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PEQUENO CONDOMÍNIO DE AGROENERGIA A PARTIR DO BIOGÁS PROVENIENTE DO TRATAMENTO DE DEJETOS SUÍNOS: UM ESTUDO DE CASO RODRIGO BARICHELLO (UFSC) [email protected] Ronaldo Hoffmann (UFSM) [email protected] Nelson Casarotto Filho (UFSC) [email protected] Moacir Francisco Deimling (UNOCHAPECO) [email protected] A suinocultura é considerada uma atividade de alto potencial poluidor, devido aos excrementos gerados pelos suínos (dejetos). Como forma de minimização dos efeitos, a tecnologia de digestão anaeróbica em biodigestores é uma das possibilidaddes para o combate da poluição gerada pela suinocultura e que ao mesmo tempo, agrega valor as propriedades rurais. O presente trabalho apresenta um caso prático da implantação de biodigestores em duas propriedades de porte médio criadoras de suínos, e conseqüentemente a criação de um pequeno condomínio de Agroenergia, na qual um gasoduto interliga as duas propriedades em questão, com o intuito de geração de Energia Elétrica isolada utilizando biogás como combustível em um motor a combustão interna, instalado em uma das propriedades. A planta de geração consiste em um motor estacionário adaptado para operar com biogás, acoplado a um gerador elétrico trifásico de 30 kVA nominal. O estudo revela que a aplicação do projeto para a geração de energia elétrica isolada é viável e a eficiência global do sistema é satisfatória, podendo ainda serem exploradas as opções de co-geração e de emissão certificada de carbono (créditos de carbono). Palavras-chaves: biodigestor, geração de energia elétrica com biogás, condomínios de agroenergia. XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

PEQUENO CONDOMÍNIO DE AGROENERGIA A PARTIR DO … · geração e de emissão certificada de carbono (créditos de carbono). 2. Fundamentação Teórica 2.1 Geração de Biogás e

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PEQUENO CONDOMÍNIO DE

AGROENERGIA A PARTIR DO BIOGÁS

PROVENIENTE DO TRATAMENTO DE

DEJETOS SUÍNOS: UM ESTUDO DE

CASO

RODRIGO BARICHELLO (UFSC)

[email protected]

Ronaldo Hoffmann (UFSM)

[email protected]

Nelson Casarotto Filho (UFSC)

[email protected]

Moacir Francisco Deimling (UNOCHAPECO)

[email protected]

A suinocultura é considerada uma atividade de alto potencial poluidor,

devido aos excrementos gerados pelos suínos (dejetos). Como forma de

minimização dos efeitos, a tecnologia de digestão anaeróbica em

biodigestores é uma das possibilidaddes para o combate da poluição

gerada pela suinocultura e que ao mesmo tempo, agrega valor as

propriedades rurais. O presente trabalho apresenta um caso prático da

implantação de biodigestores em duas propriedades de porte médio

criadoras de suínos, e conseqüentemente a criação de um pequeno

condomínio de Agroenergia, na qual um gasoduto interliga as duas

propriedades em questão, com o intuito de geração de Energia Elétrica

isolada utilizando biogás como combustível em um motor a combustão

interna, instalado em uma das propriedades. A planta de geração

consiste em um motor estacionário adaptado para operar com biogás,

acoplado a um gerador elétrico trifásico de 30 kVA nominal. O estudo

revela que a aplicação do projeto para a geração de energia elétrica

isolada é viável e a eficiência global do sistema é satisfatória, podendo

ainda serem exploradas as opções de co-geração e de emissão

certificada de carbono (créditos de carbono).

Palavras-chaves: biodigestor, geração de energia elétrica com biogás,

condomínios de agroenergia.

XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção

Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

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1. Introdução

O meio rural brasileiro passou por intensa revolução tecnológica ao longo das últimas

décadas que culminou em considerável aumento da produtividade no campo. Em

contrapartida, as operações agrícolas tem se mostrado como grandes geradoras de resíduos em

todo o mundo (TSAI et al., 2004; MIN et al., 2005; ARVANITOYANNIS; LADAS, 2008;

WAGNER et al., 2009). Particularmente em relação à produção brasileira de suínos, os

dejetos normalmente são lançados sem tratamento em rios e mananciais (ANGONESE et al.,

2006) o que demonstra o enorme potencial poluidor, pois este material contém fezes, urina,

restos de alimentos não ingeridos e os germes e bactérias que os acompanham

(ARVANITOYANNIS; LADAS, 2008).

A atividade da suinocultura vem apresentando significativo crescimento. Com o

aumento da produção, cresce a geração de dejetos. A tecnificação para o tratamento dos

dejetos suínos é o grande desafio para a sustentabilidade dessa atividade.

Neste contexto, a tecnologia da digestão anaeróbica em biodigestores é uma das

possibilidades para o combate da poluição gerada por esta atividade e que ao mesmo tempo,

agrega valor as propriedades rurais. A utilização de biodigestores tem merecido importante

destaque devido aos aspectos de saneamento e energia, além de estimular a reciclagem de

nutrientes. A digestão anaeróbica do resíduo animal através do biodigestor resulta na

produção de biogás (gás inflamável), composto basicamente por metano (CH4 – 60 a 70%) e

dióxido de carbono (CO2 – 30%) (Oliveira, 2004) e biofertilizante.

Com a utilização dos subprodutos do processo de biodigestão (biogás e

biofertilizante), possibilita a agregação de valor dos dejetos suínos nas propriedades,

transformando um passivo ambiental em oportunidades, uma vez que, o item energia é cada

vez mais evidenciado pela interferência no custo final de produção.

Neste contexto, o presente trabalho apresenta um caso prático da implantação de um

pequeno condomínio de Agroenergia, no qual se construiu um gasoduto para interligar o

biogás gerado nas duas propriedades de porte médio em uma pequena central de recebimento,

com o objetivo de geração de Energia Elétrica isolada utilizando o biogás como combustível

em um motor a combustão interna, instalado em uma das propriedades. A planta de geração

consiste de um motor estacionário adaptado para operar com biogás, acoplado a um gerador

elétrico trifásico de 30 kVA nominal, podendo ainda serem exploradas as opções de co-

geração e de emissão certificada de carbono (créditos de carbono).

2. Fundamentação Teórica

2.1 Geração de Biogás e Biofertilizante na Suinocultura: o Biodigestor

O biodigestor é um equipamento onde a fermentação da matéria orgânica ocorre de

modo controlado, proporcionando a redução do impacto ambiental e a geração de combustível

de baixo custo. A fermentação dos resíduos ocorre através da ação de organismos

microscópicos chamados bactérias. O processo de decomposição da matéria orgânica resulta

na produção de biogás e restos digeridos sem cheiro (biofertilizante). (Instituto Sadia de

Sustentabilidade, 2006).

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2.2 Biogás

O biogás proveniente da atividade dos microorganismos é composto por uma mistura

de diversos gases, entre eles o metano, o dióxido de carbono, o hidrogênio e o dióxido de

enxofre. O biogás é inflamável devido ao metano, gás mais leve que o ar, sem cor e odor. O

que causa o odor no biogás é o dióxido de enxofre, que mesmo em quantidades pequenas é

perceptível pelo olfato e bastante corrosivo (Instituto Sadia de Sustentabilidade, 2006).

Os microrganismos que atuam na ausência de oxigênio atacam a estrutura de materiais

orgânicos complexos, produzindo compostos simples como o metano (CH4) e o dióxido de

carbono (CO2). A composição típica do biogás é cerca de 60% de metano, 35% de dióxido de

carbono e 5% de uma mistura de hidrogênio, nitrogênio, amônia, ácido sulfídrico, monóxido

de carbono, aminas voláteis e oxigênio (WEREKO-BROBBY;HAGEN, 2000).

