi de Nazareno descreve a dinâmica política recente em Curitiba(entre 1985 e 2000), estudando o comportamento/atuação dos vereadores na CâmaraMunicipal e, em especial, os processos de construção de apoio legislativo ao executivo. Ocapítulo de Louise – Política local e a ocupação de cargos eletivos em Curitiba – é umatentativa, bem sucedida, de pôr em evidência as práticas clientelistas tradicionais quereforçam os princípios, os instrumentos e o comportamento em geral dos atores políticos.Para a autora, essas práticas estiveram a serviço da construção de uma aliança quesustentou, no governo municipal, o grupo político de (ou ligado a) Jaime Lerner.

Por último, o capítulo 10 – Institucionalização partidária: uma discussãoempírica a partir do caso do PFL do Paraná – que escrevi com Emerson Cervi levanta asrazões da não institucionalização do Partido da Frente Liberal no Paraná. Contrariando oestilo da agremiação em nível nacional4, o PFL-PR permaneceu um partido fraco, mesmodepois de ocupar cargos no governo do estado durante a segunda gestão de Jaime Lerner(1999-2002), mesmo depois de conhecer um expressivo aumento do número de cadeirasnos legislativos estadual e municipal, um aumento importante do número de prefeituras ealcançar uma influência política expressiva na Assembléia. Nossa hipótese é que a análiseisolada das informações sobre o incremento eleitoral e a presença institucional do PFLnão são suficientes para evidenciar se houve um “fortalecimento” do partido no Paraná apartir da filiação do governador, em 1997. De fato, depois disso nunca ocorreu o queseria usual esperar: um controle do governo pelo partido, mas exatamente o inverso, ocontrole do partido pelo governo, passando o PFL a depender estritamente do prestígio/poder de Jaime Lerner.

III. Fontes dos capítulosCom exceção do capítulo 9 (de Louise Ronconi de Nazareno) e do capítulo 5 (de

Emerson Urizzi Cervi), todos os demais estudos aqui publicados resultaram de trabalhosorientados por mim no âmbito do projeto Instituições e comportamento político no Brasilcontemporâneo: o Paraná em perspectiva histórica, que desenvolvemos no Núcleo dePesquisa em Sociologia Política Brasileira, do Departamento de Ciências Sociais da

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Universidade Federal do Paraná, entre 2001 e 2005.“Institucionalização partidária: uma discussão empírica a partir do caso do PFL

do Paraná”, de Emerson Urizzi Cervi & Adriano Nervo Codato (cap. 10) é uma versãobastante modificada do paper O PFL do Paraná: marginalidade e centralidade no sistemapolítico subnacional apresentado no III Encontro Nacional da Associação Brasileira deCiência Política (ABCP) em Niterói (RJ) em 2002. “O voto integralista no Paraná: umaanálise das eleições presidenciais de 1955", de Amanda Litzinger Gomes (cap. 2) e“Clientelismo eleitoral e coronelismo político: estudo de um pequeno municípioparanaense”, de Alessandro Cavassin Alves (cap. 6) são, ambas, novas versões dos trabalhosde conclusão do curso de graduação em Ciências Sociais dos seus autores na UniversidadeFederal do Paraná em 2003. Os capítulos 3, 4, 7 e 8, de Moacir Ribeiro de Carvalho Júnior,Jorge Eduardo França Mosquera, Luzia Maristela Cabreira Bonette e Fernando José dosSantos, respectivamente, são adaptações das monografias apresentadas pelos autores em2004 ao curso de Especialização em Sociologia Política da Universidade Federal do Paraná.E, por fim, “A semilegalidade consentida: o desempenho eleitoral do Partido Comunista noParaná em meados do século XX”, de Márcio Kieller (cap. 1), é parte da dissertação demestrado do autor apresentada ao programa de pós-graduação em Sociologia da UFPR em2004 sob o título: A elite dos comunistas: um perfil socioeconômico dos dirigentesestaduais do Partido Comunista Brasileiro no Paraná (1945-1964).

Adriano Nervo CodatoCuritiba, Praça do Expedicionário, maio de 2006.

