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Prática de Ensino Supervisionada em Ensino de Educação Musical no Ensino Básico Pedro Augusto Delgado João Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Educação de Bragança para a obtenção do Grau de Mestre em Ensino de Educação Musical no Ensino Básico Orientado por Professor Doutor João Cristiano Rodrigues Cunha Bragança, Junho de 2014

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Prática de Ensino Supervisionada em Ensino

de Educação Musical no Ensino Básico

Pedro Augusto Delgado João

Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Educação de Bragança para a obtenção

do Grau de Mestre em Ensino de Educação Musical no Ensino Básico

Orientado por

Professor Doutor João Cristiano Rodrigues Cunha

Bragança,

Junho de 2014

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Aos meus Pais

Nascimento e Brizida

À minha Irmã

Rosa

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iv

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Professor Doutor João Cristiano Rodrigues Cunha, pela sua

dedicação, orientação, motivação, companheirismo e sabedoria com que me acompanhou

nesta caminhada.

Aos Professores Artur Fernandes, Chéu Líbano e Natália Lourenço - Professores titulares

das turmas onde realizei a PES -, pela partilha e saber.

Ao Conservatório de Música de Bragança e à Diretora Mariana Sampaio, pelo apoio na

realização da PES no 1º Ciclo.

Aos Agrupamentos de Escolas Paulo Quintela e Augusto Moreno, pelo apoio na

realização da PES de 2º e 3º Ciclos.

Aos alunos das turmas envolvidas na PES: 4º Grau de Iniciação, 5ºH e do 7ºA. Foi um

orgulho lecionar Música/Educação Musical.

À minha família, pela dedicação, carinho e fraternidade.

Á Odete pela paciência e carinho.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo geral relatar as experiências de

Ensino/Aprendizagem desenvolvidas no âmbito da Prática do Ensino Supervisionada

(PES), do Curso de Mestrado em Ensino da Educação Musical no Ensino Básico,

ministrado pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança.

Para além da análise cuidada das ‘Orientações Curriculares’ para o ensino da

Música/Educação Musical, são apresentadas planificações das aulas lecionadas, bem

como reflexões fundamentadas das mesmas, tendo por base uma abordagem

metodológica de investigação-ação. Paralelamente, dada a componente de investigação

inerente ao presente relatório, é focada a importância do ritmo (tendo por base o corpo

humano) no Ensino/Aprendizagem em Música/Educação Musical. Nesse sentido,

valorizando a importância do ritmo/corpo em contextos pedagógico-musicais, são

descritas experiências de Ensino/Aprendizagem em Música/Educação Musical no Ensino

Básico Português, devidamente sustentadas em literatura científico-pedagógica alusiva às

abordagens musicais ativas, nas quais o corpo humano é uma ferramenta indispensável à

perceção e vivência do ritmo e, por conseguinte, do desenvolvimento musical do ser

humano.

Palavras-Chave: Ensino Básico; Ensino/Aprendizagem em Música/Educação Musical;

Ritmo e corpo em Música/Educação Musical.

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ABSTRACT

This work has as main objective to describe the experiences of Teaching/Learning

developed under the Supervised Teaching Practice (PES) of the Master in Teaching Basic

Music Education, taught by the School of Education, Polytechnic Institute of Bragança.

Apart from careful analysis of the 'Curriculum Guidelines' for Music/Music Education

Teaching, lesson plans are presented and also discussed based on a methodological

approach of action research. In addition, this report focus the importance of rhythm (based

on the human body) in Teaching /Learning processes in Music/Music Education. In this

sense, highlighting the relevance of the rhythm/body in Music Education, pedagogical

experiences are presented and discussed, duly supported in scientific and pedagogical

literature alluding to the active musical approaches, in which the body is described as a

prerequisite for human perception and experience of rhythm and therefore essential for

musical development of human beings.

Keywords: formal education; Teaching / Learning in Music / Music Education; Rhythm

and Body in Music / Music Education.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AEC - Atividades do Enriquecimento Curricular

CNEB - Currículo Nacional do Ensino Básico

CRSE - Comissão de Reforma do Sistema Educativo

EB - Ensino Básico

EM - Educação Musical

LBSE - Lei de Bases do Sistema Educativo

PES - Prática do Ensino Supervisionada

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ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………. 14

CAPÍTULO I – COMPONENTE TEÓRICO-CONCEPTUAL

1. Música/Educação Musical em Portugal …………………………………………..

17

1.1. Breve História e Evolução do Ensino da Música/Educação Musical …………..

17

1.2. Música/Educação Musical e Currículo Nacional do Ensino Básico …………..

20

1.2.1. Princípios e Orientadores Educativos ……………………………………….

21

1.2.2. Competências Artístico-Musicais …………………………………………

22

1.2.3. Organizadores de Ensino/Aprendizagem ………………………………….

23

1.2.4. Orientações Curriculares e Programa ………………………………………… 24

2. Abordagens Pedagógico-Musicais Ativas do Século XX ………………………

26

2.1. A importância do ritmo no processo ensino/aprendizagem em Educação

Musical ………………………………………………………………………..

33

2.2. Corpo e desenvolvimento musical ……………………………………………... 36

CAPÍTULO II – METODOLOGIA

1. Problemática e objetivos gerais ………………………………………………… 41

2. Modelo de investigação-ação ……………………………………………………

42

3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados …………………………………….

44

3.1. Observação participante ……………………………………………………….

44

3.2. Notas de campo e self report ................................................................................

44

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CAPÍTULO III – COMPONENTE EMPÍRICA

1. Prática de Ensino Supervisionaria no 1º ciclo do Ensino Básico ……………….. 47

1.1. Contextualização do Meio Escolar ……………………………………………... 47

1.1.1. Caraterização do Meio ……………………………………………………….

47

1.1.2. Caraterização da Escola ……………………………………………………….

47

1.1.3. Caraterização dos materiais da Sala de Aula ………………………………….

48

1.1.4. Caraterização da Turma ……………………………………………………….

48

1.2. Descrição e reflexão de experiências de Ensino/Aprendizagem ……………….. 49

2. Prática de Ensino Supervisionaria no 2º ciclo do Ensino Básico ……………….. 54

2.1. Contextualização do Meio Escolar ……………………………………………. 54

2.1.1. Caraterização do Meio ……………………………………………………….

54

2.1.2. Caraterização da Escola ……………………………………………………….

54

2.1.3. Caraterização dos materiais da Sala de Aula ………………………………….

55

2.1.4. Caraterização da Turma ……………………………………………………….

55

2.2. Descrição e reflexão fundamentada de experiências de Ensino/Aprendizagem 56

3. Prática de Ensino Supervisionaria no 3º ciclo do Ensino Básico ………………… 61

3.1. Contextualização do Meio Escolar …………………………………………… 61

3.1.1. Caraterização do Meio ……………………………………………………….

61

3.1.2. Caraterização da Escola ……………………………………………………..

61

3.1.3. Caraterização dos materiais da Sala de Aula ………………………………….

62

3.1.4. Caraterização da Turma ……………………………………………………….

62

3.2. Descrição e reflexão fundamentada de experiências de Ensino/Aprendizagem 63

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x

CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………………………………

69

BIBLIOGRAFIA …………………………………………………………………... 72

ANEXOS ……………………………………………………………………………. 78

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xi

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: “Organizadores de Competências” ………………………………………

23

Figura 2: “Modelo de investigação-ação” …………………………………………

42

Figura 3: “Vista parcial exterior do Conservatório de Bragança”………………….

47

Figura 4: “Alunos do 1º ciclo a tocar instrumental Orff”…………………….........

51

Figura 5: “Atividade com balões”………………………………………………….

52

Figura 6: “Vista parcial da Escola E.B. 2.3 Paulo Quintela”……………………….

53

Figura 7: “Exercícios de imitação rítmico-corporal”………………………………

56

Figura 8: “Movimentos corporais rítmicos” …………………………………........

57

Figura 9: “Entrada principal da Escola E.B. 1, 2, 3 Augusto Moreno”…………….

60

Figura 10: “Improvisações musicais com base em estímulos visuais”…………….

65

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xii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: “Canções trabalhadas na PES de 1º Ciclo”…………………………….. 48

Tabela 2: “Canções trabalhadas na PES de 3º Ciclo”……………………………..

66

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1: “Exemplo de Planificação do 2º Ciclo…………………………………

79

Anexo 2: “Self Report”………………………………………………………….

82

Anexo 3: “Programa Inicial Musical”………………………………………….

83

Anexo 4: “Canções do 1º Ciclo”…………………………………………………

85

Anexo 5: “Orientações Programáticas do 2º Ciclo”…………………………….

89

Anexo 6: Canção “Kaze Neza”…………………………………………………..

93

Anexo 7: “Cartões Ilustrados”……………………………………………………

94

Anexo 8: Peça “ Contacto II”…………………………………………………….

100

Anexo 9: “Instrumental Orff”……………………………………………………

101

Anexo 10: “Partituras Trabalhadas no 2º Ciclo”………………………………..

102

Anexo 11: “Orientação Programáticas do 3º Ciclo”…………………………….

105

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma componente da Unidade Curricular de Prática do Ensino

Supervisionada (PES), integrada no plano de estudos do Curso de Mestrado em Ensino

de Educação Musical no Ensino Básico, ministrado pela Escola Superior de Educação do

Instituto Politécnico de Bragança. Neste quadro, procura relatar o percurso e desempenho

realizados ao longo da Prática do Ensino Supervisionada em Educação Musical,

desenvolvida no 1º, 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico.

A importância que a Música representa para o desenvolvimento holístico do ser humano

tem implicado, desde há muito, diferentes preocupações, destacando-se, no contexto do

presente documento, questões relacionadas com o seu Ensino/Aprendizagem em contexto

específico de Música/Educação Musical no Ensino Básico Português.

A partir do século XX, um fervilhar de novos conhecimentos científico-pedagógicos

redefiniu a forma como se passou a encarar o desenvolvimento (cognitivo, afetivo,

biológico e social) do ser humano. Neste contexto, a Música/Educação Musical progrediu

com base em trabalhos de diferentes pedagogos musicais, que desenvolveram abordagens

ativas e, de algum modo, revolucionaram o Ensino/Aprendizagem da Música/Educação

Musical. Com base nestes pressupostos, surgiu a ideia que esteve na base da

‘problemática’ do presente trabalho de investigação-ação: A importância do ritmo e do

movimento corporal na aprendizagem musical. A esta aprendizagem, estão inerentes

princípios de que o corpo em movimento potencia a vivência, a expressão e a

comunicação musical, permitindo, aos alunos, desenvolverem a sua sensibilidade

artístico-musical.

Em termos organizacionais, este relatório encontra-se dividido em duas componentes -

‘Componente Teórico-Conceptual’ (capítulos I e II) e ‘Componente Empírica (Capítulo

III), concluindo com as ‘Considerações Finais’ consideradas pertinentes. No primeiro

capítulo é focada uma breve história e evolução do Ensino da Música em Portugal,

remetendo, num segundo ponto, para as orientações atuais do Ministério da Educação

para esta área curricular disciplinar no Ensino Básico. No sentido de enquadrar

epistemologicamente o trabalho, o primeiro capítulo foca, ainda, as abordagens

pedagógico-musicais ativas do século XX, recorrendo à revisão de literatura de

referência, a partir da qual pode fundamentar-se a questão da importância do ritmo e do

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corpo em processos de Ensino/Aprendizagem e, consequentemente, no desenvolvimento

musical do ser humano.

No capítulo dois é apresentada e descrita, de forma sucinta, a abordagem metodológica

adotada no desenvolvimento de todo o trabalho da PES, o qual inclui o presente relatório.

O terceiro capítulo corresponde à componente empírica, sendo nele descrita a atividade

pedagógica desenvolvida no decurso de toda a PES, bem como apresentadas reflexões

fundamentadas da referida importância do ritmo e do corpo no processo de

Ensino/Aprendizagem e no desenvolvimento musical do ser humano.

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CAPÍTULO I – COMPONENTE TEÓRICO-CONCEPTUAL

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1. Música/Educação Musical em Portugal

1.1. Breve História e Evolução do Ensino da Música/Educação Musical em Portugal

Entre avanços e recuos, a evolução do ensino da Música em Portugal foi sempre marcado

por tendências que influenciaram e influenciam práticas musicais. Ao longo do tempo, a

Música e o seu ensino nem sempre foram reconhecidos e valorizados. Como afirma

Fernandes (2007:41), “a grande confusão que no dizer de vários intervenientes, se tem

vivido no âmbito do ensino artístico especializado, não foi resolvida pelo Decreto-Lei nº

310/83. Na verdade, e segundo a opinião de alguns participantes neste estudo, ela ter-se-

á mesmo agravado”.

No quadro do presente relatório, impera a necessidade de apresentar uma caraterização

sumária da história e evolução do ensino da Música em Portugal.

De acordo com Branco (1987), desde a fundação do reino, até ao século XVIII, o ensino

da música esteve, em Portugal, a cargo da Igreja. Em 1290, o Rei D. Dinis oficializou o

Estudo Geral de Lisboa, onde surgiu a primeira Universidade do reino, na qual se incluiu

o ensino da Música. Ao longo do século XVI surgiram, nas ‘Sés’, as primeiras

organizações para o ensino da Música em Portugal, destacando-se, entre outras, a Escola

de Música da Sé de Évora.

Em 1835, foi criado, em Lisboa, um Conservatório para formação de músicos

profissionais, que substituiu o Seminário da Patriarcal (extinto em 1834). Como refere

Branco (1987:23), no final do século XIX, este Conservatório (Real de Lisboa) foi alvo

de uma reforma oficializada pelos “Decretos de 13 de Janeiro de 1898 e de 28 de Julho

de 1898”. Assim, a reforma do Conservatório de Lisboa de 1919 e os nomes de José Viana

da Mota e Luís de Freitas Branco passaram a ser referência no panorama musical

Português. Durante cerca de quarenta anos, foram criados projetos de reforma para a

educação que nunca chegaram a ser aprovados. Na opinião de Saraiva (1998), desde o

início da ditadura militar que não havia memória de uma reforma no ensino artístico no

Conservatório Nacional, com aspetos tão retrógrados que marcaram o regresso às ideias

de Luís de Freitas Branco e José Viana da Mota aquando da criação do Conservatório

Nacional de Música, em 1919.

Numa outra vertente, deve destacar-se a Fundação Calouste Gulbenkian (1956) que, a

partir de 1956, se revela como instituição de relevância do panorama do ensino da Música

em Portugal. Com o apoio de Manuela Perdigão, a Fundação promoveu uma série de

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cursos, de cariz musical, que se basearam em três áreas complementares: Formação de

Professores; Iniciação musical para crianças entre os 5-10 anos e esclarecimento do

público em geral.

Alguns anos mais tarde, em 1966, foi elaborado, pelos professores do Conservatório

Nacional, sendo Ivo Cruz o seu diretor, um projeto de reforma do ensino, tendo sido o

terceiro projeto apresentado num período de 33 anos (de 1938 a 1971) (Tevez, 2012).

No que respeita à política educativa, uma das grandes inovações introduzidas em Portugal

na segunda metade da década de sessenta, refere-se à possibilidade do “ (…) Ministro da

Educação Nacional determinar ou autorizar a realização de experiências pedagógicas em

estabelecimentos de ensino público dependentes do respetivo Ministério” (Decreto-Lei

n.º 47587: art. 1.º), algo que vai ser aproveitado a partir de 1971 como forma de

experimentar, e mesmo antecipar, as reformas projetadas no domínio da reforma global

do sistema escolar Português.

No final do ano letivo de 1970/71, o Conservatório Nacional é colocado em regime de

experiência pedagógica sob orientação de Madalena Perdigão. Este regime de experiência

pedagógica, prolongou-se até depois da publicação do Decreto nº 310/83, de 1 de Julho,

o qual introduziu a integração do ensino vocacional da Música e da Dança ao nível do

Ensino Básico1.

Em 1986, a Lei de Bases do Sistema Educativo2 (Lei nº 46/86 de 14 de Outubro)

implementa a Educação Artística. Assim, todos os currículos (Pré-Escolar, Ensino Básico

e Secundário, Ensino Especial e Ensino Superior) passam a integrar áreas disciplinares

com o objetivo de desenvolver “(…) capacidades de expressão e comunicação;

desenvolver a criatividade; desenvolver a expressão estética; promover a educação

artística de modo a sensibilizar para a atividade lúdica LBSE” (artigos 5º e 7º da LBSE).