Para que ocorra a fermentação da matéria orgânica, as bactérias precisam de um

ambiente favorável para seu crescimento e desenvolvimento, como por exemplo: Ausência de

compostos químicos tóxicos (sabão, detergente); Temperatura adequada (entre 30 e 45° C);

Presença de matéria orgânica (dejetos); Ausência de ar. Assim, se houver alguma

interferência nesses fatores poderá ocasionar uma redução na produção de biogás. (SEIXAS;

MARCHETTI, 1981)

Pipatmanomai et al. (2009) expressam que o biogás pode ser gerado de resíduos

domésticos, esgoto, aterros sanitários e no caso da criação de porcos, dos resíduos animais e

das águas residuais.

2.3 Cooperativismo com Biogás (Condomínios de Agroenergia)

Bley Júnior (2009) descreve que o biogás, como produto e como fonte renovável de

energias, pode ser explorado em sistemas cooperativos. Para isso os biodigestores podem ser

interligados por gasodutos rurais formando conjuntos de redes interligadas com gestão

associativa, configuradas e planejamentos que permitam o ordenamento territorial. São muito

interessantes, porque oferecem escala para a Economia do Biogás.

É possível aos condomínios se associarem interligando seus gasodutos a uma só

central geradora de energia, proporcionando uma economia em escala altamente viável para

os participantes e resultados importantes ambientais, energéticos e principalmente

econômicos. Este arranjo tem como perspectiva um modelo de cooperativismo com biogás,

independente da vinculação do produtor a outras cooperativas, ou integrações. Cita ainda,

que as cooperativas de eletrificação rural, que encontram dificuldades para ingressar em

geração pelas limitações legais, podem encontrar nos condomínios associados uma

interessante solução econômica.

Dentro desse contexto, um papel fundamental vem sendo exercido pela Itaipu

Binacional/Coordenadoria de Energias Renováveis. A instituição tem se dedicado no estudo e

a demonstração da viabilidade técnica e econômica da geração de energia elétrica através do

biogás e saneamento ambiental em várias escalas de produção, implantando através de sua

Coordenadoria de Energias Renováveis um laboratório a céu aberto na região Oeste do

Paraná/PR. Unidades protótipos foram projetadas e estão sendo construídas na região,

permitindo desenvolver vários estudos relativos ao biogás gerado pelos resíduos e efluentes

orgânicos, como estudo de viabilidade econômica, de geração distribuída ou descentralizada

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de energia elétrica, térmica e veicular e ainda estudos sobre MDL para obtenção de créditos

de carbono.

O presente trabalho vem a contribuir com o que já vem sendo implantando, estudado

no assunto, demonstrando que o cooperativismo em biogás é possível em pequenos grupos de

produtores (no caso de estudo com apenas dois), uma vez que as distâncias entre as

propriedades não se torna viável a interligação de vários biodigestores.

3. Metodologia do Estudo

Segundo Lakatos (2001), a realização de uma pesquisa é uma atividade básica e

essencial para o desenvolvimento do conhecimento, pois através dele buscam-se novas

informações, novas propostas e novas ações para o desenvolvimento socioeconômico-

ambiental. A natureza deste trabalho, de acordo com o tema e os objetivos estabelecidos,

caracteriza-se como uma pesquisa tipo exploratória e utiliza o método quantitativo e

qualitativo de abordagem para a coleta e a análise dos dados junto às propriedades rurais.

A técnica trabalhada nessa pesquisa é o estudo de caso, pois se investigou um

fenômeno dentro do seu contexto real, no qual as condições contextuais referem-se ao objeto

que está sendo estudado. Yng (2005) comenta que a escolha da metodologia de estudo de caso

deve-se ao fato de ser uma técnica de investigação de comportamentos que não podem ser

manipulados isoladamente e devem ser analisados em conjunto.

Foi realizado um acompanhamento nas propriedades rurais dos processos envolvidos

em um período anterior a implantação do sistema de biodigestão, durante e após sua

implantação, até sua total inclusão nas atividades diárias da propriedade. Portanto, pesquisou-

se um fenômeno dentro do seu contexto real, aumentando a credibilidade das conclusões

obtidas.