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Acipg Acipg Acipg Acipg Acipg - Associação Comercial e Industrial de Ponta GrossaALN ALN ALN ALN ALN - Aliança Libertadora NacionalArena Arena Arena Arena Arena - Aliança Renovadora NacionalCMC CMC CMC CMC CMC - Câmara Municipal de CuritibaCodepar Codepar Codepar Codepar Codepar - Comissão de Desenvolvimento do ParanáCohab Cohab Cohab Cohab Cohab - Companhia de Habitação do ParanáCTNP CTNP CTNP CTNP CTNP - Companhia de Terras Norte do ParanáDOPS DOPS DOPS DOPS DOPS - Departamento de Ordem Política e SocialFDLN FDLN FDLN FDLN FDLN - Frente Democrática de Libertação NacionalFEB FEB FEB FEB FEB - Força Expedicionária BrasileiraFemoclan Femoclan Femoclan Femoclan Femoclan - Federação Comunitária das Associações de Moradores de Curitiba e RegiãoMetropolitanaIBGE IBGE IBGE IBGE IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIPC IPC IPC IPC IPC - Índice de potencial de consumoMDB MDB MDB MDB MDB - Movimento Democrático BrasileiroOAB OAB OAB OAB OAB - Ordem dos Advogados do BrasilPPPPPAN AN AN AN AN - Partido dos Aposentados da NaçãoPCB PCB PCB PCB PCB - Partido Comunista BrasileiroPCdoB PCdoB PCdoB PCdoB PCdoB - Partido Comunista do BrasilPDC PDC PDC PDC PDC - Partido Democrata CristãoPDS PDS PDS PDS PDS - Partido Democrático SocialPDT PDT PDT PDT PDT - Partido Democrático TrabalhistaPFL PFL PFL PFL PFL - Partido da Frente LiberalPGT PGT PGT PGT PGT - Partido Geral dos TrabalhadoresPHS PHS PHS PHS PHS - Partido Humanista SocialPIB PIB PIB PIB PIB - Produto interno brutoPJ PJ PJ PJ PJ - Partido da JuventudePL PL PL PL PL - Partido Liberal (fundado em 1985)PL PL PL PL PL - Partido Libertador (período 1946-1964)PMB PMB PMB PMB PMB - Partido Municipalista BrasileiroPMDB PMDB PMDB PMDB PMDB - Partido do Movimento Democrático BrasileiroPMN PMN PMN PMN PMN - Partido da Mobilização NacionalPP PP PP PP PP - Partido ProgressistaPPB PPB PPB PPB PPB - Partido Progressista do Brasil

LISTA DE SIGLAS

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PPS PPS PPS PPS PPS - Partido Popular SocialistaPR PR PR PR PR - Partido RepublicanoPRN PRN PRN PRN PRN - Partido da Reconstrução NacionalPRP PRP PRP PRP PRP - Partido de Representação PopularPRP PRP PRP PRP PRP - Partido Republicano ProgressistaPRT PRT PRT PRT PRT - Partido Republicano TrabalhistaPSB PSB PSB PSB PSB - Partido Socialista BrasileiroPSC PSC PSC PSC PSC - Partido Social CristãoPSD PSD PSD PSD PSD - Partido Social DemocráticoPSDB PSDB PSDB PSDB PSDB - Partido da Social Democracia BrasileiraPSDC PSDC PSDC PSDC PSDC - Partido Social Democrata Cristão.PSL PSL PSL PSL PSL - Partido Social LiberalPST PST PST PST PST - Partido Social TrabalhistaPT PT PT PT PT - Partido dos TrabalhadoresPTB PTB PTB PTB PTB - Partido Trabalhista BrasileiroPTdoB PTdoB PTdoB PTdoB PTdoB - Partido dos Trabalhadores do BrasilPTN PTN PTN PTN PTN - Partido dos Trabalhadores da NaçãoPV PV PV PV PV - Partido VerdeRMC RMC RMC RMC RMC - Região Metropolitana de CuritibaSNI SNI SNI SNI SNI - Serviço Nacional de InformaçõesSRPG SRPG SRPG SRPG SRPG - Sociedade Rural de Ponta GrossaTRE TRE TRE TRE TRE - Tribunal Regional Eleitoral do ParanáTSE TSE TSE TSE TSE - Tribunal Superior EleitoralUDN UDN UDN UDN UDN - União Democrática NacionalUFPR UFPR UFPR UFPR UFPR - Universidade Federal do ParanáURSS URSS URSS URSS URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas