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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PRÁTICAS DE CONTROLE DA PRODUÇÃO DE OBRAS COMO FERRAMENTA PARA A MELHORIA DA PRODUTIVIDADE PAULO RODOLFO VEIGA PILLAR RIO DE JANEIRO 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PRÁTICAS DE CONTROLE DA PRODUÇÃO DE OBRAS COMO FERR AMENTA PARA

A MELHORIA DA PRODUTIVIDADE

PAULO RODOLFO VEIGA PILLAR

RIO DE JANEIRO

2015

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PRÁTICAS DE CONTROLE DA PRODUÇÃO DE OBRAS COMO FERR AMENTA PARA A

MELHORIA DA PRODUTIVIDADE

PAULO RODOLFO VEIGA PILLAR

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do grau de

Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

2015

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PRÁTICAS DE CONTROLE DA PRODUÇÃO DE OBRAS COMO FERR AMENTA PARA A

MELHORIA DA PRODUTIVIDADE

Paulo Rodolfo Veiga Pillar

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PATE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

__________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc (Orientador)

__________________________________________

Profª. Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc

__________________________________________

Profª. Isabeth Mello, M.Sc

__________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva, Arq.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2015

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Pillar, Paulo Rodolfo Veiga

Práticas de controle da produção de obras como ferramenta para a melhoria da produtividade / Paulo Rodolfo Veiga Pillar – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2015.

XI, 59 p.: il.; 29,7cm. Orientador: Jorge dos Santos Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2015. Referências Bibliográficas: p. 54-58 1. Produtividade na construção civil 2. Planejamento da

produção 3. Controle da produção 4. Estruturas organizacionais

I. Santos, Jorge dos. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Práticas de controle da produção de obras como ferramenta para a melhoria da produtividade.

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe, Iolanda, por todo o seu amor, por todo o esforço dedicado ao meu

desenvolvimento como pessoa e como profissional e por ser a pessoa mais importante para

que eu chegasse até aqui.

Agradeço ao meu pai, Paulo, por todo o amor e carinho sempre demonstrados. Sua

honestidade e sede de conhecimento foram exemplos que levarei comigo para toda a vida.

Agradeço à minha irmã, Rafaela, por me ajudar com sua experiência acadêmica e por servir

de exemplo para mim.

Agradeço à minha namorada, Thamires Prazeres, por me apoiar e por ser uma companheira

incrível.

Aos meus amigos de UFRJ que me acompanharam durante todo o período de faculdade,

pela alegria e companheirismo, especialmente Filipe Meirelles, Gabriel Leite, José Carlos

Pinto, Lucas Zurli, Pedro Ariel, Sandro Gomes, Vinícius Bayeh e Vitor Dutra.

Aos meus amigos de adolescência, Daniel Machado e João Moraes, que estão sempre ao

meu lado.

Ao professor Jorge dos Santos, pela oportunidade e ensinamentos oferecidos ao longo

desse trabalho.

A todos os demais professores do curso de Engenharia Civil, com seus ensinamentos ao

longo do curso.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, auxiliaram na conclusão desse trabalho e

dessa etapa da minha vida.

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vi

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção de grau de Engenheiro Civil.

Práticas de controle da produção de obras como ferr amenta para a melhoria da

produtividade

Paulo Rodolfo Veiga Pillar

Agosto / 2015

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Após anos de grande crescimento na indústria da construção civil, o país passa por um

momento econômico delicado, o que reduziu drasticamente os investimentos no setor. Esse

cenário fez com que a concorrência interna por novos empreendimentos atingisse um nível

altíssimo, obrigando as empresas a buscar competitividade.

A maneira pela qual as empresas conseguem tornarem-se mais competitivas é investindo

no aumento da produtividade, reduzindo custos, cortando desperdícios e produzindo de

forma mais eficiente. Para isso, é preciso rever como é feito o planejamento e o controle de

produção de suas obras.

Este trabalho tem como objetivo analisar quais são as práticas de controle da produção

adotadas em obras e de que maneira podem ser usadas como ferramenta para a melhoria

da produtividade. Além disso, será apresentado um estudo de caso realizado em uma obra

portuária de grande porte, a fim de fundamentar as ideias apresentadas anteriormente.

Palavras chave: Construção Civil; Gestão da Produção; Produtividade.

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vii

Abstract of graduation project submitted to Polytechnic / UFRJ as a part of the requirements

for the degree of Civil Engineer.

Production control practices in works as tools to i mprove productivity

Paulo Rodolfo Veiga Pillar

August / 2015

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

After years of increases in the civil construction industry, the country goes through a delicate

economic time, which drastically reduced investments in the sector. This scenario led the

internal competition for new projects to a very high level, forcing companies to seek

competitiveness.

The way by which companies can become more competitive is investing in increasing

productivity, reducing costs, cutting wastes and producing more efficiently. Therefore, it is

necessary to review how the planning and the production control of their works are made.

This work aims to analyze what are the production control practices in the works and how

they can be used as tools to improve productivity. In addition, a study case will be presented

in order to support the ideas presented above.

Keywords: Civil Construction; Production Management; Productivity.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

1.1. IMPORTÂNCIA DO TEMA ........................................................................................................ 1

1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 1

1.3. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA .................................................................................. 2

1.4. METODOLOGIA ....................................................................................................................... 2

1.5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .............................................................................................. 3

2. ASPECTOS RELATIVOS À PRODUTIVIDADE DAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS ................................. 4

2.1. FUNDAÇÕES ............................................................................................................................ 4

2.1.1. Conceituação ...................................................................................................................... 4

2.1.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................... 4

2.2. FORMAS PARA CONCRETO ARMADO .................................................................................... 5

2.2.1. Conceituação ...................................................................................................................... 5

2.2.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................... 8

2.3. VEDAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCOS .................................................................................. 9

2.3.1. Conceituação ...................................................................................................................... 9

2.3.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................... 9

2.4. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS ................................................................................................. 10

2.4.1. Conceituação .................................................................................................................... 10

2.4.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................. 11

2.5. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ...................................................................................................... 12

2.5.1. Conceituação .................................................................................................................... 12

2.5.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................. 12

2.6. ESQUADRIAS ......................................................................................................................... 13

2.6.1. Conceituação .................................................................................................................... 13

2.6.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................. 13

2.7. REVESTIMENTOS DE PAREDE ............................................................................................... 14

2.7.1. Conceituação .................................................................................................................... 14

2.7.2. Aspectos relativos à produtividade ................................................................................. 14

3. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS DAS CONSTRUTORAS ............................................................ 16

3.1. CONCEITUAÇÃO DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS ..................................................... 16

3.2. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS ADOTADAS PELAS CONSTRUTORAS ............................. 19

4. PROCESSOS DE PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO ........................................................................ 23

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4.1. CONCEITUAÇÃO .................................................................................................................... 23

4.2. ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO EXECUTIVO .................................................................. 24

4.2.1. DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES ............................................................................................ 24

4.2.2. SEQUÊNCIA DAS ATIVIDADES ........................................................................................... 25

4.2.3. ESTIMATIVA DOS RECURSOS DAS ATIVIDADES ............................................................... 25

4.2.4. ESTIMATIVA DA DURAÇÃO DAS ATIVIDADES .................................................................. 26

4.2.5. DESENVOLVIMENTO DO CRONOGRAMA......................................................................... 26

5. PROCESSOS DE CONTROLE DE PRODUÇÃO ................................................................................. 31

5.1. CONCEITUAÇÃO .................................................................................................................... 31

5.2. FERRAMENTAS DE CONTROLE NAS FRENTES DE SERVIÇO .................................................. 32

5.3. FERRAMENTAS DE CONTROLE DE PRAZOS .......................................................................... 32

5.4. FERRAMENTAS DE CONTROLE DE CUSTOS .......................................................................... 34

5.5. FERRAMENTAS DE CONTROLE DE SUBCONTRATADAS ....................................................... 35

5.6. RELATÓRIOS GERENCIAIS DE CONTROLE ............................................................................. 36

5.7. INFLUÊNCIAS NA PRODUTIVIDADE ...................................................................................... 36

6. ESTUDO DE CASO .......................................................................................................................... 38

6.1. DESCRIÇÃO DA OBRA ........................................................................................................... 38

6.2. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS EMPREGADAS ........................................................................... 40

6.3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA OBRA ........................................................................... 41

6.4. PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA OBRA ........................................................................... 43

6.5. PROCESSO DE CONTROLE DE PRODUÇÃO DA OBRA ........................................................... 46

6.6. RESULTADOS ENCONTRADOS .............................................................................................. 49

7. CONLUSÕES ................................................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 54

ANEXO I – FICHA DE VERIFICAÇÃO DE SERVIÇO (FVS) ................................................................. 59

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema geral de formas de madeira (Madeirit, 2011) ................................................ 6

Figura 2: Esquema geral de formas mistas (Madeirit, 2011) ......................................................... 6

Figura 3: Alvenaria de vedação (GONZALEZ, 2003) ..................................................................... 9

Figura 4: Modelo de organograma (Fonte: o próprio autor) ........................................................ 19

Figura 5: Organização padrão de uma construtora de pequeno ou médio porte (VIVANCOS e CARDOSO, 2001) ........................................................................................................................... 20

Figura 6: Gráfico de Gantt (SILVA, 2006) ...................................................................................... 27

Figura 7: Rede PERT/CPM (SILVA, 2006) .................................................................................... 28

Figura 8: Cronograma físico-financeiro (SILVA, 2006) ................................................................. 29

Figura 9: Desenvolvimento da uma rede de precedências no MS Project (SANTOS et al, 2008)..................................................................................................................................................... 30

Figura 10: Cronograma de acompanhamento de prazos (CLICRBS, 2013) ............................ 33

Figura 11: Histograma mensal de serviço previsto e realizado (ANAMACO, 2012) ............... 34

Figura 12: Curva “S” (RESENDE, 2013) ........................................................................................ 34

Figura 13: Planilha de controle de custos (VBI, 2014) ................................................................. 35

Figura 14: Desenho esquemático da obra (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2013) ............................................................................................................................................................... 38

Figura 15: Desenho esquemático de localização dos canteiros e da obra (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2013) ....................................................................................................... 39

Figura 16: Opção “A” da sequência construtiva (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2013)..................................................................................................................................................... 44

Figura 17: Opção “B” da sequência construtiva (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2013)..................................................................................................................................................... 45

Figura 18: Foto aérea da obra concluída (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2013) ............................................................................................................................................................... 49

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Tipos de formas (UEPG, 2014) ....................................................................................... 7

Quadro 2: Formas tradicionais e avançadas de departamentalização (VIVANCOS e CARDOSO, 1999) .............................................................................................................................. 18

Quadro 3: Particularidades das estruturas tradicionais e inovativas (VIVANCOS e CARDOSO, 1999) .............................................................................................................................. 19

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1. INTRODUÇÃO

1.1. IMPORTÂNCIA DO TEMA

O mercado da construção civil no Brasil vive um momento muito delicado. Após anos

de grandes investimentos e de alta demanda, alavancados pelo crédito fácil e pela

organização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o setor viu

uma mudança geral de cenário. O anúncio de uma crise financeira no país, com crescimento

do desemprego e redução do poder de compra da população, aliado à formação de grandes

estoques de imóveis construídos, fez com que o ritmo acelerado de obras desse lugar a

uma grande dificuldade para as empresas do setor de lançar novos empreendimentos.

Se em tempos de crescimento a grande concorrência do setor já fazia com que a

produtividade fosse acompanhada de perto, nesse novo cenário a questão passou a ser

primordial para que as empresas continuem não apenas lucrativas, mas competitivas. As

empresas se preocupam cada vez mais com a eficiência dos processos produtivos adotados

e, além disso, com a eficácia de suas práticas de controle de produção.