Estruturado na LBSE (artigos 8.º e 10.º), a reorganização curricular proposta vai integrar,

da Educação Pré-Escolar ao Ensino Secundário, componentes de formação artística. A

Comissão de Reforma do Sistema Educativo (CRSE, 1988) refere que ao nível do 1.º

ciclo do Ensino Básico visa-se, entre outros objetivos, “(...) a iniciação e progressivo

domínio das expressões plástica, dramática, musical e motora” (CRSE, 1988: 102). No

2.º Ciclo do Ensino Básico, este documento prevê uma área interdisciplinar de Educação

Artística e de iniciação técnica constituída por duas componentes: Educação Visual e

1 Doravante designado por EB. 2 Doravante designado por LBSE.

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Manual e Educação Musical. A organização destas componentes, neste nível de ensino

está “(...) assente em áreas interdisciplinares na base de um professor por área” (CRSE,

1988: 103). No 3.º ciclo do Ensino Básico, prevê-se a existência de uma área de opção,

na qual se encontra a Educação Musical. No Ensino Secundário, a proposta apresenta

áreas de formação artística ao nível da formação específica e ao nível da formação técnica

e profissionalizante.

Para que a lecionação destas áreas venha a efetivar-se, surgem a partir de 1986,

instituições de formação e especialização de professores, designadas Escolas Superiores

de Educação, uma delas é Escola Superior de Música de Viana do Castelo que foi a

pioneira, representando uma vontade política de mudança. Na área específica da

Música/Educação Musical, de acordo com Mota (2008), o aparecimento das Escolas

Superiores de Educação foi um marco histórico no que concerne à mudança da qualidade

do ensino da Educação Musical no nosso país.

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1.2. Música/Educação Musical e Currículo Nacional do Ensino Básico em Portugal

De acordo com a LBSE (Lei 46/86, de 14 de Outubro), o sistema educativo compreende

a Educação Pré-escolar, a Educação Escolar e a Educação Extraescolar. No que concerne

à Educação Escolar, encontra-se dividida, no EB, em três ciclos de Ensino: o 1º Ciclo, o

2º Ciclo e o 3º Ciclo. Neste enquadramento, o ‘Currículo Nacional do Ensino Básico’3

abrange uma série de conceitos, princípios, perspetivas e “competências”4. Seguidamente

serão descritos os aspetos mais importantes para o desenvolvimento do processo de

Ensino/Aprendizagem.

No 1.º Ciclo do Ensino Básico, a Educação Musical encontra-se integrada na área artística

Expressão e Educação Artística, sendo lecionada pelo professor titular da turma em

componente letiva, complementada com Atividades de Enriquecimento Curricular5, as

quais são reguladas pelas autarquias ou instituições como Academias ou Conservatórios

de Música. Neste Ciclo de Ensino, não existe o caráter de obrigatoriedade das AEC, pelo

que a Educação Musical6 na minha perspetiva, pode não ser uma realidade para um

elevado número de alunos.

No 2.º Ciclo do EB, a carga horária atribuída à EM pode chegar aos 3 tempos letivos (90

minutos + 45 minutos). Na verdade, verifica-se que, maioritariamente, as escolas apenas

concedem 90 minutos semanais à EM, sendo este o único momento de obrigatoriedade

da EM de toda a população Portuguesa escolarizada.

No 3.º Ciclo do EB, a disciplina assume a designação de Música e aparece como

facultativa no 7.º e 8.º ano, sendo a carga horária dividida com a disciplina de Educação

Tecnológica. Por conseguinte, pode surgir como disciplina semestral, com 90 minutos

semanais, ou anual, com 45 minutos semanais. No 9º ano, mantem-se facultativa, dispõem

de uma carga semanal de 3 tempos letivos (90 minutos + 45 minutos), sendo da

competência do aluno a escolha de apenas uma disciplina entre todas as ofertas de escola

no domínio tecnológico e artístico. Neste ciclo de Ensino, a disciplina de Música

encontra-se também condicionada pela disponibilidade de materiais, espaço físico e

3 Doravante designado por CNEB. 4 De acordo com o CNEB, o termo “competência” abarca, numa perspetiva ampla, conhecimentos, atitudes

e capacidades. (Ministério da Educação, 2001) 5 Doravante designado por AEC. 6 Doravante designado por EM.

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21

docentes habilitados. O decreto-lei nº 209/2002 refere que as escolas podem lecionar a

área da Música, caso existam professores para a sua docência.

1.2.1. Princípios e Orientadores Educativos

No quadro atual da EM em Portugal, deve destacar-se que no EB, “As artes são elementos

fundamentais para o desenvolvimento da expressão social, cultural e pessoal para o aluno,

cujas formas interligam imaginação, emoção e razão” (ME- DEB, 2001: 149).

Tendo o CNEB como referência, a Educação Artística no EB desenvolve-se com base em

quatro grandes áreas artísticas presentes ao longo dos três ciclos do EB: Expressão e

Educação Musical; Expressão Dramática/Teatro; Expressão Plástica e Educação Visual

e Expressão Físico-motora/Dança.

Como precedentemente referido, a EM é abordada no 1.º Ciclo do EB de forma integrada

nas quatro áreas do Ensino Artístico, sob responsabilidade do docente titular da turma,

e/ou de forma complementar, ao nível das AEC, por um professor especializado na área

da EM. No 2.º Ciclo do EB, a disciplina da EM é de carácter obrigatório, sendo abordada

de forma mais profunda, sequencial e organizada, por um professor especialista e

profissionalizado. No 3.º Ciclo do EB, assumindo a denominação de Música, a disciplina

surge como opcional, num leque de escolhas variável de escola para escola.

A EM é parte integrante no CNEB, no sentido de contribuir para o desenvolvimento das

Competências Gerais que este pressupõe.

Das linhas orientadoras que se encontram no CNBE, visando o desenvolvimento das

referidas competências, por parte do aluno, devem destacar-se, no âmbito do presente

relatório e das práticas pedagógicas que estão na sua base:

Usa como recurso elementos da vivência natural do ser humano (imagens, sons e

movimentos) que ele organiza de forma criativa; Proporciona ao indivíduo, através do

processo criativo, a oportunidade para desenvolver a sua personalidade de forma autónoma

e crítica, numa permanente interação com o mundo; É um território de prazer, um espaço de

liberdade, de vivência lúdica, capaz de proporcionar a afirmação do indivíduo reforçando a

sua autoestima e a sua coerência interna, fundamentalmente pela capacidade de realização e

consequente reconhecimento pelos seus pares e restante comunidade; Constitui um terreno

de partilha de sentimentos, emoções e conhecimentos. (Ministério da Educação, 2001:150)

De acordo com o CNEB, durante o EB o aluno deve ter a oportunidade de vivenciar

aprendizagens diversificadas para o seu desenvolvimento global, ao qual se encontra

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22

subjacente o desenvolvimento/aquisição de competências. Para desenvolver

aprendizagens e adquirir competências, devem ser proporcionadas, ao aluno, vivências

relativas a práticas de investigação, participação e realização artísticas, oportunidades de

trabalho com tecnologias de informação e comunicação, contato com espetáculos de

natureza e orientações estéticas diversificadas, execução de práticas interdisciplinares,

contacto com diferentes tipos de culturas artísticas, práticas de conhecimento do

património artístico nacional, realização de intercâmbios escolares e exploração

diferentes formas e técnicas de criação e comunicação artística (ME, 2001).

1.2.2. Competências Artístico-Musicais

As competências Artístico-Musicais são desenvolvidas através dos mais diversificados

processos, promovendo práticas artísticas diferenciadas e apropriadas aos diferentes

contextos socias/culturais onde decorre a ação educativa, no sentido de promover a

construção e o desenvolvimento da “Literacia Musical”7 do aluno. Estas competências

encontram-se organizadas em nove grandes dimensões:

(1) Desenvolvimento do pensamento e imaginação musical, isto é, a capacidade de imaginar e

Relacionar sons; (2) Domínio de práticas vocais e instrumentais diferenciadas; (3)

Composição, orquestração e improvisação em diferentes estilos e géneros musicais; (4)

Compreensão e apropriação de diferentes códigos e convenções que constituem as

especificidades dos diferentes universos musicais e da poética musical em geral; (5)

Apreciação, discriminação e sensibilidade sonora e musical crítica, fundamentada e

contextualizada em diferentes estilos e géneros musicais; (6) Compreensão e criação de

diferentes tipos de espetáculos musicais em interação com outras; (7) Conhecimento e

valorização do património artístico-musical nacional e internacional; (8) Valorização de

diferentes tipos de ideias e de produção musical de acordo com a ética do direito autoral e o

respeito pelas identidades socioculturais; (9) Reconhecimento do papel dos artistas como

pensadores e criadores que, com os seus olhares, contribuíram e contribuem para a

compreensão de diferentes aspetos da vida quotidiana e da história social e cultural. (Ministério

da Educação, 2001:165)

Tendo por base as referidas dimensões, as competências desenvolver-se-ão através de

experiências musicais e práticas pedagógicas diversificadas, com base na experimentação

artística, na vivência e na estética situada em diferentes épocas, tipologias e culturas

7 De acordo com o CNEB, o termo a “Literacia Musical” é uma: “compreensão musical determinada pelo

conhecimento da música, sobre a música e através da música, que engloba também competências de leitura

e escrita musicais e organiza-se em torno de um conjunto diversificado de dimensões” (Ministério da

Educação, 2006:6).

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23

musicais do passado e do presente. Assim, deve potencializar-se a prática de experiências

musicais de forma a existir uma compreensão e articulação do pensamento, entre a música

na escola, na sala de aula e a música presente na vida de cada aluno e do meio

social/cultural onde este se encontra inserido (ME, 2001).

1.2.3. Organizadores de Ensino-Aprendizagem

No CNEB as competências específicas a desenvolver no âmbito da Música/EM

enquadram-se em quatro grandes organizadores de competências, os quais giram em

torno de três grandes domínios. Esquematicamente, o Ministério da Educação (2001:170)

apresenta esta correlação da seguinte forma:

Figura 1: “Organizadores de Competências” (Ministério da Educação, 2001:170)

De forma resumida, procurar-se-á expor as competências inerentes a cada um dos

organizadores. Assim:

Interpretação e Comunicação: o aluno desenvolve a musicalidade, o controlo técnico-

artístico através do estudo e da apresentação individual, e em grupo, de diferentes

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24

interpretações musicais, tais como o canto, a performance instrumental (instrumentos

musicais eletrónicos e acústicos), a criação e a apropriação de formas diferenciadas de

notação musical, a elaboração de gravações áudio e vídeo das interpretações realizadas e

a reflexão sobre as interpretações realizadas.

No âmbito do organizador Criação e Experimentação, o aluno deverá desenvolver a

composição, a exploração e a improvisação, experienciando e utilizando materiais

sonoros e musicais de gêneros, estilos, formas e tecnologias diferenciadas. O aluno

desenvolve competências de audição e imaginação musical, de pensamento musical e de

prática artística, adquire também conhecimentos e saberes próprios de diferentes técnicas

vocais e instrumentais, utiliza diferentes tipos de software musical, e recursos da internet;

No organizador Perceção Sonora e Musical, o aluno deve ouvir, descrever, analisar,

compreender e avaliar os diferentes códigos e convenções que constituem o vocabulário

musical de várias culturas, através da audição, do movimento corporal e da prática vocal

e instrumental.

No organizador Culturas Musicais nos Contextos, o aluno desenvolve a compreensão da

Música como construção social e cultural, através da partilha de músicas do seu

quotidiano e/ou da sua comunidade, bem como com base na contextualização da Música

e na compreensão das relações desta com outras artes.

Face ao exposto, subentende-se que, ao longo do EB, o aluno tenha vivências nos três

domínios (Ouvir, Interpretar, Compor) e, através delas, desenvolva e adquira

competências e aprendizagens em torno dos quatro organizadores essenciais, em função

do Ciclo de Ensino no qual está inserido (Ministério da Educação, 2001:173-176).

1.2.4. Orientações Curriculares e Programa

No quadro do CNEB, a lecionação da Expressão Musical/Música no 1.º Ciclo são

seguidas através das Orientações Programáticas e assenta em pressupostos de

aprendizagem musical, sobre as quais Vasconcelos (2006:4) refere:

Todas as crianças têm potencial para desenvolver as suas capacidades musicais; As crianças

trazem para o ambiente de aprendizagem musical os seus interesses e capacidades e os seus

próprios contextos sócio -culturais; Mesmo as crianças mais pequenas são capazes de

desenvolver o pensamento crítico através da música; As crianças devem realizar atividades

musicais utilizando materiais e repertório de qualidade; As crianças aprendem melhor em

ambientes físicos e sociais agradáveis e no contacto interpares; As experiências

diversificadas de aprendizagem são fundamentais para servirem necessidades de

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25

desenvolvimento individual das crianças; As crianças necessitam de modelos eficazes de

adulto. (Vasconcelos, 2006:4)

O processo de ensino/aprendizagem em Expressão Musical/Música consiste na interação

de um conjunto de atividades relacionadas com a audição, a interpretação e a composição.

A aprendizagem musical deve centrar-se na voz e no canto, de forma interrelacionada

com o corpo e o movimento, incentivando e valorizando o poder criativo e imaginativo

de todos os envolvidos no processo (professor e alunos). No entanto, Expressão

Musical/Música é assegurada pelos professores titulares da turma e, de forma

complementar, pelos professores de AEC, cuja formação científico-pedagógica na área

da Música nem sempre é a mais adequada, pelo que as referidas Orientações Curriculares

do CNEB podem, em alguns casos, ser interpretadas de forma pouco correta para o

desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.

No 2.º Ciclo do EB, o processo ensino-aprendizagem em EM assenta num programa

definido, que constituído por XII níveis de espiral (I ao VI para o 5.º ano e VII ao XII

para o 6.º ano), se apresenta como documento orientador. A organização em espiral

pressupõe que cada nível envolve um campo de compreensão musical mais alargado e

mais complexo (Ministério da Educação, 2001:10)

No 3.º Ciclo do EB, a filosofia das Orientações Curriculares assenta, de forma mais

direcionada, em experiências pedagógico-musicais baseadas nas vivências artísticas e

estéticas de cada aluno. Ainda que estas vivências devam ser tidas em conta ao longo de

todo o EB, dado o caráter opcional da disciplina no 3.º Ciclo, a Música apresenta-se como

espaço amplo de criação e experimentação, tendo presente os diferentes contextos

socioculturais e os níveis de desenvolvimento técnico-artístico de cada indivíduo. As

orientações curriculares estão organizadas em torno de um conjunto de 11 módulos com

temas diferenciados e de duração variável (Ministério da Educação, 2001:149)

1 - Memórias e tradições - em torno da música portuguesa; 2 - Formas e Estruturas -

modos de organização e estruturação musicais; 3 - Melodias e arranjos - em torno da canção;

4 - Improvisações - exploração da improvisação musical; 5 - Música e movimento – em torno

de danças e coreografias; 6 - Música e Multimédia - as diferentes utilizações dos materiais

sonoros e musicais; 7 - Música e Tecnologias - manipulando sons acústicos e eletrónicos; 8

- Músicas do Mundo - explorando códigos e convenções; 9 - Pop e Rock – em torno dos

estilos musicais; 10 - Temas e variações - em torno do desenvolvimento de ideias musicais

11 - Sons e sentidos - processos de criação musical. (Ministério da Educação, 2001:149)

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2. Abordagens Pedagógico-Musicais Ativas do Século XX.

“O tempo, entretanto, mostrou a necessidade de se agregar à educação. A dimensão corporal

e emocional. Foi buscando esse novo parâmetros de ensino a pedagogias ativas”(Lima &

Ruger, 2007:3)

Remontando à segunda metade do século XIX e à mudança de pensamentos e

sensibilidades que aí começaram a surgir, novas obras e acontecimentos desencadearam

formas de ser e de estar tão diferenciadas, quanto inovadoras. Tomemos com exemplo,

na Pintura, o Olimpia (1864) de Édoard Manet, na Música Tristão e Isolda (1859) de

Richard Wagner, nas Tecnologias, a invenção do cinema pelos irmãos Lumiére (1895) na

Educação, o Sistema da Teoria Educativa de Joahnn Herbart (1841) e na Psicologia a

Interpretação dos Sonhos (1899) de Sigmund Freud. A conceção de modernismo

começava a enraizar-se no comportamento humano, apresentando visões múltiplas e

renovadas na forma de ser e estar da humanidade. De acordo com Cunha (2005:9),

“Novos paradigmas da música, na cultura, na pintura, nas ciências naturais e humanas e

na educação, vão sendo criados e partilhados”.

