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1 Pediatria e nutrição Grupo Keystone

Pediatria e nutrição - SBP · 100 anos de trabalho e conquistas Numa linda festa, que reuniu, no Rio de Janeiro, presidentes da enti-dade, acadêmicos, diretores, filiadas, funcionários,

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Pediatria e nutrição G

rupo Keystone

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PALAVRA DO PRESIDENTE

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100 anos de trabalho e conquistas

Numa linda festa, que reuniu, no Rio de Janeiro, presidentes da enti-dade, acadêmicos, diretores, filiadas, funcionários, parceiros, crianças e ado-lescentes do Coral e do Grupo de Teatro e suas famílias, a SBP comemorou, dia 27 de julho, no Dia do Pediatra, 100 anos de uma atuação cada vez mais vigorosa. “Somos a maior entidade de especialidade médica do País, com enorme tradição científica, e lutamos pelos direitos de pediatras e da po-pulação infanto-juvenil”, salientou o

presidente, dr. Edu-ardo da Silva Vaz. A Sociedade “se destaca no cenário social”, definiu o dr. Fernando Nó-brega, presidente da Academia Bra-sileira de Pediatria (ABP), ressaltando as conquistas da li-cença-maternidade

de seis meses e o reconhecimento da importância da puericultura”.

Caixa do tempo – Foi o acadêmico Julio Dickstein quem coordenou a que-bra simbólica da pedra fundamental do museu idealizado por Lincoln Freire.

Retirando jornais, livro, documentos de dez anos atrás, quando o projeto foi inaugurado, lembrou os ensinamentos dos mestres e a “cultura pediátrica” com seus valores “ligados à família, à comunidade, à educação, ao meio am-biente” e à busca pela “saúde social”.

Caros colegas,A boa notícia sobre a pioneira

criação da Secretaria da Criança pelo governador do Distrito Federal, o mé-dico Agnelo Queiroz, com a escolha do ex-presidente da SBP, Dioclécio, para ocupá-la, nos mostra a força de nossa entidade, bem como a valorização da infância e da pediatria, pela qual tanto temos lutado. O crescimento das Ligas acadêmicas na área, os dados mais recentes da Comissão Nacional de Residência Médica, apontando o aumento, desde 2005, de candidatos para a especialização em pediatria, a tendência ascendente dos candidatos

ao TEP, registrada de 2008 para cá, tudo isso nos dá ainda mais ânimo para trabalhar. Na defesa profissional, vitórias começam a ocorrer nos estados que se mobilizam. Posso garantir que a diretoria da Sociedade dedicará todos os seus esforços para que 2011 seja o ano da consolidação do movimento e das conquistas da especialidade. Temos como metas a melhoria das condições de trabalho e da remuneração no SUS e na medicina privada, com a prio-rização da puericultura – que tanto caracteriza nosso ofício e as crianças e adolescentes merecem! Vamos seguir aprofundando o modelo “Procedimen-tos Padronizados em Pediatria (PPP)”, e não descansaremos até que nossos projetos de lei sejam aprovados pelo Congresso Nacional e sancionados pela Presidente da República. A defesa dos três anos de residência e o Curso de Aprimoramento em Nutrologia Pediá-trica que iniciamos são exemplos da

importância que dedicaremos, cada vez mais, à boa formação e à capacitação profissional. É certo também que a SBP estará presente em todos os fóruns necessários para que nossos direitos e o de nossos pacientes sejam respeitados. O sucesso da Campanha pelo Teste do Olhinho evidencia capacidade de mobi-lização. Nossa aliança com a população se fortalece. O segundo livro Filhos dá sequência ao nosso compromisso com a informação de qualidade. Apresento a vocês também o novo formato da SBP Notícias – agora uma revista semestral, de melhor manuseio, com mais espaço, entrevistas, e cada vez mais integrada às notícias e artigos veiculados pelo portal, às newsletters, à utilização de novas tecnologias, em sintonia, portan-to, com a modernidade e a tendência mundial. Espero que gostem e façam uma boa leitura!

Um abraço fraterno,Eduardo da Silva Vaz

SBP NotíciasRevista semestral da Sociedade Bra si lei ra de Pediatria, filiada à Associação Médica Brasileira

Conselho Editorial: Eduardo da Silva Vaz, Reinaldo Martins e Marilene Crispino.

Editora e coordenadora de pro du ção: Maria Celina Machado (reg. prof. 2.774/ MG)/EN FIM Comunicação;

Redator/copidesque: José Eudes Alencar/ ENFIM Comunicação;

Colaborador: Daniel Paes/Iracema Comunicação;

Estagiária: Bruna Xavier;

Projeto gráfico e diagramação: Paulo Felicio;

Colaboraram nesta edição: os funcionários da SBP;

Endereço para correspondência: SBP/ Rua San ta Clara, 292 Copacabana Rio de Janeiro - RJ Cep: 22041-010 Tel. (21) 2548-1999 Fax: (21)[email protected] http://www.sbp.com.br

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SBP NOTÍCIAS

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N° 61 Ano XIII Fevereiro de 2011

Salvador receberá em outubro o 35˚ Congresso Brasileiro de PediatriaCom o lema “Pediatria brasileira

– um novo século, novos desafios”, a SBP prepara seu 35° Congresso, que ocorrerá de 8 a 12 de outubro de 2011, em Salvador (BA), conco-mitantemente ao 8º Congresso Bra-sileiro de Reumatologia Pediátrica e ao 13º Congresso Brasileiro de Pneumologia Pediátrica. Presidente do evento, dr. Fernando Barreiro salienta que estarão em pauta desde

as antigas patologias ainda presentes no cotidiano do trabalho, até as questões que surgiram em decorrência das mais recentes transformações sociais, e tam-bém aquelas que retornaram à agenda profissional com novas características. Cyber bullying, as várias formas de vio-lência contra crianças e adolescentes, obesidade, os novos tratamentos com células-tronco, bioética e também a defesa profissional, tudo isso estará na

programação do primeiro “Brasilei-rão” do segundo centenário da Socie-dade. Dentre as prioridades, estão a pediatria ambulatorial, os cuidados primários, a puericultura e a segu-rança da criança e do adolescente, destaca o dr. Fernando. Acompanhe, pelo www.sbp.com.br os prazos para apresentação de trabalhos.

Entrevistas

Qual a situação de crianças e adolescentes em relação ao tabagismo e o álcool?

Campanha de prevenção à violência contra as crianças ganha força em 2011.

Existem poucos estudos no Brasil sobre o uso do crack. Mas sabe-se que o aumento foi planejado pelos traficantes.

Capa

Os distúrbios nutricionais são as doenças dominantes no Brasil em todas as faixas etárias.A Sociedade dá início a um programa específico para a qualificação profissional na área.

Defesa profissional

Projetos de lei elaborados pela SBP e pela então senadora e hoje deputada estadual Patrícia Saboya (CE) consagram a puericultura como um direito da população. Pauta prioritária da Sociedade, a valorização da consulta está na mira das filiadas.

SBP em Ação

Os três anos de residência são defendidos pela entidade.

Sociedade abre espaço para as Ligas Acadêmicas.

Pediatras e oftalmologistas estão em campanha para prevenir a cegueira infantil. A atriz Claudia Abreu é a madrinha.

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PALAVRA DA DIRETORA

PALAVRA DA FILIADA

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A SBP é o órgão de efetiva repre-sentação de todos os pediatras bra-sileiros. Tem por objetivo atender, na maior dimensão possível, seus anseios, necessidades, opiniões e eventuais críticas, para uma melhor atuação em favor de nossas crianças e de nossos adolescentes.

A diretoria recentemente eleita mantém o compromisso institucional de progredir no enfrentamento dos problemas que dificultam o trabalho do pediatra, bem como no processo de aperfeiçoamento de sua formação e aprimoramento de sua prática pro-fissional.

Em linhas gerais, as ações defini-das pela SBP abrangem: 1) a área de formação – defendendo, por exemplo, o aumento do período de residência

médica de dois para três anos – para que o profissional em formação seja exposto a todas as modernas técnicas de abordagem das principais doenças que afligem nossos pacientes; 2) o aperfeiçoamento através da educação continuada, em congressos, jornadas, seminários, cursos de capacitação, entre outros; 3) a divulgação do conhecimen-to, abrindo e disponibilizando canais de comunicação e publicação para todos os pediatras, com atenção especial aos residentes – tanto pelos meios conven-cionais, quanto pelos eletrônicos; 4) o intercâmbio, facilitando o acesso a publicações internacionais da mais alta qualidade, sem ônus para os pediatras; e a área social, defendendo não apenas o direito do pediatra de ser respeitado pelo valor de seu trabalho, como tam-bém a conquista do direito das mães a um tempo maior de licença para cuidar de seus bebês, assim como a expansão da rede de creches e pré-escolas gratui-tas para um desenvolvimento saudável das crianças brasileiras.

A secretaria-geral é o centro de co-ordenação de todos esses esforços. De sua correta atuação dependem a pre-sidência, para que possa atingir, com

suas diretrizes, as metas planejadas, de forma concreta, objetiva e precisa; e todas as diretorias, coordenadorias, departamentos científicos e segmentos afins, que precisam ter disponibili-zados, no tempo certo, os meios que necessitam para o exercício pleno de suas atividades. É preciso atenção, de forma a acompanhar, facilitar, agilizar a efetivação de novos projetos, além de assegurar a continuidade daqueles já em andamento. Também é importante estimular o trabalho em equipe dos funcionários, de maneira ordenada, efi-ciente e dinâmica, capaz de conciliar habilidades e competências individu-ais com as exigências da instituição e dos associados.

O trabalho da secretaria-geral é um desafio permanente, que requer equilíbrio, competência, desprendi-mento e paciência de quem se dispõe a exercê-lo da forma como deve ser. Esta é a marca que a nova diretoria impôs a esta administração: compromisso com a qualidade e com os princípios fundamentais que caracterizam a SBP há cem anos.

Marilene Crispino SantosSecretária-geral da SBP

A nossa filiada, a SOESPE, obteve uma grande vitória na luta pela remu-neração digna do pediatra em consultó-rio, já que eram visíveis as dificuldades de manutenção, diante dos elevados custos. Além de um valor maior para a consulta, foram acordados “pacotes de puericultura”, que resultaram em melhoria nos honorários. Apesar de, no início, contarmos com pouco mais de 100 pediatras, e dos custos extras para apoio jurídico, a conquista final

foi satisfatória, o que nos incentivou a fazer esse relato, incentivando outras sociedades a se mobilizarem pela de-fesa da pediatria de seus estados. O movimento demonstra a capacidade que temos, através de união e esforço, de conseguirmos valorização de nosso trabalho, mantendo nossa dignidade profissional.

Continuaremos na luta por melhores condições, no âmbito público e priva-do, tanto nos setores ambulatoriais, quanto nos serviços de urgência e emergência, assim como pela inserção do pediatra no Programa de Saúde da Família, atuando na prevenção de doenças crônicas que encarecem o sistema de saúde.

A proposição para o ano de 2011 é focar na atualização dos pediatras

de todo o estado, assim como con-tribuir para soluções que previnam a violência infantil, e fortaleçam o vínculo mãe e filho, desde a gravidez e a amamentação logo depois do parto e nos primeiros anos da criança. Tam-bém queremos incentivar a detecção, prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais crescentes nas diferentes faixas etárias, bem como capacitar o pediatra na abordagem do adolescente. A SBP, as entidades médicas estaduais e municipais, as escolas formadoras dos profissionais médicos, sobretudo os dois grandes serviços de formação de pediatras (HINSG E UFES) serão nossos grandes parceiros. Ana Daniela Izoton de Sadovsky

Presidente da Sociedade Espiritossantense de Pediatria

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OPINIÃO

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Outras palavrasEspaço para a publicação de mensagens recebidas pela SBP. Muitas são respostas às newsletters,

cada vez mais frequentes no projeto de comunicação da entidade. Os endereços para contato são [email protected] e [email protected]. Participe!

Informações para pais, crianças e adolescentes Gostaria de parabenizar o site pela excelente prestação de serviços com a publicação das dúvidas que foram res-pondidas pelos profissionais. Sou mãe de primeira viagem de um bebê de um mês e, claro, sempre cheia de dúvidas. É ótimo poder encontrar um site confiável para consulta. Parabéns pela iniciativa!Sara Anne Brennan, 26 de setembro de 2010.

Nova Diretoria da Academia Brasileira de PediatraAos nobres diretores da Academia Bra-sileira de Pediatria, os meus parabéns e sinceros votos de uma excelente gestão.Dra. Regina Marques, 20 de dezembro de 2010

Dia da Criança. Artigo publicado no Correio BraziliensePrezado Dioclécio,Continua brilhando e iluminando nos-sos caminhos. Já participei dos dois últimos Fóruns das Academias Mineira e Brasileira de Pediatria, na mesa de Criança e Consumo. Suas palavras es-tão precisas e convincentes. Sabemos quanto é difícil a mudança da prática comercial. (...) devemos mudar os paradigmas da educação, orientando melhor sobre os malefícios do consu-mismo. Parabéns, Dr. Fausto Pacheco, presidente da Academia Mineira de Pediatria (AMP), 13 de outubro de 2010.