Um método muito empregado pelas construtoras é o regime de terceirização ou a

subcontratação, que consiste na contratação de subempreiteiras para a realização de

determinadas etapas construtivas da obra. De um modo geral, a opção pela terceirização

visa a redução de custos, o incremento da produtividade e da competitividade, o aumento da

flexibilidade empresarial e a transferência de riscos através da delegação de atividades para

operários especializados nas suas funções (SERRA E FRANCO, 2001). Para que essas

vantagens sejam de fato alcançadas, entretanto, a gestão do contrato e dos serviços

realizados pelos subempreiteiros exige práticas específicas.

Desta forma, o estudo das atividades gerenciais já adotadas em canteiros de obras e

das novas práticas que tem se mostrado efetivas é cada vez mais importante para o

desenvolvimento do setor da construção civil.

1.2. OBJETIVOS

O objetivo desta monografia é o estudo das práticas de controle de produção em

canteiros de obras, de forma a evidenciar quais processos funcionam como ferramenta para

a melhoria da produtividade.

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A ideia central do trabalho é expor as principais técnicas construtivas, as estruturas

organizacionais das empresas, os processos de planejamento e controle e, com base nesse

conjunto, estudar meios de aumentar a produtividade na construção civil.

1.3. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

O setor da construção civil, apesar de toda sua importância para o desenvolvimento

e crescimento econômico do país, apresenta ainda hoje processos produtivos e gerenciais

pouco sofisticados. O controle de produção nos canteiros de obra é feito muitas vezes de

forma informal, com procedimentos elaborados pelos próprios gestores e executores dos

empreendimentos, sem padronização e baseados nas experiências anteriores desses

profissionais.

O controle da produção de equipes terceirizadas exige práticas diferentes das

adotadas no caso de equipes próprias da construtora, uma vez que a relação com os

funcionários terceirizados, que respondem a seus superiores da empresa subcontratada,

não é tão direta. Muitas vezes esse gerenciamento não apresenta resultados satisfatórios, o

que torna a necessidade de novas práticas mais eficientes cada vez maior.

Nesse sentido, a escolha do tema se justifica devido a sua atualidade e relevância

para o avanço de um dos maiores setores da economia brasileira.

1.4. METODOLOGIA

A metodologia definida para o desenvolvimento da monografia foi abordar

inicialmente as técnicas construtivas, as estruturas organizacionais das construtoras, os

processos de planejamento adotados e os mecanismos de controle de produção, a fim de

mostrar os aspectos relacionados à produtividade em canteiros de obras e, a partir dessas

informações, conduzir um estudo de caso em uma obra de grande porte, que teve sua

produção controlada de diferentes formas ao longo de sua execução.

A revisão bibliográfica foi feita a partir de apostilas didáticas, manuais técnicos,

revistas especializadas do setor da construção, monografias e artigos acadêmicos

relacionados ao tema.

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Por fim, foi feita uma análise crítica dos resultados apresentados pelas diversas

práticas de controle da produção de obras, estabelecendo o impacto que exercem na

melhoria da produtividade.

1.5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

A estrutura estabelecida para o desenvolvimento da monografia é composta por sete

capítulos. O primeiro capítulo é introdutório e mostra a importância do tema, apresenta os

objetivos do trabalho, justifica a escolha do tema e descreve a metodologia empregada na

elaboração da monografia.

O segundo capítulo trata da análise das principais técnicas construtivas existentes,

expõe aspectos inerentes a cada uma delas e aborda aspectos favoráveis e desfavoráveis a

produtividade.

No terceiro capítulo é feita uma exposição das peculiaridades das estruturas

organizacionais adotadas pelas construtoras atualmente nas obras e uma análise das

influências das diferentes formas de organização na produtividade.

O quarto capítulo tem como foco os processos de planejamento da produção na

construção civil. São descritas e analisadas as práticas adotadas pelas construtoras na

realização do planejamento operacional nas obras como desdobramento do planejamento

físico e materialização das etapas previstas.

O quinto capítulo aborda os processos de controle de produção, ou seja, o controle

operacional executado no dia a dia das obras, que visa garantir que o planejado seja

efetivamente executado.

No sexto capítulo é apresentado o estudo de caso realizado. A obra no qual o estudo

foi conduzido é descrita, os processos de planejamento e controle são detalhados e os

resultados comparativos obtidos são examinados.

O sétimo e último capítulo é destinado às conclusões. Nele são feitas as

considerações finais sobre o tema e uma análise conclusiva de todas as informações

analisadas no desenvolvimento da monografia.

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2. ASPECTOS RELATIVOS À PRODUTIVIDADE DAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

As técnicas construtivas vêm evoluindo ao longo do tempo, através do emprego de

novos materiais, ferramentas, equipamentos e práticas aperfeiçoadas. Surgem como

alternativas às técnicas tradicionais e são criadas visando ganhos de qualidade e

produtividade.

Entretanto, a adoção desses novos processos nos canteiros de obras costuma

demorar a se concretizar. Alguns motivos para essa resistência são custos iniciais mais

elevados, devido ao uso de materiais e equipamentos mais caros, a necessidade de mão de

obra especializada e a resistência dos profissionais do setor a mudar velhos hábitos.

Neste capítulo serão descritas, por etapas executivas, algumas das técnicas

construtivas mais utilizadas atualmente e seus aspectos favoráveis e desfavoráveis à

produtividade. Serão abordadas as seguintes técnicas: fundações rasas e profundas, formas

para estruturas de concreto armado, vedação horizontal através de alvenaria de blocos,

instalações hidráulicas e elétricas, esquadrias e revestimentos de paredes.

2.1. FUNDAÇÕES

2.1.1. Conceituação

Fundação é o elemento de uma estrutura responsável por transmitir segura e

adequadamente as cargas ao terreno. Convencionou-se dividir as fundações em dois

grandes tipos, as superficiais (também chamadas de rasas ou diretas) e as profundas.

2.1.2. Aspectos relativos à produtividade

As fundações superficiais apresentam como vantagem menor custo e maior

facilidade construtiva, quando comparadas às fundações profundas. Enquanto fundações

profundas costumam ser executadas por empresas subcontratadas, os equipamentos e a

equipe de funcionários utilizados na execução de fundações diretas podem ser os mesmos

empregados na execução da superestrutura da edificação. Outro aspecto muito favorável à

escolha por fundações rasas é que elas geralmente demandam menos tempo até sua

conclusão. Além disso, o espaço necessário no canteiro de obras é menor, uma vez que

não exige áreas para movimentação de grandes equipamentos ou para estoque de grandes

peças, como no caso de estacas pré-moldadas (DANZIGER, 2014).

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Entretanto, as fundações diretas só são opções adequadas para pequenos

carregamentos ou para estruturas sobre terrenos em que a rocha aflora ou está próxima do

nível do terreno. Caso contrário, deve-se estudar que tipo de fundação profunda será mais

vantajosa. Para isso, deve-se estudar a constituição do terreno, a grandeza dos

carregamentos, o orçamento disponível, o espaço utilizável no canteiro e o prazo a ser

cumprido e, a partir de todos esses dados, procurar a alternativa mais vantajosa.

2.2. FORMAS PARA CONCRETO ARMADO

2.2.1. Conceituação

As formas são o conjunto de componentes provisórios cuja função principal é dar

forma ao concreto e sustentá-lo até que atinja resistência suficiente para que se sustente

por si só (BARROS e MELHADO, 1998). Além disso, devem servir de suporte para o

posicionamento da armadura e para instalações embutidas, garantir o cobrimento

determinando em projeto, imprimir a textura desejada, limitar a perda d’água e proteger o

concreto fresco contra choques (ARAÚJO, 2014).

Pode-se dizer que o sistema de formas é constituído pelos seguintes elementos:

molde, estrutura do molde, escoramento (cimbramento) e peças acessórias. O molde é o

elemento que fica em contato direto com o concreto e que dá forma a ele. É o componente

da forma que pode ser constituído pela maior variedade de materiais, como madeira,

alumínio, aço, concreto, alvenaria, plástico ou isopor. A estrutura do molde é responsável

pelo travamento, enrijecimento e sustentação do molde e pode ser constituída por madeira

e/ou materiais metálicos. O escoramento dá apoio à estrutura da forma, transmitindo os

esforços aos quais ela é submetida para o solo ou para algum ponto da estrutura de

concreto. Pode ser de madeira ou aço. Por fim, os acessórios são utilizados para

nivelamento, prumo e locação das peças (BARROS e MELHADO, 1998).

A Figura 1 ilustra o esquema geral de formas de madeira utilizados mais comumente

em edificações:

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Figura 1: Esquema geral de formas de madeira (Madeirit, 2011)

A Figura 2, por outro lado, retrata o esquema geral de utilização de formas mistas em

edificações:

Figura 2: Esquema geral de formas mistas (Madeirit, 2011)

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As formas comumente são classificadas de acordo com seu material e sua forma de

utilização, como no Quadro 1:

Tipos de formas Material Indicação (tipo de obra)

Convencional Madeira Pequenas obras particulares e detalhes específicos

Moduladas Madeira e mistas Obras repetitivas e edifícios altos

Trepantes Madeira, metálicas e mistas

Torres, barragens e silos

Deslizantes verticais Madeira, metálicas e mistas

Torres e pilares altos de grande seção

Deslizantes horizontais Metálicas Barreiras, defensas e guias

Quadro 1: Tipos de formas (UEPG, 2014)

As formas de madeira possuem diversas características que as tornam ainda hoje as

mais utilizadas nas construções brasileiras. Há disponibilidade da mão de obra necessária

no mercado sem necessidade de treinamentos extensos, os equipamentos e complementos

utilizados são simples (serras, martelos, pregos etc.), o material tem boa resistência a

impactos durante o transporte e manuseio, as deformações devido a variações de

temperatura são mínimas e o custo não é elevado. Entretanto, o uso de madeira apresenta

como pontos desfavoráveis aspectos como a durabilidade, a baixa resistência nas ligações

e emendas e as grandes deformações devido à variação de umidade (UEPG, 2014).

As formas metálicas, embora aparentemente sejam muito parecidas com as formas

de madeira, apresentam diferenças muito grandes em relação a estas em virtude das

propriedades dos materiais. Os moldes feitos de alumínio ou aço são muito mais duráveis

do que os similares de madeira e podem ser reutilizados muito mais vezes, quando

manejados da maneira correta. As peças não são serradas e a montagem e desmontagem

do conjunto não as danifica, como ocorre no caso de formas de madeira. Essa maior

durabilidade faz com que, apesar do custo unitário maior das peças metálicas, o custo de

todo o conjunto de formas desse material seja mais baixo em obras cuja geometria da

estrutura permita a reutilização das peças. Além da vantagem econômica, o

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reaproveitamento das formas torna a obra mais sustentável, evitando o desperdício de

madeira. Os pontaletes metálicos, por sua vez, podem ser regulados para diferentes alturas.

Por serem peças pré-fabricadas, as formas metálicas tem geometria e encaixes mais

exatos, o que garante cotas e prumos e evita vazamentos de concreto. Dessa forma, a

estrutura de concreto produzida é mais perfeita, com espessuras e vãos mais exatos,

evitando a necessidade de correções com massa e problemas com encaixe de esquadrias

(ARAÚJO, 2014).

2.2.2. Aspectos relativos à produtividade

Atualmente as formas mais utilizadas nas obras de edificações são as mistas

compostas por moldes de madeira com travamentos e escoramentos metálicos, de forma a

unir a versatilidade das peças de madeira à durabilidade dos componentes metálicos

(UEPG, 2014).

Até pouco tempo atrás, o processo de planejamento e montagem das formas era

deixado pelos engenheiros a cargo dos mestres de obra e encarregados de carpintaria, que

usavam sua experiência e conhecimentos práticos para determinar o melhor arranjo das

formas e o cimbramento necessário. A estabilidade estrutural das formas não era calculada

e a qualidade destas dependia da experiência dos mestres e encarregados.

Pressionados a reduzir custos, aumentar a produtividade e atingir padrões de

qualidade, os profissionais da construção civil perceberam a necessidade de mudanças na

forma como as formas eram executadas. O setor passou a se preocupar com a falta de

planejamento desta etapa e com o os resultados alcançados a partir do processo produtivo

artesanal e improvisado. Surgiram assim os projetos de forma e escoramento, elaborados

de forma a otimizar a montagem e reutilização das formas e contendo todas as

especificações de materiais e sequência de execução.