Em Portugal, a revista Orpheu (1915), escrita por um grupo de escritores e artistas

plásticos de vanguarda, iniciava pensamentos que virá a designar-se de modernismo. No

início do século XX, o espírito moderno proporcionava ao homem experiências

impressionantes que criaram confrontos entre tudo o que era novo e tudo o que

representava as formas ideológicas do passado. Na música, surgiu a Sagração da

Primavera (1913) de Igor Stravisky, obra revolucionária que assentou em novos e

arrojados aspetos rítmicos, melódicos, harmónicos, tímbricos e estruturais. Neste

contexto histórico, social e cultural, novos paradigmas surgiram também na Pedagogia.

Neste particular, de acordo com Cunha (2013:22)

“(…) a Pedagogia abria caminho para a discussão filosófica e científica de que o

conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado pelas estruturas internas

do sujeito (conceção racionalista), nem exclusivamente pelas características inerentes ao

objeto (conceção empirista).” (Cunha, 2013: 22)

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27

Na verdade, no que respeita à Pedagogia deve salientar-se que, nesta fase da história da

humanidade, o construtivismo8 se afirmava como corrente pedagógica de

desenvolvimento humano, assentando no pressuposto que:

“(…) todo o conhecimento é uma construção, uma interação, contendo um aspeto de

elaboração do novo (...) é ativamente construído pelo aprendiz e não apenas transmitido. (…)

(Batista, 2004:30-31)

Neste quadro de profundas mudanças, abordagens e métodos de Ensino da Música mais

teóricos e diretos deram lugar a pedagogias musicais ativas, baseadas na Psicologia do

desenvolvimento e nas fases de evolução psicossomática9 do ser humano. Para tal

contribuíram, por exemplo, Jean Piaget (1896-1980) ao reconhecer, na sua teoria10, que a

criança é um ser dotado de capacidades próprias e específicas. Por outro lado e, de forma

complementar, também deve ser tida em conta a corrente Socioconstrutivista11

desenvolvida por Lev Vigosky (1896-1934).

8 Na sua essência, o Construtivismo em Educação significa que o conhecimento não é algo pré-terminado,

mas sim fruto de uma interação do individuo com o meio físico e social. De forma mais detalhada, de

acordo com Becker (1994:88-89), “Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto,

acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo

terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo

humano, com o mundo das relações sociais; Construtivismo é, portanto, uma ideia; melhor, uma teoria, um

modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da

Filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. No caso

de PIAGET, o mundo do conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento. Construtivismo não é uma

prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto

escolar; é, sim, uma teoria que permite (re)interpretar todas essas coisas, jogando-nos para dentro do

movimento da História - da Humanidade e do Universo. Não se pode esquecer que, em PIAGET,

aprendizagem só tem sentido na medida em que coincide com o processo de desenvolvimento do

conhecimento, com o movimento das estruturas da consciência. Por isso, se parece esquisito dizer que um

método é construtivista, dizer que um currículo é construtivista parece mais ainda.” (Becker, 1994). 9 O termo ‘evolução psicossomática’ tem na sua base o modo de entender o ser humano no seu

desenvolvimento físico e intelectual. Na área da Medicina, entende-se por psicossomático algo que que diz

respeito simultaneamente ao corpo e ao espírito e à sua inter-relação no desenvolvimento da componente

psíquica e física do organismo. (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013. (Acedido em Abril

10, de 2014, em http://www.priberam.pt/DLPO/psicossom%c3%a1tico). 10 De forma sucinta, a Teoria Cognitiva de Piaget explica o desenvolvimento cognitivo humano em 4

estádios: Sensório- Motor (0 -2 anos) - a criança aprende com os objetos que a rodeiam, adquire

conhecimento com as suas próprias ações; Pré-Operacional (2-7 anos) - carateriza-se pela interiorização de

esquemas de ação construídos no estágio anterior; Operatório- Concreto (7-11) - a criança começa a

desenvolver noções de tempo, espaço, e de relacionar diferentes aspetos e abstrair dados da realidade;

Operatório-Formal (a partir dos 12 anos) - a criança consegue raciocinar logicamente e sistematicamente. 11Resumidamente, a corrente “Socioconstrutivista” de Vygotsky propõe que o desenvolvimento cognitivo

de aluno ocorre através da interação com outros indivíduos e com o meio, isto é, existe uma interação entre

indivíduos na criação de novas experiências e, através delas, na construção de conhecimento. Nesta

perspetiva, a aprendizagem é uma experiência social interligada através de signos e instrumentos. Para

Vygotsky um signo é como a linguagem falada e a escrita. Nesse sentido, a aprendizagem é uma experiencia

social de interação pela linguagem e pela ação. http://www.scielo.br/pdf/pe/v6n1/v6n1a07.pdf, Acedido em

Março 8, de 2014).

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Em suma, particularizando à área de enquadramento do presente trabalho, o século XX é

um marco no qual surgiram importantes abordagens pedagógico-musicais que

revolucionaram o ensino da Música em todos os seus aspetos. No entendimento de

(Souza, 2000:72)

Os maiores pedagogos de todos os tempos, por sentirem a enorme responsabilidade que

aceitaram ao assumir a profissão de educadores, souberam que o seu dever primeiro era o de

estudar seu aluno, conhecer o seu carácter, talentos, conflitos e possibilidades, tratar de

incutir-lhes fé em si mesmo e na vida; aprender para poder ensinar. (Souza, 2000:72)

Num contexto de transformações profundas da pedagogia, pedagogos e investigadores

desenvolveram, com base em estudos observacionais, abordagens metodológicas em

Música/Educação Musical que visavam proporcionar, às crianças, adolescentes, jovens e

adultos uma formação musical (artística) tão abrangente, quanto holística. Ainda que a

génese das abordagens pedagógico-musicais seguidamente apresentadas tenha ocorrido,

não raras vezes, de forma simultânea, respeitar-se-á uma ordem cronológica com base na

biografia dos seus autores. Assim, refere-se Emile Jaccque-Dalcroze (1865-1950), como

criador da abordagem pedagógico-musical designada Euritmia. A Euritmia tem como

base fundamental a formação do ser humano através do movimento e do ritmo, numa

coordenação permanente entre parte corporal e intelectual. Esta abordagem defende que

a aprendizagem deve ser realizada de forma ativa, com base no ritmo e no denominado

“solfejo corporal”, o uso da voz associada ao movimento corporal, tendo a improvisação

um papel central no desenvolvimento da psicomotricidade e da criatividade (Amado,

1999).

A Euritmia de Emile Jaccque-Dalcroze é definida, por Fonterrada (2005:118), da seguinte

forma:

O sistema de educação musical a que Dalcroze chamou “Euritmia” relaciona-se diretamente

à educação geral e fornece instrumentos para o desenvolvimento integral da pessoa, por meio

da música e do movimento. Além desse propósito mais amplo, atua como atividade

educativa, desenvolvendo a escuta ativa, a voz cantada, o movimento corporal e o uso do

espaço. Dalcroze enfatiza o fato de o corpo e a voz serem os primeiros instrumentos musicais

do bebê, daí a necessidade de estímulo às ações das crianças desde tenra idade, e da maneira

mais eficiente possível. (Fonterrada, 2005:118)

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Face ao exposto, a visão Dalcroziana12 compreende a iniciação musical como algo que

deve ocorrer através da vivência musical, à qual se encontram intimamente ligados

aspetos de corporalidade, de perceção e improvisação, favorecendo o desenvolvimento

de competências vocais, auditivas, visuais, corporais e cognitivas.

Tendo sido aluno de Emile Jaccque-Dalcroze, Edgar Willems (1890-1978) considerava

que todas as crianças podem ser preparadas auditivamente. Também na sua visão, a

prática deve preceder a teoria, estabelecendo a aprendizagem musical uma estreita relação

com aspetos fisiológicos, afetivos e cognitivos da vida humana. De acordo com Teves

(2012), Willems desenvolveu uma abordagem pedagógico-musical centrada em três

elementos da música: o ritmo; a melodia e a harmonia, fazendo-os corresponder a

elementos da vida do Homem; a vida fisiológica; a vida afetiva e a vida mental. Neste

particular, deve destacar-se que Willems atribuiu especial interesse a duas caraterísticas

naturais do ser humano: a voz e o movimento corporal, devendo estas estar na base da

prática musical de canções, numa vivência de experiencias auditivas e rítmicas que levam

a criança a descobrir ativamente a música (Willems, 1962, 1970, 1981). Para Willems,

deve dar-se primazia à vivência dos fenómenos musicais e só depois à sua

consciencialização, sendo que o aluno deve libertar a sua sensibilização natural e

desenvolver o sentido auditivo e, num plano secundário e posterior, surgirá a

aprendizagem da técnica de um determinado instrumento musical (Tevez, 2012).

Ainda que não diretamente relacionadas com a PES que o presente relatório visa

descrever, outras abordagens pedagógico-musicais devem ser referidas. Assim, de forma

sucinta, salientam-se os trabalhos pedagógicos de Justine Ward (1879-1975) e Maurice

Martenot (1898-1980). Ward foi pianista e pedagoga, seguidora dos princípios

orientadores de Emile Jacques-Dalcroze e desenvolveu uma abordagem musical viva e

sólida para todas as crianças. De acordo com Ward, a preparação da voz, do ouvido e do

sentido rítmico, permite à criança uma expressão mais livre e criativa. Através de uma

aprendizagem de sons e ritmos, tão lúdica, quanto divertida, as crianças desenvolvem uma

melhor assimilação nas aulas de Educação Musical. (Sousa, 1999).

Martenot (1898-1980) baseou a sua abordagem pedagógico-musical na experiência com

o som, sendo a aquisição de elementos teóricos desenvolvidas através de uma componente

prática, baseada em jogos lúdicos de exploração sonora. Martenot propõe uma sequência

12 Referente aos princípios pedagógico-musicais inerentes à Euritmia de Emile Jaccque-Dalcroze.

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gradual de aprendizagem da leitura e escrita musical, acompanhada por um ambiente

lúdico, motivador e acessível, partindo das atividades práticas e só depois as teóricas.

De forma mais ligada com os processos de Ensino/Aprendizagem que estiveram na base

da PES aqui retratada, encontra-se Zoltán Kodály (1882-1967) que defende a

musicalização de todos os seres humanos e a democratização do ensino da música.

Organizou então conteúdos pedagógicos através da voz, que combinariam com uma

leitura e escrita musical e um instrumento musical para que todos os alunos tivessem

acesso. Para Kodály, o início dos estudos sobre música deveria começar na infância.

Tendo a voz como instrumento principal, Kodály desenvolveu, de forma ativa, os seus

princípios através do canto (individual/grupo), a “Solminização”13 (solfejo relativo) e

“Fonomímica”14 (Torres, 1993). De acordo com Amado (1999) para Kodály, o canto é

uma das formas de desenvolvimento global do individuo (social, cognitivo, físico,

sensorial e afetuoso). Também Sousa (2008) refere que através do canto, associado a

movimentos corporais, a criança desenvolve o sentido da afinação vocal, do sentido

rítmico e da coordenação de movimentos. O canto contribui, ainda, para a formação da

consciência social através do canto coletivo. Em Portugal, as professoras Cristina Brito

da Cruz e Rosa Maria Torres, são as grandes impulsionadoras desta pedagogia.

À semelhança de alguns dos pedagogos anteriormente focados, Carl Orff (1895-1962)

sempre entendeu a música como algo que está ao alcance de todo o ser humano. Orff

entendeu o corpo humano como primordial e principal fonte sonora na criação e expressão

de vivências artísticas, enquanto fonte de crescimento holístico do homem a nível

(sensorial, físico, psicológico, intelectual e social). A compreensão da corporalidade

forneceu a Orff e Gunid Keetman (co-responsável na edificação da abordagem Orff-

Schulwerk15), sólidas bases de pensamento no impulso da génese da sua filosofia de

aprendizagem musical ativa. Baseando-se no trabalho prático e criativo, a abordagem

13 Inspirado nos hexacordes de Guido dÁrezzo, consiste que a nota dó, seja colocada em qualquer sítio da

escala musical podendo executar, a partir daí as cinco notas ascendentes. Acedido em Fevereiro 12, 2014.

Disponível em http://www.e-

musicanaescola.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=73:metodologia-musical-

i&catid=45:dicas) 14 Entenda-se por “Fonomímica” o uso de gestos da mão para identificação de sons. 15 De acordo com Cunha (2012), o termo Schulwerk pode traduzir-se, literalmente, como “obra escolar”.

Porém, segundo o mesmo autor, o seu significado deve ser entendido, em Orff, numa vertente mais

profunda. A palavra Werk corresponde, em português, a obra e, segundo os ideais de Carl Orff, este termo

deve ser visto como “oficina” na qual imergimos em processos de trabalho prático, de vivências artístico-

musicais que estimulam a criatividade e a improvisação. (Cunha, 2012).

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Orff-Schulwerk está presente em mais de quarenta países dos cinco continentes, como

uma forma de trabalho que, de uma maneira geral, desenvolve as vertentes criativas,

artística, emocional e social do ser humano, numa interação entre expressão vocal,

corporal, instrumental. Na abordagem Orff-Schulwerk, a palavra, o movimento/dança e a

música são trabalhados de forma interligada, tendo como denominador comum o ritmo.

Como anteriormente referido, Orff atribuiu à corporalidade o principal e mais

significativo papel, apresentando os restantes instrumentos, como “uma espécie de

prolongamento do corpo humano, uma vez que dele recebem as pulsações vitais, ou seja,

o ritmo” (Cunha, 2013:45). Neste sentido Orff propôs uma abordagem pedagógico-

musical que trabalha, simultaneamente, a expressividade vocal, corporal e o Instrumental

Orff16. Deve destacar-se que o instrumental Orff está presente em grande parte das escolas

de todo o mundo, promovendo o acesso à prática instrumental elementar em EM, uma

vez que os instrumentos são de fácil manuseamento e técnica, possibilitando, assim, o

desenvolvimento de uma consistente base rítmica, melódica e harmónica (Cunha, 2013).

Em Portugal, Maria de Lurdes Martins, foi pioneira no impulso da abordagem Orff-

Shulwerk , bem como na adaptação, ao nosso país, da obra impressa.

Baseado nos princípios pedagógicos da Orff-Schulwerk, o pedagogo Jos Wuytack (1935-

) desenvolveu uma abordagem pedagógico-musical que tem na sua génese os elementos

básicos tais como o ritmo, a improvisação, a linguagem gestual, a melodia, os

movimentos e a alegria de cantar. A semelhança de Orff, para Jos Wuytack o mais

importante é a participação ativa de todos os alunos. Em Portugal, continuam a realizar-

se, anualmente, Cursos de formação de Pedagogias Musical para Professores existindo a

Associação Wuytack de Pedagogia Musical com sede no Porto (Sousa, 1999),

Finaliza-se com os pedagogos Shinichi Suzuki (1898-1998) e Edwin Gordon (1927-).

Suzuki foi violinista e pedagogo e criou uma metodologia na qual pressupõe que todas as

crianças têm capacidades para tocar um instrumento através da imitação, da audição e da

repetição. A criança inicialmente repete, sem ter perceção da escrita musical daquilo que

16 O primeiro contato que Orff teve com um instrumento de lâminas teve na sua origem a oferta de um

Kaffern-Klavier (espécie de xilofone, feito de uma pequena caixa de madeira retangular, em cujo lado

aberto tem 10 láminas fixadas com cordas), devida a sua sonoridade surpreendente bela e o fato de se tocar

com uma baqueta impulsionou Orff positivamente e assim poder desenhar o instrumental Orff. Instrumental

Orff entende-se por um conjunto de instrumentos musicais, de altura definida: Flauta de bisel; Xilofone

Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone

Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto. Altura Indefinida: Bombo; Pratos; Gongo;

Castanholas; Triângulo; Caixa Chinesa; Reco-reco; Pandeireta; Maracas; Guizeira; Clavas; Tamborim;

Prato Suspenso; Bongós; Caixa de Rufo; Timbales e Congas (Cunha, 2013).

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toca. Posteriormente, aprende a leitura e a escrita musical. Esta metodologia destina-se a

crianças com idade a partir dos 4 anos e está presente em Escolas de Ensino Vocacional,

Academias e Conservatórios (Sousa, 2008).

Edwin Gordon (1927-) desenvolveu os princípios orientadores que deram origem à sua

Teoria de Aprendizagem Musical, a qual tem na sua base a audição. Para Gordon (2000),

antes de iniciar-se a notação e a teoria, terão de desenvolver-se competências auditivas,

através do movimento, da entoação e da aprendizagem de padrões melódicos e rítmicos.

De acordo com o autor, é aprendendo a ouvir e a identificar modelos musicais que os

alunos aprendem a aperfeiçoar a sua audição e, por conseguinte, a “audiação”17. Gordon

salienta que “A audiação é para a música o que o pensamento é para a fala” (2000:4).