Teste do olhinho pode evitar a cegueiraFico muito orgulhosa em pertencer à SBP, que sempre primou, através de iniciativas como esta, pelo máximo de cuidado e atenção com a saúde de todas as crianças brasileiras.Dra. Ana Luiza Guedes Pires, 8 de novembro de 2010

Senado aprova projeto que amplia rede de creches e pré-escolas no Brasil

Quero parabenizar o envolvimento da SBP numa campanha tão justa. Já posso morrer em paz, pois sei que as minhas crianças carentes, atendidas em Cascadura terão creches para serem bem cuidadas. Obrigada pela concretização do meu sonho. Que Deus os abençoe!Dra. Aidil Costa Oliveira, 01 de dezembro de 2010.

Uma grande vitória para a criança brasileira! A SBP, a senadora Patricia Saboya e todos que contribuíram estão de parabéns!Dra. Lícia Moreira, 8 de dezembro de 2010

Parabenizo a SBP por mais uma ini-ciativa vitoriosa em defesa da criança brasileira.Dr. Silo Holanda, 16 de dezembro de 2010.

Distrito Federal cria Secretaria da Criança.Dr. Dioclécio vai assumir a direção

Cumprimentamos os ilustres homens públicos pelas decisões perfeitas. Já deveríamos ter o Ministério da Criança há muito tempo proposto.Alcir Chácar, 22 de dezembro de 2010

Parabéns e que se instale por todo o País.Jacemar Cristina, 22 de dezembro de 2010

Parabéns, Dioclécio. Esta sua nova e digna função é bastante meritória e demonstra ao mesmo tempo a impor-tância e influência política da SBP. Certamente será uma valiosa contri-buição para as políticas públicas na área da criança.Saul Cypel, 23 de dezembro de 2010

Parabéns aos pediatras. Mensagem dr. Eduardo pelo Dia do MédicoParabéns para todos pediatras do Brasil. Dra. Chang Yen-Li Chain, 18 de outubro de 2010

“Todos os quatro filhos do meu pai foram pacientes do dr. Athayde Fonse-ca. Era grande a amizade, extrapolava a relação médico/paciente. Cuidou de mim a partir dos seis meses até que fiquei adulto. Nasci em 1960 e era o mais velho dos irmãos. Dr. Athayde morava no alto da Boa Vista e no entorno havia pessoas muito pobres, que constantemente iam até sua casa. Muitas vezes, no fim de semana, es-távamos lá e víamos isso ocorrer. Ele sempre atendia a todos com o maior carinho, sempre sorrindo, não cobrava nada, tinha prazer em ajudar. Se dr.

Athayde não estava atendendo, estava estudando. Meu segundo irmão teve meningite com um ou dois anos e foi salvo por ele, segundo contavam meus pais. Não teve sequela. Conversáva-mos muito. Eu diria que foi uma das melhores pessoas que conheci na vida. Apesar de eu não ser médico, tenho certeza que ele foi também um dos melhores pediatras do Brasil, uma pessoa inesquecível”.Arthur Sendas Filho, empresário e pa-ciente do dr. Athayde Fonseca (que foi diretor do Hospital Jesus, no Rio de Ja-neiro e presidente da SBP em 1966/67).

Pediatra inesquecível

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ENTREVISTA

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Pediatria, tabagismo e álcool

João Paulo, o que o levou a desenvolver o projeto? Iniciei o projeto antita-bágico depois de pre-

senciar uma aula no Congresso Eu-ropean Respiratory Society (ERS) do grupo que atua para tornar os hospitais da Europa livres do cigar-ro. O material foi trazido para o HU da USP e começamos a trabalhar divulgando o assunto do tabagismo passivo, perguntando aos funcioná-rios se eles queriam ou não o cigarro fora do prédio e iniciando atendi-mento num ambulatório ao lado do hospital. O diretor do HU ajudou no fornecimento da medicação para pa-rar de fumar. O inquérito realizado deslocou o antigo fumódromo para fora do hospital e, em 2005, o HU da USP se tornou um ambiente livre do cigarro. Depois disto, passamos a atuar nas Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAS) de outras unidades e a USP resolveu

Dr. João Paulo Becker Lotufo é chefe do pronto-socorro de pediatria, pneumologista responsável pelo projeto anti-drogas ilícitas do Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP) e se dedica ao trabalho de prevenção com crianças e adolescentes. Os contatos são www.tabagismo.hu.usp.br e www.drbarto.com.br. Veja, a seguir, a entrevista.

fornecer o tratamento para todos os funcionários interessados. Hoje temos convênio com o Ministério da Saúde que, via município, fornece reposição de nicotina para qualquer pessoa que queira parar de fumar. Qual a situação de crianças e ado-lescentes?

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) já detectou que o início do tabagismo é bastante precoce. No-venta por cento de quem começa a fumar o faz antes dos 15 anos. En-trevistamos 1000 crianças de uma escola de São Paulo e vimos que 1,5% entre 7 e 10 anos já experimentaram o cigarro e 5% já tragaram. De 11 a 14 anos, os números são: 5% e 21% respectivamente. E aos 15 anos, 30% fumam. Mais da metade (51%) das crianças são fumantes passivos dentro de casa. Identificamos que 24% das crianças de zero a cinco anos que são atendidas no Pronto-Socorro infantil com diversas patologias apresentam cotinina urinária positiva (derivada da

nicotina), o que significa que esti-veram ao lado de um fumante nas últimas 24 horas antes da análise. De cada três pessoas que começam a fumar uma o fará o resto da vida e de cada sete que começam a beber uma será dependente. Seguramente o cigarro e o álcool são as primeiras drogas utilizadas e também a porta de entrada para as ilícitas.O sr. teria dados sobre acidentes e violência gerados pelo consu-mo dessas drogas?

Dos 10 principais problemas das prefeituras em São Paulo e no entorno da capital, oito estão relacionadas ao álcool. Sessenta por cento dos acidentes de trânsito estão relacionados ao álcool, além de 50% dos acidentes de trabalho e 85% das ocorrências policiais. Visitando a Fundação Casa, onde estão internados garotos de 15 a 18 anos quase na sua totalidade por problemas com as drogas, um pai relatou que o álcool na sua casa

Dr.

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era usado socialmente. Perguntei a ele quantas latas de cerveja tinha comprado para assistir o jogo da seleção brasileira. Foram quatro caixas para quatro adultos na casa e quatro adolescentes. São 48 latas de cerveja para quatro adultos. Seguramente este exemplo vai ser seguido pelos filhos, que também vão se achar bebedores sociais.O que ocorre com as gestantes?

As grávidas diminuem ou cessam o tabagismo durante a gestação com grande facilidade, mas não se gasta um minuto do pré-natal para expli-car que não devem voltar a fumar. Acabam amamentando e fumando, tendo parado durante a gestação. Aborto, parto prematuro, recém--nascidos pequenos para a idade gestacional e morte súbita aparecem duas a cinco vezes mais em casas de fumantes.Qual a dimensão do problema do tabagismo?

No Brasil, éramos 30% de fumantes e atualmente so-mos cerca de 16%. Toda esta luta antitabágica foi eficiente, iniciada por verdadeiros com-batentes como os drs. José Ro-semberg, Antônio Pedro Mirra, da AMB, entre outros. Alguns países chegam a ter 60% da população fumante. Hoje as mulheres fumam tanto quanto os homens, e o INCA já locali-zou cidades aonde as mulheres estão fumando mais. O tabagismo ativo é a primeira causa de óbito evitável no mundo, o álcool a segunda e o tabagismo passivo a terceira.Por que as pessoas começam a fumar e por que continuam fumando?

Os adolescentes começam a fumar primeiro porque têm pais fumantes. A presença de cigarro em casa é um facilitador. Amigos fumantes também são. Todos que nos procuram para parar de fumar começaram a fazê-lo no barzinho

com os amigos, para imitar o mais influente, pela necessidade dos rituais. Quando percebem, estão dependentes de nicotina. Montamos um ambulatório para alunos da USP interessados em parar de fumar e em quatro meses apenas quatro nos procuraram, dois com mais de 40 anos (pós-graduação) e dois entre 20 e 22, ou seja, o jovem não está interessado em parar de fumar ou beber. A idade de quem procura os ambulatórios é entre 40 e 60 anos. Pode nos contar como funciona o projeto Dr. Bartô?

O projeto Dr. Bartô e os Doutores da Saúde tem como objetivo fazer prevenção de drogas nas escolas com crianças de sete a 14 anos. Os pro-fessores são estimulados a trabalhar o assunto. Todos podem fazê-lo. Por exemplo, o professor de matemática pode fazer uma questão como: seu pai fuma há 20 anos dois maços por dia. Cada maço custa cinco reais, quanto

ele já gastou? Esta conta dá exatamente 72.000 reais. Quando o filho descobre que o pai já gastou 72 mil reais em cigarro e não comprou o seu MP3, este assunto será dis-cutido em casa. Além disso, um grupo de te-atro, dirigido por João Signorelli, faz uma apresentação sobre a

problemática das drogas (peça “Dentes em Fúria contra o Tobacobaco”). Após um mês, a escola recebe um pôster gi-gante com a foto do evento e o livrinho do Dr. Bartô, com uma história sobre tabagismo e alcoolismo. Há também uma página dirigida aos pais, e o co-légio pode encerrar as atividades com a apresentação de trabalhos e outras atividades sobre drogas lícitas. Como pode ser a orientação dos pediatras?

A partir dos sete anos já faço uma intervenção mínima sobre o tabaco, trocando ideias sobre o fumo. Esta

discussão vai sendo aprofundada até os 14 anos de idade. O pediatra pode discutir sobre a higiene am-biental, abordando o fumo passivo. Pode ainda orientar corretamente os pais sobre como fazer para deixarem de fumar, e não apenas dizendo que precisam parar. Como ajudar um adulto a parar de fumar?

Primeiramente, temos que incen-tivar o aumento da vontade deste adulto de parar. Dói mais num pai fumante ouvir que a bronquite do filho pode ser responsabilizada pelo cigarro do que assustá-lo com câncer ou infarto. Uma avó que não queria parar de fumar pensou melhor quando falei que seus netos teriam a lembrança dela fumando e que isto poderia ser um fator a mais de iniciação do cigarro. O ambulatóio para tabagistas do HU aceita médicos, psicólogos ou enfer-meiros que queiram se aperfeiçoar nesta área. Desde 2008 dirigir alcooliza-do passou a ser crime sujeito à prisão no Brasil. Qual a sua avaliação sobre a Lei Seca?

Em São Paulo, a lei sobre ambien-te livre do cigarro vigora, pois teve o apoio da imprensa e da população em geral. Infelizmente não chega a ser o caso da Lei Seca. Duas resi-dentes fizeram o teste do bafômetro em bar um da Vila Madalena em São Paulo e detectaram que a ingestão de cerveja variou de 0 a 10, tanto no grupo que iria dirigir, quanto no que não iria. Não houve diferença do nível do bafômetro entre os dois grupos e 96% das dosagens foram acima de duas g. de álcool, quando o nível permitido seria de 0,2. Creio que é preciso restringir a propagan-da de álcool e incluir, na legislação brasileira, a cerveja como bebida alcoólica e não como refrigerante. O lobby do álccol é maior do que foi o da indústria do tabaco, mas temos que evoluir nisto também.

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ENTREVISTA

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Violência é covardia

Rachel, em linhas gerais, qual é a si-tuação hoje nesta área?

Em todo o Brasil, atingindo a todas as

crianças e adolescentes indiscrimi-nadamente, isto é, sem distinção de qualquer espécie, os maus-tratos intrafamiliares e as outras expressões da violência têm se manifestado em larga escala. Com características próprias dos diversos tipos de agres-sões, meninos e meninas de todas as regiões brasileiras, nas áreas urbana e rural, sofrem violências física, psicológica, sexual, negligência, sendo as maiores vítimas da chama-da violência estrutural. Esta pode

A renovação de peças para a campanha lançada no ano 2000 para prevenir a violência contra crianças e adolescentes está no planejamento da SBP para 2011, assim como a divulgação de publicações atualizadas sobre o tema. Dra. Rachel Niskier Sanchez é a coordenadora e atua no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, no Rio de Janeiro, no Ambulatório de Adolescentes, onde dirige o Núcleo de Apoio aos Profissionais que atendem crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos (NAP).

ser definida como a que incide sobre as condições de vida da população infanto-juvenil, comprometendo seu crescimento e desenvolvimento.Como o pediatra deve incluir a questão em sua consulta?