Embora atualmente as formas recebam uma maior atenção dos engenheiros, a

implementação das mudanças ainda está engatinhando, pois os profissionais ainda não

estão completamente adaptados às novas práticas. Os projetos de forma ainda são muitas

vezes mal interpretados, resultando em peças mal dimensionadas e na necessidade de

adaptações no próprio canteiro, o que limita a velocidade de produção das estruturas de

concreto e o potencial de reutilização das formas. De qualquer forma, a evolução dos

sistemas de forma é significativa.

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2.3. VEDAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCOS

2.3.1. Conceituação

A alvenaria é um conjunto formado por elementos coesos e rígidos, como tijolos de

barro cozido, blocos de concreto e até mesmo pedras, ligados entre si através de juntas de

argamassa. Sua função principal é separar ambientes, sejam eles internos ou externos,

servindo como barreira física, visual, térmica e acústica (SIQUEIRA e DIAS, 1999). A

alvenaria de vedação é aquela que não tem função estrutural.

Figura 3: Alvenaria de vedação (GONZALEZ, 2003)

Para que cumpra de forma eficiente sua função, a alvenaria precisa apresentar um

conjunto mínimo de características, como: isolamento acústico e térmico, estanqueidade,

resistência mecânica (para suportar a pressão do vento e garantir a segurança do usuário) e

resistência a umidade e a variações térmicas (LEOPOLDO, 2015).

2.3.2. Aspectos relativos à produtividade

A produção da alvenaria de vedação é um dos processos com maior grau de

desperdício na construção de edificações. A produtividade deste processo está intimamente

ligada à logística de armazenamento e transporte de materiais no canteiro de obras. É

necessário que um plano logístico garanta que os materiais estejam disponíveis no

momento em que a alvenaria será produzida, de modo que a equipe não fique esperando a

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sua chegada. O transporte deve ser cuidadoso, evitando a quebra de blocos (CALÇADA,

2014).

A qualificação da mão de obra é outro fator que influi diretamente na produtividade

atingida. Por ser um processo estritamente manual, é importante que os pedreiros e

serventes sejam treinados e sigam as recomendações que lhes deve ser passadas, como

espessura da camada de argamassa e atenção ao alinhamento, garantindo um serviço de

qualidade e evitando retrabalhos. O desempenho depende também da habilidade dos

encarregados em gerir suas equipes e controlar o consumo de materiais.

Tradicionalmente, as alvenarias eram feitas sem um projeto específico, o que ainda

ocorre muitas vezes nas construções atuais. Pouco a pouco, entretanto, as construtoras

começaram a perceber suas vantagens. O projeto de alvenaria contém importantes

informações, como modulação dos blocos, espessura da argamassa de assentamento,

quantidade de telas e blocos especiais com entradas para instalações elétricas e

hidráulicas. A falta dessas informações acarreta em um serviço improvisado, com a

necessidade de quebra de blocos para que se adequem a dimensão das paredes, rasgos

para instalação de caixas de luz, espessuras excessivas de argamassa e excesso de telas

de fixação.

Os cuidados tomados na produção da alvenaria também conferem grande vantagem

a processos posteriores, como a aplicação de massa e a instalação de esquadrias, o que

reflete positivamente na produtividade da construção como um todo.

2.4. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS

2.4.1. Conceituação

Instalações hidráulicas de uma edificação são o conjunto de dutos condutores de

fluidos, suas conexões e acessórios. As instalações hidráulicas podem ser divididas em

tipos distintos, de acordo com o fluido que conduzem. Desta forma, temos os sistemas de

água fria, de água quente, de esgotamento sanitário, de gás e de combate a incêndios

(MIGOTT et al, 2014).

Os serviços de instalações hidráulicas abrangem a ligação provisória de água e

esgoto para o canteiro de obras, a execução dos reservatórios inferior e superior de água da

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edificação, a instalação das tubulações e de suas conexões e, por fim, a instalação dos

metais, peças sanitárias e de acessórios como aquecedores e hidrantes (UFJF, 2013).

2.4.2. Aspectos relativos à produtividade

O sistema hidráulico tradicional possui restrições geométricas, uma vez que os dutos

são rígidos e retilíneos e suas conexões possuem ângulos padronizados e restritos,

característica que torna complicada sua compatibilização espacial com outros elementos

das edificações, como a estrutura, a alvenaria e outras instalações. Essa compatibilização

se torna especialmente complicada quando são feitas alterações no projeto com a obra já

em andamento, fato muito comum e que pode acarretar interrupções no serviço.

Problemas nas conexões devido a má instalação são outra preocupação recorrente.

Conexões mal executadas podem causar vazamentos e infiltrações na alvenaria. Falhas

como essa podem ser descobertas com a edificação já em utilização, o que demanda

retrabalho e gera grandes transtornos e custos imprevistos. Mesmo quando o problema

aparece na fase de construção, durante testes de pressão, sua resolução pode prejudicar o

andamento da obra e gerar atrasos no cronograma (CALÇADA, 2014).

A abertura da alvenaria pronta para instalação das tubulações é uma das etapas com

maior desperdício de material. O rasgo é feito muitas vezes de forma impensada, sem que

se determine a posição exata das instalações, e a alvenaria é aberta numa região muito

maior do que a necessária. A técnica exige retrabalho, uma vez que, após instaladas as

tubulações, há necessidade de fechamento da alvenaria.

Uma prática que visa a melhoria da produtividade e a redução de retrabalhos é o uso

de tubulações não embutidas na alvenaria ou no piso. Como grande parte das pessoas

desaprova esteticamente as tubulações expostas em residências, carenagens surgiram

como opção para ocultar os dutos, podendo ser retiradas temporariamente para

manutenções nas instalações hidráulicas. Além disso, as carenagens servem como barreira

sonora e abafam os ruídos provenientes dos deslocamentos de fluidos.

No caso da opção pela utilização de kits hidráulicos, elimina-se o serviço de corte de

tubulações no canteiro, reduzindo o desperdício de material, e a instalação torna-se muito

mais rápida, devido à padronização. Caso os kits venham montados de fábrica, ganha-se

velocidade de produção no canteiro de obras, mas o transporte e o armazenamento do

material exigem uma logística mais sofisticada. Além disso, kits pré-montados não

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costumam ser uma alternativa vantajosa economicamente. O ganho de produtividade

possibilitado pelos kits pode ser muito alto, mas, para isso, seu uso deve ser previsto no

projeto da edificação e deve haver grande repetitividade de layout (CONSTRUÇÃO, 2013).

A adoção do sistema PEX, por sua vez, pode trazer inúmeras vantagens produtivas.

As tubulações flexíveis acabam com o problema das restrições geométricas, facilitando

muito a compatibilização com outros sistemas. Além disso, eliminam muitas conexões, o

que reduz a probabilidade de vazamentos. Caso ocorra vazamento mesmo assim, o

problema pode ser sanado sem necessidade de abertura da alvenaria ou do piso, uma vez

que o tubo de condução danificado pode ser retirado e substituído de forma muito mais fácil.

O tubo guia ainda evita que a água atinja a estrutura ou a alvenaria, evitando infiltrações

(BRANDÃO, 2010).

2.5. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

2.5.1. Conceituação

As instalações elétricas são formadas por eletrodutos, condutores, chaves, caixas,

luminárias e demais acessórios ligados à distribuição de energia nas edificações. Os

serviços de instalação elétrica abrangem a ligação provisória de energia para o canteiro de

obras, a instalação de tubos e caixas embutidas durante a concretagem da estrutura, a

instalação dos dutos embutidos na alvenaria, a passagem da fiação pelos eletrodutos e, por

fim, sua ligação às tomadas, aos interruptores e aos pontos de consumo (UFJF, 2013).

2.5.2. Aspectos relativos à produtividade

Devido à complexidade e aos riscos envolvidos nos serviços de instalação elétrica, a

mão de obra deve ser capacitada não somente de forma prática, mas também teórica. A

produtividade destes serviços está intimamente ligada à experiência e aos cuidados

tomados pelos profissionais durante sua execução.

A colocação das tubulações antes da concretagem da estrutura deve ser cuidadosa,

com especial atenção para que as pontas fiquem protegidas e os dutos não quebrem,

evitando sua obstrução. Da mesma forma que ocorre com as instalações hidráulicas, a

abertura da alvenaria para passagem dos eletrodutos e instalação de caixas é uma das

etapas com maior desperdício de material e necessidade de retrabalho. A enfiação dos

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cabos deve ocorrer após a aplicação de revestimento nas paredes e antes da pintura. Caso

os eletrodutos estejam obstruídos e os cabos não sejam lubrificados corretamente, o

trabalho torna-se muito difícil e demorado, provocando perda na produtividade. A fixação de

tomadas, interruptores e espelhos deve ser feita após a pintura e de forma a não danificar

os cabos e o acabamento da parede (CALÇADA, 2014).

2.6. ESQUADRIAS

2.6.1. Conceituação

As esquadrias são os elementos utilizados para o fechamento de vãos nas

edificações, fornecendo segurança e permitindo a circulação de pessoas, a iluminação e a

ventilação dos ambientes (QUALHARINI, 2014).

Para que cumpra de forma eficiente sua função, a esquadria precisa apresentar um

conjunto mínimo de características, como: controle de iluminação e de ventilação,

isolamento acústico e térmico, estanqueidade ao ar e à água, facilidade de uso, resistência

mecânica (para suportar a pressão do vento e garantir a segurança do usuário) e resistência

a umidade e a variações térmicas (VALIN, 2013).

As esquadrias podem ser constituídas por diversos materiais, sendo os mais

comumente utilizados a madeira, o aço, o alumínio e o PVC. Também há diversos

mecanismos de abertura e fechamento possíveis, devendo a escolha ser feita de acordo

com a adequação ao projeto.

2.6.2. Aspectos relativos à produtividade

Os problemas apresentados pelas esquadrias podem estar relacionados à produção

do material, à sua estocagem ou à sua instalação. A produção das peças deve ser

suficientemente precisa para que elas se encaixem nos vãos da edificação. As peças não

podem ser maiores, de forma que não caibam nos vãos, nem menores, deixando frestas e

prejudicando a estanqueidade. Erros deste tipo são muito comuns e levam a necessidade

de retrabalho, sendo motivo recorrente de atrasos. O armazenamento das peças no canteiro

de obras também não costuma receber a atenção devida, o que acaba danificando-as e

demandando reparos. Por fim, a instalação das esquadrias sem atenção ao nivelamento e

ao alinhamento pode causar problemas de estanqueidade e de dificuldade de utilização

(CALÇADA, 2014).

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O uso de esquadrias pré-fabricadas de dimensões padronizadas é uma alternativa

que apresenta inúmeras vantagens quando comparada às esquadrias feitas sob medida

para o projeto da edificação. Atualmente, a variedade de materiais e medidas oferecidas

pelo mercado de esquadrias pré-fabricadas é grande, não sendo difícil empregá-las nos

mais variados projetos. Por serem produzidas em maior escala, esquadrias desse tipo

costumam apresentar medidas muito precisas e um índice pequeno de falhas na sua

produção, além de menores custos. A previsibilidade assegurada pela padronização é um

benefício muito grande à instalação de esquadrias, garantindo maior produtividade ao

processo.

2.7. REVESTIMENTOS DE PAREDE

2.7.1. Conceituação

Revestimentos são todos os materiais de proteção e acabamento aplicados sobre

superfícies verticais e horizontais de uma edificação ou obra de engenharia, tais como

alvenarias e estruturas. As edificações apresentam revestimentos de três tipos: os de

parede, os de piso e aqueles aplicados no teto ou forro (ZULIAN et al, 2002).

Ainda segundo Zulian et al (2002), as principais finalidades dos revestimentos de

paredes são a regularização da superfície, a proteção contra intempéries, aumento da

resistência da parede contra choques e proporcionar estética e acabamento. Os

revestimentos de paredes são classificados de acordo com o material utilizado em

revestimentos argamassados e não-argamassados.