Quando os alunos começam a aprender a “audiar” e a executar música, desenvolvem uma

melhor perceção da mensagem que a música transmite (Gordon, 2000). Em Portugal a

Teoria de Gordon tem como principais seguidoras Helena Rodrigues e Helena Caspurro.

17 A “Audiação” é definida como a habilidade de ouvir e compreender música, quando o som já não está

presente. Ou seja, momentos após ouvir o som, podemos ‘audiar’, dando significado ao que acabamos de

ouvir, ou antecipando o que virá em seguida (Caspurro, 2006).

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2.1. A importância do ritmo no processo ensino/aprendizagem em Educação Musical

Estudada em diferentes perspetivas, a palavra ritmo tem origem etimológica no grego

“Rhytmos” à qual está associada a ideia de fluir, avançar, ir mais além (Bunn, 2002). Na

verdade, o conceito de ritmo apresenta-se como vital à própria estrutura (e vida) humana.

De acordo com Picollo (1993:13-14) “o ritmo constitui a coordenação motora e a

integração funcional de todas as forças estruturais, tanto corporais como psíquicas e

espirituais”. O mesmo autor refere, ainda, que Platão e Aristóteles consideravam o “ritmo

como um princípio organizativo que dá um sentido harmónico ao movimento intrínseco

ao ser humano”. (Picollo, 1993:13-14)

No quadro do presente trabalho, seus propósitos e contextos, partilha-se a ideia de

Willems (1962), para quem o ritmo é elemento fundamental à música e está ligado

intrinsecamente à ação, ao próprio corpo e à vida. Seguindo a mesma linha de

pensamento, Cunha (2005) aborda o ritmo como algo inerente à própria vida e, por

conseguinte, elemento natural na expressão artístico-musical. O autor refere, como

exemplo, a existência de ligações diretas de desenvolvimento entre os movimentos

corporais de ‘andar-correr-andar-parar ‘e a expressão rítmico-musical ‘lento-rápido-

lento-final’. Nesse sentido afirma:

a noção de que perceção e produção musical têm origens em experiências corporais, nas quais

o ritmo se assume como elemento básico, ganha consistência e prova a existência de fortes

relações entre o desenvolvimento das capacidades motoras e do desenvolvimento rítmico-

musical. (Cunha, 2005:28)

Como previamente abordado, alguns pedagogos, principalmente Carl Orff na abordagem

Orff-Shulwerk, consideraram o corpo humano como primeiro e principal instrumento

musical. Orff deu muita importância ao ritmo enquanto fonte natural para a envolvência

no processo ensino/aprendizagem, avigorando a ideia de que o ser humano deve vivenciar

o ritmo, não como uma noção abstrata, mas como algo concreto e muito presente na sua

vida. Na abordagem Orff-Schulwerk, inúmeras vezes incompreendida e deturpada, deve

considerar-se como essência o pensamento musical elementar, entendimento que

linguagem, música e movimento/dança estão originalmente interligados pelo elemento

ritmo. Neste sentido, Orff considerou o ritmo como ponto central de desenvolvimento da

criatividade e da expressividade artístico musical, enquanto fonte de vivência da

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dimensão que linguagem, música, movimento/dança comportam (Cunha, 2005),. Numa

interligação entre corpo e mente, Sousa (2003) avigora a ideia de que o ser humano deve

ir à descoberta do ritmo, reforçando, assim, o desenvolvimento da criatividade e da

expressividade. Nas suas palavras

A prática rítmica, graças ao estudo conjunto do ritmo musical com o ritmo natural do corpo,

robustece o sentido métrico e o sentido rítmico, ordena as funções do tipo sensorial e nervoso,

educa a imaginação e harmoniza as faculdades corporais com as espirituais. (Sousa, 2003:53)

Em suma, pensadores / pedagogos / investigadores reconheceram o ritmo como ponto

central da aprendizagem e desenvolvimento musical do ser humano. Para além dos

mencionados Willems e Orff, Dalcroze considerou o ritmo como essência da prática

pedagógico-musical. De acordo com este autor, a prática rítmico-musical faz com que o

ritmo seja “antes de mais nada, uma experiencia pessoal” (Madureira, 2012:4). Também

Maurice Martenot (1898-1980) considerou o ritmo como elemento inerente a todo o ser

humano. Nas palavras de Martins (1987:17),

Martenot defendia que é pelo ritmo sob a forma mais direta, mais rudimentar e mais

instintiva, que deve começar a Educação Musical. O sentido do ritmo pode depois

desenvolver-se em todas as idades e tornar-se a chave de um ensino vivo. O ritmo é o

elemento vital da música, tão indefinível como a própria vida. Devemos considerá-lo como

uma força em movimento, uma força que impulsiona a ação, uma força que é ela mesmo,

movimento (Martins, 1987:17)

Para Edwin Gordon (2000) o ritmo é intrínseco à existência do ser humano, tendo a sua

origem no movimento. Por conseguinte, para existir coordenação, liberdade, fluidez,

relaxamento e equilíbrio, é necessário ter bom ritmo. Esta ideia de Gordon (2000) renova

pressupostos de base das Pedagogias abordagens pedagógico-musicais ativas do Século

XX. Neste particular, Willems (1970:32) afirma que:

o andar, a respiração, as pulsações, os movimentos mais subtis provocados por reações

emotivas, por pensamentos, todos estes movimentos são instintivos; e é a esses movimentos

que o educador deve recorrer a fim de obter da criança, do aluno, do virtuoso, o verdadeiro

ritmo vivo, interior, criador no plano sentido do termo (Willems, 1970:32).

Ao falar-se de ritmo, obrigatoriamente temos de falar em pulsação. Ciavatta (2003:18)

define pulsação como “série de marcações, audíveis ou não, com intervalos regulares de

tempo entre si, utilizadas como referência para que se possa tocar, cantar, compor,

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escrever ou ler um determinado ritmo”. Esta visão estabelece uma simbiose entre

pulsação e ritmo, sendo que, em música, a pulsação é referência para ser vivenciado e

entendido um determinado ritmo (Gonçalves, 2008). A tal vivência e entendimento está

inerente a ideia de corporalidade em contexto educativo da qual resulta o

desenvolvimento de competências relativas ao “saber criar”, “saber brincar”, “saber

sentir”, “saber pensar” e “saber humanizar-se” (Silva, 2005).

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2.2. Corpo e Desenvolvimento Musical

A Música e o movimento corporal sempre tiveram uma reciprocidade constante, tanto no

desenvolvimento individual de cada ser humano, como no progresso artístico da

humanidade. No âmbito da Música/ EM, Cunha (2005:16) afirma:

se todo o ritmo é movimento, se todo o movimento tem necessidades de espaço e tempo, se

o espaço e o tempo estão unidos pela matéria que os atravessa num ritmo eterno, e se as

experiências físicas e sensórias formam a consciência, todos os elementos da música podem

ser experimentados através do movimento e do corpo (Cunha, 2005:16)

Neste sentido, o corpo e o movimento assumem extrema importância no

ensino/aprendizagem musical. Emile Jacques-Dalcroze foi o primeiro pedagogo a abordar

o corpo na pedagogia musical, tendo desenvolvido na “Euritmia”, um progressivo sistema

de coordenação entre o movimento e música, apoiando-se no pressuposto que as crianças

deviam aprender, desde cedo, música com base nos movimentos corporais e na

capacidade de audição interior, dado as sensações musicais, de natureza rítmica,

dependerem não só da audição, mas de exercícios rítmico-corporais efetuados e

vivenciados com as mãos, com batimentos com os pés, com oscilações com a cabeça,

com o tronco, etc. (Madureira, 2012). A este respeito, Rezende (2006:93) afirma que

Jacques Dalcroze é o pedagogo musical mais referenciado para o uso do corpo no fazer

musical. Sua vivência enquanto educador o fez perceber que a expressão corporal contribui

muito para comunicar problemas motores, psíquicos e emocionais. Ele defendia que o

indivíduo aprendia melhor algum conteúdo quando este era vivenciado corporalmente,

criando assim uma imagem cerebral que sempre era utilizada quando o indivíduo estava

numa prática musical. (Rezende, 2006:93)

Também Ciavatta (2003:106) afirma que Dalcroze entende o corpo como essencial na

EM ao afirmar que “o andar, o bater os pés são um ponto de partida para despertar a

consciência rítmica através dos movimentos do corpo” (Ciavatta, 2003:106). Reforçando

esta ideia, Nash (1974), afirma que o movimento é importante como meio de

autoexpressão, comunicação e bem-estar do ser humano, existindo, na Música, uma

inabalável interligação entre ritmo, melodia e movimento. Segundo o autor,

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37

Ritmo e melodia expressam movimento, e o movimento é a resposta natural do ser humano

à música. Assim, a forma mais direta e natural para o entendimento da criança no que respeita

à música e à forma musical e para o desenvolvimento da musicalidade, da coordenação

muscular e da liberdade de autoexpressão, reside no movimento. Se a criança se move com

a frase musical e expressa o padrão rítmico com instrumentos corporais, consequentemente

sente e entende o padrão. (Nash,1974:80)18

No que concerne à relação corpo-música, Willems (1981) defende que o movimento

corporal conduz a uma aprendizagem musical mais audaz e, com isso, a uma

criatividade/improvisação mais sólida, da qual resultam ideias de maior (e melhor)

expressividade artístico-musical e, por conseguinte, de maior desenvolvimento holístico

do ser humano.

Nesta perspetiva, como precedentemente focado, Carl Orff valorizou, de forma integral e

integrada, o corpo e o movimento na EM, na qual este assume uma função central e

primordial. Partindo do corpo humano e das capacidades de cada um, a abordagem OS

compreende e potencia a criação/improvisação, unindo linguagem, música,

movimento/dança, numa progressão natural. Nas palavras de Orff,

(…) a minha ideia era levar os meus alunos o mais longe possível, na improvisação da sua

própria música e dos seus próprios acompanhamentos para o movimento, explorando e

improvisando com o corpo e com os sons, numa participação ativa, de maneira a encontrar

uma experiencia criativa (Orff, 1963 cit. por Cunha, 2005:45).

Numa clara relação mente/corpo e sua importância nos processos cognitivos, surgiu o

“Embodiment”19. A perspetiva adotada pelo “Embodiment” tem na sua base de

fundamentação o crescimento integral do ser humano (“Eu”), o qual, no quadro do

presente trabalho, se encontra relacionado com o desenvolvimento musical do aluno

18 Citações em língua estrangeira serão apresentadas em tradução de autor, devidamente acompanhadas,

em nota de rodapé, pelo texto original. Rhythm and melody express movement, and movement is the natural

human response to music. Therefore, the direct and natural path the child´s understanding of music and

musical form, and his development of musicality, muscular coordination and freedom of self-expression,

lies in movement. If he moves with the musical phrase, expresses the rhythmic pattern with his body

instruments, be consequently feels it and understands it. (Nash, 1974:80). 19 “Embodiment”. No seculo XVII, com ideias conservadoras oriundas da religião e filosofia defendem uma

transcendência da mente sobre o corpo, ou seja, o corpo e a mente apresentavam-se separadas – uma que

suporta diferentes atributos físicos como a respiração, o movimento ou a locomoção, outra é a mental –

responsável por processos como o pensamento, o raciocínio e decisões. Nas décadas de 1970 e 1980,

trabalhos desenvolvidos no âmbito da antropologia prático-interpretativa, contraria-se este pensamento,

começando a ter passos iniciais na unificação do corpo-mente, sugerindo as práticas humanas esta inerente

na globalidade corporal e mental. Neste sentido é dada importância na fundamentação ao nível do

crescimento integral do ser humano “eu” e do desenvolvimento da sua musicalidade, uniformização do

corpo-mente (Cunha, 2013).

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38

designado, por Cunha (2013), como “Eu Musical”20. Johnson (2006:46) refere-se a esta

unificação corpo-mente como mediador do próprio ser e das relações com a sociedade

“ser-se um ser humano requer um cérebro humano em funcionamento, num corpo

humano vivo, interagindo com um complexo ambiente físico, social e cultural, num fluxo

contínuo de experiências”21.

A esta relação corpo/mente, estão também subjacentes estados afetivos e emocionais. Nas

emoções/estados afetivos, o corpo apresenta-se como central e imprescindível. Segundo

Cunha (2013: 98), “uma emoção implica lembrar as reações corporais que essa mesma

emoção suscitou”. Nesse sentido, o “Embodiment” assume importantes princípios na

interação corpo/mente/emoção, sendo o corpo a base das atividades emocionais e

cognitivas. Assim, esta ideia estabelece forte correlação com princípios da abordagem

OS, sendo que Orff fala da importância do movimento como assimilação de conteúdos

rítmicos, bem como no desenvolvimento de movimentos ajustados no tempo e na

dinâmica inerentes à Música e à sua criação e vivência. Nas suas palavras

“As crianças devem explorar o espaço, mover-se ritmicamente; experienciar a pulsação em

várias métricas, desenvolver capacidades motoras num contexto rítmico e demonstrar

movimento em dois e três (compasso binário e triplo).” (Choksy, 1986:181)22

Alargando esta visão, ideias pedagógico-musicais de Orff, Jaques-Dalcroze e Willems

conectam-se, uma vez que visam o desenvolvimento de aulas de EM mais ativas,

criativas, motivadoras e propícias ao desenvolvimento da autonomia dos alunos. De

forma complementar, Bundchen (2005) afirma que

o movimento corporal favorece a compreensão da estruturação rítmica, desencadeando

tomadas de consciência a partir da observação de si mesmo, pois é o próprio corpo em

movimento que desenha os tempos no espaço. Além disso, sentir o próprio corpo nesse

processo tem favorecido a performance de modo geral, contribuindo com a afinação, a

descontração e a expressividade do grupo. (Bundchen, 2005:5)

20 Cunha (2013) concebeu e apresentou a noção de ‘Eu Musical’, devidamente enquadrada e fundamentada

no ‘MoMEuM’ – Modelo Multidimensional de ‘Eu Musical’, no qual, de forma resumida, o ‘Eu Musical’

é uma construção de conhecimento em contexto de Ensino/Aprendizagem ‘Orffiano’ de Educação Musical. 21 “To be a human being requires a functioning human brain, in a living human body, interacting with

complex physical, social and cultural environments, in an ongoing flow of experience” (Johnson, 2006:46). 22 “The children should explore space; move rhythmically; experience the beat in many tempi; develop

motor skills in a rhythmic context; and demonstrate movement in twos and threes.” ( Choksy, 1986:18)

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Em suma, Pedagogos musicais defendem que a prática de ações corporais potencializam

uma mais forte e enriquecedora aprendizagem musical. Se o ritmo é movimento, o

movimento corporal associado à música motiva a organização da personalidade e

desenvolve novas capacidades cognitivas/corporais/afetivas e sociais.

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CAPÍTULO II – METODOLOGIA

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1. Problemática e objetivos gerais

No decorrer das aulas de observação, o Professor estagiário observou que alguns alunos

apresentavam dificuldades na perceção do ritmo. Este diagnóstico foi percetível na

interpretação musical de peças/canções, bem como de outras atividades propostas pelos

Professores cooperantes. Assim, partindo desta análise inicial, foram desenvolvidas

atividades e implementadas estratégias pedagógico-musicais que visaram, de forma

concreta, a aprendizagem do ritmo, devidamente baseada com o movimento do corpo.

Para tal, recorreu-se às abordagens pedagógico-musicais ativas do século XX

previamente focadas, uma vez que estas valorizam o ritmo e o corpo no processo de

Ensino/Aprendizagem e no desenvolvimento musical do ser humano.

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2. Modelo de investigação-ação

O modelo de investigação adotado foi baseado no “modelo de investigação-ação” de

Kemmis & McTaggart (1988), citado por Cunha (2013:119). Este modelo é uma

referência em investigação-ação em Educação e integra quatro fases complementares: (1)

Planificação; (2) Ação; (3) Observação e (4) Reflexão.

Figura 2: “Modelo de investigação-ação ” (Kemmis & McTaggart, 1988)

De forma resumida, a fase (1) Planificação23 carateriza-se pela elaboração de um plano

de ação, suscitado por uma problemática, tendo como intuito alterar, para melhor,

determinada situação. Neste caso concreto, tendo por base os conceitos/conteúdos

constantes do CNEB e, por inerência, as competências a alcançar pelos alunos em cada

um dos ciclos realizados, as planificações dos 1º, 2º e 3º Ciclos foram elaboradas no

sentido de melhorar os processos de Ensino/Aprendizagem e, através deles, fomentar uma

melhoria da perceção do ritmo na aprendizagem e no desenvolvimento musical dos

alunos. Assim, com base em estratégias de caráter prático, os alunos puderam vivenciar

atividades rítmicas que lhes permitiram ampliar as suas competências musicais. No 1º

Ciclo, estas estratégias/atividades desenvolveram-se durante 21 aulas, sendo que, no 2º e

3º Ciclos, foram lecionadas 12 aulas, respetivamente.