Os pediatras desempenham um im-portante papel na prevenção e no aten-dimento dos casos de maus-tratos. Em algum momento, essas vítimas passarão por um profissional da área da saúde, e é o pediatra que, acompanhando de per-to a vida de seus pacientes, poderá con-tribuir para a interrupção das agressões e consequentemente para a harmonia da convivência familiar. A anamnese é fundamental para o diagnóstico dos casos já que, muitas vezes, não há evi-dências físicas de maus-tratos. O exame

físico deve ser pormenorizado e sem-pre valorizar a fala do paciente, seja criança ou adolescente. A atitude do pediatra deve ser sempre de isenção, mesmo que se presuma estar diante do autor da violência. É importante lembrar que se o atendimento se der em unidade de saúde pública ou privada, a equipe multiprofissio-nal é imprescindível para o correto encaminhamento dos casos, com a presença de psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, fonoaudiõlogos, odontológos e outros.

Dra.

O desafio do crack

rofessora, como define a situação de crianças e ado-lescentes hoje em relação ao crack?

O consumo foi iniciado em nosso país na década de 1990,

Rita Cavalcante Lima é doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em Saúde Mental pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ). Professora da UFRJ, é tutora na residência multiprofissional do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da mesma instituição e no Programa PET-Saúde Mental Crack, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde. Sobre o tema, conversou com a SBP Notícias. A íntegra está no portal.

Pem áreas delimitadas como algumas cidades de São Paulo e regiões fron-teiriças com os países produtores da coca. A partir dos anos 2000, temos assistido uma expansão desse merca-do e capilaridade por todo o território

nacional, com impactos clínicos e sociais sobre crianças e adolescen-tes, sobretudo sobre aquelas que já se encontravam sob baixa proteção familiar, comunitária e de políticas sociais.

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Existem poucos estudos no Brasil sobre como alguns segmentos so-ciais vêm participando desse novo cenário do uso do crack, atualmente potencializado pela expansão do seu mercado. No entanto, pesquisas do Centro Brasileiro de Informações so-bre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) da UFRJ e números do DATASUS continuam apontando que o uso nocivo do álcool tem sido o que produz maior dano para o conjunto da sociedade. Foram 6.109 mortes associadas ao uso de álcool em 2005, contra apenas 24 relacionadas ao uso de cocaína (crack, merla e cocaína). A idade média na qual ocorre o primeiro uso também é diferente: 12,5 anos para a bebida e 13,5 para o crack.

No entanto, não podemos negar que o uso do crack tem emergido como um desafio para as respostas profissionais, considerando os agra-vos clínicos e sociais relacionados ao consumo dessa droga, sobretudo para crianças e adolescentes. O problema tem mesmo atingido todas as classes sociais?

Sim. Esta foi uma das diferen-ças observadas entre o usuário do crack dos anos de 1990 para os de 2000. O nível de escolaridade e de renda familiar era superior ao da média nacional no início dos anos 2000. Que diferença se deu, então, de uma década para a outra? Segundo relato dos usuários, eles iniciaram no uso da “pedra” a partir de uma oferta do mercado: “– Ia comprar o “branco” e não tinha. Pedia maconha e também não tinha. Aí, perguntavam se queria a “pedra”. Fiquei com medo de ficar igual a um “zumbi”, mas terminei aceitando”. Relatos como esse demonstram que o aumento do uso do crack recente deu-se por uma estratégia planejada do tráfico de cocaína, que passou a levar essa droga refinada para mercados

externos (Europa e Estados Unidos) mais lucrativos e deixar uma mistura de cocaína em forma de pasta não refinada com bicarbonato de sódio no mercado nacional.

Quais são as principais repercus-sões para crianças e adolescentes?

O crack tem maior toxidade do que qualquer droga da família da cocaína, portanto, com maior potência para gerar distúrbios cardiovasculares, ata-ques do coração, aumento da pressão arterial, convulsões, efeitos respirató-rios como dor no peito e dificuldade de respirar, efeitos gastrointestinais como dores e náuseas, além de distúr-bios psiquiátricos, como depressão, ansiedade, irritabilidade, dis-túrbios do humor e paranóia em seu uso crônico.

Seu primeiro efeito, no entanto, é uma sensação de euforia que desaparece rapidamente, requerendo do usuário novo consumo da droga. Como sua princi-pal via de uso é a inalação da fumaça produzida pela queima da pedra em latas, pequenas garrafas plásti-cas, canudos e canetas, te-mos observado em crianças e adolescentes, lesões nos lábios, língua, garganta e extremidade dos dedos, aumentando sua vulnerabilidade para doenças infecto-contagiosas. Essa forma de acesso também tem sido responsável por problemas no sistema respiratório como congestão nasal, tosse, expec-toração de muco preto e sérios danos nos pulmões.

Segundo a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, crianças e adolescentes que fazem uso contínuo de crack podem ter o desenvolvimento cerebral comprometido, com impacto direto na capacidade cognitiva, ou seja, na maneira como o cérebro percebe, aprende, pensa e recorda as informa-ções captadas pelos cinco sentidos.

Assim, é comum que usuários da droga apresentem dificuldades de aprendizado, raciocínio, memória, concentração e solução de pro-blemas, o que afeta o progresso acadêmico, o comportamento e a frequência escolar.

Como acredita que o pediatra poderia atuar na prevenção?

Como um profissional fundamen-tal, que acompanha o primeiro ciclo vital de existência, que tem contato com responsáveis e educadores, o pediatra pode ser um aliado fun-damental para esclarecer, debater e produzir formas de prevenção do

uso de crack.

E quanto às políticas pú-blicas, o que está sendo feito?

O Governo Federal lançou, em 2010, o Plano Integrado de

Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, que en-volve fortaleci-mento das ações de qualificação profissional e co-munitária, pes-quisa, tratamen-to em Centro de

Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPSad), leitos em hospitais gerais para público a partir dos quatro anos de idade, lei-tos em comunidades terapêuticas, aumento do acompanhamento das famílias em vulnerabilidade social através dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e repressão. Estimaram a alocação de R$ 410.000.000,00 para esse conjunto de ações. Se os recur-sos não forem contingenciados e ocorrer um monitoramento correto, poderemos ter alguma melhora no quadro de insuficiência de assis-tência em que nos encontramos.

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SBP EM AÇÃO

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O Conselho Superior da SBP se reuniu em dezembro, em São Paulo. Apresentado pela diretora financeira, dra. Maria Marta Tortoni, o orçamento da entidade para 2011 foi aprovado e mantidas, sem reajuste, a anuidade e as taxas de inscrição para os concursos. Dentre os demais assuntos, dr. Eduardo Vaz informou sobre o andamento da mudança da sede para o Memorial da Pediatria Brasileira Lincoln Freire, no Cosme Velho, no Rio de Janeiro, apro-vada em reunião anterior. Foi estudada, primeiramente, uma adaptação do prédio onde fica a edícula, mas isto se mostrou insuficiente para abrigar todos os setores administrativos. Assim, foi feito um projeto para a cons-trução de um novo espaço, no mesmo local. Apresentada pelo arquiteto, a proposta é bastante funcional, simples, austera, mas também contemporânea. Incorpora as novas tecnologias e foi pensada para se integrar à história e ao verde que caracterizam o local, além de também econo-mizar custos de manutenção. “A ideia de diminuir gastos com a administração de duas sedes e ganhar mais uma fonte de renda com o aluguel do imóvel de Copacabana, soma-se agora o aumento do patrimônio da SBP”, salien-tou o presidente.

Metas na Reanimação NeonatalDentre as apresentações setoriais realizadas pela dire-

toria, dra. Ruth Guinsburg, coordenadora do Programa de Reanimação Neonatal da SBP, juntamente com dra. Maria Fernanda Almeida, fez um balanço do trabalho. De 1994 até hoje, já foram aprovados no treinamento 34.643 mil médicos e 11.285 não médicos, o que significa quase 50 mil profissionais e um “grande sucesso”. Apesar disto, muito ainda precisa ser feito para que se atinja o objetivo de ter um ou mais instrutores em cada hospital com mais de mil nascimentos por ano, e de treinar todos os residentes em pediatria, dentre outros. Hoje são 800 instrutores no País e 251 destes foram formados de setembro a dezembro, graças a um convênio com o Ministério da Saúde.

Conselho Superior mantém anuidade

Mas a situação no Brasil é “preocupante”, lembra a dra. Ruth, citando os números da pesquisa do Programa, segundo os quais cinco recém-nascidos a termo e sem malformação morre-ram por dia, em 2005 e 2006, com asfixia perinatal. “É preciso sensibilizar os gestores, para ampliar muito mais a qualificação dos profissionais”, disse. Dentre os planos, está a realização do 4º Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal, de 8 a 10 de setembro de 2011, em São Paulo. Outra meta importante é viabilizar o Curso de Transporte Neonatal para médicos, que foi realizado pela primeira vez em novembro, durante o XX Congresso Brasileiro de Perinatologia, no Rio de Janeiro. Foi preparado por um Grupo de Trabalho coordenado pelo dr. Paulo Nader e pelo dr. Sergio Marba, e “é muito importante que seja disseminado no País”, frisou a diretora.

Carteira da SBP e atualização do CPFAtenção associado,Se você não recebeu sua carteira da SBP no último ano, atualize seu CPF com o Setor de Cadastro, pelo telefone (21) 2548 1999 ou preencha a ficha de atualização cadas-tral disponível no portal (menu à esquerda). A informação é imprescindível também para sua pontuação junto à Comissão Nacional de Acreditação (CNA).

A diretoria

Rogério A

lbuquerque

Diretores da Sociedade e presidentes das filiadas, em dezembro, São Paulo.

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SBP EM AÇÃO

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Doutrina na ordem do diaPresente nas discussões da Sociedade desde as gestões

do dr. Dioclécio Campos Jr., a Doutrina da Pediatria será agora, cada vez mais, “prioridade” para a SBP. A decisão é do dr. Eduardo Vaz, que convidou a professora Luciana Rodrigues Silva para continuar à frente do Núcleo encar-regado de coordenar o trabalho. Integram o grupo também o próprio presidente e os drs. Fabio Ancona, Sandra Grisi e Dioclécio. A primeira reunião foi realizada em novembro, em Brasília e contou ainda com a participação da dra. Ma-rilene Crispino. Entre as decisões está a elaboração de uma publicação, que abordará os princípios e práticas da espe-cialidade nos dias atuais, com “a ampliação da complexida-

Vem aí a Rede Saúde Ambiental infantil

de do trabalho do pediatra”, informa a dra. Luciana. O texto incluirá propostas para a ação pediátrica nas escolas de graduação, na residência, nos consultórios, ambulatórios, hospitais, na medicina comunitária e também na área de planejamento de saúde. “Contribuições das filiadas sobre os temas a serem abordados serão bem-vindas”, acrescenta a coordenadora do Núcleo da Doutrina. O pediatra, lembra, é um “profissional incansável, que enfrenta novos desa-fios e vive em uma realidade absolutamente diferente da que existia há alguns anos. Urgem novas reflexões sobre sua realidade e o conjunto de princípios que regem sua atuação”, finaliza.

Dra. Eliane Cesário Maluf participou, em dezembro, em Belém (PA), de uma oficina de trabalho, realizada durante o 1º Simpósio Brasileiro de Saúde Ambiental. Coordenadora do Núcleo da área na SBP, a diretora informa que foi decidida a formação de uma rede para sensibilização do tema da Saúde Ambiental Infantil (SAI) nas diversas políticas, bem como para “identificar e articular grupos de pesquisa, apoiar ações, trocar experiências, produzir conhecimento e intervenções transforma-doras”. A ideia é lançar a rede na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), marcada para

julho de 2011, em Goiânia. Três instituições foram indicadas para as primeiras articulações: Fiocruz, UFRJ e SBP. Partici-param da oficina representantes de 20 entidades.

Sobre os planos da articulação, dra. Eliane adianta que, inicialmente, será “buscada uma forma de produzir uma edição especial sobre o tema numa revista científica voltada para profissionais de saúde, criada uma página na internet para divulgação de assuntos relacionados e comunicações e que os participantes procurarão inserir a pauta nos eventos de suas entidades”.

Novos conceitos na Reanimação PediátricaCom objetivo de “ampliar a

identidade da SBP e das filiadas nos cursos de Suporte Avançado de Vida em Pediatria (PALS)”, a diretoria da entidade se reuniu, em dezembro, em São Paulo, com os coordenadores de pólos e com os presidentes das filiadas que os abrigam, informou o dr. Paulo Roberto Antonacci Carvalho que, juntamente com o dr. Luiz Fernando Loch, é responsável pelo Programa na Sociedade. “Discutimos como fazer a atualização dos novos conceitos de ressuscitação, que foram publicados recentemente. Todos os instrutores passa-rão por uma recertificação até março. Tanto os cursos PALs, quanto o Suporte Básico de Vida (Basic Life Support/BLS), serão ministrados com as mudanças, através de materiais didáticos de transição, a serem utilizados na recertificação dos instrutores. Essa transição deve durar até que sejam incorporados e impressos os novos conceitos nos materiais didáticos definitivos. Em novembro, dr. Paulo esteve, com outros colegas da Sociedade, no Congresso Americano de

Cardiologia (da AHA), em Chicago (EUA), onde o assunto foi discutido. Acompanhe, a seguir. Dr. Paulo, onde se deu exata-mente a grande mudança?