Os revestimentos argamassados consistem na aplicação de argamassas sobre as

alvenarias e estruturas. O procedimento tradicional é constituído da execução de no mínimo

de três camadas superpostas, contínuas e uniformes: chapisco, emboço e reboco. Já os

revestimentos não-argamassados são aqueles cuja superfície exposta é de outro material

que não a argamassa. Os tipos mais comuns são as cerâmicas, as pastilhas e os mármores.

2.7.2. Aspectos relativos à produtividade

A execução de revestimentos argamassados costuma ser foco de muito desperdício

de material e não são raros os casos em que o produto final apresenta patologias. Para que

o resultado seja satisfatório, o trabalho deve ser feito seguindo algumas práticas

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importantes, como o preparo da argamassa respeitando a composição precisa indicada pelo

fabricante, a limpeza e a umidificação da superfície de aplicação e a aplicação em camadas

de espessura de no máximo 1,5 cm.

No caso de revestimentos não-argamassados, os cuidados em sua aplicação

envolvem a produção da argamassa de assentamento, a espessura da camada de

assentamento, a força com que a argamassa é aplicada e a regularidade das juntas, entre

outros aspectos. Outro ponto que merece atenção é a estocagem e o transporte das peças,

pois é muito comum a sua quebra e até mesmo o seu furto. A existência de um projeto de

paginação garante a qualidade do revestimento, menor desperdício de material e maior

produtividade, mas muitas vezes a paginação é deixada a cargo da equipe que executa o

serviço.

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3. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS DAS CONSTRUTORAS

O sucesso de toda e qualquer empresa depende da estrutura organizacional adotada

por ela, independente de seu porte ou de seu setor de atuação, o que inclui as construtoras.

Este capítulo se dedica ao estudo das formas de organização adotadas pelas construtoras

em suas obras e às suas influências na produtividade.

3.1. CONCEITUAÇÃO DAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

Segundo Vivancos e Cardoso (2001), as estruturas organizacionais representam as

formas pelas quais as instituições dividem, organizam e coordenam seus recursos

(humanos, físicos e financeiros) com o intuito de atingirem seus objetivos.

A caracterização das estruturas organizacionais envolve um conjunto muito grande

de elementos e, por isso, é bastante complexa. Muitos estudiosos se dedicaram ao assunto

e chegaram a formas próprias de interpretar a organização das empresas. Vasconcellos e

Hemsley (1986), por exemplo, creem que a estrutura organizacional é o resultado da

interação entre os seguintes aspectos: escolha dos critérios de departamentalização;

definição quanto à centralização ou descentralização de áreas de apoio; localização de

assessorias; decisão quanto à amplitude de controle; definição do nível de descentralização

de autoridade; sistema de comunicação; e definição quanto ao grau de formalização.

Chiavenato (1997), por sua vez, entende que quatro princípios básicos caracterizam a

estrutura organizacional de uma empresa, senso eles: a divisão do trabalho, a

especialização, a hierarquia e a distribuição da autoridade e da responsabilidade.

Pode-se perceber que, embora haja diferenças nas definições de cada autor, os

elementos por eles citados apresentam muitos pontos em comum e, quando tomados pelo

conjunto, se equivalem. Para que o conceito dos principais elementos fique claro, será feita

uma discrição sucinta de cada um deles:

i. Divisão do trabalho: é a prática pela qual um trabalho pode ser decomposto

em uma série de pequenas tarefas, menos complexas e mais rotineiras

(BANNER; GAGNÉ, 1995).

ii. Especialização: implica que cada órgão ou cargo passe a ter funções e

tarefas específicas e especializadas, em decorrência da divisão do trabalho

(CHIAVENATO, 1997).

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iii. Hierarquia: divisão da organização em camadas, escalas ou níveis de

autoridade, tendo os superiores uma determinada autoridade sobre os

inferiores (CHIAVENATO, 1997).

iv. Amplitude do controle: é o tamanho do grupo de subordinados que um

superior tem sob sua supervisão e controle (VASCONCELLOS;

HEMSLEY,1986).

v. Autoridade: é o poder de comandar outros para que executem ou deixem de

executar algo, de maneira a concretizar os objetivos da instituição

(CHIAVENATO, 1997).

vi. Responsabilidade: geralmente proporcional ao nível de autoridade, é o dever

de desempenhar tarefas ou atividades para as quais o individuo foi designado

(CHIAVENATO, 1997).

vii. Centralização e descentralização: são medidas do grau de concentração do

poder em uma organização. A centralização é a maneira na qual as tomadas

de decisão estão concentradas no topo hierárquico da organização. Já em

uma estrutura descentralizada, os níveis hierárquicos mais baixos tem um

papel importante nas decisões (MINTZBERG, 1995).

viii. Departamentalização: é o processo de agrupamento de indivíduos em

unidades para que sejam coordenados (VASCONCELLOS; HEMSLEY,1986).

A divisão das unidades visa a formação de grupos cujos integrantes

apresentem uma característica em comum, como por exemplo sua função,

sua localização geográfica ou o projeto do qual fazem parte.

ix. Comunicação: é a ferramenta pela qual diferentes setores das organizações

conseguem trocar informações entre si e com o meio externo, sendo

fundamental para a manutenção de um padrão de atividades complexos.

x. Formalização: é a medida do grau em que regras são estabelecidas e

seguidas dentro de uma organização. Estruturas formais apresentam maior

rigidez, enquanto nas estruturas informais há maior liberdade na condução de

trabalhos (OLIVEIRA, 2002).

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A departamentalização, conceito apresentado acima, merece uma descrição um

pouco mais extensa. As principais formas adotadas pelas empresas, divididas em

tradicionais e avançadas são mostradas no Quadro 2:

Quadro 2: Formas tradicionais e avançadas de departamentalização (VIVANCOS e

CARDOSO, 1999)

As empresas muito comumente adotam diferentes formas de departamentalização

dentro da sua estrutura organizacional, caracterizando uma “estrutura mista”, como foi

denominada essa prática por GIBSON et al (1981).

A forma como são geridos cada um dos elementos apresentados na organização de

uma instituição complexa define a sua estrutura organizacional. Uma eficiente maneira

adotada pelas organizações para representar sua estrutura formal é o organograma.

Embora os relacionamentos informais não sejam mostrados nos organogramas, estes

retratam fielmente a divisão do trabalho e exibem de forma clara quais posições existem na

organização, como elas são agrupadas em unidades e como a autoridade formal flui entre

elas (MINTZBERG, 1995). Um modelo muito simples de organograma pode ser visto na

Figura 4:

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Figura 4: Modelo de organograma (Fonte: o próprio autor)

A análise das estruturas organizacionais permite a sua classificação em dois grandes

grupos, as tradicionais e as inovativas. As estruturas tradicionais são mais adequadas às

empresas que desenvolvem atividades repetitivas ou rotineiras, em ambientes e situações

com poucas variações. Já as estruturas inovativas são mais indicadas para empresas que

desenvolvem atividades complexas ou muito variadas (VASCONCELLOS; HEMSLEY,

1986). O Quadro 3 mostra de forma muito direta as particularidades de cada tipo de

estrutura:

Quadro 3: Particularidades das estruturas tradicionais e inovativas (VIVANCOS e

CARDOSO, 1999)

3.2. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS ADOTADAS PELAS CONS TRUTORAS

Vivancos e Cardoso (2001) analisaram um grupo de construtoras de pequeno e

médio porte que constroem edifícios no estado de São Paulo a fim de determinar a estrutura

organizacional adotada por elas. A maior parte das empresas escolhidas era participante do

QUALIHAB, o Programa da Qualidade na Habitação Popular da Companhia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). Este programa

tem por objetivo a garantia da qualidade das habitações de interesse social e emprega um

Sistema de Certificação de empresas construtoras que visa atribuir a estas níveis evolutivos

de Certificação da Conformidade.

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A análise foi feita através do modelo de Mintzberg (1995) com base nos seguintes

aspectos: organograma funcional, papéis desempenhados pelos funcionários, estrutura de

poder, sistema de comunicação, estrutura informal e cultura organizacional. Como resultado,

os autores encontraram uma distribuição de papéis como a representada na Figura 5:

Figura 5: Organização padrão de uma construtora de pequeno ou médio porte

(VIVANCOS e CARDOSO, 2001)

O estudo de Vivancos e Cardoso (2001) aponta que a cúpula estratégica das

construtoras de pequeno e médio porte é formada pelos seus proprietários e/ou diretores

remunerados. Abaixo dela, a faixa intermediária é composta pelas gerências de obras e de

suprimentos e pelos coordenadores de engenharia, de qualidade, de controle etc. No núcleo

operacional, por sua vez, encontram-se todos aqueles ligados diretamente à produção,

como engenheiros, mestres-de-obras, encarregados, topógrafos, técnicos em edificações,

compradores, almoxarifes e operários de diversas categorias que atuam nas frentes de

serviço, como pedreiros, carpinteiros, armadores, serventes, apontadores etc. Os setores da

qualidade, do meio ambiente, de planejamento e comercial (que define os novos projetos

nos quais a empresa deve atuar) compõem a tecnoestrutura, junto com os consultores

externos que prestam serviços às empresas. Por fim, encontramos as assessorias de apoio

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internas às organizações (setores administrativo, financeiro, de recursos humanos, de

marketing e de licitações) e assessorias de apoio que na maior parte dos casos são

externas (serviços de informática, de contabilidade e jurídicos), partes essenciais ao

funcionamento das empresas construtoras.

De uma maneira geral, as empresas construtoras de edifícios tratam cada uma de

suas obras como um projeto, para o qual são formadas equipes temporárias. As diversas

funções de seu quadro são alocadas segundo uma departamentalização

predominantemente funcional, em três setores principais: administrativo/financeiro,

comercial e técnico. As estruturas estabelecidas são centralizadas e predomina a

comunicação formal no sentido vertical, embora na realização do trabalho rotineiro verifique-

se a ocorrência de canais horizontais e diagonais de comunicação. Em geral, estruturas

informais são criadas ao longo do desenrolar dos projetos, ocorrendo comunicação direta

entre as obras e os setores externos, localizados nos escritórios, independentemente da

existência de ligação formal entre eles.

Vivancos e Cardoso (2001) observam que as estruturas das pequenas e médias

construtoras, embora sejam centralizadas e formais, também são flexíveis e adaptáveis a

novas estratégias de ação. Tais características permitem que essas empresas atendam

satisfatoriamente às variações de demanda tão corriqueiras no setor, garantindo seu

sucesso e longevidade. Os prazos apertados e as preocupações com custos exigem

velocidade e flexibilidade das construtoras, que optam por não manter estruturas

especializadas, mas por terceirizá-las de acordo com a necessidade de cada momento.

A indústria da construção civil apresenta características muito peculiares, que tornam

a terceirização uma prática muito adotada pelas construtoras. As construções de edificações

ou obras de infraestrutura são processos longos, que costumam durar muitos meses ou

alguns anos, e de custo elevado. Esses processos são constituídos por diversas etapas

muito diferentes entre si, como, por exemplo, a etapa de fundações e a etapa de

acabamento de uma edificação. Devido as suas diferenças, essas etapas exigem mão de

obra e equipamentos também diferentes. As construtoras não tem motivo, assim sendo,

para manter um quadro de funcionários e de equipamentos completo por toda a duração do

projeto (VIVANCOS e CARDOSO, 1999).

A contratação de funcionários no início de cada etapa e sua demissão ao fim é muito

custosa para as empresas, além de exigir um trabalho burocrático pesado dos setores

administrativos. O mesmo ocorre na manutenção de equipamentos durante períodos

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ociosos. A terceirização se insere nesse cenário como alternativa de custos mais vantajosos

e simplificação burocrática.