23 Cf. Anexo 1: “Exemplo de uma planificação no 2º Ciclo”

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43

Na fase (2) Ação, foram implementadas as estratégias/atividades constantes das

planificações, das quais apenas se apresenta um exemplo (2.º Ciclo), dado todas as

restantes constarem do “Dossier de Estágio” previamente entregue.

No decurso da PES desenvolvida nos três Ciclos, foram abordadas estratégias

pedagógico-musicais ativas, fundamentadas no corpo teórico-conceptual anteriormente

focado, tendo incluindo atividades baseadas no corpo humano, seus movimentos e ritmos,

onde a praxis antecedeu sempre a teoria.

Na fase (3) Observação, a qual coincidiu muitas vezes com a fase (2) Ação, procedeu-se

à análise de resultados, os quais encaminharam todo o trabalho para fase seguinte: (4)

Reflexão. Nesta fase, foram analisados os resultados da ação, resultantes da observação

participante (diálogos), das notas de campo (escritas/áudio/vídeo) e dos self reports24

desenvolvidos pelos alunos.

Com base no modelo Kemmis & McTaggart (1988), todo o trabalho de investigação-ação

pressupõe que após as 4 fases, possa ser dado início a um novo ciclo. Nesse sentido,

projetando as competências desenvolvidas no decurso desta PES, assumir-se-ão novos

ciclos de investigação-ação na vida profissional futura do Professor estagiário, tendo

presente que, segundo Cunha (2013:125), “a investigação-ação comporta um olhar

prospetivo e retrospetivo de conhecimento/ação”.

24 Cf. Anexo 2: “Self Reports”

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3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Os dados foram recolhidos através de instrumentos diversificados, no sentido de aumentar

a fiabilidade de resultados, bem como a sua importância no desenvolvimento da fase (4)

Reflexão, do modelo de Kemmis & McTaggart (1988). Assim, foram implementadas a

observação participante (diálogos), as notas de campo (escritas/áudio/vídeo) e os self

reports desenvolvidos pelos alunos.

3.1. Observação participante

A observação participante do Professor estagiário, enquanto investigador, teve como

princípio de base a criação de relações interpessoais favoráveis, criando empatia com os

alunos, no sentido de cativá-los e motivá-los para o desenvolvimento das atividades e

para a implementação das estratégias consideradas mais adequadas para o

desenvolvimento da ação pedagógica em contexto de aula de Música/EM.

3.2. Notas de campo e self report

Da observação participante fizeram parte os mencionados diálogos que, cruzando-se com

as notas de campo (escritas/áudio/vídeo) e com os dos self reports, deram origem aos

dados que vieram a fundamentar resultados alcançados. No caso concreto das notas de

campo, estas ocorreram em todas as aulas, de forma alternada em termos de ferramentas

(escrita/áudio/vídeo). Os self reports foram solicitados, de forma descontinuada, aos

alunos no final das atividades desenvolvidas.

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CAPÍTULO III – COMPONENTE EMPÍRICA

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1. Prática de Ensino Supervisionaria no 1º Ciclo do Ensino Básico

1.1. Contextualização do Meio Escolar

1.1.1. Caraterização do Meio

O meio onde se desenvolveu a PES, nos três ciclos do EB, foi a cidade de Bragança. De

forma resumida, Bragança é cidade capital de distrito, apresentando-se como maior centro

urbano do nordeste transmontano. É uma cidade plena de tradições e costumes que se

mantêm há séculos, tendo-se adaptado à modernidade e ao crescimento económico,

industrial e demográfico.

1.1.2. Caracterização da Escola

Situada na zona histórica da cidade (Praça da Sé), num edifício do século XVIII

reabilitado, existe o Conservatório de Música de Bragança, o qual foi fundado a 8 de

Outubro de 2004. Nesta zona da cidade podemos encontrar também a Biblioteca

Municipal, o Museu de Ciência Viva, e uma Zona de lazer onde passa o Rio Fervença.

Situado nas instalações do Centro Cultural Municipal, o Conservatório de Música dispõe

de nove salas para ensino, a maioria com Piano. Possuiu, ainda, instalações destinadas à

secretaria, à direção, bem como um auditório comum ao Centro Cultural Municipal.

Apresentando-se como local vocacionado para o ensino artístico, tem como principal

objetivo promover, desenvolver e realizar atividades artísticas e culturais para o ensino

da música. As modalidades de ensino incluem os cursos de Ensino Pré-escolar (iniciação),

1º ciclo do Ensino Básico (Preparatório), e os 2º e 3º Ciclos do EB designados por curso

complementar de instrumento ou regime articulado (5º ano ao 9º ano de escolaridade),

existindo, também, em regime de curso livre. A oferta de cursos de instrumento abrange

um vasto leque de opções: Violino, Viola de Arco, Violoncelo, Guitarra, Clarinete, Flauta

Transversal, Piano, Trompete e Gaita-de-foles, esta última numa vertente de valorização

do património cultural tradicional.

A gestão administrativa e financeira do Conservatório cabe à Câmara Municipal de

Bragança e à Fundação “Os Nossos Livros”.

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Figura 3: “Vista parcial exterior do Conservatório de Bragança”

1.1.3. Caracterização de recursos materiais da sala de aula

A sala utilizada no decurso da PES (1.º Ciclo) foi a sala nº 4. Composta por um quadro

pautado e dois quadros simples, tem um armário e um computador ligado um quadro

interativo. A nível instrumental, esta sala tem um piano vertical (de parede). O mobiliário

existente encontra-se junto à parede, alargando o espaço central, sendo benéfico para o

desenvolvimento de atividades nas quais os alunos podem movimentar-se. É uma sala

bem arejada e plena de luza natural.

1.1.4. Caracterização da Turma

A turma na qual foi realizada a PES (1.º Ciclo), foi a turma de IV grau de iniciação,

composta por seis alunos, cinco rapazes e uma rapariga, com média de idade de 10 anos.

Com base em informações recolhidas junto do Professor cooperante, as turmas são

normalmente pequenas. No que se refere ao agregado familiar dos alunos, todos residiam

com os pais, em contexto socioeconómico “médio-alto” (Professores, Médicos, Gestores,

Enfermeiros), sendo as habilitações literárias predominantes o Ensino Superior. Deve

salientar-se que, pelo facto da maioria dos alunos não habitar na cidade de Bragança, a

sua assiduidade às aulas apresentava grande irregularidade. No global, os alunos

manifestavam bons hábitos e posturas na sala de aula, sendo cooperantes e atentos.

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1.2. Descrição e reflexão de experiências de Ensino/Aprendizagem

Esta experiência pedagógica teve início com um período de observação de uma aula

ministrada pelo Professor titular da turma (cooperante), no sentido do Professor estagiário

poder fazer a sua integração em contexto de sala de aula, bem como recolher dados

essenciais à sua intervenção pedagógica futura. Após a fase de observação, foi iniciada a

PES, com base no ‘Programa de Iniciação Musical’25 do Conservatório de Música de

Bragança, tendo como objetivos gerais: Desenvolver, nos alunos, o prazer da prática

musical; Desenvolver competências ao nível da criatividade, audição, leitura e escrita

musical; Desenvolver capacidades de concentração; Desenvolver competências ao nível

da memorização; Promover a coordenação motora; Promover o bem-estar entre todos os

agentes educativos no processo de Ensino/Aprendizagem.

Durante o período da PES, foram criadas estratégias para o desenvolvimento das aulas,

nas quais a interação ritmo/corpo (com base no movimento) foi o instrumento pedagógico

mais valorizado.

Em termos de atividades, foram trabalhadas quatro canções tradicionais do mundo (World

Music), bem como uma canção com arranjos da autoria do Professor estagiário. Para a

implementação da ação pedagógica, foram elaborados planos de aula, sendo a estratégia

central a utilização de abordagens pedagógico-musicais ativas previamente focadas, com

especial incidência nas abordagens de Dalcroze, Wuytack, Willems, Kodály e Orff .

Nome da Canção Instrumentos utilizados

3. “Sow Cowboy” (Arranjo de Pedro João) Voz, Corpo, Guitarra, Flauta de bisel

4. “Zim,Zim,Zim o Violino” (Tradicional de Itália) Voz, Corpo, Piano

5. “A Ram, Sam, Sam” (Tradicional de Marrocos) Voz, Corpo, Guitarra, Xilofones

6. “Heio” (Tradicional da Tailândia) Voz, Corpo

7. “Chumbarara” (Tradicional do Canadá) Voz, Corpo, Guitarra

Tabela 1: “Canções trabalhadas na PES de 1º Ciclo”

No decurso de todas as aulas, o professor iniciou as atividades com movimentos corporais

executando ‘vitaminas rítmicas’ que, baseadas na repetição, tiveram na sua base

figuras/padrões rítmicos previamente abordados. Alternando compassos (inicialmente

25Cf. Anexo 2: “Programa de Iniciação Musical”

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binário/quaternário) e andamentos, as ‘vitaminas rítmicas’ progrediam para padrões

rítmicos (e andamentos) da peça a trabalhar na aula em causa. Numa fase posterior, os

alunos foram convidados a improvisar, individualmente, figuras/padrões rítmicos que os

colegas repetiram e vivenciaram em diferentes níveis corporais. Finalizando o exercício,

as figuras/padrões rítmicos foram expostos no quadro. Com base nestes exercícios

rítmico-corporais, os alunos vivenciaram os padrões rítmicos de forma ativa, o que

contribuiu para o desenvolvimento do seu sentido rítmico e, consequentemente, da sua

aprendizagem musical. De acordo Wuytack (1999:5), esta estratégia estimula e enriquece

a o desenvolvimento rítmico e coordenação motora.

“(…) vitaminas rítmicas no inicio da aula, constituem um treino excelente para o

desenvolvimento do sentido rítmico e da coordenação motora, uma vez que se trata de um

movimento realizado com o corpo (percussão corporal).” (Wuytack 1999:5)

Em todas as aulas, a referida imitação de padrões rítmicos foi trabalhada de forma

integrada com corpo/movimentos (níveis corporais básicos - palmas, estalos, pernas, pés),

bem como com movimentos espácio-temporais (caminhar, saltar) e estados

emocionais/sentimentos (triste, chateado, alegre, etc.) inerentes à própria natureza

humana. Segundo Cunha (2013), na abordagem pedagógico-musical de Carl Orff o

movimento e o corpo são inseparáveis da prática e do desenvolvimento musical de todos

os seres humanos. Numa segunda fase de trabalho, foi exposta e associada aos padrões

rítmicos vivenciados e aos movimentos corporais, a letra e a melodia das canções,

introduzindo o canto como estratégia de ação pedagógica. Deve destacar-se que o canto

é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento musical dos alunos em contexto de

Educação Musical. De acordo com (Cunha, 2013:32),

A prática do canto, como meio pedagógico, é uma marca fortíssima na educação da infância

e, consequentemente, na educação ao longo da vida. A este respeito, Orff referiu que os

tesouros acumulados nas canções infantis tradicionais, sempre lhe pareceram ser o ponto de

partida natural de toda a Educação Musical. (Cunha 2005.32)

Pelo exposto, pode depreender-se que a estratégia de ação pedagógica desenvolvida, a

qual foi transversal ao todo o decurso da PES, teve como ponto de partida (e elemento

central) o ritmo.

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No desenvolvimento de todas as atividades, a prática (grupal) precedeu sempre a teoria,

estabelecendo forte ligação aos previamente abordados conceitos (e práticas) inerentes ao

‘Construtivismo’ e ao Socioconstrutivismo’, bem como a princípios basilares das focadas

abordagens pedagógico-musicais ativas. Nesse sentido, particularizando à aula na qual

foi trabalhado o tema “Sou Cowboy”, o professor estagiário propôs aos alunos que estes

caminhassem pela sala, para sentirem a pulsação da canção que o professor marcava.

Seguidamente, foi feita uma repetição rítmico-corporal com a figura rítmica ‘galope’,

variando os níveis corporais (palmas, estalar os dedos, bater com os pés), de forma

individual e em pares, criando-se e interpretando-se um ‘ostinato rítmico’26 conjunto.

Posteriormente, letra e melodia da canção foram progressivamente associadas ao ritmo,

para que, de forma verbal e corporal, todos pudessem repetir, vivenciar e memorizar. Na

introdução e interpretação conjunta da melodia, recorreu-se à utilização da ‘fonómimica’

de Kodály, no sentido de conduzir à reprodução de movimentos sonoros, também eles

dirigidos de forma corporal (gestual). Após a peça ter sido vivenciada e interiorizada

pelos alunos (ritmo/letra/melodia), procedeu-se à sua escrita (notação musical

convencional) no quadro e respetivos cadernos diários. O exemplo supramencionado

resume a estratégia adotada no desenvolvimento das canções propostas, tendo como

finalidade, numa fase primária, a aprendizagem do ritmo, seguida da associação da letra

e da interpretação/vivência melódica. Em todas estas fases de trabalho, o corpo assumiu

um papel preponderante, uma vez que os movimentos corporais foram uma constante.

Com o intuito de ampliar o desenvolvimento musical dos alunos, o recurso à utilização

de instrumental Orff foi muito frequente no decurso das aulas. Para além de se

apresentarem como instrumentos tecnicamente acessíveis a todos, os instrumentos Orff

convidam à criação/experimentação, apresentando timbres e possibilidades sonoras

(rítmicas/melódicas/harmónicas) tão diversificados quanto apelativas. Deve ter-se

presente que na abordagem Orff-Schulwerk os instrumentos (Orff) devem ser vistos como

um campo de experiências e entendidos como uma espécie de prolongamento do próprio

corpo humano (Cunha, 2013). Assim se depreende das palavras de Orff:

Não queria treiná-los em instrumentos altamente desenvolvidos, mas sim em instrumentos

preferencialmente rítmicos e relativamente fáceis de aprender. (…) A minha ideia era levar

os alunos até à improvisação da sua própria música (podendo ser “modesta”) e ao

acompanhamento do seu movimento (Orff, 1963:136- 138)27.

26 Figura/frase rítmica/melódica/harmónica repetida varias vezes ao longo de toda uma canção. 27 I therefore did not want to train them on highly developed art instruments, but rather on instruments that

were preferably rhythmic, comparatively easy to learn. (…) My idea was to take my students so far that

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Figura 4: “Alunos do 1º ciclo a tocar instrumental Orff”

Pode considerar-se outro exemplo de exploração sonora, a utilização lúdica de balões de

ar em contexto de aula. Dando ênfase ao andamento, os alunos exploraram, individual e

coletivamente, a criatividade de movimentos básicos (andar, saltar, correr) no espaço. A

estratégia utilizada teve na sua base os balões de ar, com o objetivo destes não tocarem o

solo, acompanhando uma música (gravada) de caráter rápido (Doly – “Les 4 Etoiles”).

Seguidamente, com o mesmo objetivo, a música de acompanhamento foi alterada por

uma de acompanhamento de caráter lento (Yann Tiersen -“La valse d’Amelie”).

Este tipo de atividades ajuda ao desenvolvimento musical dos alunos. As estratégias de

ação pedagógica utilizadas foram sempre baseadas nas referidas abordagens ativas, com

ênfase na relação música, movimento e criatividade. Exercícios rítmicos com

acompanhamento musical mais rápido permitem aos alunos uma melhor interação,

vivacidade e envolvimento corporal. De acordo com uma aluna: “estas atividades foram

divertidas, mas gostei mais da atividade mais rápida, mexi-me muito” (Inês).

Na abordagem da pedagogia de Dalcroze os alunos ao executarem exercícios de

movimentação de acordo com os sons ouvidos, desenvolvem-se musicalmente, ao mesmo

they couil improvise their own music (however unassuming) and their own accompaniments to movement

(Orff, 1963:136-138)

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tempo que se expressam corporalmente. Segundo Mantovani (2009:21) corrobora a ideia

de Dalcroze ao afirmar que o movimento corporal associado à música proporciona:

(…) aumento da concentração; a reação imediata ante um estímulo; dissociação, a

coordenação e retenção de movimentos; o auto-conhecimento e o domínio das resistências e

possibilidades corporais; a quantidade de passos na relação espaço-tempo; o equilíbrio entre

reações conscientes e automáticas; a prontidão para executar ordens que venham da mente.