4. Desenvolvimento e Análise dos Resultados

4.1 Propriedades do Estudo

As propriedades protagonistas deste estudo, estão localizadas na linha Campininha

Tucunduva no município de Tucunduva, Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

A propriedade “A” se configura como uma Unidade Produtora de Leitões – UPL 8kg,

com um plantel de 400 matrizes e um volume diário de dejetos estimado em 18 metros

cúbicos. Já a propriedade “B” se configura como uma Unidade Produtora de Leitões – UPL

23kg, com um plantel de 550 matrizes e um volume diário de dejetos estimado em 25 metros

cúbicos.

4.2 Contexto

Ambas as propriedades, tiveram início das atividades na suinocultura em meados da

década de 90. No ano de 2002, firmaram acordo com a agroindústria SADIA S/A, em um

sistema de parceria. Bonett e Monticelli (1998) descrevem que o Sistema de Parceria é

formalizado através de contratos que apresentam exigências quanto à origem da genética e da

ração, especificações, técnicas de manejo e retirada de medicamentos e o provimento de

assistência técnica e transporte. Os contratos apresentam garantias formais de compra e venda

às agroindústrias vinculadas e especificações de volume e prazos, exigência de exclusividade,

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definição de um preço de referência e de critérios de remuneração em função do desempenho

e uniformidade.

No ano de 2004, a empresa criou o chamado Programa de Suinocultura Sustentável

Sadia, ou Programa 3S. A meta era levar os pequenos e médios criadores em sistema de

parceria ao sofisticado mercado de créditos de carbono e garantir uma importante fonte de

receita para os suinocultores.

A concepção do projeto, começou com a possibilidade de gerar créditos de carbono

com as florestas de eucalipto da empresa, plantada para abastecer de biomassa o processo

industrial de geração de vapor. Isto levou a Sadia a iniciar, em 2003, estudos de Mecanismos

de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Segundo a Sadia (2006), a conclusão foi de que o projeto mais promissor era na

suinocultura. Desta forma, o projeto de MDL previu a instalação de biodigestores, e teve

como objetivo estender a iniciativa a todos os suinocultores integrados da Sadia; assim,

produtores com propriedades de pequeno e médio porte, teriam a oportunidade de acesso ao

mercado de crédito de carbono.

O programa estabeleceu que o suinocultor receberia os aparelhos em regime de

comodato e abateria o investimento com a geração de seus créditos de carbono, que seriam

negociados pelo Instituto

Ao longo de 2005, a Sadia promoveu uma ampla divulgação aos suinocultores em que

tinham contrato em sistema de parceira, onde a adesão ao projeto era voluntária. O

investimento dos produtores foi mínimo e de acordo com a viabilidade econômica de cada

um. Da parte da Sadia, obteve-se R$ 60 milhões de um financiamento aprovado pelo BNDES

(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Deste contexto, as propriedades (“A” e “B”) fizeram a adesão ao Projeto e instalaram

biodigestores em seus sistemas produtivos.

4.3 Geração de Energia Elétrica: Descrição do Processo

Para um melhor entendimento, será detalhado passo a passo o processo de tratamento

dos dejetos suínos até a fase de geração de energia elétrica isolada.

O terreno onde a propriedade “A” está localizada possibilitou a instalação do

biodigestor e a implantação de unidades coletoras de dejetos de modo mais racional,

facilitando as condições de manejo. O terreno está em certo grau de declive, possibilitando

que os dejetos gerados na unidade produtiva, sejam conduzidos em tubos de 150 mm (PVC),

sem a necessidade de bombeamento, para uma caixa de homogeneização de vazão (veja

Figura 1). Todo o dejeto produzido na propriedade é destinado para dentro do biodigestor,

onde o mesmo passa por um tempo de residência hidráulica estimado em 30 dias.

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Figura 1: Tubulação coletora de dejeto

O biodigestor construído na propriedade é do modelo canadense (veja Figura 2), de

operação contínua e sua produção estimada de biogás corresponde a 150 m3 por dia,

considerando-se uma vazão média de esgoto de 17 m3

de dejetos por dia.