A terceirização traz como pontos positivos para as construtoras a redução de custos

e a execução dos serviços por empresas especializadas, que só atuam em determinados

processos produtivos. Custos fixos são substituídos por custos variáveis, de acordo com a

demanda do momento. As construtoras não necessitam prover treinamento para estes

funcionários, uma vez que eles já foram capacitados pela empresa terceirizada. A

administração dos salários, funções, benefícios e questões burocráticas dos funcionários

fica a cargo da empresa terceirizada, privando a contratante dessas responsabilidades.

Por outro lado, a terceirização apresenta desvantagens que precisam ser

consideradas nas tomadas de decisão das construtoras, como por exemplo: perda do

vínculo com o empregado, aumento da dependência de terceiros, perda da identidade

cultural da empresa por parte dos funcionários e dificuldade de coordenação dos

contratados.

A alta especialização dos terceirizados é um fator favorável ao aumento de

produtividade, uma vez que estes adquirem grande experiência em uma determinada

atividade e passam a produzir conhecimento prático sobre situações as situações variadas

encontradas nos canteiros de obras. Aliada a um controle de terceiros eficiente, a

terceirização é atualmente uma ferramenta explorada pelas construtoras a fim de vencer

prazos curtos e custos restritivos.

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4. PROCESSOS DE PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO

O planejamento e o acompanhamento físico e financeiro de obras são ferramentas

de gerenciamento de grande importância, uma vez que seu uso conjunto gera previsões e

medições de desempenho. Sua aplicação permite que o coordenador e os demais

administradores do empreendimento tenham tanto a visão projetada quanto o rendimento

alcançado em relação a prazos e custos (SILVA, 2006).

Nesse capítulo, o processo de planejamento operacional adotado pelas construtoras

será descrito. Os processos de controle da produção serão analisados no próximo capítulo.

4.1. CONCEITUAÇÃO

Um sistema de planejamento da produção tem o objetivo de maximizar a

produtividade da mão de obra, dos equipamentos e dos espaços e de minimizar prazos,

otimizando o uso do tempo e evitando a ociosidade dos recursos, sem que os níveis de

qualidade e de segurança sejam comprometidos. Além disso, deve ajustar o processo

produtivo para que a distribuição do trabalho e dos recursos ao longo do tempo seja

equilibrada (SANTORO, 2007).

No caso da produção em obras, o planejamento executivo, planejamento físico ou

ainda planejamento operacional, é composto pela determinação detalhada das atividades,

dos prazos de execução de cada uma dessas atividades, do momento no tempo em que

cada uma delas deverá acontecer, da quantidade de recursos empregados em cada etapa

do projeto e dos custos estimados. Esse processo é particularmente desafiador, uma vez

que cada construção é um projeto único, suas condições de realização são muito variadas e

o clima e o terreno, fatores que podem ser determinantes no desenrolar do processo, nem

sempre são bem conhecidos ou previsíveis (SILVA, 2006).

A extensão da lista de atividades envolvidas no processo construtivo e o custo global

elevado de um projeto fazem com que a qualidade do planejamento seja determinante para

o sucesso das construtoras, uma vez que falhas nessa etapa podem causar prejuízos de

grandes dimensões.

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4.2. ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO EXECUTIVO

A elaboração do planejamento executivo de uma construção é composta

basicamente por seis processos, sendo eles: definição das atividades, sequência das

atividades, estimativa dos recursos das atividades, estimativa da duração das atividades,

desenvolvimento do cronograma e controle do cronograma (CARVALHO e RABECHINI,

2006). Este último processo será detalhado no próximo capítulo, dedicado exclusivamente a

ele. A seguir, faremos uma análise dos cinco primeiros processos.

4.2.1. DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES

As atividades ou serviços de obras são todas as tarefas que compõe o projeto e são

como as unidades mínimas em que o trabalho pode ser dividido. São agrupados em etapas

construtivas, conjuntos interdependentes que dão características definitivas à construção

(FIGUEIREDO, 2009).

Como exemplo de atividades de obras, podemos tomar aquelas que compõem a

etapa construtiva da superestrutura, que são: forma (corte, montagem e instalação),

armação (corte, dobra, montagem e posicionamento), concretagem (lançamento e cura) e

desforma (QUEIROZ, 2001).

A definição dos serviços depende de como o projeto foi definido e detalhado e deve

abranger todas as etapas construtivas da construção em questão, desde os serviços

preliminares até a desmobilização. Em uma obra de edificação, as etapas construtivas mais

comuns são:

A. Serviços preliminares;

B. Mobilização do canteiro;

C. Locação da obra;

D. Fundações ou infraestrutura;

E. Superestrutura, supra estrutura ou estrutura;

F. Vedação;

G. Impermeabilização;

H. Cobertura;

I. Instalações hidráulicas;

J. Instalações elétricas e de comunicação;

K. Revestimentos de piso;

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L. Revestimentos de parede;

M. Louças e metais sanitários;

N. Esquadrias;

O. Pintura;

P. Testes;

Q. Limpeza.

Este processo deve ser realizado ou verificado por um engenheiro experiente, que

conheça bem as etapas construtivas da construção em questão e saiba determinar todas as

atividades componentes, uma vez que ela será a base para a estimativa de recursos e do

desenvolvimento do cronograma.

4.2.2. SEQUÊNCIA DAS ATIVIDADES

Nesse processo são estabelecidas as relações de dependência entre as atividades

previamente definidas (FIGUEIREDO, 2009). Existem atividades que só podem ser iniciadas

após a conclusão de outras. Algumas precisam começar ou terminar concomitantemente e

há ainda casos de atividades que só podem ser encerradas ao início de outras.

O lançamento de concreto da superestrutura de uma edificação só pode ocorrer após

o posicionamento da armação, por exemplo. Outro caso de dependência entre atividades,

não tão óbvio, é o aperto das alvenarias de vedação só poder ser executado quando a

estrutura de dois pavimentos acima estiver concluída.

4.2.3. ESTIMATIVA DOS RECURSOS DAS ATIVIDADES

A estimativa dos recursos das atividades serve para definir a mão de obra e os

equipamentos que precisarão ser utilizados (FIGUEIREDO, 2009).

O engenheiro responsável por esse processo deve listar as funções necessárias à

realização de cada serviço e, com base em sua experiência em obras anteriores,

estabelecer a quantidade de funcionários para cada uma delas. O cálculo dessa quantidade

deve ser norteado pelo prazo total da obra e pela produtividade média das equipes para

cada atividade. O mesmo deve ser feito para as ferramentas e equipamentos de serviço.

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4.2.4. ESTIMATIVA DA DURAÇÃO DAS ATIVIDADES

Neste processo deve-se calcular o tempo necessário à realização de cada uma das

atividades (FIGUEIREDO, 2009). A duração de cada um dos serviços depende do

dimensionamento das equipes e dos equipamentos escolhidos no processo anterior.

Entretanto, esses dois processos devem ser estudados de forma interativa, para que se

chegue ao melhor arranjo. Caso o profissional responsável por esse estudo identifique um

tempo de duração muito extenso para alguma atividade, deve redimensionar os recursos, de

forma a obter um resultado mais equilibrado.

4.2.5. DESENVOLVIMENTO DO CRONOGRAMA

O desenvolvimento do cronograma é a junção e a organização de todas as

informações definidas nos quatro processos anteriores, de forma a estabelecer a

programação ideal da construção (representada através do cronograma físico) e a

distribuição dos recursos (representada através do cronograma financeiro) (FIGUEIREDO,

2009).

Neste processo, todas as atividades precisam ter seu início e fim determinados,

respeitando sua duração e as relações de precedência entre elas. Esse trabalho deve ser

feito de modo que os prazos (parciais e final) sejam respeitados e que os serviços e os

recursos fiquem distribuídos de maneira equilibrada.

Como o prazo e o orçamento das obras são cada dia mais restritivos, o

desenvolvimento do cronograma tem se tornado cada vez mais desafiador. Dificilmente um

cronograma será definido satisfatoriamente sem que se precise retornar aos processos

anteriores para fazer ajustes nas quantidades de recursos.

A elaboração do cronograma é feita com base em um modelo e os dois mais

amplamente utilizados são o gráfico de Gantt (ou diagrama de barras) e o PERT/CPM

(Program Evaluation and Review Technique / Critical Path Method).

O gráfico de Gantt pode ser descrito como uma planilha cujas linhas representam as

atividades de um projeto e cujas colunas representam a distribuição do tempo, geralmente

graduadas em semanas ou meses. Para cada atividade há uma barra horizontal que se

estende da data de início da atividade até a data de término, de modo que as barras têm

comprimento proporcional à duração da atividade (QUEIROZ, 2001).

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Figura 6: Gráfico de Gantt (SILVA, 2006)

As maiores vantagens do gráfico de Gantt são a sua rapidez de execução, quando

comparada ao PERT/CPM, e a facilidade de sua compreensão, mesmo para leigos. Por

outro lado, o fato de não apresentar explicitamente as relações de dependência entre as

atividades dificulta as reprogramações, tão frequentes em obras. Essa desvantagem,

entretanto, não é mais tão grave, uma vez que o processo hoje em dia é feito de forma

computacional (SILVA, 2006).

O método PERT/CPM tem como objetivo o cálculo do caminho crítico através da

precedência das atividades e de suas durações. O caminho crítico é aquele mais longo da

rede, ou seja, aquele que tem impacto direto na duração total do processo e, por isso, serve

como indicador das áreas que devem ser acompanhadas mais de perto pelo corpo gerencial

da obra (FIGUEIREDO, 2009).

O modelo apresenta ainda como vantagem a possibilidade de se observar os

caminhos subcríticos, que também devem ser monitorados, pois, caso haja atrasos em suas

atividades, podem se tornar caminhos críticos (SILVA, 2006).

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Figura 7: Rede PERT/CPM (SILVA, 2006)

Independentemente do modelo escolhido, após o desenvolvimento do cronograma

físico deve-se fazer a verificação da distribuição dos recursos. Juntando-se os dados

relativos às atividades desempenhadas em cada mês com os custos referentes aos

recursos empregados nessas atividades, calcula-se o valor financeiro necessário em cada

mês. Os valores encontrados irão compor o cronograma financeiro da obra.

O cronograma financeiro geralmente é representado por uma planilha cujas linhas

são relativas às atividades e cujas colunas representam os meses de duração da obra.

Dessa forma, as células são preenchidas com os valores mensais de cada atividade

acompanhados dos percentuais mensais. A distribuição de valores deve ser equilibrada ao

longo do projeto (QUEIROZ, 2001).

A junção dos cronogramas físico e financeiro é muito usada pelas empresas e é

conhecida como cronograma físico-financeiro. Sua utilização permite a visualização do

desdobramento da obra tanto em termos de prazos quanto de custos, de forma simultânea,

o que é especialmente vantajoso para a gerência do projeto.

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Figura 8: Cronograma físico-financeiro (SILVA, 2006)

Diversos softwares desenvolvidos especialmente para o planejamento de projetos

estão disponíveis no mercado, sendo o MS Project o mais utilizado por empresas de todos

os ramos, inclusive construtoras. Esses programas computacionais permitem que o

planejamento seja desenvolvido pelo método PERT/CPM com grande rapidez e que o

resultado seja representado através de diagramas, do gráfico de Gantt ou de planilhas

contendo informações selecionadas pelo usuário.

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Figura 9: Desenvolvimento da uma rede de precedências no MS Project (SANTOS et

al, 2008)

A rapidez proporcionada pelos softwares e a facilidade de obtenção de informações

específicas são vantagens muito grandes para o setor da construção civil, pois o

planejamento pode ser revisado em um curto período de tempo todas as vezes que houver

alterações de projeto, atrasos ou adiantamentos.

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5. PROCESSOS DE CONTROLE DE PRODUÇÃO

5.1. CONCEITUAÇÃO

O controle da produção em obras é o processo que dá continuidade ao planejamento

operacional, uma vez que sua função é garantir o cumprimento das atividades da maneira

como foram planejadas previamente. Dessa forma, os dois processos são complementares

e dependentes entre si. Muitas vezes os resultados parciais encontrados são diferentes dos

planejados, o que exige um replanejamento (GOLDMAN, 1997).