(Mantovani, 2009.21)

Figura 5: “Atividade com balões”

De forma global, as atividades propostas no decurso da PES (1º Ciclo) foram

desenvolvidas, de forma muito positiva, pelos alunos, tendo-se verificado resultados de

aprendizagem muito significativos. Na base desta conclusão foram tidas em conta as

revisões de conceitos/conteúdos desenvolvidas em cada uma das aulas, as apresentações

finais de atividades, bem como os comentários desenvolvidos pelos alunos, no momento

final de reflexão. Tomemos como exemplo: “Foi fixe”(Miguel); “As atividades que

fizemos foram muito divertidas, fizeram-me perceber o ritmo”(Hugo). Deve salientar-se

que durante o período de estágio, o grupo de alunos foi bastante reduzido, devido ao facto

da aula acontecer a uma hora tardia (20h00) e de alguns alunos serem de outras

localidades. Estas questões condicionaram a presença física do grupo completo (turma

composta por 6 alunos) e, consequentemente, as atividades grupais.

Face ao exposto, considera-se a PES desenvolvida no 1º Ciclo muito positiva.

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2. Prática do Ensino Supervisionada 2º Ciclo do Ensino Básico

2.1. Contextualização do Meio Escolar

2.1.1. Caracterização do Meio

Tendo presente que os diferentes ciclos da PES se desenvolveram na mesma localidade,

no sentido de não repetir informação, confrontar ponto 1.1.1 do Capítulo 2.

2.1.2. Caracterização da Escola

A Escola E.B 2.3 Paulo Quintela localiza-se na Avenida Humberto Delgado. Na zona

envolvente podemos encontrar a G.N.R (Guarda Nacional Republicana), P.S.P (Polícia

de Segurança Pública, Segurança Social, Mercado Municipal, Câmara Municipal de

Bragança, Corporação de Bombeiros de Bragança, etc.

No ano de 1983, esta escola foi inaugurada como Escola Preparatória, lecionando os 5º e

6º anos de escolaridade. Em 1991, a sua atividade foi alargada ao 7º ano, passando em

1997 a Escola E.B 2.3, lecionado até ao 9º ano de escolaridade. Em 2003, torna-se sede

do Agrupamento de Escolas Paulo Quintela, com dez escolas de 1º Ciclo e três escolas

de Educação Pré-Escolar

Em termos físicos, a Escola E.B 2.3 Paulo Quintela, apresenta três pavilhões com salas

de aulas, um Pavilhão Gimnodesportivo e um campo desportivo. Os referidos pavilhões

têm salas de aula, um auditório, duas salas de informática, uma Biblioteca, laboratórios

devidamente equipados, refeitório, sala de direção, secretaria e espaços para o convívio

dos alunos. Devem destacar-se os espaços verdes exteriores devidamente tratados.

Figura 6: “Vista parcial da Escola E.B. 2.3 Paulo Quintela”

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55

2.1.3. Caracterização dos materiais e da sala de aula

Para o ensino da EM, existem a sala EM1 e sala EM2. A sala onde decorreu a PES foi a

EM1. A sala tem anexada uma arrecadação de instrumentos musicais, os quais se

apresentam em perfeitas condições. Destacam-se: instrumentos Orff, guitarras, bateria,

cavaquinhos, adufes, mesa de som, colunas, microfones, estantes, flautas de bisel. A sala

é ampla, com um quadro interativo, computador, sistema de som, órgão elétrico, um

quadro convencional e um pautado, estando as cadeiras e mesas em formato de U.

2.1.4. Caracterização da Turma

A turma de 2º Ciclo do EB na qual foi desenvolvida a PES, no ano letivo de 2010/2011,

foi o 5º H. A turma era constituída por 19 alunos, dos quais onze são do sexo feminino e

oito do sexo masculino. A sua faixa etária variava entre os 9 e os 10 anos de idade.

No que se refere ao agregado familiar dos alunos, a maioria residia com os pais, na cidade

de Bragança e aldeias anexas, sendo os meios de transporte mais utilizados o carro e de

autocarro.

Relativamente ao contexto socioeconómico, as habilitações literárias dos pais variavam

entre o 4º ano do EB e a Licenciatura, exercendo as seguintes profissões: Mecânico,

Caixeiro, Economistas, Professores, Enfermeiros, Dentistas. A turma era coesa, não se

detetaram problemas graves ao nível de relações interpessoais. No domínio

comportamental eram alunos conversadores, alguns dos quais manifestavam pouca

organização escolar, prejudicando o normal funcionamento das aulas e o processo de

ensino/aprendizagem.

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56

2.2. Descrição e reflexão de experiências de Ensino/Aprendizagem

Esta experiência pedagógica teve início com um período de observação de uma aula

ministrada pelo Professor titular da turma (cooperante), no sentido do Professor estagiário

poder fazer a sua integração em contexto de sala de aula, bem como recolher dados

essenciais à sua intervenção pedagógica futura. Após a fase de observação, foi iniciada a

PES, com base nas ‘Orientações Programáticas’28 relativas aos níveis I, II, III, para o 5º

ano, turma H da Escola E.B.2,3 Paulo Quintela. No sentido de dar continuidade aos

conteúdos lecionados pela professora titular da turma, foram criados seguintes objetivos

de aprendizagem para os alunos: identificar auditivamente e visualmente os instrumentos

musicais; propor a participação de todos na sala de aula; imitar sequências

rítmicas/melódicas; promover a criatividade do aluno; exercitar a expressão

musical/corporal; utilizar instrumentos Orff no acompanhamento de canções, recorrendo

a diversas combinações de intensidade/dinâmicas/timbre/andamentos; leitura de notas em

partituras de linguagem escrita convencional; memorizar sequências rítmicas, frases

melódicas, desenvolver a audição ativa.

Seguidamente serão abordadas algumas ações pedagógicas desenvolvidas na PES do 2º

Ciclo.

Mantendo uma uniformização com os planos de aula implementados na PES de 1º Ciclo,

todas as aulas desenvolvidas no 2º Ciclo tiveram como início as referidas “vitaminas

rítmicas”. Numa primeira fase de imitação rítmica era proposto uma revisão de figuras

rítmicas abordadas nas aulas precedentes (mínima, colcheia, semínima, pausa de

semínima, galopes de semínimas). Nesse sentido, com base nos diferentes níveis

corporais associados à voz, foram trabalhadas, individual e coletivamente, vocábulos

Kodály como “ta” e “ti” ou “pam”.

Particularizando a uma aula específica que pode ser tomada como exemplo, foram

trabalhados desta forma (associação de ritmos corporais com a voz e com o movimento)

padrões rítmicos da canção “Kaze Neza”29 (canção tradicional da Ruanda). Seguidamente

o Professor estagiário executava batimentos com uma pulsação estável, enquanto os

alunos exploravam o espaço da sala, criando movimentos rítmicos com os elementos

básicos do corpo (pé, pernas, pernas, estalos), tendo por base as figuras rítmicas já

28 Cf. Anexo 4: “Orientação Programáticas do 2º Ciclo” 29 Cf. Anexo 4: “Canção Kaze Neza”

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assimiladas, reproduzindo-as individual e coletivamente. Este tipo de associação

(música/corpo) encontra fundamento na abordagem Orff-Schulwerk, na qual, segundo

Cunha (2013), os alunos participam ativamente, vivenciando e aprendendo música

através do corpo, sendo este o primeiro e principal instrumento musical. Ainda que de

forma não diretamente relacionada com as abordagens musicais ativas trabalhadas no

decurso desta PES, deve destacar-se que, de acordo com Gordon (2000), estas atividades

estimulam o interesse dos alunos, trabalhando o sentido e a memória rítmico(a), isto é,

através do movimento do corpo, o aluno irá a interiorizar os conceitos e as ideias (Gordon,

2000).

Figura 7: “Exercícios de imitação rítmico-corporal”

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58

Figura 8: “Movimentos corporais rítmicos”

Tendo sempre o corpo humano como instrumento musical primordial, outra estratégia de

ação pedagógica desenvolvida nesta aula em particular e, de forma sistemática nas

restantes aulas, foi o contacto/conhecimento de todo o instrumental Orff, bem como de

instrumentos clássicos associados a diferentes obras e compositores dos períodos da

História da Música Erudita Ocidental. Exposta uma breve biografia de alguns

compositores dos períodos Barroco, Clássico, e Romântico, foram propostos vários jogos

com cartões30. Destes jogos, destacam-se a identificação e vivência de padrões rítmicos,

níveis corporais de execução e instrumentos musicais (Orff, Clássicos e instrumentos

musicais do Mundo) diversificados. Nesta atividade lúdico-pedagógica, os alunos

desenvolveram a memorização rítmico-auditiva, a identificação de instrumentos

musicais, a expressão corporal e o relacionamento com os seus pares. Retomando a

precedentemente referida canção “Kaze Neza”, com os alunos no centro da sala de aula

de pé (‘círculo Orffiano’31), o Professor estagiário prosseguiu com a vivência (por

imitação) dos padrões rítmicos/melódicos/coreográficos, associando-os à letra da canção.

Seguidamente, após os alunos terem vivenciado e interiorizado os padrões

rítmicos/melódicos/coreográficos, foi exposta, no quadro interativo, a partitura musical,

30 Cf. Anexo 6: “Cartões Ilustrados” 31 Termo apresentado por Maschat (2001) e López-Ibor (2007), retomado por Cunha (2013).

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59

para que a componente teórica reforçasse a componente prática. Esta estratégia

pedagógico-musical ecoa nas palavras de Palheiros (1999:7), para quem:

Estabelecendo um paralelo com o ensino das línguas, a imitação é uma das metodologias

essenciais à aprendizagem rítmica, sobretudo com as crianças mais pequenas que não

dominam a leitura. A observação da execução do gesto rítmico pelo professor permite a

coordenação entre a audição e a visão na perceção rítmica. (Palheiros, 1999:7)

Complementando a canção, foi introduzido o instrumental Orff. O aquecimento das mãos

foi feito para exercitar os músculos, antes dos alunos começarem a tocar. Com as notas

dos acordes de “Fá M”, “Ré m” e “Dó M” os alunos iam criando “ostinatos harmónicos”

com instrumentos de “lâminas” e “ostinatos rítmicos” com instrumentos de madeiras/

metais para a canção.

No 2º ciclo do EB em boa verdade, a flauta de bisel apresenta-se, como instrumento

musical maioritariamente utilizado, em termos de aprendizagem, bem como de avaliação

prática dos alunos. Nesse sentido, foi trabalhada a peça “Contacto II”32, sendo adotada

como estratégia a audição completa da peça, seguindo-se a ‘fonomímica’ (Kódaly) com

as notas “Dó” e “Lá”. Com o som da peça em fundo, professor estagiário e alunos

vivenciavam gestualmente a peça. Após a vivência gestual, era desenvolvida a vivência

corporal e consequente interiorização do ritmo, procedendo-se, de seguida, à dedilhação

em flauta de bisel (no queixo sem tocar) e, finalizando na boca para tocarem. A

‘fonomímica’ era repetida até os conteúdos da peça serem assimilados pelos alunos.

Finalizando, a partitura da peça era exposta no quadro para a realização da análise da

partitura (prática antecedia, uma vez mais, a teoria).

No que concerne ao balanço final da PES do 2º Ciclo do EB, pode referir-se que os

objetivos delineados pelo Professor estagiário foram amplamente alcançados. Ao longo

das aulas, os alunos revelaram melhorias de comportamento, de motivação, de

socialização e, por conseguinte, de aprendizagem e avaliação. Em suma, os resultados

alcançados indiciam que o recurso a estratégias de ação pedagógica alicerçadas em

abordagens pedagógico-musicais ativas surtiu, nos alunos, efeitos profundamente

benéficos. Reforçam estas ideias os facto de, em diferentes momentos de reflexão

conjunta, bem como em self-reports, os alunos considerarem, entre outros aspetos

32 Cf. Anexo 7: “Peça Contacto II”

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60

positivos que “os exercícios corporais são engraçados” (Rafael); “fizemos muitas

atividades, rítmicas, gostei muito” (Rui); “acho que esses exercícios são muito bons para

nós começarmos a ter mais noção de ritmo e para nos ajudar a interagir melhor com os

movimentos do nosso corpo” (Diogo); “Gostei, acho que aprendi muito melhor a

música”(Ricardo); “Aprender o ritmo com os batimentos corporais foi muito mais fácil,

depois foi muito mais fácil cantar a canção” (Ana);“ assim com o corpo senti mesmo a

música” (Ana);“nunca pensei tocar assim com o ritmo certo” (João).

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61

3. Prática do Ensino Supervisionada 3º Ciclo do Ensino Básico

3.1.Contextualização do Meio Escolar

3.1.1.Caracterização do Meio

Tendo presente que os diferentes ciclos da PES se desenvolveram na mesma localidade,

no sentido de não repetir informação, confrontar ponto 1.1.1 da PES do 1º Ciclo.

3.1.2. Caraterização da Escola

A Escola E.B. 1, 2, 3 Augusto Moreno dispõe de um edifício principal, um parque de

estacionamento privado, um campo desportivo um pequeno anexo (equipa de apoio a

escola). Tem bastante espaço verde exterior, o qual é utilizado pelos alunos no recreio,

bem como em algumas atividades físicas. O referido edifício principal é constituído por

salas de aula, dois ginásios, serviços administrativos, dois auditórios, refeitório, direção,

biblioteca, gabinete de apoio ao aluno e espaços para convívio.

Figura 9: “Entrada principal da Escola E.B. 1, 2, 3 Augusto Moreno”

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62

3.1.3. Caracterização dos materiais e da sala de aula

Para o ensino da Educação Musical, existem nesta Escola as salas números 33 e 34,

apresentando, esta última, dimensões bastante reduzidas. A sala onde decorreu a PES foi

a sala número 33. É uma sala ampla, com cadeiras, mesas dispostas em forma de U, um

quadro pautado, um quadro preto, um computador, uma aparelhagem, um projetor e uma

tela improvisada (um pano branco esticado colocado na lateral da parede). Para além de

apresentar condições razoáveis à ação pedagógica em Educação Musical, a sala tem anexa

uma sala de arrecadação onde podem encontrar-se cavaquinhos, guitarras e instrumentos

Orff, estando, alguns destes, bastante danificados.

3.1.4. Caracterização da Turma

A turma atribuída para realização da PES no 3º ciclo do EB, no ano letivo de 2010/2011,

foi a turma A, do sétimo ano de escolaridade. Constituída por vinte quatro alunos, estando

divididos em turnos: doze alunos frequentavam a disciplina de Música e os restantes doze

a disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Dos doze alunos com

os quais foi desenvolvida a PES em Música, sete eram do sexo feminino e cinco do sexo

masculino. A faixa etária variava entre os 12 e os 15 anos de idade. Deve destacar-se que

existiam alunos com retenções no decurso do seu percurso escolar. No que refere ao

agregado familiar, a maioria residia com os pais, estando um aluno institucionalizado. Os

contextos socioeconómicos eram bastante heterogéneos, como pode verificar-se pela

diversidade de profissões dos pais dos alunos: Bombeiro, Motorista, Professor,

Trabalhador da construção civil, Formador e Agricultor; Doméstica, Empregada de

limpeza, Auxiliar de Ação Médica, Cozinheira, Esteticista, Empregada de pastelaria,

Funcionária de empresa, Administradora, Professora. As habilitações literárias dos pais

dos alunos variavam entre o 4º ano e a Licenciatura.

Após observação inicial, pôde constatar-se que a turma em si não era coesa. No Domínio

Comportamental, eram alunos irrequietos com muita falta de civismo, por vezes

perturbadores, existindo alguns problemas de integração, respeito por regas e de

relacionamento interpessoal. No global eram alunos muito conversadores,

desinteressados e sem hábitos de trabalho e organização escolar.

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3.2. Descrição e reflexão de experiências de Ensino/Aprendizagem

Esta experiência pedagógica teve início com um período de observação correspondente a

uma aula ministrada pelo Professor titular da turma (Cooperante). Com base na

observação, o Professor estagiário fez a sua integração em contexto de sala de aula e,

simultaneamente, recolheu dados essenciais à sua intervenção pedagógica futura

(caraterização da turma; Programa lecionado; Conhecimentos/competências musicais dos

alunos). Após a fase de observação, foi iniciada a lecionação, com base nos Princípios

Orientadores do Programa de Educação Musical relativos ao tema Pop/Rock, constante

no Currículo da Disciplina de Educação Musical para o 3º Ciclo33, foram criados os

seguintes objetivos de aprendizagem para os alunos: Perceção sonora e musical;

Capacidade auditiva e nível de mobilização dos sentidos na perceção; Conhecimento e

compreensão de metas, objetivos e conteúdos; Apropriação oral e escrita de linguagens

musicais elementares; Demonstração de interesse pelo património musical e cultural,

nacional e internacional; Afinação e correta utilização da voz; Exploração e expressão

instrumental; Coordenação motora e sentido rítmico; Investigação, produção e

apresentação de materiais musicais.