No ABC, que desde o início da moderna ressuscitação, há 50 anos, foi orientado de uma forma e agora resultou no CAB. O ABC significava um método mnemônico de priorizar o atendimento de alguém que sofreu uma parada cardiorrespiratória (PCR): A – de via Aérea (abrir as

vias aéreas), B – de Boa respiração (fazer respiração artifi-cial) e C de Circulação (fazer compressões torácicas). Por que mudou?

Os estudos e as evidências mostraram que qualquer vítima de PCR é mais beneficiada pelas manobras de ressuscita-ção se começarem pelas compressões torácicas do que se foram iniciadas pela via aérea e a respiração. Isso aumenta a sobrevida, significando menos demora e mais eficácia em oxigenar o cérebro. Outras mudanças foram de menor impacto no ensino da ressuscitação.

Rogério A

lbuquerque

Da esq. para a dir., os drs. Luiz Fernando Loch, Paulo Carvalho, Kátia Laureano, Eduardo Vaz e Ércio Amaro Filho

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SBP EM AÇÃO

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Eleita em outubro, a diretoria da Academia Brasileira de Pediatria (ABP) será empossada em maio de 2011, na Assembleia Geral a ser realizada logo após o “Encontro Pediátrico da Região Serrana – Antônio Celso Calçado”, em Petrópolis (RJ). Dr. Fernando José de Nóbrega é o pre-sidente, dra. Nubia Mendonça a vice-presidente e dr. Júlio Dickstein o secretário para a gestão 2011/2013. Também em outubro, na Assembleia de Maceió, foi eleito o dr. José Martins Filho para a cadeira 21 da ABP, cujo patrono é o professor Abelardo Santos, informou o então secretário, dr. José Dias Rego.

A Criança nordestinaCom 320 participantes, o encontro “A criança nordesti-

na, presente e futuro” realizado pela ABP em outubro, em Maceió (AL), foi “um grande sucesso, com afluência de pediatras e outros profissionais ligados à área da saúde”, comenta o dr. Nóbrega. As vagas se esgotaram, e segundo informa o acadêmico Milton Hênio Netto de Gouvêa, que liderou a Comissão local e acrescenta ter sido forte a pre-sença de estudantes de medicina. “Com inscrições gratuitas, solicitamos a doação de fraldas para a Maternidade Santa Mônica, Hospital de Câncer e para as mulheres vítimas

Diretoria da ABP toma posse em maio

Os primeiros Certificados de Atualização Profissio-nal (CAP) referentes ao primeiro ciclo começarão a ser emitidos em breve, mas muitos médicos, que iniciaram a certificação em 2006, ainda não se inscreveram no pro-cesso. O prazo vai até dezembro de 2011. A informação é da Comissão Nacional de Acreditação (CNA) da AMB e do CFM. Os pontos de quem não se cadastrou estão sendo acumulados, mas só serão validados quando o médico se cadastrar.

Segundo o dr. Mitsuru Myiaki, coordenador de certi-ficação profissional da SBP, “a pediatria deu exemplo”. Também de acordo com o dr. Aldemir Soares, integrante da AMB na CNA, a especialidade é uma das “mais parti-

Atenção ao cadastro na CNA!cipativas”. Em dezembro já eram 2.879 eventos aprovados e cadastrados. Destes, 225 foram realizados na região Centro-Oeste; 292 no Nordeste; 98 na região Norte; 1676 na região Sudeste; 358 no Sul e 230 à distância. “Com base nestes números, a pediatria já proporcionou aos mé-dicos da especialidade 25.207 pontos ao longo dos anos”, informa o dr. Aldemir.

Como fazer – Para recertificar-se, o médico deve acu-mular100 pontos em cinco anos. A pontuação é obtida por meio da participação em eventos presenciais, à distância e atividades científicas, que devem estar cadastrados e pontuados pela CNA. Para mais informações, o endereço é http://www.cna-cap.org.br/apresentacao_CNA.pdf

da enchente do início do ano e angariamos mais de 2.000 fraldas”, comemora.

O evento contou com temas como “a importância do vín-culo mãe e filho na formação da personalidade”, violência e consumismo. “Discutimos a problemática do local, com pessoas que conhecem e vivem a realidade da região, sempre com uma visão do social”, salienta o dr. Júlio Dickstein. De acordo com o acadêmico, o encontro de Maceió teve um formato diferente dos tradicionais Fóruns realizados pela Academia: “Os temas foram apresentados pelos próprios acadêmicos e foi uma ótima experiência, com muito de-bate. Ficou claro como nas cidades que estão fora do eixo Rio/São Paulo é grande o interesse por um evento como este. Decidimos então que os próximos Fóruns ocorrerão em cidades de menor porte. O X Fórum da ABP ocorrerá nos dias 21 e 22 de outubro, em Campinas (SP), adianta o presidente do evento.

O encontro “A criança nordestina, presente e futuro” foi realizado com o apoio da Nestlé Nutrition e colaboração do Governo do Estado de Alagoas, Prefeitura Municipal de Maceió, Academia Alagoana de Medicina, Santa Casa de Misericórdia de Maceió, Casa da Palavra e Sociedade Alagoana de Pediatria.

Acadêmicos com participantes do evento de Maceió

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DCs / SBP EM AÇÃO

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Criado o Departamento de Medicina Paliativa em Pediatria

Vera G

odoi

Coordenados pelo dr. Dennis Burns, os Departa-mentos Científicos (DCs) da Sociedade são compostos por cinco integrantes efetivos e cinco suplentes nos Conselhos Científicos. “Na seleção, feita por uma Comissão, a partir das indicações das filiadas e da análise dos currículos, todas as regiões foram contem-pladas”, informou o diretor, na reunião do Conselho Superior realizada em dezembro, em São Paulo. Com função de assessorar a diretoria da SBP, as filiadas e os colegas em suas respectivas áreas de atuação, os DCs contam ainda com “participantes” (pediatras) e “membros adjuntos” (associados não pediatras). Na foto, o grupo com diretores da entidade, em agosto, em Belo Horizonte. Em janeiro, foi criado o Depar-tamento de Medicina Paliativa em Pediatria. Dra.Cristiane Rodrigues de Sousa é a presidente e dra. Patrícia Miranda do Lago a secretária.

As novas vacinas do calendário do MSO Ministério da Saúde (MS) incluiu, em 2010, no calen-

dário básico de imunização, a Pneumocócica 10-Valente e a Antimeningocócica C, e este ano serão vacinadas as crianças menores de dois anos de idade. “Foi um avanço importante”, ressaltou dr. Eitan Berezin, presidente do Departamento de Infectologia da SBP. “A Pneumocócica previne contra a segunda causa de meningite e contra 10 tipos de bactérias que estão entre as mais prevalentes na América Latina e causam as doenças mais comuns, como pneumonia, otites,

sinusites. A vacina Antimeningocócica C evita a primeira causa de meningite. Ambas já estão no calendário da SBP há seis anos”, informa.

O presidente do DC ressalta que “agora o sistema pú-blico brasileiro já oferece a maior parte das vacinas mais recentes recomendadas para crianças e adolescentes, que inclui também a que previne o Rotavírus. A diferença que ainda existe é que a SBP recomenda ainda as vacinas para Hepatite A, HPV e Varicela”, conclui.

Comissão Mista de Especialidades garante Área de Atuação em Alergia e Imunologia Pediátrica

A Comissão Mista de Especialidades (CME) confirmou, em dezembro, a criação da Área de Atuação em Alergia e Imunologia Pediátrica. A decisão, já tomada anteriormente e reiterada no dia 19, é “muito importante para a assistência às crianças e adolescentes e fortalece a posição da SBP, que vem trabalhando há alguns anos para a implantação da área de atuação”, comenta o presidente da entidade, dr. Eduardo Vaz. “Trata-se de uma definição histórica. É uma vitória da criança, que tem o direito de ser atendida pelo especialista em alergia e imunologia em pediatria, dos pais – que terão a opção de escolha do profissional adequado –, e dos pediatras brasileiros, que poderão se titular na área”, salienta o presi-dente do Departamento Científico de Alergia e Imunologia

da Sociedade, dr. Pérsio Roxo Júnior. Alergista e diretor dos Departamentos da SBP, dr. Dennis Burns assinala a importân-cia de “ter sido garantida a integridade da pediatria. É muito relevante que em todas as áreas de atuação o profissional jamais perde sua habilidade de cuidar do ser humano em crescimento e desenvolvimento”, diz.

A primeira prova para o Certificado será realizada durante o Curso Itinerante de Alergia e Imunologia da SBP, dias 8 e 9 de abril, em Salvador. A Comissão Mista de Especialidades é integrada por representantes da AMB, do CFM, Federação Nacional dos Médicos, Associação Nacional dos Médicos Re-sidentes e Comissão Nacional de Residência Médica, sendo assim uma instância superior do movimento médico associativo.

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CAPA

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Ampliando conhecimentos sobre nutrologia pediátrica

s distúrbios nutricionais são as doenças mais prevalentes no Brasil em todas as faixas etárias. A anemia acomete 53% das crianças menores de dois

anos. Cerca de 30% dos que estão entre cinco e nove anos já sofrem com excesso de peso, problema que também afeta 22% dos adolescentes. Isso sem falar na carência de vitamina A, ainda a prin-cipal causa de cegueira adquirida em crianças. Para reverter este quadro, são necessárias “políticas públicas eficien-tes, voltadas para a educação alimentar e de estilo de vida da população”, diz a dra. Virgínia Weffort, presidente do Departamento de Nutrologia da SBP. “A queda na taxa de desnutrição in-fantil ocorrida no Brasil é uma vitória muito importante”, salienta. “Embora saibamos que ainda existe em muitos bolsões de pobreza, deve certamente ser comemorada, assim como a cons-ciência em relação ao problema da obesidade”, acrescenta a dra. Roseli Sarni, que também já presidiu o DC da Sociedade.

“Uma alimentação adequada in-fluencia todo o crescimento e o desen-volvimento da criança, físico e mental. E o papel do pediatra como educador é muito grande e extrapola o paciente, influenciando a família”, lembra o dr. Eduardo Vaz. No entanto, o ensino de nutrologia é muito reduzido, tanto na graduação, quanto na residência. “Na

verdade, até alguns anos, a nutrição era meio empírica. Os avanços científicos mais relevantes ocorreram no mundo principalmente a partir da década de 80”, comenta a dra. Roseli. Hoje a SBP defende a ampliação do ensino nas es-colas de medicina e na residência. Além disso, criou um Programa específico de qualificação profissional, do qual faz parte o Curso de Aprimoramento em Nutrologia Pediátrica (CANP).

A gravidade da anemiaTrata-se de uma doença fora de

controle, com tendência de piora nas crianças com menos de cinco anos. O

alerta foi feito há bastante tempo, pelo epidemiologista Carlos Augusto Mon-teiro, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que analisou dados do estado de São Paulo, e “previu que o problema seguiria aumentando na mesma propor-ção, se nada fosse feito”, disse a dra. Roseli. O pesquisador fez um estudo comparativo das décadas de 70 e 90, e encontrou um aumento de 116% em 20 anos. Em Recife, usando a mesma metodologia, com dados de 2003 e 2004, o professor Malaquias Batista Filho registrou crescimento da anemia de mais de 100% também em 20 anos. “É muito importante que seja realizado

Alunos e professores do primeiro curso para instrutores do CANP, em dezembro, em São Paulo

O

Sérgio Santorio

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agora um novo estudo do mesmo tipo”, assinala. “É preciso também reestru-turar a abordagem para a prevenção”, salienta a dra. Virgínia, lembrando que para a profilaxia, “toda criança deve tomar sulfato ferroso desde o começo da alimentação complementar, aos seis meses, e até os dois anos”.

Hipovitaminose A e obesidadeSegundo a Pesquisa Nacional de

Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) do Ministério da Saú-de e, ao contrário do que se poderia imaginar, a carência de vitamina A atinge 21,3% das crianças abaixo de cinco anos no Sudeste, enquanto a OMS considera preocupante quando o índice ultrapassa 20% na faixa etária. O Nordeste registrou 19%. “Isso talvez porque lá já se tenha um olhar para a questão. Durante muito tempo foi ad-ministrada uma mega dose da vitamina durante as campanhas de vacinação nas regiões Norte e Nordeste, o que pode ter amenizado o problema. O Sudeste nunca teve uma estratégia de intervenção neste sentido, era encarada como região sem risco do problema”, comenta a dra. Roseli. Os dados foram colhidos em 2006 e divulgados em 2008, na primeira vez que o Brasil avaliou os níveis de vitamina A em crianças abaixo de cinco anos e mu-lheres em idade reprodutiva.