Figura 2: Biodigestor modelo Canadense

Além do próprio biodigestor, a propriedade instalou um sistema de armazenamento de

biogás. Após o processo de biodigestão, o biogás é enviado para um balão de armazenamento,

através de tubulação rígida de PVC com 50 mm de diâmetro (veja Figura 3 e 4), para

posteriormente ser usado como combustível no conjunto motor-gerador.

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Figura 3: Balão de armazenamento

Figura 4: Biodigestor e balão de armazenamento

Após o balão de armazenamento, o biogás é enviado através de tubulação até o

Conjunto Motor-Gerador instalado na propriedade, que consiste em um motor de combustão

interna (diesel) adaptado para o uso do biogás como combustível, acoplado a um gerador de

eletricidade, gerando energia dentro da propriedade com um sistema de distribuição interno e

isolado, onde existe uma caixa de comando. Nesta caixa de comando, encontram-se a energia

gerada pelo grupo gerador a biogás e a provinda da concessionária local, através do

acionamento de uma chave central o proprietário criador escolhe qual energia utilizar.

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O biogás armazenado é transportado por meio de tubulação rígida de PVC com 50 mm

de diâmetro. Nessa tubulação existem um ou mais pontos de purga d’água. Também, na rede

de distribuição do biogás para o conjunto gerador foi instalado um sistema de filtro, com

limalha de ferro no seu interior, visando à remoção de H2S.

O conjunto motor-gerador de eletricidade trifásico instalado (conforme Figura 5)

possui as seguintes especificações: Modelo GGB 30 kVA BIOGÀS com Potência 30 kVA

Stand BY / 25 kVA Contínuo, Controle de Rotação Eletrônico por sensor eletromagnético,

Chassi com perfil U dobrado, Dimensões Altura /Largura/Comprimento 1200mm X 1000mm

X 2000mm, Peso 1.000 kg. GERADOR Marca WEG com Acoplamento Tipo rígido com

flange, Grau de proteção IP-21, Numero de pólos 4, Rotação 1800 RPM, Freqüência 60 Hz,

tensão 380 V. MOTOR Marca Ford 4.9.

Figura 5: Conjunto motor-gerador

O conjunto motor-gerador instalado requer alguns cuidados, conforme recomendações

para manutenção do sistema: Troca de óleo e filtro a cada 250 horas. No total são 6 litros de

óleo no momento da troca do filtro, pois é necessária sempre a troca deste. Troca das velas a

cada 500 horas sendo que a cada 250 horas elas devem ser limpas. A tensão da correia do

alternador é necessária ser verificada semanalmente. A água do sistema de arrefecimento e o

nível de óleo devem ser verificados diariamente.

O conjunto motor-gerador foi instalado, na referida granja, no mês de Abril de 2010, e

funcionava por um período de 10 a 12 horas/dia. O consumo de biogás observado varia entre

10 e 15 metros cúbicos/hora no conjunto motor-gerador, dependendo da potência elétrica

gerada.

A geração de energia elétrica pelo Conjunto Motor Gerador, num sistema isolado, irá

depender do consumo de energia da propriedade, ou seja, o motor funciona numa velocidade

conforme a necessidade de geração de energia, uma vez que não há excedente de produção.

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Neste período em que o biogás era proveniente de apenas uma propriedade gerava-se em

média 1700 KW/h por mês.

Na entrada do biogás no Conjunto Motor Gerador existe um equipamento, para melhor

identificação, que está na cor Azul (veja Figura 6) onde ocorre a medição do biogás utilizado

(consumido), para que posteriormente seja também contabilizado como Crédito de Carbono.

Figura 6 – Sistema de Medição metros cúbicos de Biogás (crédito de carbono).

