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Pedro Leonidas Artes IESDE Brasil S.A. Curitiba 2012 Edição revisada

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Pedro Leonidas

Artes

IESDE Brasil S.A.Curitiba

2012

Edição revisada

© 2005 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ __________________________________________________________________________________L611a Leonidas, Pedro. Artes / Pedro Leonidas. - 1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 66 p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-2921-1 1. Arte na educação. I. Título. 12-8819. CDD: 707 CDU: 7(07) 30.12.12 06.12.12 041202 __________________________________________________________________________________

Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: Shutterstock

IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

Sumário

A Arte reflete a vida .................................................................................................................7

A Arte: um espelho do passado, presente e futuro .................................................................15

Grécia e Roma: a Arte Clássica .............................................................................................21

A religião domina o mundo ocidental ....................................................................................27Idade Média ...............................................................................................................................................27

O homem volta a olhar para o homem ...................................................................................31Renascimento .............................................................................................................................................31

O homem descobre novos mundos ........................................................................................35Do Renascimento até nossos dias ..............................................................................................................35

Arte: nossa eterna companheira .............................................................................................39“Lendo” um quadro ...................................................................................................................................39

Na infância do homem: o nascimento da Arte .......................................................................43Música ........................................................................................................................................................43

Dança .....................................................................................................................................47Renascimento ............................................................................................................................................49

Cinema ...................................................................................................................................53Lanterna mágica .........................................................................................................................................54

Cinema II ...............................................................................................................................57O que é um filme? ......................................................................................................................................57E o que é linguagem? .................................................................................................................................57Thelma e Louise ........................................................................................................................................59O Exterminador do Futuro II (cenas do início do filme) ...........................................................................59

Teatro .....................................................................................................................................61

Referências .............................................................................................................................65

Apresentação

O que vamos apresentar a vocês nestas 12 aulas não se limita apenas a uma sequência histórica de fatos e artistas. Queremos, por meio do estudo das manifestações artísticas em diferentes épocas e por criadores diferentes, mostrar que ela, a Arte, é, entre outras coisas, a tradução

de uma maneira de pensar e de ver o mundo de acordo com as vivências de cada momento histórico em que elas acontecem e, mais ainda, segundo a visão subjetiva do artista que a cria.

A Arte não se contenta com um simples “retratar do mundo”, preocupa-se principalmente com um “mostrar” o mundo e a vida da maneira mais ampla possível, possibilitando ao observador ver muito além daquilo que é concreto, palpável. É um ato revelador do mundo subjetivo que existe “em nossa volta e em nosso mundo psíquico”.

A Arte é a única atividade humana que trabalha com a verdade em sua plenitude, e não com a verdade imediata como faz a ciência. No entanto, o homem é incapaz de se defrontar com esse po-tencial de verdade, pois enlouqueceria, diz Nietzsche. Assim, a qualidade de uma obra de arte é tanto maior quanto maior for seu volume de verdades que souber oferecer, permitindo que o observador as apreenda sem que enlouqueça.

A Arte apresenta-se como filtro da grande verdade que é a vida. Eis a razão deste estudo; e a melhor maneira de entendê-la não se limita a apreciá-la, mas apreciá-la da melhor maneira possível e, sobretudo, vivenciá-la.

Por essa razão, dividimos nossas aulas em uma parte teórica, e, em outra com exemplos e atividades que facilitam o entendimento dessa grandiosa manifestação da sensibilidade humana.

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A Arte reflete a vida

A Arte é uma constante na vida. Ela faz parte da história de todos nós. Aquele general autoritá-rio, aquele padre severo, aquela mulher bondosa e aquela criança endiabrada são todos artistas em potencial e, na verdade, certamente, em alguma época de suas vidas, todos fizeram ou

talvez ainda façam Arte.

O general, quando menino, pode ter desenhado um carrinho; o padre talvez tenha feito poesia; a mulher talvez pinte aquarelas, e a criança pode estar fingindo que é um robô num futuro distante.

Todos fizeram ou estão fazendo Arte: o general desenha; o padre faz literatura; a mulher faz pintura, e o garoto representa. E tudo isso é Arte.

A seguir, uma definição de Arte:

“Arte é todo trabalho criativo, ou seu produto, que se faça consciente ou inconscientemente com intenção estética, isto é, com o fim de alcançar resultados belos.”

(Disponível em: <www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/teoriadaarte.php>.)

No entanto, sabemos que tentar definir esse conjunto complexo do fazer humano, a que cha-mamos de Arte, é extremamente difícil devido à abrangência de fatores que, para essa realização, concorrem e as infinitas variáveis que nela interferem, tanto na sua criação psíquica quanto na sua execução.

Para Kandinsky, “[...] a obra de arte é filha do seu tempo.” Cada época cria uma Arte que lhe é propícia, e cada grupo humano o faz a sua maneira, dentro do conhecimento de mundo que esse mesmo grupo venha a ter, bem como de sua capacidade tecnológica, de sua localização geográfica, de seu poder econômico, de seu sistema político, de suas convicções religiosas e das características psicológicas que estruturam tal complexo grupal.