A deficiência de vitamina A leva à alteração visual, com dificuldade de enxergar em ambiente com baixa lumi-nosidade, se não for tratada, a doença pode evoluir para a perda de visão.

Outras alterações clássicas ocorrem na pele, que pode ficar muito seca, áspera, o que alguns autores definem como “pele de ganso”. Além do mais, há a “deficiência sub-clínica”, não visível num primeiro momento, explica a dra. Roseli. Se a criança parar de ingerir a vitamina hoje, pode demorar meses para a manifestação se tornar visível, embora já tenha repercussões principalmente no sistema imunológico, ficando com muita chance de adquirir infecções. Apenas para lembrar, são fonte de vitamina A o

leite e seus derivados, principalmente, e o ovo. Por isso é doença “do pré-escolar”, que costuma diminuir o consumo de lei-te. Já os vegetais alaranjados (cenoura, manga, mamão, abóbora) e as folhas ver-des escuras (couve, espinafre, mostarda) são ricos na vitamina. Por isso se diz que “coelho não usa óculos”, brinca.

Quanto à obesidade e suas complica-ções, já afeta mais de 30% da população e segundo os dados decorrentes da análise de duas pesquisas (PNDS, 2008 e a de Orçamentos Familiares/ POF/IBGE, 2008), recentemente divulgados pelo Ministério da Saúde, quase metade dos brasileiros está acima do peso e, se nada for feito, em 2022 os indicadores do País poderão se assemelhar aos dos Estados Unidos – país que tem sofrido já há algum tempo as conseqüências do fast food e da vida sedentária.

Entre os números “assustadores” da PNDS, está o que mostra que o excesso de peso já atinge 6,6% dos pequenos, empatando com os 7% que têm baixa estatura – uma realidade bem diferente da encontrada há dez anos pelo estudo anterior, quando as doenças caren-ciais eram mais prevalentes do que as relacionadas ao excesso de consumo alimentar. “Houve uma mudança sig-nificativa no panorama nutricional da população brasileira menor de cinco anos”, lamenta a dra. Roseli, uma das autoras de uma pesquisa publicada no Jornal de Pediatria em 2010. Segundo o estudo, as práticas de alimentação saudável são, na verdade, abandonadas muito cedo: 2,17 meses é a mediana

de aleitamento materno exclusivo, e as crianças – 22% das que têm entre 4 e 6 meses – logo ingressam nos há-bitos alimentares da família. Dentre os absurdos constatados, está o de que 30% dos bebês tomam refrigerante ou suco artificial na mamadeira, 79,3% recebem biscoitos recheados.

O CANP já começouO primeiro curso para instrutores

ocorreu em dezembro, em São Paulo, com 37 profissionais de todas as regi-ões. Teve como professoras convidadas, as dras. Lélia Gouveia, da Universi-dade de Santo Amaro (aleitamento materno); Cristiane Kochi, da Santa Casa de Misericórdia (obesidade) e Renata Cocco, da Universidade Federal de São Paulo (alergia alimentar). “Foi muito bom”, avalia a dra. Vírginia, in-formando que o segundo está marcado para maio, durante o Curso Nestlé de Atualização em Pediatria, em Curitiba (PR) e os interessados devem contatar a sua filiada. A ideia é que em 2011 cada instrutor faça dois cursos.

O objetivo do CANP é “aprimorar, de maneira muito prática, conhecimentos que poderão ser aplicados no consultó-rio, nas unidades de saúde, na atenção básica”, define a dra. Roseli, coordena-dora, juntamente com a dra. Vírginia.

Estruturado com 16 horas, compre-ende estudo prévio ao curso (nutrição básica), aulas teóricas e discussão de casos clínicos e conta com apostilas próprias, baseadas nos manuais da SBP. É apresentado o vídeo Amamen-tação – Muito mais do que alimentar a criança, produzido pela Sociedade e pelo Ministério da Saúde, porque, afi-nal “tudo começa aí”, salienta também a dra. Virgínia. “Um outro vídeo mostra desde como preparar a papinha, até a comida do adolescente. Tudo muito balanceado, com base na pirâmide alimentar. Fizemos especialmente para o CANP”, conta, se referindo também à dra. Fabíola Isabel Suano de Souza, responsável pela orientação, juntamen-te com as duas coordenadoras e com uma nutricionista.

Dra. Lélia Gouveia apresentou o tema da amamentação

Sérgio Santorio

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DEFESA PROFISSIONAL / FILIADAS

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ruto de sua mobilização cres-cente, os pediatras começam a avançar no sentido da valori-zação profissional. As vitórias ocorrem no Congresso Nacional

e nos estados, onde a negociação com os planos de saúde – devidamente res-paldada com assistência jurídica –, a unidade com os demais setores do mo-vimento médico e com os pacientes, e a participação dos associados são receita de saúde para a medicina especializada na infância e na adolescência. No ser-viço público e no privado, “é cada vez maior a consciência de que falta uma política de recursos humanos capaz de dar as respostas que o atendimento de qualidade de crianças e adolescentes requer”, afirma o dr. Eduardo Vaz.

Vitória no Congresso Nacional e valorização da pediatria

O presidente come-mora a aprovação pelo Senado, em dezembro, do projeto de lei 228/08, elaborado em parceria entre a SBP e a senadora Patrícia Saboya e que estabelece normas para o atendimento médico da população pediátrica pelos planos e seguros de saúde. “Juntamente com o PL 227/08, já aprovado anteriormente pelo Senado e voltado para o SUS, a proposta consagra a puericultura como um direito, com seu caráter educativo e preventivo e realizada por pediatra. É a garantia de uma assistência de qualidade para

a criança, que continuará sendo rea-lizada pelo profissional especializado em fase tão importante, que é a do crescimento e do desenvolvimento do ser humano”, resume o dr. Dioclécio Campos Jr., diretor de Assuntos Parla-mentares da Sociedade.

O projeto “prevê a realização de consultas médicas periódicas, como determina a OMS. Esses atendimen-tos regulares são fundamentais para o desenvolvimento infanto-juvenil, mas ocorre que, muitas vezes os planos de saúde deixam de fazer os preven-tivos, só autorizando a assistência

Dr. Milton Macedo no Fórum de Defesa Profissional, em São Paulo.

FDr. Mario Lavorato

nos casos de doença. No entanto, esses cuidados são capazes de evitar diversas enfermidades e internações hospitalares”, explicou Patrícia Sa-boya, eleita agora deputada estadual pelo Ceará.

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Vitória no Congresso Nacional e valorização da pediatria

Os dois PLs seguiram para análise da Câmara dos Deputados, onde pas-sarão por três Comissões. O diretor de Assuntos Parlamentares encaminhará a lista dos parlamentares que integram estas instâncias e a ideia é que os colegas dos estados colaborem, conver-sando com aqueles que são próximos, de maneira a esclarecer a importância de sua aprovação.

Conheça o projeto 228O PL determina que as operadoras

dos planos e seguros de saúde cubram os atendimentos preventivos na fre-qüência e na regularidade definidas em função da faixa etária do paciente. Tam-bém assegura a assistência curativa na quantidade e na qualidade necessárias ao diagnóstico e tratamento integral de todos os agravos à saúde de crianças e adolescentes. De acordo com o texto aprovado, “as ações e os procedimentos para a assistência à saúde da criança e do adolescente serão estabelecidos em protocolos clínico-terapêuticos elabo-rados pela ANS após oitiva da SBP e priorizando as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças”. Além disso, os atendimentos médicos de crianças e adolescentes serão feitos por portadores de títulos de especialista em pediatria reconhecido pelo CFM, salvo na falta do referido especialista quando for caso de urgência ou emergência”.

Movimento nas filiadas e FórumLogo após a reunião do Conselho

Superior, em dezembro, em São Paulo, a diretoria da Sociedade e os presiden-tes de filiadas realizaram um Fórum de Defesa Profissional. Diretor res-

ponsável pela área na SBP, dr. Milton Macedo salienta que, há um ano, em 10 de fevereiro de 2010, foi assinado, no Rio de Janeiro, o acordo entre a SBP e a Unidas nacional, que passou a ser referência para as negociações encaminhadas nos estados. Dentre os avanços consagrados, a questão da chamada consulta de retorno, com a lembrança de que “já está normati-zada pela ANS. A consulta de retorno é entendida como o momento em que o paciente comparece à clínica para apresentação de resultados de exames solicitados ou de cuidados prescritos. (...) O item deve constar dos contratos de prestação de serviços firmados entre operadoras e prestadores de serviço”.

Em 26 de fevereiro do ano passado, a Câmara Técnica aprovou a inclusão do Atendimento Ambulatorial em Puericultura e do Teste do Olhinho na CBHPM, definindo porte e valor, conforme noticiado no SBP Notícias 60 e de acordo com os documentos disponíveis no Portal da Sociedade (ver Defesa Profissional/VigilaSUS e Saúde Suplementar – CBHPM 2010/ 1C e R$30,00 para o Teste, que está na pág. 203 e 3B e R$112,00 para a Puericul-tura, pág.24). Citando comentário da dra. Sandra Grisi, dr. Eduardo ressalta que o atendimento de puericultura é de alta complexidade, envolvendo muito saber, e podem evitar muitos problemas de saúde tanto na infância, quanto na adolescência e na vida adulta.

Coordenador de Saúde Suplemen-tar da Sociedade, dr. Mário Lavorato fez, durante o Fórum, uma exposição sobre o Procedimentos Padronizados em Pediatria (PPP), com o qual a SBP propõe o pagamento em consultório do tratamento de crianças portadoras de doenças habitualmente atendidas em regime de internação hospitalar. O modelo melhora a qualidade do atendimento do paciente, a remune-ração do pediatra e reduz os custos da operadora. Foi implementado por Unimeds de vários municípios e bem recebido por algumas empresas. Sobre os “retornos” indevidamente definidos,

frisa a importância de que as glosas devem ser denunciadas à ANS.

Sobre a intransigência de operado-ras, que em muitos estados têm levado os pediatras a pararem de aceitar suas guias, se descredenciando, dr. Dennis Burns, coordenador do VigilaSUS e ex--presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, assinala que, em Brasília, os serviços estavam fechando. “Em pouco tempo não haveria mais pediatras para o atendimento”, disse. A mobilização, no entanto, levou a acor-dos favoráveis com muitas empresas. “É fundamental mostrar à população a situação da pediatria”, reforça.

Ouvindo relatos de várias filiadas, dr. Dioclécio registrou sua satisfação com o fato dos pediatras estarem ativos, terem “abandonado a passividade”, e reforçou que “o caminho das con-quistas está desenhado”. Basta de “desrespeito pelos planos de saúde! Não às operadoras que praticam preços abusivos, sim aos pacientes”, resumiu o dr. Eduardo, reforçando a aliança fundamental com as famílias.

Negociação nos estadosO presidente da SBP esteve em

Florianópolis em dezembro, onde a Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP) fez uma reunião extraordinária e decidiu apresentar à Unidas as reivin-dicações de aumento da remuneração da consulta e pagamento diferenciado do Atendimento Ambulatorial de Pueri-cultura. Dr. Milton Macedo participou, em outubro, em Goiânia, do 1º Fórum de Defesa Profissional. Dr. Dennis Burns tem apoiado os associados de Rio Verde (GO) em sua mobilização. Em Alagoas, dr. Iramirton Moreira tomou posse na presidência da filiada, em novembro, em Maceió, informando que estavam em andamento as nego-ciações com o Grupo Unidas e com a Unimed. Em Palmas, dra. Greice de Cássia Oliveira, reeleita para mais um mandato à frente da Sociedade Tocan-tinense de Pediatria, pretende “ampliar o processo de valorização da profissão iniciado em 2009”. Em Sergipe, a

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filiada luta, juntamente com a OAB e o Ministério Público, pela reabertura dos serviços de urgência pediátrica. O assunto têm mobilizado o Legislativo e afligido a população. Sobre as operado-ras, dra. Glória Tereza Lopes, presiden-te da Sociedade estadual, informa que foi fechado acordo com a Unidas e com o Bradesco e a negociação “caminha bem” com outras empresas.

No Paraná, a Sociedade de Pediatria enviou reivindicações às operadoras, e deu início, em outubro, a uma campa-nha para informar a população sobre a gravidade da situação enfrentada para a assistência à saúde da criança e do adolescente. Dr. Milton Macedo enviou, em novembro, carta à Federação das Unimeds, “cujas singulares praticam preços muito diferentes umas das ou-tras”, disse. A resposta mais positiva obtida foi em relação ao Teste do Olhi-nho, cujo pagamento de R$30,00 pelas singulares foi aprovado pela instância responsável. Em Londrina, “desde o começo de agosto os pediatras não aceitam as guias das operadoras que não praticam preços minimamente res-peitosos”, informa. Desde 2009, com a pauta unificada divulgada pela SBP, filiadas e associados têm se mobilizado para defender a melhor assistência para crianças e adolescentes e condi-ções dignas de trabalho para o pediatra. As iniciativas são as mais diversas. “Onde há mobilização começamos a ter conquistas”, assinala o dr. Eduardo. “É preciso que todos participem”, ressalta.