É muito importante que o controle de obras não seja uma prática esporádica, que

explore somente as atividades do caminho crítico ou aquelas que apresentem resultados

ruins. Pelo contrário, o controle deve ser uma atividade constante, aplicada sobre todos os

serviços das construções e que evite a ocorrência de desvios em relação às metas

planejadas. A condução desse processo deve visar a prevenção de problemas com custos e

prazos, de modo que a necessidade de ações corretivas não se torne corriqueira (QUEIROZ

, 2001).

Para que o controle seja eficiente, é preciso que haja um sistema de controle

formalizado, sistemático, abrangente, objetivo e detalhado. Para isso, todos os funcionários

envolvidos precisam saber claramente como proceder para atingir seus objetivos.

Os objetivos do sistema de controle são:

i. Acompanhamento diário da execução de serviços e análise da produtividade

alcançada e dos custos reais.

ii. Apuração dos prazos e dos custos reais de conclusão das etapas

construtivas, possibilitando comparações com as datas e valores planejados.

iii. Tomada de decisões corretivas em caso de haver desvios de prazos e/ou

custos.

iv. Obtenção de dados para a realimentação de todo o processo de

planejamento em empreendimentos futuros.

O trabalho de controle precisa não apenas dos dados de execução coletados em

campo, mas também do conjunto de documentos técnicos e de planejamento da obra. Os

documentos que compõe esse conjunto são:

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i. Contrato da obra e aditivos;

ii. Projetos executivos completos e atualizados;

iii. Orçamentos;

iv. Cronogramas físico e financeiro;

v. Redes de precedência;

vi. Tabelas de composição de custos para obras.

O controle de produção em obras é composto pela análise da produção efetiva e dos

prazos (acompanhamento físico) e pela análise dos custos (acompanhamento financeiro).

Esses dois componentes, embora analisados com diferentes ferramentas, andam sempre

juntos no desenrolar do acompanhamento de produção.

5.2. FERRAMENTAS DE CONTROLE NAS FRENTES DE SERVIÇO

O controle da produção deve começar nas frentes de realização de serviço, com

funcionários designados para o levantamento dos serviços realizados. Essa é a tarefa dos

apontadores de campo, mas a função é muitas vezes exercida por estagiários ou técnicos. É

comum também que o trabalho seja feito pelos técnicos de qualidade de forma conjunta com

as verificações de serviço. Os apontamentos diários devem indicar a quantidade de serviço

realizado, a localização exata da realização da tarefa, a data e o horário de início e

conclusão da atividade, a equipe responsável, as condições climáticas e os pontos

verificados para aprovação ou não do serviço (GONÇALVES, 2015).

Essas informações devem ser registradas nas fichas de verificação de serviço (FVS),

planilhas impressas que contém os campos exatos para a anotação dos dados. Um exemplo

é mostrado no ANEXO 1 (RODRIGUES, 2014).

Outra ferramenta de controle de produção que deve ser adotada nas frentes de

serviço são as reuniões diárias de produção. No início do expediente o mestre de obras

deve estabelecer junto aos encarregados as metas do dia e repassar a informação aos

engenheiros de produção. Ao fim do expediente deve-se verificar o cumprimento das metas

e iniciar o planejamento de campo do dia de trabalho seguinte.

5.3. FERRAMENTAS DE CONTROLE DE PRAZOS

O cronograma físico, ou diagrama de barras, é o meio de controle de prazos mais

empregado em obras, devido a sua facilidade e rapidez de execução e a sua objetividade.

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Não só a equipe de controle lança mão de seu uso, mas também as equipes de produção,

que frequentemente criam seus próprios cronogramas detalhados. Os cronogramas de

produção detalhados são ferramentas não formais, elaborados a partir do cronograma físico

e nos quais os serviços são desmembrados em suas subtarefas. As unidades de tempo

também costumam ser subdivididas, sendo o dia a subunidade mais utilizada (QUEIROZ,

2001).

O controle por meio dos cronogramas físicos é feito através da inserção de barras

paralelas ou internas às barras previstas no planejamento, representando a quantidade de

serviço real executada e seu percentual. A distinção das barras relativas aos tempos

previstos e às barras relativas aos tempos reais é feita através de cores ou hachuras

diferentes. A esse documento de controle dá-se o nome de cronograma de

acompanhamento (SILVA, 2006).

Figura 10: Cronograma de acompanhamento de prazos (CLICRBS, 2013)

Para atividades componentes do caminho crítico ou de caminhos subcríticos, é

comum o uso adicional de outra ferramenta de controle, os gráficos ou histogramas

comparativos de serviços previstos e executados. Nesses gráficos são registradas as

diferenças percentuais, para mais ou para menos, de uma determinada atividade. Os

histogramas poderão ser também representativos dos serviços mensais ou acumulados.

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Figura 11: Histograma mensal de serviço previsto e realizado (ANAMACO, 2012)

Outra ferramenta muito útil para a visualização gráfica da progressão dos serviços

executados é a curva “S”. Trata-se de um gráfico de percentuais acumulados de serviços

(eixo vertical) ao longo do tempo (eixo horizontal). Nesse gráfico é feita a marcação tanto

das quantidades acumuladas previstas quanto dos registros mensais acumulados de

serviços executados. A partir dessas marcações, traça-se uma curva para o caso previsto e

outra para o caso real e compara-se as diferenças de áreas abaixo das duas curvas.

Figura 12: Curva “S” (RESENDE, 2013)

5.4. FERRAMENTAS DE CONTROLE DE CUSTOS

No caso do controle de custos, a ferramenta que proporciona uma visão mais geral

do empreendimento no que diz respeito a seus custos reais é a curva “S”. O procedimento é

o mesmo adotado para as quantidades de serviço, ou seja, registra-se os custos dos

serviços previstos (eixo vertical) ao longo do tempo (eixo horizontal) e, a cada mês,

adiciona-se um novo registro com os valores reais, comparando-se as diferenças entre os

valores previstos e reais (QUEIROZ, 2001).

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Os controles de custos podem se apresentados através de gráficos e de

histogramas, como os controles de prazos, mas as ferramentas mais utilizadas pelas

construtoras são planilhas próprias desenvolvidas pelo sistema de controle para cada tipo

de custos, como custos com mão de obra direta, mão de obra indireta, equipamentos,

compra de materiais etc. As planilhas são mais úteis para o controle de custos porque essa

é uma atividade que precisa de muito mais detalhamento do que o controle de prazos. No

controle de custos, é muito importante que se identifique que itens específicos estão

consumindo mais recursos financeiros (SILVA, 2006).

Figura 13: Planilha de controle de custos (VBI, 2014)

5.5. FERRAMENTAS DE CONTROLE DE SUBCONTRATADAS

O controle de produção de serviços executados por empresas subcontratadas exige

certas formalidades que o diferem do controle de produção de serviços executados por

equipes próprias. Esse controle é de interesse não somente da construtora, que visa

conhecer o andamento das atividades, como também da empresa terceirizada, que depende

da medição de seus serviços para receber o pagamento referente a eles (GONÇALVES,

2015).

Adicionalmente ao controle feito pelos apontadores da construtora, a empresa

subcontratada elabora relatórios diários de obra (RDO), documentos nos quais informa

diariamente quais serviços foram realizados, a quantidade por função de funcionários que

foram alocados na execução de serviço, o horário de entrada e de saída dos profissionais e

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as observações que acharem necessárias. Os RDO’s devem ser assinados pelo

responsável da empresa subcontratada e pelo responsável da construtora e servem como

meio formal de comunicação entre as partes, de modo que tudo o que ocorre fique

registrado (ELIAS, 2004).

Outra ferramenta de controle de produção que deve ser empregada para

terceirizações são as reuniões entre construtora e subcontratada. Muitas vezes o gerente ou

encarregado da subempreiteira alocado na obra não tem autonomia para tomar decisões

junto com os responsáveis da construtora. Dessa forma, é preciso que os profissionais das

duas partes se encontrem para estabelecer como o serviço deverá ser realizado.

Por fim, para que o serviço realizado atinja os resultados esperados pela construtora,

é preciso que seja elaborado um procedimento executivo e que seja verificado o seu

cumprimento. Nem sempre a construtora e a subcontratada tem o hábito de seguir os

mesmos procedimentos e, por isso, é preciso que haja uma formalização do procedimento a

ser seguido (GONÇALVES, 2015).

5.6. RELATÓRIOS GERENCIAIS DE CONTROLE

Os dados gerados pelo acompanhamento da produção são de suma importância

para que o corpo gerencial da obra possa tomar decisões. Por esse motivo, uma das

atribuições do setor de controle é a elaboração de relatórios periódicos de acompanhamento

da produção. Esses relatórios costumam ser entregues semanalmente e mensalmente, para

que os gerentes e coordenadores estejam sempre a par da situação em que a obra se

encontra (SILVA, 2006).

Os relatórios periódicos devem conter todas as medidas, os dados, as análises, as

comparações e as conclusões encontradas pelo serviço de controle. Devem apresentar

essas informações de maneira clara e organizada, possibilitando um fácil entendimento e

servindo de base para tomadas de decisão. Os pontos mais críticos do processo produtivo

devem ser destacados, para que recebem atenção proporcional à sua importância.

5.7. INFLUÊNCIAS NA PRODUTIVIDADE

O controle da produção é a atividade que permite o cálculo da produtividade real

encontrada para cada serviço e cada etapa construtiva. É através desse controle que as

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construtoras descobrem em que aspectos sua produtividade está conforme o esperado, em

quais alcançou resultados melhores do que pretendia alcançar e em quais precisa intervir

para otimizar sua produção (GOLDMAN, 1997).

A melhoria da produtividade depende essencialmente que os profissionais envolvidos

conheçam os níveis de produção que atingem e os resultados que suas intervenções

alcançam. Os profissionais necessitam de dados precisos para saber se são as práticas

construtivas que devem ser aperfeiçoadas, se são os equipamentos utilizados que não são

os mais adequados ou se o prazo precisará ser revisto.

A qualidade dos dados também é de suma importância e depende das ferramentas

utilizadas na sua obtenção e da capacitação dos funcionários que os coletam e analisam. A

definição dos serviços que serão considerados críticos deve ser criteriosa, pois estes devem

ser acompanhados com maior detalhamento com o uso de ferramentas adicionais, como os

histogramas individuais de serviços.

De um modo geral, podemos identificar como boas práticas as seguintes

ferramentas:

a) Fichas de verificação de serviço (FVS)

b) Reuniões de produção

c) Cronograma físico

d) Cronograma financeiro

e) Gráficos comparativos de serviços previstos e realizados

f) Curva “S” de serviços

g) Curva “S” de custos

h) Planilhas de custos

i) Relatórios diários de obra de empresas subcontratadas (RDO’s)

j) Reuniões entre construtora e subempreiteiras

k) Relatórios periódicos de acompanhamento da produção

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6. ESTUDO DE CASO

Este capítulo apresenta um estudo de caso realizado em uma obra de infraestrutura

portuária que aborda os aspectos teóricos analisados nos capítulos anteriores.

6.1. DESCRIÇÃO DA OBRA

O estudo foi realizado na obra de ampliação do cais operado pelo Grupo

Multiterminais, localizado no bairro do Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. A empresa

contratada para a empreitada foi a Construtora Andrade Gutierrez S.A., uma das maiores

construtoras de infraestrutura do país. Além da execução dos serviços de obra em si, o

contrato contemplava a elaboração de todos os projetos executivos referentes à obra,

atividade que foi terceirizada pela construtora e ficou a cargo da Beton Stahl Engenharia

Ltda. e de outras empresas especializadas.

A ampliação do cais de atracação e estocagem mede 564,50 metros de comprimento

por 60 metros de largura, perfazendo uma área de 33.870 metros quadrados. Ainda fizeram

parte do projeto a construção de dois dolfins, um de atracação e outro de amarração, e a

recuperação da contenção da retro área existente, de 564,50 metros de extensão. O projeto

permitirá a elevação da movimentação portuária e o aumento da área de estoque e

movimentação de contêineres e veículos. O Grupo Multiterminais pretende, desta forma,

atender à crescente demanda do comércio exterior brasileiro, já que a falta de investimentos

e desenvolvimento da infraestrutura portuária no país se encontra como um dos principais

gargalos deste setor.