Vamos fazer uma breve interrupção para salientar que, além de todos esses fatores grupais, as características individuais propícias do artista são elementos fundamentais na avaliação da obra artística; mas para que pudéssemos fazer um estudo da individualidade do artista, desta ou daquela obra, necessitaríamos de dados – acontecimentos, história familiar e outros – da vida desse artista, que viveu em épocas remotas da história de nossa civilização, e nada ficou registrado nessa área. Somente com a invenção da escrita registros mais detalhados e mais específicos vieram acontecer, somente a partir daí particularidades significativas sobre os artesãos do mundo antigo puderam ser esclarecidas.

Assim, voltemos à visão de Arte ainda no sentido grupal.

A Arte reflete a vida

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A Arte, como vimos, então, está sujeita à época e ao grupo cultural que lhe dá origem. Como se pode perceber nas imagens a seguir.

Esfinge de Quéfren – Egito Antigo. Estátua de Sófocles – Grécia Antiga.

Estatueta de um homem barbado – Mesopotâmia.

Porém, muito antes das civilizações mesopotâmicas, gregas ou egípcias se estruturarem, o homem já se manifestava artisticamente, num mundo hostil, ro-deado de perigos e mistérios; nossos antepassados procuravam entender aquele universo que os cercava.

As primeiras manifestações artísticas do homem remontam à Era Paleolí-tica (paleolítica superior) e se constituem de imagens desenhadas em paredes de cavernas, com representações de cenas de animais, de caçadas e de “negativos” de mãos pintadas sobre fundo vermelho ou negro.

O homem aplicava as tintas com as mãos, espátulas, bastonetes ou pincéis rudimentares, quando não empregava a técnica de pistolar, isto é, enchia a boca de tinta e soprava por um canudo ou osso. Numerosas silhuetas de mãos espalma-das (em negativo) encontradas nas cavernas foram feitas por esse processo.

Negativos de mãos humanas – Pré-História.

A Arte reflete a vida

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As tintas das pinturas eram obtidas com materiais minerais – terra, carvão vegetal, ossos queimados e óxido de ferro – misturados com gordura de animais, argilas coloridas, sangue de animais e excremento de aves.

As cores eram o preto, o ocre e o vermelho.

O pintor dessa época era figurativo, isto é, reproduzia a imagem na sua ver-dade visual: não a deformava nem a estilizava.

Nas representações de animais, observava-se a “lei da frontalidade”. Veja alguns exemplos.

Arte pré-histórica.

O homem pré-histórico, no entanto, não foi apenas pintor, foi também um escultor. Nesse período, fazia incisões nas pedras e esculpia figuras femininas de formas exageradamente volumosas, que estariam ligadas a rituais de fecundação.

A Arte reflete a vida

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Os materiais usados na confecção dessas fi-guras femininas eram o marfim, o osso, as pedras e talvez a argila.

O maior legado que deixaram, no entanto, foi encontrado na pintura, pois, embora os dese-nhos rupestres representem o mais antigo registro de manifestações artísticas que possuímos, já nos deparamos com obras magistrais. Nelas, “[...] nada há de primário ou de arte primitiva... Nessas ima-gens, nada é ingênuo ou infantil.”

Era uma Arte de adultos para adultos.

O tamanho dos desenhos é monumental (entre um e cinco metros de comprimento) e, muitas vezes, ao fazerem as imagens, os artistas aproveitavam a curvatura natural da rocha, re-levos e saliências, integrando a corporeidade da parede à forma do animal representado.

Ao nos depararmos com milenares cenas de caça desenhadas em “cavernas, grutas e galerias subterrâneas, às vezes em labirintos de grande extensão e ocupando centenas de metros, com subdivisões em câmaras separadas [...]”, numa escuridão em que não penetrava a luz do dia, em lugares perigosos, pois constituíam também o habitat de animais ferozes, nos vêm várias indagações: por que tudo isso? Qual era a razão para tanto empenho? O que se procurava alcançar com todo esse trabalho tão árduo?

Estudos feitos, dessa época, levam a crer que esses desenhos tinham uma função mágica, sobrenatural. Quando falamos em magia, deve-mos estar cientes de que, naquela época, magia não era uma mera superstição. Poderíamos mes-mo dizer que magia era a “ciência da época”, pois reunia os conhecimentos acessíveis ao homem, o resumo de experiências coletivas e as possíveis interpretações de fenômenos naturais. Ela era o instrumento pelo qual o homem se relacionava, interferia e até mesmo dominava esses fenômenos. Por meio das imagens, acreditava-se que o homem-caçador ganhava poder sobre o animal, possuindo-o magicamente. Era o máximo do conhecimento do homem daquela época e auxiliava-o em sua luta pela sobrevivência.