Puericultura na Unimed e denúncia de glosas no Rio Grande do Sul

Elogiado pelo dr. Milton durante o Fórum de São Paulo pela denúncia à Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) de glosa indevida de consultas sob alegação de que tenham sido realizadas em intervalo menor que 30 dias, dr. Marcelo Porto, presidente do Comitê de Defesa Profissional da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), informa que a entidade tem incentivado os associados, para que exijam o pagamento, remetendo

comprovante à filiada, para encami-nhamento do montante à ANS. Afinal, “as empresas não podem limitar o nú-mero de consultas às quais o paciente tem direito ou imputar ao médico ônus dessa limitação”, assina.

Quanto à Unimed, há conquistas importantes na capital. Em julho, drs. Eduardo, Dennis e o presidente da SPRS, José Paulo Ferreira, estiveram reunidos, em Porto Alegre, com o pre-sidente da singular, dr. Mário Pizatto. “Acatamos propostas justas e este é o caso da puericultura e do Proce-dimentos Padronizados em Pediatria (PPP), que significam melhoria no atendimento da população e valoriza-ção do trabalho médico”, definiu o dr. Márcio. Além disto, a “informatização do PPP gerou maior controle” e um “diferencial”, que também repercu-te na “preferência dos pacientes”, acrescentou o dirigente, avaliando que outras singulares podem seguir o exemplo. Assinalando o pagamento de 12 atendimentos de puericultura no primeiro ano de vida da criança e mais seis entre os 12 e os 24 meses, dr. José Paulo reforçou também a importância da “desburocratização” do pagamento do PPP. “Foram dois anos negociando, a partir do projeto da SBP”, disse.

Conquistas no Espírito SantoOs pediatras do Espírito Santo

tiveram muitas vitórias. Iniciado em 2009, o movimento contou com mais de 20 reuniões, debates, assembleias, passou pela notificação extrajudicial das empresas, pelo descredenciamento das que estavam mais irredutíveis e “o mais importante”, frisa o dr. Mário Ti-roni (foto), da Comissão de Honorários Médicos da Sociedade Espiritossanten-se de Pediatria (Soespe), foi “a adesão dos colegas ao movimento”. Entre os avanços, estão o fim das consultas de retorno não remuneradas, reajustes anuais nos contratos com as opera-doras, pagamento diferenciado para a puericultura, e a melhoria nos valores de remuneração mínina das consultas regulares. “Esta foi a primeira vez que

Dra. Glória Lopes, de Sergipe

Dra. Greice Oliveira, de Tocantins

Dra. Denise Bousfield, de Santa Catarina

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conseguimos resultados tão importan-tes. Considero um momento histórico”, define o ex-presidente da entidade estadual, dr. Valmin Ramos da Silva, acrescentando que a filiada também está atenta às condições de trabalho do profissional que atua no SUS.

Bons resultados - A São Bernardo Saúde está pagando R$100,00 para a puericultura e implantou o “pacote pediátrico”, que são pré-autorizações de atendimento para determinadas patologias que não são tratadas apenas com uma consulta, no modelo PPP elaborado pela Sociedade. A Unimed Vitória fechou em R$80,00 para a pue-ricultura e o valor está sendo estudado para outras singulares do estado. “Já houve um aumento de ganho médio em torno de 25% para o pediatra, comparando a situação atual com a anterior ao movimento. As condições de trabalho melhoraram significativa-mente, possibilitando um atendimento aos nossos pacientes com mais quali-dade”, comenta o dr. Valentim Sipolati, que também integra a Comissão de Honorários.

Além de outros acordos favoráveis, os pediatras capixabas foram procu-rados pelo grupo Medial Saúde, que

inicia trabalho no estado e está parti-cipando de licitações para atender fun-cionários de empresas. Nenhum pedia-tra aceitou proposta que não obedeça aos honorários indicados pela SBP e a operadora aceitou o valor de R$80,00, ressalta o dr. Tironi, comemorando a união da categoria. Acrescentando, dra Ana Maria Ramos informa que, para a manutenção do movimento, foi arrecadada contribuição mensal cor-respondente ao valor de uma consulta.

Cresce o movimento em Minas Gerais

O contato com os serviços hospita-lares de pediatria tem sido uma das principais estratégias da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP) na luta pela valorização da profissão, infor-ma o presidente, dr. Paulo Poggiali, acrescentando que a questão está entre as prioridades da diretoria e tem espaço garantido nas suas reuniões quinzenais. “Temos nos reunido com as equipes, tanto ambulatoriais, como de pronto-atendimento, em seus locais de trabalho ou na sede

da Associação Médica, em Belo Horizonte. O objetivo é avaliar suas necessidades e discutir propostas de

ação. Tentamos também sensibilizar as direções dos hospitais para as nossas reivindicações”, enfatiza o presidente da SMP.

As primeiras vitórias começaram a ocorrer. No Hospital Mater Dei, alguns convênios passaram a pagar R$80,00 e outros, como o Saúde Bradesco e os do Grupo Unidas, depois de negocia-ção com os coordenadores da equipe pediátrica, aumentaram de R$43 para R$65,00 a consulta pediátrica em pronto-socorro. “Foi fundamental o apoio da diretoria da instituição, que enviou carta para os convênios com os quais atua, tomando por base as informações que fornecemos. Imediata-mente, tivemos respostas favoráveis de oito operadoras, o que simbolicamente foi muito importante. Uma das estraté-gias utilizadas pela equipe de pediatria foi o atendimento ao paciente apenas por meio do pagamento da consulta com emissão de recibo para posterior ressarcimento no valor de R$80,00. Não houve nenhum paciente sem atendimento”, ressalta o presidente da filiada.

A “Carta de Minas”, com as reivin-dicações que incluem o pagamento da consulta no valor de R$80,00, fim das glosas definidas como “consulta de retorno” e pagamento diferencia-

Dr. Mário Tironi, do Espírito Santo

Dr. Paulo Poggiali, de Minas Gerais

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do para a puericultura, foi discutida entre a diretoria da Sociedade, repre-sentantes de 11 serviços de pediatria de Belo Horizonte e Contagem e da Cooperativa dos Médicos de Contagem (Coopercom). Em junho, o documento foi entregue à direção da Unimed-BH, durante reunião realizada com os drs. Paulo Poggiali, Raquel Pitchon, vice--presidente da SMP, e Fernando Luiz de Mendonça, secretário-geral. Entre outras iniciativas, contatos têm sido realizados com a direção da Federação das Unimeds do estado. Na capital, a singular se comprometeu com o pa-gamento do Teste do Olhinho e com a revisão dos valores de remuneração.

Disposição de luta em São PauloA maioria dos pediatras de São Paulo

“participaria, efetivamente, de amplo movimento” no estado “para buscar recuperação” dos seus honorários. Este o resultado da enquete realizada pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) através do site da entidade. Para o presidente, dr. Clóvis Constan-tino, isso comprova que “providências são urgentes” e contarão com o apoio dos associados. “Precisamos defender a profissão, até para que as próximas gerações contem com o atendimento especializado na infância e na adoles-cência”, destaca.

Com as Unimeds, a entidade iniciou negociação em 2010 que resultou em encontro dos presidentes das singu-lares, em setembro, por iniciativa da SPSP e da Federação das Unimeds do Estado, a Fesp, e que contou com a presença do dr. Milton Macedo. Na pauta, os honorários médicos de pedia-tria. O modelo atual está “falido”, pois “privilegia o gasto e não a resolução do problema”, disse o dr. Humberto Jorge Isaac, presidente da Fesp. “Esperamos que esta discussão seja o início de uma mudança a favor da pediatria e, consequentemente, do Cooperativismo de Trabalho Médico”, definiu, comple-tando: “Os pediatras somam 10% dos 21 mil médicos cooperados no estado.

Data Evento Local / Contato

Abril 9º Congresso Brasileiro Pediátrico de Ouro Preto (MG) 17 a 20 Endocrinologia e Metabologia (41)3022-1247 / [email protected] Curso Nestlé de Atualização em Pediatria Curitiba/ PR 17 a 20 (41)3022-1247 [email protected]/Jul 11º Simpósio Brasileiro de Vacinas Aracaju (SE) 29 a 02 (41)3022-1247 / [email protected] 4º Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal São Paulo (SP) 08 a 10 (41)3022-1247 / [email protected] 35º Congresso Brasileiro de Pediatria Salvador (BA) 08 a 12 8º Congresso Brasileiro de Reumatologia Pediátrica (41)3022-1247 / [email protected] 13º Congresso Brasileiro de Pneumologia PediátricaConsulte o www.sbp.com.br (Congressos e outros eventos) !

AGENDA SBP ‑ 2011

São cerca de 2.100 profissionais insa-tisfeitos em São Paulo. Passou da hora de discutirmos o assunto e fazermos alguma coisa”.

De acordo com o dr. Milton, os diri-gentes entenderam que “há pediatras saindo de cooperativas médicas, e cidades onde não se encontram pro-fissionais dispostos a fazer plantões, porque não aceitam trabalhar em condições aviltantes. E o pior é que já se diagnostica que existem Unimeds com atendimento de crianças por não pediatras. É uma minoria, mas isto é muito grave, põe em risco a saúde dos pacientes, o que não se pode tolerar. Atender às reivindicações da pediatria é garantir assistência de qualidade e prevenção, acompanhamento do cres-cimento e desenvolvimento”, resume.

No evento, foi formada uma comis-são paritária, com três membros da FESP e três da diretoria de Defesa Profissional da SPSP. Encarregada de levar adiante os estudos e nego-ciações a respeito dos honorários médicos de pediatria, segundo o dr. Claudio Barsanti, diretor de Defesa Profissional da SPSP, o grupo vem se reunindo e a “negociação está em curso”. Elecando as ações possíveis, o diretor assina o que considera fun-damental ter em mente: “toda briga tem dois pólos. Nós queremos melhor remuneração. Do outro lado não estão as famílias, os nossos pacientes e sim as operadoras”.

Dr. Marcelo Porto , do Rio Grande do Sul

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Três anos para a residência já!pediatria mudou e os conhe-cimentos necessários ao bom profissional de hoje não cabem em apenas dois anos de resi-dência. Por isto, a SBP defende

que sejam três. Esta é a proposta que a entidade levou, em setembro, ao Fórum de Revisão dos Conteúdos dos Progra-mas de Residência Médica, realizado na sede da Associação Médica de Brasília e ao I Congresso Brasileiro de Médicos Residentes em Pediatria, em outubro, no Rio de Janeiro. Apresentou também na plenária da Comissão Nacional de Resi-dência Médica (CNRM), em dezembro, na capital federal, quando, a partir de preocupações com o custo financeiro, o tema foi retirado da pauta e adiado por dois meses, para que os responsáveis façam estudos sobre o financiamento. “A Sociedade não abre mão de melhorar a qualidade da formação profissional. Os três anos são bandeira imprescin-dível, necessários para a adequação da residência ao novo perfil exigido para o exercício da pediatria. Infelizmente, às vezes esbarramos com o atraso de alguns gestores”, declara o dr. Dioclécio Campos Jr.

Para a secretária-executiva da CNRM, dra. Maria do Patrocínio Nunes, “o prin-cipal mérito da proposta é exatamente a concepção de formação em pediatria com forte conotação nos aspectos sociais e psicológicos do ser humano, indo além do tratamento das doenças, reforçando a prevenção e a promoção da saúde”. Além do mais, como a ideia da SBP é que os Programas de Residência Médica em Pediatria tenham até o final do ano de 2012 para se adequarem, de tal forma que as mudanças se iniciem em feve-reiro de 2013, dra. Maria do Patrocínio acredita que trata-se de um tempo para “estudar os impactos” e “superá-los”. Mas para a dra. Ana Cristina Zöllner, da diretoria executiva da Comissão de Residência Médica do estado de São Paulo, e presente à plenária da CNRM, a proposta é “bastante interessante, con-sistente e factível no sentido didático e

pedagógico. Foi bem estruturada, consi-derando as questões epidemiológicas e o Sistema de Saúde precisa de um pediatra com todas as informações necessárias”, ressalta.

Dr. Níveo Lemos Júnior, presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes, também participou da ple-nária da CNRM e apóia da proposta da SBP: “É para aprimorar o atendimento feito pela pediatria de uma maneira ge-ral. Só na residência se pode sair como especialista. A necessidade do terceiro ano chega como conseqüência natu-ral. Achamos importante”. Dra. Vera Bezerra, coordenadora de Residência e Estágios em Pediatria da Sociedade, lembra que “o Brasil está atrasado nesta matéria. Será o último do Cone Sul a

mais, “estarmos preparados para os desafios da medicina de crianças e adolescentes de hoje é imprescindível para a valorização profissional e para a qualidade do atendimento dos nossos pacientes”, salienta.