Tendo presente o quadro comportamental geral da turma, o Professor estagiário procurou

aproximar-se dos alunos, no sentido de procurar perceber os seus comportamentos e

atitudes, tendo presente que, de acordo com Estrela (2002:13),

(…) a Escola, sistema aberto em interação com o meio, não pode ficar imune às tensões e

desequilíbrios da sociedade envolvente e, por isso, poderá ver-se a indisciplina que

atualmente perturba a vida de muitas escolas como um reflexo dos conflitos e da violência

que grassa na sociedade em geral. (Estrela, 2002:13).

Nesse sentido, de forma a poder desenvolver o melhor possível as práticas pedagógicas,

as primeiras aulas foram importantes, não só para estabelecer regras de sala de aula, mas

também, para desenvolver e manter uma relação empática Professor/aluno, dado ser,

segundo Estrela (2002:126) “oportuno salientar a influência determinante na importância

do sistema normativo-disciplinar nos primeiros dias de aulas”. Na verdade, se o ser

humano criar boas relações interpessoais, beneficia de comportamentos adequados,

33 Cf. Anexo 10: “Orientações programáticas do 3º Ciclo”

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64

aumenta os seus níveis de envolvimento e motivação e, por conseguinte, de aprendizagem

mais rápida, eficaz e de desenvolvimento da autoestima, da autoconfiança e da

socialização.

Pelo exposto, o envolvimento e a motivação foram sempre fatores tido em conta durante

as atividades pedagógicas desenvolvidas, conseguindo captar a atenção, o entusiasmo e a

participação dos alunos. A ação pedagógica baseou-se na vivência prática de

músicas/canções nacionais e internacionais, partindo do corpo humano, como principal

recurso de expressão musical, recorrendo aos Instrumentos Orff, numa abordagem que

privilegiava a improvisação/criação baseada em movimentos corporais e no

desenvolvimento rítmico-corporal que lhes está subjacente. Seguindo a metodologia dos

ciclos de Ensino precedentemente focados, as “vitaminas rítmicas” marcaram o início de

todas as aulas, tendo presente que o aluno deve ser incentivado a conhecer o seu próprio

corpo através da expressão rítmico-corporal, batendo palmas, percutindo nos joelhos e

nos pés, estalando os dedos, etc. Segundo Palheiros (1999: 7) “a percussão corporal

estimula a coordenação motora”. Os exercícios de imitação de “ostinatos”, conjugados

com a improvisação foram utilizados no decurso de toda a ação pedagógica. Em termos

de competências musicais, para além dos aspetos anteriormente referidos, os “ostinatos”

favorecem a vivência e aprendizagem de parâmetros rítmicos, melódicos e também

harmónicos. Neste particular, Palheiros (1999:7) salienta que:

os ostinatos tem vantagens interessantes, a nível pedagógico: é uma técnica fácil, com

resultados imediatos; a repetição apoia o treino; desenvolve o sentido da forma; ajuda a

memória; permite ouvir as outras vozes enquanto se interpreta; facilita a improvisação. Pode-

se utilizar em sobreposição ou como acompanhamento de textos e de canções com várias

formas: verbal, vocal.( Palheiros, 1999:7)

De forma complementar, indo ao encontro dos princípios pedagógicos da abordagem OS,

a utilização da voz foi uma constante. Jogos de “pergunta-resposta” com base em letras

de canções do cancioneiro tradicional português, acompanharam os movimentos rítmico-

corporais. Tomemos como exemplos: (a) Pergunta “O balão do João” - resposta “sobe

sobe pelo ar”; (b) Pergunta “ Ó malhão, malhão” - resposta “que vida é a tua”. As

atividades foram sempre desenvolvidas em conjunto pelo Professor estagiário e alunos,

assumindo-se uma postura de aprendizagem construtivista alicerçada na

criação/improvisação. Segundo Palheiros (1999), a técnica de “pergunta-resposta”

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permite aos alunos terem oportunidade de participar ativamente em experiências rítmicas

de grande benefício para o seu desenvolvimento musical. Nas aulas de Música/Educação

Musical, a criatividade desperta a evolução de personalidade, da autoconfiança e

importantes aspetos de socialização. Baseando-se em palavras de Orff (1963), Cunha

(2005:19) refere que a abordagem OS privilegia a criatividade:

Aspetos essenciais de todo um processo de criação, no qual a criatividade se alia a

experimentação permitindo, ao individuo evoluir em relação a si mesmo (…) explorar as

possibilidades de um material, e a partir dele, criar um ritmo, um texto, um acompanhamento

ou uma melodia para dançar (…) são capacidades enriquecedoras da personalidade do

individuo e do desenvolvimento da sua capacidade artística e afetiva. (Cunha, 2005:19)

No sentido de fomentar atividades baseadas na criatividade, partindo do próprio corpo

outras atividades foram desenvolvidas nas aulas. Tomemos com exemplo a exploração

do sentido rítmico, numa audição musical ativa recorrendo a balões de ar. Sentados, os

alunos entrelaçaram os balões nas pernas procuraram criar acompanhamentos rítmicos,

percutindo os balões de ar, para a canção “Waka, Waka” (Shakira). Para além de

proporcionar momentos de grande motivação envolvimento, este tipo de atividade

potencia a comunicação e expressão musical dos alunos. Segundo Martins (1987:15) a

vivência rítmica “é uma atividade natural e elementar, devemos levar a criança a descobrir

e a desenvolver os múltiplos meios de comunicação e de expressão que estão

naturalmente ao seu alcance através do próprio corpo.” Foram ainda realizadas atividades

de exploração espacial da sala de aula através de movimentos corporais, como por

exemplo a audição musical ativa da canção “Clocks” (Coldplay). Dividida em dois

grupos, a turma vivenciou, numa primeira fase, os movimentos corporais que seriam

realçados na canção. Uma vez que os movimentos corporais foram assimilados, a audição

da música, foi apresentada e os alunos exploraram o espaço, através de movimentos

corporais. Existindo uma participação ativa, os alunos puderam improvisar e vivenciar

momentos de criação, exploração sonora, corporal e espacial, interagindo, e partilhando

com o grupo de trabalho a expressão de sentimentos/emoções. É importante referir que,

nestas circunstâncias, como referido por Cunha (2005:49), os alunos vão ter “atitudes

sociais de comunicação, colaboração, autoconfiança, compreensão, respeito e admiração”

que contribuem inequivocamente para o seu desenvolvimento musical, pessoal e social.

Segundo Lima & Ruger (2007:6), numa visão mais Dalcroziana,

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no movimento físico, na perceção auditiva e na improvisação a coordenação entre o ouvido,

mente e corpo; a improvisação utiliza todas as faculdades, explora o movimento corporal, a

imaginação e a criatividade motora e a expressão corporal. A improvisação utiliza ritmos

físicos e verbais para a expressão espontânea do individuo. (Lima & Ruger, 2007:6)

Considerando que cada aluno deve ser visto como um “diamante para lapidar”, elementos

que se apresentem como estímulos para os alunos potenciam as suas

capacidades/competências musicais futuras. Tendo presente que os instrumentos

musicais despertam a vivência de diferentes emoções/sentimentos, uma outra atividade

desenvolvida foi a visualização de um excerto da ópera “La traviata”34 do compositor G.

Verdi (1813-1901). Inicialmente, os alunos visualizaram e ouvirem o excerto referido,

para, de seguida, com base numa nova visualização sem som, poderem acompanhar/criar,

em instrumental Orff, aquilo que as imagens transmitiam. Deve destacar-se que os alunos

puderam, assim, desenvolver a criatividade, associando sons a imagens.

Figura 10: “Improvisações musicais com base em estímulos visuais”

No sentido de introduzir o tema “Pop/Rock”, foram trabalhadas diversas canções

portuguesas e internacionais. Os alunos visualizaram e ouviram as canções em sala de

34 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=NDhHxIz83Ic, Acedido em Janeiro 12, de 2010.

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aula, recorrendo à Internet, sendo estas audições complementadas com pesquisa coletiva

na biblioteca da Escola, no sentido de contextualizar os géneros/estilos escolhidos. Das

várias músicas apresentadas, foram abordadas e interpretadas, em guitarra clássica

(Professor estagiário) e instrumentos Orff (alunos), as canções apresentadas na tabela:

Peças / Canções

Instrumentação

“Dunas” - GNR Instrumental orff, Guitarra, Voz,

“Waka Waka” - Shakira Guitarra, Corpo, Voz, Áudio

“O que faz falta” - Zeca para sempre Guitarra, Voz

“Adivinha quanto gosto de ti” André Sardet Guitarra, Voz

“We will rock you” – Queen (versão original e

versão Minha Machadinha)

Voz, Corpo, Instrumental Orff, “BoomWhakers”

“ Cinderela” – Carlos Paião Voz, Guitarra, Expressão corporal

“Uprising” – Muse (versão original e versão

Areias)

Guitarra, Voz, Corpo, Instrumental Orff, Áudio

Tabela 2: “Canções trabalhadas na PES de 3º Ciclo”

À semelhança dos restantes Ciclos de Ensino, e das demais atividades apresentadas, as

estratégias implementadas para aprendizagem destas canções teve como primazia a

vivência rítmica com base no corpo, seguindo-se-lhes o trabalho melódico (vocal) e

harmónico (instrumental), numa unidade entre música e corpo/movimento. Como

exemplo de uma atividade desenvolvida no 3º Ciclo, pode destacar-se a canção “We Will

Rock You”35, a qual, partindo da área Pop/Rock, foi trabalhada com a adaptação da letra

de uma canção popular Portuguesa (Minha Machadinha). Deve salientar-se que, face à

escassez de recursos instrumentais na sala de aula, o Professor estagiário providenciou

instrumentos para a realização das atividade proposta. Os alunos começaram por ouvir a

canção, para, seguidamente, utilizando o corpo (Pernas/Palmas) e instrumentos de

percussão (congas, djambés), interpretarem um “ostinato rítmico”, mantendo a base da

pulsação. Em termos melódicos, associando a letra que era do seu conhecimento, os

alunos entoaram, com relativa facilidade, a melodia, também ela conhecida. Na

35 “We will rock you” – Canção original da banda Queen. Versão “Minha Machadinha” interpretada pelo

Grupo Coral E.B. 2,3 da Maia, (Açores). Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=-

XiNdKy1dpo, acedido a 10 de janeiro de 2010.

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componente harmónica, através de instrumentos Orff (altura definida) e de

“Boomwhackers”36, os alunos acompanharam a canção sob indicações do professor.

Em termos de balanço global final, a PES desenvolvida no 3º Ciclo do EB ficou marcada

por aulas iniciais bastantes direcionadas para o trabalho de postura dos alunos em

contexto de sala de aula, uma vez que, inicialmente os problemas de afetividade e

socialização faziam com que a aula fosse constantemente interrompida. Adotar

estratégias de motivação, interesse e participação ativa dos alunos nas aulas foi uma

preocupação constante. Nesse sentido, as atividades que o Professor estagiário

desenvolveu, algumas relatadas anteriormente, procuraram sempre captar a atenção, o

entusiasmo e, sobretudo, a motivação, tendo presente que um aluno motivado desenvolve,

com maior facilidade, a autoconfiança, a autoestima e a socialização, o que, propicia uma

melhor e mais eficaz aprendizagem e consequente desenvolvimento de competências.

Das estratégias/atividades implementadas devem destacar-se: o trabalho de

músicas/canções conhecidas dos alunos, indo ao encontro dos seus gostos; os exercícios

rítmicos com balões de ar; as audições musicais ativas; os jogos lúdicos com cartões e as

atividades de expressão/exploração/improvisação corporal e com instrumental Orff. Deve

salientar-se que, gradualmente, se criou uma forte empatia entre Professor estagiário e

alunos, tendo este fator contribuído para o bom ambiente de Ensino/Aprendizagem e,

consequentemente, para que os objetivos gerais inicialmente propostos fossem, na sua

grande maioria, alcançados de forma muito positiva. Fundamentam esta ilação os

depoimentos seguintes, os quais se revestem de grande valor na importância atribuída à

relação ritmo/corpo no decurso de toda a PES: “Eu gostei dessa atividade porque fizemos

música e improvisamos muito”(Rita); “Acho que a atividade foi engraçada, porque

estamos a perceber o ritmo e os movimentos com o corpo foi divertido e diferente”(João);

“Achei muito divertido porque além de estarmos a divertir-nos estamos a sentir a

pulsação e a interagir com as partes do corpo”(Rui); “foi bué da fixe”(Manuel);

36 “Boomwhackers” são tubos plásticos afinados de diferentes comprimentos e cores, sendo que a cada tubo

corresponde uma nota musical (Escala Diatónica de Dó).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em Portugal, ainda que diversas reformas na Educação tenham sido postas em prática,

questões políticas e/ou económicas, têm descurado o importante papel que a Educação,

em geral, e a Educação Musical, em particular, desempenham no desenvolvimento

holístico do Ser Humano e no progresso geral da Humanidade.

Embora consagrada no CNEB, e Ensino da Música/Educação Musical tem-se revestido

de contornos bastante discutíveis. No 1º e 3º Ciclos do EB, ainda que pequenos passos

tenham sido dados, a Música/Educação Musical ainda tem um longo caminho a trilhar,

no sentido de proporcionar práticas de Ensino/Aprendizagem musical a todas as crianças.

Ao nível do 2º Ciclo do EB, existe um caráter obrigatório de ensino, o qual se apresenta

de forma mais estruturada (recursos humanos e materiais mais adequados).

Ao desenvolvimento global do ser humano está inerente a interdisciplinaridade de

conceitos/conteúdos, no sentido de promover uma crescente evolução de aprendizagens,

competências e consequente desenvolvimento da própria personalidade, nas vertentes

físicas, cognitiva, afetiva e social. Entendendo a Música/Educação Musical como uma

área do conhecimento que privilegia o desenvolvimento de todas estas vertentes da

condição humana, é lamentável que, existindo cortes, sejam estas e outras as áreas de

Educação Artística a serem suprimidas.

Da revisão da literatura desenvolvida, na qual se refletem práticas e estudos em

Música/Educação Musical, surgem indicadores que revelam uma unanimidade de que a

música é, de facto, de todos, para todos e deve ser parte integrante da formação e

desenvolvimento holístico do Ser humano. De forma particular e especificamente

musical, a importância de experiências de Ensino/Aprendizagem baseadas em pedagogias

musicais ativas que envolvam o próprio aluno na construção e criação do mundo dos sons,

suscitam o desenvolvimento da sua musicalidade, da sua sensibilidade e conhecimento

artístico-musical, e “abrem portas” para o prosseguimento de estudos ao nível da Música.

Quanto às experiências pedagógicas que estiveram na origem do presente trabalho, deve

destacar-se, como primeira consideração final, que o Professor estagiário entende o

número de aulas observação reduzido, tendo em conta o percurso global da PES. As

estratégias implementadas ao longo da PES basearam-se em princípios das abordagens

pedagógico-musicais ativas focadas no enquadramento teórico-conceptual, cabendo ao

Professor estagiário delinear, planificar e executar aquelas que considerou mais

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relevantes e adequadas aos contextos e turmas nas quais desenvolveu a sua PES. Na base

das suas opções, devidamente orientadas e supervisionadas, esteve sempre presente que

a prática antecede a teoria, sendo que o “fazer-se música”, através dos principais

instrumentos musicais: o corpo e a voz, precedeu sempre o “compreender-se música”.

Face ao exposto, deve destacar-se que, em termos globais, os objetivos traçados para cada

um dos Ciclos foram alcançados de forma bastante satisfatória. No decurso da PES,

puderem ser postas em prática estratégias/atividades alicerçadas em abordagens

pedagógico-musicais ativas, revelando-se muito profícuas nos processos de Ensino/

Aprendizagem e, consequentemente, no desenvolvimento musical dos alunos. Para além

dos depoimentos dos alunos previamente apresentados, a observação participante

permitiu verificar que as atividades propostas foram benéficas na aprendizagem dos

alunos, despertando a sua atenção, concentração e envolvimento, dado existir uma grande

componente de liberdade de movimento, associada à improvisação/criação musical, à

vivência rítmica baseada no corpo humano e nas suas possibilidades sonoras e

expressivas. Assim, no decurso de toda a PES, mais do que aspetos teóricos, os alunos

envolvidos puderam vivenciar a música e, através dela, ampliarem aspetos físicos,

cognitivos, afetivos e sociais que constituem o seu desenvolvimento holístico. Em termos

de competências musicais, os alunos obtiveram resultados finais globais bastante

satisfatórios, tendo em consideração os critérios de avaliação aprovados pelos Conselhos

Pedagógicos dos estabelecimentos de Ensino nos quais foi desenvolvida a PES.