Outro elemento que reforça essa teoria são figuras que apareceram em épo-ca um pouco mais recente. São desenhos de homens-feiticeiros inteiramente co-bertos de peles, chifres, às vezes feridos por flechas, fechados em cercados ou presos em armadilhas, como se fossem o próprio animal.

A Vênus Laussel. 15.000 a 10.000 a.C.

Arte pré-histórica.

Caça ao rinoceronte.

A Arte reflete a vida

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Homem com máscara de cabeça de ave atacado por um bisonte ferido.

Não era exatamente uma figura humana, e sim “uma figura fantasiada de animal”. Entretanto, por que aqueles homens que retrataram animais com tanta perfeição não o fizeram com figuras humanas? Poderiam perfeitamente tê-lo feito. Por que não o fizeram?

A mais coerente explicação é a de que o homem-feiticeiro, vestido com as peles de animal, estaria incorporando o poder desse animal. Era, ao mesmo tem-po, a incorporação, uma união com as forças do animal e também um domínio, um controle sobre essas mesmas forças.

E a incorporação de um animal assinalava uma outra forma e manifestação artística dessas eras – a representação – que viria a desenvolver-se no teatro.

Assim como não temos registros da música ou da dança, nada temos de como seria um esboço da representação teatral daquela época.

Pesquisas de grupos, de culturas primitivas, ainda existentes em nossos tempos (como na Ama-zônia, na Austrália, na África), levam-nos a deduzir que, como nessas culturas, o que havia era uma repre-sentação de fundo mágico, em que, pela imitação de animais, de atos de caça ou luta, de forças da nature-za, iria se estabelecer uma ligação com as misteriosas forças que dominavam o pensamento desses grupos e que dominavam o homem pré-histórico.

Estudando as civilizações antigas, como a egíp-cia, a grega e, mais precisamente, suas celebrações, vemos rituais que se constituíam de representações de animais e seres ancestrais, de deuses ligados às estações do ano, às épocas de secas e de chuva, da noite e do dia e a outros acontecimentos para eles inexplicáveis.

Músicos gregos participando da Comédia Nova Grega.

A Arte reflete a vida

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O teatro grego destaca-se como a melhor fonte de estudos para isso. Nele, vemos claramente a transformação dos rituais de celebração ao deus Baco em re-presentações teatrais que, no decorrer do tempo, deixariam sua função sacra para se tornarem profanas.

O homem, em decorrência de um maior crescimento populacional, abando-na sua maneira de viver, torna-se mais sedentário, começa a criar animais, desen-volve a agricultura e o artesanato. Suas manifestações artísticas mais marcantes dessa época são construções palafíticas e monumentos megalíticos.

Construções palafíticas são habitações rústicas de madeira, reunidas em verdadeiras cidades erguidas sobre pilotis, estacas resistentes e profundamente enterradas em lagos ou às margens de rios.

Monumento megalíticos são enormes construções de pedra, toscamente lavradas, e recebem as denominações de:

menir – grandes blocos de pedra erguidos verticalmente;

alinhamento – menires enfileirados regularmente;

crontiques – menires dispostos em círculos;

dolmens – formados de duas pedras verticais sustentando um pedra hori-zontal.

O estilo megalítico na EuropaOs mais famosos desses monumentos são os de Carnac, na França, e Stonehenge,

na Inglaterra. Tinham função religiosa ou astrológica, segundo alguns historiadores.

A pintura desse “final” da Pré-História torna-se mais decorativa, e do rea-lismo figurativo tende à simplificação e à geometrização.

A Arte aproxima-se de formas mais abstratas, mas isso veremos adiante.

O que devemos dizer, como encerramento dessa aula, é que estudando a “infância” do homem por meio de suas manifestações artísticas, podemos cons-tatar o tipo de vida do homem, da época pré-histórica, suas crenças, a fauna, a flora e muitos outros fatores pelos quais, hoje, sabemos que tais manifestações existiram em nosso passado.

Templo em Hagar Qim – Malta. Vista aérea do Stonehenge.

A Arte reflete a vida

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Colagem coletiva

Materiais papel de vários tamanhos;

cola;

tesoura;

fita adesiva;

algodão;

fio e barbantes;

tampinhas de garrafa;

cortiça;

isopor;

macarrão;

botões;

outros.

Instruções Em grupo, montar uma paisagem com os materiais disponíveis.

Ao final, debater a experiência com a turma e com o professor, questionando:

o que foi fácil;

o que foi difícil;

de onde veio a inspiração;

que nota você daria a sua obra de arte.

Caça ao tesouro Em sua casa, procure elementos relacionados com Arte. Podem ser embalagens anti-

gas, fotografias em revistas ou jornais, pedras, ramos de árvores, folhas etc.

Apresente aos colegas de classe e ao professor e dê sua interpretação sobre o objeto.