Dois anos “não são mais o bastante para formar um bom pediatra, com uma concepção moderna, em consonância com o mundo atual”, declara o dr. Joel Lamounier, 2º vice-presidente da Sociedade. Hoje a pediatria é “uma especialidade em ampliação, na medida em que existem novas demandas”, com inseminações dando origem a partos múltiplos, e crianças em tantas outras situações completamente diferentes do que se conhecia há alguns anos”, ressal-ta o dr. Fabio Ancona, 1º vice-presidente da Sociedade.

Avaliação e necessidadesO motivo da mudança é, na verdade,

bem simples. “A sociedade se reorgani-zou, há novos conceitos sobre a família e até mesmo uma nova inserção da crian-ça dentro da modernidade. A pediatria precisa ser revista”, resume a dra. San-dra Grisi, diretora de Ensino e Pesquisa da SBP. Em conferência realizada no I Congresso Brasileiro de Médicos Resi-dentes em Pediatria, discutiu o cenário atual: “O que as crianças brasileiras precisam?”, “Como está a formação hoje?”. Dentre as respostas, apresentou uma avaliação do Programa da USP, onde leciona. Foi feita por uma profes-sora, com os egressos da Residência nos últimos 10 anos. Um questionário foi enviado por email a 296 endereços eletrônicos localizados, obtendo 182 respostas. “Nós temos um Programa com atenção primária, secundária e terciária e um grande plano de estágio. Pois bem, 73,2% consideraram que foi adequado para sua formação profissional. Ou seja, um terço considerou que não foi suficiente! Também 99% declararam que dois anos foi tempo insuficiente para sua formação, dada a exigência da atividade profissional”, sublinha.

implementar a conquista, que também é realidade na Europa e na América do Norte. “Isto sem falar em Moçambique e Cabo Verde. No Canadá, o programa de residência médica em pediatria foi ampliado para quatro anos, levando em conta a necessidade de preparar o profissional sob a ótica dos novos co-nhecimentos de genômica”, acrescenta.

Dr. Eduardo Vaz salienta que a ideia da SBP é que o pediatra seja um pro-fissional “completo, resolutivo” e, para isso, a formação adequada aos tempos atuais inclui “uma boa base sobre saúde mental, nutrologia, adolescência, do-enças crônicas, acidentes e violência, biologia molecular, influência do meio ambiente no crescimento e no desen-volvimento. Casos específicos devem ser encaminhados para os colegas das áreas de atuação”, reforça. Além do

Dra.Sandra Grisi

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Sucesso no I Congresso de Médicos Residentes e no I Encontro das Ligas de Pediatria

I Congresso Brasileiro de Mé-dicos Residentes em Pediatria reuniu alunos e preceptores de vários estados, no Rio de Janei-ro, em outubro, quando a So-

ciedade realizou também o I Encontro Nacional das Ligas de Pediatria. “Foi um sucesso estrondoso”, avalia a dra. Vera Bezerra. O evento “homenageou o primeiro Programa de Residência em Pediatria do País, criado no Hospital dos Servidores do estado, nos anos 40, seu primeiro chefe e idealizador, dr. Luiz Torres Barbosa, e o primeiro residente de pediatria, dr. Jairo Valle, ex-presidente da Sociedade, acadêmico e que fez questão de estar presente”, assinala o presidente do Congresso, dr. Gil Simões.

“A iniciativa foi importante. As Ligas Acadêmicas têm crescido muito, mos-trado a força da pediatria”, comenta o dr. Edson Liberal, presidente da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj), emendando com uma citação de Gonza-guinha: “eu acredito é na rapaziada”. A pediatria “voltou a crescer”, salienta o dr. Fabio Ancona, frisando também o caráter pioneiro do Congresso.

Coordenado pelo dr. Moacyr Márcio Vascon-cellos, e com a partici-pação efetiva do dr. Luiz Anderson Lopes, o Encon-tro contou com 14 Ligas e uma pauta que foi da apresentação de cada uma, as princi-pais atividades que desenvolvem ao debate sobre seu financiamento e as questões institucionais envolvidas. Também esteve presente o dr. Eduardo Vaz, além de vários diretores da So-ciedade. O presidente da SBP propôs aumentar a interação das Ligas com a entidade. O objetivo é “incentivar os alunos a desenvolverem seu interesse pela pediatria, sempre respeitando a independência e liberdade das Ligas Acadêmicas”. A ideia foi bem aceita. Para Fernanda Trani, estudante do oitavo período da PUC de Sorocaba, “o apoio da SBP é importante e, esse evento, um retorno ao investimento e ao esforço dos estudantes”.

O Encontro definiu 12 pontos prio-ritários para o desenvolvimento das Ligas, dentre os quais a estrutura e definição de cargos e a definição clara

do objetivo. “Estamos idealizando com cuida-do um regimento interno para as Ligas Acadêmicas em Pediatria”, adianta a dra. Izilda Tâmega, co-ordenadora da área na da

Sociedade, avisando que o trabalho continua depois do evento. “O objetivo é incentivar e orientar estes grupos com o embasamento e a experiência da SBP. Queremos que os alunos participem e se interem das atividades da pediatria nacional”. Está ocorrendo um “boom”, diz Beatriz Andrade (foto), que cursa o 8º período de medicina pela Universi-dade Federal Fluminense e que come-çou a participar da Liga na disciplina de pediatria durante o 5º período. Não de trata de “grupo de estudos. Não é como uma especialização. A Liga segue o tripé: pesquisa, extensão e ensino”, explica. Dentre as propostas em estudo na SBP, a secretária-geral, dra. Marilene Crispino, informa que está a criação de um espaço específico para que os residentes publiquem seus artigos científicos.

Participantes dos eventos com dr. Jairo Valle

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9º Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia

Organizado pela SBP e pela Sociedade Mineira de Pediatria (SMP) com o apoio das Faculdades de Medicina das Universidades Federal de Mi-nas Gerais (UFMG), de Ouro Preto (UFOP) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Meta-bologia (SBEM), o 9º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (Cobrapem) será realizado em Ouro Preto, de 17 a 20 de abril de 2011. Segundo a presidente do evento, dra. Ivani Novato Silva, a prevenção estará no centro dos debates, com atualização de questões importantes como o aumento da obesidade e do diabetes do tipo 2. Dr. Gil Guerra Junior,

presidente do Departamento de Endocrinologia, enfa-tiza que serão aprofundados temas relacionados ao crescimento, à puberdade, genitália ambígua e o desenvolvimento infantil em geral.

A interatividade será valorizada, com organização do “Encontro com professor”, para que os palestran-tes esclareçam dúvidas, informa a dra. Ivani. Entre os convidados do exterior estão os drs. Edwin Galé, que fará palestra sobre “A história natural do diabetes tipo 1”; Steven Chernausek, que abordará “Dificul-

dades diagnósticas na baixa estatura por deficiência do GH/IGF1” e Scott Rivekees, que discutirá a “Doença de Graves”.

Dois anos de SBP CiênciaHá quase dois anos no ar, a revista eletrônica SBP Ciência

vem sendo cada vez mais visitada e agora também oferece as palestras do Programa de Educação Continuada a Distância, o que permite que sejam também acessadas pelo celular. Gratuita e centrada na prática profissional, a publicação conta com artigos, informes técnicos e diversas notícias científicas.

Possibilita também a leitura do periódico Archives of Disease in Childhood, publicado pelo grupo British Medical Journal, entre outros, assinala o dr. José Sabino, editor juntamente com os drs. Paulo César Pinho Ribeiro e Joel Lamounier. Para acessar o conteúdo da SBP Ciência é preciso ser associado, se cadastrar no portal da Sociedade e utilizar seu login e senha.

Mais dinamismo nas Palestras do Portal em 2011O Programa de Educação Continuada à Distância da SBP

começa 2011 com mais qualidade na transmissão. Agora o palestrante e as imagens que selecionou aparecem simulta-neamente, sem necessidade de que o internauta abra dois programas. A informação é da dra. Rita de Cássia Silveira, atual coordenadora do Centro de Informações Científicas. As aulas continuam a cargo dos Departamentos Científicos, são transmitidas ao vivo e os alunos podem enviar perguntas pela “caixa de diálogo”. Ficam também arquivadas na Biblioteca Virtual, onde já estão 182. Os associados têm livre acesso e podem ser usadas tanto banda larga quanto internet discada. Acesse www.sbp.com.br e participe!

PRORN chega ao Ciclo 8Desenvolvido pela SBP em parceria com a Artmed

Panamericana Editora, o Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN) chega ao Ciclo 8. Segundo o dr. Renato Procianoy, diretor acadêmico juntamente com a dra. Cléa Leone, a escolha dos temas bus-cou contemplar tanto questões inéditas, quanto a atualização de conteúdos. Como funciona – O ingresso no Ciclo 8 do PRORN pode ocorrer em qualquer momento

ao longo dos 12 meses de vigência e de qualquer lugar do país, pois os módulos são entregues em casa. A SBP outorga

certificado de 80 horas/aula aos aprovados na avaliação final de cada ciclo. O PRORN também acumula pontos para a revalidação de título de especialista. Os contatos para outras informações são: www.semcad.com.br, [email protected] e (51) 3025-2550.

Departamento Data Palestrantes

Neonatologia 25 e 26/03 Renato Procianoy

Saúde Escolar 08 e 09/04 Maria de Lourdes Fonseca VieiraCardiologia 29 e 30/04 Jorge Yussef AfiuneCuidados Hospitalares 20 e 21/05 Sulim AbramoviciEmergência

Dermatologia 17 e 18/06 Kerstin Taniguchi Abagge

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SBP EM AÇÃO / FILIADAS

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SBP e CBO se unem pela saúde visual das crianças

Teste do Olhinho

stima-se que existam hoje cerca de 1,4 milhão de crianças cegas no mundo e aproximadamente 35 mil no Brasil. Além disto, há no País outras 140 mil com

baixa visão. No entanto, de modo ge-ral, metade desses casos ocorrem por causas evitáveis, sendo 15% tratáveis e 28% preveníveis. Os dados alarmantes levaram a SBP a se unir ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e, com a ajuda da atriz Claudia Abreu, e o apoio da TV Globo, as entidades deram início a uma campanha, em outubro. Um filme foi veiculado pela emissora nacionalmente e uma Carta Aberta aos Gestores de Saúde e Legisladores Brasileiros distribuída. No centro da mensagem está a realização do Teste do

Reflexo Vermelho, também conhecido como do Olhinho. É que o exame pode detectar precocemente algumas das maiores causas de cegueira infantil na faixa etária de 0 a 5 anos – a catarata, o glaucoma congênito e o retinoblastoma (o câncer na retina).

Filme na TV e obrigatoriedade“Quando estava grávida, descobri

que, logo ao nascer, de preferência na maternidade, todo bebê deve fazer um exame muito importante: o Teste do Olhinho. Ele identifica doenças quando ainda é possível tratar e evitar que a criança fique cega. É rápido e não dói!. A gente sempre quer ter certeza que está tudo bem com nosso bebê. Teste do Olhi-nho. Não perca essa chance!”. A men-

sagem é de Claudia Abreu e tem tudo a ver com o momento atual da atriz, que teve seu terceiro filho recentemente e só então descobriu a existência do Teste. “Eu já era uma mãe experiente e ainda não sabia sobre isto, não imaginava que o exame podia detectar tantas doenças. Acho importante que toda a população tenha acesso aos testes necessários para as crianças, gratuitamente”, salienta.

Entre os objetivos da campanha está alertar a população para o fato de que, desde junho de 2010, quando o exame foi incluído no Rol 211 da ANS, o pagamento por todas as operadoras é obrigatório. Além disto, em vários estados o Teste foi instituído por lei e é realizado em maternidades públicas. O objetivo da SBP e do CBO é que haja uma norma nacional. Projeto de lei neste sentido já tramita no Congresso Nacio-nal e as entidades vão trabalhar para que seja aprovado rapidamente pelos parlamentares. Nos estados, as filiadas da Sociedade estão realizando treina-mento de pediatras para a realização do Reflexo Vermelho, com a colaboração dos especialistas do Conselho.

Parceria e exemplo“O pediatra tem papel importante na

prevenção da cegueira na criança, pois é o especialista que está mais próximo dela e pode detectar o primeiro sinal de alerta de qualquer distúrbio. Depende-mos disso para que a criança chegue ao atendimento. A Oftalmologia fica muito feliz ao fazer este trabalho em parceria com a SBP. Somos entidades com grande preocupação com a saúde ocular. Creio também que nosso trabalho conjunto serve de exemplo para outras sociedades médicas”, opina o presidente do CBO, dr. Paulo Augusto de Arruda Mello.