Figura 14: Desenho esquemático da obra (CONSTRUTORA ANDRADE

GUTIERREZ, 2013)

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Devido ao fato do terminal de contêineres e veículos da Multiterminais continuar em

funcionamento pleno durante a realização do projeto, ocupando todo o espaço disponível,

na proposta comercial foi definida a necessidade de se alugar um terreno próximo à obra

para instalação do canteiro geral e do pátio de fabricação de estacas e de peças pré-

moldadas. A escolha do terreno levou em consideração uma série de fatores, como:

dimensões que comportassem toda a estrutura necessária à realização da obra,

possibilidade de acesso de carretas, proximidade do terminal e acesso ao mar através de

ponte de embarque, para transporte de materiais, peças pré-moldadas e funcionários

utilizando barcos e balsas. Nenhum terreno encontrado tinha dimensões suficientes para

abrigar todas as instalações do canteiro e, por isso, dois terrenos foram alugados.

Figura 15: Desenho esquemático de localização dos canteiros e da obra

(CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2013)

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6.2. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS EMPREGADAS

Devido às metodologias de execução, aos projetos desenvolvidos na fase de

licitação e principalmente ao curto prazo de execução dos serviços, no projeto executivo da

obra foi estabelecida a construção da estrutura com estacas e peças pré-moldadas de

concreto fabricadas no canteiro de obras, com a sua posterior cravação, montagem e

consolidação in loco.

A fabricação das estacas e das peças pré-moldadas utilizou formas metálicas pré-

fabricadas, armaduras produzidas na central de armação interna e concreto fornecido por

usina externa.

As estacas pré-moldadas de concreto utilizadas têm seção anelar, com diâmetro

externo de 80 centímetros e diâmetro interno de 50 centímetros, e foram cravadas em 12

eixos longitudinais à estrutura. O processo de cravação foi feito com torres de cravação

posicionadas sobre balsas flutuantes. As estacas danificadas durante a cravação foram

reparadas com aplicação de massa epóxi, nos casos menos graves, ou com reconcretagem

da área avariada, nos casos mais graves.

Sobre as estacas eram posicionadas placas de apoio quadradas, de lado igual a um

metro, que serviam de base para as vigas longitudinais e transversais. Sobre as vigas

apoiavam-se lajes pré-moldadas, que serviam de forma inferior para o concreto de

consolidação lançado in loco. A estrutura foi dividida em sete trechos, separados por juntas

de dois centímetros.

A contenção frontal, lateral e da retaguarda foi feita pela cravação de uma cortina de

estacas prancha de perfil AZ-46N.

O pavimento é composto por blocos intertravados de concreto (paver) assentados

com pó de pedra sobre uma camada de areia de cinco centímetros.

Foi executada também a instalação de defensas marítimas, de cabeços de

amarração e de trilhos para guindastes do tipo portêiner.

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6.3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA OBRA

A grande dimensão e a complexidade da obra exigiram uma estrutura operacional

muito grande e, por isso, o quadro de funcionários foi dividido nos seguintes setores:

1. Gerência da obra: formada exclusivamente pelo gerente da obra, é o ponto

mais alto da hierarquia dentro do empreendimento e responsável pela

definição de estratégias e pelos contatos formais com o cliente e com a

superintendência da construtora.

2. Gerência de Engenharia: formada exclusivamente pelo gerente de

engenharia, é o segundo ponto mais alto da hierarquia dentro do

empreendimento, é responsável pelas tomadas de decisão técnicas e pela

coordenação do trabalho geral na obra.

3. Saúde e Segurança do Trabalho: formado por um engenheiro especialista em

segurança do trabalho, técnicos de segurança, um médico e enfermeiros ou

técnicos de enfermagem. Tem a função de garantir a segurança de toda a

equipe envolvida na construção. É responsável também pelos exames

admissionais e demissionais de funcionários.

4. Engenharia Técnica: formado por engenheiros, técnicos e desenhistas, é

responsável pela avaliação e compatibilização dos projetos e por sugerir

alterações com base em argumentos técnicos.

5. Planejamento: formado por engenheiros e técnicos, é responsável pelo

planejamento e acompanhamento da produção.

6. Controle / Medição: formado por engenheiros, técnicos e assistentes, é

responsável pelo controle de recursos e pela elaboração da medição do

cliente.

7. Produção: formado por engenheiros, mestres de obras, encarregados,

técnicos, auxiliares, pedreiros, carpinteiros, armadores, apontadores de

campo, operadores de equipamentos e serventes, é responsável pelas

atividades de produção em si.

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8. Qualidade: formado por técnicos e assistentes, é responsável pelo controle

de qualidade da obra, através da realização de ensaios e verificações de

serviços.

9. Meio Ambiente: formado exclusivamente por técnicos, é responsável pelo

descarte de materiais e pela obtenção de licenças ambientais.

10. Documentação Técnica: formado por técnicos e assistentes, é responsável

pela documentação de projetos, documentos de controle internos, atas de

reunião e cartas trocadas com o cliente.

11. Gestão de Contratos: formado por técnicos e assistentes, é responsável pelo

controle dos contratos e da documentação de empresas terceirizadas.

12. Administrativo / Financeiro: formado por um administrador, um caixa e

auxiliares administrativos, é responsável pelos pagamentos, recebimentos e

pela coordenação dos serviços de alimentação, limpeza, vigilância e

transporte.

13. Suprimentos: formado por um supervisor de suprimentos, compradores,

almoxarifes e assistentes, é responsável pela compra, recebimento,

estocagem e distribuição de materiais e equipamentos.

14. Departamento de Pessoal: formado por um encarregado de pessoal e

auxiliares, é responsável pelo processo burocrático de admissão e demissão

de funcionários e pela elaboração da folha de pagamentos.

15. Jurídico: formado exclusivamente por um advogado, é responsável por cuidar

dos interesses legais da obra.

16. Manutenção: formado por um engenheiro, encarregados, mecânicos e

assistentes, é responsável pela manutenção de veículos e equipamentos.

17. T.I.: formado por um técnico de informática e um auxiliar, é responsável pela

instalação e manutenção dos sistemas informatizados.

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A composição das equipes dos setores de planejamento e de controle merece ser

descrita com mais detalhes devido a sua importância neste trabalho. Os profissionais que

formavam o setor de planejamento eram a coordenadora de planejamento, um engenheiro

de planejamento, dois estagiários de engenharia civil e dois técnicos de planejamento,

responsáveis pelos levantamentos de quantidade e pelos desenhos e croquis.

O setor de controle era formado pelo chefe de controle, que neste caso era um

profissional com formação em administração de empresas e com vasta experiência em

obras de grande porte, por três técnicos de controle, cada um deles responsável por um

conjunto específico de atividades da obra, por um auxiliar de escritório e por cerca de cinco

apontadores de campo.

A estrutura organizacional da obra era centralizada nos gerentes de setor e havia

uma clara imposição da comunicação formal no sentido vertical, embora na realização do

trabalho rotineiro verificou-se a ocorrência de canais horizontais e diagonais de

comunicação.

Muitos processos foram terceirizados, como os de armação, cravação de estacas

prancha e reparo de estacas pré-moldadas. Para os dois primeiros processos a opção foi

feita com base nos menores custos possibilitados pela terceirização. No caso do reparo de

estacas, esse serviço é pouco rotineiro e muito específico, exigindo barcos e profissionais

especializados, caso dos mergulhadores, recursos que a empresa não dispõe. A

produtividade das equipes terceirizadas, quando comparadas a equipes próprias utilizadas

anteriormente em outras obras, se mostrou satisfatória, como se espera de empresas

especializadas em um determinado serviço.

6.4. PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA OBRA

Devido ao curto prazo de execução do empreendimento frente à complexidade do

projeto, o planejamento exigiu uma elevada produtividade na execução dos serviços. A

execução dos cronogramas físico e financeiro foi feita com o uso do MS Project.

A determinação da programação exigiu um estudo aprofundado de diversos

processos produtivos. Em virtude das dimensões do terreno alugado, a área de estocagem

era reduzida, exigindo que a produção na fábrica de pré-moldados fosse adequada ao ritmo

da montagem das peças. Dessa forma, a produção teve que ser contínua, respeitando as

metas para que não superlotasse o estoque e nem gerasse falta de peças para montagem.

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A sequência produtiva da estrutura em si foi estabelecida após a análise de diversas

possibilidades. As primeiras etapas de duas possibilidades são mostradas nos esquemas

representativos mostrados na Figura 16 e na Figura 17:

� Opção “A”:

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Figura 16: Opção “A” da sequência construtiva (CONSTRUTORA ANDRADE

GUTIERREZ, 2013)

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� Opção “B”:

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Figura 17: Opção “B” da sequência construtiva (CONSTRUTORA ANDRADE

GUTIERREZ, 2013)

Todas as opções tiveram suas atividades listadas, suas redes de precedência

montadas e seus tempos calculados. Dessa forma, um cronograma foi gerado para cada

opção e pode-se escolher entre o mais vantajoso, que foi o relativo à opção “B”. A diferença

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de duração entre as opções chegou a quase quatro meses, o que ressalta a importância do

estudo de possibilidades.

Estabelecido o cronograma geral da obra, a programação teve que ser detalhada

para cada uma das sub-etapas construtivas e para cada um de seus serviços constituintes.

Esse trabalho foi realizado em conjunto com a equipe de produção e, durante o transcorrer

da obra, utilizava os dados fornecidos pela equipe de controle para elaborar as previsões.

Por envolver três setores distintos e tantos profissionais diferentes, este processo dependia

da realização de reuniões, nas quais era feita a troca de informações.

Os engenheiros de produção, com base em seus conhecimentos técnicos e

experiência de obra, passavam aos profissionais de planejamento o tempo que estimavam

necessário para cada uma das atividades, os equipamentos que necessitavam e a mão de

obra que seria mobilizada, além das relações de precedência entre as subatividades.

Essas informações eram confrontadas com aquelas fornecidas pelo setor de controle

até que se chegasse a um consenso dos recursos e do prazo necessários. Feito isso, a

equipe de planejamento reunia todas as informações e elaborava a programação detalhada,

que determinava o avanço planejado para cada dia de obra.

Essa programação, embora já constituísse um planejamento bastante detalhado,

muitas vezes ainda precisava ser esmiuçada pelos engenheiros de produção e mestre de

obras para que os encarregados tivessem melhores condições de realizar as tarefas no

campo.

No caso de serviços realizados por subempreiteiras, era necessário que o

planejamento fosse apresentado aos responsáveis das empresas e que se cobrasse o seu

cumprimento dos profissionais alocados na obra.

6.5. PROCESSO DE CONTROLE DE PRODUÇÃO DA OBRA

O acompanhamento físico e financeiro da obra foi feito seguindo o manual de

controle da construtora. Apontadores de campo, em conjunto com inspetores de qualidade,

registravam os serviços executados diariamente em fichas de verificação de serviço e

passavam essa informação para a equipe de controle, treinada especificamente para essa

atividade. No caso de serviços executados por subempreiteiras, as informações de

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produção registradas por essas empresas nos seus relatórios diários de obras eram

confrontadas com os dados coletados pelos apontadores.

O departamento de pessoal, o setor de suprimentos e o setor de manutenção

forneciam relatórios semanais com informações diárias relativas à mão de obra, aos

materiais e aos equipamentos utilizados para a equipe de controle, que compilava todos os

dados e produzia os cronogramas semanais de acompanhamento.

Além dos cronogramas de acompanhamento, eram elaboradas as curvas “S” de

serviços e de custos, para que o panorama da obra pudesse ser enxergado claramente, e

as planilhas semanais de custos padronizadas. A padronização das planilhas de custo

permitia uma fácil comparação dos dados contidos nelas com os dados de planilhas

anteriores.