De forma complementar, o desenvolvimento da PES possibilitou constatar que existem

fatores extra-curriculares que interferem de forma acentuada nos contextos escolares,

assumindo um papel preponderante no desempenho académico dos alunos. Devem

salientar-se o ambiente social dentro e fora das escolas, o ambiente familiar e a própria

personalidade de cada um. Nesse sentido, é fundamental que, na qualidade de agente

educativo, cada um reflita sobre o seu papel, necessitando, para isso, de encarar com

elevado empenho, rigor e paixão a carreira de Professor, estimulando, nos alunos, o

interesse, a motivação e o envolvimento nos processos de Ensino/Aprendizagem. Ser-se

Professor implica ser-se detentor de competências e conhecimentos, mas, acima de tudo,

considerar-se que cada aluno é um caso e não apenas uma mera parte do “todo”. Assim

procurei ser no decurso de toda a minha PES e procurarei ser na minha vida profissional

futura, tendo sempre presente que para ensinar e aprender é necessário compreender que

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71

a Educação é uma forma de intervir no mundo, sendo que ninguém é tão grande que não

possa aprender, nem ninguém tão pequeno que não possa ensinar.

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21&v05=&v06=&v07=&v08=&v09=&v10=&v11=%27Decreto-

Lei%27&v12=&v13=&v14=&v15=&sort=0&submit=Pesquisar

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21&v05=&v06=&v07=&v08=&v09=&v10=&v11=%27Decreto-

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79

ANEXOS

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ANEXO 1 “Planificação do 2º Ciclo”

Data: 9 de Novembro 2010 (13h45)

Tempo: 90 minutos

Lição nº 3

Ano: 5º h

Estagiário: Pedro João /Professora Cooperante: Natália Lourenço/Professora Supervisora:

Isabel Castro

Sala: M2

Sumário:

- Nota “dó”;

- Peça musical “contacto II” (100º musica, 2006);

- Instrumentos Orff, na peça musical “ contacto II”

Conceitos / Conteúdos:

- Ritmo: elementos rítmicos já aprendidos;

- Altura: Nota (dó)

- Timbre: Instrumentos Orff; Voz; Flauta de Bisel;

- Dinâmica: Diferenças dinâmicas, na interpretação musical em conjunto;

- Forma: introdução; interlúdio; compasso quaternário;

Competências Gerais:

INTERPRETAÇÃO E COMUNICAÇÃO

- Investiga e avalia diferentes tipos de interpretação utilizando vocabulário apropriado;

- Canta sozinho e em grupo, com precisão técnico – artística, diferentes géneros, estilos e tipologias musicais;

PERCEÇÃO SONORA E MUSICAL

- Compreende como se utilizam e articulam os diferentes conceitos, códigos e convenções e técnicas artísticas

constituintes das diferentes culturas musicais.

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- Descreve auditivamente, estruturas e diferentes géneros, estilos e culturas musicais através de vocabulário

apropriado.

CULTURAS MUSICAIS NOS CONTEXTOS

- Compreende e valoriza o fenómeno musical como património, fator identitário e de desenvolvimento social.

Competências Específicas (o aluno):

-Canta em grupo o tema aprendido;

- Memoriza a melodia de uma canção;

- Imita sequências melódicas;

- Memoriza pequenas frases melódicas;

- Imita sequências rítmicas;

- Entoa e toca respeitando todos os elementos dinâmico

- Memoriza sequencias rítmicas

- Desenvolve a audição atenta e concentrada;

- Conhece diferentes instrumentos.

Recursos Humanos:

- Professor e Aluno

Materiais

- Quadro; Caderno diário; Flauta de bisel; órgão; instrumentos Orff;

Avaliação:

-Avaliação por

observação direta e

posterior registo em

grelhas de avaliação

individuais.

Atividades / Estratégias (Desenvolvimento):

- Após a chamada, através da canção da apresentação, os alunos reproduzem imitações rítmicas com

expressões corporais individualmente e coletivamente;

- Seguidamente será desenvolvida uma breve revisão (oral) de conceitos /conteúdos e (figuras rítmicas) já

trabalhados de forma a contextualizar e introduzir as novas aprendizagens;

- Através do método expositivo, o professor vai reforçar os conteúdos (nota dó), registando-o no quadro e os

alunos no respetivo caderno, de forma a ser aplicado a vivência para a peça ser trabalhada posteriormente

na flauta de bisel;

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82

- Apresentação em Microsoft Powerpoint, da peça musical (contacto II), exploração da informação contida

na peça para posteriormente ser executada, na flauta de bisel

- Introdução, através das expressões corporais da peça musical (contacto II), vivencia do ritmo, associando-

o a melodia. Será finalmente executada a peça na flauta de bisel, pelo professor, por todos os alunos e se for

necessário individualmente;

- Apresentação em Microsoft Powerpoint, dos instrumentos Orff, com a respetiva audição individual

dos instrumentos com (altura definida e indefinida), família da (peles, madeiras e metais); Exploração da

informação contida no Powerpoint sobre o compositor Carl Orff, como o principal criador dos instrumentos

Orff; com a visualização da composição mais importante do compositor Carl Orff a ópera intitulada

(Carmina Burana);

- Introdução de “bordões” rítmicos e harmónicos para o instrumental Orff; após um breve aquecimento,

execução da peça anterior (contacto II) com acompanhamento de instrumentos Orff e flauta de bisel

Bibliografia:

- Neves, António., Amaral, D., Domingues, J. (2006). Educação musical - 5º ano, 100% Musica. Texto

Editora.

- Rocha, N., Ribeiro, N. (2006). Educação Musical – 5º e 6º ano, Alegretto. Areal Editores.

- Henriques, P., Castanheira, N., Batalha, L., (2006). Pequenos Músicos, Expressão e Educação Musical no

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83

Anexo 2: “Self Report”

Self Report

Ano____ Turma____

1- Gostas de trabalhar o ritmo com o corpo (batimentos corporais)?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2- O que achaste das atividades realizadas com o ritmo do corpo?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3- Achas que a tua concentração melhora com trabalho rítmico-corporal? Porquê?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

4- Preferes músicas Rápidas ou Lentas nas atividades rítmico-corporais?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

5- Achas que estas atividades te ajudaram a aprender música e a crescer

musicalmente?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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84

ANEXO 3 “Programa Iniciação Musical”

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85

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86

Anexo 4. “Partituras das Canções do 1º Ciclo”

Canção 1. “Sou Cowboy”

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87

Canção 2 “ Zim-Zim-Zim, o violino”

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88

Canção 3. “A ram sam sam”

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89

Canção 4. “Heio”

Canção 5. “Chumbara”

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90

Anexo 5. “Orientações Programáticas do 2º ciclo”

ESCOLA E.B. 2, 3 PAULO QUINTELA - BRAGANÇA EDUCAÇÃO MUSICAL – 2º CICLO

CONCEITOS CONTEÚDOS COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS ACTIVIDADES RECURSOS AVALIAÇÃO CALENDARIZAÇÃO

/ TEMPO

TIMBRE

Fontes sonoras convencionais e não

Convencionais;

Semelhanças e contrastes tímbricos.

Explora materiais sonoros da Natureza e meio envolvente;

Identifica e enuncia diferentes fontes sonoras;

Seleciona e identifica semelhanças e contrastes tímbricos.

Pesquisa sonora em grande grupo;

Exploração fontes sonoras.

Realização de composições musicais e respetiva notação gráfica

Execução de peças instrumentais.

Jogos de timbres.

Caderno diário;

Material de escrita;

Manual “Allegretto”;

Material audiovisual;

Fichas de apoio/ trabalho;

Instrumentos musicais;

Computador(es); Quadro Interativo

Software específico;

CD’s;

Partituras;

Observação direta e registo em ficha individual de análise;

Trabalhos individuais de grupo;

Testes auditivos;

Fichas de trabalho;

Fichas de avaliação;

Testes práticos.

Decurso do 1.º Período

Setembro a Dezembro de 2010

DINÂMICA

Piano;

Forte;

Mezzo-forte;

Crescendo;

Diminuendo.

Desenvolve o conceito de dinâmica;

Identifica elementos de dinâmica na música;

Trabalha textos criativamente.

Audição de obras;

Composição de sequências de sons fortes, pianos e “mezzo-forte”;

Escolha de um código escrito próprio ou convencional;

Execução de obras produzidas;

Entoação de canções.

ALTURA

Registos Grave, Médio e Agudo;

Pauta musical;

Clave de Sol;

Notas musicais.

Lê e escreve as notas na pauta;

Reconhece a Clave de Sol;

Produz com a voz sons com diferentes registos e alturas;

Relaciona a altura dos sons com o meio ambiente.

Reproduzir sequências de diferentes alturas;

Identificar fontes sonoras e seu registo;

Elaborar partituras;

Entoar canções.

RITMO Andamento

Rápido e Identifica andamento rápido e lento;

Acompanhar canções com a pulsação;

5º Ano MAPA DE PLANIFICAÇÃO MÈDIO PRAZO: 1.º PERÍODO – NÍVEIS I e II 2010 / 2011

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Lento;

Pulsação;

Andamento Moderado,

Acelerando e Ritardando;

Barra dupla e barra

de divisão.

Identifica alterações bruscas e graduais no andamento da música;

Executa-as vocal e instrumentalmente diferentes andamentos.

Executar alterações de andamento;

Audição de obras;

Usar o corpo humano com instrumento musical.

Aparelhagem Hi-Fi.

FORMA

Organizações Musicais

Elementos repetitivos.

Identifica elementos repetitivos;

Elabora sequências musicais;

Executa-as vocal e instrumentalmente diferentes formas e organizações musicais;

Elabora códigos de organização musical.

Registo de sequências musicais;

Criação e execução de sequências sonoras/musicais.

5º Ano MAPA DE PLANIFICAÇÃO MÈDIO PRAZO: 2.º PERÍODO – NÍVEIS III e IV 2010 / 2011

CONCEITOS CONTEÚDOS COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS ACTIVIDADES RECURSOS AVALIAÇÃO CALENDARIZAÇÃO / TEMPO

TIMBRE

Famílias tímbricas (instrumentos da sala de Aula – instrumental Orff);

Mistura tímbrica

Conhece instrumentos musicais.

Relaciona os instrumentos com o timbre.

Relaciona os instrumentos com o símbolo.

Identifica o timbre.

Agrupa os instrumentos musicais por famílias tímbricas.

Identifica misturas tímbricas.

Audição de obras musicais.

Audição de timbres de famílias de instrumentos.

Entoação de canções e acompanhamento em instrumentos (Orff) de diferentes timbres.

Caderno diário;

Material de escrita;

Manual “Allegretto”;

Material audiovisual;

Fichas de apoio/ trabalho;

Observação direta e registo em ficha individual de análise;

Trabalhos individuais de grupo;

Testes auditivos;

Decurso do 2.º

Período Janeiro a Março de 2011

DINÂMICA Fortíssimo e pianíssimo.

Organiza elementos dinâmicos.

Executa canções com dinâmica.

Identifica símbolos de dinâmica.

Trabalha textos criativamente.

Audição de obras musicais.

Entoação de canções.

Interpretação de peças instrumentais.

Composições.

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ALTURA

Movimento sonoro.

Agregado sonoro.

Textura fina e densa.

Escala pentatónica.

Linhas horizontais e verticais.

Identifica movimentos sonoros.

Executa linhas sonoras ascendentes, descendentes e permanentes.

Seleciona instrumentos de lâminas quanto à altura.

Executa nos instrumentos linhas sonoras ascendentes e descendentes em glissando.

Lê linhas sonoras ondulatórias.

Identifica auditivamente agregados sonoros.

Cria, regista, analisa e critica diferentes frase melódicas/harmónicas.

Elaboração de gráficos de movimentos sonoros.

Composição de um tema musical.

Interpretação de peças instrumentais.

Audição de obras musicais.

Instrumentos musicais;

Computador(es); Quadro Interativo

Software específico;

CD’s;

Partituras;

Aparelhagem Hi-Fi.

Fichas de trabalho;

Ficha de avaliação;

Testes práticos.

RITMO

Ritmo da canção.

Semínima e respetiva

pausa.

Colcheia e respetiva

pausa.

Contratempo.

Barra de repetição.

Relaciona pulsação com a duração dos sons.

Identifica sons curtos e longos.

Regista em escrita convencional.

Lê e identifica motivos/frases rítmicas.

Executa frases rítmicas com instrumentos.

Improvisa/Cria e analisa diferentes motivos /frases rítmicas.

Peças instrumentais.

Jogo de frases rítmicas (ditados visuais).

Canções com gestos/movimento.

Improvisações rítmicas em grupo (pergunta/resposta).

FORMA

Ostinato.

Imitação.

Cânone.

Realiza ostinatos (rítmicos e melódicos).

Reproduz ostinatos nos instrumental Orff. Realiza com rigor a imitação e Improvisação de motivos/frases musicais.

Realização de cânones em grupo com ou sem movimento.

5º Ano MAPA DE PLANIFICAÇÃO MÈDIO PRAZO: 3.º PERÍODO – NÍVEIS V e VI 2010 / 2011

CONCEITOS CONTEÚDOS COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS ACTIVIDADES RECURSOS AVALIAÇÃO

CALENDARIZAÇ

ÃO / TEMPO

TIMBRE

Combinação de timbres.

Voz.

Famílias de instrumentos da orquestra.

Identifica combinações de timbres.

Audição de obras musicais. Caderno

diário;

Material de escrita;

Manual “Allegretto”;

Observação directa e registo em ficha individual de análise;

Trabalhos individuais de grupo;

Decurso do 3.º

Período Abril a Junho

de 2011

DINÂMICA Ligadura de expressão.

Suspensão.

Entoa e toca na flauta corretamente, respeitando a ligadura de expressão.

Interpreta corretamente as indicações de dinâmica.

Interpretação de canções/músicas com os elementos de dinâmica.

Audição de obras musicais.

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ALTURA

Escala diatónica de Dó.

Melodia.

Harmonia.

Bordão.

Perfil sonoro.

Lê e escreve as notas na pauta.

Compõe.

Interpreta.

Composição de melodias na escala pentatónica.

Execução de melodias na flauta e instrumentos de sala de aula.

Canções.

Audição de obras.

Material audiovisual;

Fichas de apoio/ trabalho;

Instrumentos musicais;

Computador(es); Quadro Interativo

Software específico;

CD’s;

Partituras;

Aparelhagem Hi-Fi.

Testes auditivos;

Fichas de trabalho;

Ficha de avaliação;

Testes práticos

RITMO

Anacrusa.

Ponto de aumentação.

A mínima, semibreve e respetivas pausas.

Padrão rítmico.

Ligadura de prolongação.

Compassos binário, ternário e quaternário.

Analisa a canção.

Realiza leituras rítmicas.

Reproduz em níveis corporais.

Relaciona ponto de aumentação com as figuras conhecidas.

Leituras rítmico-melódicas.

Interpretação de canções e pecas instrumentais.

Audição de obras musicais.

Composição de ostinatos rítmicos para instrumentos de percussão.

Realização de ditados visuais, rítmicos e rítmico-melódicos.

FORMA

0 Motivo e a frase

AB e ABA.

Improvisa frases rítmicas e melódicas.

Analisa a estrutura de uma canção.

Identifica motivo e frase.

Realização de cânones rítmicos em grupo.

Execução de danças nos vários compassos.

Realização e interpretação de canções.

Interpretação de canções em forma AB e ABA.

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Anexo 6 “Partitura da Canção “Kaze Neza”

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Anexo 7 . “Cartões Ilustrados”

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Anexo 8. “ Partitura da peça “Contacto II”

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Anexo 9 “Instrumental Orff”

Anexo 10 “Partituras trabalhadas no 2º ciclo”

Partitura 1. “Diferentes andamentos”:

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Anexo 10 “Partituras Trabalhadas no 2º Ciclo”

Partitura 1 “ Vários Andamentos”

Partitura 2. “Canção dos Reis”

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Partitura 3. “Melodia Pastoral”

Partitura 4. “Danças Eslavas”

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Partituras 5. “No Woman No Cry”

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Anexo 11 “Orientação Programáticas do 3º Ciclo”

DIRECÇÃO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO NORTE

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS AUGUSTO MORENO CÓDIGO 151

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