A opinião é compartilhada pelas coordenadoras, dras. Nicole Gianini, do grupo de Trabalho de Prevenção da Cegueira Infantil da SBP (GT), para quem o trabalho tem sido “um sucesso”. No balanço do treinamento conjunto de

Madrinha da campanha, Claudia Abreu gravou mensagem para a TV

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pediatras para o Teste do Olhinho, so-mente de outubro a dezembro de 2010, foram bem mais de 300 no País. “Temos recebido inúmeras mensagens com soli-citação de mais informações e de outros treinamentos”, informa Andréa Zin, do CBO e também integrante do GT da SBP. “Vamos fortalecer nossa parceria, com mais cursos em 2011”, diz.

“Dar à luz! Nascer e viver com digni-dade é direito de todos e dever de quem é investido da função de promover a saúde em toda a sua dimensão. Esse o objetivo maior do movimento que a SBP e o CBO, em parceria efetiva e entusiástica, vêm desenvolvendo em todo o Brasil”, comen-ta a dra. Rachel Niskier, coordenadoras de campanhas da Sociedade. O trabalho “é permanente”, define.

Treinamento nos estadosA maioria das aulas ocorreu em ou-

tubro, comemorando o Dia Mundial da Visão. No Rio de Janeiro, dra. Viviane Lanzelottte, do Comitê de Atenção Inte-gral ao Desenvolvimento e Reabilitação da Sociedade de Pediatria do Estado, a Soperj, fez o treinamento juntamente com oftalmologista José Eduardo da Silva. “A aula teórica foi sobre a avalia-ção geral da criança nas várias fases de desenvolvimento, o Teste do Olhinho e também sobre a catarata congênita. Para a parte prática, os pediatras levaram seu oftalmoscópio e treinamos uns nos outros”, informa. No estado, o Reflexo foi instituído por lei em 2002.

Em Belo Horizonte (MG), a filia-da reuniu 90 pediatras. O curso foi ministrado pelos oftalmologistas Luiz Carlos Molinari, vice-presidente do Departamento de Oftalmologia da Asso-ciação Médica do estado e Galton Vasconcelos, presidente do Centro Brasileiro de Estrabis-mo, ambos professores da Faculdade de Medi-cina da Universidade Federal, a UFMG. As atividades ocorrem con-tinuadamente no estado e desde 2008 contam com apoio da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP).

Em São Paulo, a So-ciedade de Pediatria, a SPSP, tem um De-partamento Científico de Oftalmologia (DC) desde 2006. Em outubro, as aulas teóricas da capital foram dadas pelas dras. Rosa Graziano e Célia Nakanami, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, filiada do CBO. Outros oito oftalmologistas participaram da atividade prática. Dra. Nilva Moraes, presidente do DC, ministrou o curso em São Bernardo do Campo. O Teste é lei estadual e “o trabalho é feito frequen-temente nas maternidades públicas, mas sempre há gente nova chegando”, lembra a dra. Célia.

Em Rio Branco (AC), de acordo com a presidente da Sociedade Acreana, dra. Teresa Cristina Maia dos Santos, foi re-alizada uma palestra pela dra. Simone da Cruz Chaves. Participaram residentes de pediatria, internos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal e pediatras do Serviço de Assistência à Saúde da Mulher e da Criança.

Em Vitória (ES), o presidente da So-ciedade Espiritossantense de Pediatria, dr. Valmim Ramos da Silva informou que o curso ocorreu, com a presença de profissionais da capital e do interior. Antes, em 2008 e 2009, a capacitação já tinha ocorrido em maternidades pú-

blicas e particulares. Em Aracaju (SE), segundo a dra. Glória Tereza Lopes, presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria, a oftalmologista Doroty Resende Lima também abordou temas

como retinopatia da prematuridade e síndromes infecciosas.

Em Fortaleza (CE), o treinamento ocorreu no Hospital Geral da capital, ministrado pela oftalmologista Islene Verçosa. Em Maceió (AL), foi a vez da oftalmologista Villene Cavalcante de Araújo. Também foi realizado em Macapá (AP), onde os pediatras as-sistiram às aulas da dra. Mayra Takata Tongu; em Campo Grande (MS), como informou o presidente da filiada, dr. Alberto Cubel Jr.; em Cuiabá (MT), com participação dos oftalmologistas Celso Marcelo Cunha e Maurício Donatti; e em Goiânia (GO).

A filiada de Tocantins escolheu no-vembro, e realizou treinamento para o Teste do Olhinho. A aula ministrada pela oftalmologista e professora da Universi-dade Federal de Tocantins, dra. Núbia Maia, contou com a participação da oftalmopediatra, dra. Cintia Mendonça e foi um “sucesso”, segundo a presidente da Sociedade, dra. Greice Oliveira. “Já estamos programando um novo curso”, adianta. No Paraná, a capacitação de pediatras para o Teste do Olhinho é feita periodicamente.

Da esq. para a dir., o oftalmologista José Eduardo da Silva, Viviane Lanzelotte, da Soperj, Nicole Gianini (Grupo de Trabalho Prevenção da Cegueira Infantil da SBP), Rachel Niskier (coordenadora de campanhas da Sociedade) e Andréa Zin (CBO e GT da SBP)

Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello, presidente do CBO

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Senado aprova projeto que amplia rede de creches e

pré‑escolas no BrasilO Senado aprovou, em novembro, o projeto de lei (PLS

698/07), que cria o Programa Nacional de Educação Infantil (Pronei). A proposta, da SBP e da senadora Patrícia Saboya, visa expandir rapidamente a rede de creches e pré-escolas gratuitas, de qualidade e em tempo integral, beneficiando a população de baixa renda. Serão utilizados recursos do FGTS e do Fundeb (o fundo da educação básica) e a sociedade civil será esti-mulada a participar. A aprovação, por unanimi-dade, ocorreu na Comissão de Educação (CE), sob presidência da senadora Fátima Cleide, seguindo diretamente para análise da Câmara dos Deputados. Antes, o PL já passara pelas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Assuntos Sociais (CAS).

Comemorando o quórum e o resultado, o diretor de assun-tos parlamentares da SBP, dr. Dioclécio Campos Jr., elogiou o trabalho da senadora Patrícia e também de lideranças de vários estados que compareceram à votação, reconhecendo “a prioridade e a amplitude da educação infantil”. O relatório da senadora Rosalba Ciarlini, favorável, foi apresentado pelo senador José Nery. “Esperamos que, em 2011, os novos de-putados consagrem definitivamente esta importante conquista das crianças brasileiras”, salientou o dr. Eduardo Vaz, presi-dente da SBP. Confiante, a senadora Patrícia Saboya lembrou que “o Pronei vai auxiliar a presidente eleita, Dilma Roussef, que afirmou querer expandir a rede de creches no Brasil”.

Secretaria da Criança do Distrito Federal, uma

iniciativa pioneira“Vamos começar ampliando a discussão sobre a prioriza-

ção do ciclo mais importante para a formação da cidadania plena nas políticas de governo, com a articulação das estra-tégias em uma estrutura voltada para a faixa etária. Iremos aos poderes legislativo e judiciário e principalmente à po-

pulação, de maneira que o compromisso com a infância ga-nhe sustentação e irreversibilidade”, disse o dr. Dioclé-cio Campos Jr., ex--presidente e atual diretor de Assuntos Parlamentares da

SBP, que assumiu, em janeiro, a Secretaria da Criança – ini-ciativa pioneira do governador do Distrito Federal, o médico Agnello Queiroz. Dr. Dioclécio elegeu algumas prioridades imediatas, que incluem a criação do piloto do projeto das unidades promotoras da infância que pretende disseminar pelo DF. “Pretendemos que sejam instituições de educação modelo, que promovam os direitos das crianças de até seis anos. Nos dedicaremos a capacitar pessoal, investiremos na qualidade”, informou. Além disso, o secretário planeja um simpósio para aprofundar a questão da primeira infância, reunindo profissionais e experiências bem sucedidas de vários países.

Mais de 10 mil empresas já adotam a licença de seis mesesDe janeiro a novembro de 2010, 10.518 em-

presas de médio e grande porte já aderiram ao Empresa Cidadã, segundo informação da Receita Federal solicitada pela senadora Patrícia Saboya.

Entre as mais recentes e por sugestão da SBP, estão a Danone, da área alimentícia e a Novartis, da área farmacêutica. A Novartis adotou o Progra-ma em julho e das 15 funcionárias que entraram de licença, 14 optaram pelos 180 dias.

Sancionada pelo Presidente da República em 2008, a lei 11.770/08 – fruto de proposta da So-ciedade e da senadora Patrícia Saboya –, amplia a licença-maternidade de forma opcional para as mulheres e para as empresas. Podem se beneficiar, desde o começo de 2010, quando foi publicada a instrução normativa da Receita, as empresas privadas que fazem decla-

ração pelo lucro real. O abatimento dos dois meses adicionais (além dos quatro estabelecidos pela Constituição) é total. A licença de seis meses está presente em inúmeras campanhas salariais e, no setor público, já beneficia o funcionalismo federal desde dezembro de 2008 e é realidade em 22 esta-dos, no Distrito Federal e cerca de 150 prefeituras.

No Congresso Nacional, tramitam duas Propos-tas de Emenda à Constituição (PECs), com obje-tivo de tornar o benefício obrigatório para todas as mulheres, sendo uma de origem no Senado e outra na Câmara. “Ambas são fruto da campanha Seis meses é melhor! e, se aprovadas, corrigirão a exclusão das micro e pequenas empresas da

Lei 11.770, que ocorreu por pressão da equipe econômica na época”, lembra o dr. Dioclécio Campos Jr.

Cristiano Soares

Lilia Norberto Silva, da Danone

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Filhos – de 2 a 10 anos de idade

Como escolher uma boa creche ou pré-escola? Quais são os cuidados indicados para contratar uma babá? Que habilidades são carac-terísticas da criança entre os 2 e os 10 anos? Como cuidar dos olhos, ouvidos, da pele, da primeira dentição, fazer uma boa educação alimentar e saber se a criança está cres-cendo normalmente? Essas e outras dúvidas dos pais são respondidas pela SBP, no li-vro Filhos – de 2 a 10 anos de idade, a ser lançado em fevereiro, com a editora Ma-nole (208 pgs.) e que poderá ser encontrado nas principais livrarias do País e também pela internet. A obra dá sequência a Filhos – da gravidez aos 2 anos de idade, um grande sucesso desde outubro de 2009, e será sucedida, ainda em 2011, pelo terceiro trabalho da série, que abordará os temas da ado-lescência. “Estamos cumprindo com o compromisso da entidade de orientar as famílias em todas as fases”, salienta o presi-dente, dr. Eduardo da Silva Vaz.

“O intuito maior é oferecer às famílias, em linguagem apropriada, a orientação de que necessitam para prover condições seguras para o crescimento e o desenvolvimento físico e mental de suas crianças”, enfatiza o dr. Fabio Ancona Lopez, coordenador do projeto, juntamente com o dr. Dioc-lécio Campos Júnior. Foi escrito a partir dos Departamentos Científicos da entidade, com 20 autores diretos, e representa o consenso entre os médicos de crianças e adolescentes no Brasil. Trata-se da primeira publicação do gênero, voltada não apenas às mães, mas também aos pais. Promove a saúde de maneira bem didática, com ícones, ilustrações, quadros e informações cientificamente atualizadas.

O livro acalma as famílias, ajudando-as a diferenciar os momentos de levar seus filhos ao pediatra. Além dos assun-tos tradicionais, como o calendário de vacinas recomendadas para cada idade, aborda temas como saúde ambiental, com-

portamento, bullying, lazer, brincadeiras e brinquedos mais indicados para cada faixa etária e destina parte do texto às crianças portadoras de necessidades especiais, informando sobre sua inclu-são social – “que começa na família” – e os principais cui-dados necessários. Responde questões da vida moderna, como: “Devo controlar o uso da televisão?” e “Como lidar com o uso do computador e de jogos eletrônicos?”. Orienta sobre legislação, traz “alertas de segurança”, curiosidades e indicação de bibliografia complementar, que inclui outros livros e sites confiáveis.

Creches – No atual contexto social e econômico, “a creche desponta como a opção mais compatível em termos de saúde, educação e segurança. Possi-bilita o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social

da criança, ou seja, um desenvolvi-mento integral”, explicita o livro para, em seguida, auxiliar os pais, detalhadamente, nessa decisiva escolha. O lançamento de Fi-lhos de 2 a 10 anos de idade coincide com momento em que o Se-nado aprovou a proposta elaborada pela SBP em parceria com a senadora Patrícia Saboya (projeto de lei 698/07) para a rápida ampliação da rede de creches e pré-escolas de qualidade e em tempo integral no País. Os sites de contato para adquirir o livro são: www.sbp.combr e www.manole.com.br.

As respostas de 36 mil pediatras às dúvidas mais frequentes das mães e dos pais

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