Salienta-se que a empresa que forneceu o Grupo Motor/gerador teve que atender a

critérios básicos de fornecimento de sistemas de aproveitamento energético de biogás para a

geração de energia elétrica, estabelecidos através de um memorial do Centro de Inovação e

Excelência – Sadia. A adequação do Grupo motor/gerador deve estar dentro dos requisitos da

metodologia ONU (Organização das Nações Unidas) para a redução de emissões, além de

outras especificações obrigatórias fornecida pela Sadia, a fim de que o sistema de geração de

energia seja aprovado e integrado ao sistema biodigestor/queimador do programa 3S.

No memorial, constam as características da aplicação do sistema, características

técnicas do conjunto motor/gerador, as características das instalações e os passos para a

homologação Sadia, sempre em conformidade com os requisitos da metodologia ONU para

redução de emissões.

4.4 Criação do Condomínio de Agroenergia

A propriedade “B”, como já relatado, também havia instalado o biodigestor apenas

para fins de comercialização do crédito de carbono, onde um flaire (queimador) fazia a

queima do Biogás. Como o gás estava sendo apenas queimado e não utilizado para outro fim,

em comum acordo entre os proprietários iniciou-se conversas com a empresa Sadia, no ano de

2010, para conseguir viabilizar a possibilidade (autorização) de construção de um gasoduto

interligando as duas propriedades, dessa forma, o gás da propriedade “B” seria transportado

até a Propriedade “A” onde estava instalado o Conjunto Motor-Gerador (conforme figura 7) e

da mesma forma, seria contabilizado os metros cúbicos de biogás da propriedade “B” quando

passaria pelo equipamento de medição (Figura 6).

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Cabe salientar, que toda a produção de energia elétrica que será gerada no projeto do

condomínio de Agroenergia será utilizada somente na propriedade que possui o conjunto

motor gerador, sendo que está sendo realizadas negociações de como será eventual pagamento

do biogás da propriedade “B”, entre outras decisões.

Figura 7 – Visualização Projeto Gasoduto de Biogás. Fonte: Google Earth (2011)

Desta forma, no mês de Agosto do ano de 2011, foi autorizada a construção. Sendo

que, em Setembro/2011 foi construído o Gasoduto (veja figura 8) interligando as propriedades

“A” e “B”. A concepção do gasoduto foi realizada conforme modelos construídos em países

Europeus (Alemanha).

O gasoduto possui 470 metros de distância entre as duas propriedades e o biogás é

transportado por meio de tubulação rígida de PVC com 100 mm de diâmetro.

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Figura 8 – A esquerda: Gasoduto sendo Construído / A Direta: Gasoduto finalizado)

O gasoduto está interligado diretamente no biodigestor da propriedade “B”, sendo que,

após percorrer o gasoduto, o biogás é armazenado na propriedade “A” no balão de

armazenamento.

4.5 Alguns Números dos Projetos Executados

Com a implantação dos Projetos, chamaremos “Primeiro Projeto” quando a geração de

energia elétrica contemplava apenas umas das propriedades como visto anteriormente e de

“Segundo Projeto” quando da construção do gasoduto, do condomínio de Agroenergia.

Com o projeto finalizado (Primeiro Projeto) e o Segundo Projeto em andamento por

aproximadamente 2 meses, é possível verificar números reais na produção de Biogás, geração

de energia elétrica. Vejamos alguns dados e resultados:

- Valor (em R$) do Conjunto Motor Gerador: R$ 30.000,00 (Trinta mil reais).

- Valor (em R$) de Construção do Gasoduto de Biogás: R$ 2100,00 (Dois mil e cem reais).

Valor este, incluso tubulação, mão-de-obra, maquinário. Salienta-se que houve subsídio da

Prefeitura na questão de maquinário para escavação do gasoduto.

- Produção de Biogás: Verificou-se através das medições realizadas nos decorrer dos meses

através dos equipamentos apropriados, que no Primeiro Projeto havia disponível a cada mês

em média 150 m3

de Biogás, passando com a interligação das duas propriedades para um

volume de 350 m3.