Os serviços que compunham os caminhos crítico e subcríticos eram acompanhados

mais de perto, com a elaboração de histogramas comparativos específicos para cada um

deles, confrontando a produção prevista com a real. Esses histogramas se mostraram

ferramentas muito importantes para a melhoria da produtividade, uma vez que permitiam o

conhecimento dos resultados gerados pelas ações corretivas no prazo de uma semana. No

serviço de reparo de estacas, por exemplo, que teve duração de dez meses, quando

comparamos a produtividade do primeiro mês do processo com a obtida no quarto mês,

encontramos uma melhora de mais de quinhentos por cento.

Os cronogramas e histogramas obtidos eram analisados pela equipe de

planejamento, que então elaborava relatórios semanais de acompanhamento de produção.

Esses relatórios eram enviados ao corpo gerencial da obra e à superintendência da

construtora, que realizava reuniões semanais com os gerentes de cada obra. Com base nas

produtividades reais, o planejamento era refeito sempre que se identificava uma diferença

muito grande entre o planejado e o executado.

Além de todos os procedimentos de controle já mencionados, devido a necessidade

de mecanismos imediatos para conhecimento da situação e para tomadas de decisão, eram

realizadas reuniões diárias de produção no início do expediente de trabalho. Primeiramente

os engenheiros de produção se reuniam com o mestre de obras e comunicavam possíveis

mudanças na programação ou alterações de projeto, ao passo que o mestre comunicava o

andamento dos serviços. A partir dessa troca de informações decidia-se se as metas do dia

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seriam mantidas ou modificadas. Feito isso, o mestre se reunia com os encarregados para

lhes informar as metas do dia e passar informações adicionais de produção.

Ao fim do expediente havia uma nova reunião para que os engenheiros ficassem a

par do cumprimento ou não das metas e tomassem medidas para que os serviços

prosseguissem produtivamente no dia seguinte de trabalho, como realocação da mão de

obra ou pedidos de materiais.

Os engenheiros realizavam o mesmo tipo de reunião, no início e no fim do

expediente, com os gerentes ou encarregados das subempreiteiras. Procurava-se a

resolução de todos os impasses nessas reuniões, mas, no caso de questões que

ultrapassassem a autonomia dos profissionais terceirizados alocados na obra, os superiores

das empresas subcontratadas eram contatados.

A obra contou ainda com o auxílio de uma equipe de consultores da empresa

Porsche Consulting especializados em Lean Construction, uma filosofia de gestão da

produção em obras que visa minimizar os recursos a serem empregados. O trabalho

consistiu no estudo das atividades produtivas, na proposição de alterações e no controle dos

resultados encontrados.

Como primeiro passo deste processo foi feita a escolha das áreas produtivas nas

quais o estudo seria implementado, com base no potencial de ganho das áreas em relação

a prazos e custos. Decidiu-se então restringir o estudo à fabricação de estacas e peças pré-

moldadas, à logística de transporte de materiais e ao processo de embarque de funcionários

para transporte até a frente de serviço.

Estabelecidas as áreas de implementação do estudo, foram realizados diversos

levantamentos de dados em campo com o objetivo de mapear os processos produtivos,

marcar os tempos dos serviços, analisar e classificar as atividades e identificar desperdícios

e gargalos produtivos.

De posse desses dados, os profissionais envolvidos no estudo analisaram o fluxo

produtivo e determinaram pontos chave para a otimização dos processos e do uso de

recursos. Essas informações foram passadas para os responsáveis de cada área estudada

e foi realizado um treinamento com toda a equipe de campo que participaria das

modificações.

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Após a implementação dos procedimentos e das ferramentas propostos, foi

elaborada uma comparação entre os resultados obtidos com as alterações e os resultados

anteriores. Dessa forma, foi possível quantificar os ganhos de produtividade e os ganhos

financeiros obtidos com a aplicação do estudo.

6.6. RESULTADOS ENCONTRADOS

A escolha dos processos produtivos se mostrou acertada em sua maior parte. A

construtora é uma das mais atuantes em obras de infraestrutura portuária e, por isso, seu

corpo técnico possui muita experiência, o que possibilitou escolhas bem fundamentadas.

Por exemplo, a opção pela fabricação de estacas no próprio canteiro de obras possibilitou a

adequação do ritmo de produção à velocidade de cravação, além de permitir rápidas

alterações na produção visando tanto alterações de comprimento quanto ganhos de

qualidade. O único senão na escolha das técnicas construtivas ficou por conta da escolha

de estacas sem protensão. As sondagens realizadas não constituíram um conjunto bem

representativo do terreno e, por isso, a cravação de estacas foi mais difícil do que se previa.

A necessidade de um número muito alto de golpes durante a cravação danificou muitas

estacas, o que levou à um custo alto para repará-las. Caso as estacas fossem protendidas,

não haveria tantos danos e a necessidade de reparos seria consideravelmente mais baixa.

Figura 18: Foto aérea da obra concluída (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ,

2013)

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A estrutura organizacional da obra em questão é adotada na imensa maioria das

obras de grande porte. Durante o decorrer da obra, a estrutura sofreu alterações, como a

retirada de duas funções (coordenador de engenharia e coordenador de QMSS), sem

prejuízos ao funcionamento da organização. Isso mostra que as estruturas organizacionais

estão em constante evolução. Também podemos observar que, a medida que a equipe de

trabalho se entrosou, a comunicação informal ganhou mais espaço e facilitou a resolução de

problemas que aparecem na rotina de obras. A terceirização de equipes, por sua vez, foi

escolhida quando apresentava custos mais baixos e mostrou resultados satisfatórios.

O planejamento operacional da obra, por sua vez, foi fator determinante para o

sucesso do empreendimento, uma vez que a escolha da melhor sequência construtiva

permitiu a inserção de todas as etapas dentro do prazo apertado. A obra serve de exemplo

de que um planejamento que explore as diversas possiblidades pode trazer grandes

benefícios ao cumprimento do prazo.

Por último, o controle de produção da obra foi eficiente e cumpriu sua missão de

garantir que a produção transcorresse como previsto no planejamento. As reuniões diárias

de produção possibilitaram tomadas de decisões imediatas, o uso de ferramentas de

controle específicas para os serviços considerados críticos mostrou-se importante na

melhoria da produtividade e as curvas “S” garantiram a fácil visualização da diferença entre

custos e prazos reais e planejados.

O controle dos serviços executados por equipes terceirizadas recebeu atenção

especial, com análise diária dos relatórios de obra fornecidos pelas subempreiteiras e com

reuniões periódicas com os seus responsáveis, garantindo uma boa comunicação entre as

partes.

Além disso, a adoção de práticas de Lean Construction confirmou sua efetividade no

controle e ajuste da produção e se tornou padrão em todas as obras da construtora. Para o

serviço de fabricação de estacas, foram alcançados os seguintes resultados:

i. Liberação de 31% da mão de obra direta envolvida no processo;

ii. Aumento de 26% no valor agregado médio;

iii. Incremento de 44% na produtividade na frente de trabalho;

iv. Previsão de ganho financeiro de R$366.396,00.

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No caso do serviço de fabricação de peças pré-moldadas, os resultados encontrados

foram os seguintes:

i. Liberação de 26% da mão de obra direta envolvida no processo;

ii. Aumento de 68% no valor agregado médio;

iii. Previsão de ganho financeiro de R$337.116,00.

Já para a logística de transporte de materiais, tivemos como resultado a liberação de

um guindaste treliçado e a possiblidade de acelerar a produção de pré-moldados em 30%

devido ao menor tempo de permanência das peças no estoque. Por fim, a duração do

processo de embarque de funcionários para transporte até a frente de serviço passou de

3h12min para 1h13min, uma redução de 38%.

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7. CONLUSÕES

A mudança de cenário econômico pela qual o setor da construção civil está passando,

com redução significativa dos investimentos e do surgimento de novos empreendimentos,

fez com que a concorrência interna do setor atingisse um nível altíssimo, obrigando as

empresas a se tornarem mais competitivas.

O aumento da competitividade das construtoras depende da melhora de sua

produtividade, que só pode ser atingida com redução dos custos e dos prazos. As

ferramentas adotadas para isso são o emprego de técnicas construtivas mais eficientes,

estruturas organizacionais que possibilitem um melhor gerenciamento dos empreendimentos

e processos de planejamento e de acompanhamento de produção que assegurem previsões

e controles mais precisos. Além disso, a contratação de subempreiteiras para determinadas

etapas construtivas se mostra uma alternativa cada vez mais utilizada.

O surgimento de novos materiais, ferramentas e equipamentos, aliado ao

desenvolvimento de práticas aperfeiçoadas e ao processo de padronização, gerou uma

evolução grande das técnicas construtivas, o que possibilitou grandes ganhos de qualidade

e de produtividade. Entretanto, para que o setor desfrute dessas novas possibilidades, é

preciso haver um esforço de implementação das novas técnicas nos canteiros de obras. Os

profissionais que ocupam posições de liderança precisam quebrar as barreiras que os

prendem às técnicas tradicionais e ter conhecimento das vantagens oferecidas pelas

técnicas novas, além de saber quando é válido utilizá-las.

O sucesso e a longevidade das construtoras dependem também das estruturas

organizacionais adotadas. São essas estruturas que orientam o comportamento de seus

funcionários, o processo de tomada de decisões e a forma de comunicação que se

estabelece no ambiente de trabalho, elementos que influenciam diretamente a produtividade

de toda a equipe envolvida na obra.

O planejamento executivo de uma construção, sendo o processo que determina

como e quando serão desenvolvidas as atividades da obra, é um dos mais importantes

meios de maximização da produtividade. Durante seu desenvolvimento deve ser feito um

estudo exaustivo de todas as possibilidades construtivas, sequências a serem adotadas e

recursos a serem empregados.

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O controle da produção em obras, atividade que dá continuidade ao planejamento

operacional, tem a função de garantir o cumprimento das atividades dentro dos prazos e

custos que foram determinados previamente. É também este processo que permite o

conhecimento da produtividade real atingida pelas equipes na obra e os efeitos gerados

pelas ações corretivas, sendo instrumento essencial à busca de melhores produtividades.

Para que o processo de controle seja eficiente, a forma de sua implementação é

muito importante. O sistema de controle deve ser formalizado, sistemático, abrangente,

objetivo e detalhado.

Os cronogramas de acompanhamento são ferramentas muito eficientes e aplicadas

em praticamente todas as obras, mas o emprego de ferramentas adicionais de controle é

uma prática que também deve ser aplicada sempre. Podemos citar como exemplo de

ferramentas adicionais os gráficos ou histogramas comparativos de serviços previstos e

executados, opções que oferecem um detalhamento maior de uma determinada atividade

produtiva. Seu emprego é indicado para os serviços componentes do caminho crítico ou de

caminhos subcríticos e pode influenciar a produtividade geral do projeto.

Para as atividades terceirizadas, é muito importante que o controle seja feito de

maneira diferenciada, com a exigência da entrega rápida dos relatórios diários das

subcontratadas e com reuniões entre as partes envolvidas. A comunicação entre construtora

e subempreiteiras é um aspecto determinante para a produtividade das equipes e merece

atenção especial. Os engenheiros responsáveis pela contratação das empresas

terceirizadas precisam manter um acompanhamento constante das atividades, estar

permanentemente atentos aos resultados encontrados e manter um contato próximo com os

responsáveis das subcontratadas.

As informações obtidas através da revisão bibliográfica e do estudo de caso deixam

claro que os ganhos de produtividade no setor da construção civil envolvem todas as etapas

de uma obra e dependem da adoção de eficientes ferramentas de controle de produção.

Portanto, os profissionais do setor devem voltar suas atenções à implementação de

processos construtivos, de planejamento e de controle que modifiquem a realidade da obra

quanto à sua produtividade.

Como sugestão para trabalhos futuros, podemos indicar a realização de uma

comparação entre a produtividade alcançada em diversas obras que utilizem diferentes

técnicas de controle de produção.

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ANEXO I – FICHA DE VERIFICAÇÃO DE SERVIÇO (FVS)