- Tempo do Gerador em Operação: No primeiro projeto, o conjunto motor gerador ficava em

operação por dia entre 10 e 12 horas, com a implantação do segundo projeto o conjunto motor

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gerador fica em funcionamento aproximadamente em média 23 horas/dia. Levou-se em

consideração o tempo que o motor fica desligado para a verificação (manutenção preventiva).

- Geração de Energia Elétrica: No primeiro projeto os resultados mostraram uma média de

geração de energia elétrica mensal de 1700 KW/h, totalizando uma economia aproximada de

R$ 714,00 (Setecentos e quatorze reais) considerando o valor do KW/h em 0,42 (Quarenta e

dois centavos), com base no valor praticado pela cooperativa de eletrificação rural, ou seja, a

propriedade está deixando de efetuar o pagamento à concessionária, enquanto que, no

segundo projeto obteve-se uma economia de R$ 2100,00 (Dois mil e cem reais).

Primeiro Projeto Segundo Projeto

Produção de Biogás (mês) 150 m3

350 m3

Geração de Energia Elétrica (mês) 1700 KW/h 5000 KW/h

Tempo do Gerador em Operação 10 – 12 horas/dia Aprox. 23 horas/dia

Economia em R$ Energia (mês) R$ 714,00 R$ 2100,00

Quadro 1: Dados comparativos - Fonte: Dados coletados da pesquisa.

Um relatório comparativo de viabilidade econômica financeira está sendo elaborado e

será apresentado posteriormente em outro artigo/estudo. Os estudos de viabilidade

econômico-financeira apresentam resultados animadores na utilização desta tecnologia, uma

vez que se trata de uma Unidade de Produção de Leitões, que demanda grande consumo de

energia para o aquecimento dos animais recém-nascidos, além, da possibilidade de uso do

biofertilizante que reduz a quantidade necessária de adubo químico nas lavouras e também

não foram abordados ainda, possíveis futuros ganhos com os créditos de carbono.

5 Conclusão

No presente trabalho, demonstrou-se a possibilidade de utilização do biogás para a

geração de energia elétrica em um pequeno condomínio de Agroenergia. O presente trabalho

evidencia através do estudo de caso, como a implantação de biodigestores, para o tratamento

dos dejetos, e a concomitante produção de biogás para a geração de energia e biofertilizante,

em propriedades suinocultoras, podem melhorar/contribuir para a qualidade e a produtividade

de propriedades criadoras de suínos, contribuindo na solução de problemas relacionados

principalmente à questão ambiental e de disponibilidade de energia, além de incentivar a

permanência do trabalhador no meio rural, através de uma produção sustentável.

O estudo de viabilidade econômico-financeira apresentou resultados animadores na

utilização desta tecnologia, uma vez que se trata de uma Unidade de Produção de Leitões, que

demanda grande consumo de energia para o aquecimento dos animais recém-nascidos. Como

a utilização deste conjunto motor-gerador está em fase inicial, um estudo mais detalhado está

em fase de estudo.

A possibilidade do uso do biogás nas propriedades com criação de suínos, agrega valor

ao processo de tratamento dos dejetos das propriedades rurais, diminui os custos de produção

e, inclusive, possibilita uma visão sistêmica do agronegócio, sob o ponto de vista da gestão

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ambiental. Salienta-se, entretanto, que esta tecnologia deva ser transferida aos produtores

rurais com os devidos cuidados, sempre aprimorando a assistência técnica, para que erros,

muitas vezes primários, venham a inviabilizar todo o processo.

Verifica-se que os condomínios de agroenergia podem proporcionar uma economia em

escala altamente viável para os participantes e resultados importantes ambientais, energéticos

e principalmente econômicos.

Outro fator importante, vinculado a localização das propriedades, é a ocorrência de

grandes números de eventos ambientais (chuvas com ventos fortes), o que acarreta em muitas

interrupções da transmissão de energia por parte da concessionária local, sendo que, o

conjunto motor-gerador é estratégico para poder minimizar os efeitos desta falta de energia,

tornando-se também um gerador de emergência.

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